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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA 2ª VARA DO TRABALHO DA CIDADE DE JUNDIAÍ – ESTADO DE SÃO PAULO PROCESSO NÚMERO: ____________ RECORRENTE: JULIANO JUNQUEIRA RECORRIDO: CRAZY JOB DO BRASIL SERVIÇOS LTDA. JULIANO JUNQUEIRA, outrora qualificado pelos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado, nos autos da reclamação trabalhista que move em face de CRAZY JOB DO BRASIL SERVIÇOS LTDA., também outrora qualificado, diante de indignação com a respeitosa sentença de folhas ______, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 893, II, e 895, I, ambos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), interpor RECURSO ORDINÁRIO, pelas razões de fato e de direito anexas. O ora recorrente deixa de juntar as guias de custas e depósito recursal, dado que este trata-se de pessoa pobre, com declaração anexada nos termos da Lei 7.115/83. Portanto, requer que sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita nos termos do artigo 793, § 3º da CLT, e por consequência, afastada a obrigatoriedade de recolher custas e depósito recursal. O ora recorrente requer à Vossa Excelência que se proceda o encaminhamento do recurso ordinário ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 15ª Região e que o recorrido seja intimado, para caso queira apresente suas contrarrazões. Termos em que pede deferimento. Local e Data: ____________ Advogado: ____________ OAB: ____________ EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) RELATOR (A) DA ____ TURMA DO 15ª REGIÃO – ESTADO DE SÃO PAULO RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO PROCESSO NÚMERO: ____________ RECORRENTE: JULIANO JUNQUEIRA RECORRIDO: CRAZY JOB DO BRASIL SERVIÇOS LTDA. ORIGEM: 2ª Vara do Trabalho de Jundiaí – Estado de São Paulo EGRÉGRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO – ESTADO DE SÃO PAULO COLENDA CÂMARA NOBRES JULGADORES 1. SÍNTESE O processo em epígrafe foi proposto por Juliano Junqueira em face de Crazy Job do Brasil Serviços LTDA., a fim de se reverter uma demissão sem justa causa decorrente de suposta agressão física suportada por Fernando Gonçalves, diretor do réu, por ato realizado pelo autor. Nesse viés, a demissão por justa causa teria ocorrido 6 (seis) meses após a suposta situação de agressão, inexistente qualquer advertência aplicada ao autor ou instauração de procedimento disciplinar interno. Ressalta-se que não foi comprovado a existência de indivíduos presenciando a suposta agressão. A oitiva das testemunhas do autor não ocorreu, sob a justificativa de inexistência de apresentação de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). A oitiva da testemunha do réu ocorreu, sendo o senhor Gustavo Roth, sujeito este que afirmou que não trabalha e nem nunca trabalho na empresa. O autor à época da demissão era membro eleito da comissão interna de representantes de empregados. Ainda assim a sentença foi julgada improcedente, reconhecendo a justa causa sob a justificativa do depoimento de Gustavo Roth. A sentença condenou o autor a pagar as custas processuais sobre o valor da causa de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) e honorários advocatícios em 15% a favor do patrono da empresa. 2. ADMISSIBILIDADE DO RECURSO Primeiramente resta esclarecer que estão preenchidos todos os requisitos de admissibilidade do presente Recurso. O recurso precedente a existência de uma sentença conforme enuncia o artigo 895, I da CLT, sendo esta proferida nas folhas __ nos autos do processo em epígrafe. O recorrente possui interesse em recorrer, pois a ação que propôs foi julgada totalmente improcedente. Uma vez que o recorrente foi notificado __/__/__, apresentando o recurso em __/__/__, o recorrente interpôs o recurso dentro do prazo estipulado no artigo 895, I da CLT, sendo tal instrumento por consequência tempestivo. O preparo do recurso, por fim, não deve ser devido no presente caso, pois o recorrente trata-se de pessoa pobre, com declaração anexada nos termos da Lei 7.115/83. Assim, sendo requerido o deferimento dos benefícios da justiça gratuita nos termos do artigo 793, § 3º da CLT, e por consequência, afastada a obrigatoriedade de recolher custas e depósito recursal. 3. PRELIMINARES 3.1. CERCEAMENTO DA DEFESA A Constituição Federal determina em seu artigo 5, LV, que no âmbito de processos judiciais ou administrativos “são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”. Todavia no presente caso verifica-se que o autor não usufruiu de recursos inerentes a sua defesa, sendo esta cerceada. Isso pois, não se admitiu a oitiva das testemunhas do autor sob a justificativa de não apresentação de CTPS. A apresentação da CTPS não é exigível nos termos da Lei, sendo apenas necessário a identificação e qualificação da testemunha, conforme enuncia o artigo 828 da CLT: Art. 828 - Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais. Parágrafo único - Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por ocasião da audiência, pelo secretário da Junta ou funcionário para esse fim designado, devendo a súmula ser assinada pelo Presidente do Tribunal e pelos depoentes. A jurisprudência também afirma a desnecessidade de apresentação de CTPS por parte das testemunhas: CERCEAMENTO DE DEFESA . AUSÊNCIA DE OITIVA DA TESTEMUNHA POR NÃO PORTAR CTPS. O artigo 828 da CLT ("Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais.”) não exige a apresentação de carteira de trabalho, mas apenas a qualificação da testemunha. Hipótese em que houve prejuízo para a parte, pois se tratava do único meio de prova testemunhal do qual dispunha. Logo, o indeferimento de oitiva de testemunha, pelo fato de não comparecer à audiência portando CTPS, configura cerceamento do direito de defesa da reclamante. Preliminar acolhida. Nulidade da sentença declarada. (TRT-1 - RO: 00103776020145010010 RJ, Relator: MARCELO ANTERO DE CARVALHO, Décima Turma, Data de Publicação: 16/03/2017) Assim, o autor teve prejuízos irreversíveis, já que as testemunhas eram provas cruciais para reverter o caso. Logo, a audiência deve ser anulada, sob a justificativa de cerceamento da defesa com violação à Constituição Federal e sob a justificativa do artigo 794 da CLT: Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes. 4. MÉRITO 4.1. JUSTA CAUSA 4.1.1. AUSÊNCIA DE PROVA A justa causa foi declarada sob o fundamento do testemunho do senhor Gustavo Roth, sujeito este que afirmou que havia escutado de terceiros suposta agressão física suportada por Fernando Gonçalves, diretor do réu, por ato realizado pelo autor, tendo o autor incorrido em conduta que admite justa causa, artigo 482, inciso h CLT. Assim, não há indícios de autoria, tampouco de materialidade do fato, sendo a sentença baseada em provas infundadas, decorrentes de boatos. Não se deve admitir que a sentença seja declarada considerando boatos. Assim, inexistente quaisquer outras provas apresentadas pelo réu para comprovar a suposta agressão, este não supriu o ônus de prova disposto no artigo 818, II da CLT. Logo não há justa causa no presente caso, já que a agressão física não pode ser comprovada. 4.1.2. PERDÃO TÁCITO Além disso, ainda que se considerasse a ocorrência da agressão, temos que o suposto fato ocorreu há seis meses, sendo que a demissão ocorreu apenas atualmente. Assim, a penalidadenão foi imposta de forma imediata, implicando em perdão tácito pelo empregador, conforme explica Ricardo Resende (2019, p. 399): Determinada conduta faltosa somente pode ser punida pelo empregador se o for imediatamente. Não pode o empregador “guardar na manga” a punição, de forma a exercer eterna pressão sobre o empregado, sob a ameaça de punição. Se o empregador tomou conhecimento da infração e deixou de punir o empregado imediatamente, considera-se que houver perdão tácito. Isso não quer dizer, entretanto, que o empregado possa voltar a adotar a mesma conduta futuramente. O perdão tácito vale somente para o passado, por razões óbvias. Nesse viés, a demissão por justa causa teria ocorrido 6 (seis) meses após a suposta situação de agressão, inexistente qualquer advertência aplicada ao autor ou instauração de procedimento disciplinar interno. Assim, o réu evidentemente perdoou o suposto ato do autor, não devendo, portanto, ser aplicada qualquer penalidade, tampouco justa causa. 4.1.3. ESTABILIDADE Além disso, o autor era portador de estabilidade não podendo ser demitido desde a investidura no cargo até um ano após o mandato, exceto nas hipóteses previstas em Lei, já que era membro eleito da comissão interna de representantes de empregados. Isso em razão do disposto no artigo 510-D, § 3º da CLT: Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de representantes dos empregados será de um ano. § 3º Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o membro da comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. A dispensa de portador de estabilidade requer procedimento específico para apurar a situação causadora da dispensa, conforme enuncia o artigo 853 da CLT: Art. 853 - Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30 (trinta) dias, contados da data da suspensão do empregado. Logo a justa causa deve ser considerada inválida, por não ser observado o procedimento específico acima referido. 4.2. REINTEGRAÇÃO Consequentemente à desconsideração de justa causa, pelos fatos e fundamentos jurídicos expostos acima, há de ser reintegrado o autor ao cargo anteriormente ocupado, sendo que o réu deve proceder com os pagamentos ausentes do autor pelo tempo em que não exerceu seu labor, conforme enuncia o artigo 495 da CLT: Art. 495 - Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar- lhe os salários a que teria direito no período da suspensão. Assim o autor requer pela sua reintegração ao labor de forma imediata. 4.3. VALOR DA CAUSA Na hipótese de manutenção da condenação do autor beneficiário de justiça gratuita, outrora garantia-se que este permanecesse suspenso por dois anos do pagamento dos valores sucumbenciais, conforme enunciado do artigo 791-A, § 4º da CLT: Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá- lo, sobre o valor atualizado da causa. § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Todavia, o Supremo Tribunal Federal julgou o referido artigo inconstitucional: Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto Barroso (Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar Mendes. Por maioria, julgou improcedente a ação no tocante ao art. 844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Redigirá o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, 20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução 672/2020/STF). (ADI 5766, Origem: DF - DISTRITO FEDERAL, Relator: MIN. ROBERTO BARROSO) Logo, não há de ser devido pelo autor o pagamento de custas, tampouco honorários advocatícios, devendo assim os valores sucumbenciais serem afastados da condenação. 5. CONCLUSÃO Isto posto, requer respeitosamente que o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região dê conhecimento ao presente recurso ordinário e o acolha de forma integral, reformando a sentença e dando procedência aos pedidos do autor, determinando: 5.1. Acolhimento da preliminar com a anulação da dispensa da oitiva das testemunhas do autor por ausência de CTPS, determinando reabertura da instrução processual; 5.2. Análise do mérito para anular a decisão de existência de justa causa diante da inexistência de prova; do perdão tácito do empregador e da violação ao procedimento de dispensa de empregado com estabilidade; 5.3. Análise do mérito para determinar que o empregado seja reintegrado; 5.4. Inversão do ônus de sucumbência, com a condenação do réu ao pagamento de custas e de honorários advocatícios sucumbenciais; e 5.5. Na hipótese de manutenção de condenação, que o autor seja isento do pagamento de custas e honorários advocatícios. Informa que deixou de recolher o preparo recursal, diante do pedido de concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, sendo a declaração de pobreza anexada. Termos em que pede deferimento. Local e Data: ____________ Advogado: ____________ OAB: ____________
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