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RECURSO ORDINÁRIO - FRANCISCO DANIEL

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA 2ª VARA DO 
TRABALHO DA CIDADE DE JUNDIAÍ – ESTADO DE SÃO PAULO 
 
 
 
PROCESSO NÚMERO: ____________ 
RECORRENTE: JULIANO JUNQUEIRA 
RECORRIDO: CRAZY JOB DO BRASIL SERVIÇOS LTDA. 
 
JULIANO JUNQUEIRA, outrora qualificado pelos autos do processo em 
epígrafe, por intermédio de seu advogado, nos autos da reclamação trabalhista que 
move em face de CRAZY JOB DO BRASIL SERVIÇOS LTDA., também outrora 
qualificado, diante de indignação com a respeitosa sentença de folhas ______, vem 
mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 
893, II, e 895, I, ambos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), interpor 
RECURSO ORDINÁRIO, pelas razões de fato e de direito anexas. 
 O ora recorrente deixa de juntar as guias de custas e depósito recursal, dado 
que este trata-se de pessoa pobre, com declaração anexada nos termos da Lei 
7.115/83. Portanto, requer que sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita nos 
termos do artigo 793, § 3º da CLT, e por consequência, afastada a obrigatoriedade de 
recolher custas e depósito recursal. 
O ora recorrente requer à Vossa Excelência que se proceda o encaminhamento 
do recurso ordinário ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 15ª Região e que o recorrido 
seja intimado, para caso queira apresente suas contrarrazões. 
Termos em que pede deferimento. 
Local e Data: ____________ 
Advogado: ____________ 
OAB: ____________ 
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) RELATOR (A) DA ____ TURMA DO 15ª 
REGIÃO – ESTADO DE SÃO PAULO 
 
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO 
 
PROCESSO NÚMERO: ____________ 
RECORRENTE: JULIANO JUNQUEIRA 
RECORRIDO: CRAZY JOB DO BRASIL SERVIÇOS LTDA. 
ORIGEM: 2ª Vara do Trabalho de Jundiaí – Estado de São Paulo 
 
EGRÉGRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO – ESTADO 
DE SÃO PAULO 
 
COLENDA CÂMARA 
NOBRES JULGADORES 
 
1. SÍNTESE 
O processo em epígrafe foi proposto por Juliano Junqueira em face de Crazy 
Job do Brasil Serviços LTDA., a fim de se reverter uma demissão sem justa causa 
decorrente de suposta agressão física suportada por Fernando Gonçalves, diretor do 
réu, por ato realizado pelo autor. 
Nesse viés, a demissão por justa causa teria ocorrido 6 (seis) meses após a 
suposta situação de agressão, inexistente qualquer advertência aplicada ao autor ou 
instauração de procedimento disciplinar interno. 
Ressalta-se que não foi comprovado a existência de indivíduos presenciando a 
suposta agressão. 
A oitiva das testemunhas do autor não ocorreu, sob a justificativa de 
inexistência de apresentação de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). A 
oitiva da testemunha do réu ocorreu, sendo o senhor Gustavo Roth, sujeito este que 
afirmou que não trabalha e nem nunca trabalho na empresa. 
O autor à época da demissão era membro eleito da comissão interna de 
representantes de empregados. 
Ainda assim a sentença foi julgada improcedente, reconhecendo a justa causa 
sob a justificativa do depoimento de Gustavo Roth. 
A sentença condenou o autor a pagar as custas processuais sobre o valor da 
causa de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) e honorários advocatícios em 15% a 
favor do patrono da empresa. 
 
2. ADMISSIBILIDADE DO RECURSO 
 
Primeiramente resta esclarecer que estão preenchidos todos os requisitos de 
admissibilidade do presente Recurso. 
O recurso precedente a existência de uma sentença conforme enuncia o artigo 
895, I da CLT, sendo esta proferida nas folhas __ nos autos do processo em epígrafe. 
O recorrente possui interesse em recorrer, pois a ação que propôs foi julgada 
totalmente improcedente. 
Uma vez que o recorrente foi notificado __/__/__, apresentando o recurso em 
__/__/__, o recorrente interpôs o recurso dentro do prazo estipulado no artigo 895, I 
da CLT, sendo tal instrumento por consequência tempestivo. 
O preparo do recurso, por fim, não deve ser devido no presente caso, pois o 
recorrente trata-se de pessoa pobre, com declaração anexada nos termos da Lei 
7.115/83. 
Assim, sendo requerido o deferimento dos benefícios da justiça gratuita nos 
termos do artigo 793, § 3º da CLT, e por consequência, afastada a obrigatoriedade de 
recolher custas e depósito recursal. 
 
3. PRELIMINARES 
3.1. CERCEAMENTO DA DEFESA 
A Constituição Federal determina em seu artigo 5, LV, que no âmbito de 
processos judiciais ou administrativos “são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”. 
Todavia no presente caso verifica-se que o autor não usufruiu de recursos 
inerentes a sua defesa, sendo esta cerceada. Isso pois, não se admitiu a oitiva das 
testemunhas do autor sob a justificativa de não apresentação de CTPS. 
A apresentação da CTPS não é exigível nos termos da Lei, sendo apenas 
necessário a identificação e qualificação da testemunha, conforme enuncia o artigo 
828 da CLT: 
 
Art. 828 - Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será 
qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e, 
quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando 
sujeita, em caso de falsidade, às leis penais. 
 
Parágrafo único - Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por 
ocasião da audiência, pelo secretário da Junta ou funcionário para esse fim 
designado, devendo a súmula ser assinada pelo Presidente do Tribunal e 
pelos depoentes. 
 
A jurisprudência também afirma a desnecessidade de apresentação de CTPS 
por parte das testemunhas: 
 
CERCEAMENTO DE DEFESA . AUSÊNCIA DE OITIVA DA TESTEMUNHA 
POR NÃO PORTAR CTPS. O artigo 828 da CLT ("Toda testemunha, antes 
de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando o nome, 
nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando empregada, o tempo 
de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, às 
leis penais.”) não exige a apresentação de carteira de trabalho, mas apenas 
a qualificação da testemunha. Hipótese em que houve prejuízo para a parte, 
pois se tratava do único meio de prova testemunhal do qual dispunha. Logo, 
o indeferimento de oitiva de testemunha, pelo fato de não comparecer à 
audiência portando CTPS, configura cerceamento do direito de defesa da 
reclamante. Preliminar acolhida. Nulidade da sentença declarada. (TRT-1 - 
RO: 00103776020145010010 RJ, Relator: MARCELO ANTERO DE 
CARVALHO, Décima Turma, Data de Publicação: 16/03/2017) 
 
Assim, o autor teve prejuízos irreversíveis, já que as testemunhas eram provas 
cruciais para reverter o caso. Logo, a audiência deve ser anulada, sob a justificativa 
de cerceamento da defesa com violação à Constituição Federal e sob a justificativa 
do artigo 794 da CLT: 
 
Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só 
haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às 
partes litigantes. 
 
4. MÉRITO 
4.1. JUSTA CAUSA 
4.1.1. AUSÊNCIA DE PROVA 
 
A justa causa foi declarada sob o fundamento do testemunho do senhor 
Gustavo Roth, sujeito este que afirmou que havia escutado de terceiros suposta 
agressão física suportada por Fernando Gonçalves, diretor do réu, por ato realizado 
pelo autor, tendo o autor incorrido em conduta que admite justa causa, artigo 482, 
inciso h CLT. 
Assim, não há indícios de autoria, tampouco de materialidade do fato, sendo a 
sentença baseada em provas infundadas, decorrentes de boatos. 
Não se deve admitir que a sentença seja declarada considerando boatos. 
Assim, inexistente quaisquer outras provas apresentadas pelo réu para comprovar a 
suposta agressão, este não supriu o ônus de prova disposto no artigo 818, II da CLT. 
Logo não há justa causa no presente caso, já que a agressão física não pode 
ser comprovada. 
 
4.1.2. PERDÃO TÁCITO 
 
Além disso, ainda que se considerasse a ocorrência da agressão, temos que o 
suposto fato ocorreu há seis meses, sendo que a demissão ocorreu apenas 
atualmente. 
Assim, a penalidadenão foi imposta de forma imediata, implicando em perdão 
tácito pelo empregador, conforme explica Ricardo Resende (2019, p. 399): 
 
Determinada conduta faltosa somente pode ser punida pelo empregador se 
o for imediatamente. Não pode o empregador “guardar na manga” a 
punição, de forma a exercer eterna pressão sobre o empregado, sob a 
ameaça de punição. Se o empregador tomou conhecimento da infração e 
deixou de punir o empregado imediatamente, considera-se que houver 
perdão tácito. Isso não quer dizer, entretanto, que o empregado possa voltar 
a adotar a mesma conduta futuramente. O perdão tácito vale somente para 
o passado, por razões óbvias. 
Nesse viés, a demissão por justa causa teria ocorrido 6 (seis) meses após a 
suposta situação de agressão, inexistente qualquer advertência aplicada ao autor ou 
instauração de procedimento disciplinar interno. 
Assim, o réu evidentemente perdoou o suposto ato do autor, não devendo, 
portanto, ser aplicada qualquer penalidade, tampouco justa causa. 
 
4.1.3. ESTABILIDADE 
 
Além disso, o autor era portador de estabilidade não podendo ser demitido 
desde a investidura no cargo até um ano após o mandato, exceto nas hipóteses 
previstas em Lei, já que era membro eleito da comissão interna de representantes de 
empregados. Isso em razão do disposto no artigo 510-D, § 3º da CLT: 
 
Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de representantes dos 
empregados será de um ano. 
§ 3º Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o 
membro da comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer 
despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo 
disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. 
 
A dispensa de portador de estabilidade requer procedimento específico para 
apurar a situação causadora da dispensa, conforme enuncia o artigo 853 da CLT: 
 
Art. 853 - Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra 
empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará 
reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30 (trinta) dias, 
contados da data da suspensão do empregado. 
 
Logo a justa causa deve ser considerada inválida, por não ser observado o 
procedimento específico acima referido. 
 
4.2. REINTEGRAÇÃO 
 
Consequentemente à desconsideração de justa causa, pelos fatos e 
fundamentos jurídicos expostos acima, há de ser reintegrado o autor ao cargo 
anteriormente ocupado, sendo que o réu deve proceder com os pagamentos ausentes 
do autor pelo tempo em que não exerceu seu labor, conforme enuncia o artigo 495 da 
CLT: 
 
Art. 495 - Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo 
empregado, fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-
lhe os salários a que teria direito no período da suspensão. 
 
Assim o autor requer pela sua reintegração ao labor de forma imediata. 
 
4.3. VALOR DA CAUSA 
 
Na hipótese de manutenção da condenação do autor beneficiário de justiça 
gratuita, outrora garantia-se que este permanecesse suspenso por dois anos do 
pagamento dos valores sucumbenciais, conforme enunciado do artigo 791-A, § 4º da 
CLT: 
 
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos 
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) 
e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação 
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa. 
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido 
em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a 
despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob 
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, 
nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as 
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de 
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, 
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. 
 
 Todavia, o Supremo Tribunal Federal julgou o referido artigo inconstitucional: 
 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido 
formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os arts. 790-B, caput 
e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vencidos, 
em parte, os Ministros Roberto Barroso (Relator), Luiz Fux (Presidente), 
Nunes Marques e Gilmar Mendes. Por maioria, julgou improcedente a ação 
no tocante ao art. 844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os 
Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Redigirá o 
acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, 20.10.2021 (Sessão 
realizada por videoconferência - Resolução 672/2020/STF). (ADI 5766, 
Origem: DF - DISTRITO FEDERAL, Relator: MIN. ROBERTO BARROSO) 
 
Logo, não há de ser devido pelo autor o pagamento de custas, tampouco 
honorários advocatícios, devendo assim os valores sucumbenciais serem afastados 
da condenação. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
Isto posto, requer respeitosamente que o Egrégio Tribunal Regional do 
Trabalho da 15ª Região dê conhecimento ao presente recurso ordinário e o acolha de 
forma integral, reformando a sentença e dando procedência aos pedidos do autor, 
determinando: 
 
5.1. Acolhimento da preliminar com a anulação da dispensa da oitiva das 
testemunhas do autor por ausência de CTPS, determinando reabertura da 
instrução processual; 
5.2. Análise do mérito para anular a decisão de existência de justa causa diante 
da inexistência de prova; do perdão tácito do empregador e da violação ao 
procedimento de dispensa de empregado com estabilidade; 
5.3. Análise do mérito para determinar que o empregado seja reintegrado; 
5.4. Inversão do ônus de sucumbência, com a condenação do réu ao pagamento 
de custas e de honorários advocatícios sucumbenciais; e 
5.5. Na hipótese de manutenção de condenação, que o autor seja isento do 
pagamento de custas e honorários advocatícios. 
 
 
Informa que deixou de recolher o preparo recursal, diante do pedido de concessão 
dos benefícios da Justiça Gratuita, sendo a declaração de pobreza anexada. 
 
Termos em que pede deferimento. 
Local e Data: ____________ 
Advogado: ____________ 
OAB: ____________

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