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Mito e religião na Grécia antiga Daniel, Leonardo Fernandes, Joubert e Guedelha. Autor – Jean- Pierre Vernant • É considerado o maior helenista deste século. Nasceu em Toulose, na França, 1914. • Historiador e antropólogo, começou seus estudos em filosofia em 1937, passando a dedicar-se a antropologia da Grécia antiga em 1948. Autor – Jean- Pierre Vernant • Participou da Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial como membro dos jovens comunistas. • Depois da guerra permaneceu no Partido Comunista até 1970. Autor – Jean- Pierre Vernant • Em 1958 tornou-se diretor de estudos na École des Hautes Études (Escola de Estudos Superiores). • De 1975 a 1984, ocupou, no College de France, a cadeira de estudos comparados de religiões antigas. Autor – Jean- Pierre Vernant • Foi doutor honoris causa das universidades de Chicago, Bristol, Brno, Nápoles e Oxford e professor honorário no College de France. • Morreu em 2007 aos 93 anos, na cidade de Sèvres, França. Principais Obras Mito e pensamento entre os gregos, 1985.Mito e Religião na Grécia Antiga, 1987. Mito e Sociedade na Grécia antiga, 1974. O Universo os deuses os homens, 1999. Estrutura do Seminário 1. Introdução; Mito, ritual, imagem dos deuses (Daniel). 2. O mundo dos deuses (Leonardo F.). 3. A religião cívica (Joubert). 4. Dos homens aos deuses: o sacrifício (Guedelha). 5. O misticismo grego (Joubert). 6. Considerações finais (Leonardo F.). Mito e Religião na Grécia Antiga, 1987. Desconstruindo estereótipos • Interpreta-se a antiga religiosidade grega pelos padrões cristãos. Isso é anacronismo, seus costumes, sentimentos e, sobretudo, sua mentalidade quanto a adoração são distintos. • Relaciona-se mitologia com ausência intelectual. A religião mitológica não é mais nem menos, ela é diferente. • A função do historiador é traçar o que a religião mitológica tem de específico, destacando as semelhanças e diferenças entre os outros sistemas religiosos que proporcionam o contato do homem com o além. Religião grega – Religião cívica • O politeísmo grego não se baseava numa revelação sobrenatural. Ela ocorria através dos costumes, os quais não necessitavam de nenhuma justificativa. • Não havia distinção entre a vida diária com a vida religiosa, nem entre o sobrenatural e o natural. Isso fazia parte do que é considerado Religião cívica, ou seja, a religiosidade era voltado à sociedade, não a alma do indivíduo. Religião grega – Religião cívica • Toda sociedade grega era voltada à religiosidade. Exemplo: política. Não existia cidade sem deus, mas em contrapartida, os deuses precisavam ser reconhecidos e adotados pela sociedade para serem plenamente deuses. Uma religião sem livro sagrado • Os gregos difundiam sua religião através da tradição oral e da voz dos poetas. • Oralidade – Nos lares as mulheres contavam histórias fáceis de serem memorizadas logo na aprendizagem da fala para que desta forma o quadro mental das crianças fosse moldado a pensar e situar o divino. • Poesia – “Costumes, parâmetros humanos, maneiras de encarar a vida, a morte e os deuses, são transmitidos de uma geração à outra por meio de uma memória coletiva estruturada por mitos e em forma poética”. (KRAUSZ, 2007, p. 17). Mito pode ser decifrado? • Apesar de existirem variações entre as versões dos mitos eles não podiam ser reescritos de qualquer maneira. • Os mitos possuíam uma estrutural tradicional – nela estava a “ideologia” – que deveria ser respeitada para que o público o entendesse. • Calímaco, no período helênico, respeitou a tradição para escrever suas versões lendárias. Calímaco, poeta, bibliotecário, gramático e mitógrafo grego (310 – 240 a.C.). Mito começa ser questionado (séc. V a.C.) • Quando os cronistas decidem compilar e sistematizar toda história oral. Ela informava sobre as origens mais distantes, tanto da relação dos homens com os deuses quanto da fundação das cidades e das linhagens reinantes mais antigas. • Essa sistematização causou inquietações entre os próprios poetas, visto que, na mentalidade deles, as narrativas expressavam episódios escandalosos quanto a dignidade dos deuses. Mito começa ser questionado (séc. V a.C.) • É com o desenvolvimento da história e da filosofia que o mito tornou-se completamente questionável e fábula recusável entre os gregos. • Apesar da desconsideração do mito em vista de outros saberes, os antigos ainda o reconhecem como instrumento de transmissão do conhecimento natural e sobrenatural. Mito vs. Organização cultual • A partir da primeira metade do século XX descartou-se as tradições lendárias, expressas nos documentos religiosos, como fontes pertinentes para real descrição das crenças e dos sentimentos dos fiéis. • É da organização do culto que se pode extrair a religião. Núcleo primitivo e universal da religiosidade • A mitologia não demonstrada tal núcleo por estar limitada ao campo da inteligência. • O elemento universal é situado no sentimento de terror sagrado que o homem experimenta cada vez que lhe é imposta a evidência do sobrenatural. • Essa seria a base sobre a qual se apoiariam os cultos mais antigos. Noção monoteísta • Contrapondo-se ao mito, o ato cultual demonstrava uma noção monoteísta, mesmo o indivíduo sabendo que existiam outros deuses. • A concentração era voltada unicamente ao deus em questão. Assim, na prática, no estado de alma atual do fiel, o deus invocado suplanta os outros naquele momento. O Mundo dos deuses • Desprovida de outras religiões indo- europeias com esquema das 3 funções: soberania, guerra e fecundidade. • Mitologia grega se apresenta de forma complexa onde não possui um padrão de leitura ímpar, onde um deus grego pode estar em uma rede privada com outros deuses onde se ordenam numa pluralidade, onde a leitura varia em função do ponto de partida considerado a perspectiva adotada. Zeus, Pai e Rei • Seu nome significa: “o deus luminoso do céu”. Pai da maioria dos deuses, era o grande regente do Olimpo a quem todos os deuses respeitavam. Senhor dos raios e de tudo que se refere à atmosfera. Seu representante romano é Júpiter e eu representante africano é Xangô. Zeus na composição da tríade • Quando Zeus entra na composição de uma tríadecom Posêidon e Hades, delimita níveis ou domínios cósmicos, mediante partilha: • O céu cabe a Zeus; • Mar a Posêidon; • Mundo subterrâneo a Hades; • E a superfície do solo aos três, em comum. Zeus associado a Metis Pai dos deuses e dos homens • Pai, não porque tenha gerado ou criado todos os seres, mas porque exerce sobre cada um deles uma autoridade tão absoluta quanto a do chefe de família sobre sua gente. Pai dos deuses e dos homens • Pai de vários deuses como: Ares, Hermes, Dioniso, Apolo, Artemis, Atena e Perséfone. • Heróis e semideuses como: Heracles, Perseu, Helena, Minos e também das Musas. Mortais e Imortais • Aos olhos dos gregos, a imortalidade, traça entre homens e os deuses uma fronteira rigorosa, é um traço demasiadamente fundamental do divino para que o senhor do Olimpo possa ser assimilado de algum modo a uma daquelas divindades orientais que morrem e renascem. • Nos séculos XI e VIII ocorrem mudanças técnicas, econômicas, demográficas que conduzem a Grécia a uma reestruturação. Neste contexto, o sistema religioso torna-se organizado em função das novas formas de Vida Social na Polis. A nova Teologia mitológica grega, satisfaz uma exigência dupla e complementar. Religião Cívica • “Responde ao particularismo de cada grupo humano” p. 41: Assim, se refere a um cidadão ligado a um território definido o qual possui deuses políades. Os deuses possuem função de consolidar a união social, cimentando-a. Religião Cívica Religião Cívica • “Fortalecer no Plano religioso tradições lendárias reconhecidas p. 42:Pela literatura desvinculada de raízes locais, pela construção de grandes santuários, pelos jogos e panegírias pan-helênicas. Inovações religiosas pelas construções de templos independentes do habitat humano, ou seja, de domínio público, também a relação de simbiose entre o homem e o território tendo como elo os deles. Deuses e Heróis • Pelo reaproveitamento da arquitetura e construções de seus predecessores, os Micenas, os gregos, em especial fizeram uso das câmaras mortuárias como local de culto aos guerreiros épicos e personagens lendários do passado. Entre estes estavam os heróis da epopeia os quais diferiam dos humanos comuns e dos deuses. • O culto aos heróis possuía valo cívico: por terem atribuições comparáveis aos talismãs. Deuses e Heróis • O culto aos heróis possuía um significado religioso no âmbito do equilíbrio de poder, pois mentem-se entre o culto aos deuses (transcendente) e a reverência aos ritos funerários (imanência) Semideus • Não completamente humanos, porém não divinos: São no contexto da cosmovisão grega os mais próximos dos deuses. • Houve um tempo em que os deuses não eram transcendentes. • São resultado de uniões entre deuses e humanos. • Os Semideuses não vão ao inferno (Hades), antes, gozam de uma vida tranquila depois de serem arrebatados aos elísios onde vivem como deuses. • Heróis não são intercessores. Reação Grega • Premissas da própria religião rebaixam as ideias anteriores. • Preceito de Delfos: Os homens não podem superar seus limites. • Consideração de herói rara na era Clássica. • Classes de Deidades. Oráculo de Delfos. Os Imortais do Olimpo Os Ctonianos Posêidon Deméter Hades O único precisamente a não ter Templo e nem culto. Os Oráculos Gregos • Oráculo – significava tanto pessoas que profetizavam quanto o lugar onde a profecia era dita. • Acreditava-se que os oráculos gregos davam respostas divinas, por isso frequentava o local para pedir conselhos e receber orientações. • Os oráculos gregos são exemplos fundamentais da religião e da cultura grega, que era muito rica, com vários deuses e crenças. • Exemplo: Euandros e sua mulher consultam os oráculos. Oráculo de Dodona • Foi estabelecido a partir de uma pomba, símbolo da sacerdotisa. A pomba saiu de Tebas, uma cidade do Egito, e foi para Dodona. Lá, ela difundiu a crença em Zeus e ordenou que fundassem um oráculo em homenagem ao deus. A partir disso, Dodona virou um local sagrado. Oráculo de Delfos • Foi o centro religioso mais importante, dedicado ao deus Apolo. • Era procurado por cidadãos comuns e também por líderes políticos interessados em previsões e conselhos. • Funcionava nos subterrâneos, a partir da emissão de gases. Os gregos acreditavam que, ao inalar o vapor, a sacerdotisa tinha o corpo invadido por Apolo e intermediava as profecias. Templo de Zeus em Olímpia • Fidías esculpiu Zeus no século V a.C. na cidade Grega chamada Olímpia. Sentando num trono, sua mão direita segura à Estatueta da Nike (deusa da vitória) e a esquerda segura seu cetro sobe qual debruça uma águia. Também foram esculpidos outros deuses gregos e alguns animais . Destruído por terremoto em 462 d.C. O Sacrifício • Animal era levado enfeitado, coroado, ornado de fitas, levado em cortejo ao som de flautas. • Bomós, bloco de alvenaria quadrangular onde era realizado o sacrifício cruento do tipo alimentar. • A cabeça da vitima é levantada; cortam-lhe a garganta com um golpe de máchaira, uma espada curta. O sangue que jorra é colocado em um recipiente. O animal é aberto extraem suas vísceras, especialmente o fígado, que são examinadas para que se saiba se os deuses aprovam o sacrifício. O Sacrifício Representação de um sacrifício oferecido em conjunto num vaso da Grécia Antiga Sacrifício oferecido a Apolo. Prometheus Misticismo Grego • Período Clássico: Compreende o intervalo de tempo entre os séculos VI e IV a. C. Conhecido como era de Ouro grega. • 1 Culto público: formado a partir de correntes e grupos com aspirações diversas em rem termos de religião. Neste contexto, A anexação pelo civismo, da religião abrem precedentes aos elementos místicos. • 2 Misticismo: marcado pela conexão profunda do adorador com seus deuses, visando a virtude e imortalidade outorgada em face da morte pelas divindades cultuadas. • 3 Imortalidade: gerada a partir de uma conduta considerada pura a partir de regras de vida, conferindo o privilégio de manifestação das divindades existentes em cada indivíduo. Vertentes de Fenômenos Religiosos 1. Mistérios • Ordens religiosas de culto a Perséfone e Deméter. Os de Elêusis na Ática organizavam-se segundo o padrão da tutela das cidades gregas, permanecem à margem do governo e recrutamento de indivíduos com base na opção de cada um. Vertentes de Fenômenos Religiosos 1. Mistérios A. Não contradizem a religião Cívica tanto em crenças quanto em práticas B. Não possuíam doutrina exotérica C. Foco dos cultos nas emoções de arrebatamento (Paixão de Deméter) D. Foco às Visões de mistérios E. Vida na terra em felicidade e pureza sem desconstruir a ideia do Hades F. Conta com fiéis aristocratas G. Hierarquia organizada em graus H. Não suscita oposição do Estado Vertentes de fenômenos religiosos 2. Dionisismo • Ordens religiosas de Atenas cuja ênfase de adoração era em Dionísio deus de vinho Foco no transe coletivo com vistas a experiências sobrenaturais as quais eram consideradas estranha aos demais cultos oficiais Vertentes de fenômenos religiosos 2. Dionisismo A. Círculo fechado similar aos Mistérios B. Cerimônias de caráter cívico C. O transe estabelece a conexão com o divino, a (divindade detêm a possessão dos fiéis) a circunstância é acompanhada de familiaridade da selvageria animal. D. Felicidade do Vinho e travestismo. E. Contrário ao Ascetismo F. Catarse G. Prazer pelo êxtase Vertentes de fenômenos religiosos 2. Dionisismo • “Dionísio nos ensina ou nos obriga a tornar-nos o contrário daquilo que somos comumente. ” (P. 80). Vertentes de fenômenos religiosos 3. Orfismo • Nebulosa de crentes cuja vida é pautada por sagradas tradições atribuídas a Orfeu e Museu, foco no estilo de vida contrário a normas heterodoxas, regime vegetariano estrito, presença de técnicas de cura, purificação para esta vida e salvação para a próxima, respeito aos nómoi, leis socialmente reconhecidas. Vertentes de fenômenos religiosos 3. Orfismo A. Pertence ao helenismo tardio B. Foco em seguir escritos sagrados e Ex: (papiro de Derveni) séc V C. Elemento doutrinário soteriológico (diferencial em relação as outras correntes) D. Defendem a criação dos indivíduos por meio do OVO ou noite E. Salvação fora da religião Cívica F. Tendência Ascética Impacto do Orfismo Nível pessoal: A. Aumento da superstição pelo temor das máculas e doenças B. Desenvolvimento da função dos sacerdotes mendicantes C. Xamanismo grego D. Artes mágicas Nível intelectual: E. Orientação da vida espiritual grega F. Influência nos pré-socráticos G. Eco em Platão, o esforço por libertar o deus que há em ti; a Alma. Considerações finais • Diante desta apresentação percebeu-se que: 1. O ser humano sempre buscou ter contato com o além (sobrenatural); 2. A mitologia expressava mais o que a sociedade era do que as próprias deidades; 3. O mito era o método explicativo para realidade. Assim como a atual ciência; 4. Que as questões culturais faziam parte de sua identidade; 5. Quais aspectos da cultura greco-romana ainda estão presentes na nossa sociedade? Bibliografia DIDEUS, Felipe. Mitologia Grega. Youtube, 16 out. 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DyrWYMOM5JA&t=53s. Acesso em 17 set. 2017. KRAUSZ, Luis S. As musas: Poesia e divindade na Grécia Arcaica. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007. VERNANT, Jean-Pierre. Mito e religião na Grécia antiga. TraduçãoJoana Angélica D' Avila Melo. - São Paulo: WMF Martins Fontes, 1 ed., 2006. https://www.youtube.com/watch?v=DyrWYMOM5JA&t=53s
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