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AULA 5 ADMINISTRAÇÃO DE REDES DE COMPUTADORES Prof. Douglas Eduardo Basso 2 TEMA 1 – GERENCIAMENTO DE DESEMPENHO E QUALIDADE DE SERVIÇO Mesmo com o crescimento das linhas de comunicação, dos links de dados e internet mais rápidos, com maior largura de banda e o aumento das redes de fibra ótica, faz-se necessário a gerência contínua de desempenho das redes, bem como sua qualidade. A expansão das capacidades da rede nem sempre podem ser a solução, limitações tecnológicas e de custos podem dificultar essa melhoria. 1.1 Introdução Dessa forma, é importante monitorar e avaliar o uso das redes, verificar se o conteúdo é apropriado, identificar os tráfegos de rede, se são de aplicações críticas que apoiam a missão da empresa ou de aplicações de pouca importância ou indesejáveis. Surge então a necessidade de criar e implantar uma provisão de serviços com níveis de qualidade diferenciada. 1.2 Aplicações A qualidade de serviço pode ser gerenciada na internet com o apoio de soluções que permitem atender diversas especificações e estratégias de priorização de tráfego de rede. A gerência da qualidade de serviço, também chamada de QoS é vinculada ao controle de uso da banda de dados. As aplicações que geralmente necessitam de qualidade de serviço são: • Telefonia de voz sobre IP; • Videoconferências e telemedicina; • Educação a distância. 1.3 Modelos do QoS Nos anos 90 foram desenvolvidos modelos de QoS como o DiffServ, que abordava vários tipos de serviços, permitia reservar a banda para alguns deles. Depois veio o IntServ, um modelo de QoS criado para garantir a qualidade de serviço para fluxos individuais de tráfego, reservando recursos por todos os roteadores da rede. Essa alocação de recursos é utilizada usando o protocolo Resource Reservation Protocol (RSVP), e trata da reserva da largura de banda e do tempo que a conexão será mantida. 3 O DiffServ foi desenvolvido com base na definição dos serviços. Existe um pacote IP chamado Type of Service (TOS), usado para priorizar o tráfego. O roteador coloca esse tipo de pacote IP como alta prioridade em sua fila e repassa esses pacotes antes dos pacotes de baixa prioridade. 1.4 Gerência do QoS e a internet A gerência da qualidade de serviço de rede apresenta duas estratégias: uma para programar e configurar os equipamentos que devem processar o tratamento diferenciado do tráfego, e outra para monitorar o desempenho da rede com ou sem a priorização. Na internet temos o modelo atual, um serviço em que todo o tráfego é tratado da mesma forma e o melhor esforço é empegado para entregá-lo. Já o modelo que a comunidade da internet espera é o que traz: aplicações que são sensíveis ao tempo como a voz e o vídeo (devem ter prioridade) e tráfego preferencial e especial para alguns tipos de aplicações como banco de dados, por exemplo. 1.5 Implicações no uso do QoS Ao implementar e empregar o QoS na rede algumas questões precisam ser levantadas, como: • Controle sobre os recursos: ter um sistema que mantenha informações sobre o uso da rede, capacidade dos equipamentos, controle de tráfego por aplicação, limitar a banda para serviços menos nobres. • Serviços particulares: verificar com a operadora a capacidade de controlar e ter visibilidade da qualidade de serviço, identificar se o provedor tem condições de demandar esse tipo de serviço diferenciado a seus clientes. • Aplicações de missão crítica: garantir que esse tipo de aplicação tenha a banda disponível, e que outras aplicações não afetem o tráfego reservado para as aplicações priorizadas. TEMA 2 – VISÃO GERAL SOBRE QOS Em muitos casos a qualidade de serviço é estritamente necessária, como em aplicações que precisam níveis de QoS diferentes, como: telefonia, televisão, transferência de arquivos, conferências, entre outros. Na internet, ainda existem muitas necessidades em relação à qualidade de serviço. 4 2.1 Características do QoS A qualidade de serviço está vinculada à habilidade da rede em prover serviços de tráfego diferenciados sobre várias tecnologias. Dentre as características de QoS, podemos elencar: • Suporte a banda dedicada; • Mecanismos de melhoria em relação à perda de dados; • Configurações para evitar e administrar o congestionamento de rede; • Mecanismos para conformação do tráfego da rede; • Configurações de priorização de tráfego através da rede. 2.2 Arquitetura do QoS Dentro da arquitetura de QoS, alguns pontos são necessários para desenvolver e processar o tráfego com qualidade diferenciada em redes, entre eles: • Técnicas de sinalização QoS de comunicação entre elementos de rede; • Funcionalidades de gerenciamento e controle do QoS através da rede e seu tráfego; • Mecanismos de QoS de um único elemento de rede, com funções de enfileiramento, tratamento diferenciado de filas e conformação de tráfego. 2.3 Função dos roteadores no QoS Roteadores de borda e roteadores de backbone não realizam as mesmas funções, as tarefas de qualidade de serviço são relativamente diferentes. Os roteadores de borda executam as seguintes funções: • Classificação de pacotes; • Controle de admissão; • Gerenciamento de configuração. Os roteadores de backbone realizam as seguintes funções: • Gerência de congestionamento; • Funções de minimização de congestionamento. 5 TEMA 3 – MODELOS DE SERVIÇOS Modelos de serviços descrevem as características do QoS entre elementos da rede (fim a fim) e utilizam requisitos específicos. Existem três modelos de serviços QoS: 1. Best effort; 2. Integrated; 3. Differentiated services. 3.1 Best effort service O best effort service é um modelo de serviço único no qual uma aplicação envia dados quando desejar, em qualquer quantidade, e sem requisitar permissão ou informar primeiro a rede. Para serviços best effort, a rede entrega os dados sem qualquer tipo de segurança, atraso associado ou capacidade da rede. 3.2 Serviços integrados É um modelo de serviço múltiplo que incorpora vários requisitos de QoS. Neste modelo, a aplicação faz a requisição de um tipo específico de serviço da rede antes de enviar os dados, ocorre uma sinalização na requisição, a aplicação informa seu perfil de tráfego e solicita um tipo particular de serviço, envia dados apenas depois que recebe a confirmação da rede e os dados são em consonância com as regras descritas no perfil de tráfego. A rede realiza toda administração e controle de admissão, baseados na informação da aplicação e recursos de redes disponíveis. A manutenção do fluxo de seu estado é realizada e seus pacotes são classificados, controlados, e enfileirados de forma inteligente baseado no estado do fluxo. O protocolo RSVP é usado para sinalizar pedidos de QoS para o roteador. 3.3 Serviços diferenciados Modelo de serviços múltiplos em que podemos atender diferentes tipos de requisitos de QoS. Entretanto, diferentemente dos serviços integrados, uma aplicação que utiliza serviços diferenciados não faz a sinalização ao roteador antes do envio dos dados. 6 A rede tenta entregar um tipo particular de serviço, baseado na específica QoS de cada pacote. Essa especificação deve ocorrer de diferentes maneiras, usando o bit do IP setado em pacotes IP ou endereços de origem e destino. A rede utiliza uma especificação QoS para classificar, conformar, controlar o tráfego, e realizar o enfileiramento inteligente. TEMA 4 – QOS NA NOVA INTERNET O avanço das aplicações de rede necessita que novas concepções de internet consigam suportar a qualidade de serviço, pois no método atual (best effort), isso não é possível. Uma internet nova com suporte e qualidade de serviço deve permitir reservas de recursos de rede sem causar impacto no tráfego best effort. Na internet atualse o roteador tem uma sobrecarga em sua fila, pacotes são descartados com pouca (ou nenhuma) distinção entre os tráfegos, alta e baixa prioridade para o correto funcionamento. Aplicações avançadas necessitam de banda garantida e o mínimo de atraso do pacote (latência), ferramentas remotas de colaboração, videoconferências, a telemedicina tem requisitos exigentes para banda e latência, caso nãos sejam atingidos a aplicação fica inoperante. Muitos estudos têm sido feitos para uma internet com qualidade de serviço. O DiffServ tem se consolidado como uma forma simples e escalar de QoS com serviços fim a fim, através de múltiplas nuvens de rede, minimizando a complexidade de implantação. Esquemas inteligentes de enfileiramento podem ser usados para a entrega de serviços diferenciados, como o WRED e o WFQ. 4.1 WRED Weighted Random Early Detection, também conhecido como “descarte preliminar aleatório”, é uma disciplina de enfileiramento para um programador de descartes da rede que visa evitar congestionamentos. Em WRED é possível ter diferentes probabilidades para diferentes prioridades e/ou filas. 4.2 WFQ Weighted Fair Queuing é uma técnica de programação de envio (agendamento) de pacotes de dados que permite diferentes prioridades de agendamento para os fluxos de dados multiplexados estatisticamente. 7 4.3 Requisitos para QoS na internet Alguns requisitos identificados para que a Internet consiga oferecer o serviço de QoS são: • Escalabilidade; • Administração; • Medição; • Habilitar aplicações avançadas; • Suporte a sistemas operacionais e middlewares; • Aceitação de múltiplas e interoperáveis implementações de equipamentos e suas nuvens. 4.4 Suporte e desenvolvimento de aplicações avançadas Tendo em vista o suporte e desenvolvimento de aplicações, o Protocolo da Camada de Transporte de internet (TCP) vem sendo estudado e desenvolvido nos últimos tempos. A ideia é compensar os efeitos das redes de dados congestionadas, limitações de conexões, o aumento no uso dos recursos, entre outros detalhes. Quando temos uma rede com qualidade de serviço podemos fazer uma analogia com o sistema telefônico, existem momentos que o canal está livre para ligação e outros que o canal está ocupado. Os conjuntos de parâmetros de transmissão numa aplicação que utiliza QoS são fundamentais, ter mecanismos de tratamento diferenciado, gerência de configuração e oferta de serviços de rede com QoS, tempo e duração de serviços. O tráfego ingressa à rede através de um roteador de borda, gerado por algum usuário ou equipamento conectado, conforme Figura 1. Os pacotes são inspecionados pelo roteador de borda e repassados para os roteadores de trânsito, as informações de decisões de tratamento diferenciado ou não são também enviadas para que o roteador controle o fluxo de pacotes. 8 Figura 1 – Elementos de uma rede com QoS Fonte: elaborado com base em Santos, 2015. As necessidades de prover e contabilizar o QoS devem ser cumpridas, como fazer a medição e auditar a performance da rede, realizar controles de transmissão e medidas automatizadas, pois existe a possibilidade desse serviço ser taxado por instituições. A qualidade de serviço deve ser suportada por um ou mais equipamentos, em redes grandes como a internet a interação entre equipamentos de diferentes fabricantes é essencial, a sinalização e habilitação do QoS e seus fluxos deve ser tratada de maneira padronizada sob diferentes domínios de administração. Em ambientes como a nova internet, como as interconexões são separadas por diferentes controles administrativos, conforme mostra a Figura 2, existe a necessidade de padronização de QoS através das redes e domínios participantes. Figura 2 – Interconexões entre domínios Fonte: elaborado com base em Santos, 2015. 9 TEMA 5 – ARQUITETURA DE SERVIÇOS DIFERENCIADOS A arquitetura de serviços diferenciados apresenta um gama de serviços na internet sem ter que manter os estados de fluxos de cada roteador, ocorre a união desses fluxos, aos quais é oferecido um tratamento diferenciado pela rede. O Diffserv (serviços diferenciados) elimina a necessidade de reconhecimento e armazenamento de informações sobre cada fluxo individual no roteador do core. Para o administrador de rede, o primeiro roteador é o roteador de borda, ele é responsável por marcar o pacote recebido do usuário de rede. No trajeto a partir desse roteador, todo o tráfego integrante daquele perfil é tratado como agregado. É definida através de um modelo simples no qual o tráfego que entra na rede é: classificado; possivelmente condicionado na borda da rede; e atribuído a diferentes agregações de comportamento. A Figura 3 mostra esta arquitetura: Figura 3 – Arquitetura dos serviços diferenciados Fonte: elaborado com base em Santos, 2015. É composta por vários elementos funcionais, funções de classificação de pacotes e funções de condicionamento de tráfego: medição, marcação, conformação e controle. Esse tipo de arquitetura alcança escalabilidade, implantando classificação complexa e funções de condicionamento apenas nos nós de borda de rede. 5.1 SLSs e TCSs Dependendo do serviço ofertado, diferentes aspectos técnicos são definidos em forma de um acordo de nível de especificação (Service Level 10 Specification), ou SLS, que especifica todas as características e desempenho esperado pelo cliente. Pelo fato dos serviços serem unidirecionais, as duas direções de fluxo devem ser consideradas separadamente. Outra parte importante do SLS é o Traffic Conditioning Specification (TCS). O TCS cria a especificação de perfis de tráfego e ações para pacotes de dentro do perfil e fora do perfil. Os perfis de tráfego trazem a especificação e regras para classificar e medir o fluxo, pacotes dentro do perfil sofrem agregação diretamente, enquanto um pacote fora do perfil pode ser conformado antes da entrega da seguinte forma: atrasado ou descartados. Entre os parâmetros de serviço cada nível de serviço TCS, especifica-se: • Parâmetros de performance: latência, probabilidade de descarte e throughput; • Perfil de tráfego; • Indicação do escopo de cada serviço, nos pontos de entrada e saída; • Disposição do tráfego submetido em excesso ao perfil especificado; • Marcação do serviço proporcionado; • Conformidade do serviço proporcionado. 5.2 Serviços quantitativos e qualitativos Existe uma grande variedade de diferentes tipos de serviços diferenciados, classificar esses serviços significa associar um SLS a um serviço respectivo. Os serviços são classificados como qualitativos ou quantitativos, dependendo do tipo de parâmetros de performance oferecidos. Serviços qualitativos são aqueles que oferecem garantias relativas que somente podem ser avaliadas por comparação: • Oferta de tráfego no nível de serviço A será entregue com baixa latência; • Oferta de tráfego no nível de serviço B será entregue com baixa perda. Serviços quantitativos são aqueles que oferecem garantias concretas que podem ser avaliadas por medições convenientes, independentes de outros serviços. Exemplos de serviços quantitativos: • Alocar 80% do tráfego entregue dentro do perfil do nível de serviço C, não terá mais do que 50ms de latência; 11 • Alocar 85% do tráfego entregue dentro do perfil do nível de serviço D será efetivamente entregue. De maneira geral, quando um provedor oferece um serviço quantitativo, será necessário especificar perfis de controle quantitativo. 5.3 SLS Dinâmico e estático Os SLSs podem ser tanto estáticos, como dinâmicos. Os estáticos são o padrão, e resultado da negociação entre provedor e cliente, definidos por um acordo de data de início que pode ser periodicamente renegociado. Os dinâmicos podem mudar frequentemente, as mudanças resultam, por exemplo, de variações na cargade tráfego oferecida, relativa aos escopos ou provenientes das mudanças de preços oferecidas pelo provedor, requerem protocolos automatizados sem interação humana. 5.4 Provisionamento de tráfego Quando temos um SLS negociado, o provedor de serviço precisa garantir os recursos ao cliente, sem que esses recursos excedam os termos do TCS. O tráfego pode ser autenticado ou pode usar criptografia. Existem quatro componentes de condicionamento de provisionamento de tráfego (Figura 4), que são: medidor; marcador; conformador; descartador. Figura 4 – Componentes de condicionamento Fonte: elaborado com base em Santos, 2015. 12 Os medidores medem o tráfego submetido de acordo com o perfil de tráfego contratado (TCS), fazem o controle de entrada para outros componentes de controle. Os conformadores controlam fazendo o atraso de outros pacotes, de modo a levar o fluxo a se tornar complacente com o perfil de tráfego. Tem tamanho de buffer finito e pacotes podem ser descartados ou sofrerem atraso que se acabar o buffer. Os descartadores controlam descartando alguns, ou todos, os pacotes de uma sequência de tráfego, tornando o fluxo complacente. Os marcadores controlam o tráfego remarcando, especificando os domínios e rebaixando o fluxo fora do perfil. Esses quatro componentes classificadores de tráfego são requisitados para separar o tráfego submetido dentro de diferentes classes. O classificador pode separar o tráfego por domínio, ou baseados em múltiplos campos dentro do cabeçalho do pacote, mesmo que o tráfego já venha marcado pelo cliente, o provedor pode efetuar o controle no limite do ponto de entrada de tráfego, que então pode ser remarcado ou descartado. Um condicionador de tráfego inclui: classificador; medidor; marcador; suavizador. Os condicionadores de tráfego podem ser encontrados dentro ou na saída de um domínio. Nem todos os quatro elementos do condicionamento precisam estar presentes em todos os nós da borda. A Figura 5 mostra a visão lógica de condicionamento de tráfego. Figura 5 – Condicionadores de tráfego Fonte: elaborado com base em Santos, 2015. O medidor mede o fluxo para verificar se está de acordo com o perfil de tráfego contratado (TCS). O provedor tem o dever de provisionar a rede interna, de modo a atender as garantias oferecidas pelo SLSs, negociado nos limites da rede. O provedor pode controlar, remodelar, remarcar ou descartar o tráfego. 13 REFERÊNCIAS KUROSE, R. Redes de computadores e a internet: uma abordagem top-down. 6. Ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. SANTOS, M. T. Gerência de redes de computadores. 2. ed. Rio de Janeiro: RNP/ESR, 2015.
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