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APRENDA SOBRE HIPERLEXIA NO AUTISMO Prof. Luiz Paulo Moura Soares Neuropsicopedagogo @luizpaulomourasoares HIPERLEXIA O diagnóstico de hiperlexia se dá pela observação de características típicas dessa síndrome, como a precocidade da capacidade de identificar letras e números. Isso pode ocorrer a partir dos 18 meses e por volta dos 3 anos algumas crianças são capazes de formar palavras, mesmo sem compreender o contexto. "A hiperlexia pode ser entendida como uma síndrome, que compreende sintomas como uma alta capacidade de leitura e uma espécie de obsessão por letras e números, porém acompanhada de uma espécie de “retardo” em outras áreas do desenvolvimento. Essa síndrome pode ser entendida a partir de três características principais: capacidade precoce de leitura, dificuldade em lidar com a linguagem oral e uma inadaptação social dos comportamentos." • A hiperlexia não é consequência de nenhum método de ensino, ou seja, a capacidade de ler da forma como se dá nesses casos não é algo ensinado, não há instruções para que a criança aja de tal forma. • A criança simplesmente aprende a decodificar as palavras, a partir da identificação das letras e de seus agrupamentos. • "Outra particularidade das crianças hiperléxicas, para a qual se deve atentar no período diagnóstico, é o apego que essas têm à rotina. • Uma criança hiperléxica dificilmente aceita mudanças em seus horários e atividades, procura encontrar padrões em todas as situações. • Porém, é uma habilidade de decodificação, pois muitas vezes, não há compreensão leitora, apresentando dificuldades em interpretar o que se lê (LAMÔNICA 2013). • Existem poucos estudos realizados na área, sendo considerado um dos distúrbios mais complexos, com características variadas e dificuldades no diagnóstico (RIBEIRO; LEMOS; SANTA’ANNA, 2009). • Porém, os estudos realizados observaram que a hiperlexia ocorre comumente em algumas crianças diagnósticas com TEA. • Em relação ao diagnóstico, são adotados alguns critérios (NEELDLEMAN apud NATION et. al., 2006): • Presença de um distúrbio do desenvolvimento. • Manifestação precoce nas habilidades de leitura e decodificação (entre dois a cinco anos). • Capacidade de leitura fluente sem instrução. • Compulsão em leitura. • Capacidade acima da média em leitura de palavras conforme o esperado em testes de inteligência. De acordo com Susan Martins Miller autora do livro “Lendo muito cedo” “A síndrome da hiperlexia é constituída por algumas características básicas: 1. Não é raro que as crianças hiperléxicas leiam as palavras de cabeça para baixo, ou em qualquer posição. 2. Geralmente é entre os 18 e os 24 meses que as crianças hiperléxicas demonstram capacidade para identificar letras e números. 3. Por volta dos três anos, começam a ver as letras reunidas, formando palavras não importando em que contexto apareçam, nem que aspecto tenham; datilografadas ou manuscritas, maiúsculas ou minúsculas, a criança reconhece. Dificuldade em lidar com a linguagem oral. •Para uma criança hiperléxica o nível do reconhecimento de palavras isoladas é um, e outro é o nível de compreensão de palavras agrupadas, formando conceitos. Conduta social atípica. •Enquanto outras crianças estão começando a falar e descobrindo na linguagem um meio de comunicação com seus pares, as hiperléxicas estão por fora! •Elas não têm interesse social no mesmo nível que pode ser notado em outras crianças, se colocadas em ambiente social, demonstram não possuir as qualidades requeridas para interação em grupo. Leitura compulsiva. •As crianças com a Síndrome da Hiperlexia lêem tudo que seus olhos encontram em forma de letra. •Pode ser difícil conseguir que fiquem sentadas por algum tempo, lendo histórias infantis, mas lerão qualquer outra coisa que lhes apareça. •Elas, simplesmente, não podem evitar isso, pois os estímulos visuais são muito do seu agrado, principalmente sob a forma de letra. Conduta inflexível. •Uma criança pode ser muito geniosa sem que isso nada tenha a ver com a hiperlexia, mas o que se ressalta é que, nas crianças hiperléxicas, o “mau gênio” é ainda mais forte e as explosões podem ser bem mais duradouras. •As situações constrangedoras podem ocorrer por conta da inflexibilidade, típica das crianças hiperléxicas, que se julgam com o direito ao comando das decisões, mas também pode ter raízes na circunstância de aquelas crianças não entenderem os fatos correntes, nem saberem o que se esperam que elas façam. Desligamento da realidade. •A criança hiperléxica parece pensar que vivem num mundo somente seu. Não merecem confiança para sair com um grupo numa excursão, por exemplo, nem podem ser deixadas na rua, sem vigilância, mesmo perto de casa. Pequena capacidade de atenção. •A capacidade de atenção das crianças é pequena, e menor ainda nas hiperléxicas. •Em certos casos, manter concentrada em um determinado assunto, por mais de alguns instantes, a atenção de uma dessas crianças, é um desafio realmente sério para seus pais e professores. HIPERLEXIA E O AUTISMO A hiperlexia pode coexistir com o autismo. Nesses casos, a criança pode apresentar habilidade de leitura precoce, mas com prejuízos na compreensão da linguagem e nas interações sociais. Ela pode, por exemplo, ler um livro inteiro mas não compreender o que leu; não saber responder a questões simples como “qual o seu nome”; ter dificuldades na pega do lápis ou giz de cera para escrever (o que pode ser explicado pela dificuldade com a coordenação motora fina que a escrita exige). Como a criança com TEA e hiperlexia costuma ser um bom aprendiz visual, estímulos visuais e a própria leitura podem ajudar muito no desenvolvimento.. COMO DIFERENCIAR AUTISMO DE HIPERLEXIA? Embora todas elas demonstrem uma nítida dificuldade de interação. No caso da hiperlexia, por exemplo, o autista pode ter facilidade notável com a habilidade da leitura; por outro lado, a comunicação oral é, na maioria das vezes, bem aquém do esperado. COMO O PROFESSOR PODE INTERVIR EM SALA DE AULA COM CRIANÇAS COM TEA E HIPERLEXIA. Uma das principais formas de potencializar o tratamento para Hiperlexia é por meio de uma avaliação neuropsicológica. Esta avaliação se concentrará no desenvolvimento, assim como no suporte de habilidades de comunicação e interação social. 1. Linguagem oral. 2. Habilidades sociais. 3. Interação social. 4. Brincadeiras estruturadas. 5. Utilizar recursos tecnológicos. 6. Favorecer a compreensão do desenvolvimento das habilidades de leitura. BIBLIOGRAFIA. • MILLER, Susan Martins. Lendo muito cedo: como compreender e ajudar a criança hiperléxica. Tradução: Elza S. M. de Freitas. Belo Horizonte: Nova Alvorada Edições Ltda., 1997. • LAMONICA, D. A. C. et al. Habilidades de leitura em crianças com diagnóstico de hiperlexia: relato de caso. CoDAS, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 391-395, 2013.