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Arteterapia Sumário 1 Introdução 3 2 O USO DA ARTE NA TERAPIA E PSICOTERAPIA: DEFINIÇÃO E HISTÓRIA 4 2.1 ARTETERAPIA COMO TERAPIA OCUPACIONAL 5 2.2 EMOÇÕES NA ARTETERAPIA 7 3 BENEFÍCIOS DA ARTETERAPIA 9 4 SESSÕES DE ARTETERAPIA 11 4.1 TÉCNICAS DA ARTETERAPIA 13 4.2 ARTETERAPIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 16 4.3 COMO ADERIR PACIENTES/CLIENTES PARA A ARTETERAPIA 18 Resumo do curso 19 Referências 20 Módulo 1 Arteterapia 1 Introdução Este material aborda o uso da arte como terapia para influenciar, positivamente, a mente hu- mana. Nele iremos estudar a definição da arteterapia, sua história e os benefícios deste tipo de terapia que enaltece as emoções individuais dos pacientes/clientes, principalmente aque- les mais reclusos aos seus sentimentos e que, muitas vezes, não conseguem identifica-los nem expressá-los e que terminam por desenvolver doenças psicossomáticas. A arte como influência para a mente humana também foi originalmente foco de estudo do médico alemão Johann Reil, do renomado psiquiatra e psicoterapeuta Carl Jung, da psicóloga e educadora Margareth Naumburg, também conhecida como a “mãe” da arteterapia, e da psiquiatra brasi- leira Nise da Silveira. Também iremos compreender como acontece as etapas das sessões de arteterapia, quais as técnicas (desenho, pintura, por exemplo) e ferramentas (tintas e argila) que podem ser utiliza- dos pelo arteterapeuta para benefício da terapia e do paciente. Para fixar melhor o conteúdo, apresentaremos dois relatos de experiência de sessões de arteterapia e conheceremos os benefícios proporcionados para os pacientes. Por fim, vamos entender quem é o profissional arteterapeuta e quais estratégias ele pode utilizar parar aderir novos pacientes/clientes, in- clusive fazendo uso da tecnologia digital a seu favor. 4 2 O USO DA ARTE NA TERAPIA E PSICOTERAPIA: DEFINIÇÃO E HISTÓRIA Cada pessoa, através da convivência e experiência como membro de uma sociedade vivencia seus valores, memórias, ideais, costumes e práticas que a identifica em um ou mais grupos de pessoas. Toda esta convivência e experiência define o que chamamos de cultura. Segundo Campomori (2008), cultura é a própria identidade nascida na história, que ao mesmo tempo nos singulariza e nos torna eternos. Uma das formas de representar a cultura é através da arte. O dicionário Michaelis, define arte como sendo “atividade que supõe a criação de obras de caráter estético, centradas na produção de um ideal de beleza e harmonia ou na expressão da subjetividade humana”. Quando apreciamos a arte, seja o teatro, a música ou a dança, por exemplo, percebemos como estamos envoltos de informações que alimentam nosso repertório e compreendemos que além do caráter sociocultural, a arte está conectada com a vida e os anseios das pes- soas, já que sentimos necessidade de expressar nossos sentimentos e pensamentos. Esti- ma-se que há 40 mil anos a.C., durante o período Paleolítico Superior, o homem desenvolveu as primeiras formas de comunicação artística, as artes rupestres. Os desenhos e pinturas rupestres testemunhavam a cultura e cenas do cotidiano de um período da humanidade. Com o passar do tempo, além da representação de cenas do cotidiano, o homem passou a usar a arte como meio de comunicação e linguagem. É o que podemos observar, por exem- plo, em galerias e museus. Logo, a arte também passou a ser utilizada como ferramenta para atividade terapêutica com objetivo de trabalhar as emoções e sentimentos do indiví- duo que a nomeou de arteterapia. 5 2.1 ARTETERAPIA COMO TERAPIA OCUPACIONAL A arte como atividade terapêutica teve seus estudos iniciados no século XIX pelo médico alemão Johann Reil. Com objetivo de obter a cura psiquiátrica, ele fez uso de dispositivos artísticos (desenhos e sons) e concluiu que a arte serve como meio de comunicação para acessar questões internas dos seus pacientes. As imagens representam o inconsciente pessoal como parte integradora da personalidade do ser, resultado da cultura humana ao longo das civilizações. Importante Arteterapia é uma área de atuação profissional que utiliza recursos artísti- cos com finalidade terapêutica (Carvalho, 1995). A arteterapia baseia-se em diferentes referenciais teóricos como o da psicanálise e psicolo- gia analítica. Na década de XX, o psiquiatra e psicoterapeuta Carl Jung, fundador da psico- logia analítica, começou a utilizar a arte como parte do tratamento psicoterápico, inclusive enfatizando a análise dos sonhos dos indivíduos. Ele acreditava que, mesmo os sonhos sendo uma linguagem inconsciente, o profissional da arteterapia poderia interpretar seu significado e auxiliar no tratamento de questões internas do ser. Ainda no século XX, a psicanálise freudiana demonstrou interesse na arte como meio de ma- nifestação do saber. Segundo a Associação Mineira de Arteterapia, Freud teve interesse pela arte e postulou que o inconsciente se manifesta através de imagens que transmitem signifi- cados mais diretamente do que as palavras. Ele observou que o artista pode simbolizar con- cretamente o inconsciente na produção artística, retratando conteúdo do psiquismo que, para ele, é uma forma de catarse. Além da psicologia analítica por Jung e da psicanálise, abordada por Freud, a arteterapia pos- sui outras vertentes teóricas. Uma delas segue baseada na abordagem gestáltica. “Gestalt” é uma palavra alemã que significa “forma, uma configuração, o modo particular de organização particular das partes individuais que entram em sua composição” (PERLS, 1988, p. 19). A ar- teterapia gestáltica constitui uma ponte interna entre a fantasia e realidade do ser, engloba a vivência do criar no intuito de fazer com que o paciente/cliente descubra suas qualidades e sentimentos. A arteterapia gestáltica, desenvolvida por Janie Rhyne, formada em Artes e em Ciências Sociais, faz uso de materiais artísticos na conjuntura educacional e psicoterapêutica e trabalha a percepção do indivíduo sobre ele mesmo. Rodrigues (2000) descreve a visão de homem da Geltalt Terapia: 6 O homem é um ser no mundo, agindo ativamente sobre o mundo e transforman- do e recebendo dele também influências, em uma relação recíproca. O indivíduo não pode ser concebido isoladamente; estará sempre em um contexto onde há um conjunto de forças atuando e sempre o atingindo de uma forma inteira, como um todo. Na medida em que se detém ao que se descreve, percebe-se que a realidade é mutável, processual, fluindo continuamente em novas situações que nunca se repetem. Não há controle, e sim, acompanhamento, “estar junto”, reagindo adequadamente ao que se apresenta, na medida em que se apresenta. Atua-se ao que se está consciente, óbvio e passível de compreensão. (RODRI- GUES, 2000, p. 55) No Brasil, na década de 40, a psiquiatra alagoana Nise Magalhães da Silveira, destacou-se por humanizar o tratamento psiquiátrico que até então fazia uso de formas agressivas como o eletrochoque, lobotomia e leucotomia cerebral. Além de reconhecer a importância do tra- balho terapêutico e da interação de pacientes com animais, Nise fazia uso da arte como meio de expressão e forma de expor os conflitos internos dos pacientes, principalmente dos es- quizofrênicos. Um exemplo da atuação de Nise da Silveira foi no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro. Antes do trabalho de Nise, o centro insalubre abrigava seus pacientes sob situação sub-humanas. Depois que Nise passou a dirigir a Seção de Terapêutica Ocupacional, entre os anos de 1946 a 1974, o ambiente passou a contar com um ateliê e várias possibilidades de atividades como desenho, pintura, escultura e modelagem. Os pacientes internos puderam fazer uso de um espaço acolhedor. Nise buscava a cura através da expressividade criativa ins- pirada na realidade de cada paciente. A técnica era baseada no método de ouvir e observar o comportamento dos internos, os monitores do centro não interferiam nas criações. É im- portante destacar que mesmo após diversos métodos invasivos, os internosdesenvolveram sensibilidade entre si. Jung, Freud e Nise Magalhães nos mostram a arte como apoio no processo terapêutico tem influência na criação de possibilidades e metodologias de trabalho que podem ser utilizadas durante uma sessão de terapia pelos arteterapeutas. Vale destacar que, atualmente, para atuar como profissional da arteterapia, o arteterapeuta precisa concluir um Mestrado ou Es- pecialização em Arteterapia reconhecida pela União Brasileira de Associações de Artetera- pia (UBAAT). Desta forma, além de psicólogos, profissionais da área social, artes, educação e saúde podem atuar em Organizações Não Governamentais (ONGs), presídios, Instituições de Recuperação Social, orfanatos e outros espaços com a arteterapia. Importante Dentre os profissionais da arteterapia, o psicólogo, devido a análise dos comportamentos e dos pensamentos humanos, possui a capacidade de in- terpretar a simbologia do produto final. Sem interpretar o produto artístico, o arteterapeuta fica restrito ao uso da arte como caminho ou processo cria- tivo para o paciente acessar algumas questões internas que não consegue expressar ou entender. 7 2.2 EMOÇÕES NA ARTETERAPIA Compreendida como um processo terapêutico decorrente da utilização de modalidades ex- pressivas diversas como a plástica, sonora, literária, dramática e corporal, desenho, pintu- ra, modelagem, música, poesia, dramatização e dança, a arte é considerada uma ferramenta de terapia que se baseia na expressão de sentimentos, emoções e aprendizados inerentes a cada pessoa como medo, raiva e alegria. Sob o ponto de vista de Freud, podemos observar essas expressões ao observar obras de arte de renome como a escultura “O Moisés de Miche- langelo” (Figura 1) de Michelangelo. FIGURA 1 - O MOISÉS DE MICHELANGELO FONTE: Wikimedia Commons (2021). De forma anônima, em 1914, Freud publicou o artigo “O Moisés de Michelangelo”, uma inter- pretação da escultura em mármore de Michelangelo. Segundo o psicanalista, Michelangelo representou uma reação de Moisés com o corpo voltado para frente e cabeça girada demons- trando controle do sentimento ira. Sabe-se que diante da perfeição da escultura, Michelange- lo teve alucinações e bateu com um martelo na estátua, questionando o motivo dela não falar. 8 Freud (1914), afirma: O Moisés de Michelangelo é representado sentado; o corpo volta-se para frente, a cabeça com a pujante barba olha para a esquerda, o pé direito repousa sobre o solo e a perna esquerda acha-se levantada de maneira que apenas os artelhos tocam o chão. O braço direito une as Tábuas da Lei a uma parte da barba e o esquerdo repousa sobre o colo. SIGMUND, F. (1914, p. 256). A pintora mexicana Frida Kahlo é outro exemplo de artista que expressava suas emoções atra- vés da arte. Frida chegou a afirmar que pintava autorretratos porque sentia solidão e através deles conseguia canalizar seu sofrimento. A sua obra “A Coluna Partida”, de 1944, transmite a dor de ter utilizado aparelhos ortopédicos em decorrência de um acidente de ônibus que so- freu e que deixou sequelas na sua coluna (Figura 2). FIGURA 2 - A COLUNA PARTIDA FONTE: Google Arts & Culture (2021). Nota Além de representar suas dores físicas através de telas mundialmente co- nhecidas, Frida Kahlo abusava de estampas florais e cores exuberantes in- clusive associando a cultura do México, seu país natal. 9 É interessante destacar que trabalhar com arteterapia não significa fazer obras de arte como as de Michelangelo e Frida Kahlo. Segundo Martins (2012), o objetivo da arteterapia não é ob- ter criações com valor estético agregado e sim uma criação livre e espontânea, realizada por qualquer pessoa sem a mínima prática artística. Podemos entender que o mais importante na arteterapia é o trabalho da expressão do sentimento nato do indivíduo. O processo do fazer a arte durante as sessões de arteterapia é abarcado por diversas técnicas como pintura, cola- gem e o uso da argila, todas buscam benefícios mentais e físicos para o indivíduo. 3 BENEFÍCIOS DA ARTETERAPIA A arte é multifuncional, ela pode ter um sentido crítico, religioso, decorativo como também pode expor pensamentos, ideias e sentimentos intrínseco do seu autor. Seja através de dese- nhos, pinturas ou outras formas de expressão, como a colagem ou a escultura, a arteterapia traz à tona conteúdos simbólicos com facilidade e rapidez. Diante de cenários emocionais traumáticos ou diversas outras situações limitantes, a arte se apresenta como um recurso revelador. E assim, de maneira bastante prazerosa, o paciente/cliente, vai entendendo o que dificulta o seu bem viver e vai ressignificando e dando outros destinos aos seus problemas (CARNEIRO, 2016). Questões como traumas psicológicos, demandas emocionais, relações entre pessoas, am- bições profissionais e sexualidade, entre outros, podem ser abordados pelo arteterapeuta. Ela é uma ferramenta que amplia as possibilidades de expressão. Segundo Loiola e Andriola (2017), acredita-se que a arte seja o método que mais proporciona a ligação do objeto com o sujeito, através de inúmeros modelos de expressão que possibilitam compreender significa- ções que estariam ocultos no comportamento. É essencial que o indivíduo tenha consciência das emoções básicas como amor, tristeza, ale- gria e raiva. Porém, seja por timidez, receio de ser rejeitado e ridicularizado ou outros motivos, muitas pessoas têm dificuldade em caracterizar, verbalizar e demonstrar seus sentimentos e pensamentos por vias verbais e, por causa disso, muitas vezes, desenvolvem doenças psicos- somáticas como ansiedade, insônia e doenças gastrintestinais. Observa-se um maior número dessas doenças durante a pandemia do Covid-19. 10 Atenção! O número de pessoas com desordens mentais como depressão, transtor- no bipolar e esquizofrenia tem aumentado. Em 2020, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil lidera o ranking de ansiedade no mundo. No país, mais de 18 milhões de brasileiros sofriam com esse mal antes do surgimento do novo coronavírus. Diante de tantos traumas psicológicos e demandas emocionais, e no intuito de promover o bem-estar mental, o Ministério da Saúde na Portaria nº 849, de 27 de março de 2017, incluiu a prática de arteterapia como um dispositivo de tratamento na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Esta política tem o propósito de implementar trata- mentos alternativos à medicina baseado em evidências na rede pública do Brasil. No processo terapêutico, a arte funciona como um canal não verbal de percepção que induz o processo de autoconhecimento, levando o indivíduo a confrontar com seu íntimo de ideias e sensações. Segundo Philippini (1998), é função do arte-terapeuta acompanhar e ser guardião no processo criativo, cooperando assim com formas de ampliar a humanização, e de buscar e construir alternativas para as aceleradas mudanças que precedem o terceiro Milênio. Importante Para Coqueiro et al. (2011), a arteterapia permite aos utilizadores desse pro- cesso a oportunidade de trabalharem e vivenciarem suas angústias, medos e bloqueios de uma forma mais adaptativa e menos sofrível. Ela se consolida como uma ferramenta eficaz para canalizar e converter os conflitos advin- dos do adoecimento mental. Durante uma sessão de arteterapia, o paciente é conduzido a externar seus sentimentos e emoções explorando sua imaginação e criatividade. A arte funciona como instrumento de co- nexão entre o mundo interno e externo do indivíduo. Através de cores e texturas, o indiví- duo transmite para o papel sentimentos como alegria e medo que muitas vezes não consegue identificar e ou demonstrar, assim aumenta sua capacidade de enfrentar os problemas. Desta forma, a arteterapia busca promover mudanças necessárias de comportamento e desenvolve a inteligência emocional através da intervenção do terapeuta. 11 Importante Além dos benefícios mencionados, é importante destacar que a arte desen- volve as habilidadesfísica e motora do indivíduo, pois ajuda a realizar movi- mentos coordenados e, por ser uma atividade relaxante, ajuda a amenizar os níveis de ansiedade e estresse, melhorando assim a concentração, memória e atenção do mesmo. Através dos cinco sentidos - tato, visão, audição, olfato, paladar, a arteterapia abarca emo- ções muitas vezes aprisionadas no inconsciente humano, objetivando a transformação da personalidade e bem-estar do criador. Neste tipo de terapia, que não possui restrição de sexo, faixa etária e ou quadros clínicos, a arte é utilizada como uma ferramenta de interpre- tação simbólica. Através dela expressamos, refletimos e analisamos nossos sentimentos. Logo, pode-se concluir que além dos benefícios em âmbitos mentais, a arteterapia favore- ce a saúde física e o bem-estar emocional do ser, pois trabalha com o desenvolvimento das habilidades interpessoais. 4 SESSÕES DE ARTETERAPIA Para Vasconcelos (2007), a arteterapia pode ser trabalhada de duas formas diferentes, a pri- meira é de fato como uma terapia, onde o objetivo maior é voltado para as propriedades cura- tivas por meio do processo artístico. A segunda abordagem da arteterapia é na psicoterapia, nesta, as técnicas e fundamentos são aplicadas de maneira a desenvolver emocionalmente o indivíduo e influenciá-lo positivamente quanto ao seu potencial criativo. Importante As sessões de arteterapia normalmente duram uma hora e podem acontecer em grupo (Figura 3) ou de forma individual. O arteterapeuta deve apresentar ao paciente/cliente uma atividade prazerosa que retrata e informa etapas da sua jornada, além de relacioná-la com sua capacidade cognitiva/psicosso- cial e que respeite a individualidade e autonomia do paciente/cliente. 12 FIGURA 3 – REGISTRO DE UMA SESSAÇÃO DE ARTETERAPIA EM GRUPO FONTE: GADELHA (2019). O profissional da arteterapia deve disponibilizar ao paciente/cliente materiais para que ele desenvolva a atividade de forma criativa. A escolha dos materiais é importante para um bom desenvolvimento do trabalho, pois ela serve como estímulo para o indivíduo trabalhar suas emoções. Por exemplo, lápis de cor, giz de cera e caneta hidrográfica transmitem criativida- de, segurança e sensação de estabilidade ao paciente/cliente. A papietagem, técnica arte- sanal em que se constrói objetos com cola e papel picado, também representa um recurso terapêutico que aproxima o indivíduo a suas questões psíquicas, além de, quando exercida de forma livre, estimula a criatividade e a subjetividade do mesmo. A maleabilidade da ar- gila permite trabalhar os nossos movimentos internos em toda sua complexidade” (CHIESA, 2004). Durante a transformação da argila, o paciente/cliente forma o objeto e durante cada gesto do processo, dá vida ao seu interior, ressignificando os conteúdos internos e expan- dindo a sua consciência. Importante Os materiais disponibilizados pelo arteterapeuta deve aflorar a criatividade inerente a cada pessoa, principalmente quando são exploradas diferentes texturas, cores, elementos sonoros e olfativos. Segundo Jung, as cores têm a possibilidade de exprimir as principais funções psíquicas do homem, como o pensamento, o sentimento, a intuição e a sensação. 13 A sequência de estágios do desenvolvimento da atividade proposta pelo arteterapeuta exige concentração e memória por parte do paciente/cliente. Philippini (2004), ressalta que fica a cargo do profissional criar um repertório de informações relativo a cada modalidade, ade- quando-as às necessidades do usuário a ser atendido. Além de considerar as informações passadas pelo profissional, é válido destacar que cada pessoa possui seu próprio repertório, então mesmo que o arteterapeuta passe informações e atividades similares para diferentes pacientes/clientes, os processos desenvolvidos durante as sessões são diferentes. Ao final da atividade, deve-se o direcionar o paciente/cliente a observar o resultado da sua produção, colocá-lo para refletir seus significados desde o processo de criação ao signifi- cado do produto desenvolvido. É importante salientar que para ser terapêutica, a atividade apresenta um produto sem finalidade estética no qual o paciente/cliente reconheça seu es- forço durante o processo e não a sua finalização. Importante Terapeutas acreditam que as atividades desenvolvidas em sessões de arte- terapia produzam mudanças comportamentais significativas, pois a aborda- gem do paciente/cliente com o terapeuta faz links com questões internas. Muitas vezes a arteterapia precisa andar em paralelo com outras condutas como tratamento medicamentoso. 4.1 TÉCNICAS DA ARTETERAPIA Expressar sentimentos difíceis de serem verbalizados não é um processo simples, porém a ar- teterapia conta com uma gama de ferramentas e técnicas das artes visuais que facilitam este processo. Desenho, pintura, colagem, modelagem, construção/sucata, dramatização, escrita criativa e ferramentas digitais são exemplos de habilidades de enfrentamento saudáveis que ajudam na exploração da imaginação e criatividade. A colagem, por exemplo, estimula no indiví- duo o ato de organizar já que se baseia na junção de peças. A tecelagem, trabalha com o ritmo e a reprodução em série. Já a escultura, trabalha com a liberdade e o efeito tridimensional. O desenho livre é uma técnica bastante comum e eficaz utilizada em sessões de arteterapia, ele necessita de ferramentas com significados terapêuticos semelhantes para serem execu- tados, por exemplo, papel A4, cartolina, giz de cera, lápis de cor e grafite. Entre diversos bene- fícios, o desenho desenvolve a motricidade do indivíduo, pois são desenvolvidas conexões ce- rebrais para controlar os movimentos da mão, principalmente a motricidade fina. O desenho é uma atividade minuciosa, o ato de desenhar requer um considerado nível de concentração, e por ser uma atividade que pode ser compartilhada através de sessões de arteterapia em gru- po, gera estreitamento de laços entre pessoas. 14 Dependendo do objetivo da arte, a pintura, estudada pela História da Arte, requer um acaba- mento absolutamente perfeito, mas este não é o foco da arteterapia que visa o processo ar- tístico e não o julgamento do produto final. A pintura trabalha com o desbloqueio da imagem, formas, cores e texturas. Linhas curvas, por exemplo, remetem a natureza e representam a sensação de aconchego e suavidade. Christo e Silva, (2002), apresentam a funcionalidade da variedade de elementos que envolvem a pintura: A variedade de elementos presentes na técnica da pintura: as linhas, as formas, os volumes, a cor, a tonalidade, a luz, (...) pode funcionar como um grupo de amigos que nos estimula a desabafar, a aliviar as nossas tensões, a encontrar soluções diferentes, a ter coragem de tentar novas alternativas, a mudar o nosso olhar e, consequentemente o nosso sentir (CHRISTO e SILVA, 2002, p. 12). Entre tantos elementos que podem ser trabalhados na pintura, como a textura da tinta e o to- que do pincel no suporte, podemos destacar a variedade de cores disponíveis que o artetera- peuta pode disponibilizar para seu paciente/cliente. Segundo a psicologia das cores, a simbo- logia das cores é uma forma de estímulo e de expressão, já que cada cor representa uma das oito emoções primário do indivíduo: a alegria, a aceitação, a curiosidade, o nojo, a surpresa, o medo, a tristeza e a raiva. A cor vermelha, por exemplo, remete sensação de excitação, em contrapartida, o azul transmite relaxamento e o preto, negatividade e agressividade. Nota É interessante observar que a representação da cor varia de acordo com cada cultura, por exemplo, o roxo, obtida pela mistura das cores primárias vermelho e azul, na Europa e nos Estados Unidos, significa realeza e misté- rio. No Egito, Roma e Pérsia, riqueza, já que era considerada uma cor cara para ser produzida para tingir tecidos. A arteterapia também pode fazer uso da tecnologia digital como forma de comunicação in- terpessoal do indivíduo. Segundo Malchiodi (2018),a arteterapia digital trata de intervenções terapêuticas que utilizam teclados, telas de computador/tablets ou outros dispositivos tec- nológicos para capturar imagens no contexto do tratamento do participante em uma sessão de arteterapia. Os dispositivos servem para editar, modificar e/ou manipular imagens e fotos, assim como é possível utilizar nos encontros de arteterapia digital outras ferramentas digitais e aplicativos para a criação de arte, tais como: vídeos, animações, storytelling, desenho digi- tal, colagem, fotografia, edição de música, jogos-eletrônicos, realidade virtual e arteterapia online. Com objetivo de buscar evidências teóricas de que os jogos digitais servem como ins- trumentos para aplicar a arteterapia na reabilitação cognitiva voltada para acompanhamento terapêutico de esquizofrênicos, Menezes et al. (2017), fizeram uma revisão bibliográfica que comprovou este tipo de terapia. 15 Outra técnica que é utilizada nas sessões de arteterapia é a modelagem. Ela utiliza materiais pastosos como argila, papel machê e massa de modelar. A argila é um material natural que para algumas pessoas transmite certa estranheza ao toque. Sobre esta sensação, Urrutiga- ray (2011) afirma que: A argila é o material mais próximo de um sentido visceral. Devido a seu aspecto, traz em si uma modalidade de ênfase ao trabalho com as mãos propulsoras de imagens de experiências mais fortes, mais viscerais, que usualmente encon- tram-se dificultadas na sua expressão, verbalização, em virtude da interferên- cia da consciência do ego. (URRUTIGARAY, 2011, p. 68). Diante dessa possibilidade de estranheza ao toque, é necessário que o arteterapeuta saiba selecionar as técnicas e os materiais mais indicados para o perfil do seu paciente ou mesmo, se for foco da terapia, trabalhar essa adversidade. O mesmo acontece com os pacientes mais rígidos e com a criatividade bloqueada, talvez eles rejeitem a proposta de desenhar ou fazer qualquer atividade ligada a arte, neste caso, é de fundamental importância explicar que a cria- ção de material deve ser realizada sem preocupação estética, pois o foco é no processo ou desenvolvimento da atividade. Nota Valladares (2001) nos lembra que o indivíduo deve ser instrumentalizado de forma adequada, ou seja, deve receber o material apropriado para executar sua criação que dessa forma surge espontaneamente, agilizando-se a ex- pressão da pessoa, pois não havendo preocupação de domínio da técnica, ocorre o fluir natural de sua subjetividade. 16 4.2 ARTETERAPIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA Em sua dissertação de mestrado intitulada “Arte-terapia e as Potencialidades Simbólicas e Criativas dos Mediadores Artísticos”, a arteterapeuta Daniela de Carvalho e Souza Martins, apresenta o resultado da análise de estudos de casos oriundos da arteterapia. A autora inicia os relatos com um desenho feito com canetas de feltro por uma adolescente de 14 anos de idade (Figura 4) e de uma adulta de 30 anos de idade que usou a técnica de colagem para ex- pressar seus sentimentos (Figura 5). Além do desenho com caneta e da técnica de colagem, a modelagem de barro e a pintura com tinta aquerela fazem parte dos relatos da dissertação. FIGURA 4 – ESTUDO DE CASOS ORIUNDOS DA ARTETERAPIA FONTE: MARTINS (2012, p. 103). FIGURA 5 – ESTUDO DE CASOS ORIUNDOS DA ARTETERAPIA FONTE: MARTINS (2012, p. 113). 17 Na Figura 4, o papel e a caneta de feltro permitiram uma ilustração detalhada com vários ele- mentos do estado emocional da paciente, elemento estes que são difíceis de serem expres- sos verbalmente. A partir dessa imagem, a adolescente pode dar uma “cara” e identificar o que a deixa triste e como a tristeza influencia na sua vida. Já a paciente que fez uso da colagem, na Figura 5, mesmo tendo formação em artes, optou por não desenhar a lápis demonstrando o receio de ser malsucedida e julgada negativamente. Pain e Jarreu (1996), afirmam que aquele que recorta e cola acaba por encontrar o seu lugar “mesmo tendo poucas ideias”, o medo que paralisa a sua criatividade é atenuado pela facili- dade de criar com imagens prontas. Os autores ainda colocam que na colagem o processo de recortar/rasgar e colar demonstra simbolicamente a vivencia de rompimento com o passado. A subsequente colagem e fixação reflete uma imagem futura. Importante Considerando o uso do papel, lápis e da técnica de colagem, nota-se que é fundamental analisar o potencial terapêutico de cada recurso da arteterapia, a seleção deles irá depender da necessidade e do repertório de cada indiví- duo, pois devem ser consideradas as funções simbólicas, expressivas e cria- tivas dos instrumentos de trabalho. Como conclusão do seu trabalho, a autora da dissertação afirma que a criação artística faci- lita o estabelecimento de uma linguagem própria. Os recursos artísticos disponibilizados são um veículo de comunicação, mas também um palco de atuação, assim o próprio sistema sim- bólico é impulsionado pelas potencialidades simbólicas dos recursos artísticos, oferecendo a possibilidade de criação e renovação simbólica pessoal. 18 4.3 COMO ADERIR PACIENTES/CLIENTES PARA A ARTETERAPIA Para atrair novos pacientes/clientes para a arteterapia é importante que o arteterapeuta defi- na e estude seu público-alvo. Mesmo sabendo que a arteterapia não possui restrição de idade, sexo e quadro clínico, definir o perfil do paciente/cliente que se deseja trabalhar e conhecer suas necessidades, auxilia no direcionamento e na divulgação do seu trabalho com arte e te- rapia. Desta forma, o arteterapeuta pode atrair mais rapidamente a atenção do cliente poten- cial que se deseja. Manter contatos com outros profissionais, ou seja, fazer um bom networ- king com pessoas que trabalham com ferramentas sonoras e visuais em prol da saúde e do bem-estar do indivíduo, como o musicoterapeuta e o terapeuta ocupacional, contribui tanto para o tratamento do paciente/cliente, pois ele trabalha com pontos de vistas e metodologias diferentes suas questões mentais quanto para o profissional da arteterapia, aumentando, as- sim, sua cartela de atendimentos. Além dos profissionais que trabalham com terapia, é impor- tante que o arteterapeuta faça colaborações com atuantes em diversas outras áreas como psicólogos, psiquiatras, pessoas que trabalham em âmbito educacional e hospitalar. Essa é uma das formas que o arteterapeuta tem de alcançar e atender mais pessoas. Utilizar a tecnologia a seu favor, também desperta a atenção dos possíveis pacientes/clien- tes, o arteterapeuta pode fazer uso das redes sociais para divulgar seu trabalho através de, por exemplo, redes sociais. A tecnologia também agrega a acessibilidade durante sessões remotas. A facilidade em atender remotamente é reconhecida pelos próprios pacientes/clien- tes, principalmente aqueles que precisam fazer viagens longas a centros de terapia e com limitações físicas. Podemos concluir que, seja por meio físico como papel, lápis, gesso, argila e tintas, seja por através de ferramentas digitais como computador e tablets, a arteterapia auxilia pacien- tes/clientes trabalharem suas emoções, anseios e comportamentos e, inclusive promover mudanças comportamentais. É imprescindível que o arteterapeuta conheça as inúmeras técnicas e ferramentas para serem utilizadas durante uma sessão de arteterapia. Este tra- balho pode, inclusive, acontecer em diversos segmentos diferentes como hospitalar, edu- cacional e clínico. 19 Resumo do curso Neste curso, você aprendeu que arte e cultura nos envolvem de informações que alimentam nosso repertório e nos ajudam a compreender os anseios e emoções das pessoas. Indícios da influência da arte para a mente humana, passaram a ser reconhecidos e desenvolvidos pelos estudiosos da psique humana Carl Jung, Margareth Naumburg, conhecida como a “mãe” da arteterapia, e a psiquiatra brasileira, Nise Magalhães. A arteterapia como dispositivo terapêutico em saúde mental auxilia no tratamento de desor- dens mentais como depressão,transtorno bipolar e esquizofrenia. No processo terapêutico, a arte funciona como um canal não verbal de percepção que leva ao processo de autoconhe- cimento, o indivíduo é levado ao confronto com seu íntimo de ideias e sensações. Durante as sessões de arteterapia, o paciente/cliente trabalha suas experiências interiores como so- nhos, fantasias, medos, memórias infantis e conflitos atuais vividos, como pode ser visto nos estudos de casos analisados neste material. O arteterapeuta deve apresentar ao paciente/ cliente uma atividade prazerosa que retrata e informa etapas da sua jornada, além de relacio- ná-la com sua capacidade cognitiva/psicossocial e que respeite a individualidade e autono- mia do paciente/cliente. Terapeutas acreditam que as atividades desenvolvidas em sessões de arteterapia produzem mudanças comportamentais significativas, pois a abordagem do paciente/cliente com o terapeuta faz links com questões internas. 20 Referências CAMPOMORI, M. O que é avançado em cultura. In. BRANDÃO, C. A. L. (Org), 1., Belo Horizonte. Anais [...] Minas Gerais: Editora da UFMG, 2008.p. 73-80. CARNEIRO, D. Uma oportunidade para o livre pensar. In: Arteterapia e o 12º congresso brasileiro de arteterapia, 1., Salvador. Anais [...] Bahia: Revista Transdisciplinar, 2016. p. 30-33. CARVALHO, M. O que é arte-terapia, 1. ed. São Paulo: Psy II, 1995 CHIESA, R. O Diálogo com o barro: o encontro com o criativo. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicó- logo, 2004. 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