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Livro Texto - Unidade II

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61
ÉTICA E DEONTOLOGIA
Unidade II
Já verificamos conceitos fundamentais de ética, moral, direito e valor, bem como as atrocidades 
ocorridas na Segunda Guerra mundial e a necessidade de elaboração de documentos éticos que 
protegessem o participante durante as pesquisas.
Agora vamos estudar como a bioética está inserida nas áreas da saúde, inclusive na Fisioterapia, 
discutiremos os conceitos de vida e morte e alguns temas polêmicos na área da saúde.
Terminaremos nossos estudos entendendo o que é deontologia, a importância de um código 
profissional e sua relação com conceitos éticos e bioéticos. Para tal, serão estudados os impactos 
causados pela pandemia no código de ética e aprenderemos como calcular o valor de um atendimento 
fisioterapêutico baseado em um referencial de procedimentos fisioterapêuticos.
Preparados?
5 BIOÉTICA NA ÁREA DA SAÚDE
Para falarmos sobre a bioética na área da saúde, devemos relembrar dois conceitos essenciais:
• Ética: conjunto de princípios universais que regem a conduta do ser humano; trata-se de uma 
crítica reflexiva, um ramo da filosofia.
• Bioética: análise de situações problemáticas que envolvem a medicina, a biologia; envolve a 
ética da vida.
Conforme estudado anteriormente, o principialismo está fundamentado na prática clínica na seara 
da medicina, já que esses princípios procuram orientar o profissional em ações médicas na relação 
médico-paciente.
A bioética tem como objeto de estudo os valores que movem a sociedade. O ensino em bioética 
promove esses valores no indivíduo, que se encontra em permanente construção. A bioética não 
padroniza valores, mas exige uma reflexão que implica escolhas que devem ser tomadas sem preconceitos, 
coação ou coerção (WOLFF, 1993).
Ainda podemos entender a bioética aplicada como um estudo sistemático da conduta humana na 
área das ciências da vida e dos cuidados de saúde através da análise do comportamento à luz dos valores 
e princípios morais.
62
Unidade II
Observamos ao longo da história uma transformação rápida do mundo e da ciência; o que era 
novidade ontem hoje já pode não ser mais usual na área da saúde. Dessa forma, é normal observarmos 
conflitos éticos na área da saúde, afinal, o que é considerado como certo? Para respondermos a essa 
questão, precisamos recorrer às ferramentas da bioética, o que nos norteará na tomada de decisões 
diante de um conflito. Além dos princípios, não podemos nos esquecer da responsabilidade em um 
conflito e em uma tomada de decisão.
Nos últimos anos, ocorreu aumento significativo do reconhecimento da importância da bioética 
como um conteúdo vital para a formação profissional no Brasil. As temáticas que envolvem fisioterapia 
e bioética estiveram fundamentadas, ao longo do tempo, em conceitos deontológicos, limitados ao 
código de ética profissional e, consequentemente, aos seus aspectos legais.
Por meio de algumas situações vivenciadas no cotidiano, podemos entender que muitas vezes, na 
área da saúde, apenas os códigos de ética relacionados às profissões não são suficientes para a resolução 
de conflitos e dilemas muitas vezes. Por exemplo: Como agir perante um paciente agressivo, que se 
recusa a realizar a terapia? Como agir com um paciente em coma? Ou seja, precisamos ir além, temos de 
fazer uso do respeito ao outro pelo simples fato de ser uma pessoa e com isso respeitar sua dignidade. 
Assim, resgatamos a essência da bioética, que é a liberdade, ou seja, a liberdade com responsabilidade.
 Observação
A bioética não está restrita apenas à área da saúde, desde o seu 
nascimento a bioética abrange outras áreas do conhecimento através de 
sua interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e multidisciplinaridade.
Um exemplo atual em que os princípios bioéticos e a ética médica foram feridos na área da saúde 
é o caso da estudante de medicina que estava de plantão em um hospital em Alagoas. Quando estava 
próximo de seu horário de “descanso”, um paciente grave precisava ser atendido, o que provavelmente 
“atrasaria” o horário de descanso da estudante. Inconformada com a situação, ela expôs o caso nas 
redes sociais, inclusive divulgando o nome da paciente, ferindo totalmente a dignidade dela. A paciente 
acabou indo a óbito. A atitude da estudante feriu o código de ética médica no que diz respeito ao sigilo 
de informações relacionadas ao paciente, feriou a dignidade da paciente quando expôs seu nome e sua 
condição de saúde em rede social, além de ferir os princípios e referenciais bioéticos de beneficência, 
justiça, vulnerabilidade e respeito.
O respeito pela pessoa passa a humanizar os cuidados e elimina uma relação autoritária, paternalista, 
emergindo o respeito pela decisão do paciente e estabelecendo uma relação de confiança.
Quando resgatamos o paternalismo de Hipócrates, relembramos a atitude paternalista que era 
prevalente na época, porém hoje muitas vezes nos deparamos com profissionais que ainda mantêm esta 
atitude, decidindo o que é melhor para o paciente de acordo com seus conceitos e “crenças”, sem levar 
em consideração a autonomia e os sentimentos do paciente e/ou familiares. Para saber o que é bom para 
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ÉTICA E DEONTOLOGIA
o paciente, devemos entender seus anseios, suas angústias e respeitar suas escolhas e/ou dos familiares 
sempre que se fizer necessário.
E na fisioterapia, onde a bioética se encaixa?
A fisioterapia, assim como qualquer outra profissão da área da saúde, encontra diversos conflitos 
éticos além daqueles que envolvem terminalidade da vida ou prematuridade extrema, lida com questões 
que envolvem a autonomia do paciente, o sigilo e a confidencialidade de informações, entre outros.
O fisioterapeuta deve possuir um conhecimento sobre a bioética, suas ferramentas e aplicações, 
pois, durante a prática clínica, vários dilemas podem estar presentes, e a utilização dos conceitos de 
ética e bioética será necessária para auxiliá-lo na resolução desses dilemas. O profissional não deve 
seguir o exemplo do paternalismo médico, deve dar voz ao seu paciente e respeitá-lo em todas as 
suas dimensões.
A bioética oferece subsídios para decisões referentes à saúde, vida, morte, dignidade, vulnerabilidade, 
confidencialidade, entre outros referenciais, além de defender a humanização do atendimento na saúde.
Falando em vulnerabilidade, você sabe o que esta palavra significa e qual a sua importância na 
área da saúde?
Com origem do latim vulnus (ferida), a vulnerabilidade expressa a possibilidade de alguém ser 
ferido, assim, podemos entender que todos os seres vivos podem ser feridos intencionalmente ou não. 
A vulnerabilidade é considerada como uma condição essencial de todo ser humano e significa ser 
suscetível a sofrer algum tipo de dano; ou seja, o fato de estar vivo é uma possibilidade biológica de 
estar suscetível a danos psicológicos, físicos ou sociais (KOTOW, 2003).
Por sermos todos mortais, somos todos vulneráveis, pois de alguma maneira estamos sujeitos a 
sermos feridos ou ofendidos por pessoas, situações e até por acidentes. E, por sabermos que somos 
vulneráveis, construímos leis, normas de condutas e até criamos meios próprios de defesa.
O conceito de vulnerabilidade pode ser aplicado não só ao indivíduo, mas também ao ambiente onde 
esse indivíduo se encontra, pois a vulnerabilidade pode se fazer presente tanto no indivíduo, quanto no 
ambiente, nos gestores de saúde, nos profissionais e nos familiares.
Observamos que o conceito de vulnerabilidade é antigo, e no Tribunal de Nuremberg podemos 
evidenciar claramente essa questão, pois o Código de Nuremberg nasceu após os abusos excessivos a 
grupos de vulneráveis, que eram os prisioneiros dos campos de concentração, por exemplo.
O ser humano é sempre vulnerável, porém nem sempre se encontra em uma situação de 
vulnerabilidade. A vulnerabilidade deve ser entendida como um referencial bioético em toda e qualquer 
avaliação bioética, seja no campo da saúde, do meio ambiente ou das ciências da vida. Isso se explica 
porque a vulnerabilidade está sempre presentee acompanha o ser humano.
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Unidade II
Para uma aplicação prática, a vulnerabilidade, segundo Hossne (2009):
• deve ser avaliada quanto a sua etiopatogenia, fisiopatologia, quadro sintomático, eventos 
colaterais, medidas profiláticas, prognósticos e eventuais sequelas;
• no tocante às medidas de proteção, do ponto de vista ético, só deve ser considerada quando 
houver a avaliação sistemática da vulnerabilidade como síndrome;
• embora não seja diretamente um referencial normativo, deve sempre ser levada em consideração 
quando do estabelecimento de normas com inspiração bioética.
A vulnerabilidade como princípio bioético garante o respeito pela dignidade humana em situações em 
que a autonomia e o termo de consentimento são insuficientes. No âmbito da bioética, a vulnerabilidade 
é discutida a partir de três visões, segundo Pessini, Bertachini e Barchifontaine (2014):
• Como visão humana universal: o ser humano, como todo ser vivo, é vulnerável. Além disso, o 
ser humano sabe que é vulnerável e compartilha isso com todos os viventes; diferentemente de 
outros animais, o ser humano é o único que reflete sobre seu próprio fim.
• Como característica particular de pessoas e grupos: no âmbito de pesquisa envolvendo seres 
humanos, a qualificação dos sujeitos como vulneráveis impõe a obrigatoriedade ética de sua 
defesa e sua proteção.
• Como princípio ético internacional: na recente Declaração Universal de Bioética e Direitos 
Humanos, o artigo 8º evidencia a obrigatoriedade do respeito pela vulnerabilidade humana e 
pela integridade pessoal, ou seja, os indivíduos e grupos de vulnerabilidade específica devem ser 
protegidos, e a integridade individual de cada um deve ser respeitada.
Segundo Anjos (2006), a autonomia está ligada de forma intrínseca à vulnerabilidade e, para ser 
superada, necessita que as privações de cunho social, cultural, psíquico e físico sejam ultrapassadas. Dessa 
forma, ao se falar em vulnerabilidade, deve-se levar em consideração as condições sociais de desigualdade, 
pois tais condições favorecem o surgimento de vulnerabilidade. O reconhecimento da vulnerabilidade do 
sujeito resulta no reconhecimento da própria vulnerabilidade humana.
O ato de cuidar é polissêmico. A vulnerabilidade deve ser compreendida em todos os seus elos, 
que compõem uma corrente que forma um sistema maior. Todas as partes que sustentem esse 
conjunto deverão ser analisadas, e não apenas o sujeito em si. A vulnerabilidade deverá ser avaliada 
independentemente da autonomia (HOSSNE, 2009).
Quanto maior o grau de estresse enfrentado, mais vulnerável encontra-se o indivíduo, sendo 
essencial haver uma abertura para que se possa ouvir o lado de quem se encontra em sofrimento ou 
mais vulnerável no ambiente em que está inserido.
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ÉTICA E DEONTOLOGIA
Alguns temas polêmicos são encontrados na área da saúde e necessitam da bioética e seus princípios 
para a solução de dilemas e angústias. Como exemplo, podemos citar a distanásia, a eutanásia, a 
ortotanásia e a mistanásia (temas que serão discutidos adiante). Contudo, a bioética vai muito além 
desses temas polêmicos, ela está presente no dia a dia dos profissionais da saúde, no relacionamento 
com o paciente, familiares e equipe multiprofissional.
Um dos exemplos mais atuais sobre conflitos existentes na área da saúde que encontramos no SUS 
é sobre a vacinação contra o coronavírus. Quando as vacinas foram disponibilizadas, surgiram conflitos 
como: devemos vacinar primeiro qual população? Os idosos, as crianças, os profissionais de saúde, os 
que possuem comorbidades ou doenças crônicas? Qual vacina devemos usar? Não temos respostas 
para essas perguntas, pois não sabemos o que é certo e o que é errado. Porém, utilizando conceitos da 
bioética, estudos, o respeito e a responsabilidade, conseguimos estabelecer uma “ordem” de vacinação 
da população. Será mesmo? Eis um dilema bioético para você tentar desvendar.
5.1 Bioética na fisioterapia
No final do século XIX, a ética médica era ensinada na disciplina de medicina legal no curso de 
Medicina devido à relação entre ética, lei e o exercício profissional. Em 1960, com a divulgação dos 
direitos humanos juntamente com a divulgação dos abusos científicos ocorridos na época das Guerras 
Mundiais, ocorreu uma grande expansão do estudo da ética nas faculdades de medicina. Por causa 
disso, em 1983, em reunião na Faculdade de Dartmouth, foi proposta uma base curricular de ética nas 
faculdades (NEVES, 2008).
 Lembrete
A bioética tem como objeto de estudo os valores que movem a 
sociedade. O ensino em bioética promove esses valores no indivíduo, que 
se encontra em permanente construção.
A inserção da bioética como disciplina nos currículos da área da saúde vem acontecendo de forma 
lenta e fragmentada. É cada vez mais notória a importância do conhecimento sobre a bioética para a 
resolução de dilemas durante a prática profissional em um ambiente de saúde.
Nos últimos anos ocorreu um aumento significativo do reconhecimento da importância da bioética 
como um conteúdo vital para a formação profissional no Brasil. As temáticas que envolvem fisioterapia 
e bioética estiveram fundamentadas, ao longo do tempo, em conceitos deontológicos, limitados ao 
código de ética profissional e, consequentemente, aos seus aspectos legais. Hoje sabemos que a bioética 
não está pautada apenas em aspectos legais relacionados ao código de ética profissional, pois ela faz 
parte das relações humanas, da necessidade do cuidar, do cuidado com o outro e em relação ao outro, 
das relações profissionais, de uma tomada de decisão consciente, equilibrada e prudente a partir de uma 
análise cognitiva e emotiva do cuidado.
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Unidade II
Como sabemos, a fisioterapia é essencial para promoção, prevenção e recuperação da saúde. Por 
meio do toque no corpo do outro, estabelecemos uma relação física com o paciente, e o tratamento 
constante e próximo exige do fisioterapeuta uma ótima comunicação com seu paciente/familiares e 
equipe multiprofissional. Dessa forma, a bioética e a fisioterapia se aproximam com o objetivo principal 
de garantir a autonomia do paciente, oferecendo melhores cuidados e respeitando sua dignidade até o 
momento de terminalidade de vida.
As reflexões éticas e bioéticas convidam o fisioterapeuta a se colocar no lugar do outro sem 
julgamentos, entendendo as suas limitações e, assim, estabelecendo objetivos e condutas apropriados 
para cada paciente, levando-o a analisar o momento em que este paciente precisa ser encaminhado 
a outro profissional sem julgamentos, respeitando a sua autonomia. O contexto de vida dos pacientes 
também é motivo de reflexão para o fisioterapeuta, que deve associar esse contexto aos tipos de terapias 
propostos e seus benefícios ao paciente.
Com o estudo e aprofundamento da bioética, os pacientes mais difíceis de lidar são atendidos pelo 
fisioterapeuta com respeito e a eles são proporcionados o melhor que o fisioterapeuta tem a oferecer: 
empatia, cuidado, compaixão, respeito.
O fisioterapeuta atua orientado por diversos setores da medicina e da saúde, e essa complexa 
formação acadêmica tem como objetivo capacitá-lo para diagnosticar distúrbios cinéticos funcionais, 
distúrbios respiratórios e para prescrever sua conduta fisioterapêutica. É imprescindível que o 
fisioterapeuta também tenha conhecimento das realidades sociais e culturais da população alvo para 
uma correta avaliação.
6 VIDA VERSUS MORTE
Para entendermos alguns conceitos importantes na área da saúde que estão diretamente associados 
a dilemas e discussões éticas e bioéticas, devemos primeiro entender o significado de dois termos 
importantes: vida e morte. Você saberia defini-los? Parece fácil, não é? De uma maneira bem informal, 
poderíamos definir a vida como sendo um momento único, em que estamos sujeitos a emoções, a 
sensações etc. Já a morte seria o fim de tudo, o cessar, o adeus, o nunca mais... Mas será mesmo que 
essas são as definições aceitas para esses termos?
 Observação
Vida – dolatim vita.ae. Substantivo feminino: conjunto dos hábitos e 
costumes de alguém; maneira de viver; reunião daquilo que diferencia um 
corpo vivo do morto; o que define um organismo do seu nascimento até a 
morte (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS).
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ÉTICA E DEONTOLOGIA
Figura 14 – Início da vida
Disponível em: https://bit.ly/3yipcK0. Acesso em: 3 maio 2022.
Na nossa cultura, o conceito de vida esteve sempre associado a um conceito cristão, no qual ela 
estaria relacionada ao divino e seria uma criação de Deus, portanto apenas Ele teria o direito de dar a 
vida a alguém ou até mesmo tirá-la. Entretanto, além de um dilema sobre seu significado, entramos em 
outro dilema quando o assunto é esse:
• Quando a vida começa?
• A vida começa apenas quando nascemos?
• A vida começa já no momento da concepção?
Para responder a esses questionamentos, vamos analisar o conceito de vida através de um cunho 
filosófico proposto por René Descartes no século XIX que relacionava a vida com o ato de raciocinar: 
“penso, logo existo”. De acordo com o cunho religioso, temos os seguintes aspectos:
• Para os católicos e hinduístas, a vida começa no momento da concepção, quando o feto já adquire 
seu código genético.
• Para os judeus, a vida começa a partir do momento que o feto adquire formato humano.
• Para o islamismo, a vida começa assim que Alá sopra o embrião.
Quando você acha que a comunidade científica entende que a vida tem início? Encontramos algumas 
correntes que defendem o seguinte:
• A vida se inicia quando o óvulo se fixa à parede do útero, momento denominado nidação 
(geralmente ocorre 7 dias após a fecundação), pois, nesse momento, o embrião se encontra em 
condições de se desenvolver e, portanto, de ter vida.
68
Unidade II
• A vida se inicia na terceira semana de gestação, quando o embrião não é mais capaz de se dividir 
e dar origem a um ou mais gêmeos. A partir da terceira semana, o embrião se torna único.
• A vida se inicia na oitava semana de gestação, quando o feto passa a apresentar ondas cerebrais 
semelhantes às de um ser humano “pronto” (alguns pesquisadores ainda afirmam que essas ondas 
cerebrais são encontradas no feto a partir da vigésima semana).
MorteNascimento
Vida
Figura 15 – Vida: o intervalo entre o nascimento e a morte
Se para entender a vida nos basearmos que o fim da vida pode ser caracterizado quando não há mais 
atividade cerebral, a última teoria científica de início de vida faria mais sentido, já que entendemos a vida 
como o oposto da morte, ou seja, se há atividade cerebral, há vida; assim, em um óvulo recém-fecundado, 
não há atividades cerebrais, portanto, segundo essa teoria, ainda não há vida.
O 2º artigo do Código Civil (BRASIL, 2002) afirma que a personalidade civil de uma pessoa começa 
com o nascimento, mas a lei resguarda os direitos do nascituro (aquele que foi fecundado, mas ainda 
não nasceu) desde a sua concepção, deixando implícito que, mesmo antes de nascer, o feto possui 
direitos, inclusive se ocorrer o óbito logo após o nascimento: ou seja, pelo simples fato de ter nascido, 
há a aquisição de direitos. Portanto, se a personalidade civil está também associada ao nascituro, ele não 
seria portador de uma dignidade a partir do momento da fecundação?
Conforme a ciência preceitua, sabe-se que durante todo o período gestacional apresentamos uma 
memória que, na vida adulta, pode desencadear problemas relacionados a traumas como brigas entre os 
pais, acidentes etc., os quais foram vivenciados durante a gestação.
O início da vida continua sendo um dilema atualmente. É difícil defini-la e explicar quando ela 
se inicia. Contudo, temos plena convicção com os avanços científicos e tecnológicos de que podemos 
originar uma vida através de uma fecundação in vitro; podemos manter uma vida por meio de meios 
artificiais; e ao mesmo tempo podemos ceifar uma vida com o uso de tecnologias, medicamentos 
etc. Se levarmos em consideração esse “poder” que a tecnologia nos conferiu sobre o início da vida, 
estaríamos descartando as teorias religiosas sobre ela. Essas questões geram dilemas bioéticos 
associados a temas polêmicos como: aborto, fetos anencéfalos, utilização de células-tronco, 
reprodução assistida, entre outros.
Os problemas bioéticos associados ao início da vida se relacionam aos direitos inerentes aos seres 
humanos. A vida e seu início estão relacionados às etapas do desenvolvimento embrionário e fetal 
durante todo o período gestacional. No caso de ocorrer uma interrupção da gravidez, temos aí um 
dilema bioético, pois estaríamos ferindo a autonomia do feto/embrião, já que ele possui direitos pelo 
simples fato de ter vida.
69
ÉTICA E DEONTOLOGIA
Pensando nos princípios da beneficência e não maleficência, a vida se inicia no momento da 
fecundação e nidação, já que o embrião possui terminações nervosas para realizar movimentos e já 
apresenta sensações, portanto, no caso da interrupção de uma gestação, será que esse feto não seria 
passível de um sentimento de dor?
Independentemente da teoria aceita sobre o início da vida, devemos nos conscientizar sobre o bem 
maior que é a vida e que ela deve ser protegida desde seu início até sua finitude.
E a morte? Seria apenas o oposto da vida? Seria realmente o fim de tudo ou o início de tudo?
 Observação
Morte – do latim mors.mortis. Substantivo feminino: óbito ou 
falecimento; cessação completa da vida, da existência; extinção; falta de 
existência ou ausência definitiva de alguma coisa.
Figura 16 – A temida morte
Disponível em: https://bit.ly/3LPAIAx. Acesso em: 3 maio 2022.
Ao mesmo tempo que fascina, a morte é um tema que aterroriza e traz incertezas às pessoas, pois 
envolve um “lugar” e uma situação desconhecidos, inacessíveis a todos que estamos vivos, gerando 
curiosidade em uns e medo em outros. Cada cultura tem sua forma particular de figurar a morte, assim 
como os rituais pós-morte são específicos para cada sociedade.
Cada um de nós, de acordo com nossas crenças e valores, tem um conceito sobre a morte, e muitas 
vezes esse conceito não condiz com a situação que estamos vivenciando, principalmente quando nos 
tornamos profissionais da saúde, o que nos faz refletir ainda mais sobre o processo de morrer e o 
conceito de morte.
70
Unidade II
Nos primórdios, a morte era retratada como uma figura serena, pois a morte era considerada como 
um processo natural inerente aos seres vivos, um processo indolor pelo qual os seres vivos passam. 
Todavia, com o passar dos anos, a figura da morte foi se tornando macabra, ocasionando medo em 
diversas sociedades. Com o cristianismo, por exemplo, ela passou a adotar a figura de um anjo negro, 
perdendo a sua serenidade. Nos dias atuais, associamos a morte a uma figura sombria, munida de uma 
foice que nos conduzirá ao fim da vida, gerando medo e pavor.
Já em Atenas, o Senado tinha o poder absoluto de decidir sobre a eliminação dos velhos e incuráveis, 
dando-lhes o conium maculatum – bebida venenosa – em cerimônias especiais. Na Idade Média, 
oferecia-se aos guerreiros feridos um punhal muito afiado, conhecido por “misericórdia”, que lhes servia 
para evitar o sofrimento e a desonra. O polegar para baixo dos césares era uma indulgente autorização 
à morte, permitindo aos gladiadores feridos evitarem a agonia e o ultraje.
No antigo Egito, a morte não era considerada o final ou uma circunstância de repouso, mas 
sim o início de uma nova vida em um mundo paralelo; a civilização egípcia realizava pintura nos 
sarcófagos com o objetivo de orientar a alma dos mortos em sua jornada para Osiris (o deus da morte), 
e posteriormente eles passaram a deixar escritas (papiros) com fórmulas e preces para auxiliar os 
mortos nessa jornada para uma nova dimensão existencial após a vida. Na mitologia grega, o deus do 
submundo e dos mortos era chamado de Hades, a divindade mais temida e abominada. O infanticídio na 
Grécia antiga ocorria devido à erradicação de recém-nascidos com defeitos físicos e idosos gravemente 
enfermos com o objetivo dealiviar o sofrimento (BRAGA; BRAGA; SOUZA, 2021).
Platão, Sócrates e Epicuro defendiam que o sofrimento resultante de uma doença dolorosa justificava 
o suicídio; já Aristóteles, Pitágoras e Hipócrates, ao contrário, condenavam o suicídio em qualquer 
circunstância. Na antiga Índia, os incuráveis eram jogados no rio Ganges, depois de terem a boca e as 
narinas vedadas com a lama sagrada.
No Império Romano, o deus da morte era Plutão, e era comum que crianças com malformações 
fossem exterminadas por seus familiares. Na Idade Média, os cristãos ocidentais pediam a Deus que 
não fossem acometidos de uma morte repentina, pois o sofrimento e a dor ocasionada por doenças 
beneficiavam a evolução dos doentes no plano espiritual. A aplicação de torturas e condenações à 
morte para indivíduos que não respeitavam as normas religiosas ou legais na Idade Média e na Idade 
Moderna foi considerada a melhor alternativa para reprimir práticas que tornassem o regime instável. 
Na Idade Contemporânea, o conceito de morte foi modificado, e a agonia e a doença foram consideradas 
irrelevantes para a salvação do espírito na fase terminal da vida. Então, as pessoas passaram a falecer em 
hospitais, e não mais em suas residências (BRAGA; BRAGA; SOUZA, 2021).
A única certeza que temos na vida é a morte. Não sabemos como e quando ela vai acontecer, porém 
ela chegará para todos, portanto temos que conviver com essa certeza e lidar com o medo. O medo da 
morte está associado ao medo da solidão, da tristeza, da separação, do desconhecido e está presente em 
nós desde a infância, quando passamos por uma situação de perda de um bichinho de estimação, algum 
familiar ou até mesmo um brinquedo predileto.
71
ÉTICA E DEONTOLOGIA
A morte é um processo natural, assim como nascer, apesar de nos causar medo, afinal, ninguém 
voltou para nos contar o que há depois da morte e se há alguma coisa “do outro lado”. Apesar de ser 
um processo natural inerente aos seres humanos, a morte se tornou um tabu, um mistério ou algo 
inaceitável mesmo sendo a única certeza de nossa existência. Podemos considerar a morte como justa, 
pois ela atinge a todos, do mais rico ao mais pobre, do justo ao injusto, sem distinção de cor, raça e credo.
Como dito anteriormente, para o cristianismo, assim como a vida, a morte também está atribuída 
a Deus e, portanto, ninguém teria o poder de controlá-la e de decidir quando ela irá acontecer e de 
que forma. Mas atualmente não é bem assim. A morte deixou de ser considerada como um evento 
natural, pois os avanços tecnológicos na área da ciência permitiram ao homem manter um indivíduo 
vivo através de máquina que desempenha a função de órgãos essenciais, como o pulmão, por exemplo.
Portanto, com o avanço tecnológico, desejamos que nossos pacientes e entes queridos adquiram a 
imortalidade, não conseguimos aceitar que a morte é um processo natural. A citação latina timor mortis 
contourbat (o temos da morte me perturba) deixa clara a negação da morte na atualidade.
Para o profissional da saúde, a morte é uma grande adversária, pois leva o profissional a lutar contra 
ela a todo custo utilizando-se de todo arsenal tecnológico, terapêutico e medicamentoso. Contudo, 
essa luta incessante contra a morte pode acabar por ferir a dignidade do paciente em uma situação de 
terminalidade de vida ocasionada por uma doença em que não haja a possibilidade terapêutica de cura. 
Mesmo lidando com ela diariamente, muitas vezes o profissional de saúde não consegue aceitar que a 
morte é um fator essencial da existência humana.
Com o avanço das tecnologias médicas e da ciência, um novo conceito de morte passou a ser 
demasiadamente discutido. Esse conceito polêmico somente foi esclarecido após o primeiro transplante 
cardíaco da história, em dezembro de 1967 na África do Sul. Para que isso fosse realizado, havia a 
necessidade de o doador estar vivo para a retirada de seu coração, o que gerou críticas ao procedimento. 
Em 1968, uma comissão da Faculdade de Medicina de Harvard estabeleceu critérios que passaram a 
caracterizar efetivamente o “como irreversível” é a morte cerebral (BRAGA; BRAGA; SOUZA, 2021).
Temos atualmente dois conceitos relacionados ao tema morte:
• A morte ocasionada pelo término das funções vitais – parada circulatória e respiratória irreversíveis.
• A morte ocasionada pelo término das atividades do tronco e do córtex cerebral – a chamada 
morte encefálica. Perda definitiva e irreversível das funções do encéfalo, comprovada e capaz de 
provocar o quadro clínico (CFM, 2017).
Quando tratamos da morte encefálica, nos deparamos com um grande dilema: “como meu paciente 
pode estar sem vida se ele ainda apresenta batimentos cardíacos?”. Essa é uma questão que ronda 
profissionais da saúde e familiares. Todavia, a detecção de uma morte encefálica não é tão simples 
assim. De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Medicina n. 2.173 (CFM, 17), o protocolo 
para detecção de morte encefálica deve ser iniciado em todos os pacientes que estejam em coma não 
perceptivo, ausência de reatividade supraespinhal e apneia persistente e, para isso, é preciso realizar:
72
Unidade II
• dois exames clínicos que confirmem coma não perceptivo e ausência de função do tronco encefálico;
• teste de apneia que confirme ausência de movimentos respiratórios após estimulação máxima 
dos centros respiratórios;
• exame complementar que comprove ausência de atividade encefálica.
 Saiba mais
Para entender o protocolo de morte encefálica, leia:
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM). Resolução n. 2.173, de 
23 de novembro de 2017. Brasília, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3FccSwl. 
Acesso em: 3 maio 2022.
Devemos lembrar que todo ser humano possui uma dignidade e que ela deve ser respeitada como 
sendo o seu maior valor. Assim, o respeito deve acontecer em vida e também no processo de morrer, 
em uma situação de terminalidade. Quando conseguimos interpretar o conceito da morte, estamos 
preparados para enfrentar os mais variados dilemas da vida. Porém sabemos que descontruir alguns 
conceitos aterrorizadores sobre ela não é um processo fácil, portanto, o diálogo e a comunicação 
irrestrita sobre o tema com pacientes, familiares e profissionais é fundamental para desconstruir essa 
mistificação relacionada à morte e aos avanços tecnológicos e científicos, que, de certa maneira, estão 
atrelados a essa mistificação.
Nos próximos tópicos, abordaremos assuntos que são polêmicos na área da saúde relacionados 
a vida, morte, avanço tecnológico e ciência e que são vivenciados diariamente pelos profissionais de 
saúde, inclusive pelos fisioterapeutas.
6.1 Eutanásia
Você já ouviu falar sobre esse termo? Quem possui algum bichinho de estimação, provavelmente sim.
O termo eutanásia (do grego eu, que significa bom, e thanatos, que significa morte) surgiu pela 
primeira vez em 1623, na época do Renascimento, sendo idealizado por Francis Bacon. De acordo com 
Bacon, o termo estava relacionado com o tratamento adequado para doenças incuráveis, portanto o 
médico deveria utilizar os seus conhecimentos não apenas como método curativo, mas também como 
uma forma de minimizar o sofrimento e as dores de uma enfermidade.
Podemos entender a eutanásia como um tratamento?
O termo eutanásia passou por algumas modificações semânticas e hoje pode ser definido como uma 
ação médica que tem por finalidade a abreviação da vida por atos misericordiosos, morte antecipada 
e sem dor. O tema está sempre presente quando se pensa em pessoas que possuem dores incuráveis, 
73
ÉTICA E DEONTOLOGIA
que passam por um grande sofrimento, que não possuem uma perspectiva futura de uma vida sem 
sofrimento e, apesar de milenar, continua presente no mundo contemporâneo, gerando dilemas e 
discussões, principalmente na comunidade médica (PESSINI, 2004).
 
[...] só se pode falar em eutanásia quando ocorre a morte movida por 
piedade, por compaixão em relação ao doente. A eutanásia verdadeira é 
a morte provocada em paciente vítima de forte sofrimentoe doença 
incurável, motivada por compaixão. Se a doença não for incurável, afasta-se 
a eutanásia (BORGES, 2005).
Atualmente, a palavra eutanásia possui vários significados, conferindo a ela uma conotação 
polissêmica, porém temos um consenso de que a prática depende de uma solicitação voluntária e 
expressa autonomamente do indivíduo que deseja antecipar sua morte, não estando relacionada 
necessariamente à doença em fase de terminalidade, pois um paciente com doença degenerativa em 
alguns países pode solicitar a eutanásia em qualquer fase da doença.
Podemos classificar a eutanásia em:
Quadro 4 – Classificação de eutanásia
Tipo de eutanásia Característica
Eutanásia ativa Profissional de saúde, por fins misericordiosos, administra um medicamento para findar a vida do paciente e exterminar o seu sofrimento
Eutanásia passiva Ocorre dentro de uma situação de terminalidade, ou com a interrupção de tratamentos médicos ou uso de aparelhos por fins misericordiosos
Eutanásia voluntária Quando o paciente decide morrer e pede ao médico que isso seja concretizado
Eutanásia involuntária Realizada contra a vontade do paciente
 Lembrete
Eutanásia: minimizar o sofrimento e as dores de uma enfermidade. 
Eugenia: eliminação racial, busca pela raça pura.
Em 1931, o Dr. Millard propôs uma lei para legalização da eutanásia voluntária na Inglaterra, que foi 
discutida até 1936, quando a Câmara dos Lordes a rejeitou. Em 1934, o Uruguai incluiu a possibilidade 
da eutanásia em seu Código Penal, por meio da possibilidade do “homicídio piedoso”, e esta legislação 
continua vigente ainda nos dias de hoje. Em outubro de 1939, foi iniciado o programa nazista de 
eutanásia, sob o código “Aktion T 4”. O objetivo inicial era eliminar as pessoas que tinham uma “vida que 
não merecesse ser vivida”.
Em 1956, a Igreja Católica posicionou-se de forma contrária à eutanásia por ser um ato que 
vai contra a “lei de Deus”, porém em 1957 o papa Pio XII aceitou a possibilidade de que a vida 
pudesse ser encurtada como efeito secundário ao uso de drogas administradas pelos médicos, para 
74
Unidade II
diminuir o sofrimento de pacientes com dores insuportáveis ou doenças incuráveis, utilizando o 
princípio do duplo efeito. Em 1980, o Vaticano divulgou uma declaração sobre eutanásia, e em tal 
documento existia a proposta do duplo efeito e da descontinuação de tratamento considerado fútil 
(FRANCISCONI; GOLDIM, 2003).
 Observação
O princípio do duplo efeito é um termo técnico utilizado em ética que 
se refere a dois tipos de consequências distintas relacionadas a um ato. Por 
exemplo, a administração de altas doses de analgésicos com o objetivo de 
reduzir a dor de um paciente pode ter a morte como um efeito indesejável.
A prática da eutanásia não se assemelha em nada às práticas eugênicas, pois na eugenia havia a 
busca por uma “raça pura”, eliminando as pessoas com algum tipo de deficiência física e/ou intelectual, 
por exemplo. Na eutanásia não há uma “eliminação” do menos favorecido ou de alguma população, 
mas a eliminação de uma dor física ou psicológica ocasionada por alguma enfermidade fora da 
possibilidade de cura.
No Brasil, a eutanásia em humanos é considerada crime de acordo com o Código Penal, porém na 
medicina veterinária ela é permitida e muito utilizada pelos profissionais, com o objetivo de cessar o 
sofrimento dos animais que possuem uma doença que não tenha possibilidade de cura e/ou terapêutica. 
Todavia, não é um procedimento tão simples. Lembra-se do termo de consentimento que usamos nas 
pesquisas com seres humanos? Para que ele seja realizado na área da veterinária, o tutor deve assinar 
um termo de consentimento sobre o procedimento, e o profissional deve explicar ao tutor como tudo 
será realizado, explicitando os benefícios, as reações etc. Antes da assinatura do consentimento, o 
procedimento deverá ser explicado ao tutor do animal por meio de uma linguagem simples, respeitando 
a dignidade do animal e de seu tutor, bem como suas crenças e cultura.
 Observação
Juro [...] aplicar os tratamentos para ajudar os doentes conforme minha 
habilidade e minha capacidade, e jamais usá-los para causar dano ou 
malefício. Não dar veneno a ninguém, embora solicitado a assim fazer, nem 
aconselhar tal procedimento (Juramento de Hipócrates)
Entretanto, em países como Bélgica, Holanda e em alguns estados dos EUA, pacientes com doenças 
sem possibilidade de cura e terapêutica podem solicitar a eutanásia para a equipe médica como forma 
de cessar o seu sofrimento. Mesmo a eutanásia indo contra o Juramento de Hipócrates e contra os 
direitos humanos, os quais garantem o direito à vida a todos os seres humanos, por fins misericordiosos 
para acabar com o sofrimento alheio, o médico pode realizar o procedimento em alguns países.
75
ÉTICA E DEONTOLOGIA
No novo Código Penal brasileiro está sendo analisada a possibilidade de incluir o termo eutanásia, 
deixando de ser tipificada como homicídio a morte quando realizada por compaixão, para se findar a 
dor de uma pessoa com doença fora de possibilidade de cura, atendendo a sua vontade, desde que ela 
seja expressa por pessoas maiores de 18 anos, plena de suas faculdades mentais e quando a doença de 
caráter incurável for compreendida.
O Projeto de Lei n. 236, também chamado de Projeto de Novo Código Penal, preceitua o seguinte:
 
Art. 122. Matar, por piedade ou compaixão, paciente em estado terminal, 
imputável e maior, a seu pedido, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável 
em razão de doença grave:
Pena de prisão de dois a quatro anos.
§ 1º O juiz deixará de aplicar a pena avaliando as circunstâncias do caso, 
bem como a relação de parentesco ou estreitos laços de afeição do agente 
com a vítima.
§ 2º Não há crime quando o agente deixa de fazer uso de meios artificiais 
para manter a vida do paciente em caso de doença grave irreversível, e desde 
que essa circunstância esteja previamente atestada por dois médicos e haja 
consentimento do paciente, ou, na sua impossibilidade, de ascendente, 
descendente, cônjuge, companheiro ou irmão (BRASIL, 2012b).
O crescente avanço técnico-científico na área da saúde pode culminar com o prolongamento da 
vida de um indivíduo, travando uma batalha entre a vida e a morte como se a morte fosse uma doença, 
e não um processo natural, tornando doloroso e penoso o processo de morte. Contudo, até que ponto o 
ser humano tem o direito de manter um paciente vivo contra sua vontade?
Conforme Lepargneur (apud PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2000, p. 293),
 
[...] no século XX a eutanásia passou a ter conotação pejorativa e, pouco a 
pouco, a representar mero eufemismo para significar a supressão indolor 
de vida voluntariamente provocada de quem sofre ou poderia vir a sofrer de 
modo insuportável.
Qual a garantia de que esse paciente não foi coagido, até mesmo por pessoas próximas, a pedir a 
eutanásia e a misericórdia? Como dissemos anteriormente, é um tema bastante polêmico.
76
Unidade II
 Saiba mais
Para entender mais sobre o assunto eutanásia, seguem filmes que 
abordam o assunto:
MENINA de ouro. Direção: Clint Eastwood. EUA: Warner Bros. Pictures, 
2004. 132 min.
COMO EU era antes de você. Direção: Thea Sharrock. EUA: Warner Bros., 
2016. 110 min.
MAR adentro. Direção: Alejandro Amenabar. Espanha: Sogepaq, 
2004. 125 min.
Entre os casos históricos de eutanásia, podemos citar um ocorrido em 1973 na Holanda. Na época, 
a médica Geertruida Postma foi julgada e condenada por homicídio. O motivo? Ela realizou a eutanásia 
em sua mãe, que havia feito vários pedidos para morrer, através de uma dose letal de morfina. Outro 
caso foi o da americana Karen Ann Quinlan, jovem de 21 anos que ingeriu álcool e drogas e foi internada 
na UTI do Hospital Saint Clare’s Denville, em Nova Jersey; ela foi traqueostomizada e conectada a 
um ventilador mecânico. Exames feitos por vários neurologistas detectaram que ela permaneceria em 
estado de coma vegetativo permanente. Então, seus pais adotivos pediram que os médicos desligassemos aparelhos, mas não com a intenção de matá-la, mas com o propósito de devolvê-la ao seu estado 
natural, aceitando os desígnios de Deus. Depois de muita luta, mesmo com a retirada do respirador, 
Karen continuou viva por mais dez anos.
Sempre ocorrem casos de grandes repercussões na mídia associadas ao tema eutanásia. Em 1990, a 
americana Theresa Marie Schindler Schiavo, após uma parada cardiorrespiratória decorrente do uso de 
laxantes e práticas de bulimia, mesmo sendo ressuscitada, teve lesões neurológicas irreversíveis devido 
a um grande período em hipóxia, o que a levou a um estado vegetativo persistente por 15 anos. Terry 
Schiavo tinha todos os cuidados necessários para lhe garantir uma qualidade de vida, porém seu marido 
entrou na justiça dos EUA solicitando a eutanásia da esposa mesmo contra a vontade dos pais, alegando 
que ela não queria ser mantida viva artificialmente sem nenhuma perspectiva de melhora. Em 2005, o 
marido ganhou na justiça o direito de retirar a sonda de alimentação de Terry. O procedimento ocorreu 
em 18 de março e Terry veio a falecer em 31 de março.
O caso Terry Schiavo levantou muitas questões éticas: será que Terry morreu de fato sem sofrimento, 
já que ficou sem alimentação e sem hidratação por 13 dias? No estado vegetativo persistente, a pessoa 
ainda pode se manter consciente, porém sem capacidade de comunicação. Será que Terry realmente 
não sofreu, já que possuía consciência? O caso Terry Schiavo é apenas um dentre vários outros que 
ganharam destaques notórios na mídia ao longo dos anos.
77
ÉTICA E DEONTOLOGIA
No Brasil também tivemos um caso de eutanásia que se transformou em um livro escrito por Vitor 
Hugo Brandalise – O último abraço. Trata-se da história de um casal que estava junto há 54 anos e a 
esposa, após dois episódios de AVC, foi internada em uma clínica. O marido não suportava mais ver 
a companheira de tantos anos em estado quase vegetativo, com um olhar de súplica pedindo para 
que aquele sofrimento terminasse. O marido então resolveu atender à súplica da esposa e, em 28 de 
setembro de 2014, um domingo ensolarado, ao visitá-la na clínica, levou uma bomba caseira junto ao 
peito e, ao abraçar sua esposa, a bomba explodiu; a esposa morreu, mas o marido não.
Figura 17 – Eutanásia; a imagem destaca que há suporte para a vida
Disponível em: https://bit.ly/3Ma25pa. Acesso em: 10 maio 2022.
Associado ao tema eutanásia, não podemos deixar de falar sobre o suicídio assistido, no qual o 
próprio paciente recebe das mãos de um profissional o fármaco que lhe causará a morte e o ingere de 
forma espontânea e autônoma. Ele é diferente da eutanásia. Esse procedimento também é proibido no 
Brasil, sendo considerado crime. Porém, em países como a Suíça ele é permitido; entretanto, a eutanásia 
é proibida nesse país. Atualmente, tivemos um caso de repercussão na mídia, o do cientista inglês David 
Goodall. Com 104 anos, ele não possuía nenhuma doença terminal, mas já não estava feliz e queria 
morrer. Ele viajou da Austrália, onde não é permitido o procedimento, para a Suíça, e em 10 de maio de 
2018 realizou o procedimento. Muitos casos de suicídio assistido são televisionados no país.
6.2 Distanásia
A distanásia é o oposto da eutanásia, pois a eutanásia tem como objetivo acelerar a morte, e a 
distanásia, o contrário, ela visa retardar o processo de morte com auxílio da tecnologia. Os profissionais 
da saúde que trabalham em UTI se deparam com essa situação diariamente.
No neologismo grego distanásia, o prefixo dys significa ato defeituoso. Assim, etimologicamente, 
distanásia pode ser definida como prolongamento exagerado da agonia, do sofrimento e da morte de 
um paciente, podendo também ser utilizado como sinônimo de tratamento fútil e inútil que traz como 
consequência uma morte lenta, prolongada e muitas vezes dolorosa para os pacientes e familiares, 
cercada de sofrimento (PESSINI, 2001).
78
Unidade II
O avanço da medicina, da tecnologia e da indústria farmacêutica trouxe inúmeros benefícios à vida 
do ser humano; por outro lado, gerou sofrimento e alguns dilemas éticos e bioéticos. Diante de uma 
situação de terminalidade de vida, por exemplo, a tecnologia pode ferir a dignidade da pessoa humana 
ao prolongar o processo natural de morrer através de meios artificiais, culminando em maior sofrimento 
dos familiares e do próprio paciente, que, muitas vezes, frente a uma situação de terminalidade, pode 
não ser capaz de exercer sua autonomia, ficando a cargo da família e da equipe médica fazê-lo.
O prolongamento do processo de morrer de pacientes com doenças fora da possibilidade terapêutica 
e de cura é realizado através do uso de tecnologias cada vez mais avançadas, o que é associado a uma 
obstinação terapêutica – excesso de medidas terapêuticas –, as quais não são capazes de alterar o 
quadro de morbidade, causando dor e sofrimento de pacientes, familiares e profissionais de saúde.
 
A obstinação terapêutica designa a atitude dos médicos que utilizam 
sistematicamente todos os meios médicos para manter uma pessoa viva. 
[...] O emprego de meios terapêuticos intensivos tendo como objetivo 
o prolongamento da vida de um doente no estágio terminal, sem real 
esperança de melhorar seu estado (HOTTOIS, 1998, introdução).
Podemos considerar a distanásia como um procedimento que não visa à humanização, mas sim à 
desumanização da medicina, pois ela desconsidera o princípio constitucional da dignidade da pessoa 
humana e de sua autonomia, já que na distanásia muitas vezes o paciente não tem a liberdade de agir 
conforme sua própria consciência.
Conforme acentuado anteriormente, a morte é um tema que gera desconforto, medo, inquietação, 
sentimento de perda e insegurança. Assim, acaba gerando o desconforto nos profissionais da saúde, pois 
muitas vezes eles entendem a morte como um fracasso profissional; mesmo lidando com o processo de 
morrer quase que diariamente, os profissionais de saúde têm muita dificuldade em aceitar a morte. Essa 
não aceitação leva os profissionais de saúde a praticar a obstinação terapêutica, independentemente 
do prognóstico da patologia e, consequentemente, acabam por desrespeitar a dignidade do paciente.
 
Houve um tempo em que nosso poder perante a morte era muito pequeno. E, 
por isso, os homens e as mulheres dedicavam-se a ouvir a sua voz e podiam 
tornar-se sábios na arte de viver. Hoje, nosso poder aumentou, a morte 
foi definida como inimiga a ser derrotada, fomos possuídos pela fantasia 
onipotente de nos livrarmos de seu toque. Com isso, nós nos tornamos 
surdos às lições que ela pode nos ensinar. E nos encontramos diante do 
perigo de que, quanto mais poderosos formos perante ela (inutilmente, 
porque só podemos adiar...), mais tolos nos tornaremos na arte de viver 
(ALVES apud DREHER, 2009, p. 85).
A dor e o sofrimento andam lado a lado, porém não possuem o mesmo significado: a dor está 
relacionada a um desconforto físico e pode estar presente de diversas maneiras, já o sofrimento é 
um estado psicológico caracterizado por medo ou ansiedade. Nem sempre um sofrimento desencadeia 
uma dor, mas uma dor pode desencadear um sofrimento. Dessa forma, o alívio da dor e do sofrimento 
79
ÉTICA E DEONTOLOGIA
é um dos objetivos da medicina, e é considerado como um dos mais antigos deveres do médico. Isso 
não significa, por exemplo, que manter um paciente vivo a todo custo com o auxílio das melhores 
tecnologias esteja relacionado ao alívio do sofrimento e da dor do paciente e das pessoas envolvidas no 
processo, sejam os familiares, sejam os profissionais da equipe de saúde.
A dor no processo de morrer não está figurada apenas no sentido físico, mas também no sentido 
subjetivo, psíquico, ético, cultural e social, tornando o manejo da dor difícil em um doente em fase 
de terminalidade.
Observe a seguir a classificação de dor:
• Dor física: ocasionada por um ferimento, uma doença. Funciona como um alarme de que algo 
não está funcionando corretamente.
• Dor psíquica: perda de esperança, dossonhos; ela aparece quando o doente se depara com a 
aproximação da morte.
• Dor social: ocasionada por um isolamento durante um período de internação, por exemplo.
• Dor espiritual: surge quando se perde o significado de esperança, do sentido da vida.
As dores que foram caracterizadas neste livro-texto muitas vezes são difíceis de serem distinguidas, 
pois surgem praticamente em conjunto. É importante que o profissional de saúde permita que seu 
paciente se expresse e exerça sua autonomia para que a melhor terapêutica seja realizada, sem a 
necessidade de uma medicina autoritária, visando apenas à doença, e não ao doente; o paciente não 
deve ser tratado em partes, mas em sua totalidade.
Há pacientes que expressam o desejo de que sejam utilizadas todas as tecnologias e todos os 
tratamentos possíveis para que possam continuar vivos, mesmo diante de uma doença fora de 
possibilidade de cura em fase terminal; outros pacientes já encaram essa situação naturalmente e 
exprimem a vontade de que, em sua fase terminal, não sejam utilizados tratamentos fúteis, que não 
alterarão o curso da doença nem culminarão com a cura.
 Observação
Na área da saúde a comunicação é de suma importância para a 
condução do tratamento de uma maneira humanizada e respeitosa.
6.3 Ortotanásia
O neologismo grego orthós (direito, reto, normal, em linha reta) e thánatos (morte) nos remete 
à ideia de que a morte não é uma doença a ser curada, mas algo que não se pode dissociar da vida. 
A ortotanásia, em seu sentido etimológico, significa morte no tempo certo, sem abreviações ou 
80
Unidade II
prolongamentos desnecessários do processo de morrer. Ela é sensível ao alívio das dores, mas não 
se utiliza de procedimentos abusivos que prolongam o processo de sofrimento nem está associada à 
antecipação da morte, pois ela entende a morte como algo natural que acontecerá no tempo certo.
A morte ortotanásica não é resultado de uma prática médica, mas do curso natural de uma doença ou 
uma situação de terminalidade. Ou seja, trata-se de permitir que a vida siga seu curso natural suavemente.
A ortotanásia deve ser almejada em situações em que a morte é iminente, inevitável, quando não 
podemos falar em cura. A morte, como já mencionado anteriormente, é um processo natural que deve 
acontecer sem sofrimentos e respeitando a dignidade do paciente. Dessa forma, o código de ética 
médica autoriza o ato de suspender tratamentos fúteis, porém mantendo o conforto e minimizando 
sintomas como a dor, permitindo que a morte siga seu caminho natural. Por meio desse ato, o médico 
está fornecendo ao paciente os cuidados paliativos necessários para que ele possa ter uma morte 
digna, muitas vezes sem prolongamento do sofrimento. “Cuidar dignamente de uma pessoa que 
está morrendo num contexto clínico significa respeitar a integridade da pessoa” (AZEREDO; ROCHA; 
CARVALHO, 2011, p. 41).
O cuidado oferecido pelo profissional de saúde deve ser no sentido de amparar, proteger e acolher o 
paciente, aliviando a dor, o sofrimento e as angústias tanto dele quanto dos familiares. A comunicação 
se torna essencial, pois familiares e pacientes devem estar cientes de todo processo da doença, que 
culminará no processo de morrer. Quando estes entendem a morte como um processo natural, o paciente 
terá uma humanização de sua morte, que ocorrerá de forma digna por meio da ortotanásia.
O médico vivencia um enfrentamento entre a doença e a cura. Em algumas situações em que a 
morte é iminente, as tentativas para evitar com que ela ocorra podem resultar em uma permanência 
prolongada do paciente no ambiente hospitalar, longe dos familiares e acoplado a aparelhos que o 
mantenha vivo a todo custo.
Entretanto, até que ponto o ser humano e a tecnologia podem interferir na vida e na morte? Até 
quando vale a pena viver acoplado a aparelhos em um ambiente frio, longe da família?
6.4 Introdução aos cuidados paliativos
O termo paliativo vem do verbo paliar, do latim palliare (cobrir com um manto) e de palliatus (aliviar 
sem chegar a curar), cujo significado seria aliviar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde 
(OMS, 1990):
 
Os cuidados paliativos são cuidados que melhoram a qualidade de vida dos 
doentes e suas famílias, abordando os problemas associados às doenças 
que ameaçam a vida, prevenindo e aliviando o sofrimento através da 
identificação precoce e avaliação minuciosa da dor e outros problemas 
físicos, psicológicos, sociais e espirituais.
81
ÉTICA E DEONTOLOGIA
Ainda podemos definir cuidados paliativos conforme a definição do International Association for 
Hospice and Palliative Care (IAHCP – Associação Internacional de Hospice e Cuidados Paliativos):
 
[...] os cuidados paliativos são cuidados holísticos ativos, ofertados a pessoas 
de todas as idades que se encontram em intenso sofrimento relacionados a 
sua saúde, proveniente de doença grave, especialmente aquelas que estão 
no final de vida. O objetivo dos cuidados paliativos é, portanto, melhorar 
a qualidade de vida dos pacientes, de suas famílias e de seus cuidadores 
(SILVA; PACHECO; DADALTO, 2021).
Ao contrário do que se pensa a respeito dos cuidados paliativos, eles não atrasam ou antecipam 
a morte, não se utilizam de futilidades terapêuticas, eles proporcionam ao paciente um suporte para 
auxiliar, fazendo com que os pacientes vivam o mais ativamente possível até o momento da morte. Os 
cuidados paliativos devem ser implementados o mais precocemente possível, proporcionando alívio da 
dor e de outros sintomas que interferem na qualidade de vida do paciente.
A bioética, pautada em seus quatro princípios e em seus inúmeros referenciais, possibilita inúmeras 
reflexões sobre a autonomia do ser humano, por meio de sua manifestação a respeito de uma conduta 
terapêutica que só poderá ser exercida quando as condições de saúde do paciente forem compartilhadas 
com ele pela equipe de saúde, e o paciente tem o direito de aceitar ou rejeitar as condutas durante o seu 
processo de doença; assim, o paciente está exercendo a autonomia de decidir o que será feito em seu 
corpo protegendo a sua dignidade. Mesmo que as vontades do paciente sejam contrárias às decisões 
médicas, deve-se estabelecer um diálogo para expor os benefícios e os malefícios do tratamento, sempre 
considerando que o paciente é único e que deve ser respeitado em todas as suas dimensões.
Mas quem são os pacientes elegíveis para os cuidados paliativos? Apenas aqueles que estão em uma 
fase terminal de uma doença fora de possibilidade de cura e terapêutica? A resposta é não. Os cuidados 
paliativos devem ser iniciados o mais precocemente possível, a partir do momento em que se recebe o 
diagnóstico de uma doença ameaçadora da continuidade da vida, pois o maior objetivo dos cuidados 
paliativos é garantir qualidade de vida e qualidade de morte, evitando a distanásia e o sofrimento 
desnecessário do paciente e dos familiares.
Os cuidados paliativos afirmam a vida e o seu processo natural de morte, integrando os aspectos 
psicológicos e espirituais ao cuidado do paciente, oferecendo um suporte para a manutenção da 
funcionalidade até o momento da morte, além de prover suporte para auxiliar os familiares no decorrer 
da doença do paciente e a enfrentar o luto. A abordagem dos cuidados paliativos é multiprofissional, 
focada nas necessidades de pacientes e familiares, incluindo o luto.
Você sabia que o fisioterapeuta participa da equipe multidisciplinar de cuidados paliativos e exerce 
papel essencial na manutenção da funcionalidade e do alívio da dor? A extubação paliativa (EP) ou 
extubação compassiva (EC) também faz parte da rotina de um fisioterapeuta que trabalha em um setor 
de cuidados paliativos. A EP é realizada quando é necessário limitar o investimento terapêutico, quando 
todas as possibilidades de desmame falharam ou quando o paciente se encontra em estado grave e 
82
Unidade II
irreversível, mesmo diante do tratamento e da terapêutica instituída. Nessas situações, prolongar a vida 
e manter aobstinação terapêutica associada ao suporte ventilatório é injustificável.
Para a realização da EP, alguns critérios são elegíveis: idade avançada; maior comprometimento 
da qualidade de vida pós-procedimento; escore baixo em Karnofsky Performance Status (Escala de 
Desempenho de Karnofsky) e escore alto em Simplified Acute Physiology State 3 (Estado 3 de Fisiologia 
Aguda Simplificada), escalas validadas e amplamente utilizadas. Portanto nesses casos o suporte 
ventilatório não é indicado, pois seu uso apenas prolongará a vida do paciente. A decisão deve ser 
tomada por toda a equipe multiprofissional e em concordância com os familiares, que devem estar 
cientes de todo o procedimento, suas consequências e possíveis desfechos após a realização.
Destacam-se a seguir algumas metas a serem alcançadas nos cuidados paliativos:
• controle da dor;
• melhora da ansiedade;
• menor tempo de internação hospitalar;
• alívio do sofrimento;
• qualidade de vida para pacientes e familiares;
• manutenção da funcionalidade.
Pode-se considerar os cuidados paliativos como um tipo de eutanásia? Mais uma vez, a resposta é 
não. Os cuidados paliativos não têm o objetivo de acelerar o processo de morte por atos misericordiosos, 
mas sim de respeitar o curso natural da doença, aguardando o momento de uma morte natural, 
respeitando a dignidade do paciente e proporcionando qualidade de vida até o ultimo segundo; o 
intuito é atender aos últimos desejos do paciente, transformando o processo de morte em algo natural.
Um exemplo atual de cuidados paliativos é o caso de Izabel, 48 anos, portadora de leucemia 
mieloide aguda e que não respondia mais ao tratamento. Desde o início do tratamento, ela falou 
sobre seu amor pela praia. Ao longo das consultas, seu hematologista disse que no final iria com ela 
à praia. Como não houve responsividade ao tratamento, o médico realizou transfusões de sangue e 
plaquetas horas antes para que Izabel conseguisse aguentar o trajeto de 30 minutos de ambulância 
e realizar seu desejo de ir à praia com segurança. Ela foi acompanhada de sua família e de alguns 
amigos que vieram de outras cidades. “Fomos até o mar para eu molhar os pés. Não pude entrar mais 
fundo porque não tenho imunidade. Mas ali mesmo o pastor me batizou com a água do mar. Foi 
revigorante” (CAVALVANTI, 2022).
83
ÉTICA E DEONTOLOGIA
 Saiba mais
Para saber mais sobre o caso de Izabel, leia:
CAVALVANTI, T. Médicos fazem transfusão em Izabel, 48, para permitir 
que se despeça do mar: veja vídeo. Folha de S.Paulo, 9 fev. 2022. Disponível 
em: https://cutt.ly/5HWtoy4. Acesso em: 3 maio 2022.
O que destrói o homem não é o sofrimento, é o sofrimento sem sentido (Viktor Frankl).
Exemplo de aplicação
Durante um atendimento fisioterapêutico em uma UTI, você atende o sr. Antônio, de 80 anos, 
consciente. Ele é portador de um câncer de próstata em estágio avançado. Mantém a funcionalidade 
preservada, porém a dor torna suas atividades diárias incapacitantes. A esposa dele não aceita a condição 
do marido e solicita que tudo seja feito para que ele permaneça vivo a qualquer custo, alegando que 
ela não saberá viver sem a presença do marido. Antônio, ao contrário, deixa explícita sua vontade de 
não ser submetido a procedimentos invasivos que possam mantê-lo vivo de forma artificial. Após comunicar 
ao médico e à equipe sobre a decisão de Antônio, em uma decisão multiprofissional, o paciente recebe 
alta com medidas paliativas para redução da dor para que os seus últimos dias sejam em sua casa ao 
lado de sua esposa. Você acredita que essa tenha sido a melhor decisão levando em consideração os 
conceitos bioéticos estudados?
6.5 Mistanásia
A mistanásia (morte infeliz) é considerada como uma morte social devido a questões como pobreza, 
violência e falta de infraestrutura básica, como saneamento básico, educação e moradia. É encarada 
como uma morte excludente, uma morte infeliz em nível coletivo (PESSINI, 2004). Pode ser considerada 
uma eutanásia social.
Três fatores contribuem para a mistanásia:
• discriminação: atuar de forma a fazer uma distinção de certas pessoas, podendo levá-las à 
exclusão ou à marginalização;
• segregação social: isolamento espacial de determinado grupo de indivíduos;
• exclusão social: separação de pessoas por meio de fatores socioeconômicos.
Em nosso país, observamos no SUS que os pacientes ficam horas em longas filas de espera e, quando 
são atendidos, muitas vezes se deparam com a barreira de falta de materiais, de profissionais capacitados 
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Unidade II
e falta de local para acomodação, e os pacientes acabam ficando em cadeiras, macas e até em colchões 
espalhados pelo chão e pelos corredores. Em algumas situações, as pessoas são tratadas com desrespeito, 
sem empatia, sem cuidado e sem acolhimento pelos profissionais de saúde, que estão despreparados 
para acolher um paciente nessa situação.
Muitos desses pacientes retornam para suas residências sem terem recebido o atendimento de 
que necessitavam, sem ter recebido o remédio para aliviar dores e sofrimentos e muitos acabam por 
perder a vida.
Em tempos de pandemia, podemos observar nitidamente várias situações em que a mistanásia 
esteve presente, como no caso da falta de oxigênio em Manaus, na superlotação dos hospitais e na falta 
de insumos e medicamentos como sedativos, que levaram muitos pacientes ao óbito por falta de algum 
ponto importante em seu tratamento.
A pandemia de covid-19 trouxe à tona a necessidade de revisão de vários aspectos dos direitos 
humanos, a necessidade de ressignificar valores inerentes aos seres humanos, valores éticos e bioéticos 
no setor da saúde.
No Brasil e em países subdesenvolvidos, acompanhamos o crescimento dessa “eutanásia social” ou 
simplesmente mistanásia. As diferenças econômicas, com o crescente aumento de uma população de 
baixa renda sem acesso a serviços básicos como a saúde, fizeram com que a mistanásia aumentasse 
diariamente.
7 DEONTOLOGIA E CÓDIGO DE ÉTICA DA FISIOTERAPIA
Agora vamos tratar de outro assunto importante, mas não tão polêmico como o anterior.
O termo deontologia, também conhecido como teoria do dever, derivado do grego deonta (dever) e 
logos (razão), foi estabelecido em 1834 após os estudos do inglês Jeremy Bentham (1748-1832). Hoje 
esse termo está associado à ética profissional. A deontologia está relacionada a um conjunto de normas, 
direitos e deveres que norteiam uma atividade profissional (BAPTISTA, 2011). Imanuel Kant também deu 
sua contribuição para a deontologia ao dividir dois conceitos: razão prática e liberdade, pois para ele 
agir por dever é uma maneira de dar à ação o seu valor moral; por sua vez, a perfeição moral só pode 
ser atingida por uma livre vontade.
Vimos anteriormente que a ética está presente na sociedade desde os primórdios, e sabemos que a 
cultura, através de seus valores morais, exerce uma grande influência sobre a ética. E o mesmo ocorre 
com o direito, que, por meio das leis impostas a uma sociedade, contribui para a construção do campo 
da ética. Ela é considerada como um estudo, uma reflexão científica, filosófica, política e social sobre 
os costumes e as ações humanas. É um ramo da filosofia que procura compreender os princípios que 
sustentam as bases da moral individual e de uma sociedade.
A ética ainda pode ser dividida em alguns ramos, como a ética normativa (referente ao 
comportamento), a ética descritiva (costumes), a ética especulativa (esperanças do ser humano). Ter 
85
ÉTICA E DEONTOLOGIA
um pensamento ético é sempre avaliar se as nossas ações estão certas ou erradas e então procurar 
agir de tal forma que não haja prejuízo ao outro. No trabalho, por exemplo, ser ético pode ser um fator 
determinante para o sucesso profissional; uma conduta que não esteja de acordo com os preceitos 
éticos pode ser prejudicial tanto para os profissionais quanto para as instituições, sem falar nos 
pacientes, obviamente.
No campo profissional, as leis auxiliam os profissionais em suas decisões, pois acabam limitando-osa 
direitos e deveres, pois uma conduta profissional que esteja fora da lei compromete sua ética profissional, 
social e sua moralidade. Os indivíduos devem ser éticos consigo mesmo e perante a sociedade, tanto em 
seu campo pessoal como no profissional.
A ética profissional está relacionada a princípios e valores que comandam os comportamentos do 
profissional em seu ambiente de trabalho. Todos os funcionários de uma empresa “vestem a mesma 
camisa” e compõem o mesmo time, e mesmo que cada um possua seus próprios valores, todos irão 
partilhar dos mesmos princípios éticos profissionais. Esses princípios éticos relacionados à profissão 
estão reunidos em um código de ética profissional, porém há alguns princípios que são comuns a todas 
as profissões, como o respeito e a honestidade.
Quando o profissional demonstra atitudes éticas em seu ambiente de trabalho, a confiança 
entre o empregador e o profissional aumenta, pois tal conduta evidencia o seu profissionalismo, 
independentemente de constarem como normas éticas em seu código de ética profissional. A 
responsabilidade, o gerenciamento de tempo, o sigilo, a disciplina e a forma como o profissional deve 
se comportar no trabalho em equipe são outros princípios que devem ser demonstrados e praticados 
diariamente em seu ambiente de trabalho.
O código de leis escrito mais antigo que se tem conhecimento foi o Código de Hamurabi, baseado 
na lei de talião – “olho por olho, dente por dente” –, que consistia em um conjunto de normas e 
leis criadas na Mesopotâmia pelo rei Hamurabi por volta do século XVIII a.C. Esse código de conduta 
social elaborado por Hamurabi teve origem mística, pois naquela época o poder dos governantes estava 
associado à divindade.
O primeiro código de deontologia foi elaborado na área médica, no início do século XIX, pelo inglês 
Thomas Percival (1740-1804), na tentativa de superar conflitos profissionais, moralizar a profissão e 
a formação de novos profissionais. O intuito era amenizar o clima no ambiente hospitalar. Elaborado 
em 1803, tinha um caráter de guia comportamental e era composto de princípios básicos da moral 
(NEVES, 2008).
O código de ética profissional é considerado como um documento específico de cada profissão, 
o qual contém normas e diretrizes que guiam a execução ética da profissão. Ele possui direitos e 
deveres relacionados ao profissional e à profissão que são moralmente aceitos por uma sociedade e que 
garantem o bom relacionamento entre os profissionais, clientes e ou pacientes e seus respectivos locais 
e instituições de trabalho.
86
Unidade II
 Saiba mais
Para saber mais a respeito das normas que regem a fisioterapia, consulte:
CREFITO. Código de Ética: fisioterapia e terapia ocupacional. Recife, 
2016. Disponível em: https://bit.ly/3KOS8Mh. Acesso em: 3 maio 2022.
Relembrando um pouco da história da fisioterapia, sabemos que ela só foi reconhecida como curso 
superior e devidamente regulamentada no dia 13 de outubro de 1969, por meio do Decreto Lei 
n. 938. Apenas em 1978, por meio da Resolução n. 424 (COFFITO, 2013), o primeiro código de ética da 
fisioterapia e da terapia ocupacional foi elaborado. Ele era composto de 11 capítulos e 57 artigos, que 
estabeleciam os deveres do fisioterapeuta no exercício de cada profissão.
Após a Resolução n. 424 (COFFITO, 2013), o código de ética passou por revisões e adequações em 
seus capítulos e artigos, e a fisioterapia passou a ter um código de ética exclusivo de sua profissão, ou 
seja, o Coffito separou as duas profissões e, diferentemente do que ocorreu em sua primeira versão, cada 
profissão passou a ter o seu código de ética profissional.
Como todo código de ética profissional, ele retrata os direitos e deveres do fisioterapeuta. Quando 
falamos em direito, devemos lembrar que este está relacionado a normas, regras, e a infração de alguma 
delas pode desencadear uma punição que será estabelecida pelo Coffito. Ele auxilia na definição de 
regulamentos que contribuem para o relacionamento entre colegas de trabalho e pacientes, tendo 
como referência valores como honestidade, respeito e responsabilidade, e abrange valores universais, 
tais como fazer o bem, evitar o mal e agir com justiça e equidade.
 Lembrete
O primeiro código de ética da fisioterapia foi elaborado em 1978 e 
somente em 2013 sofreu revisões e adaptações pertinentes, bem como sua 
separação do código de ética da terapia ocupacional.
A seguir, será apresentado o código de ética da fisioterapia. À medida que forem destacados alguns 
capítulos e parágrafos, serão feitas algumas observações a respeito de informações atualizadas sobre 
novas resoluções que interferem de alguma forma no código de ética. Todavia, para se aprofundar nos 
direitos e deveres do fisioterapeuta, você deve acessar o código de ética na íntegra através do site do 
Crefito da sua região ou do Coffito.
Capítulo I – Disposições preliminares
Estabelece os deveres do fisioterapeuta no que concerne ao controle ético do exercício de sua 
profissão, sem prejuízo de todos os direitos e prerrogativas assegurados pelo ordenamento jurídico.
87
ÉTICA E DEONTOLOGIA
Cabe ao Coffito zelar pela 
observância dos princípios do 
código, funcionando como 
Conselho Superior de Ética e 
Deontologia Profissional
Profissionais: observar as 
normas do código e comunicar 
as possíveis infrações
Crefito funciona como órgão 
julgador em primeira instância
A infração deste código é 
passível de pena disciplinar
Figura 18 – Funções do Coffito e do Crefito
Capítulo II – Responsabilidades fundamentais
Obrigatória inscrição 
no Crefito de sua 
região
Portar a identificação 
profissional
Oferecer e divulgar 
serviços respeitando 
a dignidade da 
profissão
Manter segredo sobre 
fato sigiloso
Somente assumir 
cargo quando for 
capaz de executá-lo 
com zelo 
e segurança
Figura 19 – Obrigatoriedade do fisioterapeuta
Após a conclusão do curso de graduação, cabe ao profissional realizar o registro no conselho regional 
da comarca onde irá exercer a profissão, além de manter os seus dados cadastrais sempre atualizados. 
O profissional deverá estar sempre em posse de sua identificação profissional e apenas aceitar cargos 
profissionais que esteja apto a realizar com zelo e segurança, evitando prejuízos ao paciente. Sobre os 
valores a serem cobrados pelo atendimento, estes devem ser dignos e estarem baseados no referencial 
de honorários fisioterapêuticos, que será abordado mais adiante.
88
Unidade II
O sigilo é um fator essencial a todo profissional, apenas deverá ser divulgado a outros profissionais 
caso haja um perigo à saúde pública.
Negar assistência em 
caso de urgência
Proibido
Corromper morais 
e costumes
Praticar ato que não seja 
regulamentado
Não atender à convocação 
do Conselho 
Figura 20 – O que é proibido ao fisioterapeuta
Quando o fisioterapeuta utiliza em seu tratamento uma técnica que não seja regulamentada pelo 
conselho, além de infringir o código de ética, submete o paciente a um tratamento que pode ocasionar 
danos, e essa atitude pode gerar sanções severas ao profissional.
O profissional pertence a um órgão público que, assim como o Tribunal Regional Eleitoral, por 
exemplo, pode a qualquer momento convocá-lo para atuar em eleições, e o não comparecimento pode 
gerar sansões administrativas ao indivíduo.
Neste mesmo capítulo, o código fixa o que é proibido ao profissional:
• Prescrever, executar ou colaborar com tratamentos desnecessários, que atentem contra a saúde e a 
moral do paciente, ou que sejam executados sem o consentimento do paciente ou do responsável 
legal, no caso de crianças.
89
ÉTICA E DEONTOLOGIA
• Autorizar o uso do seu nome ou da sociedade em atos que impliquem a mercantilização da saúde.
• Como forma de autopromoção, divulgar declaração, atestado, imagem ou carta de agradecimento 
ao tratamento realizado.
• Induzir convicções políticas filosóficas, morais, ideológicas e religiosas durante o atendimento a 
determinado paciente.
• Deixar de comunicarao conselho regional recusa, demissão ou exoneração de cargo, função ou 
emprego, pela necessidade de preservar os legítimos interesses de sua profissão (COFFITO, 2013).
Capítulo III – Relacionamento com paciente/cliente/usuário
O relacionamentodeve ser pautado nos princípios éticos e bioéticos e, acima de tudo, no respeito à 
dignidade do ser humano e a sua autonomia.
Zelar pela manutenção adequada 
de assistência baseada em métodos 
reconhecidos ou regulamentados
Zelar pelo sigilo do prontuário do 
paciente para que ele não fique ao 
alcance de "estranhos"
Elaborar diagnóstico fisioterapêutico, 
instituir plano de tratamento, atribuir 
alta ou encaminhar paciente a outro 
profissional quando necessário
Figura 21 – Deveres com o paciente
Nesse capítulo, mais uma vez o código reafirma a importância do sigilo de informações, mesmo que 
elas estejam contidas em prontuários. Os dados referentes ao estado de saúde do paciente, diagnóstico, 
tratamento e prognóstico são sigilosos e de propriedade do paciente ou de seu familiar próximo em caso 
de perda de autonomia ou de capacidade mental.
O profissional é capacitado a elaborar o diagnóstico fisioterapêutico, bem como o objetivo e o plano 
de tratamento. Assim, até a alta do paciente, o fisioterapeuta tem autonomia profissional. Devemos 
apenas lembrar que as técnicas utilizadas devem ser regulamentadas pelos conselhos e em consonância 
com a prática baseada em evidências.
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Unidade II
Respeitar a vida humana Respeitar a dignidade e os direitos humanos
Respeitar a intimidade 
e o pudor
Respeitar a autonomia, 
a beneficência e a não 
maleficência
Informar diagnóstico, 
prognóstico, objetivo e 
condutas
Respeitar os princípios 
da bioética ao prestar 
assistência ao paciente
Figura 22 – A bioética e a deontologia
Como podemos perceber, nesse capítulo, ao se referir aos direitos fundamentais do profissional, o 
código nos leva a uma reflexão sobre os princípios da bioética e a importância do uso desses princípios 
durante a atuação profissional. Além desses aspectos, observamos claramente a necessidade de respeitar 
os direitos humanos.
Abandonar o paciente no meio do 
tratamento
Divulgar ou prometer terapia infalível
Prescrever tratamento fisioterapêutico 
de forma não presencial, salvo 
em casos regulamentados
Prescrever tratamento sem consulta
Inserir em anúncio ou divulgação 
profissional qualquer dado (nome, foto etc.) 
que possa identificar o paciente
Proibido 
ao fisioterapeuta
Figura 23 – Proibições ao fisioterapeuta
Nota-se que é proibido ao fisioterapeuta prescrever tratamento de forma não presencial e sem 
consulta. Todavia, conforme a Resolução n. 516, de 20 de março de 2020 (COFFITO, 2020), devido ao 
cenário de pandemia, o Coffito autorizou o atendimento não presencial por meio de:
• Teleconsulta: consulta clínica a distância.
• Teleconsultoria: comunicação entre profissionais, gestores e outros interessados na área da saúde 
com o objetivo de esclarecer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões 
relativas ao processo de trabalho.
91
ÉTICA E DEONTOLOGIA
• Telemonitoramento: acompanhamento do paciente a distância atendido previamente em 
formato presencial, podendo utilizar métodos síncronos (comunicação a distância em tempo real) 
e assíncronos (comunicação a distância não realizada em tempo real).
Essa resolução ainda estabelece que o fisioterapeuta tem autonomia e independência (baseada em 
evidências científicas, na beneficência e na segurança do paciente) para determinar quais pacientes ou 
casos podem ser atendidos ou acompanhados a distância.
Apesar da realização dos atendimentos não presenciais, o fisioterapeuta deve estar atento às normas 
dispostas no código de ética, a fim de não cometer nenhuma infração, sobretudo, no que concerne ao 
sigilo profissional.
O sigilo profissional é um dos pilares do relacionamento profissional/paciente. O uso de uma 
plataforma virtual para a realização de uma teleconsulta deve ter um armazenamento de dados eficiente, 
e o paciente deve ser informado sobre o risco da aplicação de plataformas virtuais que estão fora da 
competência do profissional, mas que os dados serão protegidos com esforço máximo possível e que 
os dados obtidos não serão usados ou revelados para outros fins que não aqueles para os quais foram 
consentidos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos e Bioética (DUDHB) aborda as questões éticas 
relacionadas ao uso de tecnologias aplicadas a seres humanos e afirma que essas tecnologias devem ser 
usadas com o objetivo de salvaguardar a dignidade humana, além de proteger os direitos individuais. No 
artigo 4º, a DUDHB ainda define que os benefícios aos pacientes diretos e indiretos decorrentes do uso 
da tecnologia devem ser maximizados em relação aos riscos.
Capítulo IV – Do relacionamento com a equipe
Colaborar com seus conhecimentos na assitência ao ser humano 
quando participar de equipes multiprofissionais e interdisciplinares
Incentivar o pessoal sob sua coordenação ou supervisão para a 
busca de qualificação continuada e permanente em benefício do 
paciente e no desenvolvimento da profissão
Tratar colegas e outros profissionais com respeito 
A responsabilidade do fisioterapeuta por erro cometido não é 
diminuida, mesmo quando cometido em uma instituição ou equipe
Figura 24 – Dever do fisioterapeuta com a equipe
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Unidade II
Além do conteúdo ilustrado na figura anterior, é dever do fisioterapeuta:
• Reprovar quem infringir a ética ou o dispositivo legal e comunicar ao conselho regional e federal.
• Ser respeitoso e cordial com colegas ou outros profissionais quando participar de eventos culturais, 
científicos ou políticos.
• Quando for solicitado para cooperar em um diagnóstico ou orientar em tratamento, o paciente 
ficará sob os cuidados do solicitante.
• Caso seja necessário solicitar ao paciente que está sob seus cuidados a assistência de outro 
colega, o profissional deve estar ciente de que o colega tem autonomia para efetuar o diagnóstico 
fisioterapêutico e elaborar os objetivos e condutas do tratamento, não devendo o profissional que 
solicitou a assistência indicar a conduta profissional, que deverá ser elegível ao paciente.
• Quando um colega encaminha um paciente a você devido a algum impedimento eventual, após 
o restabelecimento deste colega, você deverá reencaminhar o paciente de volta a ele.
Mais uma vez observamos nesse capítulo a presença dos princípios da bioética e dos direitos humanos 
no relacionamento entre profissional/paciente/profissional. Agora observe com atenção a figura 
a seguir:
Proibido pleitear cargo ou função 
exercida por colega
Colaborar para que outra pessoa 
exerça ilegalmente atividade 
própria do fisioterapeuta
Captar paciente ou serviço 
utilizando recurso incompatível 
com a dignidade da profissão
Utilizar posição hierárquica para 
induzir colegas que realizem 
condutas que infrinjam a ética
Permitir que seu nome conste 
no quadro de funcionários de 
instituições públicas ou privadas 
sem que você exerça seu cargo
Desviar de forma antiética 
paciente para outra instituição
Utilizar posição hierárquica para 
impedir que colegas realizem seu 
trabalho ou atuem dentro dos 
preceitos éticos
Permitir que seu trabalho seja 
assinado por outro profissional 
bem como assinar pelo trabalho 
de outro profisisonal
Atender paciente que está em 
tratamento com outro colega
Figura 25 – Proibições perante a equipe e pacientes
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ÉTICA E DEONTOLOGIA
Capítulo V – Das responsabilidades no exercício da fisioterapia
Promover remuneração digna 
e condições de trabalho 
compatíveis com o exercício 
ético profissional
Ser solidário aos movimentos 
em defesa da dignidade 
profissional
Atuar em consonância à Política 
Nacional de Saúde
O fisioterapeuta deve: 
Melhorar as condições de 
assistência respeitando os 
padrões de qualidade dos 
serviços
Promover os preceitos da saúde 
coletiva, independentemente de 
exercer seu trabalho em setor

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