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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Janiane Mayra Valério SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE A influência das certificações ISO no valor das organizações brasileiras do ranking Global 100 Rio de Janeiro – RJ 2020 ii Janiane Mayra Valério SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE A influência das certificações ISO no valor das organizações brasileiras do ranking Global 100 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Veiga de Almeida como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Produção. Orientador: Justino Sanson Wanderley da Nóbrega, M.Sc. Rio de Janeiro – RJ 2020 iii “Este trabalho reflete a opinião do autor, e não necessariamente a da Universidade Veiga de Almeida. Autorizo a difusão deste trabalho” 164 Valério, Janiane Mayra Sustentabilidade e qualidade: a influência das certificações ISO no valor das organizações brasileiras do ranking global 10 / por Janiane Mayra Valério. – 2020. 124 p.: il. color.; 30 cm. Orientação: Prof. M. Sc. Justino Sanson Wanderley da Nóbrega. 1. Engenharia de Produção. 2. Sustentabilidade. 3. Certificação. 4. Valor (Economia). 5. Controle de Qualidade Total. I. Nóbrega, Justino Sanson Wanderley da (Orientador). II. Universidade Veiga de Almeida. Graduação em Engenharia de Produção. III. Título iv Janiane Mayra Valério SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE A influência das certificações ISO no valor das organizações brasileiras do ranking Global 100 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Veiga de Almeida como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Produção. Aprovado em 16 de Junho de 2020. ____________________________________________ Justino Sanson Wanderley da Nóbrega, M.Sc. (Orientador) Universidade Veiga de Almeida ____________________________________________ Antônio Carlos Sarquis, M.Sc. Universidade Veiga de Almeida ____________________________________________ Lais Amaral Alves, M.Sc. Centro de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ v Dedico com muito amor à minha avó Marcelina Adelino (in memorian), que sempre será um exemplo de mulher forte e guerreira. vi AGRADECIMENTOS É chegado ao fim um ciclo de muito aprendizado, choro, risadas, felicidade e superação. Sendo assim, agradeço aos que fizeram parte desta etapa de minha vida: Agradeço inicialmente a Deus por ter me ter me dado saúde e força para superar as dificuldades e principalmente por ter iluminado meus caminhos. Agradeço à minha mãe Jaciran Cezário e madrinha Verusca Reis pelo amor, apoio e incentivo incondicional. Em especial aos meus amigos Deyci Souza e Matheus Mota por nunca me deixarem desistir, por me apoiarem, pela leal parceria até aqui e que em breve serão meus amigos de profissão. Aos familiares e a todos os colegas que conquistei nesses cinco anos de curso. Ao meu orientador Justino da Nóbrega, pelo suporte, correções e incentivos no pouco tempo que lhe coube, e a todo o corpo docente da Universidade Veiga de Almeida por todo o ensinamento e boa vontade em contribuir para o meu crescimento oportunizando a janela que hoje vislumbro. Por fim, sou eternamente grata a todos que, direta ou indiretamente, foram parte da minha formação e participaram dessa realização, deixando aqui o meu muito obrigado. Agradeço ao universo por ter me concedido essa oportunidade. vii “Aprender é uma coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.” (Leonardo da Vinci) viii RESUMO O cenário atual apesenta uma crescente preocupação acerca da concorrência austera entre empresas do mesmo segmento econômico, do impacto causado pelas mudanças do meio empresarial, da preocupação em manter-se no mercado e principalmente da necessidade de melhor atender o cliente. É necessário compreender os conceitos de sustentabilidade e qualidade, discutir suas abordagens técnicas e apresentar modelos alternativos de gestão responsável explorando a relação do homem com o meio ambiente. Exposto isso, este estudo partiu da necessidade de compreensão e entendimento da importância da sustentabilidade, através da definição e uso de indicadores e, relacioná-la, respeitando seus diferentes aspectos, à gestão da qualidade organizacional com foco no crescimento sustentável, certificando se a sustentabilidade e a qualidade são ou não uma fonte capaz de gerar retorno financeiro e de imagem (utilizando como métrica seu valor de mercado), para as organizações. Tendo por base a evolução das certificações ISO 9001, ISO 14001, ISO 26000 e ISO 45001 procurou- se analisar a importância que as empresas brasileiras atribuem à certificação de uma forma geral, se estas possuem relação entre si e agregam real valor às envolvidas. Os dados foram coletados nas Demonstrações Financeiras e Relatórios Administrativos Anuais das respectivas organizações brasileiras integrantes do ranking Global 100 da Corporate Knights. Com isso, concluiu-se que as certificações demonstraram influenciar a situação financeira das empresas, ainda que estas dependam de inúmeros fatores, sejam eles internos e ou externos. Palavras-Chave: Certificação, Sustentabilidade, Qualidade, Valor de Mercado. ix ABSTRACT The current scenario raises a growing concern about austere competition between companies in the same economic segment, the impact caused by changes in the business environment, the concern to remain in the market and especially the need to better serve the customer. It is necessary to understand the concepts of sustainability and quality, discuss their technical approaches and present alternative models of responsible management exploring the relationship between man and the environment. Having said that, this study started from the need to understand and understand the importance of sustainability, through the definition and use of the indicators and, relating it, respecting its different aspects, to the management of organizational quality with a focus on sustainable growth, making sure that sustainability and quality are or are not a source capable of generating financial and image return (using their market value as a metric) for organizations. Based on the evolution of ISO 9001, ISO 14001, ISO 26000 and ISO 45001 certifications, we sought to analyze the importance that Brazilian companies attach to certification in general, if they are related to each other and add real value to those involved. The data were collected in the Financial Statements and Annual Administrative Reports of the respective Brazilian organizations included in the Global 100 ranking of Corporate Knights. As a result, it was concluded that the certifications have been shown to influence the financial situation of the company, even though they depend on numerous factors, whether internal or external. Keywords: Certification, Sustainability, Quality, Market Value. x LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Dia da Sobrecarga 1970-2019_________________________ 25 Figura 2 - Fluxograma do tratamento dos dados___________________ 33 Figura 3 - Print da Página Periódicos Capes para pesquisa de publicações envolvendo os termos “sustainability” e “quality management” _____________________________________ 34 Figura 4 - Sustentabilidade e as suas dimensões __________________47 Figura 5 - Relação do Ciclo PDCA com a estrutura da norma ISO 14001:2015_______________________________________ 51 Figura 6 - Resumo dos conceitos, barreiras e motivadores relacionados à ISO 26000 ______________________________________ 54 Figura 7 - Logística Reversa __________________________________ 56 Figura 8 - Ondas da Gestão da Qualidade 60 Figura 9 - Modelo de Sistema de Gestão da Qualidade da ISO 9001:2015 63 Figura 10 - Diagrama de causa e efeito___________________________ 65 Figura 11 - Folha de verificação de um sistema de um item de controle de processo__________________________________________ 65 Figura 12 - Folha de verificação para a classificação de defeitos________ 66 Figura 13 - Gráfico de Pareto___________________________________ 66 Figura 14 - Histograma________________________________________ 67 Figura 15 - Diagrama de dispersão: correlação positiva (a), negativa (b) e inexistente (c)______________________________________ 68 Figura 16 - Ilustração dos gráficos da média e amplitude _____________ 68 Figura 17 - Print da Página SciELO para pesquisa de publicações envolvendo a expressão “indicadores de sustentabilidade” ___ 72 Figura 18 - Palavras-chave mais empregadas pelos autores ___________ 76 Figura 19 - Premiações do BB 2018 _____________________________ 87 Figura 20 - Benefícios para Gestão Ambiental Santander 2016 _________ 89 Figura 21 - Prêmios e reconhecimentos Santander 2019 90 Figura 22 - Certificações, prêmios e reconhecimentos CEMIG 2018 93 Figura 23 - Print do Website da ENGIE – Seção Sustentabilidade 95 xi LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Publicações envolvendo sustentabilidade e gestão da qualidade_______________________________________ 35 Gráfico 2 - Quantidade de artigos publicados por ano na base SciELO_ 75 Gráfico 3 - Percentual de artigos publicados por classificação Qualis- CAPES dos periódicos_____________________________ 81 Gráfico 4 - Quantidade de artigos publicados por área_____________ 82 Gráfico 5 - PL, LL e Rentabilidade do PL - Banco do Brasil__________ 105 Gráfico 6 - Lucro Líquido por Ação – Banco do Brasil______________ 105 Gráfico 7 - PL, LL e Rentabilidade do PL – CEMIG________________ 106 Gráfico 8 - Lucro Líquido por Ação – CEMIG_____________________ 107 Gráfico 9 - Valor de Mercado – CEMIG_________________________ 107 Gráfico 10 - PL, LL e Rentabilidade do PL-Natura Cosméticos________ 108 Gráfico 11 - Lucro Líquido por Ação – Natura Cosméticos____________ 109 xii LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação das ferramentas_______________________ 69 Tabela 2 - Principais finalidades das ferramentas da qualidade______ 70 Tabela 3 - Significado das palavras do 5S ______________________ 71 Tabela 4 - Leis que regem estudos bibliométricos_________________ 74 xiii LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Abordagens da qualidade ___________________________ 61 Quadro 2 - Classificação A Qualis-CAPES dos artigos conforme publicação_______________________________________ 78 Quadro 3 - Classificação B Qualis-CAPES dos artigos conforme publicação_______________________________________ 79 Quadro 4 - Classificação dos periódicos, conforme publicação, segundo Qualis-CAPES____________________________________ 83 Quadro 5 - Premiações, reconhecimentos e certificações BB 2019_____ 88 Quadro 6 - Resumo das certificações a serem consideradas__________ 98 Quadro 7 - Ano de certificação baseado em informações divulgadas pelas empresas___________________________________ 102 xiv LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ASQC – American Society of Quality Control – Sociedade Americana de Controle de Qualidade ASQ – American Society of Quality – Sociedade Americana de Qualidade BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências de Saúde BS – Barometer of Sustainability – Barômetro da Sustentabilidade CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEP – Controle Estatístico do Processo CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNUDS – Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável CNUMAD – Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento COP-13 – Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas COP-15 – Conferência Climática de Copenhagen Cp – Controle do Processo Cpk – Índice de Capacidade do Processo CQ – Controle de Qualidade CSCMP – Council of Suplly Chain Management Proffesionals – Conselho de Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos DS – Desenvolvimento Sustentável DS – Dashboard of Sustainability – Painel da Sustentabilidade DSR – Driving Force, State, Response – Força Dirigida, Estado, Resposta EFM – Ecological Footprint Method - Método da Pegada Ecológica EUA – Estados Unidos da América FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo GEE – Gases de Efeito Estufa GFN – Global Footprint Network GRI – Global Reporting Initiative HDI – Human Development Index - Índice de Desenvolvimento Humano IDH – Índice de Desenvolvimento Humano xv INMETRO – Instituto Navional de Meteorologia, Normalização e Qualidade Industrial ISO – International Organization Standardization – Organização Internacional de Padronozação JUSE – Japan Union of Scientists and Engineers União dos Cientistas e Engenheiros Japoneses KPI – Key Performance Indicator - Indicadores Chave de Desempenho LL – Lucro Líquido ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável OHSAS – Ocupational Health and Safety Assement Series – Série De Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional PDCA – Plan, Do, Check, Action – Planejar, Executar, Verificar, Agir PL – Patrimônio Líquido PNQ – Prêmio Nacional de Qualidade PNUMA – Programa Nacional das Nações Unidas para o Meio Ambiente PPL – Pessoas, Planeta, Lucro PSR – Pressure, State, Response – Pressão, Estado, Resposta P+L – Produção Mais Limpa RSC – Responsabilidade Social Corporativa RS – Responsabilidade Social SGA – Sistema de Gestão Ambiental SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade SciELO – Scientific Eletronic Library Online SIG – Sistemas Integrados de Gestão SMS – Saúde, Meio Ambiente e Segurança TBL – Triple Bottom Line – Tripé da Sustentabilidade TQC – Total Quality Control – Controle da Qualidade Total TQM – Total Quality Management – Gestão Da Qualidade Total UNEP – United Nations Enviroment Programe WCED – Word Commission on Environment an Development 3P – People, Planet, Profit – Pessoas, Planeta, Lucro xvi SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................. 18 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................... 18 1.2 PROBLEMA ..................................................................................................... 22 1.3 OBJETIVOS .................................................................................................... 26 1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................... 26 1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................ 26 1.3.3 Delimitação do Estudo .............................................................. 27 1.4 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 28 1.5 METODOLOGIA ..............................................................................................30 1.5.1 Quanto aos fins ......................................................................... 30 1.5.2 Quanto aos meios ..................................................................... 31 1.5.3 Universo e Amostra ................................................................... 32 1.5.4 Coleta de dados ........................................................................ 32 1.5.5 Tratamento dos dados .............................................................. 33 1.5.6 Limitações do método ............................................................... 33 1.6 BIBLIOMETRIA ............................................................................................... 34 1.8 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................ 36 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 37 2.1 SUSTENTABILIDADE ..................................................................................... 37 2.1.1 Desenvolvimento Sustentável ................................................... 40 2.1.2 Indicadores de desenvolvimento sustentável ............................ 42 2.1.3 Sustentabilidade sob a ótica do Triple Bottom Line .................. 46 2.1.4 Âmbito Normativo ...................................................................... 49 2.1.4.1 Norma de Gestão Ambiental ISO 14001 ............................. 50 2.1.4.2 Produção Mais Limpa (Cleaner Production) ....................... 52 2.1.4.3 Norma de Responsabilidade Social ISO 26000 .................. 53 2.1.5 Logística Reversa ..................................................................... 55 2.1.6 OSHAS 18001 e a nova ISO 45001 .......................................... 57 2.2 QUALIDADE .................................................................................................... 57 2.2.1 Abordagens da qualidade ......................................................... 61 xvii 2.2.2 ISO 9001:2015 .......................................................................... 62 2.2.2.1 Requisitos do sistema da qualidade ISO 9000:2015 .......... 62 2.2.4 Ferramentas da qualidade ........................................................ 64 DESENVOLVIMENTO .................................................................................. 72 3.1 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ...................................................... 72 3.2 EMPRESAS BRASILEIRAS E O RANKING GLOBAL 100 DA CORPORATE KNIGHTS .............................................................................................................. 82 3.2.1 Banco do Brasil S.A .................................................................. 84 3.2.2 Banco Santander Brasil S.A ...................................................... 88 3.2.3 CEMIG - Concessionária Estatal de Energia Elétrica de Minas Gerais.....................................................................................................................91 3.2.3 ENGIE Brasil Energia S.A ......................................................... 93 3.2.4 Natura Cosméticos S.A ............................................................. 95 3.3 CERTIFICAÇÕES ........................................................................................... 97 3.4 VARIAÇÕES FINANCEIRAS ......................................................................... 103 CONCLUSÃO ............................................................................................. 111 4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 111 4.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................. 112 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 114 18 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Uma das principais fontes de recursos dos processos produtivos das organizações é o meio ambiente, portanto o tema sustentabilidade vem sendo cada vez mais abordado na esfera empresarial, uma vez que existem crescentes dúvidas em relação ao futuro no que tange ao meio ambiente e a humanidade (PEREIRA, 2019). Scandelari et.al (2016) evidenciam que existe um impasse provocado pelo conflito entre desenvolvimento econômico e a proteção ao meio ambiente, sendo o grande desafio torná-lo sustentável. Grande parte das organizações estão convencidas de que a busca pela sustentabilidade é a chave para o progresso e em resposta à pressão sofrida pelo mercado, estas organizações empresariais começaram a desenvolver estratégias sustentáveis baseadas no Triple Bottom Line (TBL), buscando alcançar sucesso: ambiental, social e econômico (ROCHA; SEARCY; KARAPETROVIC, 2007; STREIMIKIENE; SIKSNELYTE, 2016). A teoria do TBL, no português Tripé da Sustentabilidade, foi desenvolvida na década de 90, conhecida pela sigla 3P: People (pessoas), Planet (planeta) e Profit (lucro) e surgiu de um estudo realizado por Elkington em 1994 (OLIVEIRA et.al, 2010). A qualidade possui o viés de item inseparável da sustentabilidade, já que esta vem a ser um fator determinante na tomada de decisão por um produto ou serviço. Preserva-se o foco no cliente, visto que está fortemente relacionada com a satisfação de suas necessidades e expectativas, porém considera os impactos desta relação com o meio ambiente (BORN, 2011). Lima et.al (2018) levantam, em seu estudo, que os consumidores estão alterando seus hábitos e seu comportamento, buscando cada vez mais, investir e adquirir produtos ou serviços que interfiram menos no aquecimento global, prejudiquem menos as terras agriculturáveis, causem menos desmatamento, menos poluição de corpos de d’água e utilizem menos recursos não renováveis, enfim, produtos que apresentem noções de sustentabilidade na produção e na logística, inclusive a reversa. 19 Uma abordagem sustentável do sistema de gestão da qualidade a partir da adoção de procedimentos sustentáveis permite que as organizações construam um grande diferencial em seu sistema permitindo que se tornem mais competitivas, reduzindo custos, fortalecendo a imagem dos negócios e dela mesma, melhorando a relação com os clientes além de deixar legados positivos para o planeta (HEPPER, 2015). A utilização de indicadores com foco e enfoque em sustentabilidade parece ser indispensável para que haja um maior controle sobre os processos de execução e para um sistema de gestão que atenda a requisitos especificados nas organizações, permitindo a otimização das atividades. A sustentabilidade tornou-se ponto de destaque para a qualidade dos processos e dos produtos das organizações, demandando que sejam desenvolvidas técnicas de mensuração, acompanhamento e controle focados na obtenção de resultados favoráveis à competitividade empresarial. Nidumolu, Prahalad e Rangaswani (2009), expõem estudo efetuado com trinta empresas norte americanas, destaques em seus ramos de atuação, definidas como grandes corporações, explicitando que a sustentabilidade é uma rica fonte de inovações tecnológicas e organizacionais capaz de gerar retorno considerável, financeiro e de imagem. De acordo com estes autores, uma empresa ambientalmente correta tende a ter custos menores, pois utiliza melhor e mais racional e eficientemente os insumos, além de gerar receita adicional por produtos melhores e novos negócios criados pela organização. Bellen (2006) apud Nidumolu, Prahalad e Rangswani (2009), ao observar os indicadores de desenvolvimento sustentável, afirma que “a emergência da temática ambiental está fortemente relacionada à falta de percepção da ligação existente entre ação humana e suas principais consequências [...]” o que força as empresas a mudar sua maneira de pensar sobre as tecnologias, os produtos, processos e modelos de negócios visando a busca pela sustentabilidade. De acordo com Kemerich,Ritter e Borba (2014), os indicadores de sustentabilidade precisam ser construídos a partir da realidade e dos problemas existentes em cada cenário organizacional, possibilitando uma visão de conjunto que viabilize compreender não só seus aspectos críticos assim como seu verdadeiro potencial com enfoque integrador para a consolidação de uma sociedade sustentável. 20 As primeiras abordagens sobre qualidade e meio ambiente tiveram maior força e apelo após a Segunda Guerra Mundial. Os indicadores ambientais começaram a ser desenvolvidos nos anos 80 por países europeus principalmente, entretanto, o marco foi a assinatura da Agenda 21, na qual representantes de 179 países afirmaram a necessidade de desenvolverem indicadores de desenvolvimento sustentável (DS), na Segunda Conferência da ONU Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que foi realizada no Rio de Janeiro em 1992, a ECO- 92 (BELLEN, 2003). O Relatório Brundtland, que recebeu o título de “Nosso Futuro Comum”, foi formulado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento das Organizações das Nações Unidas, definindo desenvolvimento sustentável como o atendimento das necessidades da geração atual sem o comprometimento da capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades (WCDE,1988). Tal definição é a que mais se difundiu pelo mundo abordando explicitamente dois conceitos chave de acordo com Bellen (2006). Para este autor, tem-se o conceito de necessidade, referindo-se às necessidades dos países mais subdesenvolvidos, e, a ideia de limitação imposta pelo estado da tecnologia e de organização social, para atender às necessidades do presente e do futuro. Desta forma, agregar conceitos de sustentabilidade aos de qualidade vem a ser um passo natural na gestão empresarial. A norma NBR ISO 9001:2015 define qualidade como “o grau que um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”, que nada mais é que satisfazer as expectativas e necessidades do cliente ou consumidor, que cada vez mais está preocupado com questões ambientais e geração de poluição e resíduos. A qualidade, enquanto referencial de mercado, permite que as empresas vejam seus níveis de eficiência aumentados assegurando sua sobrevivência mesmo quando inseridas em ambiente instável e mutante. Estas empresas, de acordo com Rodrigues e Costa (2013), têm na qualidade o elemento fundamental para a competitividade e a sustentabilidade e não somente um diferencial competitivo. A sustentabilidade e a qualidade são dois grandes pilares que regem a boa gestão empresarial. O presente estudo aborda a importância da sustentabilidade, pautada em indicadores de sustentabilidade, na gestão da qualidade nas organizações. A responsabilidade socioambiental pode ser traduzida por seus indicadores e seu uso 21 e implantação podem permitir uma melhor otimização e utilização dos recursos com foco total na qualidade. Relacionar estas duas vertentes importantes, Sustentabilidade e Qualidade, auxiliará na análise e compreensão da permanência das organizações, consideradas exemplos a serem seguidos, no mercado atual. Os benefícios e os resultados positivos, analisados sob o prisma de indicadores dos processos de gestão da qualidade nos processos, garantem maior eficácia e eficiência em longo prazo refletindo em melhoria dos resultados operacionais, graças a uma política de qualidade bem estruturada baseada em indicadores efetivos. Em uma empresa sustentável, todos saem ganhando, seguem os destaques para: os colaboradores, o proprietário, a comunidade, o planeta e as futuras gerações (RODRIGUES e COSTA, 2013). É necessário compreender os conceitos de sustentabilidade e qualidade, discutir suas abordagens técnicas e apresentar modelos alternativos de gestão responsável explorando a relação do homem com o meio ambiente. Discutir a sustentabilidade justifica-se pela necessidade de rever os impactos das atividades produtivas no modelo capitalista tradicional de exploração dos recursos naturais. Empresas e grupos sociais podem alcançar benefícios a partir da mudança de postura das organizações, com base na implantação de modelos de gestão sustentável e de responsabilidade socioambiental, conforme Quadros e Tavares (2014, p. 46) que mencionam: Diversos estudos apontam a sustentabilidade como peça fundamental da inovação. Reduzir a quantidade de matérias-primas usadas na produção ou repensar processos para eliminar o impacto ambiental de certas substâncias traduzindo-se, cada vez mais, em melhoria nos indicadores financeiros da empresa. Em um futuro próximo, as empresas que não adotarem práticas sustentáveis não conseguirão mais competir no mercado. Exposto isso, este estudo partiu da necessidade de compreensão e entendimento da importância da sustentabilidade, através da definição dos indicadores de sustentabilidade e, relacioná-la, respeitando seus diferentes aspectos, à gestão da qualidade organizacional com foco no crescimento sustentável, certificando se a sustentabilidade e a qualidade são ou não uma fonte capaz de gerar retorno financeiro e de imagem (corroborando utilizando como métrica seu valor de mercado), para as organizações. Tal ação visa que os 22 gestores, empresários e empreendedores não só compreendam a necessidade de assumir uma postura responsável nas suas relações com a sociedade, como inclusive possam avaliar os processos de mudança necessários à manutenção competitiva das suas organizações diante de um novo cenário de consciência econômica, social e ambiental. Em suma, evidenciar a existência da relação entre a Sustentabilidade e a Qualidade no que se refere a impactar em ampliação no valor das organizações diante do mercado. 1.2 PROBLEMA No Brasil e no mundo, empresas do mesmo ramo ou segmento econômico preocupam-se com questões relacionadas à melhoria de seus processos para o aumento da produtividade e a melhor conceituação de suas atividades frente ao mercado, com vistas à competitividade. Os indicadores de sustentabilidade são um ponto crucial que levam estas empresas a abrir vantagem competitiva frente às demais na corrida empresarial e tal ação é vista, pelos consumidores, como diferencial da qualidade do produto ou serviço oferecido (CARVALHO; GUEDES, 2018; WWF, 2018). De acordo com estudo realizado pelo SEBRAE (2016), 18,3% dos empresários acreditam que a falta de informações sobre sustentabilidade é a principal barreira para adotar ações sustentáveis na empresa. Em seguida, estão a dificuldade em encontrar parceiros para cooperação (16,6%) e o preço a pagar para adotar ações (11,2%). As organizações têm questionamentos e preocupações sobre a real necessidade de programar e implementar práticas sustentáveis, e assim, parte destas cogitam que não é tão imprescindível e até argumentam que essas ações demandam muitos esforços e recursos humanos e financeiros (SEBRAE, 2016; SPALENZA; AMARAL, 2018). Isso gera perda do market share, diminuição da lucratividade e até possível extinção da organização (SPALENZA; AMARAL, 2018). A oportunidade atrelada ao atual cenário é compreender que a mudança de mentalidade na forma de executar os processos operacionais, requer um grande esforço por parte dos colaboradores e dos gestores destas organizações. Ações em 23 sinergia visando à melhoria contínua organizacional nas três esferas de atuação: estratégica, tática e operacional, trarão consequências satisfatórias. Programar e implementar práticas sustentáveis tende a trazer resultados a médio e longo prazo, esta implementação requer tempo e por esse motivo, é preciso entender a importância dos indicadores de sustentabilidade e confiar que tal implementação gerará frutos e benefícios que só serão colhidos no futuro caso as ações sejam implementadas de modo imediato. Otimizar os recursos, ou seja,produzir gastando menos, diminuir o desperdício, conscientizar os colaboradores e a alta gestão possibilita que as empresas entrem em sintonia com a sociedade, que cada vez mais exige a participação ativa das instituições, optando por empresas com as quais está disposta a fechar negócio com base em valores como a responsabilidade ambiental, que considera cruciais. Não é tão simples concluir o processo de implementação de práticas sustentáveis e pode sim ser difícil projetar possíveis resultados, todavia para isso é primordial entender a importância e como incitar ideias que proponham soluções relacionadas à sustentabilidade e como aplicá-las com foco na obtenção de vantagem competitiva através da qualidade. A sustentabilidade empresarial se equilibra em três pilares: o social, o econômico e o ambiental. Sendo assim as organizações devem buscar o bem-estar social, a viabilidade financeira e trabalhar para a conservação do planeta. Infelizmente, muitas empresas estão preocupadas apenas em obter lucro. Verifica-se o descaso com o meio ambiente e a sociedade através de notícias que são recebidas diariamente em todos os lugares do mundo por diferentes meios de comunicação, independente do segmento da organização, do fato de o país ser desenvolvido ou subdesenvolvido, do nível educacional e renda familiar dos atores envolvidos. É triste a realidade em que toda a sociedade vive e toda e quaisquer atitudes e ações tomadas com o objetivo de modificar esse quadro, tende a trazer benefícios ao meio ambiente que está suplicando por socorro. Dentro deste processo estão os colaboradores, fornecedores, acionistas e o proprietário, porém, fora estão a comunidade, agências reguladoras governamentais, instituições públicas de fomento/desenvolvimento, instituições privadas e/ou mistas de crédito/financiamento, associações, federações e confederações empresariais ligadas à indústria, sindicatos e federações, ou 24 confederações de trabalhadores, associação de consumidores, agências e organismos públicos de defesa dos direitos do consumidor, associações comunitárias, associações de moradores, sem esquecer o planeta e as futuras gerações. Os riscos atuais caracterizam-se por ter consequências, em geral de alta gravidade, desconhecidas em longo prazo e que não podem ser avaliadas com precisão dependendo do nicho de atividade da organização. O WWF- Brasil, uma organização que trabalha em defesa da vida com o propósito de mudar a atual trajetória de degradação socioambiental, relatou que o crescimento do padrão mundial de consumo e da população irá dobrar a demanda mundial por recursos naturais e alimentos. Em 1961, quando foi fundado, a sigla WWF significava “World Wildlife Fund” e foi traduzido como “Fundo Mundial da Natureza” em português. No entanto, com o crescimento da organização ao redor do planeta nas décadas seguintes, a atuação da instituição mudou de foco e as letras passaram a simbolizar o trabalho de conservação da organização de maneira mais ampla. Com isso, a sigla ganhou sua segunda tradução: "World Wide Fund For Nature" ou “Fundo Mundial para a Natureza” (WWF-Brasil, 2018). É preciso muita atenção e ação, pois no ano de 2019, a entidade internacional Global Footprint Network (GFN), organização pioneira no cálculo da Pegada Ecológica, realizado desde 1986, divulgou o chamado Dia da Sobrecarga que marca a data a partir da qual o consumo de recursos naturais ultrapassa a capacidade de regeneração dos ecossistemas para o ano. Neste cálculo, a instituição revelou que o planeta entrou em déficit, ou seja, no vermelho. A população mundial já consumiu todos os recursos naturais (água, terra, ar limpo) que o planeta oferece, além da capacidade de regeneração dos ecossistemas. Esse dia chegou dois meses antes quando comparado a 20 anos atrás, e de acordo com a instituição, se adianta a cada ano no calendário, o que é alarmante. Atualmente, é exercida uma procura 1.75 vezes superior à capacidade de regeneração dos ecossistemas, ou seja, atualmente a humanidade usa os recursos equivalentes de 1.75 planetas Terra como apresentado na Figura 1. 25 Figura 1 – Dia da Sobrecarga 1970-2019. Fonte: Global Footprint Network (2019). A proposta é entender a importância da sustentabilidade, através de seus indicadores, e relacioná-la à gestão da qualidade organizacional com foco no crescimento sustentável diante de um novo cenário de consciência econômica, social e ambiental. Portanto, emerge a seguinte questão de pesquisa motivadora deste estudo: Existe ampliação do valor de mercado das empresas brasileiras catalogadas no ranking Global 100, ano referência 2020, da revista Corporate Knights que possuem certificações socioambientais (ISO 14001, ISO 26000 e ISO 45001) e/ou certificações de qualidade (ISO 9001)? O aumento do número de empresas certificadas no Brasil e no Mundo tem demonstrado que as certificações são cada vez mais encaradas como objetivos estratégicos. Ao aderir as certificações socioambientais e de qualidade pode-se, ou não, afirmar que estas geram maior competitividade, aumento da quota de mercado ou simplesmente a melhoria da imagem organizacional. Tendo por base a evolução das certificações ISO 9001, ISO 14001, ISO 26000 e ISO 45001 procurou-se analisar a importância que as empresas brasileiras atribuem à certificação de uma forma geral, se estas possuem relação entre si e agregam real valor às envolvidas. 26 A fim de ajustar os rumos que as empresas vêm tomando em relação à sua interação com o meio ambiente natural, busca-se de fato, evidenciar que aplicar sistemas de indicadores ou ferramentas de sustentabilidade, na busca pela melhoria contínua nos serviços e produtos para melhor enfrentar a competitividade do mercado, está diretamente relacionada com a gestão da qualidade empresarial e a consequente valorização do valor de tais empresas no mercado, culminando em retorno financeiro e de imagem. O desenvolvimento sustentável pode ser definido e operacionalizado para que seja utilizado como ferramenta da qualidade. Evidenciar se as empresas que possuem certificações de sustentabilidade possuem em conseguintes certificações de qualidade e se tal critério atua na ampliação de seus valores de mercado. 1.3 OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo verificar se existe ampliação do valor de mercado das empresas brasileiras catalogadas no ranking Global 100 2020, da revista Corporate Knights, que possuem certificações socioambientais e/ou certificações de qualidade. 1.3.1 Objetivo Geral Tomando como base o cenário até aqui apresentado, o cerne deste estudo é identificar o conceito e a importância da sustentabilidade, através do uso de indicadores e relacioná-la à gestão da qualidade organizacional, verificando a existência de evidências de relação e associação entre a Sustentabilidade, a Qualidade e o Valor de mercado. 1.3.2 Objetivos Específicos Dentre os objetivos específicos destacam-se: ⎯ Verificar a importância dos indicadores de sustentabilidade; 27 ⎯ Demonstrar a existência da relação entre a sustentabilidade e o desempenho de sistemas de gestão da qualidade das empresas brasileiras catalogadas no ranking Global 100 2020 da revista Corporate Knights, que lista as 100 empresas mais sustentáveis do mundo; ⎯ Analisar as vantagens e desvantagens desta relação, se esta existir; ⎯ Identificar, através da verificação da existência de certificações socioambientais e certificações de qualidade, se tais dimensões são convergentes para a ampliação do valor de tais organizações no mercado. 1.3.3 Delimitação do Estudo O estudo, ora em projeto, delimita-se a promover uma análise sobre a importância da sustentabilidade, através de seus indicadores, na gestão da qualidade nas organizações brasileiras, demodo a evidenciar a relação entre as duas variáveis/dimensões, qualidade e sustentabilidade. Essa amostra contempla as empresas brasileiras catalogadas no ranking Global 2020, das 100 empresas mais sustentáveis do mundo, da revista canadense Corporate Knights, e verifica-se a existência de certificações socioambientais e/ou de qualidade e se tais são convergentes para a ampliação do valor de mercado destas organizações. Tal objetivo será alcançado através da discussão de abordagens, respeitando os diferentes aspectos. O índice Global 100 é gerenciado pela empresa canadense Corporate Knights, ligada ao mercado editorial, e utiliza uma variedade de diferentes fontes de informação para formar o indicador Global 100. O universo de partida para o projeto é determinado usando os dados encontrados em declarações de empresas financeiras, relatórios de sustentabilidade, Bloomberg (empresa de tecnologia e dados para o mercado financeiro e agência de notícias operacionais em todo o mundo com sede em Nova York) e outras fontes de terceiros. Como uma primeira amostra, eliminam-se todas as empresas que não divulgam pelo menos 75% dos “indicadores prioritários” em seu respectivo grupo da indústria para o ano de desempenho. 28 O modelo de pesquisa é composto por 21 Key Performance Indicator (KPI), no português indicadores-chave de desempenho. As empresas só são pontuadas nos KPI prioritários para seus respectivos grupos industriais. Para a elaboração do ranking os especialistas consideram 21 KPI como: gestão financeira, de pessoal e de recursos; receita obtida de serviços/produtos com benefícios ambientais e/ou sociais; desempenho da cadeia de fornecedores, dentre outros (CORPORATE KNIGHTS, 2020). 1.4 JUSTIFICATIVA Explorar a relação do homem com o meio ambiente a partir da tomada de consciência a respeito da crise ambiental é de suma importância. O conceito de sustentabilidade cada vez mais vem sendo abordado com enfoques mercadológicos e econômico-sociais, uma preocupação essencial considerada pelas empresas para corresponder às expectativas da sociedade de um modo geral. Atuando com base em preceitos de sustentabilidade, as empresas podem contribuir para a exploração mais consciente dos recursos naturais, evitando a escassez dos mesmos e contribuindo inclusive para a redução dos impactos ambientais da atividade produtiva. Assim, a própria sobrevivência das populações do globo pode ser menos ameaçada. A produtividade e a qualidade de uma empresa são medidas através de indicadores com o foco em utilizar os recursos disponíveis de maneira adequada e verificar a capacidade da empresa em atender às expectativas dos clientes, respectivamente (SEBRAE, 2015). Os indicadores de produtividade estão relacionados à eficiência, pois tratam da utilização e dos processos dos recursos para a geração de produtos e serviços, enquanto que os indicadores da qualidade estão vinculados diretamente ao conceito de eficácia, que nada mais é que a maneira como o produto é percebido pelo cliente conforme os seus requisitos. A utilização de indicadores de sustentabilidade e a consequente mudança de postura nas empresas que aderem viés sustentável vêm ganhando espaço nos planos de gestão da qualidade das organizações e pode diagnosticar, dentro de um processo, as interferências ambientais, a fim de valorizar o ciclo produtivo e diminuir impactos nos processos produtivos através da busca por alternativas que levem em 29 conta o equilíbrio de novas filosofias e propostas de abordagem referentes ao tema. (CASTRO et.al, 2016) No âmbito profissional, existe a necessidade de que a capacidade produtiva se torne mais eficiente no uso dos recursos naturais, com isso através de um monitoramento rigoroso, um controle adequado e uma análise correta dos itens utilizados como indicadores nos processos, este trabalho pode beneficiar as empresas representando como melhorias o aumento de produtividade, melhor organização, a diminuição de custos e desperdícios e a possível ampliação de seu valor no mercado. É necessário, por conseguinte integrar as dimensões da sustentabilidade na empresa e ao longo da cadeia produtiva para que o negócio se mantenha e se perpetue, resultando em mais qualidade oferecida ao mercado e mais competitividade dentro do segmento empresarial. A sustentabilidade é essencial para a permanência da vida, de negócios e de ganhos no mercado, e para atuar de maneira competitiva em mercados com concorrência cada vez mais acirrada, as empresas precisam coordenar os esforços com bases em preceitos de sustentabilidade. Em relação aos ganhos à sociedade, que são expressivos, destacam-se o fato de os colaboradores encontrarem um bom ambiente de trabalho, a comunidade que se desenvolve no entorno da organização sustentável, o planeta que é preservado e os recursos naturais são que disponibilizados com qualidade e as futuras gerações que encontram um ambiente equilibrado. Evidenciar para a sociedade a importância de adquirir produtos e serviços de empresas que possuem o viés de responsabilidade socioambiental mostrando que tal viés está diretamente associado à qualidade dos produtos e serviços por esta oferecidos. A comunidade científica leva como legado o conhecimento agregado, que esse trabalho possa servir de base para futuros estudos relacionados métodos voltados à aplicação da sustentabilidade como medida estratégica na implementação de sistemas de gestão da qualidade com foco em ampliação do valor de mercado das organizações. Tal assunto pode ser útil para integrantes de todos os níveis do meio acadêmico que buscam verificar e discutir acerca da relação entre sustentabilidade e qualidade, da importância dos indicadores de 30 sustentabilidade e da possível ampliação do valor de mercado ao se assumir tais práticas. Como justificativa pessoal, o objeto do estudo será de suma importância para integrar valores e possibilitar trazer o futuro para o presente, levando ao conhecimento de que é possível realizar nossos sonhos hoje sem comprometer os sonhos daqueles que ainda nem nasceram. Muitos não querem tratar do assunto, têm dificuldade de pensar no futuro, mas para a autora é uma grande questão que precisa ser resolvida. É preciso reinventar, criar uma nova consciência, pois o investimento é medido em longo prazo e para isso é preciso ter um começo. 1.5 METODOLOGIA A metodologia fundamenta-se no estudo dos métodos e suas limitações. Avaliam-se as técnicas de pesquisa que possam conduzir a elaboração de novos métodos, de como processar e fornecer informações em meio investigativo (BARROS; LEFHELD, 2007). Tem como principal objetivo esclarecer tudo o que foi feito durante a elaboração do estudo, bem como os instrumentos utilizados, seus métodos, os atores envolvidos, dentre outros (MASCARENHAS, 2012). Para classificação da pesquisa, toma-se como base a taxionomia de Vergara (2016), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios. 1.5.1 Quanto aos fins De acordo com Perovano (2016), o objetivo da definição do tipo de estudo é poder estabelecer as estratégias que serão utilizadas e que poderão ser desenvolvidas na pesquisa e apontarão o nível científico sobre o tema em questão. Quanto aos fins, a pesquisa apresentada é descritiva, explicativa e aplicada. Para Vergara (2016) tais pesquisas denominam-se conforme as definições a seguir: Pesquisa descritiva é aquela que expõe características claras de uma determinada população ou fenômeno, que podem ainda 31 estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza, envolvendo técnicas padronizadas e bem estruturadas de coleta de seus dados. Pesquisa explicativa tem como principal objetivo tornar as ações estudadas em algo inteligível, como dados de fácil compreensão, justificandoe explicando os seus principais motivos, esclarecendo quais fatores contribuem para a ocorrência de determinado fenômeno. Pesquisa aplicada é aquela motivada pela necessidade de resolver problemas que já existem na prática, de forma imediata ou não, tem, portanto, finalidade prática. Sendo assim, o trabalho em questão é de caráter descritivo e explicativo visto que descreverá a importância dos indicadores de sustentabilidade e a relação destes com a gestão da qualidade dentro das organizações e aplicado, uma vez que é motivado pela necessidade de resolver um problema que já existe. Esse trabalho serve de instrumento para empresas que visam sustentabilidade como diferencial de qualidade e notória elevação de valor frente ao mercado e buscam por um estudo introdutório que evidencie a relação entre sustentabilidade e qualidade nesse viés. Além de ser um legado para o universo acadêmico e para os próximos estudos que almejam realizar um aprofundamento do tema em questão. 1.5.2 Quanto aos meios Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado que ocorre a partir da tentativa de resolver problemas baseando-se a partir de informações advindas de material gráfico, sonoro e informatizado: literatura, revistas, jornais, redes eletrônicas, ou seja, materiais onde o público em geral tem facilidade no acesso a essas informações (BARROS; LEHFELD, 2007 e VERGARA, 2016). Desta forma, este trabalho caracteriza-se por realizar pesquisa bibliográfica, pois é elaborado a partir da revisão literária, incluindo livros, artigos e teses relacionados ao tema. Para a fundamentação teórico-metodológica será realizada 32 investigação sobre os seguintes assuntos: indicadores de sustentabilidade, sustentabilidade, qualidade, existência de certificações socioambiental e de qualidade e valor de mercado (considerando indicadores) das organizações em questão para o estudo. 1.5.3 Universo e Amostra Vergara (2016) define população como conjunto de elementos, no caso deste estudo empresas, que possuem as características que serão objeto de estudo e define ainda População amostral ou Amostra como parte do universo (população) escolhida segundo algum critério de representatividade. O Universo de estudo engloba a importância dos indicadores de sustentabilidade na gestão da qualidade das organizações de forma a evidenciar a relação entre a sustentabilidade e o desempenho de sistemas de gestão da qualidade com viés de ampliar valor de mercado. Para seleção das Amostras, foram selecionadas as empresas brasileiras catalogadas no ranking 2020 da revista Corporate Knights, que lista as 100 empresas mais sustentáveis do mundo. 1.5.4 Coleta de dados Os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica a fim de sustentar e justificar os conceitos de indicadores de sustentabilidade, sustentabilidade e qualidade. Foram levantados a partir da análise dos Relatórios Anuais e Demonstrações Financeiras das respectivas organizações e a partir da revisão da literatura na base SciELO em que, direta ou indiretamente, contemplem dados pertinentes a assuntos relacionados ao tema através de livros, revistas especializadas, artigos, anais de congresso, teses, dissertações, jornais e internet. As pesquisas bibliográficas justificam-se, à medida que contribuem para maior compreensão do fenômeno da possível relação de empresas que possuem certificações socioambientais e/ou de qualidade e sua ampliação de valor no mercado. 33 1.5.5 Tratamento dos dados Os dados são tratados de forma qualitativa e de acordo com os objetivos estabelecidos para este estudo será elencada a importância da sustentabilidade, considerando sua dimensão através de indicadores de sustentabilidade, analisar a existência da possível relação entre a sustentabilidade e o desempenho dos sistemas de gestão da qualidade das empresas brasileiras catalogadas no ranking 2020 Global 100; verificar, caso exista, as vantagens e desvantagens da relação entre a sustentabilidade e os sistemas de gestão da qualidade a partir verificação da existência de certificações das empresas em questão evidenciando se tais dimensões, sustentabilidade e qualidade, são convergentes para a ampliação do valor destas organizações no mercado. A Figura 2 ilustra o fluxograma do processo de tratamento dos dados. Figura 2 – Fluxograma do tratamento dos dados. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). 1.5.6 Limitações do método O método escolhido para o estudo apresenta certas limitações que serão apresentadas a seguir: 34 ⎯ A delimitação da abrangência da pesquisa às empresas brasileiras catalogadas no ranking Global 100 2020 deixando à parte outras empresas importantes e tradicionais em função do tempo disponível e da importância a nível mundial que tal Relatório possui, não permite generalização das conclusões extraídas do estudo. ⎯ Dados das empresas serão coletados por meio de bases de pesquisa à internet e órgãos responsáveis pelas certificações. 1.6 BIBLIOMETRIA A bibliometria é uma importante ferramenta que possibilita analisar como está a produção intelectual sobre um determinado tema ou assunto. De acordo com pesquisa realizada nos periódicos CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), a varredura foi feita a partir de dissertações, teses e artigos que abordam “Sustentabilidade” e “Gestão da Qualidade” e contemplou o período de 1980 até 2019. Conforme evidenciado na Figura 3, foram utilizadas, em inglês, as palavras- chave “Sustainability” e “Quality management”, pois a quantidade de documentos é maior neste idioma, o que facilitou a busca e a posterior análise. Figura 3 - Print da Página Periódicos Capes para pesquisa de publicações envolvendo os termos “sustainability” e “quality management” Fonte: Periódicos CAPES (2020). 35 No Gráfico 1 é possível observar a evolução do número de publicações envolvendo os temas sustentabilidade e gestão da qualidade que ocorreram entre 1980 e 2019 a partir de consulta realizada na base de dados Periódicos CAPES. Gráfico 1 - Publicações envolvendo sustentabilidade e gestão da qualidade. Fonte: Elaborado pela Autora a partir dos dados Periódicos CAPES (2020). As primeiras abordagens sobre o tema tiveram início a partir de 1991, após a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento definirem Desenvolvimento Sustentável. Nos anos seguintes ocorreram expressivos aumentos, destacando-se os que aconteceram após 2000, 2005 e 2010. Em 2015 as publicações reduziram significativamente em 7,79%, porém, nos anos subsequentes, ocorreu uma valorização de enfoque do tema que permaneceu em uma crescente evolução até o ano de 2018. Em 2019 houve uma queda nas publicações de 6,27%. Com isso pode-se verificar a relevância da Sustentabilidade diretamente relacionada à Gestão da Qualidade dentro das empresas. A cada ano o número de publicações aumenta evidenciando que o assunto visa garantir vantagem competitiva no atual cenário de globalização em que a concorrência está cada vez mais acirrada. 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 36 1.8 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho será apresentado em quatro capítulos, conforme descrição a seguir: O capítulo 1 contempla introdução, objetivos geral e específicos, justificativa, delimitação do estudo em questão. Descreve metodologia aplicada e as partes que a compõem, sendo o tipo de pesquisa aplicado, o universo e a amostra selecionada. Aborda o tratamento e a análise dos dados coletados, assim como as limitações no método aplicado. Por fim, tem-se a bibliometria para justificar a relevância do assunto e a estrutura de apresentação do trabalho. No capítulo 2 é apresentada a fundamentação teórica acerca do trabalho proposto, que é compostapor referencial teórico e definição dos métodos e das ferramentas incluindo conceitos referentes à sua abordagem. O capítulo 3 descreve identificação, verificação e posterior discussão sobre o tema, tratando em suma do desenvolvimento dos objetivos específicos. No capítulo 4 são apresentadas as considerações finais e propostas para futuros trabalhos. 37 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para legitimar este conteúdo e trazer uma melhor compreensão sobre o papel dos temas abordados neste estudo analisam-se a Sustentabilidade e a Qualidade relacionando-as com o objetivo desta pesquisa. Composta por referencial teórico que abrange de forma clara uma visão histórica da trajetória da Sustentabilidade e contempla ainda o desenvolvimento sustentável, seus indicadores, o tripé da sustentabilidade, a ISO 14001:2015, Produção Mais Limpa (lean production), ISO 26000, OSHAS 18001 e a nova ISO 45001 e Logística Reversa. Com o viés complementar aos temas abordados neste estudo, este referencial teórico abrange ainda uma visão histórica da trajetória da Qualidade, a ISO 9001:2015 e discorre sobre as ferramentas da qualidade. 2.1 SUSTENTABILIDADE Para se atentar à relevância de Sustentabilidade precisa-se permear um pouco pelo passado através de uma visão histórica da trajetória buscando interpretar conceito e evolução desta área, para o consenso da percepção de sobrevivência da organização, que de acordo com a WCED (1988) é preciso sobreviver sem comprometer as futuras gerações. A discussão sobre o desenvolvimento sustentável vem de longa data, pois em suas várias dimensões o tema tem sido abordado sob diferentes aspectos e com conotações distintas (BARBIERI, 2004; SEIFFERT, 2005). O primeiro encontro ocorreu na Suécia em 1972 com a Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo. Pode-se mencionar que a preocupação ambiental foi primeiramente abordada pelo Clube de Roma, um órgão colegiado liderado por empresários que, por meio da publicação intitulada “Limites do Crescimento”, contemplou em termos trágicos o futuro mundial caso a sociedade mantivesse os padrões de produção e consumo vigentes à época (MEADOWS et.al, 1972). Deste encontro surgiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). No ano de 1983 reuniu-se, a pedido do secretário-geral das Nações Unidas, Javier Pérez de Cuéllar (Peru) – 1982/1991, a Comissão Mundial sobre o Meio 38 Ambiente e Desenvolvimento para avaliar os avanços dos processos de degradação ambiental e a eficácia das políticas ambientais para enfrentá-los. Este evento teve como ponto alto a publicação do Relatório de Brundtland, que recebeu este nome em homenagem à Gro Harlem Brundtland, ex-primeira ministra da Noruega (AMATO NETO, 2011; ONU, 2020). Em 1987 ocorreu novo encontro, que gerou um documento intitulado Protocolo de Montreal, também conhecido como o relatório “Nosso futuro comum” (WECD,1988), o qual foi responsável por disseminar o conceito de desenvolvimento sustentável, definido como aquele que atende às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas (WILKINSON; HILL; GOLLAN, 2001). Este evento reuniu um número expressivo de países (180 nações), que se comprometeram com as metas de redução da produção de gases causadores do estreitamento da camada de ozônio (BELLEN, 2003). Já em 1992, tem-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como ECO-92, na cidade do Rio de Janeiro. Nesta conferência estabeleceu-se a Agenda 21 – Agenda de Desenvolvimento Sustentável, assinada por 179 países. A ECO-92 reforçou a necessidade de a sociedade como um todo engendrar o desenvolvimento sustentável, cuja base está alicerçada em mudanças paradigmáticas no modo de conceber e implementar ações econômicas, políticas e sociais que considerem os impactos dessas atividades sobre o meio ambiente (SEIFFERT; LOCH, 2005). Um dos mais importantes eventos internacionais para se discutirem as perspectivas das nações em relação aos problemas ambientais globais foi o Protocolo de Kyoto, no Japão, em 1997. Neste encontro estabeleceu-se o protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa e o esforço necessário para se evitar o aquecimento global. Após longa discussão e negociação entre os representantes dos países participantes, foi aberto para assinaturas em 11 de dezembro de 1997 e ratificado em 15 de março de 1999 entrando em vigor em 2005 (LEFF, 2015). No ano de 2000, líderes mundiais reuniram-se na sede das Nações Unidas em Nova Iorque para estabelecer uma agenda de compromissos mínimos pela humanidade e definir uma visão abrangente para combater a pobreza nas suas 39 várias dimensões, a fome, doenças transmissíveis e evitáveis, a desigualdade de gênero, a destruição do meio ambiente e as condições precárias de vida. Essa visão foi traduzida em Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e foi, nos últimos 15 anos, o quadro de desenvolvimento dominante para o mundo (IPEA; SPI, 2014; ONU, 2016). No ano de 2002 ocorreu o encontro Rio +10, Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo, África do Sul. Este encontro teve por objetivo principal checar se os objetivos da Agenda 21 estavam sendo alcançados (BELLEN, 2006). Posteriormente, em 2007, aconteceu a Conferência de Bali – Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-13), envolvendo 187 países, que ratificaram seus compromissos com a redução dos gases-estufa até 2050. O encontro de Bangkok em 2008 foi o evento que serviu primordialmente para preparar as negociações de um novo tratado internacional para o período pós- Kyoto, a partir de 2012, com vistas à redução das emissões de gases-estufa entre 25% e 40% (em relação aos níveis de 1990). Já em 2009 ocorreu a Conferência Climática de Copenhagen, capital da Dinamarca (COP-15). O encontro foi considerado o mais importante da história recente dos acordos multilaterais ambientais, pois teve por objetivo estabelecer o tratado que substituiria o Protocolo de Kyoto, vigente de 2008 a 2012. Neste evento foram debatidas questões como o impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para se estabelecerem metas de redução de emissões e as bases para um esforço global de mitigação e adaptação. Cabe destacar, ainda, que essa conferência foi marcada pela chegada de Barack Obama ao poder nos Estados Unidos, prometendo uma nova postura dos EUA face às questões ambientais (AMATO NETO, 2011). Em 2011 ocorreu a 16ª Conferência sobre as Mudanças Climáticas, ou Cimeira de Cancun, México. Essa conferência ocorreu após o fracasso verificado em 2009 na COP-15, onde a presença de mais de 150 chefes de Estado e Governo não foi suficiente para se chegar a um entendimento sobre a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). A conferência de 2009 resultou apenas em um acordo mínimo, concluído e assinado às pressas por 20 chefes de Estado que se comprometeram a limitar, de maneira voluntária, o aquecimento global a dois graus 40 Celsius sem, contudo, especificarem os meios para atingir essa meta (BELLEN, 2003). A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), no Rio de Janeiro, em 2012 conhecida como Rio +20, teve como foco a renovação do compromisso sobre o desenvolvimento sustentável formalizado em diversos países em conferências anteriores. Dessa conferência surgiu o documento intitulado The future we Want, com foco principalmente nas questões da utilização de recursos naturais, e em questões sociais como a falta de moradia (UNSCD, 2012). Com o fim da vigência da Declaração do Milênio das Nações Unidas foi elaborada uma agenda pós-2015 para o desenvolvimento sustentável,tendo em vista a continuidade das ações para avanço em todos os níveis. O plano de ações intitulado “Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, com vistas ao cumprimento em 2030, possui dezessete objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e 169 metas sendo “integradas e indivisíveis, e mesclam de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental” (ONU, 2016). 2.1.1 Desenvolvimento Sustentável Para Amato Neto (2011), o tema sustentabilidade faz parte de uma significativa parcela da agenda de chefes de estado, de estratégias corporativas de grandes empresas no Brasil e no mundo e vem ocupando espaços cada vez mais importantes na mídia, nos meios empresariais, no debate acadêmico e em muitas outras esferas de discussão da sociedade mundial. De acordo com Sachs (1993 p. 23), A sustentabilidade ambiental pode ser alcançada por meio da intensificação do uso dos recursos potenciais [...] para propósitos socialmente válidos; da limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos facilmente esgotáveis ou ambientalmente prejudiciais, substituindo-se por recursos ou produtos renováveis e/ou abundantes e ambientalmente inofensivos; redução do volume de resíduos e de poluição...; intensificação da pesquisa de tecnologias limpas. 41 O conceito de sustentabilidade é bastante amplo e integra a parte econômica (capital, vendas, custo, rentabilidade, taxa de retorno), social (trabalho, oportunidade, dignidade, saúde e segurança, ergonomia) e ambiental (terreno, materiais, destino dos efluentes, resíduos, conforto, qualidade do ar). Tais partes precisam ser analisadas de maneira integrada, pois a garantia do desenvolvimento sustentável para preservação do patrimônio natural depende de um desenvolvimento econômico e social pleno, em que a busca por alternativas deve buscar equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais e a geração de resíduos (KAZAZIAN, 2005; AGOPYAN et.al, 2011). O termo Desenvolvimento Sustentável manifestou-se nas últimas décadas do século XX para tornar inteligível ideias e preocupações advindas dos graves problemas que ocasionam riscos às condições de vida no planeta. Bellen (2003) sustenta que o conceito de desenvolvimento sustentável resulta de um processo histórico relativamente longo que inclui a reavaliação crítica da relação entre a sociedade civil e seu meio natural e ainda que a noção de desenvolvimento sustentável tem sua origem mais remota no debate acerca do conceito de desenvolvimento, quando da sua relação ao crescimento. Alguns pontos importantes na discussão dos riscos do crescimento contínuo foram: o relatório sobre os limites do crescimento, publicado em 1972 pelo Clube de Roma; o surgimento do conceito de eco desenvolvimento que abrange as questões sociais, econômicas, culturais, políticas e ambientais, formulada por intelectuais como Sachs, Leff e Strong, em 1973; a declaração de Cocoyok, em 1974; o relatório da Fundação Dag-Hammarkskjöld, em 1975, e finalmente a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, no Rio de Janeiro (BELLEN, 2003; LEFF, 2005; SILVA, 2018). O conceito de DS é relativamente recente e surgiu inicialmente com o nome de Eco desenvolvimento na década de 1970 (SACHS, 2009), este conceito demonstra pontos básicos que devem considerar, de maneira harmônica, o crescimento econômico, uma maior percepção com impactos sociais decorrentes e o equilíbrio ecológico na utilização dos recursos naturais (MEYER, 2000). Vizeu, Meneghetti e Seifert (2012, p. 580) propõem a uma reflexão ao conceito de desenvolvimento sustentável: 42 Baseada na teoria tradicional, a proposta de desenvolvimento sustentável apresenta-se também como concepção aparente, que mascara as contradições da relação dialética destruição/sustentabilidade: a sustentabilidade torna-se cada vez mais importante na medida em que a destruição econômica e da natureza se intensificam. É por esse movimento dialético que não teve sentido a concepção de sustentabilidade em contextos históricos em que a destruição econômica e da natureza não se faziam presentes. Para Barbieri e Silva (2011), existe um entendimento de que o termo desenvolvimento sustentável vem sendo substituído por sustentabilidade. É necessário esclarecer que a sustentabilidade foca a responsabilidade das organizações e seus impactos ambientais, sociais e econômicos, com vistas em identificar práticas capazes de prejudicar, nessas dimensões, e propor melhorias para o bem-estar das comunidades e para a manutenção dos ecossistemas (AHMIĆ; ŠUNJE; KURTIĆ, 2016). O “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). 2.1.2 Indicadores de desenvolvimento sustentável Indicador é um termo originário do latim indicare, que significa descobrir, estimar, apontar, anunciar (HAMMOND et.al, 1995; MEIRA, 2009). A partir da ação de medirmos o que nos preocupa e de nos preocuparmos com o que podemos medir, geramos valores (MEADOWS, 1998), que são instrumentos dinâmicos importantes na construção e consolidação de juízos sobre condições de um sistema, seja ele passado, atual ou futuro possibilitando construir trajetórias possíveis (QUIROGA, 2001; ARAUJO, FERNANDES e RAUEN, 2015). No contexto da sustentabilidade, Quiroga (2001) divide indicadores em três gerações: indicadores ambientais a partir da década de 1980; indicadores das dimensões de desenvolvimento sustentável, mas sem a devida articulação, no final da década de 1980 e início de 1990; e a partir da década de 1990, indicadores de sustentabilidade, ou seja, indicadores cujas dimensões de desenvolvimento sustentável passam a ser articuladas. 43 Bellen (2006) elenca alguns dos indicadores ou sistemas de indicadores mais conhecidos e Rodrigues e Rippel (2015) pontuam suas vantagens e desvantagens: ⎯ Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (Human Development Index – HDI) (1990) – que sugere a medida do desenvolvimento humano focado em três elementos: longevidade, conhecimento e padrão de vida decente (um padrão que, atualmente, já vai além do produto interno bruto ou da renda per capita). ✓ Vantagens: Fácil aplicação e compreensão; Auxilia na tomada de decisão. ✓ Desvantagens: É um índice ponderado por valores que são determinados arbitrariamente. ⎯ Pressão, Estado, Resposta (Pressure, State, Response – PSR) (1993) - que assume implicitamente uma causa na interação dos diferentes elementos da metodologia, sendo Pressão (P) a descrição da pressão das atividades humanas exercidas sobre o meio ambiente, incluindo recursos naturais; Estado (S) sendo referente a qualidade e quantidade de recursos naturais e qualidade do ambiente; e Resposta (R) a extensão e intensidade das reações da sociedade em responder às preocupações e alterações ambientais; ✓ Vantagens: Fácil aplicação e compreensão; Auxilia na tomada de decisão; Fornece informações específicas sobre o estágio de desenvolvimento. ✓ Desvantagens: Fornece uma visão parcial do desenvolvimento sustentável. ⎯ Pegada Ecológica (Ecological Footprint Method – EFM) (1993). A ferramenta auxilia a compreensão dos limites da biosfera e a reorientação da vida para uma direção mais sustentável. Quando inseridos os dados referentes ao tipo de consumo, o EFM converte as características em uma área medida em hectares proporcional ao impacto do consumo. ✓ Vantagens: Auxilia na tomada de decisão e fortalece a visão de sistema integrado; Auxilia na formação de uma consciência ambiental. 44 ✓ Desvantagens: É um método estatístico e não aborda as demais dimensões do desenvolvimento sustentável(econômica e social). ⎯ Força Dirigida, Estado, Resposta (Driving Force, State, Response – DSR) (1996), possui a função de organizar informações sobre desenvolvimento e avaliações setoriais sendo desenvolvido a partir do sistema PSR alterando Pressão por Força dirigida (D); ✓ Vantagens: Fácil aplicação e compreensão; Auxilia na tomada de decisão; Fornece informações específicas sobre o estágio de desenvolvimento. ✓ Desvantagens: Fornece uma visão parcial do desenvolvimento sustentável. ⎯ Barômetro da Sustentabilidade (Barometer of Sustainability – BS) (1997) – é um projeto destinado às agências governamentais e não governamentais, tomadores de decisão e pessoas envolvidas com questões relativas ao desenvolvimento sustentável, em qualquer nível do sistema, do local ao global. O sistema apresenta conclusões em formato visual e fornece um retrato do bem-estar humano e tecnológico. ✓ Vantagens: Auxilia na tomada de decisão; Apresenta as informações de forma clara; Fácil aplicação e compreensão; A queda de um índice não afeta o crescimento do outro. ✓ Desvantagens: O processo de determinação das escalas de desempenho, estão sujeitas à subjetividade, o que influencia a avaliação final do desenvolvimento sustentável. ⎯ Painel da sustentabilidade (Dashboard of Sustainability – DS) (1999) projetado para informar os tomadores de decisão, a mídia e o público em geral sobre a situação de desenvolvimento de um determinado sistema, público ou privado, de pequena ou grande escala, nacional, regional, local ou setorial em relação à sua sustentabilidade. Foi criada uma representação gráfica como metáfora ao painel de um automóvel. Os indicadores vão acelerando no painel à medida que os dados são inseridos. 45 ✓ Vantagens: Fácil aplicação e compreensão. Rápida avaliação dos pontos positivos e negativos do desenvolvimento. Auxilia na tomada de decisão. ✓ Desvantagens: Complexidade em alcançar a interação e demonstrar as tendências para os sistemas, econômico, social, ambiental e institucional. A Iniciativa Relatório Global (Global Reporting Iniciative – GRI), criado em 1997, é uma ferramenta de comunicação do desempenho social, ambiental e econômico das organizações, com difusão global. A GRI é um processo de acreditação ao qual as empresas se submetem, tendo como objetivo ter sua sustentabilidade avaliada. A GRI se posiciona como padrão internacional para desenvolvimento de perspectivas sólidas para a publicação e divulgação do desempenho socioambiental das empresas através de relatórios cujo objetivo é certificar, após medições, as empresas com parâmetros que vão além da questão da transparência e da governança corporativa (BENITES; PÓLO, 2013; CALIXTO, 2013; CARREIRA; PALMA, 2013; Global Reporting Initiative [GRI], 2013). A adesão às diretrizes da GRI é voluntária, gratuita, de livre acesso e visa atender a necessidade de uma comunicação transparente e clara, todavia é complexo e trata de indicadores organizados em três categorias tratadas na quarta geração do modelo GRI: a econômica, a ambiental e a social que se subdivide em outras quatro subcategorias: práticas trabalhistas e trabalho decente, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto (CARREIRA; PALMA, 2013; ROSA et.al, 2013; SANTOS; SANTOS; SEHNEM, 2016). Kemerich, Ritter e Borba (2014), ao analisar os indicadores de sustentabilidade ambiental observam em seu estudo seus pontos fortes e fracos e evidenciam que devem possibilitar uma visão de conjunto sendo construídos a partir dos problemas e da realidade existente para que se possa entender seus aspectos críticos e aproveitar seu verdadeiro potencial. 46 2.1.3 Sustentabilidade sob a ótica do Triple Bottom Line A visão mais ampla de sustentabilidade manifestou-se em uma perspectiva tridimensional. A teoria do Triple Bottom Line (TBL), no português Tripé da Sustentabilidade, foi desenvolvida na década de 90, conhecida pela sigla 3P: People (pessoas), Planet (planeta) e Profit (lucro) e surgiu de um estudo realizado por Elkington em 1994 (OLIVEIRA et.al, 2010). Corroborando com este pensamento, Pizzetti (2017) defende em seu estudo que o TBL veio para trazer equilíbrio para a sociedade ao englobar as dimensões ambiental (planet), social (people) e econômica (profit) com o foco em transformar os empreendimentos viáveis considerando as três esferas. Barreto (2018) salienta que estas dimensões devem agir de maneira holística para que, de fato, possam ser atribuídos o título de sustentável a seus resultados. Para Oliveira et.al (2010 p.73): O Triple Bottom Line surgiu do estudo realizado por Elkington (1994), no inglês, é conhecido por 3P (People, Planet e Profit); no português, seria PPL (Pessoas, Planeta e Lucro). Analisando-os separadamente, tem-se: Econômico, cujo propósito é a criação de empreendimentos viáveis, atraentes para os investidores; Ambiental, cujo objetivo é analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe causar danos permanentes; e Social, que se preocupa com o estabelecimento de ações justas para trabalhadores, parceiros e sociedade. A figura 4 demonstra a sinergia entre as três dimensões do TBL conforme a concepção de Alledi Filho (2003). Para este autor, a interseção formada dois a dois entre si resulta em três aspectos possíveis: vivível, viável e justo. Seguindo esta lógica, o alcance da sustentabilidade acontece quando os três aspectos ocorrem juntos: 47 Figura 4 – Sustentabilidade e as suas dimensões. Fonte: Alledi Filho (2003). É necessário que as estratégias das organizações estejam completamente conectadas e alinhadas com os clientes e contemplem as dimensões econômica, social e ambiental conforme descrito na figura 4 anteriormente apresentada. Para Carvalho e Rabechini (2011) esse tripé vem responder ao processo de exaustão dos recursos naturais, em grande medida consequência de uma visão deturpada da dimensão econômica e da visão de curto prazo. De acordo com essa visão sucedida no passado, a hipótese que geria a ação é que as questões sociais e ambientais gerariam impacto negativo na dimensão econômica, algo que tem sido impugnado nestas últimas décadas, pelas claras evidências de que as três dimensões se integram e se reforçam, constituindo um ciclo virtuoso. A sustentabilidade sob o panorama corporativo aparece frequentemente abordando o TBL, cuja matriz é a busca da continuidade no mercado e no crescimento da organização a partir de sua viabilidade econômica, além da simultaneidade harmônica com o meio ambiente e sociedade (ELKINGTON, 2001; HART; MILSTEIN, 2004; BENITES; PÓLO, 2013). Para Barbieri et.al (2010, p. 50), as três dimensões da sustentabilidade são descritas pelas suas características dimensionais: a) Dimensão social: preocupação, tendo um olhar dentro e fora da organização, com os impactos sociais que as inovações podem causar nas comunidades humanas (exclusão social, aumento do 48 nível de desemprego, pobreza, diversidade organizacional, dentre outros.); b) Dimensão ambiental: preocupação com os impactos ambientais causados pela emissão de poluentes e pelo uso dos recursos naturais; c) Dimensão econômica: preocupação com a eficácia e eficiência econômica. É de suma importância pois sem elas, as organizações não perpetuariam, uma vez que essa dimensão significa geração de vantagens competitivas no mercado onde atuam e obtenção de lucro. Seguindo a ótica do TBL, Martins e Oliveira (2005 p. 122) definem as três dimensões da seguinte forma: (1) Sustentabilidade social: Dimensão a ser guiada pelo propósito de busca pela igualdade de distribuição de bens e de renda, com vistas a nivelar os padrões de vida dos indivíduos de classes diferentes e promover a equidade de acesso a serviços sociais e ao emprego pleno. (2) Sustentabilidadeeconômica: Engloba aspectos como equilíbrio no desenvolvimento dos setores, a diversificação nas atividades produtivas e atualização dos instrumentos de produção e acesso à ciência e à tecnologia. (3) Sustentabilidade ambiental: Relaciona-se a preservação dos recursos naturais, produção de recursos renováveis, além de tratar de pontos como a redução do volume de resíduos e de poluição utilizando-se de ferramentas de reciclagem e renovação de energia. Há na literatura uma grande variedade de publicações que abordam o tema sustentabilidade em suas diversas traduções, entendimentos e âmbitos de análise. Werbach (2010) acrescenta a dimensão cultural apresentando quatro dimensões ao invés das três apresentadas por Elkington (2001) e outros autores. Amato Neto (2011) considera que o tema seja tratado de forma sistêmica e integrada a partir de três vertentes básicas: a dimensão socioeconômica, a dimensão ambiental e a dimensão cultural. Ainda Amato Neto (2011), em seu estudo, corrobora e descreve alguns dos temas mais relevantes presentes em cada uma das dimensões consideradas em seu estudo. A dimensão socioeconômica visa que a atividade produtiva necessita ser rentável, economicamente viável e sustentável ao longo do tempo. As empresas devem participar mais ativamente nos desafios da sociedade contemporânea. A 49 dimensão ambiental traz uma série de questões sérias manifestantes do atual paradigma de produção e consumo que podem ser evidenciadas por um conjunto de indicadores da crise ambiental. A dimensão cultural envolve aspectos de valores e crenças, das diversificadas formas de produção e disseminação do conhecimento nas comunidades, a diversidade de línguas, expressões artísticas e visões de mundo, incluindo ações para o desenvolvimento sustentável. Carvalho e Paladini (2012) entendem que a visão do TBL vem alarmada pela ocorrência de extremos eventos e aquecimento global e não somente como fruto de uma sociedade mais crítica, consciente e preocupada com as questões sociais e ambientais. No outro extremo, as organizações perceberam o potencial competitivo do tema. 2.1.4 Âmbito Normativo Denomina-se SIG (Sistemas Integrados de Gestão), o conjunto de quatro normas, de cunho voluntário, que, se colocadas em prática simultaneamente nas organizações, e colaboram para uma visão integrada sustentável. Um sistema de gestão, de acordo com Neves e Neves (2000), deve ser flexível e ágil para permitir adaptações às novas exigências do mercado, vide necessidades dos clientes, e deve estar fundamentado em uma lógica conceitual simples, clara e bem estruturada. Corrêa (2004) descreve que um SIG é um sistema que organiza, compatibiliza, correlaciona, equilibra e unifica todos os critérios, meios e recursos, tangíveis e intangíveis, para que a organização materialize suas políticas, atinja seus objetivos de melhoria e aprenda continuamente. O desenvolvimento das três normas da ISO ocorreu em ordem cronológica, sendo precursora a série ISO 9000 (Sistemas de Gestão da Qualidade), que será abordada no item 2.2.2 do presente trabalho, que influenciou fortemente as subsequentes ISO 14000 (Sistemas de Gestão Ambiental) e ISO 26000 (Responsabilidade Social Corporativa) que abordam o conceito de melhoria contínua e propõem diretrizes de mudança. A série OHSAS 18000 (Ocupational Health and Safety Assement Series) trata das questões de saúde e segurança ocupacional e em sincronia com a ISO 14000 e recentemente a ISO 45001 surgiu 50 como substituta para a OHSAS, fornecem a base para o chamado SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança). Os tópicos seguintes apresentam as normas voltadas para a sustentabilidade. Lustosa (2003 p. 159) define Sistema de Gestão Ambiental (SGA) como “estrutura organizacional que permite a uma empresa avaliar e controlar os impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços.” A norma ISO 14001 define SGA como “parte de um sistema de gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais” (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, 2004. p. 2). 2.1.4.1 Norma de Gestão Ambiental ISO 14001 A International Standardization for Organization (ISO) é uma organização não governamental sediada em Genebra, fundada em 23 de fevereiro de 1947 com o objetivo de ser o fórum internacional de normalização, atuando como entidade harmonizadora das diversas agências nacionais. A norma ISO 14000 Gestão Ambiental foi inicialmente elaborada com o objetivo de dirigir e controlar o que a organização faz para minimizar os efeitos que causam danos ao ambiente resultado de suas atividades (SOUZA et.al, 2016). Amato Neto (2011) pontua os principais pilares do Sistema de Gestão Ambiental com base na ISO 14000, que tem como grande alvo conciliar a proteção ambiental com as necessidades socioeconômicas da população. ⎯ Prevenção no lugar da correção; ⎯ Planejamento de todas as atividades de produtos e processos; ⎯ Estabelecimento de critérios; ⎯ Coordenação e integração contínua entre as partes (subsistemas); monitoração contínua; ⎯ Melhoria contínua. A lógica adotada na norma, ou seja, a estrutura do SGA ISO 14001:2015, adota a metodologia do PDCA (Plan, Do, Check, Action), no português, planejar, executar, verificar e agir, ciclo que visa promover a melhoria contínua nos processos 51 da organização. A figura 5 representa a relação do Ciclo PDCA com a estrutura da norma ISO 14001:2015. Figura 5 - Relação do Ciclo PDCA com a estrutura da norma ISO 14001:2015. Fonte: ABNT NBR ISO 14001:2015. Esta norma internacional surgiu nos anos 90 e tem como objetivo melhorar o desempenho ambiental, estimular a prevenção da poluição e aprimorar a conformidade com as diferentes legislações ambientais com o foco em equilibrar a proteção ambiental e a prevenção da poluição com as necessidades socioeconômicas da população. Organizações credenciadas da ISO emitem o certificado e têm sua manutenção através de avaliação completa que é realizada trimestralmente e não é intenção que esta seja utilizada como barreira comercial não tarifária (CARVALHO & PALADINI, 2012). 52 2.1.4.2 Produção Mais Limpa (Cleaner Production) O termo Produção Mais Limpa foi definido pelo programa ambiental das Nações Unidas, UNEP – United Nations Enviroment Programe, ao lançar o Programa de Produção Mais Limpa (CETESB, 2004). Foi criada após as campanhas ambientalistas da Greenpeace na década de 80, para diminuir a poluição nas empresas e tem demonstrado que contribui para a redução de custos nas manufaturas (MELLO, 2005). A Produção Mais Limpa foi difundida como P+L e consiste na aplicação de estratégia técnica, econômica e ambiental integrada aos processos e produtos das organizações com a finalidade de elevar a eficiência e a eficácia no uso de matérias- primas, energia elétrica e água, por meio da mitigação de geração, minimização ou reciclagem dos resíduos e emissões com vistas a beneficiar o meio ambiente, a saúde ocupacional e o viés econômico (UNEP, 1990; CNTL, 2003; OLIVEIRA NETO, 2015). Sua filosofia consiste na substituição do modelo end-of-pipe (controle, contenção e tratamento no interior da fábrica) por conceitos, estratégias e procedimentos que levam em conta a prevenção dos impactos ao meio ambiente e à saúde, do berço à cova (FURTADO, 2005). Amato Neto (2011 p. 81) traduziu a definição de Produção Mais Limpa de acordo com UNEP (1990): Produção Mais Limpa é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva aos processos, produtos e serviços a fim de aumentar a eficiência total e reduzir riscos aos seres humanos e ao meio ambiente. A Produção Mais Limpa pode ser aplicada aos processos utilizados em qualquer setor econômico, nos produtos e nos vários serviços oferecidosà sociedade. Ainda para este autor, a adoção dos princípios da Produção Mais Limpa deve envolver todos os integrantes da organização de maneira sinérgica, rompendo os limites da organização estendendo-se aos consumidores e a outros segmentos externos à indústria. Oliveira Neto (2015) identificou em seu estudo que, dentre os princípios de P+L emergentes mais utilizados pelas organizações, (68% entre 80%) estão ligados à implantação do planejamento e ao controle da produção com educação ambiental. 53 2.1.4.3 Norma de Responsabilidade Social ISO 26000 A ISO 26000 – Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é uma norma de diretrizes, sem o propósito de certificação, que é aplicável a todos os tipos e portes de organizações (pequenas, médias e grandes) e de todos os setores (governo, ONGs e empresas privadas). Segundo a ISO 26000 (2010, p.3), a característica essencial da responsabilidade social: é o desejo da organização de incorporar considerações socioambientais em seus processos decisórios e se responsabilizar pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Isso implica um comportamento transparente e ético que contribua para o desenvolvimento sustentável, leve em conta os interesses das partes interessadas, esteja em conformidade com as leis aplicáveis e seja consistente com as normas internacionais de comportamento, que esteja integrado em toda a organização e seja praticado em suas relações. De acordo com os autores Amato Neto (2011) e Carvalho e Paladini (2012), baseados em dados publicados pelo Instituto Nacional de Meteorologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), esta norma define que Responsabilidade Social (RS) é a responsabilidade que uma organização possui pelos impactos que suas decisões e atividades podem causar no meio ambiente e na sociedade por meio de um comportamento transparente e ético que: ⎯ Contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem-estar da sociedade. ⎯ Leve em consideração as expectativas das partes interessadas. ⎯ Esteja em conformidade com a legislação aplicável. ⎯ Seja consistente com as normas internacionais de comportamento. ⎯ Esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações. Amato Neto (2011) expõe a estrutura básica da ISO 26000 com os seguintes itens: ⎯ Introdução: fornecerá informações sobre o conceito da norma de diretrizes e os motivos de sua elaboração; 54 ⎯ Escopo: definirá o assunto da norma, sua abrangência e os limites de sua aplicabilidade; ⎯ Referências normativas: uma lista de documentos que devem ser lidos juntamente com a norma de diretrizes; ⎯ Termos e definições: identificará os termos usados na norma que precisam ser definidos e fornecerá as definições; ⎯ O contexto de RS em que as organizações atuam: apresentará os contextos históricos e contemporâneos relacionados ao tema e também colocará questões emergentes da natureza do conceito de RS. Deus, Selles e Vieira (2014), através de uma revisão sistemática, apresentam um resumo dos conceitos, barreiras e motivadores relacionados à norma ISO 26000 que pode ser observado na figura 6. Figura 6 – Resumo dos conceitos, barreiras e motivadores relacionados à ISO 26000. Fonte: DEUS, SELLES e VIEIRA (2014). 55 A Norma Internacional de Responsabilidade Social – ISO 26000 (2010) define uma ferramenta de responsabilidade social como um sistema, metodologia, um programa ou atividade que se destina a ajudar as organizações a atingirem objetivos específicos relacionados à responsabilidade social. Cortez, Bellen e Zaro (2014) apontam as ferramentas de RS mais aderidas pelas empresas uma vez que, a partir da existência de muitas, alguns gestores encontram dificuldade para definir quais escolher para gerir a RSC. Estes autores evidenciam que as ferramentas de RS atendem e/ou fornecem diretrizes para: as dimensões, a gestão, os princípios e as práticas para avaliação da RSC e contribuem para o avanço da RS nas organizações. Ressalta-se que o Sistema de Gestão ABNT NBR 16001 – Responsabilidade Social Sistema de Gestão Requisitos - é uma norma de sistema de gestão, passível de auditoria, estruturada em requisitos verificáveis que objetiva estabelecer requisitos mínimos, permitindo que a organização busque a certificação por uma terceira parte, o que não ocorre com a ISO 26000 que é uma norma de diretrizes. Tais requisitos relacionam-se às seguintes atividades na empresa: ⎯ Promoção da cidadania; ⎯ Promoção do desenvolvimento; ⎯ Transparência das atividades. 2.1.5 Logística Reversa Alinhada aos princípios de Produção Mais Limpa, a Logística Reversa trata de “um segmento especializado da logística que foca o movimento e gerenciamento de produtos e materiais após a venda e após a entrega ao consumidor. Inclui produtos retornados para reparo e/ou reembolso financeiro” (Council of Supply Chain Management Professionals – CSCMP, 2005). Existem diferenças entre a mesma e a logística tradicional, pode-se dizer, sucintamente, que enquanto a logística tradicional se preocupa em levar os produtos aos consumidores, a logística reversa a se preocupa em recuperar os resíduos gerados pelos consumidores e destinar corretamente esse produto a uma empresa especializada. Na logística tradicional, o fluxo do processo evolui da 56 fábrica para o consumidor, enquanto que na logística reversa o foco é do consumidor à fábrica. Divide-se em quatro etapas: coleta, embalagem, expedição e destinação final, e a Logística Reversa percorre o processo descrito na figura 7. Figura 7 – Logística Reversa. Fonte: ROGERS E TIBBEN-LENKE p. 44 (1999). Percebe-se na figura 7 que a Logística Reversa inicia pelo fim, ou seja, o início do processo começa pelos resíduos gerados pelos consumidores. A logística reversa possibilita às organizações uma nova visão sobre o processo produtivo. Através desta é possível o reingresso dos bens ou de seus materiais contribuintes ao ciclo de negócios ou produtivo, por meio de uma estrutura de fluxos reversos que ao otimizar o reaproveitamento cria condições agregando valores econômicos e à cadeia de suprimentos (BARBOSA, 2017; CARNEIRO, 2019). Mendonça et.al (2017) afirmam que houve um aumento considerável de consciência ecológica do consumidor, que passou a valorizar produtos advindos de empresas que apresentam e divulgam uma maior preocupação ambiental. 57 2.1.6 OSHAS 18001 e a nova ISO 45001 A certificação OHSAS 18001, Occupational Health ans Safety Assessments Series oficialmente publicada pela BSI – British Standards Institution, demonstra o compromisso de uma organização com segurança, higiene e saúde ocupacional, alinhado com a legislação e pode ser adotada por organizações de quaisquer porte e natureza que desejam implementar um sistema formal de gestão para redução e mitigação dos riscos associados com saúde e segurança no ambiente de trabalho para os colaboradores, clientes e o público em geral (CARVALHO E PALADINI, 2012). Estabelece um sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional com objetivo principal de minimizar os riscos ao funcionário. Tem por objetivo fornecer às organizações os elementos de um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) eficaz, que seja passível de integração com os demais sistemas de gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos de segurança e saúde ocupacional (DREHER; PAULA; FILHO, 2019). Permite que a organização possa estabelecer e avaliar a eficácia dos procedimentos destinados a definir a política e os objetivos de Saúde e Segurança no Trabalho (CORRÊA, 2004). A OHSAS 18001 é uma norma de Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO) que visa proteger e assegurar que os colaboradores de uma organização tenham um ambiente detrabalho saudável e seguro. Durante muito tempo, foi a norma utilizada para compor os sistemas de gestão das empresas por não ter uma norma ISO com esse escopo. Porém, em 2018 foi publicada a ISO 45001 com esse tema e a tendência é que as empresas que eram certificadas na OHSAS 18001 façam a transição para a ISO 45001 (LOOR e RODRIGUEZ,2016). 2.2 QUALIDADE Para se atentar a relevância da Qualidade, precisa-se permear um pouco pelo passado através de uma visão histórica da trajetória buscando interpretar conceito e evolução desta área, para Neves e Neves (2000), a Qualidade passou a 58 ter um enfoque ampliado a todas as atividades exigindo interação de todos os processos e atingindo uma preocupação global com toda a administração. Corroborando com este pensamento, Carpinetti e Gerolamo (2016) expõem que a implementação de sistema de gestão da qualidade requer um grande esforço de planejamento e revisão de progresso por abranger uma gama importante e considerável das atividades envolvidas. A gestão da qualidade evoluiu ao longo do século XX desdobrando-se por quatro estágios importantes: a inspeção do produto, o controle do processo, os sistemas de garantia da qualidade e a gestão da qualidade total ou gestão estratégica da qualidade (CARVALHO, PALADINI, 2012; CARPINETTI, 2016; CARPINETTI; GEROLAMO, 2016). Todavia, o conceito de qualidade evoluiu ao longo das décadas. Em 1945, nos EUA, surgiu a primeira associação de profissionais da área de qualidade, a Society of Quality Engineers. Em 1946 foi fundada a American Society of Quality Control (ASQC), atualmente conhecida como American Society of Quality (ASQ), com a participação de importantes nomes da área da qualidade, como o membro fundador, Joseph Juran. Até o início dos anos 1950, a qualidade do produto, também conhecida como controle de qualidade (CQ), era atribuída à perfeição técnica, segundo a percepção do produtor, também difundida pelo termo product- out. Nesta época, as primeiras associações da área de qualidade e seu impacto nos custos foram tecidas e foi proposta a primeira abordagem sistêmica. Foi criada a associação japonesa de cientistas e engenheiros, a JUSE, Japan Union of Scientists and Engineers (CARPINETTI; GEROLAMO, 2016). A partir da década de 1950 percebeu-se a qualidade associada ao grau de adequação aos requisitos do cliente e não somente ao grau de perfeição técnica. Esta percepção foi possível a partir da divulgação dos trabalhos de William Deming e Joseph Juran, ambos em 1990 (CARPINETTI, 2016). Daí em diante, a qualidade passou a ser conceituada como satisfação do cliente quanto à adequação do produto ao uso (CARPINETTI; MIGUEL; GEROLAMO, 2010). A ISO adota essa conceituação ao definir qualidade como “grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos” (NBR ISO 9001, 2015). Em 1952, Juran lançou a publicação Planning and Practices in Quality Control (Planejamento e Práticas em Controle de Qualidade) que apresenta um modelo que envolve planejamento e apuração dos custos da qualidade. Armand 59 Feigenbaum foi o pioneiro em tratar a qualidade de forma sistêmica nas organizações, formulando o sistema de Controle da Qualidade Total (TQC) ou Total Quality Control, que influenciaria fortemente o modelo proposto pela International Organization Standardization (ISO), a série ISO 9000 (CARVALHO; PALADINI, 2012). Em 1957, Philip B. Crosby lançou elementos que criaram o programa Zero Defeito, que se popularizou muito na época em empresas e programas militares. Alguns prêmios merecem destaque, como o Prêmio Deming que seria atribuído à empresa que mais se destacasse na área de qualidade no ano, criado em 1951 em homenagem a Deming, no final da década de 1980 surgiu um prêmio similar nos EUA, o Prêmio Malcom Baldrige (1987), posteriormente na Europa, o Prêmio Europeu da Qualidade (1991), e no Brasil, Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ (1992). Taiichi Ohno, teórico nascido em Dalian na China, de pais japoneses, teve grande influência em um novo modelo, com a utilização do modelo Japonês (Company Wide Quality Control) que trazia consigo vários elementos novos à nova Gestão da Qualidade. Ohno influenciou a qualidade no sentido da aversão ao desperdício. De acordo com Carvalho et.al (2005), foi Ohno quem devolveu aos funcionários a total responsabilidade pela qualidade dos produtos que produziam, permitindo a estes que parassem a linha de produção caso houvesse não conformidades, e extinguindo-se assim a inspeção. A gestão de qualidade japonesa, criou a parceria com fornecedores, tornando-se um fator crítico para o sucesso das empresas. Shigeo Shingo e Kaoru Ishikawa tiveram importância e relevante ajuda para a nova gestão, com a troca rápida de ferramentas e na difusão das sete ferramentas da qualidade. As Ferramentas da Qualidade podem ser definidas como técnicas que identificam e melhoram a qualidade dos processos e consequentemente dos produtos e serviços. Elas são utilizadas com o objetivo de analisar, mensurar e propor soluções para problemas que podem interferir nos resultados da organização. Existem sete principais ferramentas, sendo elas: Diagrama de Ishikawa; Folha de Verificação; Estratificação; Gráfico de Pareto; Histograma; Diagrama de Dispersão; Gráfico de Controle (Carpinetti, 2016), estas serão aprofundadas no item 2.2.4 do presente estudo. 60 Em 1987, em meio a expansão da globalização, surgiu o modelo normativo da ISO para a área da Gestão da Qualidade, a série 9000, Sistemas de Garantia da Qualidade. Embora em algumas situações, essa norma, que é de caráter voluntário, pudesse ter sido utilizada como barreira técnica às exportações, de maneira geral ela facilitou a relação de cliente e fornecedor ao longo da cadeia produtiva dispersa geograficamente (CARVALHO, 2005). A ISO 9000 expandiu-se rapidamente tornando-se um requisito em muitas cadeias, principalmente a automobilística, que criou diretrizes adicionais. E como mostra Carvalho e Paladini (2012), a cadeia automobilística criou diretrizes como QS 9000, que era um padrão de qualidade desenvolvido por um esforço conjunto das três grandes montadoras americanas General Motors, Chrysler e Ford, que convergiam para uma especificação técnica ISO TS 16949, em 1999 para todo o setor. Essa especificação técnica visa o desenvolvimento de um sistema de gestão da qualidade que oferece a melhoria contínua, enfatizando prevenção do defeito e redução da variação e desperdício na indústria automobilística, cadeia de fornecimento e produção. A Figura 8 facilita o entendimento da breve revisão histórica traçando uma trajetória da evolução da qualidade ao longo do último século. Figura 8 – Ondas da Gestão da Qualidade. Fonte: Carvalho e Paladini (2012 p.7). 61 Os quatro estágios da evolução da qualidade podem ser divididos em quatro ondas, como definido por Carvalho e Paladini (2012), conforme Figura 3. Assim como Garvin (1992), Mainardes, Lourenço e Tontini (2010) defendem como eras: “Era da Inspeção”, consistia em separar o bom produto do produto defeituoso por meio da observação direta. “Era do Controle Estatístico”, com o aumento da produção, a inspeção por observação direta tornou-se impraticável; surge então o Controle Estatístico do Processo (CEP), embasado em amostragens e na identificação de padrões de qualidade e desempenho do processo, com a Capacidade do Processo (Cp) e o índice de Capacidade do Processo (Cpk). “Era da Garantia da Qualidade”, são criados departamentos específicos que tinham como principal atribuição preparar e ajudar a administrar a qualidade dos produtos da organização (estabelecer padrões, avaliar o desempenho, agir quando necessário, planejar melhorias). “Era da Administração da Qualidade Total (Total Quality Management/TQM)”, integração de toda organização na construçãoe manutenção dos produtos, serviços e da própria organização. A qualidade não é mais encarada apenas como um aspecto voltado ao setor de produção, mas sim como uma questão maior nas empresas (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002). 2.2.1 Abordagens da qualidade Elaborada a partir pesquisa de Garvin (1987), Carvalho e Paladini (2012) sintetizaram as cinco abordagens distintas da qualidade descritas no quadro 1: Quadro 1 – Abordagens da qualidade Fonte: Adaptado de Carvalho; Paladini (2012). 62 2.2.2 ISO 9001:2015 Desde 1987 o Comitê Técnico da ISO (CT-176), responsável pelas normas da qualidade, lançou várias edições contendo revisões das normas e diretrizes que compõem a família de normas da série ISO 9000, tendo como principais (CARPINETTI; GEROLAMO, 2016): ⎯ ISO 9000:2015: Sistemas de Gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário, que apresenta fundamentos e vocabulário; ⎯ ISO 9001:2015: Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos, que é a norma certificável, apresentando os requisitos básicos para um SGQ; e a ⎯ ISO 9004:2010: Gestão para o sucesso sustentado de uma organização – uma abordagem da gestão da qualidade, que apresenta recomendações para a melhoria do desempenho dos SGQs. As normas ISO 9000 são reconhecidas internacionalmente e, em alguns nichos de mercado, têm forte apelo comercial incentivando vendas e estabelecendo parcerias comerciais. A ISO 9001: 2015 é a principal norma e especifica os requisitos para um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) quando uma organização almeja demonstrar sua habilidade para a provisão de produtos e serviços que atendam às necessidades dos clientes, assim como dos requisitos legais e regulamentações aplicáveis (ANDRADE et.al, 2018). É um padrão certificável de qualidade que 2.2.2.1 Requisitos do sistema da qualidade ISO 9000:2015 Com base na experiência acumulada pelo comitê da ISO e nos princípios de gestão estabelecidos pela ISO 9000:2015, o modelo de gestão da qualidade ISO 9001:2015 é detalhado nas sete cláusulas que seguem: ⎯ Contexto da organização (cláusula 4 da norma); ⎯ Liderança (cláusula 5 da norma); 63 ⎯ Planejamento do Sistema da Gestão da Qualidade (cláusula 6 da norma); ⎯ Suporte (cláusula 7 da norma); ⎯ Operação (cláusula 8 da norma); ⎯ Avaliação de Desempenho (cláusula 9 da norma); ⎯ Melhoria (cláusula 10 da norma). A Figura 9 extraída da norma ilustra as relações entre os processos ou requisitos de gestão. Os processos 6, 7, 8, 9 e 10 formam um ciclo PDCA de melhoria e conforme Carpinetti (2016), todos os processos dessas cláusulas dependem do papel e das atividades de liderança requeridas pela ISO 9001:2015. Figura 9 – Modelo de sistema de Gestão da Qualidade da ISO 9001:2015 Fonte: ABNT NBR ISO 9001:2015. Conforme Assis e Santos (2012 p.4), “o modelo SGQ é inspirado na abordagem por processos, no qual os clientes possuem um papel importante na definição das exigências das entradas que devem estar alinhadas com os requisitos do SGQ”. Douglas, Coleman e Oddy (2003), consideraram esta norma um elemento básico e introdutório que visa estabelecer processos organizados e estruturados. 64 Maekawa, Carvalho e Oliveira, corroboraram com o mesmo pensamento dez anos depois, em 2013, defendendo-a como padrão certificável e aplicável, pelo menos em tese, por todos os tipos de organizações independentemente do tipo, tamanho ou produto/serviço oferecido. 2.2.4 Ferramentas da qualidade Carvalho e Paladini (2012) expressam que as boas práticas da Gestão da Qualidade elegeram determinadas ferramentas que geram resultados mais visíveis no esforço pela melhoria dos processos. As Ferramentas da Qualidade podem ser definidas como técnicas que identificam e melhoram a qualidade dos processos e consequentemente dos produtos e serviços e são utilizadas com o objetivo de analisar, mensurar e propor soluções para problemas que podem interferir nos resultados da organização. Existem sete principais ferramentas, sendo elas (CARPINETTI,2016): ⎯ Diagrama de Ishikawa: conhecido como diagrama de causa e efeito ou diagrama de espinha de peixe, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa, com o objetivo de explorar e indicar todas as causas possíveis de um problema. Fazendo uma relação de causas e efeitos, a elaboração do diagrama de Ishikawa parte da análise de todos os fatores da cadeia produtiva. A figura 10 demonstra o diagrama de causa e efeito apresentando as seis categorias básicas que são: método, mão-de-obra, matéria-prima, meio ambiente, máquina e medição (CAMPOS, 2004). 65 Figura 10 – Diagrama de causa e efeito. Fonte: CAMPOS (2004). ⎯ Folha de Verificação ou Checklist: são formulários usados para o registro de dados que serão analisados, facilitando sua avaliação com o objetivo de organizar, simplificar e otimizar o registro das informações, por meio da coleta de dados. Segundo Carpinetti (2016), a folha de verificação consiste em um formulário no qual os itens a serem examinados já estão impressos, os tipos mais empregados são: Verificação para a distribuição de um item de controle de processo, com definição dos limites LIE – Limite Inferior da Especificação e LSE – Limite Superior da Especificação (Figura11); Figura 11 – Folha de verificação de um item de controle de processo. Fonte: CARPINETTI (2016). 66 E Verificação para classificação de defeitos (Figura 12). Figura 12 – Folha de verificação para a classificação de defeitos. Fonte: CARPINETTI (2016). ⎯ Estratificação: é o processo de dividir os elementos gerais em subgrupos mais específicos e tem como função analisar os dados para identificar a variação dos fatores, buscando oportunidades de melhorias. Para Carpinetti (2016) a estratificação é um recurso muito útil na fase de observação e análise de dados, salienta que a origem dos dados seja identificada e que os dados sejam coletados durante um período de tempo não muito curto para que se possam analisar os dados em função do tempo. ⎯ Gráfico de Pareto: é uma ferramenta muito utilizada para encontrar problemas e identificar os possíveis benefícios de sua resolução, é uma técnica que permite selecionar prioridades quando se enfrenta um grande número de problemas. A figura 13 representa a estrutura do diagrama de Pareto. Figura 13 – Gráfico de Pareto. Fonte: CAMPOS (2004). 67 ⎯ Histograma: é um gráfico de barras verticais formado a partir da distribuição de frequências de um determinado evento, sendo possível avaliar as variações de um evento de acordo com sua intensidade. Carpinetti (2016) evidencia que a comparação de dados resultantes de um processo organizados na forma de histograma, permite saber se o processo é capaz ou não de atender às especificações, se existe a necessidade de adotar alguma medida para reduzir a variabilidade do processo e ainda permite saber se a média da distribuição das medidas da característica da qualidade está próxima do centro da faixa de especificação (valor nominal). Na figura 14 Carpinetti (2016) exemplifica a ferramenta: Figura 14 – Histograma. Fonte: CARPINETTI (2016). ⎯ Diagrama de Dispersão: ferramenta utilizada para realizar previsões e verificar a existência de correlação entre variáveis que pode servir para uma análise entre duas causas, dois efeitos ou causa e efeito de um processo, sendo necessário a realização da coleta, registo dos dados, construção e análise do cálculo, para posteriormente dispô-los em um gráfico. Carpinetti (2016) expõe alguns padrões de relacionamento entre duas variáveis: Relação Positiva: o aumento de uma variável leva a um aumento da outra (Figura 15ª); Relação Negativa: o aumento de uma variável leva à diminuição da outra variável (Figura 15b); Relação Inexistente: a variação de uma variávelnão leva a uma variação sistemática da outra variável (Figura 15c). 68 Figura 15 – Diagrama de dispersão: correlação positiva (a), negativa (b) e inexistente (c). Fonte: CARPINETTI (2016). ⎯ Gráfico de Controle: utilizado quando se tem como objetivo monitorar o desempenho de um processo com saídas frequentes, ou seja, fornece uma visão sobre um processo em execução, são ferramentas utilizadas para identificar e quantificar os tipos de variações existentes em um processo, além de permitir a coleta de dados para serem utilizado nos estudos de variabilidade. Tem como objetivo garantir que o processo opere na melhor condição, e em grande maioria são utilizados dois tipos de gráfico de controle que visam registrar a variância do processo, tais como, média e amplitude. Para os registros efetuados, quando a média e a respectiva amplitude estão em controle estatístico, seus pontos no gráfico serão distribuídos de maneira aleatória perto da linha central, contudo, não existindo o controle estatístico, as distribuições dos respectivos pontos serão de maneira não aleatória (CARPINETTI, 2016). Este autor exemplifica conforme a figura 16. Figura 16 – Ilustração dos gráficos da média e da amplitude. Fonte: CARPINETTI (2016). 69 Para Carvalho e Paladini (2012 p. 359) uma possível classificação pode considerar duas dimensões básicas: (1) ferramentas que investem em ações para facilitar o entendimento de como o processo opera via imagens ou outras formas de representação do próprio processo ou de partes dele, e (2) ferramentas que atuam sobre o processo produtivo, gerando ações específicas. Para estes autores, cada grupo envolve ferramentas bem definidas, conforme segue na Tabela 1: Tabela 1 – Classificação das ferramentas Fonte: CARVALHO e PALADINI (2012 p. 359) Carvalho e Paladini (2012), Barros e Bonfanni (2014) e Carpinetti (2016) observaram em seus estudos que a seleção da ferramenta mais adequada exige o prévio conhecimento da ferramenta em si e requer amplo conhecimento do processo produtivo no qual ela será inserida. Segundo Carpinetti (2016, p. 75) as ferramentas da qualidade podem ser classificadas quanto à finalidade conforme tabela 2 a seguir: 70 Tabela 2 – Principais finalidades das ferramentas da qualidade. Fonte: CARPINETTI p. 75 (2016). Os cinco sensos, conhecido como 5S é um conjunto de práticas com objetivo principal de organização e racionalização do ambiente de trabalho. Difundido na língua inglesa como House keeping, surgiu no Japão na década de 50, logo após a segunda guerra mundial, como um programa de Controle da Qualidade Total Japonês (CARPINETTI, 2016). O programa, embora conceitualmente muito simples, é de difícil implementação e manutenção, e quando aplicado corretamente traz benefícios para as empresas se manterem no mercado competitivo reduzindo os desperdícios, melhorando a produtividade e melhorando o local de trabalho. Segundo Carpinetti (2016) o 5S provém de palavras da língua japonesa, iniciadas com a letra “S”: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke (Tabela 3). Finalidade Ferramanta Amostragem e estratificação Folha de verificação Histograma, medidas de locação e variância Diagrama de Pareto Gráfico de tendência, gráfico de controle Mapeamento de processo Matriz de priorização Estratificação Diagrama espinha de peixe Diagrama de afinidades Diagrama de relações Relatório da três gerações (passado, presente e futuro) Diagrama de árvore Diagrama de processo decisório 5W2H (What? Who? Where? When? Why? How? How much? ) 5S Amostragem e estratificação Folha de verificação Histograma, medidas de locação e variância Diagrama de Pareto Gráfico de tendência, gráfico de controle Identificação e priorização de problemas Elaboração e implementação de soluções Verificação de resultados 71 Tabela 3 – Significado das palavras do 5S. Fonte: CARPINETTI (2016). A implementação dos 5S deve ser realizada S por S, ou seja, passo a passo e um dos recursos para mantê-lo ativo, de acordo com Carpinetti (2016) é utilizar algum critério de penalização ou premiação das equipes responsáveis pela manutenção do programa em determinadas áreas. Além das ferramentas da qualidade citadas anteriormente, outras diversas ferramentas que podem ter aplicação prática e levar às organizações a melhoria dos processos com qualidade. Entre as mais conhecidas existem ferramentas para a geração de ideias como o brainstorming, brainwriting, benchmarking e o diagrama de afinidades que pressupõem o estímulo à criatividade, podendo ser direcionadas para um problema específico ou genérico. São muito utilizadas nos processos de inovação e no desenvolvimento de produtos, bem como na resolução de problemas por meio de ideias inovadoras (GOMES, 2019). 72 DESENVOLVIMENTO 3.1 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE Com o objetivo de verificar a importância dos indicadores de sustentabilidade esta parte do estudo contempla a análise dos artigos e periódicos contidos na base SciELO cobrindo a expressão “Indicadores de Sustentabilidade”. A base SciELO – Scientific Eletronic Library Online, é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos brasileiros (SCIELO, 2020). A escolha da base se justifica porque buscou-se artigos escritos em português, predominantemente por pesquisadores brasileiros para que possamos analisar a importância deste referencial do ponto de vista Brasil. O site da SciELO é parte do Projeto FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências de Saúde) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) (SCIELO, 2020). No espaço destinado para pesquisas, da base de dados SciELO, sem seleção de campo específico, foi digitada a expressão “Indicadores de Sustentabilidade”, no mês de abril de 2020 e foram encontrados 24 artigos, vide figura 17. Figura 17 – Print da Página SciELO para pesquisa de publicações envolvendo a expressão “indicadores de sustentabilidade”. Fonte: SCIELO (2020). Algumas leis referenciam os estudos bibliométricos de forma sistêmica: 73 ⎯ Lei de Bradford ou Lei da Dispersão dos periódicos foi criada em janeiro de 1934, por Samuel C. Bradford e mensura o grau de atração de periódicos sobre determinada temática. Permite, mediante a mediação da produtividade das revistas, estabelecer o núcleo e as áreas de dispersão sobre um determinado assunto em um mesmo conjunto de revistas. (BRADFORD, 1934; VANTI, 2002). ⎯ Lei de Zipf ou Lei do Mínimo Esforço mensura a quantidade de ocorrências do aparecimento das palavras em vários textos, dessa maneira, gerando uma lista de termos de uma determinada temática utilizada para verificar qual tema científico é tratado nas publicações e divide-se em: 1. Primeira Lei de Zipf: afirma que o produto da ordem de série de uma palavra multiplicado pela frequência de ocorrência era aproximadamente constante. Representada pela fórmula: r. f = c, onde: r = produto; f= frequência; c = constante. 2. Segunda Lei de Zipf: enuncia que, em um determinado texto, várias palavras de baixa frequência de ocorrência (alta ordem de série) têm a mesma frequência (GUEDES; BORSCHIVER, 2005, p. 6). ⎯ Lei do Quadrado Inverso, formulada por Lokta, em 1926, é a lei que rege o crescimento da literatura produzida por meio de um modelo de distribuição de tamanho-frequência da produtividade de autores em um conjunto de publicações. Pode ser entendida como uma função de probabilidade, pois quanto maior o quantitativo de publicações mais fácil é publicar um novo trabalho. Os pesquisadores mais produtivos conseguem maior reconhecimento e estes têm acesso a maiores recursos para o aprimoramento de suas pesquisas (MALTRÁS BARBA,2003). A tabela 4 representa os aspectos das três leis que regulam os estudos bibliométricos. 74 Tabela 4 – Leis que regem os estudos bibliométricos. Fonte: CHUEKE; AMATUCCI (2015 p. 3). Para Okubo (1997, p.6), “bibliometria é uma ferramenta pela qual o estado da ciência e da tecnologia pode ser observado por meio da produção geral da literatura científica, em um dado nível de especialização”. A bibliometria trata-se de uma técnica quantitativa e estatística que permite medir índices de produção e disseminação do conhecimento, acompanhar o desenvolvimento de diversas áreas científicas e os padrões de autoria, publicação e uso dos resultados de investigação (OKUBO, 1997, p.8; ARAÚJO, 2006, p.12). A técnica bibliométrica utilizada nesta etapa do estudo foi a contagem, não tendo sido percebida a necessidade de utilização de outros softwares de apoio, em vista do número de artigos encontrados sobre o tema pesquisado. A contagem foi feita utilizando-se os softwares Microsoft Excel e Word. Construiu-se uma planilha eletrônica Excel para a qual foram transportados os dados de cada um dos 24 artigos: ano de publicação; nome do periódico em que foi publicado; classificação do periódico no Qualis-CAPES; título do artigo; nome dos autores; as palavras-chave de cada artigo, o que deu origem à busca e posterior análise do resumo de cada estudo. A sintetização dos artigos em uma planilha Excel, após leitura completa e análise, permitiu a classificação e categorização, tais como: o ano mais produtivo em relação aos demais, as palavras-chave mais empregadas, os periódicos que mais publicaram e a classificação Qualis-CAPES dessas revistas. Este último ponto levanta a importância de tais artigos. A seguir, são apresentados os dados obtidos através da análise bibliométrica, expostos por gráficos e quadros explicativos. Foram analisados 24 artigos sobre “Indicadores de Sustentabilidade” publicados na base da SciELO, verificando que 2009 foi o ano mais produtivo, no LEIS MEDIDA CRITÉRIO OBJETIVO PRINCIPAL Lei de Bradford Grau de atração do periódico Reputação do periódico Identificar os periódicos mais relevantes e que dão maior vazão a um tema em específico Lei de Zipf Frequência de palavras-chave Lista ordenada de temas Estimar os temas mais recorrentes relacionados a um campo de conhecimento Lei de Lotka Produtividade autor Tamanho-frequência Levantar o impacto da produção de um autor numa área de conhecimento 75 qual ocorreu a publicação de quatro artigos que se enquadram na temática, como evidencia o gráfico 2. Gráfico 2 – Quantidade de artigos publicados por ano na base SciELO. Fonte: Autora a partir dos dados da SciELO (2020). Vale ressaltar que em 2009, ano em que foi publicado o maior número de artigos referentes a Indicadores de Sustentabilidade na base SciELO, ocorreu a Conferência Climática de Copenhagen, capital da Dinamarca (COP-15). O encontro foi considerado o mais importante da história dos acordos multilaterais ambientais, pois teve por objetivo estabelecer o tratado que substituiria o Protocolo de Kyoto (AMATO NETO, 2011). Outro ponto relevante a ser exposto é o fato que em 2012, ano em que aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), no Rio de Janeiro, conhecida como Rio +20, foi publicado apenas um artigo referente ao tema e isso se repetiu nos dois anos seguintes. Nos anos de 2004, 2009, 2015, 2016 e 2018 apresentou-se maior quantitativo de publicações conforme evidenciado no gráfico 2 anteriormente exposto, os demais anos tiveram apenas uma publicação. Aplicando-se a Lei de Zipf foram identificadas as palavras-chave empregadas nos artigos, as que ocorreram com maior frequência foram: 76 Indicadores de sustentabilidade (23), Desenvolvimento sustentável (6), Barômetro da sustentabilidade (2), Resíduos sólidos urbanos (2), Gestão ambiental (2) e Sustentabilidade ambiental (2). Os filtros da planilha Excel permitiram observar os aspectos das palavras- chave oriundas dos 24 artigos. As palavras que emergiram foram submetidas ao Infogram, uma ferramenta web de visualização de dados que permite a criação de gráficos, mapas e infográficos provindos da nuvem de palavras gerada previamente. A ferramenta Infogram permite que a nuvem de palavras seja gerada garantindo maior proeminência às palavras que aparecem com maior frequência no texto submetido. A vantagem da ferramenta Infogram, aplicada a este estudo, foi diversificar a forma de apresentação de resultados, proporcionando uma rápida visualização e contextualização do tema central, por intermédio do tamanho das palavras destacadas. A autora da presente pesquisa entende que a visualização ficou mais rica se comparada a outros recursos gráficos. Outras figuras foram emergindo das contagens, em diferentes formatos, e permitiram reflexões sobre as 24 obras encontradas na base SciELO. A figura 18, elaborada com o auxílio da ferramenta citada apresenta as palavras-chave mais empregadas pelos autores dos artigos analisados. Figura 18 – Palavras-chave mais empregadas pelos autores. Fonte: Autora com o auxílio do Infogram (2020). Foi realizada, além das análises dos períodos de publicação e palavras- chave, uma análise referente à classificação dos periódicos nos quais os 24 artigos estão publicados. Para esta classificação utilizou-se o Qualis-CAPES que é um sistema brasileiro de avaliação de periódicos, mantido pela Coordenação de 77 Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O Qualis-CAPES, através da Plataforma Sucupira, relaciona e classifica os veículos utilizados para a divulgação da produção intelectual dos programas de pós-graduação do tipo stricto- sensu (mestrado e doutorado), quanto ao âmbito da circulação (local, nacional ou internacional) e à qualidade (A, B, C), por área de avaliação (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020). Na classificação Qualis-CAPES realizada nos 24 artigos voltados à Indicadores de Sustentabilidade que existem na base SciELO, a maioria dos artigos está classificada com A2 para o periódico em que foi divulgado. As informações levantadas seguem representadas nos quadros 2 e 3. 78 Quadro 3 – Classificação A Qualis-CAPES dos artigos conforme publicação. Fonte: Elaborado pela Autora a partir dos dados Qualis-CAPES (2020). Classificação Qualis-CAPES Revista Latino- Americana de Enfermagem A1 Construção de indicadores de sustentabilidade na dimensão da saúde para gestão de resíduos sólidos. Veiga, T. B.; Coutinho, S. S; Andre, Silva, C. S.; Mendes, A. A. & Takayanagui, A. M. M. 0104-1169 Enfermagem Ciências da saúde Cadernos de Saúde Pública A2 Indicadores de sustentabilidade ambiental e de saúde na Amazônia Legal, Brasil. Freitas, C. M. & Giatti, L. L. 0102-311X Saúde coletiva Revista Ambiente & Água A2 Expansão urbana da Região Metropolitana de Belém sob a ótica de um sistema de índices de sustentabilidade. Pereira, F. S. & Vieira, I. C. G. 1980-993X Planejamento urbano e regional/demografia CADERNOS EBRAPE BR A2 Indicadores de sustentabilidade: um levantamento dos principais sistemas de avaliação. Van Bellen, H. M. 1679-3951 Administração pública e de empresas Ambiente & Sociedade A2 Desenvolvimento sustentável: uma descrição das principais ferramentas de avaliação. Van Bellen, H. M. 1414-753X Interdisciplinar Sociedade & Natureza A2 Uma proposta para avaliar a sustentabilidade da expansão do cultivo da cana-de-açúcar no estado do Mato Grosso do Sul. Guimarães, L. T.; Turetta, A. P. D. & Coutinho, H. L. C. 1982-4513 Ciências ambientais Ambiente & Sociedade A2 Sustentabilidade sociocultural e boavida em sites patrimoniais:Avaliação do caso Agua Blanca, Equador. Endere, M. L. & Zulaica, M. L. 1414-753X Interdisciplinar Revista de Economia e Sociologia Rural A2 Medida da convergência de prioridades em planejamento participativo: Indicador de Sustentabilidade em Sistemas de Interesses - ISSI. D'Agostini, L. R., & Fantini, A. C. 0103-2003 Sociologia Sociedade & Natureza A2 Desenvolvimento sustentável no brasil: uma análise a partir da aplicação do barômetro da sustentabilidade. Kronemberger, D. M. P.; Clevelario Junior, J.; Nascimento, J. A. S.; Collares, J. E. R. & Silva, L. C. D. 1982-4513 Ciências ambientais Ciência Florestal A2 Sustentabilidade em sistemas agroflorestais: Indicadores socioeconômicos. Daniel, O.; Couto, L.; Silva, E.; Passos, C. A. M.; Jucksch, I. & Garcia, R.. 1980-5098 Ciências Ambientais Revista brasileira de Pesquisa em Turismo A2 Sistema de indicadores de sustentabilidade do desenvolvimento do turismo: um estudo de caso do município de Areia - PB. Silva, N. C.; Candido, G. A. 1982-6125 Turismo Periódico Título Autores ISSN / Área 79 Quadro 4 – Classificação B Qualis-CAPES dos artigos conforme publicação. Fonte: Elaborado pela Autora a partir dos dados Qualis-CAPES (2020). Classificação Qualis-CAPES Engenharia Sanitária e Ambiental B1 Uso de indicadores de sustentabilidade para avaliação da gestão de resíduos sólidos urbanos na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Barros, R. T. V. & Silveira, A. V. F. 1413-4152 Engenharias Revista Escola de Minas B1 Aplicação do Índice Global de Sustentabilidade na explotação de coquina na Península de Santa Elena. Granda, W. J. V. & Lima, H. M. 0370-4467 Engenharias Engenharia Sanitária e Ambiental B1 Indicadores de sustentabilidade na avaliação de granjas suinícolas. Gomes, L. P.; Peruzatto, M.; Santos, V. S. e Sellitto, M. A. 1413-4152 Engenharias Engenharia Sanitária e Ambiental B1 Matriz de indicadores de sustentabilidade para a gestão de resíduos sólidos urbanos. Santiago, L. S. & Dias, S. M. F. 1413-4152 Engenharias Engenharia Sanitária e Ambiental B1 Avaliação da sustentabilidade ambiental do uso de esgoto doméstico tratado na piscicultura. Santos, E. S.; Mota, S.; Santos, A. B.; Monteiro, C. A. B. & Fontenele, R. M. M. 1413-4152 Engenharias Engenharia Sanitária e Ambiental B1 Aplicação de indicadores de sustentabilidade para lagoas de estabilização. Kellner, E.; Calijuri, M. C. & Pires, E. C. 1413-4152 Engenharias Engenharia Sanitária e Ambiental B1 Indicadores de sustentabilidade para a gestão municipal de resíduos sólidos urbanos: um estudo para São Carlos (SP). Polaz, C. N. M. & Teixeira, B. A. N. 1413-4152 Engenharias Ciência Rural B1 Sustentabilidade de sistemas de rotação e sucessão de culturas em solos de várzea no Sul do Brasil. Vernetti Junior, F. J.; Gomes, A. S. & Schuch, L. O. B. 0103-8478 Ciências agrárias Interações (Campo Grande) B1 Avaliação de prestação de serviços ecossistêmicos em sistemas agroflorestais através de indicadores ambientais. Vasconcellos, R. C. & Beltrão, N. E. S. 1518-7012 Sociologia Periódico Título Autores ISSN / Área 80 Quadro 4 – Classificação B Qualis-CAPES dos artigos conforme publicação (cont). Fonte: Elaborado pela Autora a partir dos dados Qualis-CAPES (2020). O quadro 2 lista os artigos publicados na base SciELO os quais seus periódicos receberam classificação A. Em seguida, o quadro 3, lista os artigos publicados na base SciELO que seus periódicos receberam classificação B. Na Classificação Qualis-CAPES foram aferidas a quantidade de artigos por classificação do periódico, evidenciando 11 classificados na categoria A e 13 na categoria B. Após aferidas a qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos, foram evidenciados que 11 dos 24 artigos estão publicados em veículos classificados na categoria A e 13 artigos estão publicados em veículos classificados na categoria B. O gráfico 3 apresenta os resultados em percentual. Classificação Qualis-CAPES Gestão & Produção B2 Sustentabilidade organizacional: aplicação de índice composto em uma empresa do setor químico. Scholl, C. A.; Hourneaux Junior, F. & Galleli, B. 0104-530X Engenharias Production B2 Aplicações do diagrama emergético triangular na tomada de decisão ecoeficiente. Giannetti, B. F.; Barrella, F. A.; Bonilla, S. H. & Almeida, C. M. V. B. 0103-6513 Engenharias Gestão & Produção B2 Revisão sistemática da literatura sobre medição de desempenho de sustentabilidade corporativa: uma discussão sobre contribuições e lacunas. Morioka, S. N.; Iritani, D. R.; Ometto, A. R. & Carvalho, M. M. 0104-530X Engenharia Gestão & Produção B2 Relatório de sustentabilidade: perfil das organizações brasileiras e estrangeiras segundo o padrão da Global Reporting Initiative . Campos, L. M. S.; Sehnem, S.; Oliveira, M. A. S.; Rossetto, A. M; Coelho, A. L. A. L. & Dalfovo, M. S. 0104-530X Engenharias Periódico Título Autores ISSN / Área 81 Gráfico 3 - Percentual de artigos por classificação Qualis-CAPES dos periódicos. Fonte: Elaborado pela Autora a partir dos dados Qualis-CAPES (2020). As categorias A1 (4%) e A2 (42%), contemplam os periódicos de excelência internacional, já as categorias B1 (37%) e B2 (17%), abrangem os periódicos de excelência nacional. Não foram obtidas, na amostra artigos publicados em periódicos com classificação nas categorias B3, B4, e B5 que consideram os periódicos de média relevância e na categoria C que é a categoria que contempla periódicos de baixa relevância, ou seja, considerados não científicos e inacessíveis para avaliação. Quanto aos autores, foram encontrados um total de 73 nos 24 artigos. Apenas um, Bellen, publicou mais de um artigo e de acordo com análises, não foi citado pelos demais. Foram analisados os demais autores e estes não foram citados em outros artigos, de acordo com a busca realizada na base de dados da SciELO. A classificação do periódico no qual o autor Bellen publicou seus artigos, alcançou classificação A2. O gráfico 4 apresenta a quantidade de artigos publicados de acordo com a área. Tal informação permite constatar em quais áreas encontram-se concentradas a produção científica sobre a temática em análise. 82 Gráfico 4 – Quantidade de artigos publicados por área. Fonte: Elaborado pela Autora a partir dos dados Qualis-CAPES (2020). Quanto às áreas, observa se no gráfico 4, que a área Engenharias possui maior número de publicações (11), seguida por Ciências ambientais (3) evidenciando que estas concentram as produções de publicações sobre Indicadores de sustentabilidade. 3.2 EMPRESAS BRASILEIRAS E O RANKING GLOBAL 100 DA CORPORATE KNIGHTS Com o objetivo principal de promover melhorias no desempenho e na gestão das empresas em relação às questões de sustentabilidade, a revista canadense Corporate Knights (CK), especializada em desenvolvimento sustentável e responsabilidade social, criou o ranking das 100 empresas de capital aberto mais sustentáveis do mundo. Esse ranking é divulgado anualmente desde 2005 e é aceito como referência na área uma vez que analisa um conjunto de empresas e suas atividades em escala mundial com base em dados de responsabilidade social, finanças, ambiente e gestão. A publicação desse ranking 2020 foi realizada no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça) e representa um impacto de grande relevância no mercado consumidor, vista a projeção internacional que as empresas que participam dele adquirem diante da sociedade global.83 O ranking Global 100 2020 pode ser encontrado no relatório divulgado no website oficial da Revista Corporate Knights conforme link: https://www.corporateknights.com/?s=Global+100+2020 Atualmente são avaliadas 7395 empresas em todo o mundo, sendo os critérios de seleção das 100 melhores consideravelmente restritivos. Para a elaboração do ranking os especialistas consideram 21 indicadores de desempenho como: gestão financeira, de pessoal e de recursos; receita obtida de serviços/produtos com benefícios ambientais e/ou sociais; desempenho da cadeia de fornecedores, dentre outros (CORPORATE KNIGHTS, 2020). Do total de 100 empresas do Global 100 em 2020, 49 são da Europa. Os Estados Unidos e o Canadá contam com 29, enquanto 18 empresas são da Ásia, já a América Latina tem apenas três membros na lista, todos do Brasil. Esta etapa do estudo visa divulgar as informações das empresas brasileiras catalogadas no ranking Global 100, entre os anos de 2015 e 2020, e posteriormente, verificar a existência da relação entre a sustentabilidade e o desempenho de sistemas de gestão da qualidade das organizações presentes no ranking do ano de 2020. Vale ressaltar que maior enfoque será dado às empresas presentes no ranking atualmente, com a finalidade de não se estender o estudo. De acordo com o ranking Global 100, as empresas brasileiras passaram a integrar o referido registro em 2010 quando Banco Bradesco S.A (94º), Petróleo Brasileiro S.A (96º) e Natura Cosméticos S.A (99º) atingiram as mencionadas colocações. Nos últimos cinco anos, apenas a Natura continua a compô-lo, onde aparece em 30º lugar, porém agora, em 2020, acompanhada do Banco do Brasil S.A (9°) e da CEMIG (19º), (CORPORATE KNIGHTS, 2020). No quadro 4 observa-se a classificação das empresas nacionais que se destacaram no cenário internacional pelo implemento da Gestão Ambiental eficiente no período de 2015 a 2020. Quadro 4 - Classificação das empresas brasileiras 2015 a 2020 – ranking CK Fonte: Adaptado de Corporate Knights (2020). Empresa 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Banco do Brasil S.A. - 75º - 49º 8º 9º Banco Santander Brasil S.A. - - 60ª - - - CEMIG - - - 18º 19º 19º ENGIE Brasil Energia S.A. - - - 52º 72º - Natura Cosméticos S.A. 44º 61º 19º 14º 15º 30º https://www.corporateknights.com/?s=Global+100+2020 84 No ranking global de sustentabilidade da Corporate Knights dos últimos anos evidenciados no quadro 6, estão incluídas cinco empresas brasileiras que obtiveram destaque em sua forma de gestão ambiental dentre outros indicadores socioeconômicos avaliados. Duas das cinco empresas são classificadas como Bancos, um público e outro privado; outras duas são Empresas de Energia Elétrica, uma pública e outra privada; e uma Empresa de Cosméticos que fabrica Produtos Pessoais, sendo elas: 3.2.1 Banco do Brasil S.A O Banco do Brasil S.A. (BB) foi o primeiro banco a operar no País, com 210 anos de existência, contribuiu ativamente para o desenvolvimento do Brasil. Seus valores constituem princípios que guiam a organização, tais como: Foco no Cliente, Inovação, Ética, Senso de Dono, Eficiência, Confiabilidade e Espírito Público (BANCO DO BRASIL, 2020). Constituída na forma de sociedade de economia mista, o Banco do Brasil é uma empresa brasileira controlada pela União, sendo um dos cinco bancos estatais do governo brasileiro. O BB está entre as dez empresas mais sustentáveis do mundo conforme o ranking divulgado pela revista Corporate Knights em 2020, ocupando a 9ª colocação. É ainda a única empresa representante do segmento financeiro da América Latina a constar no ranking. Ao acessar o website da instituição e digitar na busca a expressão “gestão ambiental”, foram encontradas as informações que seguem: A Gestão Ambiental do Banco do Brasil segue as especificações da Norma Brasileira ABNT NBR ISO 14.001 de 2015 na definição de objetivos, premissas, requisitos, responsabilidades, programas e iniciativas para a implementação das diretrizes ambientais, alinhadas à Política Específica de Responsabilidade Socioambiental do BB (BANCO DO BRASIL, 2020). O banco organiza e acompanha as ações de controle dos impactos ambientais e coordena, de forma sistemática, os esforços para a melhoria contínua de seu desempenho por meio de um Sistema de Gestão Ambiental. O SGA tem 85 como foco a ecoeficiência a fim de minimizar o consumo de recursos naturais, a geração de resíduos e as emissões GEE. Algumas das premissas adotadas pelo banco seguem listadas: ⎯ Aprimorar de forma contínua o Sistema de Gestão Ambiental. ⎯ Reconhecer e considerar as expectativas e prioridades das partes interessadas e na gestão ambiental do BB. ⎯ Disseminar conceitos e práticas para o consumo eficiente de recursos naturais e prevenir a poluição, buscando o engajamento e fortalecimento da cultura em RSA. ⎯ Capacitar nossos públicos de relacionamento interno e externo visando aprimorar competências em gestão ambiental (BANCO DO BRASIL, 2020). É exposto, na mesma página da pesquisa dos termos “gestão ambiental”, uma subseção intitulada “Iniciativas Ambientais” na qual encontra-se disposto que: O papel adquirido pelo BB possui certificação Cerflor; a gráfica BB possui certificação FSC (FSC- C114317); a sede administrativa do BB em Brasília é certificada pela norma ISO 14.001 de qualidade de gestão ambiental e possui selo LEED Gold de construção sustentável concedido pelo Green Building Council (US) (BANCO DO BRASIL, 2020). Além dessas informações sobre selos e certificados há uma outra subseção intitulada “Programas Ambientais” que comunica os programas internos do BB que produzem impactos positivos na utilização dos recursos naturais que se propõe a seguir, que são: Programa de Conservação de Energia (PROCEN); Programa de Uso Racional da Água; Programa de Recondicionamento de Cartuchos e Toner (PROREC); Programa de Coleta Seletiva; Programa BB de Papel Zero (BANCO DO BRASIL, 2020). Mostra-se evidente o quanto o sistema de gestão ambiental do BB está atrelado ao marketing ambiental para fins de demonstração ao público investidor, ou consumidor e o quanto o empreendimento está comprometido com as diretrizes ambientais vigentes. Ao realizar uma análise referente aos resultados financeiros do BB entre os anos de 2015 e 2019 obteve-se, através dos relatórios anuais, R.A 2018 e R.A 2019 por possuírem as informações compiladas de forma atualizada, e das 86 demonstrações contábeis disponíveis no website, as informações que seguem: considera-se o Lucro Líquido atribuível aos acionistas controladores. Em 2015 o banco registrou um lucro líquido de R$ 14,400 bilhões distribuindo o valor de R$ 5,03 de lucro por ação durante o ano, alcançando um lucro líquido 28% superior ao de 2014 (R$ 11,246). Em 2016, ano em que o BB ocupou pela 2ª vez o ranking Global 100 da CK, alcançando a 75ª posição, o banco apresentou lucro líquido de R$ 8,034 bilhões, 44,2% inferior ao ano anterior, distribuindo R$ 2,52 por ação no ano. No R.A 2016 o BB divulgou as premiações e reconhecimentos que seguem: ⎯ Índice Euronext Vigeo – Emerging 70” listados pela 2ª vez entre as 70 empresas com o mais avançado desempenho econômico, ambiental e social na região dos Mercados Emergentes; ⎯ Global 100 – fomos incluídos pela 2ª vez no ranking de sustentabilidade Global 100 da Corporate Knights (CK); ⎯ Ranking The Banker/Brand Finance – Top 500 Banking Brands 2016 (52º lugar); ⎯ Ranking Kantar Vermeer – As 10 marcas brasileiras mais valiosas da década (5º lugar) – revista Dinheiro e o grupo britânico WPP; ⎯ Top of Mind 2016 – Instituto Datafolha; ⎯ Ranking Interbrand – As Marcas Brasileiras Mais Valiosas do Brasil 2016 (5º lugar) (R.A BB, 2016 p. 51). No ano de 2017 o lucro líquido lucro foi de R$ 11,011 bilhões e o lucro líquido por ação evoluiu para R$ 3,91.Em 2017 a empresa não apareceu no ranking. Em 2018 o BB apareceu no ranking na 49ª posição, uma evolução de 26 posições comparada ao aparecimento no ranking divulgado dois anos antes, com lucro líquido de R$ 12,862 bilhões com lucro líquido por ação de R$ 4,54. No R.A 2018 o BB apresenta em sua página 10 as premiações e reconhecimentos conforme figura 19: 87 Figura 19 – Premiações do BB 2018. Fonte: Adaptado de R.A BB (2018 p. 10). A figura 20 demonstra um total de 26 as premiações, reconhecimentos e certificações alcançadas pelo banco em 2018, evidenciando o notável investimento em crescimento. Em 2019 o BB atingiu a marca de R$ 18,162 bilhões de lucro líquido, superior em R$ 4,3 bilhões, 32,1% a mais, em comparação ao resultado do lucro líquido ajustado do exercício anterior, com lucro por ação R$ 6,39. Neste ano, a empresa subiu 41 posições no ranking global 100 da CK ocupando a 8º e apresentou em seu R.A 2019 as premiações, certificações e reconhecimentos que seguem no quadro 5: - Global 100 - Melhor caso em Universidade Corporativa - Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) - Premiação Melhores Ouvidorias do Brasil - FTSE4 Good Index Series - Prêmio Guia Exame de Sustentabilidade 2018 - Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) - Prêmio Relatório Bancário 2018 - Índice Carbono Eficiente (ICO2) da B3 - Prêmio E-Finance 2018 - Top of Mind na categoria Bancos - Certificação Externa de Qualidade - Top of Mind RH - Boas Práticas na Gestão da Ética - 4ª marca mais valiosa do Brasil - Excelência no relacionamento com o cliente - Marca mais confiável do Brasil na categoria Bancos- Compras públicas - Gartner Eye on Innovation Awards 2018: - Cartão preferido Cardmonitor (Ourocard) - Guia Época Negócios 360 - Learning & Performance - Guia Você S/A - Projeções econômicas: - Melhores Empresas para Trabalhar - Tecnologia da Informação (TI) 88 Quadro 5 – Premiações, reconhecimentos e certificações BB 2019. Fonte: Adaptado do R.A BB, p. 17 (2019). O BB obteve uma maior visibilidade diante do cenário mundial nos últimos anos e em 2020 ocupou o ranking global 100 na 9ª posição, reforçando e evidenciando o foco das ações e práticas sustentáveis evidenciando o massivo investimento. 3.2.2 Banco Santander Brasil S.A O Banco Santander (Brasil) S.A é a subsidiária do Banco Santander no Brasil sendo parte integrante do Grupo Santander, que possui origem espanhola e é o principal conglomerado financeiro da Zona Euro fundado em 1856. Trata-se de um banco privado internacional com grande presença no Brasil que possui sede no estado de São Paulo e sua operação brasileira teve início em 1982. A instituição ocupou o ranking global 100 da CK uma única vez nos últimos seis anos. Ao analisar os R.A e cadernos de indicadores do banco, referentes ao intervalo de 2015 a 2019, disponíveis em seu website, foram levantados os resultados financeiros considerando Lucro Líquido Gerencial em milhões de reais como seguem. Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) Guia Exame de Sustentabilidade Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) Guia de Previdência Valor/FGV FTSE4 Good Index Series Prêmio Época Negócios 360° Global 100 – 100 Empresas líderes mundiais em sustentabilidade em 2019 Prêmio E-Finance 2019: 38 casos vencedores em 8 categorias de premiação. Índice Carbono Eficiente (ICO2) da B3 Ranking Broadcast Projeções Top 10 Geral Aplicativo Wazecarpool Ranking Top 5 Anual da pesquisa Focus Relatório de Conformidade – Febraban Selo Empresa Pró-Ética 5ª marca mais valiosa do Brasil: no ranking da Interbrand 2019. Prêmio Relatório Bancário 2019 Top of Mind categoria Bancos; Top of Mind RH Melhores Empresas do Guia Você S/A The Global CCU Awards 2019 Tecnologia da Informação (TI) Ranking Melhor Banco para Investir Prêmio Ouvidorias Brasil 89 Em 2015, o Santander registrou lucro líquido gerencial de R$ 6.624 milhões que comparado ao ano anterior, obteve um crescimento de 13,8%. No ano de 2016 seu lucro líquido gerencial registrado foi de R$ 7.339 milhões, evidenciando um crescimento de 10,8% sobre 2015. Foi um ano que teve como principal destaque, com vistas à Gestão Ambiental, a nova forma adotada pelo banco para gerir o consumo dos recursos naturais, conforme demonstra os resultados dos esforços na figura 20: Figura 20: Benefícios para Gestão Ambiental Santander 2016. Fonte: R.A SANTANDER (2016). Obtendo a 60ª posição no ranking global 100 da CK no ano de 2017, o Banco Santander Brasil obteve lucro líquido gerencial de R$ 9.953 milhões, 35,6% maior que 2016. A empresa não cita em seu R.A 2017 nada referente ao reconhecimento, porém, a partir deste resultado vê-se que os frutos da sustentabilidade plantados no ano anterior começam a ser colhidos. Em 2018, o Banco Santander alcançou lucro líquido gerencial de R$ 12.398 milhões. Neste ano a instituição publicou não só o R.A, mas ainda um Caderno de Indicadores que tem como objetivo principal evidenciar como o banco contribui com a prosperidade dos negócios e dos stakeholders. Em 2019 o lucro líquido gerencial foi de R$ 14.550 milhões e em seu Caderno de Indicadores foi divulgada uma seção contendo destaques de prêmios e reconhecimentos recebidos no ano. Tal postura exprime a preocupação do banco em criar uma visibilidade maior para o viés das práticas desenvolvidas e relacioná- las à agregação de valor, que com os resultados apresentados se faz notório o 90 crescimento da instituição. Observe os destaques dos prêmios e reconhecimentos na figura 21 apresentada a seguir: Figura 21 – Prêmios e reconhecimentos Santander 2019. Fonte: R.A SANTANDER, p. 57 (2019). Ainda que não tenha configurado o ranking da CK vê-se que o Santander conquistou diversos outros prêmios e recebeu reconhecimentos de grande relevância no meio empresarial. Os investimentos em práticas e ações sustentáveis e voltadas para a qualidade expressas em seus Relatórios Anuais refletiram em evolução do indicador Lucro Líquido conforme observado anteriormente. 91 3.2.3 CEMIG - Concessionária Estatal de Energia Elétrica de Minas Gerais A Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), fundada em 22 de maio de 1952, é uma holding composta por mais de 174 empresas e com participações em consórcios e fundo de participações, além de possuir ativos e negócios em 24 estados brasileiros e no Distrito Federal. Atua nas áreas de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, e ainda na distribuição de gás natural, por meio da Gasmig e no uso eficiente de energia, por meio da Efficientia (CEMIG, 2020). Ao digitar os termos “gestão ambiental” no site da CEMIG aparecem cerca de 100 resultados relacionados com o termo, do qual foram acessados os mais recentes. No arquivo intitulado “Sistema de Gestão”, postado em 30 de maio de 2019, está disposto que: A Cemig mantém requisitos de adequação ambiental baseados no atendimento à legislação para as áreas de negócio, que possam causar algum impacto ambiental. A adequação ambiental das atividades e processos é estabelecida em níveis, de acordo com a intensidade de possíveis impactos de cada atividade, partindo-se do atendimento aos Requisitos Mínimos de Adequação Ambiental, passando pela adoção do Sistema de Gestão Ambiental, denominado SGA, o qual foi desenvolvido considerando-se os princípios da NBR ISO 14.001 até a implantação dos requisitos da norma NBR ISO 14.001:2004 (CEMIG, 2019). A empresa dispõe ainda sobre Sistema de Gestão de Certificados no qual salienta que “Todas as auditorias externas de manutenção e certificação da Cemig são realizadas por um Organismo Certificador, reconhecido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) (CEMIG, 2020). Porcritérios de atualidade, acessou-se ainda o arquivo “Reconhecimento” que possui data de postagem 05 de abril de 2020 e demonstra premiações em destaque recebidas pela Cemig como resultado dos esforços desenvolvidos, sendo: “Índice Dow Jones de Sustentabilidade, Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE da Bovespa, Empresa Líder em gestão de mudanças climáticas na América Latina, Top 100 Green Utilities, Índice Euronext Vigeo e Valor 100” (CEMIG, 2020). 92 É visto, nesta busca sobre informações, que companhia CEMIG estima pela divulgação de suas informações relacionadas a ações sustentáveis ao público. Em análise aos R.A da instituição no período de 2015 a 2019, os lucros líquidos (R$ milhões) foram consolidados e estão descritos a seguir. Em 2015 a instituição encerrou o exercício com um lucro líquido total de R$ 2.492 milhões, apresentando um decréscimo de 20.56% quando comparado ao lucro líquido obtido no ano anterior que foi de R$ 3.137 milhões. Em 2016 R$ 334 milhões, lucro bem abaixo do verificado no ano anterior. A instituição informa em seu R.A 2016 que esse fato ocorreu em função de ajustes no investimento. Já em 2017, o lucro líquido divulgado foi de R$ 1.001 milhões. Vale ressaltar que em todos os R.A analisados consta uma seção destinada a divulgar os reconhecimentos da instituição no ano de referência, com uma linguagem clara a CEMIG organiza os dados em relatórios concisos e efetivos. A Cemig apresentou, no exercício de 2018, um lucro líquido de R$ 1.742 milhões e passou a integrar o referido ranking, da Corporate Knights, ocupando a 18ª posição. Em seu R.A 2018 divulga tal conquista, ao lado de outros destaques, afirmando que empreendeu esforços para manter e aprimorar o seu desempenho nos aspectos ambientais, econômicos e sociais. Em 2018, a CEMG empreendeu esforços com vistas a manter e aprimorar o seu desempenho nos aspectos ambientais, econômicos e sociais. O reconhecimento do trabalho da Companhia foi marcado por premiações, destaques e conquistas em instituições e análises relevantes de mercado tais como: Anuário de Sustentabilidade da Robecco SAM; Prêmio IASC218 – Índice ANEEL de Satisfação do Consumidor; Top 50 Open Copus 2018; The Global 100; Dow Jones Sustainabiity World Index (DJSI World), índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); Prêmio Abracopel de Jornalismo, Troféu Transparência ANEFAC (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade); estas seguem na figura 22: 93 Figura 22 – Certificações, prêmios e reconhecimentos CEMIG 2018. Fonte: R.A CEMIG, p. 21 e 22 (2018). A instituição em seu Relatório Anual referente ao ano de 2019 divulga que obteve lucro líquido de R$ 3.127 milhões. Como resultado dos esforços desenvolvidos pela CEMIG em 2019, alguns segmentos da sociedade reconheceram a excelência de suas atividades, resultando em várias premiações, dentre as quais foram destacadas: Troféu de Transparência; Índice Dow Jones de Sustentabilidade; Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa – ISE; Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Jornalistas e o Prêmio Mário Bhering. A CEMIG aparece no ranking global 100 da CK ocupando a 19ª colocação no ano de 2019, mantendo-a no ano de 2020. 3.2.3 ENGIE Brasil Energia S.A A ENGIE Brasil Energia S.A (ENGIE) consiste na maior produtora privada de energia elétrica do Brasil e possui capacidade instalada de 10.211 MW, distribuídas em 31 usinas de energia o que representa 6% da capacidade do País. Com sede em Florianópolis, a companhia atua desde 1998 na geração e comercialização de energia, por meio da implantação e operação de usinas, das quais cerca de 90% de sua capacidade instalada é oriunda de fontes limpas e renováveis e com baixas emissões de gases de efeito estufa, tais como usinas hidrelétricas, usinas eólicas, usinas solares e usinas de biomassa (ENGIE, 2020). Em análise aos R.A da instituição no período de 2015 a 2019, os lucros líquidos (R$ milhões) foram consolidados e estão descritos a seguir. 94 O lucro líquido referente a 2015 foi igual a R$ 1.501,3 milhões e o lucro líquido por ação igual a R$ 2,300. No ano de 2016 o lucro líquido subiu para R$ 1.548,3 milhões e lucro líquido por ação chegou a R$ 2,372. Em 2017 a companhia obteve lucro líquido de R$ 2.004,60 milhões e lucro líquido por ação subiu para R$ 2,455. Em 2018, ano em que a ENGIE ocupou a 52º posição no ranking da Corporate Knights, alcançou um lucro líquido de R$ 2.315,40 milhões e lucro líquido por ação de R$ 2,836. Em 2019 o lucro líquido decresceu um pouco para R$ 2.311,10 milhões comparado ao ano anterior e o lucro líquido por ação foi de R$ 2,831. No R.A 2019, a companhia destaca, entre seus prêmios e reconhecimentos, a 72ª colocação no ranking Global 100 da CK dentre outras. A empresa organiza seus Relatórios Anuais de maneira que as informações referentes à Certificações sejam encontradas na mesma seção e dispõe que: Em 2019, das 60 usinas em operação 12 eram certificadas segundo as normas NBR ISO 9001 (gestão da qualidade), NBR ISO 14001 (gestão do meio ambiente) e NBR OHSAS 18001 (gestão da saúde e segurança no trabalho). Adicionalmente, o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda mantém o certificado segundo a norma NBR ISO 50001, relativa à Eficiência Energética. Dessa forma, o percentual de capacidade instalada operada certificada era de 77,9% (R.A ENGIE, p. 42 2019). Em seu website contém uma seção destinada a sustentabilidade na qual o acesso às informações é possível de forma eficaz, observa-se o compromisso da companhia no que tange à divulgação de suas informações sustentáveis. A seção subdivide-se conforme a figura 23 e contém ainda informações sobre Preservação de Recursos Naturais e Licenciamento na subseção Meio Ambiente; Legado para Gerações Futuras, Engajamento com a Comunidade e Desenvolvimento e Geração de Renda na subseção Responsabilidade Social e Recursos Próprios e Incentivados, Fundação ENGIE e Royalties. 95 Figura 23 – Print do website da ENGIE – Seção Sustentebilidade. Fonte: ENGIE (2020). 3.2.4 Natura Cosméticos S.A A trajetória que transformou a Natura na maior multinacional brasileira de cosméticos começou em 1969, quando Luiz Seabra inaugurou uma pequena fábrica em São Paulo. Desde então, construíram um negócio voltado à construção do Bem Estar Bem, que se manifesta nas relações harmoniosas que um indivíduo estabelece consigo mesmo, com os outros e com a natureza (NATURA, 2020). A empresa Natura Cosméticos S.A ocupou o 30º lugar no ranking das 100 empresas mais sustentáveis do mundo de acordo com a pesquisa e divulgação realizadas pela CK do ano de 2020. Em sua demonstração financeira referente ao ano de 2019, a empresa evidencia que integra o referido ranking há nada mais, nada menos que 11 anos. A busca pelos termos “gestão ambiental” no espaço destinado a pesquisas no website da Natura retornou um total de 299 resultados. Após avaliação ficou evidenciado que estes faziam menção a notícias diversas sobre a empresa Natura sem tratar propriamente das certificações e da gestão ambiental da empresa. 96 De forma ampla, a busca remeteu como resultado notícias voltadas para a área da gestão ambiental, diferentemente do que a busca por termos-chaves nos outros sites, das empresas BB e CEMIG, resultou. Com o intuito de obter os dados necessários para compor esta etapa do estudo, acessou-se na página inicial do site da empresa Natura, uma aba denominada “Sustentabilidade” na qual foram encontradas as informações sobre o sistema de gestão ambiental que serão úteis para a análise. Dentro da seção “Sustentabilidade” há uma subseção chamada “Visão 50” que contém um documento que recebe o nome de “Pense Impacto Positivo, visão de Sustentabilidade 2050” e descreve a gestão ambientalda Natura resumida como segue: “A gestão integrada dos aspectos financeiro, social, ambiental e cultural estará incorporada na cultura organizacional e em todos os processos da Natura. Nossas práticas serão de vanguarda e fonte de inspiração em comportamento empresarial” (NATURA, 2014). Neste documento há ainda as aspirações que a empresa pretende alcançar em termos de metas sustentáveis até o ano de 2050. Na mesma seção intitulada “Sustentabilidade” existe uma outra subseção chamada “Certificações” na qual constam os selos ambientais que empesa Natura ostenta: B CORP: rede global de empresas que associam crescimento econômico à promoção do bem-estar social e ambiental; PROGRAMA LEAPING BUNNY: um programa global que apresenta padrões cruelty free que vão além de requisitos legais; UEBT: visível nas embalagens de Ekos, confirma três pilares que norteiam nossos negócios: comércio justo, conservação da biodiversidade brasileira e relacionamento de confiança com a comunidade (NATURA, 2020). Através da análise do site da Natura é perceptível a presença de slogans que remetam à sustentabilidade que a empresa se propõe a defender, revelando assim, o grande investimento no marketing ambiental que é realizado pela mesma. Compete ressaltar que a Natura Cosméticos S.A é a única empresa brasileira que ocupou posição no ranking global 100 da CK nos últimos seis anos e ao analisar Relatórios Anuais disponíveis no website da Natura Cosméticos S.A obteve-se as seguintes informações sobre lucro líquido consolidado em milhões: ⎯ 2015 lucro líquido de R$ 513 milhões, a empresa ocupou 44ª posição; 97 ⎯ 2016 lucro líquido de R$ 308 milhões, a empresa ocupou a 61º posição; ⎯ 2017 lucro líquido de R$ 724 milhões, a empresa ocupou 19ª posição; ⎯ 2018 lucro líquido de R$ 548 milhões, a empresa ocupou 14ª posição; ⎯ 2019 lucro líquido de R$ 392 milhões, a empresa ocupou 15ª posição. Não se pode afirmar que existe um padrão que evidencie a relação da colocação das empresas no ranking com seu desempenho financeiro sem que exista uma análise mais aprofundada, porém, há de se observar que dentre as cinco empresas aqui citadas, todas obtiveram melhores resultados quando compuseram o ranking. Percebe-se que a queda em vinte posições da ENGIE no referido ranking da CK, por exemplo, comparado ao ano anterior, refletiu a diminuição, mesmo que pequena, de seu lucro líquido. BB, CEMIG e Santander seguiram em uma crescente enquanto a Natura apresentou uma oscilação de desempenho financeiro, porém configurou no ranking em todo o período. O que pode ser percebido até esse ponto do estudo é que os investimentos em práticas e ações sustentáveis trazem retorno através do reconhecimento e podem sim refletir em agregação de valor. 3.3 CERTIFICAÇÕES As certificações são formas legais de constatação, por organismos não governamentais, que estruturam a criação e o suporte à implantação de sistemas de gestão da segurança, ambiental, social, da informação, da qualidade entre outros. As certificações dão o devido suporte para que as organizações identifiquem e reduzam os efeitos prejudiciais que suas respectivas atividades possam causar. As organizações que possuem interesse em se manter e ampliar suas atividades enxergam nas certificações uma oportunidade de aumentar suas conquistas frente ao mercado. As empresas contidas na amostra para o estudo 98 divulgam em seus websites que o enfoque tende a aumentar e evoluir quando o assunto são as certificações visto que fica clara a preocupação com o meio ambiente e a qualidade de seus produtos e serviços, não deixando de lado ações sociais que agregam para com a comunidade. Segundo o Inmetro (2020), 1069 empresas possuem Certificação ISO 14001 válidas e 9024 empresas detém Certificação ISO 9001 válidas. Nesta etapa do estudo serão analisadas, a partir das demonstrações encontradas nos websites e Relatórios Anuais, 2018/2019, das 3 organizações brasileiras que constam no ranking Global 100 do ano de 2020 da Revista Canadense Corporate Knights, as evidências da existência das seguintes certificações, conforme quadro 6. Quadro 6 – Resumo das certificações a serem consideradas. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). . A motivação da escolha das referidas normas se justifica pelo fato de serem as mais atuais e abrangentes em cada panorama e busca levantar se tais organizações as mantém em foco visando alcança-las ou atualizar as já alcançadas a escolha dos R.A, referentes ao ano de 2018/2019 por serem os mais recentes. As empresas da amostra divulgam em seus R.A, referentes ao ano de 2018/2019, que possuem as seguintes certificações: ⎯ Banco do Brasil R.A 2019: ISO 14001 Certificação do edifício do BB - Ed. Torre Matarazzo em São Paulo (SP); R.A 2018: ISO 14001:2015 Certificação da sede administrativa, em Brasília (DF). NORMA REFERÊNCIA Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001:2015 Sistema de Gestão Ambiental ISO 14001:2015 Sistema de Gestão de Responsabilidade Social ISO 26000:2010 Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional ISO 45001:2018 99 ⎯ Cemig R.A 2018: ISO 9001 Certificação atribuída à Efficientia, primeira empresa brasileira de ESCO (Energy Service Company) certificada na ISO 9001 e ligada a uma concessionária de energia; ISO 9001 Certificação atribuída ao Portifólio de Treinamentos. ⎯ Natura R.A 2019: A empresa cita que a Gestão de Pessoas é baseada nos requisitos da norma ISO 45001. Nos Relatórios Anuais utilizados para o levantamento anterior evidenciou- se que tais empresas utilizam outras iniciativas, não a ISO, como referência para obtenção de certificação nas áreas. O Banco do Brasil expõe a Certificação Externa de Qualidade, na qual a Auditoria Interna obteve a certificação concedida pelo The Institute of Internal Auditors (R.A 2018). Entre as 3, a CEMIG é a única que cita em seu R.A (2018) a ISO: Evidencia que o relacionamento da companhia com sua Cadeia de Suprimentos é pautado em políticas específicas sobre responsabilidade social e ambiental e seguem criteriosamente as diretrizes das normas S.A 8000, ISO 14001, OHSAS 18001 e do Pacto Global; Incentiva a melhoria da gestão de seus fornecedores de serviços por meio de cláusula contratual que prevê a amortização de eventuais multas, em até 50%, em função da comprovação de requisitos como certificações ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, comprovação de capacitação de profissionais do quadro técnico e de que os gestores dos serviços estejam inscritos, cursando ou tenham concluído curso de gestão empresarial. A CEMIG além das certificações anteriormente mencionadas, divulga que o Portifólio de Treinamentos é certificado OHSAS 18001 (Occupational Health ans Safety Assessments Series oficialmente publicada pela BSI – British Standards Institution), porém não demonstra motivação de transição para a nova ISO 45001. Já a Natura evidencia a Gestão Ambiental possui iniciativa através dos indicadores GRI e do Pacto Global e a Responsabilidade Socioambiental pelo B- team que é um grupo formado por líderes mundiais com o objetivo de engajar corporações e líderes globais ao lema “Pessoas-Planeta-Lucro” e propor soluções para que conciliem receita e responsabilidade socioambiental. 100 Nota-se a partir da análise dos websites que todas as empresas possuem um Programa e/ou Sistema de Gestão Ambiental integrado às suas atividades operacionais evidenciando que almejam expandir o alcance das certificações ISO, ainda que não explicitem claramente em seus Relatórios Anuais. Com olhar para a qualidade, fica evidenciado ainda que todas mantém preocupação e consideram a mesma na entrega/realização de seus produtos e serviços. As três empresas nacionais listadas entre as 100 mais sustentáveis do mundo pelo ranking da C.K em 2020, apresentam, em seus respectivoswebsites, seus modelos de gestão ambiental e expõem seus selos. É visto, até esse ponto, que as três empresas fazem uso do marketing e da rotulagem ambiental como forma de estabelecer uma sinérgica conexão entre elas, o público externo e os stakeholders, assim como preconizam suas ações voltadas à qualidade em seus processos e serviços. Posteriormente foram confrontadas tais informações, divulgadas nos websites das empresas e contidas nos R.A 2018/2019, com as informações contidas nas bases do Inmetro, que contempla as padrões normativos ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015, através do endereço: https://certifiq.inmetro.gov.br/Consulta/ConsultaEmpresas, e nas bases da ABNT, que lista todas as certificações referentes aos mais de 400 programas existentes, através do endereço: http://www.abnt.org.br/certificacao/busca-de-empresa-certificada. Seguem as informações encontradas a partir de pesquisa realizada em 16 de maio de 2020: ⎯ Banco do Brasil No ambiente da ABNT a busca não retornou nenhum resultado referente às normas ISO 9001 e ISO 14001. O resultado obtido foi uma Certificação ABNT NBR 9050:2004 que se refere ao programa Acessibilidade. No ambiente do Inmetro a busca retornou resultado referente ao padrão normativo ISO 9001:2015 concedido à Diretoria de Crédito. Nenhum registro foi encontrado quando se buscou o padrão normativo que certifica Gestão Ambiental, a ISO 14001:2015. https://certifiq.inmetro.gov.br/Consulta/ConsultaEmpresas http://www.abnt.org.br/certificacao/busca-de-empresa-certificada 101 ⎯ Cemig (Concessionária Estatal de Energia Elétrica de Minas Gerais). No ambiente da ABNT a busca não retornou nenhum resultado referente às normas ISO 9001 e ISO 14001. No ambiente do Inmetro a busca não retornou nenhum resultado referente aos padrões normativos ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015. ⎯ Natura Cosméticos No ambiente da ABNT a busca não retornou nenhum resultado referente às normas ISO 9001 e ISO 14001. No ambiente do Inmetro a busca não retornou nenhum resultado referente aos padrões normativos ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015. Vale aqui ressaltar que as buscas ocorreram de forma a permitir que os sites remetessem respostas às mesmas, empregando-se no espaço destinado a pesquisa, as palavras “banco, concessionária e natura” em ambos os websites. Em vistas a elucidar se, no quesito interesse, o alcance a estas certificações (ISO 9001 e ISO 14001) acontece de forma inter-relacionada, buscou-se verificar o período (ano) em que as empresas que compõem a amostra do estudo informam que as atingiram. O Banco do Brasil, em seu R.A expõe que a Certificação Internacional ISO 9001:08 – Qualidade Total é referente ao Processo de Análise de Risco de Crédito, foi obtido em outubro de 2012 e recertificado em outubro de 2015 pela Fundação Vanzoli, com validade por mais (três) anos; o Sistema de Gestão Ambiental – SGA, possui escopo certificado com a ISO 14001 desde 2009 (R.A 2014). O Edifício Altino Arantes em São Paulo – SP, obteve Certificação ISO 14001 em 2014, com validade até agosto de 2017. Certificação ISO 14001 de mais um edifício do BB ocorreu em 2019 - Ed. Torre Matarazzo em São Paulo (SP). A CEMIG evidencia que a Certificação ISO 9001 é atrelada à empresa Efficientia, uma subsidiária integral da Companhia criada em 2002, porém não cita o ano em que tal conquista foi atribuída e ainda em consulta ao website foi possível localizar os registros referentes ao Sistema de Gestão Ambiental: Possuem certificação conforme a NBR ISO 14001:2004, as usinas hidrelétricas de Nova Ponte, Itutinga, São Simão, Miranda e Rosal, a Estação Ambiental de Galheiro, a gerência de usinas do Oeste e a gerência de segurança de barragens. [...] Em 2008, foram 102 certificadas conforme a NBR ISO 14001:2004, a Usina Hidrelétrica de Irapé e a Gerência das Usinas do Leste com o escopo: gestão de operação, manutenção e administração das usinas da região Leste (CEMIG, 2020). A Natura S.A divulgou a partir do seu R.A que a Certificação ISO 9001 foi conquistada no ano de 2004. No âmbito interno das fábricas e dos escritórios, a gestão da qualidade e do meio ambiente é tratada de forma conjunta no Sistema Integrado Normativo da Natura (SINN) que inclui em sua concepção, elementos de conceitos de gestão desenvolvidos a partir das normas ISO 9001 e ISO 14001, dos critérios de excelência da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e das melhores práticas do mercado (R.A BANCO DO BRASIL, 2014). As informações referentes ao período (ano) de evidencias de conquistas das certificações, seguem compiladas no quadro 7. Quadro 7 - Ano de Certificação baseado em informações divulgadas pelas empresas. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). A dificuldade encontrada para localizar as informações referentes ao período das certificações se deu a partir da percebida fragmentação da divulgação das mesmas nos websites. Estas informações não estão dispostas de forma unificada uma vez que existem subseções de acordo com as áreas e setores, empresas coligadas, unidades dentre outros critérios. O objetivo a ser alcançado nesta etapa do estudo visa demonstrar a existência da relação entre a sustentabilidade e o desempenho de sistemas de gestão da qualidade das empresas da amostra no que tange ao interesse ao alcance das certificações. Para tal, as divulgações realizadas pelas mesmas em seus websites serão utilizadas como referencial. Conforme disposto anteriormente no quadro 7, das empresas presentes na amostra, o Banco do Brasil obteve primeiro a ISO 14001, em 2009 e em 2012 a ISO 9001. Já a Cemig alcançou a certificação ISO 14001 em 2008, não evidenciando o ano de conquista da ISO 9001. Apenas a Natura Cosméticos alcançou as duas certificações no mesmo ano, em 2004. Banco do Brasil S.A CEMIG Natura Cosméticos S.A ISO 9001 2012 Informação não localizada 2004 ISO 14001 2009 2008 2004 103 O alcance às certificações não pôde, através do estudo, ser dito como inter- relacionado no quesito interesse, porém, as 3 empresas citadas explicitam em seus websites que os Sistemas de Gestão seguem as especificações das NBR ISO no que se refere ao alcance e atualização. 3.4 VARIAÇÕES FINANCEIRAS Para identificar as variações e os impactos financeiros, após a verificação da existência e do período de aquisição de certificações socioambientais (NBR ISO 14001) e certificações de qualidade (NBR ISO 9001), analisou-se as demonstrações financeiras das empresas envolvidas na amostra afim de levantar os seguintes indicadores: ⎯ Patrimônio Líquido (PL); ⎯ Lucro Líquido (LL); ⎯ Rentabilidade do Patrimônio Líquido: obtida através da divisão do Lucro Líquido pelo Patrimônio Líquido e busca evidenciar a rentabilidade do capital investido pelos sócios; ⎯ Lucro Líquido por Ação. Com o principal intuito de verificar o valor de mercado das empresas nacionais listadas no ranking da CK do ano de 2020, esta etapa do estudo utiliza como fonte as informações das demonstrações financeiras disponíveis nos respectivos websites das organizações. O objetivo é realizar um comparativo do valor de mercado, um antes e depois, levando em consideração o cenário pré e pós certificação. A abrangência do período para análise contemplará desde o ano de 2003 e tal critério se justifica pelo fato de abranger o período em que as três empresas em foco, Banco do Brasil, Cemig e Natura, alcançaram suas respectivas certificações. Para uma melhor análise, optou-se incialmente por verificar os indicadores isolados e em um segundo momento, a análise foi realizada em conjunto, de modo a garantir a eficiência e a complexidade das informações. A seguir serão apresentados graficamente todos os dados. 104 ⎯ Banco do Brasil S.A A instituição obteve a Certificação ISO 14001 em 2009. No ano anterior, 2008,o lucro líquido atingiu R$ 8.803 milhões e no ano da certificação subiu em 13,25%. Como resultado de sua estratégia, o lucro líquido do somou R$ 11.703 milhões em 2010 ano posterior à certificação, o que corresponde a uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 27,0% e crescimento de 15,3% em relação ao lucro observado em 2009. A certificação ISO 9001, alcançada em 2012, valorizou ainda mais a instituição que vinha em uma crescente. Após a certificação, somou um lucro líquido de R$ 15.758 milhões em 2013 comparado aos anos anteriores, R$ 12.205 milhões em 2012 e R$ 12.100 milhões em 2011. O patrimônio líquido em 2013 alcançou R$ 72,2 bilhões atingindo uma rentabilidade sobre o PL de 22,9%. O gráfico 5 apresenta o Patrimônio Líquido (PL), o Lucro Líquido (LL) e a Rentabilidade do PL do Banco do Brasil no período de 2003 a 2019 (valores em milhões). Gráfico 5 - PL, LL e Rentabilidade do PL - Banco do Brasil. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). O lucro líquido por ação, representado no gráfico 6, evidencia a valorização do indicador, em reais. 105 Gráfico 6 – Lucro Líquido por Ação – Banco do Brasil. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). , Pode-se perceber a valorização do indicador Lucro Líquido por Ação que ocorreu entre os anos de: ⎯ 2008 e 2010, respectivamente, (3,40; 4,00; 4,30), período da certificação ISO 14001 ⎯ 2011 e 2013, respectivamente, (4,28; 4,28; 5,57), período da certificação ISO 9001. ⎯ CEMIG Em consulta aos relatórios e demonstrações da CEMIG não se localizou o período exato de conquista da certificação ISO 9001. A companhia obteve a certificação ISO 14001 no ano de 2008. A análise contempla o período de 2005 a 2019. O gráfico 7 apresenta o Patrimônio Líquido (PL), o Lucro Líquido (LL) e a Rentabilidade do PL da CEMIG no período de 2005 a 2019 (valores em milhões). 106 Gráfico 7 - PL, LL e Rentabilidade do PL - CEMIG. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). O gráfico anterior evidencia o crescimento do Patrimônio Líquido, do Lucro Líquido, porém a Rentabilidade do Patrimônio Líquido sofreu uma pequena queda nos anos posteriores à obtenção da certificação. O PL que em 2007 foi de R$ 8.408 milhões, alcançou a margem de R$ 9.352 milhões em 2008 e R$ 11.165 milhões em 2009. Em 2007, ano pré certificação, a CEMIG arrecadou um LL de R$ 1.743 milhões e este indicador subiu em 2008 para R$ 1.887 milhões e posteriormente para R$ 2.134 milhões. A Rentabilidade do Patrimônio Líquido sofreu pequena queda após a conquista da certificação, mantendo se na faixa entre 19% e 20%. O gráfico 8 evidencia o Lucro Líquido por Ação que atingiu o valor de R$ 3,80, no período de obtenção da certificação em 2008. Nos anos seguintes este indicador sofreu desvalorização. 107 Gráfico 8 – Lucro Líquido por Ação – CEMIG. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). Dentre as três empresas da amostra, a CEMIG apresenta em seus relatórios a informação de Valor de Mercado e essa segue compilada a seguir. O valor de mercado está representado pela totalidade das ações da Companhia ao valor de mercado das ações no último dia de negociação de cada ano, evidenciando o crescimento/diminuição significativo em relação ao ano anterior. O gráfico 9 corrobora as informações anteriores agregando à análise: Gráfico 9 – Valor de Mercado – CEMIG. Fonte: Adaptado de R.A CEMIG (2005 - 2019). R$- R$5.000 R$10.000 R$15.000 R$20.000 R$25.000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 108 A partir da análise do gráfico 9, observa-se que entre os anos 2005 a 2007, anos anteriores à certificação, a empresa apresentou considerável crescimento no valor de mercado que está explicado em seus relatórios de administração como reflexo do crescimento de seus investimentos, dentre os quais o investimento em gestão ambiental. No ano de 2008, a empresa alcança a certificação NBR ISO 14001, apresentando crescimento no Valor de Mercado em 2009. O crescimento significativo em relação ao ano anterior representou 19,57%, em 2008 R$ 15.761 milhões subindo para R$ 19.596 milhões em 2009. O índice manteve uma variação nos anos seguintes e a queda significativa no Valor de Mercado observada em 2015 que chegou a R$ 7.664 milhões, atrelada a uma diferença no lucro líquido de R$ 2,5 bilhões abaixo do ano anterior, se justifica pela taxa de juros e inflação em alta, aliada aos efeitos da crise hídrica que se instalou a partir do final de 2013 no Brasil e pela revisão do planejamento estratégico da companhia. ⎯ Natura Cosméticos A Natura conquistou tanto a certificação ISO 9001 quanto a certificação ISO 14001 no ano de 2004. As demonstrações financeiras disponíveis no website permitiram a inclusão do período de 2003 a 2019 e segue evidenciada no gráfico 10, considere R$ milhões. Gráfico 10 - PL, LL e Rentabilidade do PL - Natura Cosméticos. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). 109 A organização apresentou uma crescente após a conquista das cerificações partindo de um lucro líquido de R$ 63.900 milhões em 2003 para R$ 300.00 milhões em 2004, ano das certificações, e posteriormente R$369.000 milhões em 2005. A rentabilidade do Patrimônio líquido cresceu nos dois anos após a obtenção das certificações. O gráfico 11 traz o indicador lucro líquido por ação, valores em reais, no período de 2003 a 2019. Gráfico 11 – Lucro Líquido por Ação – Natura Cosméticos. Fonte: Elaborado pela Autora (2020). O valor do lucro líquido por ação do ano de 2003, infelizmente não foi localizado, porém, no ano de 2004, ano em que a Natura alcançou as duas certificações, o valor era de R$ 3,54 e no ano posterior às certificações, o valor passou por uma valorização, subindo para R$ 4,67, sendo o maior valor alcançado no período analisado. De acordo com os dados das Demonstrações Financeiras da empresa, o lucro líquido teve crescimento superior ao verificado pelo EBITDA (geração de caixa) devido ao aumento da receita financeira líquida, por conta do incremento no caixa líquido médio no quarto trimestre de 2005 em relação ao mesmo período de 2004. Este aumento da receita financeira líquida mais que compensou o aumento da alíquota média de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (IR/CSLL). O aumento da alíquota média de IR/CSLL se deveu à menor participação relativa da amortização do ágio na base de cálculo destes impostos e aumento do 110 prejuízo gerado nas operações internacionais, em virtude da abertura de novas subsidiárias. O ano posterior à conquista das certificações, 2005, foi marcado pela inserção no mercado internacional. A empresa iniciou as operações em Cancun e Aruba no México, abriu a primeira loja em Paris e focou na linha Ekos International, que tem seus produtos explorando a imagem da biodiversidade brasileira com produtos compostos unicamente de ingredientes naturais. 111 CONCLUSÃO 4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo cerne deste estudo foi compreender as alterações financeiras apresentadas pelas empresas nacionais constantes no ranking da CK 2020, após a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e de Qualidade e das certificações ISO, com principal viés em aumento/diminuição de Valor de Mercado. No que tange a resposta ao problema levantado, verificou-se que os Sistemas de Gestão certificados pela ISO demonstraram influenciar positivamente a situação financeira das empresas da amostra, uma vez que a partir da conquista das mesmas tais empresas apresentaram sim uma valorização de seu valor frente ao mercado. As organizações apresentaram uma crescente nos indicadores: Lucro Líquido, Patrimônio Líquido, Rentabilidade do Patrimônio Líquidoe Lucro Líquido por Ação após a conquista das certificações e observa-se ainda que, mesmo no período em que obtiveram um prejuízo em relação ao ano anterior, estas mantiveram ativas suas políticas de gestão destacando em seus relatórios o compromisso com a sustentabilidade e a qualidade. Não pode-se afirmar a partir do estudo que existe um padrão que evidencie a relação da colocação das empresas no ranking da CK, entre os anos 2015 e 2020, com seu desempenho financeiro sem que exista uma análise mais aprofundada, porém, há de se observar que dentre as cinco empresas citadas, todas obtiveram melhores resultados quando compuseram o ranking. Tal ponto pode ser entendido como favorável ao aumento da visibilidade da instituição frente ao mercado corroborando que práticas sustentáveis agregam de forma positiva. No quesito interesse, o alcance às certificações não foi confirmado como inter-relacionado, uma vez que as certificações foram obtidas em períodos diferentes, porém o desenvolvimento de ações voltadas para a obtenção das mesmas tenha sido iniciado e mantido de forma sinérgica e as organizações explicitam em seus websites que os Sistemas de Gestão seguem as especificações das NBR ISO no que se refere ao alcance e atualização. De forma complementar ao estudo, evidenciou-se a importância dos indicadores de sustentabilidade através de um levantamento bibliométrico, na base SciELO visando mapear a produção científica sobre o tema, por autores brasileiros. 112 A produção teve início em 2002 e o pico de publicações ocorreu em 2009, ano da Conferência Climática de Copenhagem considerado o encontro mais importante da história de acordos multilaterais. De maneira análoga percebeu-se que em 2012, ano da Rio +20 realizada no Brasil, realizou-se apenas uma publicação assim como nos dois anos seguintes. A classificação dos periódicos em que os artigos foram publicados receberam classificação A1, A2 e B1 e B2 Qualis-CAPES, evidenciando excelência internacional e nacional respectivamente para as classes A e B. Constatou-se ainda que, a produção científica sobre a temática está mais concentrada na área de Engenharias (11 publicações) evidenciando que o tema vem sendo abordado com mais frequência dentro desta área, seguida por Ciências Ambientais (3 publicações). 4.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Cabe-se ressaltar que vários fatores internos e externos influenciam ainda as variações financeiras e nem sempre a variação financeira está diretamente ligada ao investimento em Gestão Ambiental e de Qualidade e ao alcance de Certificações. A análise aqui apresentada não foi realizada entre empresas do mesmo setor, visto esse ponto a autora sugere que o estudo seja realizado desta forma afim de se comparar resultados entre as mesmas. Ressalta-se como limitação da presente pesquisa que os resultados encontrados dizem respeito à empresa em análise separadamente, não podendo ser expandidos para diferentes empresas. Por ser uma pesquisa realizada por meio do cálculo de indicadores pontuais e por limitar-se apenas às demonstrações financeiras e aos relatórios de administração divulgados pelas empresas, o estudo possui restrições, uma vez que não foram analisados a fundo os fatores externos vivenciados pelas empresas em seus nichos e mercados. Com base na investigação realizada, sugere-se como proposta para pesquisas futuras a análise de outras empresas aprofundando a análise nos fatores externos vivenciados pelas mesmas, almejando comparar os seus resultados e desempenhos com demais empresas do mesmo setor/nicho de mercado. 113 Com relação ao estudo bibliométrico, recomenda-se para pesquisas futuras um estudo mais amplo com a adoção de duas ou mais bases de dados a fim de propiciar uma maior visão do estado atual da produção científica relacionada aos Indicadores de Sustentabilidade. 114 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOPYAN, V. E JOHN, V. M. – O desafio da Sustentabilidade na Construção civil. São Paulo: Blucher, 2011. AHMIĆ, A.; ŠUNJE, A.; KURTIĆ, E. The Influence Of Top Managers' Personal Values On Sustainability Of Smes In Developing Countries. In: International OFEL Conference on Governance, Management and Entrepreneurship. 4, 2016, Dubrovnik – Croácia. Proceedings. 2016. ALLEDI FILHO, C. O tripé da sustentabilidade. 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