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DESCRIÇÃO Conceitos de toque e palpação para realizar a investigação das estruturas corporais, percebendo pelas sensações as alterações de sua normalidade. PROPÓSITO Identificar estruturas anatômicas no corpo pela palpação e ter uma melhor percepção das estruturas superficiais e profundas através do toque, com base no conhecimento da anatomia do corpo humano, com o objetivo de contribuir para um diagnóstico funcional preciso e para a prescrição de procedimentos fisioterapêuticos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Entender os conceitos do toque, palpação e as sensações produzidas a partir das estruturas sensoriais MÓDULO 2 Reconhecer os receptores sensoriais do tecido cutâneo e subcutâneo, e a identificação das estruturas anatômicas da superfície corporal MÓDULO 3 Aplicar os conhecimentos da anatomia topográfica na interpretação das variações anatômicas relacionadas às disfunções e/ou patologias apresentadas INTRODUÇÃO Neste conteúdo, teremos a oportunidade de aprender a palpação das diversas estruturas corporais. Isso porque um fisioterapeuta necessita desses valiosos conhecimentos, que funcionam como importantes instrumentos para avaliação e tratamento fisioterapêutico. Imagine um fisioterapeuta avaliando um senhor de 43 anos, jogador de vôlei amador – pratica o esporte somente aos fins de semana – que tem como queixa principal uma incapacidade funcional para flexão e abdução de ombro em grau total (180°), em decorrência de tendinite do músculo supraespinhoso. Alguns questionamentos relevantes para sua avaliação inicial: Imagem: Shutterstock.com Onde fica inserido o tendão do músculo supraespinhoso? Haverá dor na palpação em sua inserção? Por onde ele passa? Que músculo é esse? Qual movimento ele faz? Que importância ele tem na articulação glenoumeral? Para o tratamento fisioterapêutico, posso utilizar um procedimento de ultrassom na tendinite? Como usar? Tenho que identificar o tendão comprometido para uso desse procedimento fisioterapêutico. Agora, você consegue enxergar a importância desse conhecimento para um fisioterapeuta? MÓDULO 1 Entender os conceitos do toque, palpação e as sensações produzidas a partir das estruturas sensoriais CONCEITOS DE TOQUE E PALPAÇÃO Inicialmente, apresentaremos os conceitos de toque e palpação, sob visão do profissional de saúde. Isso porque, ao falarmos de anatomia palpatória, há necessidade de refletirmos sobre essa conceituação. Foto: Shutterstock.com Toque - Ação ou efeito de tocar; aperto de mão; cumprimento; exame feito com os dedos, como, por exemplo, toque retal. Foto: Shutterstock.com Palpação - Ato de palpar; exploração de qualquer parte do corpo por meio da palma da mão ou dos dedos. A palpação é a utilização do sentido do tato com o objetivo de buscar a exploração da superfície corporal – palpação superficial – e os órgãos internos – palpação profunda. Podemos identificar com nossas mãos e, muito facilmente, estruturas superficiais, como: cristas ilíacas, espinhas das escápulas, músculos bíceps braquial, reto femural e tibial anterior, tendões bicipitais distal, tricipital e do calcâneo. Além de vasos, como a artéria radial, facilmente, encontrada na face anterior do punho, lateralmente ao tendão do músculo palmar longo. No entanto, estruturas internas e mais profundas também podem ser encontradas, vide o músculo iliopsoas e a artéria aorta. ATENÇÃO A palpação possibilita comprovar dados observados na inspeção. Ela nos permite a coleta de novos dados, como: alteração da textura, dimensão, forma, consistência, sensibilidade (tátil, térmica e dolorosa), temperatura, elasticidade, arranjo, postura e característica de cada órgão, bem como volume e resistência muscular, presença de massas e outras alterações. Existem várias técnicas de palpação e sua escolha depende do local a ser examinado e do que se pretende investigar. Pode-se utilizar toda a mão com suaves toques ao investigar áreas edemaciadas, com processos inflamatórios e calor, a fim de coletar dados para avaliação. É possível também utilizar a mão em garra para identificar a massa de um músculo, como, por exemplo, o músculo peitoral maior e até mesmo os dedos em garra para buscar o processo espinhoso de uma vértebra cervical ou a clavícula. Para a prática da anatomia palpatória, é indispensável o conhecimento da organização dos órgãos e sistemas nas diferentes regiões do corpo, principalmente, naquelas em que o fisioterapeuta prende a sua atenção na pesquisa de um dado valioso de avaliação ou de realização de uma intervenção fisioterapêutica. É necessário o estudo do corpo, não dividido somente em sistemas ou aparelhos, mas, em regiões, nas quais serão observados e palpados os segmentos de todos os sistemas que ali se encontram. EXEMPLO Vamos a um exemplo: na palpação do braço – segmento entre o ombro e o cotovelo –, podemos investigar como estruturas ósseas palpáveis o tubérculo maior e menor do úmero e o sulco intertubercular, que os separa na porção proximal do úmero e os epicôndilos medial e lateral em sua porção distal. Além disso, podemos identificar o tendão da porção longa do bíceps, que passa no sulco intertubercular, assim como o tendão distal do bíceps e do tríceps braquial, os músculos bíceps braquial, braquial e tríceps braquial, todos palpáveis e identificados quando em contração. Em um sulco existente entre os músculos bíceps braquial e tríceps braquial, na face medial, identificamos a artéria braquial com seu pulso e os nervos mediano e ulnar, respectivamente anterior e posteriormente à artéria – vide figura a seguir. Foto: Atlas de anatomia palpatória, vol. 1: pescoço, tronco, membro superior; TIXA; 2017; Pags. 117, 124 e 126 Face anterior e posterior do braço. Identificação da artéria braquial no braço. Podemos observar que, em um segmento corporal, identificamos estruturas anatômicas de diversos sistemas: Esquelético Muscular Vascular Nervoso O estudo da anatomia regional ou topográfica é o que mais satisfaz como base para esta exigência, necessária nas avaliações fisioterapêuticas. Difere da anatomia sistêmica, pois é de aplicação prática, enquanto a anatomia sistêmica de caráter científico. ANATOMIA REGIONAL OU TOPOGRÁFICA ANATOMIA SISTÊMICA Na verdade, a anatomia topográfica surgiu como uma anatomia de aplicação. Possivelmente, no século XVI, quando um médico de Veneza, Nicola Massa, pela primeira vez, relacionou os dados anatômicos a uma imediata aplicação cirúrgica. Dessa época em diante, a anatomia topográfica tem evoluído sob duas orientações, até certo ponto, divergentes. Uns fazem um estudo anatomotopográfico detalhado e, posteriormente, lembram as possíveis aplicações práticas destes conhecimentos. javascript:void(0) javascript:void(0) Outros, após um estudo mais ou menos superficial de cada uma das regiões, destacam todas as possíveis aplicações destes dados. Essa variação se dá a partir do objetivo a ser alcançado. A anatomia topográfica, visando às aplicações ao indivíduo, deve servir ao fisioterapeuta como base na avaliação e nas intervenções sobre uma determinada região, junto à anatomia palpatória. Não pode ser estudada em um “indivíduo irreal”, sem sexo, idade, etnia e constituição. Pelo contrário, deve-se considerar todos esses fatores, que são fatores gerais que levarão à variação anatômica. O conhecimento anatômico de uma dada região deve ser considerado sob todos os fatores que possam influenciar na topografia dos órgãos dessa região, devendo-se ponderar a variabilidade do órgão, condicionada, principalmente, por sexo, etnia e idade. Imagem: Shutterstock.com 1 - Há características próprias do sexo. Por exemplo, podemos citar o tecido gorduroso subcutâneo, habitualmente, muito mais abundante no sexo feminino, devido às características hormonais. Isto é, arredondando suas formas, escondendo mais os relevos e depressões da superfície óssea da região, alterando a morfologia externa do corpo e dificultando a investigação ósseaem uma mulher. Imagem: Shutterstock.com 2 - Outro fator relevante é a idade. Há variações na forma e na topografia dos órgãos quando se compara a criança com o adolescente, com o adulto ou com o idoso. A palpação de um músculo em pessoas jovens será muito diferente da palpação de um músculo de uma pessoa idosa, já com possível presença da sarcopenia. A palpação, além de complementar a inspeção feita pelo profissional de saúde, avalia a estrutura e a mobilidade dos diversos sistemas do corpo humano. Sempre pensamos em palpação do sistema músculo esquelético, mas faz-se necessária em vários outros sistemas do corpo. Por exemplo, na caixa torácica, onde se permite investigar a mobilidade do tórax em decorrência das incursões respiratórias. DICA Com a técnica da palpação, também se permite verificar lesões superficiais quanto à sua forma, ao seu volume e à sua consistência; sensibilidade superficial e profunda, dor provocada e espontânea, bem como qualquer outra manifestação dolorosa relatada pelo paciente. Todos os relatos devem ser avaliados pela palpação. Devendo, inclusive, ser feita a verificação do pulso arterial. Perceberam como usaremos a palpação junto à avaliação de nossos pacientes? Vale salientar que uma avaliação de qualidade leva a um tratamento eficaz. No processo da avaliação, temos a inspeção, a palpação, com grande uso da anatomia palpatória e os testes clínicos no exame físico, que são fundamentais nessa investigação. ESTRUTURAS CORPORAIS SENSITIVAS Palpar as estruturas corporais para uma avaliação e/ou procedimento de tratamento fisioterapêutico se faz necessário, como já afirmado. A palpação é percebida pela neuroanatomia dos receptores, ao passo que, em toda a superfície da pele, existem receptores especializados para detectarem estímulos provenientes do meio externo. Podemos citar: QUIMIORRECEPTORES Ligados ao olfato e ao paladar. A percepção de odores é mediada por quimiorreceptores. FOTORRECEPTORES Ligados à visão. As células capturam a luz que chega à retina e comunicam para o cérebro um impulso nervoso correspondente à qualidade dessa luz, permitindo, assim, que o cérebro distinga as imagens. TERMINAÇÕES NERVOSAS LIVRES Porção localizada na parte distal dos nervos, que tem como função contatar os órgãos periféricos. Podem ser sensitivas ou motoras (somáticas e viscerais). Por estabelecerem um contato das fibras nervosas com os órgãos efetuadores (Músculos e glândulas) , podem ser chamadas de junção neuromuscular. Geralmente, estão presentes em várias partes do corpo, principalmente, na pele, e podem ser classificadas em terminações nervosas livres e encapsuladas (mais complexas), como corpúsculo de Meissener, corpúsculo de Water-Paccini, corpúsculo de Krause, corpúsculo de Ruffini, discos ou meniscos de Merckel. FUSOS NEUROMUSCULARES (CONTRAÇÃO) São órgãos sensoriais presentes por todo o tecido muscular, que acionam reflexamente o músculo e bloqueiam simultaneamente o músculo oponente ou antagonista (reflexo de estiramento). São considerados unidades contráteis regulares do músculo. ÓRGÃOS NEUROTENDÍNEOS O órgão tendinoso de Golgi é um receptor sensorial proprioceptivo localizado na junção musculotendinosa, onde as fibras de colágeno do tendão se juntam às extremidades das fibras musculares extrafusais. São muito sensíveis a alterações na tensão do músculo, ao contrário dos fusos neuromusculares, que são mais sensíveis a alterações do comprimento muscular. RECEPTORES ARTICULARES CINESTÉSICOS Estão localizados nas cápsulas das articulações sinoviais, onde são estimulados por mudanças na posição do corpo quando as articulações são movimentadas. CÉLULAS SENSITIVAS Pelos da orelha interna estão localizados em dúctulos, estruturas cheias de líquido chamadas de labirinto membranáceo, tendo grande relação com os mecanismos do equilíbrio. Tudo isso se faz necessário para nossa propriocepção, também nomeada como cinestesia. CINESTESIA É o termo empregado para nomear a competência em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação; a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. SAIBA MAIS A propriocepção (ou cinestesia), palavra empregada por Sherrington, por volta de 1900, pode ser explicada como qualquer conhecimento postural e posicional, conduzida ao Sistema Nervoso Central (SNC) pelos receptores encontrados em órgãos, músculos, tendões, ligamentos, articulações ou pele. Em outras palavras, é a percepção da posição e dos movimentos produzidos pelo nosso corpo. Ela apresenta a percepção do próprio corpo e inclui a consciência da postura, do movimento, das partes do corpo e das alterações no equilíbrio, além de trazer as sensações de movimento e de posição articular. Embora seja pesquisada há muito tempo, a propriocepção ainda não é inteiramente conhecida. É impraticável falar em propriocepção sem citar receptores sensoriais. Afinal, são eles que avisam ao javascript:void(0) nosso SNC sobre a posição articular e o nível de tensão muscular. Os receptores sensoriais participam do sistema sensorial somático, responsável pelos diferentes conhecimentos sensoriais captados e interpretados pelo nosso corpo. O primeiro papel dos receptores sensoriais é prover o SNC com dados sobre a condição interna de estruturas orgânicas (meio interno) e do ambiente externo. Os receptores são denominados de sentidos (visão, audição, sensibilidade corporal, olfação, gustação). Entretanto, um único receptor não é capaz de informar os variados estímulos que somos bombardeados a cada instante. Por isso, podemos contar com variados tipos de receptores sensoriais, cada um com suas próprias características que permitem a percepção de diferentes estímulos. Imagem: Shutterstock.com A organização dos receptores sensoriais se faz de acordo com a sua função: Mecanoceptores Termoceptores Fotoceptores Quimioceptores Nociceptores Além da categorização funcional, podemos também classificá-los de acordo com seu local anatômico: exteroceptor, interoceptor e proprioceptor – esta última classe é a que nos interessa no momento. IMAGINE QUE PEÇAMOS PARA VOCÊ FECHAR OS OLHOS NESSE MOMENTO E, EM SEGUIDA, VOCÊ ME DESCREVA COMO ESTÃO SEU TRONCO E MEMBROS (SUPERIORES E INFERIORES). OS JOELHOS ESTÃO FLETIDOS OU ESTENDIDOS? SUAS MÃOS ESTÃO ABERTAS OU FECHADAS? QUEM TE INFORMOU TUDO ISSO? RESPOSTA A propriocepção é fundamental e responsável pela emissão constante de informações sobre eventuais deslocamentos de qualquer segmento corporal no espaço, auxiliando-nos nas mais diferentes tarefas funcionais. Apropriadamente, os proprioceptores estão localizados nos músculos (Fusos musculares) , tendões (Órgãos tendinosos de Golgi) e nas cápsulas articulares (Corpúsculos de Ruffini e Pacini) . Quanto ao local de sua presença, as terminações nervosas são classificadas em: EXTEROCEPTORES PROPRIOCEPTORES javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) INTEROCEPTORES PERCEPÇÃO CORPORAL DO TOQUE E SUAS SENSAÇÕES Na anatomia palpatória, já que utilizamos a todo o momento o toque para reconhecer uma estrutura ou fazer uma avaliação, os mecanorreceptores são primordiais, sendo encontrados na epiderme e derme através dos discos ou meniscos de Merkel. Os meniscos de Merkel são localizados na camada basal da epiderme, com uma distância de 1cm, e são responsáveis pelo tato e pressão leve. Já os corpúsculos de Meissner são localizados em grande quantidade nas pontas dos dedos, sendo responsáveis pelo tato e sensíveis às vibrações. Quanto aos corpúsculos de Vater-Pacini, são localizados no tecido subcutâneo e derme, sendo responsáveis pelo tato forte e pressões prolongadas. Tipo morfológico Transdução Localização Função Terminações livres Mecanoelétrica, quimioelétrica e termoelétrica Toda pele, órgãos internos, vasos sanguíneos e articulações Dor, temperatura e tato protopático Corpúsculos de RuffiniMecanoelétrica Derme e cápsulas articulares Sulcos da pele e tato protopático javascript:void(0) Fusos musculares Mecanoelétrica Músculos esqueléticos Propriocepção OTG Mecanoelétrica Tendões Propriocepção Corpúsculos de Pacini Mecanoelétrica Derme, articulações, músculos e periósteo Sensibilidade vibratória Discos de Merkel Mecanoelétrica Epiderme Tato e pressão estática Quadro: Receptores, sua localização e função Elaborado por: Sandra Helena Mayworm Para que essa percepção ocorra, temos que voltar nossa atenção para o conhecimento da neuroanatomia e, principalmente, para a área interna da medula espinhal. Em corte transversal da medula espinhal, podemos observar a distribuição das substâncias branca e cinzenta: Imagem: Shutterstock.com A substância cinzenta apresenta forma de uma letra H ou até mesmo a de uma borboleta. Apresenta um corno anterior que é mais dilatado por possuir maior concentração de corpos neuronais e se conectam com a raiz anterior do nervo espinhal. É composto por fibras predominantemente amielínicas, sendo uma via eferente ou motora; um corno posterior mais delgado e que recebe a raiz posterior do nervo espinhal, sendo uma via ascendente ou sensitiva; e um corno lateral, que somente é encontrado na região torácica e parte do sacro. Imagem: Shutterstock.com A substância branca distribuída em todo o entorno do H medular, serve como via ascendente (Posteriormente) e via descendente (Anteriormente) conduzindo impulsos nervosos oriundos da periferia para o encéfalo e vice-versa, através das fibras mielínicas. É subdividida em três grandes funículos, que são áreas onde se concentram os tractos. Entre os cornos anteriores, encontra- se o funículo anterior; entre o corno anterior e o corno posterior, encontra-se o funículo lateral; entre os cornos posteriores, encontra-se o funículo posterior, que se subdivide em dois fascículos. FASCÍCULOS O primeiro deles é o fascículo grácil ou, antigamente, conhecido como fascículo de Goll. Esse está localizado medialmente e conduz todo impulso nervoso motivado nos membros inferiores e parte inferior do tronco. O segundo é o fascículo cuneiforme ou fascículo de Burdach, localizado lateralmente, e relacionado com qualquer impulso nervoso motivado nos membros superiores e parte javascript:void(0) superior de tronco. Tais impulsos nervosos estão relacionados com a propriocepção consciente, a sensibilidade vibratória, o tato discriminativo e a estereognosia. ATENÇÃO Propriocepção consciente - Percepção consciente de posição e movimentos dos segmentos do corpo. Sensibilidade vibratória - Percepção de qualquer estímulo repetitivo ou vibracional na superfície da pele. Tato discriminativo - Capacidade de saber discriminar tocando dois pontos na superfície da pele. Estereognosia - Capacidade de reconhecer um objeto pelo tato quanto a sua forma e textura, sem o auxílio da visão. A abrangência prática para a anatomia palpatória investigativa deve ser desenvolvida formalmente, de forma precisa, segura e de muito respeito ao corpo que está sendo tocado. O toque do terapeuta deve ser sempre um toque seguro e, para isso, é necessário, além do conhecimento da anatomia, algumas competências e habilidades profissionais. A ética e a humanização devem estar presentes mantendo sempre uma abordagem não discriminadora e respeitosa, pois o relacionamento entre o profissional e o cliente se baseia na segurança e confiança. Vale salientar que invadimos os limites de uma pessoa quando nossas necessidades são postas acima das dela. Se o terapeuta estabelece limites profissionais e estes são respeitados por igual consideração das necessidades de cada pessoa em uma situação, o respeito do profissional pelo cliente e a compreensão do cliente pela ética profissional darão suporte à tomada de decisão coerente e ética. No relacionamento profissional em que expectativas e regras são compreendidas com clareza, os clientes podem fazer uma escolha informada sobre seu comportamento. Se a situação é vaga e as regras mudam de semana a semana, as expectativas entre cliente e terapeutas tornam-se obscuras. Importante frisar que essa relação deve ser construída sobre bases profissionais, ou seja, sem relações demasiadamente frias e distantes, ou ainda, demasiadamente íntimas. Encontrar e manter o grau apropriado de proximidade e profissionalismo é um desafio para o terapeuta e pode exigir um ajuste constante, já que, muitas vezes, trabalhamos com o toque do corpo do outro. ANATOMIA PALPATÓRIA E SUA RELEVÂNCIA PARA O FISIOTERAPEUTA A especialista Sandra Helena Mayworm fala sobre o uso da anatomia palpatória no dia a dia do fisioterapeuta: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A ANATOMIA TOPOGRÁFICA DIFERE DA ANATOMIA SISTÊMICA, POIS É DE APLICAÇÃO PRÁTICA, ENQUANTO A ANATOMIA SISTÊMICA É DE CARÁTER CIENTÍFICO. LEIA AS AFIRMATIVAS ABAIXO: I. A ANATOMIA TOPOGRÁFICA, VISANDO ÀS APLICAÇÕES AO INDIVÍDUO, DEVE SERVIR AO FISIOTERAPEUTA COMO BASE NA AVALIAÇÃO E NAS INTERVENÇÕES SOBRE UMA DETERMINADA REGIÃO, TENDO COMO PARÂMETRO A ANATOMIA PALPATÓRIA. II. O CONHECIMENTO ANATÔMICO DE DADA REGIÃO DEVE SER CONSIDERADO SOB TODOS OS FATORES QUE POSSAM INFLUENCIAR NA TOPOGRAFIA DOS ÓRGÃOS DESSA REGIÃO, MAS NÃO HÁ NECESSIDADE DE SE PONDERAR A VARIABILIDADE DO ÓRGÃO, CONDICIONADA POR SEXO, ETNIA E IDADE. III. O ESTUDO DA ANATOMIA REGIONAL OU TOPOGRÁFICA É O QUE MAIS SATISFAZ A EXIGÊNCIA NECESSÁRIA NAS AVALIAÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS. PODE-SE AFIRMAR QUE: A) Somente a I está correta. B) Somente a III está correta. C) I e III estão corretas, somente. D) I e II estão corretas, somente. E) I, II e III estão corretas. 2. LEIA AS AFIRMATIVAS A SEGUIR: I. SEMPRE PENSAMOS EM PALPAÇÃO DO SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO, MAS FAZ-SE NECESSÁRIO PENSARMOS EM VÁRIOS OUTROS SISTEMAS DO CORPO. PORQUE II. A PALPAÇÃO, ALÉM DE COMPLEMENTAR A INSPEÇÃO FEITA PELO PROFISSIONAL DE SAÚDE, AVALIA A ESTRUTURA E A MOBILIDADE DOS DIVERSOS SISTEMAS DO CORPO HUMANO. ANALISANDO AS AFIRMAÇÕES ACIMA, CONCLUI-SE QUE: A) A afirmação I é verdadeira, e a II é falsa. B) As afirmações I e II são verdadeiras, e a II não justifica a primeira. C) As afirmações I e II são verdadeiras, e a II justifica a primeira. D) A afirmação I é falsa, e a II é verdadeira. E) As afirmações I e II são falsas. GABARITO 1. A anatomia topográfica difere da anatomia sistêmica, pois é de aplicação prática, enquanto a anatomia sistêmica é de caráter científico. Leia as afirmativas abaixo: I. A anatomia topográfica, visando às aplicações ao indivíduo, deve servir ao fisioterapeuta como base na avaliação e nas intervenções sobre uma determinada região, tendo como parâmetro a anatomia palpatória. II. O conhecimento anatômico de dada região deve ser considerado sob todos os fatores que possam influenciar na topografia dos órgãos dessa região, mas não há necessidade de se ponderar a variabilidade do órgão, condicionada por sexo, etnia e idade. III. O estudo da anatomia regional ou topográfica é o que mais satisfaz a exigência necessária nas avaliações fisioterapêuticas. Pode-se afirmar que: A alternativa "C " está correta. A anatomia topográfica não pode ser estudada em um “indivíduo ideal”, sem sexo, sem idade, sem etnia, sem constituição, mas deve considerar todos estes fatores, que são fatores gerais que levarão à variação anatômica. 2. Leia as afirmativas a seguir: I. Sempre pensamos em palpação do sistema músculo esquelético, mas faz-se necessário pensarmos em vários outros sistemas do corpo. PORQUE II. A palpação, além de complementar a inspeção feita pelo profissional de saúde, avalia a estrutura e a mobilidade dos diversos sistemas do corpo humano. Analisando as afirmações acima, conclui-se que: A alternativa "C " está correta. A palpação complementa a avaliação feita pelo profissional de saúde. Desse modo, é necessário conhecimento anatômico não apenas do sistema músculo esquelético,como também conhecimento de outros sistemas do corpo humano. MÓDULO 2 Reconhecer os receptores sensoriais do tecido cutâneo e subcutâneo, e a identificação das estruturas anatômicas da superfície corporal. COMPOSIÇÃO E SENSIBILIDADE DO TECIDO CUTÂNEO E SUBCUTÂNEO A pele (Tegumento) é o maior órgão do corpo e, juntamente com seus órgãos anexos (Pelos, glândulas e unhas) , constitui o sistema tegumentar. Atuando como uma conexão dinâmica entre o ambiente externo, que, continuamente, apresenta variações, e o ambiente interno do corpo, a pele ajuda a manter a homeostasia. Contidos nesse sistema, estão os milhões de receptores sensitivos da pele e sua vasta rede vascular, pois a derme da pele possui extensa inervação. Efetores tegumentares especializados respondem aos impulsos motores transmitidos pelo Sistema Nervoso Central para a pele através de fibras nervosas autônomas. Diversos tipos de receptores sensitivos respondem por várias sensibilidades, como tátil (Tato) , pressão, temperatura, prurido ou dor. Alguns são extremidades livres dos nervos. Alguns formam redes ao redor de folículos pilosos. Alguns se estendem em direção às papilas da derme. VOCÊ SABIA Certas áreas do corpo, como palmas das mãos, plantas dos pés, lábios e genitais externos, têm maior concentração de receptores da sensibilidade e são, por isso, mais sensíveis ao tato. Os órgãos dos sentidos são realmente extensões do sistema nervoso. Respondem às mudanças dos meios interno e externo e transmitem potenciais de ação (impulsos nervosos) ao encéfalo, como já visto anteriormente. É através dos órgãos dos sentidos que temos consciência do meio ambiente e, por essa razão, eles foram descritos como “as janelas do cérebro”. Um estímulo necessita primeiro ser recebido para que a sensibilidade possa ser interpretada no encéfalo e a seguir serem feitos os ajustes necessários no corpo. Nós dependemos dos nossos órgãos dos sentidos não apenas para satisfazer nossas vontades, mas também para assegurar nossa própria sobrevivência. EXEMPLO Os órgãos dos sentidos nos permitem ouvir sons de advertência, perceber os perigos, evitar substâncias tóxicas e sentir dor, fome e sede. Sensibilidade é a consciência de uma situação corpórea ou condição que ocorre sempre que um impulso sensorial é transmitido ao encéfalo. A interpretação de uma sensibilidade é chamada de percepção, que é a criação de nosso encéfalo; em outras palavras, nós vemos, ouvimos, sentimos o gosto e o cheiro com nosso encéfalo. Foto: Shutterstock.com A fim de perceber uma sensibilidade, são necessárias as seguintes condições: Deve existir um estímulo suficiente para iniciar uma resposta no sistema nervoso. Um receptor deve converter o estímulo em impulso nervoso. A condução do impulso nervoso deve ocorrer do receptor para o encéfalo ao longo de uma via nervosa. A interpretação do impulso na forma de uma percepção deve ocorrer no interior de uma parte específica do encéfalo. ATENÇÃO Apenas aqueles impulsos que alcançam o córtex cerebral do encéfalo são interpretados conscientemente. Se os impulsos terminam na medula espinal ou no tronco encefálico, eles podem iniciar uma resposta motora reflexa, mas não uma resposta consciente. Impulsos que alcançam o córtex cerebral seguem por fibras nervosas que compõem os tratos sensitivos ou ascendentes. Agrupamentos de corpos celulares de neurônios, chamados núcleos, são locais de sinapses ao longo dos tratos sensitivos no interior do SNC. Os núcleos através dos quais passam impulsos sensoriais antes de alcançar o córtex cerebral estão localizados na medula espinal, bulbo, ponte e tálamo. Os receptores sensoriais podem ser dendritos de neurônios sensitivos, que: Estão livres Como aqueles da pele que correspondem à dor e à temperatura. OU Estão encapsulados no interior de estruturas não neurais Como os corpúsculos lamelares ou receptores para pressão na pele. Outros receptores formam-se de células epiteliais que fazem sinapse com dendritos sensoriais. Estes incluem calículos gustatórios na língua, fotorreceptores nos olhos e células ciliadas (ou células pelos) na orelha interna. Imagem: Anatomia humana, VAN DE GRAAFF, 2003, pág 107 Receptores cutâneos. RECEPTORES DO TATO E DE PRESSÃO Os receptores de tato respondem aos toques finos ou leves e estão localizados, principalmente, na derme e hipoderme da pele. Já os receptores de pressão, respondem à pressão, vibração e ao estiramento. Encontram-se, comumente, na hipoderme da pele e nos tendões e ligamentos de articulações. CORPÚSCULOS DO TATO (CORPÚSCULO DE MEISSNER) É um receptor oval composto de um conjunto de terminações dendríticas incluídas em bainhas de tecido conjuntivo. São numerosos nas porções do corpo desprovidas de pelos, como: pálpebras, lábios, extremidade da língua, pontas dos dedos, palmas das mãos, plantas dos pés, papilas mamárias e genitais externas. São, especialmente, sensíveis aos movimentos de objetos que apenas entram em contato com a pele. A sensibilidade de tato fino ou leve é percebida quando esses receptores são estimulados. Por exemplo, as pontas dos dedos altamente sensíveis são usadas para leituras em Braille. Símbolos em Braille consistem em pontos que são elevados 1mm da superfície da página e separados um do outro 2,5mm. Os leitores experientes de Braille podem identificar palavras com a mesma velocidade que uma pessoa perspicaz pode ler em voz alta – uma frequência de cerca de 100 palavras por minuto. TERMINAÇÕES NERVOSAS LIVRES São os receptores táteis menos modificados e mais superficiais. Estendem-se nas camadas mais inferiores da epiderme e respondem, principalmente, à dor e às variações de temperatura (abordadas brevemente), mas também detectam tato e pressão, por exemplo, ao se vestir. Algumas terminações nervosas livres são, particularmente, sensíveis a cócegas e coceiras. PLEXOS DA RAIZ DOS PELOS Tipos especializados de terminações nervosas livres. Ficam encaracolados ao redor dos folículos dos pelos, respondendo aos seus estímulos. CORPÚSCULOS LAMELARES (PACINI) São receptores grandes, em forma de cebola, compostos de terminações dendríticas de várias fibras nervosas sensitivas envolvidas por camadas de tecido conjuntivo. São encontrados comumente no interior de membranas sinoviais de articulações também sinoviais, no perimísio de tecido muscular esquelético e em certos órgãos viscerais. Detectam vibrações profundas em tecidos e órgãos. CORPÚSCULOS DE RUFFINI São terminações nervosas encapsuladas encontradas nas camadas profundas da derme e no tecido subcutâneo, onde se sensibilizam às pressões contínuas profundas e estiramentos. Também estão presentes em cápsulas articulares e funcionam na detecção de movimentos articulares. CORPÚSCULOS DE KRAUSE São considerados variação dos corpúsculos de Meissner. São abundantes nas túnicas mucosas e, por isso, às vezes, são chamados de corpúsculos mucocutâneos. EXEMPLO Qualquer mãe pode atestar o efeito calmante que tem em segurar e bater levemente nas costas de um bebê que está chorando. Sabe-se que o tato da massagem pode aliviar a dor e melhorar a concentração, e evidências mostram que tatear e acariciar o recém-nascido, de fato, melhora o seu desenvolvimento. Crianças massageadas ganham peso quase 50% mais rápido que as crianças não massageadas, além de serem mais ativas, alertas e receptivas. Até mesmo crianças prematuras crescem e se desenvolvem mais rapidamente se forem regularmente carregadas e tateadas. Os principais receptores para o calor e frio (termorreceptores) e para dor (nociceptores) são terminações nervosas livres e estão distribuídos ao longo da pele e tecidos internos. As terminações nervosas livres responsáveis pelas sensações de frio estão próximas à superfície da pele e são mais abundantes em qualquer área determinada da pele que aquelas responsáveis pelas sensações de calor. Os receptores da dor respondem às lesões dos tecidos e são ativados por todos os tiposde estímulos. Eles estão esparsos na maioria dos órgãos viscerais e ausentes inteiramente no interior do tecido nervoso encefálico. Embora as terminações nervosas livres dos nervos sejam especializadas para responder às lesões dos tecidos, todos os receptores cutâneos retransmitirão impulsos que são interpretados como dor, caso sejam estimulados excessivamente. O valor protetor dos receptores da dor é óbvio! Receptores da dor são, particularmente, sensíveis à excitação química. Espasmos musculares, fadiga muscular ou inadequado fornecimento de sangue a um órgão também podem causar dor. Imagem: Shutterstock.com Medula espinal Impulsos para dor são conduzidos para a medula espinal por neurônios sensitivos. Imagem: Shutterstock.com Tálamo As sensibilidades para a dor são conduzidas em seguida ao tálamo pelo trato espinotalâmico lateral da medula espinal. Imagem: Shutterstock.com Córtex cerebral E, após, para a área somatestésica do córtex cerebral. ATENÇÃO Embora uma consciência de dor ocorra no tálamo, o tipo e a intensidade da dor são interpretados em áreas especializadas do córtex cerebral. A percepção da dor é importante para a sobrevivência, pois alerta o corpo para uma lesão, infecção ou disfunção de órgãos. A dor aguda é súbita, geralmente, de curta duração e, comumente, pode ser suportável e atribuída a uma causa conhecida. A dor crônica é de duração longa e tende a debilitar a pessoa se interferir efetivamente na capacidade funcional. EXEMPLO Certas doenças, como a artrite, caracterizam-se por dores crônicas. Nesses pacientes, o alívio da dor é a grande preocupação. Nesse sentido, técnicas terapêuticas com utilização do toque corporal podem atuar sobre o sistema autônomo e desencadear respostas que são contrárias às do nervosismo, estresse e ansiedade, que também geram dor. Vale lembrar que, atualmente, vivemos em um mundo extremamente estressante e técnicas manuais podem ser utilizadas para proporcionar diminuição de ansiedade e estresse. ESTRUTURA ÓSSEA, ARTICULAÇÕES E ACIDENTES ÓSSEOS PALPÁVEIS Os ossos do esqueleto humano são estruturas vivas e plásticas que se arranjam conforme suas funções no corpo e as solicitações diárias sobre eles. EXEMPLO Há formação de acidentes ósseos – depressões, cristas, protuberâncias e outros – que se organizam de acordo com as forças que atuam neles. Essas forças estão relacionadas à compressão pela gravidade, somados à tensão gerada pelos músculos e tendões. A maioria dos ossos conecta-se a outros e forma as articulações, estruturas complexas cujo movimento varia de acordo com sua forma e constituição. Algumas articulações têm pouco ou nenhum movimento, enquanto outras possuem movimento considerável e em várias direções. O conhecimento da anatomia funcional dessas estruturas é fundamental para a compreensão do movimento humano e se faz necessário para o uso da anatomia palpatória como mecanismo de semiologia e procedimento de tratamento. Os 206 ossos do esqueleto humano podem ser agrupados em duas partes. O esqueleto axial forma o “eixo” do corpo, ou seja, a região central do corpo. É constituído pelos ossos da cabeça, do pescoço e do tronco, incluindo crânio e ossos associados, hioide, esterno, costelas e vértebras (com sacro e cóccix). SAIBA MAIS Um esqueleto adulto típico contém 80 ossos em sua divisão axial. O esqueleto apendicular está “pendurado” no esqueleto axial. Em um adulto típico, ele contém 126 ossos disposto nas seguintes regiões: O cíngulo do membro superior inclui clavícula e escápula bilateralmente. A parte livre do membro superior inclui úmero, rádio, ulna, ossos carpais, ossos metacarpais e falanges em ambos os lados. O cíngulo do membro inferior inclui o osso do quadril, que, na verdade, é constituído por três ossos unidos (ílio, ísquio e púbis). A parte livre do membro inferior inclui fêmur, tíbia, fíbula, ossos tarsais, ossos metatarsais e falanges em ambos os lados. Imagem: Shutterstock.com Existem várias formas e diversos tamanhos de ossos, dependendo de suas funções no corpo. Alguns são longos e estreitos, outros são pequenos e largos, e alguns têm morfologia única, sendo considerados irregulares. Cada forma serve a uma finalidade específica no corpo. Tudo isso é de fundamental importância para um futuro fisioterapeuta. E quanto aos acidentes anatômicos? Temos vários, certo? Na verdade, acidentes ósseos de referência indicam onde nervos e vasos atravessam um osso; onde músculos, tendões ou outras estruturas estão localizados; onde articulações são formadas e onde tendões e ligamentos se fixam. Cada acidente tem um nome específico que indica sua função e localização. Os ossos os possuem ou desenvolvem com o tempo, e esses acidentes (Marcas) específicos satisfazem a diferentes funções. Cada acidente ósseo de referência tem um nome específico que indica sua finalidade e localização: DEPRESSÕES E ABERTURAS Depressões são aprofundamentos e concavidades que abrigam músculos, tendões, nervos e vasos. Especialistas distinguem dois tipos de depressões: a fossa e o sulco. A fossa é uma depressão rasa. Como comentamos, há uma fossa na extremidade distal do úmero (fossa cubital) e outra no ílio (fossa ilíaca). O sulco é uma depressão estreita e alongada, como, por exemplo, entre os dois tubérculos na extremidade proximal do úmero (sulco intertubercular). Quanto às aberturas, são orifícios e canais que permitem a passagem de nervos, vasos, músculos e tendões. Além disso, dão acesso a cavidades cheias de ar denominadas seios – seios paranasais, por exemplo. Os termos utilizados para descrever as aberturas são: FISSURA FORAME MEATO Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Luís Salgueiro Forame obturado no osso ilíaco. PROJEÇÕES QUE FORMAM ARTICULAÇÕES Várias protuberâncias, ou projeções podem ser encontradas nos ossos que ajudam a formar articulações. Em geral, essas projeções estão localizadas nas extremidades dos ossos e incluem côndilos arredondados, facetas planas, volumosas cabeças de ossos longos e ramos. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Em algumas protuberâncias e cristas, podem estar indicados locais de fixação de tendões e ligamentos. Seu tamanho e formato variam de acordo com o tipo e quantidade de força que os formam, ao passo que alguns são longos e estreitos como uma crista, linha ou arco, como, por exemplo, a crista ilíaca. Outros são arredondados como um tubérculo, tuberosidade ou trocanter, como o trocanter maior do fêmur. Imagem: Shutterstock.com Cabeça e trocanter maior do fêmur. SAIBA MAIS Epicôndilos, processos e espinhas são outras saliências que servem para fixação de tecidos moles no osso, como o epicôndilo lateral do úmero, onde se inserem músculos responsáveis pela extensão do carpo, punho e dedos. Alguns desses acidentes ósseos estão presentes no nascimento, enquanto outros se desenvolvem em reação às forças que incidem no esqueleto. Por exemplo, o meato acústico externo do osso temporal, que está presente no nascimento. Por outro lado, o processo mastoide (grande protuberância situada imediatamente posterior à orelha) leva vários anos para se desenvolver, de acordo com a tração sofrida pelos músculos do pescoço. Desse modo, o osso pode desenvolver saliências nos locais onde se fixam ligamentos e tendões. Podemos observar, com isso, que o esqueleto é uma estrutura altamente adaptativa. Alguns acidentes ósseos são palpáveis, outros não. As fossas, normalmente, são preenchidas pela massa muscular ou por outro osso, quando em articulação. Por exemplo, as fossas supraespinhal, infraespinhal e subescapular na escápula têm suas fossas preenchidas pelos músculos de mesmo nome, assim como a fossa ilíaca. Veremos mais adiante as estruturas palpáveis em diversos segmentos corporais. Quando pensamos nas articulações, temos que voltar nosso pensamento para os movimentos articulares nos planos cardinais – flexão, extensão, abdução, adução,rotação lateral, rotação medial, pronação, supinação. Imagem: Shutterstock.com Esses movimentos básicos são denominados movimentos fisiológicos. Em contrapartida, o termo movimento acessório designa o movimento de uma face articular em relação à outra. EXEMPLO Um movimento fisiológico de amplitude total, como a flexão total de ombro, depende de um movimento acessório normal e saudável – deslizamento, rolamento, compressão, tração que ocorre entre as faces articulares. Esse movimento, por sua vez, depende de certo grau de “permissão” da cápsula articular e dos ligamentos situados em torno da articulação. Essa “permissão” é denominada jogo articular. ESTRUTURAS MÚSCULO-LIGAMENTARES, SUA COMPOSIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO PELA PALPAÇÃO Agora que já abordamos o tecido cutâneo, a osteologia (Estudo dos ossos) e a artrologia (Estudo das articulações) , podemos seguir para a miologia (Estudo dos músculos) . Todos os movimentos, desde o piscar de olhos até o salto de obstáculos, requerem a participação de músculos. Apesar de haver três tipos de tecido muscular no corpo humano – músculo liso, músculo cardíaco e músculo esquelético – somente um será abordado neste material: o músculo esquelético, o tipo que gera movimento e muito nos interessa enquanto fisioterapeutas junto a Anatomia Palpatória. Traremos reflexões sobre suas funções e propriedades típicas para, em seguida, encaminhar nosso pensamento para a relação entre sua estrutura, capacidade de contração, a fim de gerar força necessária ao movimento humano e sua palpação. Uma vez que o foco deste conteúdo é anatomia palpatória junto ao movimento humano, voltaremos nossa atenção, sobretudo, para o músculo esquelético, que desempenha várias funções no corpo, incluindo: Iniciação do movimento Manutenção da postura Proteção Produção de calor Bombeamento de fluidos MOVIMENTO A função principal dos músculos esqueléticos é exercer tração nos ossos, gerando movimento. A contração muscular permite fletir os joelhos, balançar os braços para frente e para trás e até mesmo assobiar enquanto se caminha. ATENÇÃO Músculos esqueléticos também expandem a caixa torácica ao inspirar profundamente, e a retraem na expiração. Todos esses movimentos do corpo são iniciados, modificados e controlados por contrações de músculos esqueléticos. POSTURA Músculos esqueléticos asseguram a postura ereta contra a gravidade, pois mantêm a cabeça levantada e centralizada, o tronco reto e ereto, e quadris e joelhos alinhados sobre os pés. Esses músculos também ajustam e respondem a alterações na postura, como se inclinar para frente ou levantar-se de uma cadeira. Esses músculos posturais não podem relaxar enquanto se estiver acordado e de pé. TERMOGÊNESE Ao se contraírem para produzir movimentos, os músculos esqueléticos também geram calor no corpo, ao passo que essa produção de calor é denominada termogênese. VOCÊ SABIA Cerca de três quartos da energia gerada pelo tecido muscular é calor. Podemos entender essa função quando está frio e o corpo começa a tremer. Com essas contrações musculares involuntárias, há produção de calor e, consequentemente, o aquecimento do corpo. BOMBA VASCULAR Sabemos que o músculo cardíaco é responsável por mobilizar o sistema circulatório, mas os músculos esqueléticos também desempenham papel similar. As contrações dos músculos esqueléticos ajudam no curso da linfa e do sangue venoso. A bomba cardíaca mantém alta a pressão dentro das artérias, porém vasos linfáticos e veias têm pressão relativamente baixa. Eles precisam ser ajudados pela contração de músculos adjacentes para que o fluxo de seus fluidos continue. Isso tem grande importância em locais onde esses fluidos devem ser conduzidos para cima contra a gravidade, como ocorre quando o sangue venoso retorna ao coração a partir dos membros inferiores pela contração dos músculos da panturrilha. RELEMBRANDO Vale relembrar que as fibras musculares estão dispostas com direção paralela, de modo a desempenhar funções específicas. As duas grandes classes de disposição de fibras são paralelas e oblíquas. No interior de um músculo, fibras com disposição paralela possuem o mesmo comprimento e não se entrecruzam. Esse arranjo permite que todo o músculo se encurte por igual e na mesma direção. A disposição paralela possibilita máxima amplitude de movimento. OS FORMATOS COM ESSE TIPO DE DISPOSIÇÃO DE FIBRAS INCLUEM MÚSCULOS FUSIFORMES, CIRCULARES E TRIANGULARES. CONSEGUIRIA TRAZER UM EXEMPLO DE MÚSCULO FUSIFORME COM ARRANJO CIRCULAR E TRIANGULAR? RESPOSTA Muitas vezes, o nome de um músculo indica sua localização ou posição relativa no corpo para diferenciá-lo de um músculo similar em outra região. Termos como braquial (Braço) , femoral (Coxa) , peitoral (Tórax) e abdominal (Abdome) identificam a região de localização. Utilizamos essa estratégia para identificar o bíceps braquial e o tríceps braquial, o reto femoral e o reto do abdome e o peitoral maior. A localização das fixações musculares também se reflete nos nomes dos músculos. Observamos isso com: O MÚSCULO CORACOBRAQUIAL O ILÍACO OS MÚSCULOS ESPINAIS O SUPRAESPINAL javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ATENÇÃO Supra significa acima, e, aqui, espinal refere-se à espinha da escápula. Às vezes, o nome do músculo ajuda a identificar sua ação. Termos como flexor, extensor, adutor e abdutor fornecem informações sobre a função do músculo. São exemplos de músculos nomeados de acordo com suas ações: flexor ulnar do carpo, extensor dos dedos e pronador redondo. Quando existem músculos com forma e função parecidas na mesma região, é adequado diferenciá-los pelo tamanho, volume ou comprimento. Os seguintes músculos são diferenciados pelo tamanho: Peitorais maior e menor Glúteos máximo, médio e mínimo Fibulares longo, curto e terceiro Adutores magno, longo e curto SAIBA MAIS Certos músculos apresentam formato ou aspecto específico e isso levou os antigos anatomistas a compará-los em sua descrição com determinados objetos. Por exemplo, o trapézio, em forma geométrica de trapezoide; o deltoide triangular, assemelhando-se à letra grega delta; o serrátil anterior, com margens denteadas, comparável às de uma serra. Por fim, um músculo pode ter mais de uma divisão ou cabeças. Por isso, foram nomeados músculos como bíceps (Duas cabeças) , tríceps (Três cabeças) e quadríceps (Quatro cabeças) . São exemplos os músculos bíceps braquial e tríceps braquial do membro superior e, ainda, o quadríceps na face anterior da coxa. Neste módulo, conseguimos relembrar a organização da anatomia. Livros e textos dessa seara nos trazem o conhecimento pleno de toda essa ciência, que é de fundamental importância para o fisioterapeuta. No próximo módulo, relacionaremos todo esse conhecimento com a anatomia palpatória e os casos clínicos para sua melhor compreensão. PALPAÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE TECIDO DO CORPO HUMANO A especialista Sandra Helena Mayworm fala sobre os diversos tecidos corporais e a diferença na sua palpação: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS RECEPTORES SENSORIAIS SÃO CLASSIFICADOS COMO LIVRES OU ENCAPSULADOS NO INTERIOR DE ESTRUTURAS NÃO NEURAIS. QUAL DAS ESTRUTURAS ABAIXO É UM TIPO DE RECEPTOR LIVRE NÃO ENCAPSULADO? A) Corpúsculos de Pacini B) Corpúsculos Ruffini C) Terminações de dor ou nociceptores D) Corpúsculos Krause E) Corpúsculos de Meissner 2. VÁRIAS PROTUBERÂNCIAS OU PROJEÇÕES PODEM SER ENCONTRADAS NOS OSSOS QUE AJUDAM A FORMAR ARTICULAÇÕES. EM GERAL, ESSAS PROJEÇÕES ESTÃO LOCALIZADAS NAS EXTREMIDADES DOS OSSOS E INCLUEM CÔNDILOS ARREDONDADOS, FACETAS PLANAS, VOLUMOSAS CABEÇAS DE OSSOS LONGOS E RAMOS, QUE FORMAM “VIGAS” ÓSSEAS. LEIA AS AFIRMATIVAS ABAIXO: I. EM ALGUMAS PROTUBERÂNCIAS E CRISTAS ÓSSEAS, IDENTIFICADAS PELA PALPAÇÃO, PODEM-SE INDICAR LOCAIS DE FIXAÇÃO DE TENDÕES E LIGAMENTOS, E SEU TAMANHO E FORMATO VARIAM DE ACORDO COM O TIPO E QUANTIDADE DEFORÇA QUE OS FORMAM. II. ALGUNS DESSES ACIDENTES ÓSSEOS IDENTIFICADOS PELA PALPAÇÃO EM UMA AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA ESTÃO PRESENTES AINDA NO NASCIMENTO, ENQUANTO OUTROS DESSES ACIDENTES SE DESENVOLVEM EM REAÇÃO ÀS FORÇAS QUE INCIDEM NO ESQUELETO, POR MÚSCULOS E LIGAMENTOS. III. O ESQUELETO É UMA ESTRUTURA ALTAMENTE ADAPTATIVA E DEVIDO A ESSA CAPACIDADE, CONSEGUE ALTERAR A CONFIGURAÇÃO TRABECULAR DA SUBSTÂNCIA ESPONJOSA E AUMENTAR A ESPESSURA DA SUBSTÂNCIA COMPACTA. PODE-SE AFIRMAR QUE: A) Somente a I está correta. B) Somente a III está correta. C) I e III estão corretas, somente. D) I e II estão corretas, somente. E) I, II e III estão corretas. GABARITO 1. Os receptores sensoriais são classificados como livres ou encapsulados no interior de estruturas não neurais. Qual das estruturas abaixo é um tipo de receptor livre não encapsulado? A alternativa "C " está correta. Os receptores sensitivos podem ser terminações nervosas livres ou terminações fechadas no interior de uma cápsula, formando os corpúsculos sensitivos. Terminações nervosas livres para dor ou nociceptores são terminações formadas por um axônio ramificado e não encapsulado. Distribuem-se por quase todas as partes do corpo e captam sensações, principalmente, dolorosas. 2. Várias protuberâncias ou projeções podem ser encontradas nos ossos que ajudam a formar articulações. Em geral, essas projeções estão localizadas nas extremidades dos ossos e incluem côndilos arredondados, facetas planas, volumosas cabeças de ossos longos e ramos, que formam “vigas” ósseas. Leia as afirmativas abaixo: I. Em algumas protuberâncias e cristas ósseas, identificadas pela palpação, podem-se indicar locais de fixação de tendões e ligamentos, e seu tamanho e formato variam de acordo com o tipo e quantidade de força que os formam. II. Alguns desses acidentes ósseos identificados pela palpação em uma avaliação fisioterapêutica estão presentes ainda no nascimento, enquanto outros desses acidentes se desenvolvem em reação às forças que incidem no esqueleto, por músculos e ligamentos. III. O esqueleto é uma estrutura altamente adaptativa e devido a essa capacidade, consegue alterar a configuração trabecular da substância esponjosa e aumentar a espessura da substância compacta. Pode-se afirmar que: A alternativa "E " está correta. Em algumas protuberâncias e cristas que identificamos como acidentes anatômicos, podem-se indicar locais de fixação de tendões e ligamentos. Seu tamanho e formato variam de acordo com o tipo e a quantidade de força que os formam. Alguns são longos e estreitos como uma crista, linha ou arco, como, por exemplo, a crista ilíaca. Outros são arredondados como um tubérculo, tuberosidade ou trocanter, como o trocanter maior do fêmur. Epicôndilos, processos e espinhas são outras saliências que servem para fixação de tecidos moles no osso, como o epicôndilo lateral do úmero, onde se inserem músculos responsáveis pela extensão do carpo, punho e dedos. Alguns desses acidentes ósseos estão presentes no nascimento, enquanto outros se desenvolvem em reação às forças que incidem no esqueleto. Por exemplo, o meato acústico externo do osso temporal, que está presente no nascimento. Por outro lado, o processo mastoide (grande protuberância situada imediatamente posterior à orelha) leva vários anos para se desenvolver, de acordo com a tração sofrida pelos músculos do pescoço. Desse modo, o osso pode desenvolver saliências nos locais onde se fixam ligamentos e tendões. Essa capacidade, além de alterar a configuração trabecular da substância esponjosa e aumentar a espessura da substância compacta, faz do esqueleto uma estrutura altamente adaptativa. MÓDULO 3 Aplicar os conhecimentos da anatomia topográfica na interpretação das variações anatômicas relacionadas às disfunções e/ou patologias apresentadas. ETAPAS DA AVALIAÇÃO PALPATÓRIA O exame físico geral é a etapa inicial do exame clínico e, além de complementar a anamnese (Entrevista clínica) , fornece a visão do indivíduo como um todo, e não segmentado. A inspeção pode ser dividida em duas partes: Estática Dinâmica Mas, neste tópico, organizaremos nosso pensamento para avaliação através da anatomia palpatória. Todas as informações anteriores possibilitam uma organização de etapas para sua avaliação palpatória. Sempre iniciaremos pelos tecidos mais superficiais até chegarmos aos mais profundos, embora a anamnese (Coleta de dados) feita anteriormente possibilite a escolha do local e dos tecidos relevantes para palpação junto àquele caso específico. PELE A pele deve ser analisada quanto à sua integridade e alterações. Edemas devem ser pesquisados pela palpação, evidenciando presença de cacifo. Foto: Shutterstock.com Por meio da pressão digital sobre a pele, por pelo menos 5 segundos, evidencia-se a presença do edema. Considera-se positivo se a depressão (Cacifo) formada não se desfizer imediatamente após a descompressão. Além disso, a sensibilidade superficial tem que ser investigada e pode ser dividida em tátil, térmica e dolorosa. LINFONODOS A palpação dos linfonodos é realizada com as polpas dos dedos. Na região cervical, ajusta-se a cabeça em uma posição que relaxe os músculos do pescoço, fletindo-se ligeiramente o pescoço e inclinando vagarosamente a cabeça para o lado que se deseja examinar. Foto: Shutterstock.com Palpação dos linfonodos axilares. DICA Os linfonodos cervicais são mais facilmente palpáveis com o examinador posicionado atrás do paciente e os linfonodos da cadeia jugular são mais bem examinados apreendendo-se o músculo esternocleidomastóideo entre o polegar e os dedos indicador e médio de uma mão. Já a palpação dos linfonodos inguinais é feita com os dedos em extensão, deslizando suavemente em movimentos circulares sobre as regiões consideradas. ACIDENTES ÓSSEOS Alguns acidentes ósseos são palpáveis e, por estarem relacionados às inserções musculares e organizações articulares, devem ser pesquisados e investigados. Discutiremos mais adiante junto a casos clínicos. Foto: Atlas de anatomia palpatória, vol. 1: pescoço, tronco, membro superior; TIXA; 2017; pág. 90 Palpação do acrômio na escápula. MÚSCULOS Nem todos os músculos são palpáveis, mas, para sua identificação, é necessário conhecer o local de inserções e ação muscular. Eles são melhor identificados através de sua contração e sempre devemos comparar o músculo em contração e relaxado, não esquecendo sua comparação com o outro dimídio corporal. Foto: Sandra Helena Mayworm Palpação do músculo piriforme. TENDÕES Na localização muscular, há possibilidade da identificação de alguns tendões e sua integridade deve ser analisada. Podemos citar alguns tendões facilmente palpáveis: Tendão bicipital e tricipital distais Tendão quadricipital Tendão do calcâneo Foto: Sandra Helena Mayworm Palpação do tendão do músculo latíssimo do dorso. LIGAMENTOS Os ligamentos íntegros são fundamentais para um movimento articular saudável e funcional. Sua pesquisa é feita através do movimento articular e identificação de suas inserções ósseas. Foto: Shutterstock.com Palpação dos músculos da coxa e articulação do joelho. VASOS Para aferição do pulso arterial, normalmente, palpa-se a artéria com o segundo e terceiro dedo, contando os batimentos em 1 minuto, sempre comparando a frequência cardíaca e o pulso arterial. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Nunca verifique o pulso arterial com o polegar, pois ele tem pulsação própria e poderá mascarar sua avaliação. Na palpação do pulso, além da frequência, podemos verificar o ritmo, a intensidade, a forma. Foto: Shutterstock.com NERVOS O conhecimento do Sistema Nervoso Periférico é necessário para identificação das áreas mais superficiais de passagem desses nervos. Foto: Anatomia palpatória: tronco, pescoço, ombro e membros superiores. JUNQUEIRA, Lilia. 2004. Pág.150 Palpação do nervo mediano debaixo dotendão do músculo palmar longo. Podemos citar o nervo ulnar, que pode ser identificado e pesquisado em três locais: no sulco entre os músculos bíceps braquial e tríceps braquial, posterior à artéria braquial, no cotovelo entre o olécrano e o epicôndilo medial (aquele do choquinho, quando percutido) e entre o osso pisiforme e a ulna, no punho. ABDOME A palpação da região abdominal deve ser realizada de duas formas: SUPERFICIAL PROFUNDA Quando realizamos a palpação do abdome e o indivíduo sinaliza sentir dor, essa dor pode sugerir complicações como uma possível apendicite. Foto: Shutterstock.com Palpação profunda do abdome. javascript:void(0) javascript:void(0) ORDENAÇÃO DE PALPAÇÃO DAS ESTRUTURAS: INVESTIGAÇÃO ATRAVÉS DA PALPAÇÃO DAS DIVERSAS ESTRUTURAS CORPORAIS Neste módulo, traremos uma sequência de pensamentos para a investigação fisioterapêutica pela anatomia palpatória. MEMBRO SUPERIOR Deve-se observar e palpar os pontos de referência ósseos: Palpar a clavícula, com seu corpo e bordas medial e lateral. Na escápula, palpar sua espinha, acrômio, ângulos superior e inferior, assim como margens medial e lateral na parte posterior e processo coracoide, logo abaixo da clavícula. Além disso, incluir as articulações esternoclavicular, acromioclavicular e verificar a mobilidade escapulotorácica. Anatomia de superfície do ombro: Foto: Anatomia palpatória e funcional; CAEL; 2013; págs. 76, 77 Foto: Anatomia palpatória e funcional; CAEL; 2013; págs. 76, 77 Foto: Anatomia palpatória e funcional; CAEL; 2013; págs. 76, 77 Foto: Anatomia palpatória e funcional; CAEL; 2013; págs. 76, 77 Descendo para o úmero, deve-se investigar o tubérculo maior e menor, além do sulco que os separam na sua porção proximal e distal, identificando os epicôndilos – importantes acidentes anatômicos, sendo: O lateral onde se inserem músculos extensores do punho e dedos. O medial, onde se inserem os músculos flexores de punho, mão e dedos. O rádio e a ulna são facilmente palpáveis, até suas extremidades distais, com evidência dos processos estiloides radial e ulnar. Há a possibilidade de examinar: Nos punhos e mãos, os ossos do carpo – escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme. & Na fileira distal, trapézio, trapezoide, capitato e hamato, os metacarpos e falanges dos dedos. As estruturas dos tecidos moles do cíngulo superior também devem ser investigadas, como: parte superior do músculo trapézio, romboides, latíssimo do dorso, serrátil anterior, peitoral maior e menor, deltoide, músculos do manguito rotador (Fundamentais na estabilidade da articulação glenoumeral) , músculos supraespinal, infraespinal, subescapular e redondo menor. Deve-se palpar os tendões do supraespinhal, além do tendão da porção longa do bíceps braquial, com o ombro rodado lateralmente, uma vez que podem estar comprometidos em quadros de algia em ombro. Além disso, é preciso palpar os linfáticos axilares. Músculos superficiais do ombro: Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 88, 89 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 88, 89 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 88, 89 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 88, 89 Descendo no membro superior, teremos anteriormente o músculo bíceps braquial, com seu tendão distal bem evidente, e o músculo braquial. Na face posterior, temos o músculo tríceps braquial com seu tendão preso ao olecrano. Cobrindo a articulação glenoumeral, temos o músculo deltoide com suas três porções. É preciso examinar as faces anterior, medial e lateral do cotovelo, e os contornos ósseos, organizados pelos epicôndilos lateral e medial do úmero e olecrano, posteriormente. Devemos investigar músculos anteriores e posteriores do antebraço, importantes na flexão e extensão de punho, mãos e dedos, respectivamente. Sempre devem ser comparados de forma bilateral, ao passo que qualquer desvio deve ser observado. Na articulação do cotovelo, deve-se investigar ligamento colateral medial que liga o epicôndilo medial à ulna, nervo ulnar, com passagem próxima e o ligamento colateral lateral ligando epicôndilo lateral com o rádio. Nos punhos e mãos, deve-se observar e investigar qualquer edema, hipertermia e alteração de coloração em punho, palpando túnel do carpo e músculos relacionados à síndrome estenosante de De Quervain – tendões abdutores longos e extensor curto do polegar. Anatomia de superfície do cotovelo, do antebraço, do punho e da mão: Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 126, 127 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 126, 127 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 126, 127 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 126, 127 MEMBRO INFERIOR Deve-se observar e palpar os pontos de referência ósseos no cíngulo do membro inferior – cristas ilíacas, espinhas ilíacas anterossuperiores (EIAS), espinhas ilíacas posterossuperiores (EIPS), tubérculo púbico, tuberosidade isquiática, com a inserção do tendão dos músculos isquiotibiais. ATENÇÃO É necessário identificar a articulação sacroilíaca, o sacro e o cóccix, com seus poderosos ligamentos. Nessa região, temos o nervo isquiático, que pode ser identificado entre a tuberosidade isquiática e o trocânter maior do fêmur. No fêmur, a identificação será do trocânter maior, lateralmente, em sua porção proximal e os epicôndilos lateral e medial, na extremidade distal, que estará articulada com os côndilos da tíbia, a patela e a cabeça da fíbula. Ao descer as mãos, identificamos: A tíbia com sua tuberosidade anterior A fíbula em toda a sua extensão Os maléolos fibular e tibial, já na articulação do tornozelo, com seus ligamentos e tendão do calcâneo É simples identificar o calcâneo e o tálus nessa sequência, assim como os metatarsos e falanges dos dedos. Nos pés, deve haver investigação minuciosa de vesículas, descolorações, escaras, trofismo de pele, edemas (por problemas cardíacos, ou linfáticos). Compara-se cada área bilateralmente, observando-se o trofismo muscular e o contorno da anatomia local. No joelho, deve-se palpar o joelho estendido, a patela, o tendão patelar, a superfície cartilaginosa da patela, o músculo quadríceps e o sartório, ligamento colateral medial, lateral e tendão pata de ganso, tensor da fáscia lata, trato iliotibial e cabeça da fíbula. Com o joelho flexionado, pode-se identificar linha articular tibiofemoral, platô tibial, côndilos femorais e músculos adutores. ATENÇÃO Salienta-se a importância da identificação de grupos musculares do core – grupamento de músculos que circundam nosso centro de gravidade – como iliopsoas (proximal), reto abdominal, quadrado lombar, transverso do abdome, glúteo máximo, além do músculo piriforme e músculos do assoalho pélvico ou períneo. Além disso, a investigação deve abranger músculos da coxa – vasto lateral, vasto medial, reto da coxa ou femoral, ísquios tibiais, além do nervo fibular comum e artéria poplítea, no joelho. Anatomia de superfície da pelve, da coxa e do joelho: Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 308 - 311 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 308 - 311 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 308 - 311 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 308 - 311 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 308 - 311 Não podemos esquecer os músculos da perna, que são importantes para a marcha humana, como: tibial anterior, extensor longo do hálux, extensor longo dos dedos, fibular terceiro, fibulares longo e curto, além dos músculos posteriores da perna – gastrocnêmios e sóleo. A tomada de decisão clínica, uma competência do fisioterapeuta estabelecida nas Diretrizes Curriculares Nacionais, envolve uma série de atividades inter-relacionadas, que permitem a esse profissional planejar um tratamento efetivo, compatívelcom as necessidades e metas do paciente e membros da equipe de saúde. Dessa forma, o conhecimento da anatomia possibilita o profissional avaliar estruturas ósseas, musculares, articulares, vasculares e neurais para o fechamento de um diagnóstico cinesiológico funcional de qualidade e, assim, proporcionar um tratamento eficaz e coerente com o prognóstico. Imagens da anatomia da perna, do tornozelo e do pé: Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 372 - 374 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 372 - 374 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 372 - 374 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 372 - 374 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 372 - 374 COLUNA VERTEBRAL E REGIÃO TORÁCICA As afecções do sistema musculoesquelético, em especial, as algias vertebrais, podem ser consideradas um problema tão sério na sociedade moderna que equipes multidisciplinares procuram desenvolver regras para uma adequada avaliação da coluna vertebral. Além da inspeção, do exame neurológico, da análise da força muscular, da flexibilidade e dos exames complementares, a palpação é necessária em uma avaliação fisioterapêutica. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Seguindo as recomendações, essa fase do exame deve ser realizada pela compressão da coluna vertebral, avaliando a sensibilidade dolorosa da região cervical, torácica, lombar e sacral com o paciente em decúbito ventral, orientado para relaxar a musculatura do pescoço e de toda a região das costas, com a região hipotenar da mão. Alterações do tônus e trofismo muscular, além da consistência da massa muscular, devem ser analisadas pela compressão digital. Sistematicamente, deve ser palpada a musculatura paravertebral, buscando-se contraturas e regiões dolorosas. Os processos espinhosos devem ser identificados com as devidas características regionais – cervical, torácica e lombar –, buscando os processos transversos e as mobilidades vertebrais. Além disso, músculos da região devem ser investigados. MÚSCULOS Dentre eles, podemos citar os músculos esternocleidomastóideo, escalenos anteriores, extensores da cabeça e pescoço, esplênio da cabeça e do pescoço e eretor da espinha. javascript:void(0) O tórax deve ser investigado com palpação do esterno, desde seu manúbrio até o processo xifoide, além das costelas e suas articulações. COSTELAS Em número de 12, para cada lado do tórax, as sete primeiras costelas estão ligadas à coluna vertebral posteriormente e, ao esterno ventralmente, (através das cartilagens dorsais), estão as verdadeiras ou vértebro esternais. As costelas falsas são em número de cinco para cada lado. As três primeiras são denominadas vertebrocondrais, pois unem-se por meio de suas cartilagens às cartilagens da costela acima. As duas últimas são denominadas costelas flutuantes, ou vertebrais, porque suas extremidades ventrais não estão ligadas ao arco costal. Deve-se identificar na região os movimentos das costelas quando em inspiração e em expiração, sempre comparando os dois lados. A escápula pode ser utilizada como referência para palpação das costelas, pois estende-se da segunda à sétima costela. Na segunda, temos o ângulo superior da escápula, que serve de referência e, para a palpação da sétima costela, temos o mesmo alinhamento horizontal do ângulo inferior da escápula. O abdome, já citado acima, deve ser investigado em sua parede muscular, identificando o reto do abdome, transverso do abdome e os oblíquos externos do abdome, além da possibilidade de palpar o músculo diafragma e a artéria aorta, com seus pulsos. Os pontos de referência anatômicos usuais do abdome são as rebordas costais, o ângulo de Charpy, a cicatriz umbilical, as cristas e as espinhas ilíacas anteriores, o ligamento inguinal e a sínfise pubiana. javascript:void(0) A palpação abdominal tem por objetivo: Investigar o estado da parede abdominal. Verificar a sensibilidade abdominal, provocando ou acentuando uma dor, referida ou não pelo paciente durante a anamnese. Identificar as condições anatômicas das vísceras abdominais e detectar alterações de sua consistência. Verificar a musculatura abdominal. Anatomia do tronco: Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 248 - 251 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 248 - 251 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 248 - 251 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 248 - 251 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 248 - 251 Foto: Anatomia palpatória e funcional; Cael; 2013; págs. 248 - 251 POSSÍVEIS ACHADOS NA PALPAÇÃO DAS ESTRUTURAS CORPORAIS Escolhemos neste módulo trabalhar com dois casos clínicos que contribuirão para seu conhecimento, relacionando diagnóstico clínico e anatomia palpatória no processo da avaliação funcional e diagnóstico cinesiológico funcional. ESTUDO DE CASO 1 Um homem de 45 anos de idade entra no ambulatório de Fisioterapia com queixa de dor no ombro direito que iniciou há 1 semana. A dor começou na segunda-feira após um fim de semana em que realizou raspagem e pintura em sua casa. O paciente descreve sua dor como incômoda e desagradável; a dor é de grau 6, em uma escala de dor de 0 a 10. Ele relata que é casado e tem dificuldade em atividades de manutenção da casa, como cortar a grama. O fisioterapeuta decide realizar um exame musculoesquelético. Enquanto palpa a região do ombro, o fisioterapeuta observa aumento na sensibilidade e temperatura da pele na região do tubérculo maior do úmero na porção anterior do ombro direito. A amplitude do movimento ativa do ombro direito revela aumento na dor e algumas limitações durante a abdução do ombro, no início do movimento – até 40 graus. Todos os outros movimentos ativos são livres de dor e estão dentro dos limites normais de amplitude. Vamos a uma reflexão sobre pontos valiosos dessa avaliação: 1. A dor está sendo identificada no tubérculo maior do úmero. Qual músculo se insere nesse ponto? 2. A dor é exacerbada no movimento de abdução de ombro, no início do movimento. Qual desses músculos está relacionado a esse movimento? RESPOSTA Após essas reflexões, que estruturas deveriam ser pesquisadas pela anatomia palpatória? Agora você vai completar as frases relacionando as palavras com os termos que os complementam. Para isso, complete as frases com as palavras do quadro. Axilares - Vértebras cervicais - Manguito rotador - Escapular I. Cíngulo __________, com seus acidentes ósseos e, principalmente, mobilidade articular das articulações esternoclavicular, acromioclavicular, glenoumeral e escapulotorácica. javascript:void(0) II. Músculos do _____________ - músculo supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor, além de músculos que podem estar envolvidos com a queixa principal do caso – fibras superiores do músculo trapézio, romboides, deltoide, peitoral maior e menor, bíceps braquial, etc. III. ______________ que podem estar comprometidas em suas mobilidades. IV. Linfonodos ___________. Após esse estudo, é possível observar a importância desse conhecimento para um fisioterapeuta. Depois de avaliar, diagnosticar e prescrever aplicação de exercícios terapêuticos e, provavelmente, ultrassom no tendão do músculo supraespinhal, temos que encontrá-lo para promover o tratamento através dessa terapia. ESTUDO DE CASO 2 Uma menina de 14 anos é encaminhada ao ambulatório de fisioterapia 12 semanas após sofrer fraturas da parte média da diáfise da tíbia e fíbula esquerdas em um acidente de bicicleta. Seu aparelho gessado de perna inteira foi removido ontem e a fratura está bem consolidada. A paciente relata que o joelho e o tornozelo esquerdos estão rígidos e doloridos quando ela tenta flexioná-los. Ainda, descreve a perna esquerda como fraca, ao passo que, neste momento, está deambulando com duas muletas, apoiando o peso conforme tolerado,com a esperança de progredir para a retirada das muletas assim que possível. À observação, a coxa e a panturrilha esquerdas da paciente parecem mais finas do que as do lado direito, em decorrência da perda de trofismo. A amplitude de movimento passiva de flexão do joelho esquerdo é de 10° a 70°, menor que o padrão normal. Vamos refletir: Além de observar, palpar e testar os movimentos articulares fisiológicos e acessórios e, também o desempenho muscular, que estruturas deveriam ser priorizadas no exame de anatomia palpatória dessa paciente? Que estruturas ósseas e articulares deverão ser pesquisadas? RESPOSTA javascript:void(0) Com esses relatos de caso, é perceptível a relevância desses conhecimentos junto ao exercício de nossa profissão. Caso ainda haja dúvidas, sugerimos que retome seus estudos a partir dos livros de anatomia, pois essa ciência é a base do conhecimento para um fisioterapeuta de qualidade, com competências e habilidades para o mercado de trabalho atual: Com possibilidade de avaliação e fechamento de diagnóstico cinesiológico funcional. A prescrição de tratamento fisioterapêutico e a aplicação do tratamento, possibilitando reavaliação e alta fisioterapêutica. Imagem: Shutterstock.com DIAGNÓSTICO CINESIOLÓGICO FUNCIONAL A especialista Sandra Helena Mayworm fala sobre o diagnóstico cinesiológico funcional, com suas fases, trazendo relevância para a Anatomia palpatória: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ALGUNS ACIDENTES ÓSSEOS SÃO PALPÁVEIS E, POR ESTAREM RELACIONADOS ÀS INSERÇÕES MUSCULARES E ORGANIZAÇÕES ARTICULARES, DEVEM SER PESQUISADOS E INVESTIGADOS EM UMA AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA. NA ESCÁPULA, PODEMOS INVESTIGAR ALGUNS ACIDENTES ANATÔMICOS PALPÁVEIS, COMO: A) Espinha da escápula, acrômio, ângulos superior e inferior, assim como margens medial e lateral na parte posterior e processo coracoide. B) Espinha da escápula, acrômio, fossas supraespinhal, infraespinhal e subescapular, assim como margens medial e lateral na parte posterior e processo coracoide. C) Espinha da escápula, acrômio, ângulos superior e inferior, assim como tubérculo maior e menor na parte posterior e processo coracoide, anteriormente. D) Espinha da escápula, acrômio, epicôndilos lateral e medial, assim como margens medial e lateral na parte posterior e processo coracoide. E) Espinha da escápula, acrômio, ângulos superior e inferior, assim como fossa subescapular na parte posterior e processo coracoide, anteriormente. 2. JOSÉ CARLOS, 45 ANOS É ENCAMINHADO PARA AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA COM QUADRO DE LOMBOCIATALGIA (DOR LOMBAR COM IRRADIAÇÃO PELO NERVO ISQUIÁTICO). O FISIOTERAPEUTA O AVALIA E, NO DECORRER DA AVALIAÇÃO, SOLICITA QUE JOSÉ CARLOS FIQUE EM DECÚBITO LATERAL, COM O TERAPEUTA DE PÉ, AO LADO E ATRÁS DESTE. A PALPAÇÃO SE DÁ ENTRE O TUBÉRCULO ISQUIÁTICO E O TROCÂNTER MAIOR, POSTERIORMENTE. NESSA REGIÃO, HÁ UM SULCO PARA PASSAGEM DE UMA ESTRUTURA QUE EMERGE NA ALTURA DO MÚSCULO PIRIFORME. MARQUE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE CORRESPONDE À ESTRUTURA CITADA NA PALPAÇÃO DESCRITA ACIMA. A) Nervo isquiático. B) Linfáticos inguinais. C) Artéria femural. D) Artéria tibial posterior. E) Espinha ilíaca posteroinferior. GABARITO 1. Alguns acidentes ósseos são palpáveis e, por estarem relacionados às inserções musculares e organizações articulares, devem ser pesquisados e investigados em uma avaliação fisioterapêutica. Na escápula, podemos investigar alguns acidentes anatômicos palpáveis, como: A alternativa "A " está correta. Na escápula, deve-se palpar sua espinha, acrômio, ângulos superior e inferior, assim como margens medial e lateral na parte posterior e processo coracoide logo abaixo da clavícula, anteriormente. As fossas supraespinhal, infraespinhal e subescapular não são palpáveis, pois estão preenchidas pelos respectivos músculos. Tubérculo maior e menor estão localizados no úmero, e não na escápula, assim como epicôndilos lateral e medial. 2. José Carlos, 45 anos é encaminhado para avaliação fisioterapêutica com quadro de lombociatalgia (dor lombar com irradiação pelo nervo isquiático). O fisioterapeuta o avalia e, no decorrer da avaliação, solicita que José Carlos fique em decúbito lateral, com o terapeuta de pé, ao lado e atrás deste. A palpação se dá entre o tubérculo isquiático e o trocânter maior, posteriormente. Nessa região, há um sulco para passagem de uma estrutura que emerge na altura do músculo piriforme. Marque a única alternativa que corresponde à estrutura citada na palpação descrita acima. A alternativa "A " está correta. O nervo isquiático pode ser identificado entre a tuberosidade isquiática e o trocânter maior do fêmur, sendo observado e palpado nos pontos de referência ósseos do cíngulo do membro inferior: cristas ilíacas, espinhas ilíacas anterossuperiores (EIAS), espinhas ilíacas posterossuperiores (EIPS), tubérculo púbico, tuberosidade isquiática. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Revisitamos a anatomia topográfica, possibilitando a compreensão da utilização na anatomia palpatória, junto ao exercício profissional de avaliação e tratamento fisioterapêutico. Tivemos a oportunidade de relacionar o conhecimento de estruturas anatômicas entre si, para diferenciá-lo na prática palpatória e localizar pontos de referências osteoarticulares, musculares, relevantes para um fisioterapeuta. RELEMBRANDO A manipulação de estruturas anatômicas corporais, com base na percepção corporal do toque, possibilita que o fisioterapeuta finalize seu diagnóstico cinesiológico funcional de forma clara e objetiva, com identificação da causa dos problemas apresentados e relatados pelos nossos pacientes, tratando a causa e não o efeito - a patologia. Dessa forma, pratica-se a verdadeira Fisioterapia, isto é, sempre baseada em evidências científicas, tendo como base uma narrativa pautada no conhecimento científico e na ética. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS CAEL, C. Anatomia palpatória e funcional. 1. ed. São Paulo: Manole, 2013. JUNQUEIRA, L. Anatomia palpatória: tronco, pescoço, ombro e membros superiores. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. TIXA, S. Atlas de anatomia palpatória: membro inferior. Vol. 2. 3ª ed. Barueri: Manole, 2009. TIXA, S. Atlas de anatomia palpatória: pescoço, tronco, membro superior. 2ª ed. Barueri: Manole, 2009. VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. Barueri: Manole, 2003. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos abordados, pesquise: BOTELHO, W. S.; COSTA, A. A.; SANTOS, A. P. C.; COSTA, H. S. B.; BOURET, M. E. S.; TORRES, D. F. M. Tutorial de anatomia palpatória: uma ferramenta para o aprendizado semiológico. Journal of Health Connections, v. 2, n. 1. p. 12-20, 2018. SANTOS, K. C. et al. A vivência e o aprendizado na monitoria de anatomia palpatória. Curitiba: Braz. J. of Develop., v. 6, n. 2, p. 6855-6860, 2020. CONTEUDISTA Sandra Helena Mayworm CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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