Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PÃES ÁZIMOS Valter Mariano Silva Pereira PARTE I Brasília 2020 Pães Ázimos Vês?! Olha o campo, o trigo maturado Cujo dourar, do Céu, hoje te é posto Aos olhos para que, sonhando o gosto, Tu possas lhe colher para o suado Trabalho da moenda, e o teu rosto Há de alegrar-se no suor banhado! Tu molharás o trigo triturado E sovarás a massa, como a um mosto, E ao forno o levarás... E hás de perder A água que irrigara este teu pão, Mas, quando fores logo o recolher, Verás que tão maior tornou-se e, então, Tu cantarás a glória de morrer O trigo para, assim, nascer o pão! Lira das castanheiras Cantando à sombra das castanheiras, Como alguém que um dia sonhou A liberdade luzente nas asas férteis do amor, Vai serena a bela lira das pungentes derradeiras Sonatas que alguém cantou... E o nosso pobre velho em grosseiras Lacrimais gotas de amor Vai cantando docilmente à rosa que se lançou Pra lá da lira dos homens, das trovas do trovador, Pousando n'outras ramagens, como a vida sertaneira Que trilha os prados da dor, Para então florir nas eiras Mais formosas em candor... E o seu canto mansamente como uma brisa passou Pelas campinas da margem, pela montanha altaneira E à rosa bela chegou... E o que lhe disse, em saudade, entre as horas enervadas O murmúrio do cantor? Disse cantares macios que vibravam entoadas Cantilenas dedilhadas Sobre a ventura do amor Sobre as frias madrugadas De alguém num campo sem cor, Que espera um canto mais belo de sua flor, nas estadas Estações desconsoladas Que só se cura co'amor! E assim, nas notas fagueiras, Deleitosas de esplendor... A rosa, já comovida, entre lágrimas voltou, Voando como a saudade que à sombra das castanheiras Se morre em botão de flor! Valter Mariano Silva Pereira Conquista Senti que meu amor ruflou-se em flora, Naquelas todas tardes, rios de alvura, Que mui sonhava de levar, na altura Do próprio sonho, um canto de penhora! E, por amor de uma infantil candura, Mandei-lhe um riso doce, de que cora O coração de uma gentil senhora Unido ao meu numa maior ternura... Então a dama respondeu-me, olhando O que lhe foi plantado por vontade: O meu sorriso tão desconcertado! E, entre rubores, eu cantei chorando O que a paixão fez-me, por amizade: Um vasto amor de um peito enternurado! Maternal conselho Toca-me o rosto, canta uma cantiga A minha mãe que me trajou no verso, Levanta a mão e vê meu peito imerso No sentimento de uma flor antiga... Diz-me que o amor é valsa a que se siga Em passos nobres de um desejo expresso: O compassar das formas do universo, A régia mão que afaga, a mão amiga... Assim, ouvi, de minha mãe, o intento De apresentar-me o véu da formosura De um coração que Deus pôs linha reta E neste encanto, eu vi meu pensamento Tornar, em verso, amante da candura Que faz sorrir meu coração de poeta... Felicidade Eu conto estrelas como conto histórias: As mãos abertas, vivas, esplanando; A mente, em passos fúlgidos, olhando O lago aberto que abrigou vitórias. E aponto e digo o quanto o amor, brilhando, Fez renascer em bases tão notórias, Quer a beleza de triunfantes glórias, Quer a tristeza de um violão chorando... Levanto o olhar ao céu, cheio de amores E, como um bravo herói, canto alegrias De meu país, nos autos das memórias! E contemplando os grandes esplendores, Faço das nuvens casas de poesias, Pois conto estrelas como conto histórias... Da aliança ao leme Avança o barco! Gira e lustra o leme E, no estalar das ondas, puxa a vela, Oh capitã graciosa e pura e bela, Por ti meu peito rema e luta e geme! Oh capitã que doma o que é procela, Doma este peito que, em paixão, mui teme Perder-te neste mar e chora e treme E vive a amar-te sem fazer protela! Oh, vem comigo, ao balançar das velas, Para nas ondas mansas do oceano Pousar o olhar... Para que aliançadas No sacramento, as nossas almas belas Se tornem uma... Em matrimônio humano Como estas ondas todas ajuntadas! Noite solitária Pálida mão à luz enternurada... Toca fremente as lágrimas do rosto E apruma o laço, em tácito desgosto, A dama triste e bela, abandonada... Levanta os olhos, vê, na madrugada, Um grão de amor e um verso sobreposto: Eis que contempla a vida a próprio gosto Enquanto vai na renascida estrada... Quando, no céu, a encanta a luz celeste Quer das estrelas todas, quer da lua, Ela celebra a alvura em sua veste... É viva dama e, embora triste, é sua Certeza de que, mesmo em terra agreste, Toda alegria é flor que vive nua... Informis hominem Existe, no país, uma corrente idéia: Que os homens são pedra, algodão, árvore, peixes, Lascas de ferro, são tudo e nada são... Ontem, no jornal, feito por garrafas, vi a notícia De um homem que era panela, pedaço de lençol. Outro dizia-se apontador... ... Também não há mulheres: Há espelho, papéis, pedaços de cerâmica, Aparelhos nucleares, mas não há mulheres... A mulher da escola virou uma caixa, pedaço de feno, As damas são linhas de costura... O homem não quis ser... Não é... Mulheres também não são... .... Semana passada, assinou-se um decreto Urgente: os animais, não por serem importantes Na natureza criada, mas por fazerem literatura, Medicina, Engenharia, podem adestrar os pingos de papel, na forma de homem... Perdeu-se a liberdade: O homem desumanizou-se! A mulher desintegrou-se! Em nome de uma absoluta liberdade, Amputaram a própria consciência: nada mais é. Disposições da Rosa Amar o mar e ser no meu jardim A rosa mais humana e tão mais bela E ver o sol pintar uma aquarela Sobre o amor - o amor que vive em mim! E viverei qual vive o meu Carmim: Imersa em beijos, procurando aquela Vontade de cantar a cor singela De nossas vivas pétalas, assim! O Amar é o mar de mor imensidão Que se conjuga em formas de saudades Quando do amado a dama distancia! E se essa dama é rosa de paixão, Sente ela mesma as dores das verdades Que dos espinhos brotam sem poesia... Tristeza líquida É um triste fluido de um sonhar perdido, Um pranto pobre, um sôfrego desejo... Que mais farás, Quixote? Com que arpejo Tu buscarás a guerra do vencido?! É fria a gota que, em qualquer ensejo, Percorre a estrada de um olhar sofrido... Pobre Romeu, teu peito dolorido É como o fim de um tábido festejo! Eu ando e vejo nas literaturas Essa tristeza de um viver aflito, Esse chorar sem ter motivo algum! Pois bem! Meu riso vive nas alturas Pois Deus me deu amor, amor bendito Que faz o pranto o riso ser mais um! Amor enternurado Enternurado amor, enternurado Banhando em rosas, em jasmins, em lírios... Por flor pintado em todos os delírios, E na maior ternura apaziguado! Repousa em águas, águas dos plantírios E empreende um laço no mistério alado! O triste sonho - amor enclausurado - No próprio peito, aos dias dos martírios! Corações belos, quanto o que é jocoso De suspirar vos vale a mão fremente? Pois que na vida o riso canta o gozo E geme e chora e canta a dor, somente... Somente um crivo para ser formoso Do que nos causa dor constantemente... Dúvida rosada Oh flor que chora lágrimas mimosas, Dize-me, agora,o que, no imenso espaço Do peito do homem, faz para ter traço De verdadeiras pétalas de rosas?! Se é dor altiva que completa o abraço, Se são as ânsias das ciências prosas Que configuram fases fabulosas Do que parece rosa presa ao laço?! Dize-me, oh flor, com que serenidade Há de ser rosa o que me é simplesmente Uma aparência de um lirismo arguto?! Pois se me vou num mar de intensidade, Sinto no peito amor florentemente Que já não sei se eu amo ou contra luto! Pater et Filio Ao Pai que tudo rege e tudo cria, Ao pai que ao filho educa nobremente Ao Pai que o Filho gera eternamente, Ao pai que o filho imita e mui confia... Ao Pai que aos filhos seus tudo perdoa; Mas que também exorta e lhes corrige, Ao pai que, assim também, muito perdoa E que qual Pai do Céu também exige... Ao Pai que o Filho entrega à humanidade Para na Cruz, pendido abrir os braços... Ao pai que o filho entrega à cristandade Para que ao Filho o filho siga em passos... Ao Pai que cria o pai e lhe confia Paternidade e vida e fé ardente... No Cristo que, na cruz remiu a gente, Tornando a nós filhos quando vertia Do lado aberto as águas do batismo... Explicação do amor Amo-te assim: num verbo conjugado Em todo o meu viver, vivo e formoso, No coração que pulsa palpitoso!. Amo-te assim: sereno e perfumado! Amo-te assim: alegre e jubiloso Num vasto amor, sublime dom formado De dois a dois, juntando o que é logrado Do coração mais sacro e mais glorioso! Amo-te, ó dama amada, simplesmente... E nada há que de ti nunca me encante Pois tudo que tu me és rico é de amores! Pois tu me encantas, dama, e aonde fores, Encantarás meu peito, teu infante, Encantarás meu verso, eternamente... Décima d'água da fonte Plantarei no teu jardim A fonte do amor mais doce A que eu queria que fosse As águas do amor sem fim... Das águas da fonte, o sim Que diz aquele que, amando, Conjuga o verso cantando Vai vigorar de esplendor Que as fontes santas do amor, Meu peito plantou rezando... Pequena lira da Estrela do poeta És tão ditosa e tão bela És tão contente e tão pura, Oh dama de meu amor, Que toda a rama singela Ganha o verdor da esperança, E torna a vida segura De amar e ter na lembrança A Estrela do meu penhor... Escreve o poeta, estando no hospital e não podendo ir à missa do Sábado Santo Iluminado céu, nuvens douradas... Meu peito aberto, lacrimado clama Ver tanto o Amor do Cristo que derrama Na Santa Missa as bênçãos conjugadas! Penso na bela e rica liturgia, Nos salmos, nas leituras, no evangelho... O sacro Círio que renova o velho Coração meu que sonha a Eucaristia! Chorei, meu Deus, em lágrimas pesadas Pois esta febre que me pôs em cama Não me deixou louvar Aquele que ama... O Meu Jesus, nas hóstias consagradas! Vela por mim, meu Deus, és a alegria Que faz meu peito cintilar parelho Ao teu Cuidado eterno cujo selho É a Santa Cruz que verte a noite em dia! Cantiga do combatente Desde a alvorada dos olhos Até o poente, o combate Não cessa nunca o arremate A mui lançar-se de abrolhos! E, nisso, a luta é notória: Quanto mais, virtuosamente, Resiste o bom combatente, Mais se firma na vitória! Pois que inimigos são muitos A desejar sua queda E quanto mais não se arreda De sempre ter bons intuitos, Mais dura a guerra se fica! E se da fé muito vale Para enfrentar, em detalhe, Tudo que se modifica, Mais se lhe vem a ventura... Mas nunca, na terra, o sorriso Tem duramentos tão tantos Pois só no Céu não há prantos... Depois do embate preciso! Soneto do Desabafo Chovem meus olhos águas tão tristonhas... Meu coração, confuso, envolto em brumas, Busca entender por que nestas espumas Tem naufragado... Como que te ponhas A navegar, sem não chegar às dunas... Das praias do teu peito... Oh, vê, suponhas... Que esteja em lágrimas banhando as fronhas Dos travesseiros pobres em que durmas... Assim estou, como que navegando, Num mar revolto, muito atribulado Que os olhos meus às águas tem regando... Amigo, o pranto que tu tens secado É vivo mui de amar e estar sangrando O coração que chora quebrantado! Cântico na orla da praia... Na orla da praia... Um barco vai passando: O navegante chora o amor dolente E o mar salgado escuta docemente O pescador à pesca celebrando... Na orla da praia... Uma Senhora rente Ao mar azul contempla o barco arfando Por sobre as ondas. D'ouro o sol que brilha Beijando as águas vai... Mas não se sente Beijado pelas águas... E o barqueiro Cantando a Amada, ao sol consola e, triste, Não vê consolo em não vê-La sem prol! Mas quando ergue a cabeça, canta alteiro, Pois ele e a Senhora vêem-se em diste De amor que, bem... Uniu bela a Água ao sol! Primeiro Amor Primeiro Amor eu quero amar... Primeiro Para poder amar esta Verdade, Primeiro, amor, Amor Primeiro, a Idade De todo o Coração Sagrado Inteiro! Para sincero estar na realidade, Eu devo amar O que me amou primeiro, Pois que de mim não posso amar... E beiro A estar em pedra o coração... Cidade Do mais sublime Céu, de Deus morada... Habita, pois, quem ama e vê primeiro Que muito ingrato fôra a quem inteiro De Amor doou-se à tão fragilizada Humanidade... E tenho por amada Esta Verdade de um Amor Primeiro! Tempo Passado Como há passado... O tempo... E como passa Cada segundo acima dos meus olhos... Como um passar de fibrilantes fólios, Como o passar dos versos numa esparsa... Como há passado o tempo entre os meus dedos, Qual viva areia que se escorre em face De uma ampulheta, sem nenhum... empasse, De um gondoleiro que não tem mais medos, E canta e vê que os derramados óleos Sobre o velário de seu barco, em graça, Não tem na vida, pois, quaisquer segredos! Mas não me vejo por perdido, amigo, Eu vejo que ganhei um peito leve, Pois cada dor que tive é como a neve Que, alva na cor, conserva amor consigo! E quanto o mesmo tempo há conservado, Por cada desventura redimido: Ao Bom Jesus perdão eu hei pedido, E, por amor, Jesus há me perdoado! E nos Seus braços.... Durmo.... E quem se atreve Vim separar-me do meu Deus comigo, Pois todo eu sou para Ele consagrado! O mesmo tempo passa... E renovando As suas ilhas, casas da saudade, Vai me mostrando o rosto da Verdade Enquanto pelo mar, vai navegando... Traz pequeninas crianças, pequeninas, No seio azul de sua sinfonia, Um canto passeiforme que viria A ser um canto de aves campesinas! E eu vejo um germe, pois, da Eternidade Que, no azul celeste, está voando... Tornando belas todas as matinas! O tempo passa e, florescendo, um tanto Da primavera vem me visitar: As flores do jardim tocam no mar De amores que verteram do meu pranto! Quando, porém, eu fico indiferente, O mar é de tormentas e de espinhos E nada há que contente os passarinhos Que, por preguiça, não voam em frente! E, assim, levanto, para bem amar Porque o amor é ativo e bem mais santo Quando há regado a flor mais exigente! Depois de tudo... O tempo se evapora E a eternidade é que, envolvendo o mundo, Faz renascer um peito tão profundo, Que no sorriso canta o amor que flora... E tudo o que se flora está sorrindo Pois que o sorrir é vida florescendo Na imagem que se tem do amor, vertendo Em cantos de alegria, o amor... Sorrindo! Assim, pois,quanto o pranto era mais fundo, Hoje, mais tanto, o riso revigora A alma que a Cristo sempre está seguindo! Como há passado o tempo e há tocado No meu presente toda a sua beleza, Toda justiça e toda galhardia Do bom viver, tão terno e tão sagrado Que ,em frente à mesa, canta noite e dia! Poema nas asas de uma andorinha Nas asas de uma andorinha, Este poema se vai, Por sobre o que vejo e... Ai... Não sei falar d'onde vinha Pois se a atenção me retinha, Não soube ver nem falar, Cantando à beira do mar, Ouço outro canto mais belo, De um verde-azul com que anelo A graça sublime de amar! Nas asas de uma andorinha, Este poema se vai, Sobre as nuvens... Quando cai É sobre alguém que continha No peito nobre, uma vinha: Muito amor para lhe dar Que nunca pôde esperar Tanto amor - grande castelo - Em que pode, tão singelo, Ser rei sem nunca reinar! Nas asas de uma andorinha, Este poema se vai... E vós, que ouvis, também, dai Muita pena a esta que tinha Saído, pois, de uma asinha, Pousado na minha mão Para, em tinta, ter então Escrito tão pobres versos, Sem o fulgor dos progressos, Nas asas que ao céu se vão... In the Sky The hope can flies above the our head. Sometime we are so sad, no look to life, And, as bird, the hope gives us a wife: This happiness, this love: the flower red! And our heart can looks to sky... And had A lot to learn, in past full of the strife. But today sings the Love and plays a fife Of the bright day so happy and blue, instead To cry , no hope, no color, no this love. Because is happy and happiness has wings As butterfly or like a flying bird suit Because the life is beautiful as dove What in the sky, serene, so soft sings The Live alive in peace of dream so sweet! No céu A esperança sobre nós pode voar Por vezes, tristes, não vemos a vida... Qual pássaro nos dá a mulher querida: Felicidade, amor, flor rubra, a amar... E o nosso peito ao céu vê, a relembrar, O que aprendeu na conflituosa vida, Mas hoje canta o amor e toca em lida A flauta em dia belo e azul, não dar De ver o pranto triste sem amor Porque é feliz nas asas da alegria Qual borboleta ou pássaro tão doce Pois bela é a vida qual pomba a se pôr No céu, serena, a cantar, pois, tão pia E, ao vivo, eu vivo em paz de um sonho doce. Os sete sorrisos A primeira vez que lhe sorri Foi por pura caridade: Estava ela tão triste, Sentada à margem da rua, Numa calçada amarga, E eu vi que precisava Alegrar seus olhos tristes E dei meu primeiro sorriso, Talvez um pouco tímido, Talvez um pouco forçado, Mas lhe sorri... O segundo sorriso que lhe dei Foi numa noite de chuvas Ela estava nervosa, Talvez os falsos amores, Talvez as dores do tempo... Seu rosto, pois, tão cansado, Surrado pelo sofrer! Senti que algo importava, Que havia algo de flor, Sorri-lhe como quem olha A quem sofreu por amor... Numa terceira ventura, Num dia todo enevado, Vi seu rosto amendrotado, Vermelho em flor de nervura... Passei por ela e bem algo Tão diferente senti, Via-me em vez de fidalgo E a bela moça sorri! Na quarta vez, já tomado Por um doce sentimento, Quisera, pois, num momento A moça ter encontrado... E quando na rua lhe vi, Quase gritei de alegria, Não sei se era noite ou dia, Quando, amável, lhe sorri. Quinta vez, floral, de amores Cantando a santa bondade Do bom Deus na eternidade, Colhi no jardim as flores Mais belas que um dia achei E quando a dama cruzara Por mim, naquela seara, Sorriso e flores lhe dei! Por sexta vez, conhecida A paixão em mim vivente, De coração tão ardente, Amava a flor tão querida, E, em dia silencioso, A vi em tanto mistério... E um sorriso carinhoso Dei-lhe num dia tão sério! Num dia triste e tão atribulado, Perdido o emprego e tanto perseguido, Sentei num banco e, em dores, tão sentido Chorei em rios o que não hei chorado... E quando o céu, de nuvens, encoberto Me pareceu chorar o sofrimento, Senti dourar a luz no firmamento Senti, também, que um anjo estava perto! E, ao me virar, encantado A bela dama, pois, vi E, todo desconcertado, À linda moça sorri... E para morrer de surpresa Um sorriso tão fulgente Em seu rosto floresceu, E aproximando, em beleza, Como quem vive esplendente, Sorriso e beijo me deu! Este olhar Este olhar que me abrasa docemente, Este olhar que se punge, nos amores É como um caminhão de tantas flores Que assim despeja-as no jardim da gente. Este olhar que me encanta fortemente Como uma onda em túrbidos torpores, Como uma banda a ressoar tambores, Faz leve a vida quando olha clemente! Este olhar que, na aurora, contagia, De uma pureza e de uma identidade Tão simples, tem tão forte melodia... O olhar da dama é de forte saudade Tão causador que pode, assim, ser via De dor, de amor e de felicidade! Simplicidade Tão simples e tão manso e tão divino, Sagrado Coração de meu Jesus, Oh santa e bela, Estrela que conduz Tão única a tão vívido destino! Tão simples e tão manso e tenro sino Tocando às madrugadas, e reluz No alvorecer do dia, a Santa Cruz Sempre constante a fé que ao vespertino Olhar de quem se vê simples, sem nada Dá tudo, por amor - A Providência - A cada qual que marcha pela estrada, E, assim, simples, serena, esta inocência De quem se põe em prece, e crê sagrada A simples e tão pura florescência! Registros Certa vez, eu andava pela estrada E vi cartazes com poemas duros, Sem forma e vida, brados de inseguros Medos de contemplar tenra alvorada! Um brado contra a vida e alegada A luta contra a escravidão dos muros De todo um vão racismo de imaturos, Mas o que vi não foi luta acertada: Foi todo um brado contra os bons valores, Contra o labor e todas estas flores Que brilham nos jardins belos e ternos, Mas eu me fito nos Santos Amores, Nas chagas divinais, nas santas dores, Nas asas dos valores mais eternos! Alvorada Quando se doira num princípio amado O céu todo azulado e escurecido, Um raio surge ao longe! Eu hei vivido À espera de seu brilho, lacrimado! Do verde céu à flâmula do ouvido Cantar do galo, eu vejo fecundado O céu por este raio projetado Em seu interior, tremeluzido! Como há fulgido em matinal essência, O sol eu vi, eu vi, no alvo semblante Das nuvens, tenro ardor, oh quem diria! Em ouro vivo, como a florescência, Um louro abraço terno e, assim, infante... Do sol no Céu eu vi nascendo um dia... Floreio Como num mar tomado por saudades, Como um tremor de gôndolas partidas, Caem chorando as pétalas feridas Em meio às mais pungentes tempestades... Como num campo aberto a despedidas, Como se fosse a dor das realidades Tão mais distantes de outras amizades: As que estas rosas cantam emergidas Talvez de um sonho antigo ou de uma prosa, Talvez do terno olhar que, amanhecido, Cantou a vida cheio de esperança, Oh que ventura além da própria rosa: Entre os floreios do chorar vertido E dos cantares - é esta paz tão mansa! Sonatas Oh lua das matinas perfumadas, Entre os cristais da chuva, refletindo O sôfrego cantar das mãos chagadas E o refulgente andar do olhar sorrindo, Oh floresmaternais que vão se abrindo, Cantai alegres em voltas sagradas, Firmai no olhar em pétalas rosadas Os cânticos de amor florais sentindo O que eu não sinto, assim, tão simplesmente, Mas que a virtude pode conceber No seio das sonatas e dos cantos Pois se, na vida, a lua florescente Também chorando pode compreender O mar, assim eu cantarei sem prantos O todo o nada (En honor a la Hna. Clare) La hermana, en su sonrisa, como se decía, Tenía un brillo puro de un fraterno amor. En su cantar, la voz, sagrada melodía, ¡Era Evangelio vivo, anuncio del Señor! Donándose a sí misma, incluso en el dolor, Era oblación alegre y, alegre, muy sonría... Tocando la guitarra, a todos alegró, Sin elegirse a sí en todo lo que hacía. Y el corazón que, un día, fama se buscó Quedóse conocido a quien feliz sirvió: Hermanas y hasta niños, santa, ha apacentado... Y a Quien siempre buscará, a Él se consagró: Besando Cristo en cruz, el Paraíso vio; Muriendo para Tierra, ¡en Cielo se ha encontrado! Soneto do dia das mães Dulcente a flor que a aurora vai regando Co o orvalho da manhã manso e sereno, Gestando o fruto vai, de doce pleno Como se gesta amor que vai se amando... Tão terna a rosa do jardim que, ameno, O aroma espalha e flore, rebrilhando... É a Mãe que ao filho nina, contemplando O seu rostinho belo e tão pequeno! Pois toda mãe é flor que nasce e gesta, Que sofre de saudade e que suspira, E que, em seu ventre, a vida manifesta! Às mães dedico a flor que mui me inspira E que, quanto mais amo, mais me presta O verso, a pena, a voz, a prece e a lira! Valter Mariano Silva Pereira Soneto a favor da vida Nascer e ser alguém no amor formado, Cantar a vida em cantos esplendentes, Ter rosas no quintal manso e logrado De toda a floridão das flores quentes... É maravilha do mais alto sonho, Nascer na aurora de uma fé tão bela, Ser batizado, pois, numa capela E a Deus cantar no canto mais risonho! Mas um terror ao longe se aproxima, Funesto olhar que têm alguns no mundo: De, em loucos brados, abortar a vida Querem matar crianças e hoje, em cima, De um tribunal, um grito moribundo: Da madre pátria, ao chão, já decaída! Valter Mariano Silva Pereira Soneto de natal: o presépio! Oh Luz que brilha em vívidos olhares, Na enternecida lágrima luzente, Oh Deus que chora, oh meu Jesus clemente No colo de Maria Santa, em ares De uma família santa e tão presente, Dos pastorinhos simples já tomados Por tão tenro louvor, temor e agrados Ao Coração Divino, eternamente! Três reis que trazem tudo o que são seus E tudo, pois, que são e querem ser Ao Bom Jesus que vence a noite escura.. Sendo, em verdade, Homem, pois, e Deus Ele se doa todo, a conceder O Amor para morar no que O procura! Valter Mariano Silva Pereira Soneto da flor verdadeira Dentre tantas ideias e discursos, Nada há que seja assim tão consistente, Que não se esvaia quando sopra a gente, Que não se dobre por quaisquer concursos! Não vejo flor que tenha, em cor clemente, Doce perfume de alegrar os ursos E na corola, em cantos sem impulsos, Brilhe mais calma a flor tranquilamente... Não há discurso que, por mais que forte, Compreenda em si florais beleza e amor, Pois tudo que se fala é como a bruma Que quando se olha, pouco se tem numa Certeza de que a planta gesta a flor, Certeza de que a Vida vence a morte! Valter Mariano.S.Pereira . Soneto do Amor em forma de flor (Ao amigo A.B, quando começou o namoro com a garota identificada por ele como a flor de sua vida) Na flor que punge o sino da Esperança, O Amor repousa e, como em torre erguida, Faz verberar a pétala querida Como quem segue os passos de uma dança! Se é vivo o olhar que, em ramas, se apaixona E faz brotar no peito a cor do orvalho, Límpida é a gota em face do carvalho Que, pois, sustenta a gota, a qual é dona De um doce senhorio, em que se preza Ceder para ganhar as alegrias Com que se abriga toda a eternidade... E, pois, amando, é doce o que se reza: “Amor, amor, amor!” e as harmonias Do som da prece é flor de santidade! Poema da flor da vida Dia 8 de outubro (dia do nascituro) Prólogo: Ergue a cabeça e vê nos altos mares Que a tua vida é um dom tão precioso Pois és querido e feito tão formoso Por Mãos Divinas em todos os cantares! _A todos os que nasceram e vivem, a todos os que não nasceram mas vivem em Deus, aos que nasceram e já não vivem mais, aos que nasceram e não querem viver e aos que nasceram e vivem como se não vivessem dedico com todo o amor este terno poema_ Oh flor bendita, em germe venturoso De um tão sublime e esplêndido mistério Por tantos homens não levada a sério, Mas sempre viva em Cristo tão glorioso! Oh flor divina, de perfume amigo, Oh flor que choras lágrimas sofridas, Sei quanto dói profundas as feridas Que te fizeram e, hoje, tens contigo! Tu vens de Deus e em cores tão vividas Tu brilhas tanto que aos teus passos sigo, Como quem vê tão simples grão de trigo Formar-se pão de fôrmas tão queridas! Lembra-te, ó Deus, da flor cujo saltério É vívido em beleza e em formoso Olhar de quem se vive esperançoso De amar a Cruz, ó Deus, em vosso Império! Valter Mariano Silva Pereira Soneto do melhor amigo (Ao m eu estimado amigo e irmão M.B.) Amigo, és tu, na vida atribulada, Força e consolo, irmão de tantas horas, Que valerei, nas lágrimas que choras, Para pagar-te a força aventurada?! Pois tantas vezes, tu me rememoras A força da Trindade conjugada Em todas as virtudes, mais sagrada E tão mais bela, em todas as penhoras De que a amizade pode conceber! Oh caro amigo, irmão de tantos dias, Não pode o peito humano compreender Estas singelas contas de harmonias Múltiplos crivos próprios, a saber, De uma amizade fonte de poesias! Soneto da amizade Este talho que molda a nossa vida, Aparando as arestas mais agudas, Amparando-nos as mãos quando estão mudas Por esta una jornada tão querida Esta seta que rege as tão sisudas Praias do sentimento e das sofridas Manhãs das navegâncias mais vividas É a forma mais sublime das ajudas Que Deus nos dá para formar no peito Uma casa repleta de ternura, Um bom jardim de perfumadas flores, Pois este talho que vive ser tem ter leito, Esta Rama tão nobre da candura É o lírio a que chamamos “amizade”! Lira das castanheiras Cantando à sombra das castanheiras, Como alguém que um dia sonhou A liberdade luzente nas asas férteis do amor, Vai serena a bela lira das pungentes derradeiras Sonatas que alguém cantou... E o nosso pobre velho em grosseiras Lacrimais gotas de amor Vai cantando docilmente à rosa que se lançou Pra lá da lira dos homens, das trovas do trovador, Pousando n'outras ramagens, como a vida sertaneira Que trilha os prados da dor, Para então florir nas eiras Mais formosas em candor... E o seu canto mansamente como uma brisa passou Pelas campinas da margem, pela montanha altaneira E à rosa bela chegou... E o que lhe disse, em saudade, entre as horas enervadas O murmúrio do cantor? Disse cantares macios que vibravam entoadas Cantilenas dedilhadas Sobre a ventura do amor Sobre as frias madrugadas De alguém num campo sem cor, Que espera um canto mais belo de sua flor, nas estadas Estações desconsoladas Que só se cura co'amor! E assim, nasnotas fagueiras, Deleitosas de esplendor... A rosa, já comovida, entre lágrimas voltou, Voando como a saudade que à sombra das castanheiras Se morre em botão de flor! Despertamento Como se o mundo sôfrego e tão raso Fosse algo bom entre as contadas flores Tu vais pensando e, não contando as dores Que tu tiveste, em vida, o teu ocaso Vai sendo o amor cujo perder das cores É amor que morre aos quais eu me comprazo! O que tu pensas, pois, é um vil descaso Co'a cruz de Cristo a que jamais tu fores Amar e crer, para além-mais viver! Ainda há tempo, há tempo de voltar O Coração à Pátria duradoura... Basta lutar na guerra aterradora Ao lado de Quem morre por amor E, assim, também, junto a Jesus morrer! II PARTE Matéria-Prima Sofrer conforme a vontade divina, No Calvário da vida, a dor vertendo Em púrpuras de amor, é viver sendo Amigo de Jesus que à fé ilumina! Vivendo em autos de batalhas duras, Chorando lágrimas tão sós, dolosas Vale tão belas orações formosas Do sofredor a Deus, iluminuras! Se a Cruz mui pesa, o mundo é de amarguras, O céu é doce, e leve as mãos gloriosas Da Mãe Santíssima que leva em rosas As preces dos seus filhos às Alturas. Pois, saibas, muito bem, vês, imagina Que Jesus fez o sofrimento sendo Matéria de salvar a alma que, crendo, Ofrece a Deus a dor que lhe é ferina! Poema à Santa Teresinha do Menino Jesus Oh Minha Irmã, pequena flor celeste! És a benquista rosa de Jesus, Que no jardim mui perfumou a cruz! A flor que do alto céu, rosas nos deste! Eu canto alegre essa rosada veste De amor: as santas pétalas de rosa Que em via desta infância tão gloriosa Graças em tantos corações puseste! Oh santa carmelita, os Céus azuis, Sorrindo para ti, cantam formosa A eterna primavera! E quão vistosa É a prece que ao Bom Cristo se conduz! Da infância a via pequenina é a veste De quem por Cristo vive e, assim, produz No peito o que de amor flore e reluz: A tenra santidade que disseste! Primado Oh Santo Padre, oh Pedro destes dias, Cujo primado alegre me conclama À obediência que brilhando em chama Verbera santa em belas sinfonias! Das chaves celestiais que, abrindo a flama Dos corações humanos, tens em rias, Sois portador, qual Pedro das porfias, Ó Santo Padre que a este Círio inflama! Se alegre de, por certo, conseguido Verter em fé o amor esperançoso, Eu canto, assim, sincero e mais glorioso O Amor que, desta forma, é mais formoso Do Coração de Cristo enternecido E de Deus Pai, na glória reluzido! Poema da Paixão de Cristo Soldados tão nervosos com açoites A tilintar nas costas do Senhor... Oh! Chagas do Divino Salvador Que brilharão nas mais escuras noites As mãos cravadas por nossos pecados... O prego a perfurar-lhe as mãos sagradas, O sangue a se verter pelas estradas... E todos os flagelos abrasados! Ferido, no madeiro, tão sozinho, Nosso Senhor chorou por nossas almas, Sangrando e coroado, em tanto espinho... Para salvar-nos, à Justiça acalma Doando-nos a si, no pão, no vinho, Seu Corpo e Sangue... Ó transpassada palma! Mês de maio À tarde do querido mês de maio, O teu olhar, oh Mãe, vivo e glorioso Põe-me a pensar se, porventura, eu saio Bem aos teus olhos, ou tempestuoso... Mas tu me mostras, minha Mãe, que a vida Não se resume em querer ser somente Brilhante em tudo e, em tudo, simplesmente Em vejo o teu olhar, oh Mãe querida À tarde do querido mês de maio, Eu me devoto a ti tão ternamente Que toda vida ganha um novo brilho Pois, ó tão terna Mãe, teu pobre filho Muito por ti se entrega fielmente Ao sofrimento e, sendo assim, não caio! Poema à Virgem Maria Ó Mãe! Meu coração está quebrado! Minh'alma clama o vosso olhar mais doce Por quem senão por ti eu sou cuidado Para a Jesus voltar - O amor que trouxe - ?! Ó Mãe! Tu nos sarais para o perdão Que Cristo nos concede e nos liberta. Ó Mãe! Tu és a guia tão bem certa Que guia-nos a Cristo, à Salvação! É Cristo a Salvação, remissão bela, Mas duro é o caminho pela pena De nossos vis pecados, a gangrena! Mas tu, Senhora, que por mim me vela Torna mais doce a cruz, forma singela De amor verter em gota mais serena! Soneto à Imaculada Conceição Oh Santa Mãe, formosa e sem pecado! Deus vos formou na graça e quanto amor Verteu-vos por vos dar o Salvador: Filho Divino, pois, por vós cuidado! És Mãe de Deus, oh toda Pura Flor, E sendo Mãe és arca do Sagrado Verbo Divino, o Cristo muito amado De toda Santa Igreja em seu clamor! Aos nossos corações, Mãe de Pureza Mostrai-nos o Divino Redentor! Por tuas mãos puríssimas, Senhora, Consagro-me a Jesus nesta certeza De que, por ti, guiado ao Vivo Amor, Serei feliz na eternidade e agora! Soneto do amor à Santíssima Virgem Eu quero amar-vos, oh Senhora, eu quero Pois sois a Mãe do Salvador Divino, Sois o Sacrário de Jesus Menino Sois a Senhora do mais puro esmero! Ah! Quanto eu sou de pó... Mui mais ferino Que as feras dos mais sujos bosques , zero Por cento de ternura eu tenho! Espero Que eu possa amar-vos qual badala o sino: Suave e terno a vos servir, Senhora, Pronto para vos dar a própria vida Pois de Deus tendes todo o amor e, agora... Desejo consagrar-me sem medida Pois vês que em mim não tenho nada e fora De mim, em ti, posso encontrar a Vida! Desejo de Amor Amar de forma verdadeira e pura, Sem egoísmo e esta cobardia! Eu peço a graça desse amor, Maria, Para grafar no peito o que é ternura! Teu Coração da mancha preservado Ensina-me a viver, pois, a vontade De Deus tão Santo, em suma imensidade Para poder amar O que é Sagrado! Viva vontade eu quero ter e amar Tão simplesmente, por amor e fé, Por vivo amar, o Amor e simplesmente Estar com Deus em sua barca, em mar, Pois quero amá-Lo e este amor bem é O próprio Amor que amou divinamente A arca do Céu Ó Mãe Celeste, és a arca do Deus Trino: Do Pai és filha, do Filho és a Mãe E do Espírito Santo tu és a esposa... Sendo tão suave: a Mãe de todos nós! Cantaste o Céu, cantaste as esperanças, Pois és o templo da Trindade Santa, És esta flor divina da pureza Cuja Ventura é um canto de louvor! És tão serena, oh Mãe, pura e tão bela Dos esplendores toda agraciada, Pois és a Mãe de Deus e nossa Mãe! Eu agradeço a ti, Maria, e louvo A Deus por ter nos dado a sua Mãe! Não somos órfãos e eu exulto alegre Por bem poder falar a ti, Senhora, Todas as minhas dúvidas e dores! Sagrada Família Santa Família, esplêndida esperança De amor, de vida e fé, de salvação Cuja pureza vívida, então, Nos mostra a terna e boa aventurança! Oh Mãe de Deus, vós sois tão mui bendita, Entre todas as mulheres: venturada Pois de Jesus és mãe agraciada E de Deus Pai és filha em que se fita O Santo Espírito que gera a vida Nos corações humanos, em ti gera O Salvador da Nossa humanidade! Oh São José, que graça concedida: Ser guardião desta Família: impera Em ti o amor de Deus, suma bondade! Rosário Pois, oh, com que alegria, alegre sigo O santo e bom caminho que me apontas: O Cristo Vivo que nos mostra as contas Do teu rosário: Ave-Maria eu digo! Oh Santa Mãe, pastoratão divina Que a todos nós nos mostras o Teu Filho! Que nunca, oh Mãe, me perca do teu brilho, Mas viva o que Nosso Senhor ensina! Santa Maria, és chave que abre o cilho Dos nossos corações, nesta matina Para provar da graça tão divina, Para assentar-nos neste santo trilho! A todos inimigos, pois, afrontas Para guardar-nos neste Amor Antigo De Jesus Cristo que se faz amigo Dos corações que rezam estas contas! Materna Luna Ó Lua das belezas elevadas, Dos sonhos, dos sorrisos e das flores, És Bela e o teu Amor socorre as dores Dos corações, das almas quebrantadas, Ó Lua de fulguras tão amadas Depois do Sol Divino, os teus fulgores São os mais santos, ricos de candores, Cuja doçura eleva as mãos cansadas... Ó Lua de materno olhar, tens puro O Coração que aponta ao Arrebol, Teu seio virginal é o dom mais puro: Refúgio que protege do crisol! Teu Coração, Maria, é o Céu seguro, Pois tu és a Lua que gerou o Sol! Presépio Quando a Jesus Menino nos teus ternos braços Tomavas, com amor, e em prece tão divina, Vencias a Herodes de inveja ferina, Vencias ao que em mim se deu n'amargos passos! Quando, a Jesus, em Vosso Coração, teus laços De Amor se convergiam, Graça cristalina Vertia do presépio como a chuva fina Para depois lavar meus pobres pés descalços... E o teu Amor que ao Bom Jesus mui canta e serve Ao mesmo Verbo Eterno, Flor da Eternidade, Une sereno o vosso Coração que estava A interceder a Cristo: "Salva a humanidade!"... Quando há passado o tempo, em Cruz, Jesus vos dava A mim por Mãe e a Vós, por filho, oh, que ventura leve! Ressurreição Na pálida esperança - noite adentro - Quando não mais os olhos se ajuntavam, Aquelas ternas mãos me levantavam E do seu vivo Amor me punham dentro! Aqueles olhos ternos que me olhavam... E que tão belos viam o meu tormento Fizeram-me clamar ao firmamento Por ser-lhes pertencente... Oh, quão brilhavam! Aquela doce voz que aconselhava E que em sua pertença eu já me via... Aquele olhar que tanto me encantava... Aproximou-se e eu vi quem me sorria, A Flor que o coração me conquistava: Imaculada a Flor, Virgem Maria! Consolo Se o pranto escorre de te amar, Se a vida é ganho em sangue e em dor, Se tudo flore nesta Estrada... Para onde irei se o próprio Mar Me aponta o Rio, Me aponta a Flor Como esperança desejada?! Se o peito punge e sofre cá, Se tu me queres aonde for, Eu vou, eu vou, Estrela amada! Se estou contigo, eu tenho um lar, Já não me importa mais a dor, Em ti minh'alma é consolada! Se tudo canta o meu pesar, Se a chuva rega o meu temor, Teus pés pisando a relva ornada Trazem-me alento de alegrar Aquela chama que minguou, Como uma rosa que é regada... A noite avança devagar E o peito geme no estupor... Quando tu vens, Doce Alvorada, Por ti, me ponho a suspirar... E tudo ganha nova cor: Um verde puro de Esmeralda! Soneto ao Cristo Redentor Toma esta nota, oh Redentor das Casas, Dos auriplanos versos, dos sonetos Que são, por hora, apenas dois quartetos Mas que, de amor, penderam suas asas! Eu sei que o verso dos meus pobres guetos Não são mais simples, belos, que te abrasas De ler ou de estimar, rimadas plazas, Mas vês que há fé na forma de tercetos! Oh meu Jesus! Vós sois o Redentor Que rege o mundo e que conjuga o verso Em todo coração piedoso e, tanto Tendes regido a vida com amor, Que fazes verberar num universo Um coração mais puro e bem mais santo! Como o jardín Como o jardim da bela e fresca serra Abriga a rosa e todos os amores, Sois vós, Maria, em todos fulgores Cuja pureza amansa a dura guerra Em que combato contra vis terrores... Pois sois a mim a Amada e a vossa Terra De amor é feita - amor assim não erra - Pois sois maior que estrelas e que flores... Vós sois, Maria, a mãe da Eterna Vida Vós sois a dama e a rosa mais querida, Vós sois amiga e o céu de eternidade... Por minha Amada eu vivo a santidade Por Ela morro - a Imaculada Estrela - De amá-la eu vivo e morro por querê-la! Da esplêndida realeza de Maria Se nada nesta vida me parece Mais belo quanto o teu sorrir materno Nada será mais puro e nem mais terno Do que o sorriso que à minh'alma aquece! Se tudo que há no mundo é frio e inverno E se somente a rosa que floresce É flor que vive n'alma, então, em prece Eu mui te peço: o amor mais sempiterno! Se nada nesta vida é poesia Tão verdadeira e certa como a tua Celeste companhia que a alma espera Eu digo que nem mesmo a branca lua Com seu fulgor tão manso me seria Tão bela como a Dama que a supera! Soneto da amizade Este talho que molda a nossa vida, Aparando as arestas mais agudas, Amparando-nos as mãos quando estão mudas Por esta una jornada tão querida Esta seta que rege as tão sisudas Praias do sentimento e das sofridas Manhãs das navegâncias mais vividas É a forma mais sublime das ajudas Que Deus nos dá para formar no peito Uma casa repleta de ternura, Um bom jardim de perfumadas flores, Pois este talho que vive ser tem ter leito, Esta Rama tão nobre da candura
Compartilhar