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AUTOMAÇÃO A pneumática é uma das formas mais antigas de automa- ção, estudada desde a Grécia Antiga. Hoje a pneumática é usada nas mais variadas indústrias, tais como gráfica, têxtil, de embalagens, alimentícia, farmacêutica e aeronáutica. Des- tinado a estudantes de cursos profissionalizantes, este livro aborda os fundamentos das leis físicas dos gases; as caracte- rísticas do ar comprimido, sua distribuição e preparação para o trabalho; atuadores e válvulas pneumáticas; denominação dos esquemas e comandos pneumáticos; além de ensaios dos principais circuitos básicos e suas funções dentro de um sistema pneumático. ISBN 978-85-65418-00-3 Sistemas pneumáticos I L O D A S I L V A M O R E I R A S istem as p neum ático s Sistemas pneumáticos Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Moreira, Ilo da Silva Sistemas pneumáticos / Ilo da Silva Moreira – 2.ed. – São Paulo : SENAI-SP editora, 2019. 224 p. : il. Bibliografia ISBN 978-85-65418-00-3 1 . Automação pneumática 2. Sistemas pneumáticos 3. Atuadores pneumáticos 4. Válvulas pneumáticas I. Título CDD – 629.8045 Índices para catálogo sistemático: 1. Automação pneumática : Sistemas pneumáticos Bibliotecárias responsáveis: Elisângela Soares CRB 8/6565 Josilma Gonçalves Amato CRB 8/8122 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br AUTOMAÇÃO Sistemas pneumáticos I L O D A S I L V A M O R E I R A Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Prefácio A coleção Informações Tecnológicas, contribuição da SENAI‑SP Editora, busca reduzir a escassez da literatura técnica no Brasil, e pretende também revelar novos autores. O professor Ilo da Silva Moreira contribui com importantes publicações, a começar com Sistemas Pneumáticos, seguido pelos Sistemas Hidráulicos Indus‑ triais, Técnicas de Comando Pneumático, Comandos Elétricos de Sistemas Pneu‑ máticos e Hidráulicos, além de outras obras de referência nas áreas tecnológicas. As obras do professor Ilo repassam métodos, técnicas e procedimentos através dos quais os esquemas de comandos pneumáticos e hidráulicos podem ser elabo‑ rados, abordando, especialmente, os métodos intuitivo, cascata e passo a passo. Fica aqui registrado o nosso reconhecimento ao professor Ilo pela tarefa em‑ preendida na elaboração destes livros, escritos com concisão e de forma inteligível a diferentes tipos de leitores. O autor saiu‑se admiravelmente bem desse desafio, tendo em vista sua larga experiência no ensino, tanto em Escolas SENAI como na Indústria, sempre ministrando cursos na área da Pneumática e Hidráulica, ativi‑ dade esta que o acostumou a falar a alunos, técnicos, instrutores, enfim, aos jovens e adultos interessados nesse assunto. Confiamos que esta obra alargará o círculo inicial da sua clientela para abranger, além das Escolas SENAI, outras instituições que têm a seu encargo ações no campo da formação profissional. Sumário Introdução 9 Características de utilização do ar comprimido 11 Vantagens e desvantagens no uso do ar comprimido 11 Rentabilidade do ar comprimido 12 Escape de ar 12 Fundamentos das leis físicas dos gases 15 Sistemas de medida de grandezas físicas 15 Grandezas físicas, unidades e seus símbolos 15 Força e pressão 16 Relação entre unidades de força 17 Pressão atmosférica 17 Escalas de temperatura 20 Leis dos gases perfeitos 23 Lei de Boyle Mariotte 23 Lei de Guy ‑Lussac 24 Lei de Charles 25 Compressores 27 Instalação de produção 27 Tipos de compressores 27 Classificação dos compressores 28 Compressor com movimento linear 28 Compressor de êmbolo de efeito simples 29 Compressor de êmbolo de efeito duplo 29 Compressores de êmbolo de um estágio 30 Compressores de êmbolo de dois estágios 30 Compressores de êmbolo de estágios múltiplos 31 Compressor de membrana ou diafragma 31 Compressor rotativo multicelular ou de palhetas 32 Compressor de parafusos ou de fuso roscado 32 Compressor rotativo tipo Roots ou de lóbulos 34 Turbocompressor 34 Turbocompressor axial 35 Diagrama comparativo de volume e pressão 36 Critérios para escolha de compressores 37 Armazenamento e distribuição do ar comprimido 43 Reservatório de ar comprimido 43 Rede de distribuição de ar comprimido 46 Principais tipos de redes distribuidoras 46 Rede em circuito fechado 47 Dimensionamento da rede distribuidora de ar comprimido 49 Cálculo da tubulação 50 Comprimento equivalente 51 Materiais empregados em redes distribuidoras de ar comprimido 53 Conexões 54 Preparação do ar comprimido para o trabalho 57 Impurezas 57 Umidade 57 Resfriamento do ar comprimido 59 Secagem do ar comprimido 61 Filtragem do ar comprimido 66 Regulagem da pressão do ar comprimido 69 Lubrificação do ar comprimido 71 Unidades de condicionamento de ar comprimido 73 Atuadores pneumáticos 77 Atuadores lineares – cilindros 77 Características construtivas 78 Tipos de juntas de vedação para êmbolos 79 Tipos de fixação de cilindros 81 Cálculos das forças de avanço e de retorno de cilindros 82 Tipos de cilindros 85 Atuadores giratórios – motor oscilante 100 Consumo de ar 104 Atuadores rotativos – motores pneumáticos 106 Características dos motores pneumáticos 110 Atuadores pneumáticos para sujeição e movimentação de peças 111 Válvulas pneumáticas 133 Válvulas direcionais 134 Válvulas reguladoras de fluxo 174 Válvulas controladoras de pressão 176 Combinações de válvulas 179 Sensores pneumáticos de proximidade 184 Esquemas pneumáticos de comando 189 Denominação dos componentes pneumáticos 190 Circuitos pneumáticos básicos 193 Referências 221 Sobre o autor 222 Introdução O primeiro homem que se interessou pela Pneumática, isto é, pelo emprego do ar comprimido como meio auxiliar de trabalho, foi o grego Ktesibios. Dos antigos gregos provém a palavra “pneuma” que significa fôlego, vento e, filosoficamente, alma. Derivado da palavra “pneuma”, surgiu, entre outros, o conceito de Pneumá‑ tica: o estudo dos movimentos dos gases e fenômeno dos gases. Embora a base da Pneumática seja um dos mais velhos conhecimentos da humanidade, foi no século XIX que o estudo de seu comportamento e de suas características tornou ‑se sistemático. Antes, porém, a Pneumática já era aplicada na indústria mineira, na construção civil e na indústria ferroviária (freios a ar comprimido). A introdução, de forma mais generalizada, da Pneumática na indústria, iniciou ‑se com a necessidade, cada vez maior, de automatização e racionalização dos processos de produção. Hoje, com o avanço tecnológico dos sistemas de automação da manufatura, a Pneumática é utilizada, em larga escala, em células automáticas de produção, na industria gráfica, têxtil, de embalagem, alimentícia, farmacêutica, aeronáutica, de extração mineral, construção civil, em processos contínuos de produção, enfim, em praticamente todos os tipos de máquinas, equipamentos e dispositivos industriais e automotivos. A Pneumática, como estudaremos a seguir, utiliza o ar comprimido como meio de transmissão de energia e de movimentos, utilizados em robôs manipuladores, máquinas operatrizes, sistemas de transporte e armazenamento, sistemas de fre‑ nagem, entre tantos outros. CARACTERÍSTICAS DE UTILIZAÇÃO DO AR COMPRIMIDO Entende ‑se como ar comprimido o próprio ar atmosférico, o qual respiramos, compactado por meios mecânicos, confinado em um reservatório, a uma deter‑ minada pressão. A pneumática, por meio da qual se estuda os movimentos e fenômenos dos gases, embora seja um dos conhecimentos mais antigos da humanidade, passou a ser utilizada com maior frequência na produçãoindustrial, a partir de 1950. Nos dias de hoje, o ar comprimido é indispensável na indústria e, para a sua utilização nos mais diferentes processos de fabricação, são instalados equipamentos pneumáticos específicos. Por suas qualidades próprias, o ar comprimido se destaca como elemento prin‑ cipal ou como recurso auxiliar, que pode ser empregado de uma forma simples e rentável para solucionar muitos problemas de automatização. Vantagens e desvantagens no uso do ar comprimido Vantagens: • O ar a ser comprimido faz parte de nosso ambiente e se encontra em grande quantidade na atmosfera. Como o ar comprimido é normalmente acondiciona‑ do em reservatórios ou vasos de pressão, seu transporte ou distribuição é muito fácil de ser realizado, mesmo para distâncias consideravelmente grandes, o que permite que o ar possa ser utilizado a qualquer momento que se queira. • Quanto à segurança, o trabalho realizado com ar comprimido, que não é sensí‑ vel às mudanças de temperatura ambiental, garante um funcionamento perfeito, mesmo em situações térmicas extremas. • O ar comprimido é indicado para aplicação em ambientes classificados, que apresentem riscos de incêndio ou explosão. CARACTERÍSTICAS DE UTILIZAÇÃO DO AR COMPRIMIDO12 • O sistema de filtragem torna o ar comprimido limpo, evitando a poluição ambiental em caso de eventuais vazamentos nas tubulações ou em um dos equipamentos pneumáticos. • O ar comprimido permite alcançar altas velocidades de trabalho, sendo que as ferramentas e os componentes pneumáticos são protegidos contra eventuais sobrecargas de pressão. Desvantagens: • O ar comprimido é um elemento energético relativamente caro, considerando que sua produção, armazenamento e distribuição pelas máquinas e dispositivos têm um alto custo. • Não é possível manter uniforme e constante a velocidade dos atuadores pneu‑ máticos. • O escape de ar para a atmosfera produz muito ruído, obrigando o uso de silen‑ ciadores. • O óleo residual, proveniente dos compressores, pode produzir, junto com o ar comprimido, uma mistura de ar e óleo a qual apresenta perigo de explosão, principalmente quando há temperaturas superiores a 333 K. Rentabilidade do ar comprimido Para o cálculo da rentabilidade real do ar comprimido, devem ser considerados não somente os custos de produção como também os investimentos necessários para que o equipamento passe a produzir em ritmo econômico, em razão da auto‑ matização, barateando o produto. Escape de ar Os custos do ar comprimido podem crescer consideravelmente quando ocorrer vazamentos na rede distribuidora. Para conhecer o volume de ar perdido com um vazamento, é preciso consultar o diagrama de escape de ar, apresentado a seguir. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 13 Por meio desse diagrama, determina ‑se facilmente o volume de ar que pode escapar por um abertura, a uma determinada pressão, conhecendo as dimensões do orifício de vazamento e a pressão do ar comprimido. O diagrama indica a vazão do ar pela abertura em m³/min. Exemplo: Ao constatar irregularidade no funcionamento de uma linha de produção, acio‑ nada a ar comprimido, verificou ‑se que havia um vazamento na tubulação. Foram levantados, então, a pressão do ar e o diâmetro do furo na tubulação. Tendo o furo 3,5 mm de diâmetro e sendo a pressão de 6 bar, na região do vazamento, o diagrama de escape de ar indica uma vazão de 0,5 m³/min, ou seja, 500 litros de ar comprimido vazando a cada minuto. Em uma hora são perdidos 0,5 × 60 = 30 m³ ou 30.000 litros de ar comprimido. Diagrama de escape de ar FUNDAMENTOS DAS LEIS FÍSICAS DOS GASES A superfície da Terra está permanentemente envolvida por uma camada de ar. Essa massa gasosa é denominada de atmosfera e tem a seguinte composição aproximada: • 78% de nitrogênio; • 22% de oxigênio. Além disso, o ar contém vestígios de dióxido de carbono, argônio, hidrogênio, neônio, hélio, criptônio, xenônio, monóxido de carbono e partículas sólidas em suspensão. Para melhor compreender as leis e as condições do ar, devemos, em primeiro lugar, considerar as grandezas físicas e sua classificação em sistemas de medidas. Sistemas de medida de grandezas físicas Em nosso país adotamos as unidades de medida do Sistema Internacional (SI), mas é comum, no Brasil e em outros países, usar unidades que não pertencem ao SI, especialmente em disciplinas instrumentais como Hidráulica, Refrigeração, Pneumática etc. Grandezas físicas, unidades e seus símbolos No quadro a seguir, são apresentadas algumas grandezas físicas importantes para o estudo da Pneumática. FUNDAMENTOS DAS LEIS FÍSICAS DOS GASES16 Grandeza (o que se quer medir) Unidade e seus símbolos SI MK*S CGS Comprimento (C) metro (m) metro (m) centímetro (cm) Massa (m) quilograma (kg) unidade técnica de massa (utm) grama (g) Força (F) newton (N) quilograma - força (kgf ) dina (dyn) Tempo (t) segundo (s) segundo (s) segundo(s) Temperatura (T) grau kelvin (K) grau Celsius (°C) grau Celsius (°C) grau Fahrenheit (°F) grau Celsius (°C) Área (A) metro quadrado (m²) metro quadrado (m²) centímetro quadrado (cm²) Volume (V) metro cúbico (m³) metro cúbico (m³) centímetro cúbico (cm³) Vazão (Q) metro cúbico por segundo (m³/s) metro cúbico por segundo (m³/s) centímetro cúbico por segundo (cm³/s) Pressão (p) pascal (Pa) atmosfera (atm) bar (bar) Força e pressão Em Pneumática, força e pressão são grandezas físicas muito importantes. Força é um agente capaz de deformar (efeito estático) ou acelerar (efeito dinâmico) um corpo. Pressão dá ‑se o nome de pressão ao quociente da divisão do módulo (intensidade) de uma força pela área onde ela atua. Para compreender a diferença entre força ou pressão, vamos analisar o exemplo a seguir. Vamos considerar um peso de 10 N suspenso por um gancho. O peso exerce, sobre o gancho, uma força de 10 N, em um ponto bem determinado. O mesmo peso, apoiado sobre a mesa, exerce uma força de 10 N. No entanto, essa força é subdividida em outras forças me‑ nores, que são distribuídas sobre toda a área de contato entre o peso e a mesa. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 17 Relação entre unidades de força 1 N ⇒ 10⁵ dyn 1 kgf ⇒ 9,81 N 1 kgf ⇒ 981.000 dyn Para cálculos aproximados, consideramos 1 kgf ≅ 10 N As unidades de pressão mais utilizadas são: • atm; • bar; • kgf /cm²; • lbf /pol² (Pounds Square of Inch = PSI); • cm Hg. Para cálculos aproximados, 1 atm = 1 bar = 1 kgf /cm² = 14,7 lb /pol² (PSI) = 76 cm Hg. Pressão atmosférica É a pressão exercida por uma coluna de mercúrio de 76 cm de altura, a 0 °C, ao nível do mar. Quem imaginou e levou a efeito essa experiência foi o físico italiano Torricelli, de onde vem o nome de barômetro de Torricelli. Ele usou um tubo de vidro com cerca de 1 m de comprimento e um dos extremos fechados. Encheu ‑o de mercúrio e tampou o outro extremo com o dedo. Depois inverteu o tubo e mergulhou ‑o em um recipiente preenchido também com mercúrio. FUNDAMENTOS DAS LEIS FÍSICAS DOS GASES18 Quando retirou o dedo, o líquido desceu até atingir certa altura, formando uma coluna. A coluna de mercúrio manteve ‑se em equilíbrio pela pressão atmosférica exer‑ cida sobre a superfície do mercúrio no recipiente. Medindo essa coluna, ao nível do mar, Torricelli constatou 76 cm, a partir do nível de mercúrio no recipiente. Assim, pode ‑se dizer que, ao nível do mar, a pressão atmosférica é capaz de sustentar uma coluna de mercúrio de 76 cm de altura. Então: 1 atm = 76 cm Hg. Equivalência entre unidades de pressão PRESSÃO Pa (Nm²) atm bar atm (kp/cm²) Torr (mm de Hg) metro da coluna de água 1Pa (N/m²) 1 9,87x10 −5 10 −5 0,102x10 −4 7,5x10 −3 10,2x10 −6 1 atm 1,013x10 −5 1 1,013 1,033 760 10,33 1 bar 10⁵ 0,987 1 1,02 750 10,2 1 atm (kp/cm²) 9,81x10⁴ 0,968 0,981 1 736 10 1 Torr (mm de Hg) 133 1,31x10 −3 1,36x10 −3 1,36x10 −3 1 13,6x10 −3 1m da coluna de água 9,81x10³ 9,68x10 −2 9,81x10 −2 0,1 73,6 1 Pa = Pascal atm = atmosfera Torr = Torricelli kp = kilopondio Hg = mercúrioSISTEMAS PNEUMÁTICOS 19 Atenção O instrumento que mede pressão (manômetro) indica, na maioria das vezes, a pressão relativa, acima da pressão atmosférica. Por isso, seu ponteiro perma‑ nece no “zero” quando despressurizado. Portanto, em termos de pressão absoluta, é necessário somar mais uma atmos‑ fera (1atm) ao valor indicado no manômetro. Exemplo: O manômetro indica: Pressão relativa Pressão absoluta 3 atm 3 atm + 1 = 4 atm 8 bar 8 bar + 1 = 9 bar 5 kgf /cm² 5 kgf /cm² + 1 = 6 kgf /cm² 2 PSI 2 PSI + 1 atm (14,7 PSI) = 16,7 PSI Para o estudo das características físicas de um gás temos de considerar: • Volume (V) • Pressão (P) variáveis de estado • Temperatura (T) FUNDAMENTOS DAS LEIS FÍSICAS DOS GASES20 Transformações gasosas são as variações de volume, pressão e temperatura so‑ fridas por uma determinada massa gasosa. Escalas de temperatura No estudo dos gases, a temperatura é expressa em Kelvin, também conhecida como escala de temperatura absoluta. As escalas de temperatura mais usadas são: • Celsius (°C), Fahrenheit (°F) e Kelvin (K) Observe as diferenças entre as escalas representadas nas figuras a seguir: 100 °C 212 °F 373 K Temperatura de vaporização da água t °C t °F t K 0 °C 32 °F 273 K Temperatura de congelamento da água SISTEMAS PNEUMÁTICOS 21 Como pode ser visto nas ilustrações, as três escalas apresentam as seguintes divisões: • Escala Celsius (ºC) = 100 divisões • Escala Kelvin (K) = 100 divisões • Escala Fahrenheit (°F) = 180 divisões Com base nos dados dos esquemas, obtemos a equação de conversão entre as três escalas. Sendo: tC − 0 100 − 0 = tF − 32 212 − 32 = tK − 273 373 − 273 ⇒ tC 100 = tF − 32 180 = tK − 273 100 . Simplificando por 20: tC 5 = tF − 32 9 = tK − 273 5 . LEIS DOS GASES PERFEITOS Lei de Boyle Mariotte O volume de um gás armazenado, a uma temperatura constante, é inversamente proporcional à pressão absoluta, isto é, o produto da pressão absoluta pelo volume é constante para um certo volume de gás (transformação isotérmica). p₁. v₁ = p₂. v₂ = p₃. v₃ = constante Exemplo: Um volume V₁ = 1 m³, sob pressão atmosférica F₁, tem pressão p₁ = 1 bar e é reduzido pela força F₂ para um volume V₂ = 0,5 m³, mantendo ‑se a temperatura constante. A pressão p₂ resultante será: p1 ⋅ v1 = p2 ⋅ v2 1 bar ⋅ 1 m³ = p2 ⋅ 0,5 m³ p2 = 1bar ⋅ 1m3 0,5 m3 = 2 bar LEIS DOS GASES PERFEITOS24 O volume V1 será ainda comprimido pela força F3 para o volume V3 = 0,05 m³, resultando uma pressão de: p3 = p1 ⋅v1 v3 = 1bar ⋅1m3 0, 05m3 = 20bar Os termos de comparação, no exemplo acima, foram considerados a partir de: p1 = 1 bar e v1 = 1 m³ Lei de Guy ‑Lussac Para uma certa quantidade de gás, submetida a pressão constante, o volume de ar se altera quando há oscilações de temperatura (transformação isobárica). V₁ : V₂ = T₁ : T₂ Consideramos que qualquer gás, mantido sob pressão constante, aumenta de 1/273 de seu volume sempre que a temperatura aumentar de 1k, temos: Vt 2 = Vt1 + Vt1 273 ⋅(T2 − T1 ) Vt1= volume a uma temperatura T1 Vt2= volume a uma temperatura T2 Exemplo: 0,8 m³ de ar com temperatura T1 = 293 K (20 °C) serão aquecidos para T2 = 344 K (71 °C). Qual será o volume final? SISTEMAS PNEUMÁTICOS 25 Vt 2 = Vt1 + Vt1 273 ⋅(T2 − T1 ) Vt 2 = 0, 8m 3 = 0, 8m3 273 ⋅(344 −293) = 0, 8m3 +0,15m3 Vt2= 0,95 m³ O ar se expandiu em 0,15 m³, resultando em um volume final de 0,95 m³. Lei de Charles Mantendo o volume constante e variando a temperatura de uma massa gasosa confinada a um recipiente, a pressão também apresentará variação diretamente proporcional à temperatura absoluta (transformação isométrica). p1 T1 = p2 T2 = constante Exemplo: Certo volume de ar, a uma temperatura T₁ = 293 K (20 °C) e a uma pressão p₁ = 1 bar, foi aquecido para T₂ = 586 K (313 °C). Qual será a pressão final p₂? p1 T1 = p2 T2 ⇒ p1 ⋅ T2 = T1 ⋅ p2 LEIS DOS GASES PERFEITOS26 p2 = p1 ⋅T2 T1 1bar ⋅586K 293K = 586 293K Atenção É comum relacionarmos todos os dados referentes ao volume de ar com o assim chamado estado normal. Estado normal é o estado de uma substância sólida, lí‑ quida ou gasosa, sob pressão normal e a uma temperatura normal. Ou seja: 1 m³ normal de ar (1 Nm³) é igual a 1 m³ de ar a uma temperatura de 273 K (00 °C) e a uma pressão de 760 Torr (pressão normal do ar ao nível do mar). COMPRESSORES Instalação de produção Para a produção de ar comprimido são necessários compressores. Esses com‑ primem o ar até a pressão de trabalho desejada. A maioria dos acionamentos e comandos pneumáticos funciona por meio de uma estação central de distribuição de ar comprimido. Não é necessário calcular nem planejar, individualmente, a transformação e transmissão da energia do ar comprimido para cada equipamento pneumático. Uma estação compressora fornece o ar comprimido suficiente para os equipamen‑ tos, por meio de uma tubulação. Ao projetar a produção ou o consumo do ar, devem ser consideradas amplia‑ ções e futuras aquisições de novos equipamentos pneumáticos. Uma ampliação posterior da instalação torna ‑se, geralmente, muito cara. Na indústria de mineração, ou para máquinas que mudam frequentemente de lugar, são utilizados compressores portáteis. Muito importante é o grau de pureza do ar. Ar limpo, livre de impurezas e partículas de água, garante uma vida útil maior, tanto da instalação como dos equipamentos pneumáticos. O emprego correto dos diversos tipos de compressores também deve ser considerado. Tipos de compressores Os vários tipos de compressores estão relacionados diretamente com a pressão de trabalho e a capacidade de volume de ar produzido, exigidos para atender as necessidades da indústria. Serão abordados, a seguir, três tipos de compressores: COMPRESSORES28 • compressor com movimento linear; • compressor de movimento rotativo; • turbocompressor. Desses, serão estudados com mais detalhe o compressor com movimento linear e o turbocompressor, os mais utilizados na indústria. A construção do compressor com movimento linear está baseada no princí‑ pio da redução de volume. Isso significa que o ar da atmosfera é sugado para um ambiente fechado (câmara de compressão) onde um pistão (êmbolo) reduz seu volume, aumentando a pressão. São os chamados compressores de deslocamento positivo. A construção do turbocompressor baseia ‑se no princípio de fluxo. Isso signi‑ fica que o ar é sugado da atmosfera, através de um dos lados do turbocompressor, e comprimido de outro, por aceleração de massa (turbina). Os turbocompressores são classificados como compressores de deslocamento dinâmico. Classificação dos compressores Compressor com movimento linear Esse tipo de compressor é o mais usado atualmente porque é apropriado para quase todos os tipos de aplicação. Normalmente, seu campo de pressão de operação varia de 1 a 16 bar. O compressor com movimento linear pode ser de: • efeito simples; SISTEMAS PNEUMÁTICOS 29 • efeito duplo; • um estágio; • dois estágios; • estágios múltiplos. Compressor de êmbolo de efeito simples O compressor de êmbolo de efeito simples possui somente uma câmara de com‑ pressão por cilindro, isto é, apenas a parte superior do êmbolo aspira e comprime o ar. Dessa forma, o ar é comprimido somente quando o êmbolo avança. Compressor de êmbolo de efeito duplo O compressor de efeito duplo é assim chamado porque tem duas câmaras de compressão, uma em cada lado do êmbolo, e realiza o trabalho comprimindo o ar, tanto no avanço como no retorno. COMPRESSORES30 Compressores de êmbolo de um estágio No compressor de um estágio, o ar atmosférico é comprimido à pressão de trabalho em uma única etapa. Isto é, cada êmbolo do compressor admite o ar da atmosfera, comprime à pressão final e envia o ar comprimido a um reservatório, de onde será distribuído aos consumidores. Compressores de êmbolo de dois estágios No compressor de dois estágios, dois êmbolos estão interligados em série, com‑ primindo o ar em duas etapas. O êmbolo do primeiroestágio, de diâmetro maior, admite o ar atmosférico, pré ‑comprime a uma pressão intermediária e o envia ao êmbolo do segundo estágio. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 31 O êmbolo de diâmetro menor, do segundo estágio, recebe o ar pré ‑comprimido pelo primeiro êmbolo, o comprime à pressão final de trabalho e o envia ao reser‑ vatório para que seja distribuído aos consumidores. Na compressão e altas pressões é necessária uma refrigeração intermediária, a água ou a ar, em razão da alta concentração de calor. Entre os estágios de compressão, o ar comprimido é resfriado por um sistema de refrigeração a ar ou a água, conforme mostrado na figura anterior. Compressores de êmbolo de estágios múltiplos Para altas pressões, são necessários compressores de vários estágios. O ar atmos‑ férico aspirado é comprimido em várias etapas, por diversos êmbolos interligados em série, até que a pressão atinja o valor desejado. Os compressores de êmbolo com movimento linear apresentam grande vanta‑ gem, se forem observadas as seguintes condições: • até 4 bar ⇒ um estágio; • até 15 bar ⇒ dois estágios; • acima de 15 bar ⇒ três ou mais estágios. Compressor de membrana ou diafragma Devido às características de funciona‑ mento, o compressor de membrana pertence ao grupo dos compressores de êmbolo. Nes‑ se caso, o êmbolo fica separado da câmara de compressão por um diafragma de borracha. Dessa forma, o ar comprimido não entra em contato com as partes mecânicas do êmbolo cujo atrito exige uma lubrificação constante. Assim, o ar fica livre de resíduos de óleo, o que torna esse tipo de compressor ideal em consultórios dentários, hospitais e nas indús‑ trias alimentícia, farmacêutica e química. COMPRESSORES32 Compressor rotativo multicelular ou de palhetas Nesse tipo de compressor, o giro de um rotor circular, montado excêntrico em relação à uma carcaça, faz com que os compartimentos se estreitem, comprimindo o ar neles. No compressor rotativo multicelular existe um compartimento cilíndrico, com aberturas de entrada e saída, onde gira um rotor alojado fora do centro. O rotor tem, nos rasgos, palhetas que, em conjunto com a parede, formam pequenos compartimentos chamados de células. Quando em rotação, as palhetas são projetadas contra a parede, pela força centrífuga. Por causa da excentricidade de localização do rotor, há um aumen‑ to das cé lulas que admitem o ar atmosférico e, em seguida, ocorre uma diminui‑ ção das células comprimindo o ar. As vantagens desses compressores estão em sua construção econômica, em espaço, em seu funcionamento contínuo equilibrado e no fornecimento uniforme de ar, livre de qualquer pulsação. Compressor de parafusos ou de fuso roscado Nesse tipo de compressor, dois parafusos helicoidais, um de perfil côncavo e ou‑ tro convexo, comprimem o ar, que é conduzido axialmente no interior da carcaça. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 33 O ar atmosférico entra pela abertura de admissão, preenchendo os espaços entre os parafusos. O ar comprimido é descarregado pela abertura de saída, a qual permanece selada até a passagem do volume de ar comprimido no ciclo seguinte. O movimento de rotação produz uma compressão uniforme e livre de pulsação. À medida que os parafusos giram, acoplados entre si, o ar é isolado, dando início ao processo de compressão COMPRESSORES34 Compressor rotativo tipo Roots ou de lóbulos No compressor tipo Roots, dois lóbulos estão engrenados entre si, dentro de uma carcaça, como se fossem duas engrenagens de dois dentes cada uma. À me‑ dida que giram, em direções opostas, os lóbulos admitem o ar atmosférico pela abertura de admissão, transportam o ar pelos vãos de seus dentes arredondados e o comprime até a abertura de saída. Nesse tipo de compressor, o ar é trans‑ portado de um lado para o outro, sem al‑ teração de volume. A compressão ocorre cada vez que o extremo de um dos êmbolos coincide com a concavidade do outro êmbolo. Turbocompressor Esses compressores trabalham segundo o princípio de aceleração de massa e são adequados para o fornecimento de grandes vazões. São classificados como compressores de deslocamento dinâmico. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 35 Os turbocompressores são construídos em duas versões: • axial; • radial. Em ambas as versões, o ar é colocado em movimento por uma ou mais turbinas, e essa energia de movimento é, então, transformada em energia de pressão. Turbocompressor axial A compressão, nesse tipo de compressor, processa ‑se pela aceleração do ar as‑ pirado de câmara para câmara, em direção à saída. O ar é impelido axialmente para as paredes da câmara e, posteriormente, em direção ao eixo. Daí, no sentido radial, para outra câmara, e assim sucessivamente. Turbocompressor axial de estágios múltiplos com fluxo radial COMPRESSORES36 Diagrama comparativo de volume e pressão O diagrama, a seguir, apresenta os valores de volume e pressão característicos dos diversos compressores disponíveis no mercado industrial. Neste diagrama estão indicadas as capacidades, em quantidade aspirada e pres‑ são alcançada, para cada tipo de compressor. Diagrama de volume e pressão SISTEMAS PNEUMÁTICOS 37 Critérios para escolha de compressores Os critérios para escolha de compressores envolvem os seguintes itens: Volume de ar fornecido: É a quantidade de ar fornecida pelo êmbolo do compressor em movimento. Existem duas indicações de volume fornecido: • teórico; • efetivo. O produto do volume do cilindro pela rotação do compressor é o volume te- órico fornecido. O volume efetivo fornecido é o volume teórico fornecido, menos a perda de ar que ocorre na compressão, e depende do tipo de construção do compressor. As unidades utilizadas para expressar o volume fornecido são: • litro por minuto (l/min); • metro cúbico por minuto (m³/min) ou metro cúbico por hora (m³/hora); • pés cúbicos por minuto (ft³/min) ou PCM. Lembrando que 1 PCM = 28,316 l/min = 0,028 m³/min = 1,699 m³/hora. As normas especificam as condições para a medida de capacidade dos com‑ pressores e estabelecem tolerâncias para os resultados. A capacidade é expressa pela quantidade de ar livre descarregada, corrigida para as condições de pressão, temperatura e umidade reinantes na admissão. O que realmente interessa é o volume efetivo de ar fornecido pelo compressor. É ele que aciona e comanda os equipamentos pneumáticos. Mesmo assim, muitos fabricantes de compressores baseiam os dados técnicos no valor teórico do volume de ar fornecido. Pressão: Há dois tipos de pressão: • pressão de regime; • pressão de trabalho. Pressão de regime é a pressão fornecida pelo compressor e que vai da rede distribuidora até o consumidor. COMPRESSORES38 Pressão de trabalho é a pressão necessária nos postos de trabalho. Geralmente, essa pressão varia de 6 a 10 bar, dependendo do tipo de trabalho a ser executado pelas máquinas, equipamentos e dispositivos pneumáticos. A pressão constante é uma exigência para um funcionamento seguro e preciso. Dependem da pressão constante: • a velocidade; • as forças; • os movimentos temporizados dos elementos de trabalho e de comando. Acionamento: O acionamento dos compressores pode ser feito por motor elétrico ou de com‑ bustão interna. Em instalações industriais, na maioria dos casos, o acionamento dá ‑se por motor elétrico. Tratando ‑se de uma estação móvel, portátil, o acionamento geralmente é efe‑ tuado por meio de motores a gasolina ou a óleo diesel. Regime de trabalho: Para combinar o volume de fornecimento com o consumo de ar comprimido, deve ‑se definir o tipo de regime de trabalho do compressor: • intermitente; • contínuo. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 39 No regime intermitente, um pressostato desliga o motor elétrico de aciona‑ mento do compressor, quando a pressão do ar comprimido atinge o ajuste máximo regulado. A queda de pressão na rede, provocada pelo consumo de ar das máquinas e equipamentos pneumáticos, faz com que o pressostato volte a ligar o motor de acionamento, quando a pressão do ar comprimidoatingir o ajuste mínimo regulado. O regime intermitente é utilizado em compressores de pequeno e médio portes, nas situações de baixa produção de ar comprimido e pouco consumo por parte dos equipamentos pneumáticos. No regime contínuo, utilizado em aplicações de alta produção e grande con‑ sumo de ar, o compressor não para. Dispositivos de regulagem são utilizados para variar o volume de ar fornecido pelo compres‑ sor, de acordo com o consumo das máquinas e equipamentos pneumáticos, mantendo uma pressão constante na rede distribuidora. Existem diferentes tipos de regulagem: • Regulagem por descarga: Quando é alcançada a pressão pré ‑regulada, o ar escapa livre na saída do compressor, através de uma válvula. Uma válvula de retenção evita que o re‑ servatório se esvazie ou que o ar retorne ao compressor. COMPRESSORES40 • Regulagem por fechamento: Nessa regulagem, fecha ‑se o lado da sucção. O compressor não pode mais as‑ pirar e funciona só a vácuo (estado sem pressão). Essa regulagem é usada especialmente em compressores de êmbolo rotativo e também em compressores de êmbolo de movimento linear. • Regulagem por garras: Essa regulagem é empregada em compressores de êmbolo. Por meio de garras, mantém ‑se aberta a válvula de sucção, evitando, assim, que o compressor continue comprimindo. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 41 Refrigeração: O compressor se aquece em razão da compressão do ar e do atrito, e esse calor deve ser dissipado. É necessário escolher o tipo de refrigeração mais adequado, conforme o grau de temperatura no compressor. Em compressores pequenos, serão suficientes aletas de aeração para que o calor seja dissipado. Compressores maiores serão equipados com um ventilador. Tratando ‑se de estação de compressores com uma potência de acionamento de mais de 30 KW (40 HP), a refrigeração a ar não é suficiente. Os compressores, então, devem ser equipados com refrigeração a água circu‑ lante ou água corrente contínua. Frequentemente não se considera a instalação de uma torre de refrigeração, em virtude de seu alto custo. Porém, uma refrigeração adequada prolonga em muito a vida útil do compressor e produz um ar mais bem refrigerado, reduzindo a neces‑ sidade de refrigeração posterior, ou tornando ‑a mesmo desnecessária. Refrigeração a ar Refrigeração a água ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO O ar comprimido produzido pela maioria dos compressores é armazenado em reservatórios, também conhecidos como vasos de pressão, antes de ser distribuído por meio de redes de ar aos diferentes tipos de consumidores, como máquinas, equipamentos e dispositivos pneumáticos. Reservatório de ar comprimido O reservatório, além de sua função principal de armazenar o ar comprimido produzido pelo compressor, tem outras funções secundárias importantes no for‑ necimento de ar para os consumidores, tais como: • estabilizar a distribuição de ar comprimido; • eliminar oscilações de pressão na rede distribuidora; • garantir reserva de ar comprimido nos momentos de alto consumo; • resfriar o ar comprimido suplementar; • reter parte da umidade presente no ar comprimido. O reservatório de ar comprimido pode ser horizontal ou vertical, e seu tamanho é calculado em função dos seguintes aspectos: • volume de ar produzido pelo compressor; • consumo de ar comprimido; • tipo de rede distribuidora; • queda de pressão permissível na rede. A maioria dos reservatórios de ar comprimido possui os seguintes componentes: ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO44 Pórtico de entrada de ar com válvula de retenção: O ar comprimido proveniente do compressor entra no reservatório por esse pórtico, o qual possui uma válvula de retenção que impede o retorno do ar ao compressor quando ele for desligado. Manômetro: O manômetro é o instrumento utilizado para indicar a pressão do ar comprimido no interior do reservatório. Termômetro: Alguns reservatórios possuem esse instrumento para medir a temperatura do ar comprimido, indicando a necessidade de resfriamento do ar, em caso de altas temperaturas, antes de ser distribuído aos consumidores pneumáticos. Válvula de segurança: A válvula de segurança, também conhecida como válvula limitadora de pressão, tem a função de limitar a pressão do ar comprimido no interior do reservatório. Com o auxílio de um manômetro, regula‑se a tensão da mola por meio de um parafuso de ajuste. O ar comprimido, presente no reservatório, entra na válvula pelo pórtico 1 e age na junta de vedação, contra a mola. Enquanto a pressão do ar for menor que a ten‑ são ajustada na mola, o assento de vedação mantém a passagem da válvula selada. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 45 Caso a pressão do ar comprimi‑ do ultrapasse a tensão ajustada na mola, a junta de vedação desloca‑se do seu assento, permitindo que o excesso de pressão do ar escape para a atmosfera, através do pórtico 3 da válvula de segurança. Uma vez reduzida a pressão do ar ao valor da tensão ajustada na mola, a junta de vedação volta a selar a passagem de 1 para 3 da válvula de segurança. Dessa forma, o acúmulo de pressão do ar comprimido pre‑ sente no reservatório fica limitado aos padrões ajustados na válvula de segurança. Pórtico de saída de ar com registro geral: Para ser distribuído na rede, o ar comprimido flui pelo pórtico de saída do reserva‑ tório, através de um registro geral. Esse registro torna‑se útil quanto à necessidade de reparos na rede distribuidora. Fechando‑se o registro, isola‑se o ar armazenado no reservatório, permitindo a manutenção da rede sem a necessidade de descarre‑ gar para a atmosfera o ar que já foi comprimido. Tampa de inspeção: Nos reservatórios de ar comprimido, de grande porte, é comum existir uma ou mais tampas de inspeção que facilitam o acesso ao interior do reservatório. Essas tampas são muito utilizadas na limpeza do acúmulo de condensado no interior do reservatório de ar. ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO46 Registro de drenagem manual do condensado: Esse registro é utilizado, periodicamente, para drenar a água e o óleo lubrifi‑ cante que se acumulam no fundo do reservatório, reduzindo o espaço destinado ao ar comprimido. Nos reservatórios de grande porte são colocados drenos au‑ tomáticos, que se abrem sempre que o volume do condensado atinge um nível predeterminado. Rede de distribuição de ar comprimido Em uma rede de distribuição é importante não somente o correto dimensiona‑ mento, mas, também, a montagem das tubulações. As tubulações de ar comprimido requerem manutenção regular, razão pela qual não devem ser montadas dentro de paredes ou de cavidades estreitas. O controle da estanqueidade das tubulações seria dificultado por isso. Pequenos vazamentos são causa de consideráveis perdas de pressão. Principais tipos de redes distribuidoras Rede em circuito aberto: As tubulações, em especial nas redes em circuito aberto, devem ser montadas com um declive de 1% a 2%, na direção do fluxo. Por causa da formação de água condensada, é fundamental, em tubulações ho‑ rizontais, instalar os ramais de tomadas de ar na parte superior do tubo principal. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 47 Dessa forma, evita‑se que a água condensada, que eventualmente esteja na tu‑ bulação principal, possa chegar às tomadas de ar através dos ramais. Para interceptar e drenar a água condensada devem ser instaladas derivações com drenos na parte inferior da tubulação principal. Rede em circuito fechado Geralmente as tubulações principais são montadas em circuito fechado. ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO48 Partindo da tubulação principal, são instaladas as ligações em derivação. Quan‑ do o consumo de ar é muito grande, consegue‑se, mediante esse tipo de montagem, uma alimentação uniforme. O ar flui em ambas as direções. Rede combinada: A rede combinada também é uma instalação em circuito fechado, a qual, por suas ligações longitudinais e transversais, oferece a possibilidade de trabalhar com ar em qualquer lugar. Por meiode válvulas de fechamento, existe a possibilidade de fechar determina‑ das linhas de ar comprimido, quando não forem usadas ou quando for necessário colocá‑las fora de serviço, por razões de reparação e manutenção. Também pode ser feito um controle de estanqueidade. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 49 Dimensionamento da rede distribuidora de ar comprimido A necessidade de ar comprimido nas fábricas está crescendo, provocada pelas sempre crescentes racionalização e automatização das instalações industriais. Cada máquina, equipamento ou dispositivo pneumático requer uma quantida‑ de adequada de ar, que é fornecida pelo compressor, por meio da rede distribuidora. Na instalação dessa rede já deve ser prevista a possibilidade de ampliação futura, pois a montagem de uma nova rede distribuidora, de dimensões maiores que a anterior, acarretaria despesas muito elevadas. Essa ampliação deveria ser prevista já no projeto de instalação de compressores, por meio da determinação do aumento da demanda de ar e, em decorrência disso, do aumento da rede de tubulação. O diâmetro da tubulação deve se escolhido de maneira que, mesmo com um consumo de ar crescente, a queda de pressão, do reservatório até o consumidor, não ultrapasse 0,1 bar. Uma queda maior de pressão prejudica a rentabilidade do sistema e diminui consideravelmente sua capacidade. A escolha do diâmetro da tubulação não é realizada por quaisquer fórmulas empíricas ou, simplesmente, para aproveitar tubos disponíveis no almoxarifado, mas, sim, considerando: • volume corrente (vazão); • comprimento de rede; • queda da pressão admissível; • pressão de trabalho; • número de pontos de estrangulamento na rede. A escolha de diâmetro da tubulação é facilitada pelo nomograma, apresentado na página a seguir. É o nomograma que determina o diâmetro do tubo na rede, em relação à pressão. Na prática, deve‑se considerar, para a instalação da rede de tubulação, um maior ou menor aumento de pressão e consequentemente de tubulação. ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO50 Cálculo da tubulação O consumo de ar em um estabelecimento fabril é de 4 m³/min (240 m³/h). O aumento previsto em três anos será de 300%, o que resultará em um consumo de 12 m³/min (720 m³/h). O consumo total é limitado em 16 m³/min (960 m³/h). Nomograma de diâmetro do tubo SISTEMAS PNEUMÁTICOS 51 A tubulação terá 300 m de comprimento e será composta por 6 conexões em “T”, 5 cotovelos a 90° e 1 válvula de passagem. A queda de pressão admissível é de ∆p = 0,1 bar. Pressão de trabalho = 8 bar. Considerando os dados acima, e fazendo uso do nomograma, vamos procurar o diâmetro interno do tubo: • ligue com um traço a linha A do nomograma (comprimento da tubulação) à linha B (volume aspirado); • prolongue o traço até a linha C (eixo 1), formando um ponto de interseção com o eixo 1; • ligue agora a linha E (pressão de trabalho) à linha G (queda de pressão), obten‑ do, assim, um ponto de interseção em F (eixo 2); • ligue o ponto da interseção da linha F (eixo 2) com o ponto de interseção da li‑ nha C (eixo 1); • na linha D (diâmetro interno do tubo), obteremos um ponto de interseção onde estará registrado o valor do diâmetro do tubo. Comprimento equivalente Para os elementos redutores do fluxo, as resistências são transformadas em comprimento equivalente. Como comprimento equivalente compreende‑se o comprimento linear do tubo reto cuja resistência à passagem do ar é igual à resistência oferecida pelo elemento em questão. A seção transversal do tubo de comprimento equivalente é a mesma do tubo utilizado na rede. Por meio de um segundo nomograma, pode‑se determinar ra‑ pidamente os comprimentos equivalentes. ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO52 Nomograma de comprimento equivalente Onde: 1 = válvula de passagem 2 = válvula angular 3 = conexão “T” 4 = válvula gaveta 5 = cotovelo a 90° SISTEMAS PNEUMÁTICOS 53 Exemplo: 6 conexões “T” (90 mm) = 6 × 10,5 = 63 m 1 válvula de passagem (90 mm) = = 32 m 5 cotovelos a 90° (90 mm) = 5 × 1 = 5 m comprimento equivalente dos elementos = 100 m comprimento da tubulação = 300 m comprimento equivalente = 100 m comprimento total = 400 m Com os valores do comprimento total da tubulação (400 m), do consumo de ar, da queda de pressão e da pressão de trabalho, determina ‑se, por meio do no‑ mograma de diâmetro de tubo, o diâmetro real necessário. Para esse exemplo, o diâmetro do tubo é de, aproximadamente, 95 mm. Materiais empregados em redes distribuidoras de ar comprimido Tubulações principais: Na escolha do material da tubulação temos várias possibilidades: • cobre; • tubo de aço preto; • latão; • tubo de aço zincado (galvanizado); • aço‑liga; • material sintético. Tubulações instaladas para um longo período de tempo devem ter uniões solda‑ das, as quais apresentam a vantagem de serem bem vedadas, evitando vazamentos indesejáveis. A desvantagem dessas uniões são as escamas que se criam ao soldar. Essas escamas devem ser retiradas da tubulação. A costura da solda também está sujeita à corrosão, e isso requer a montagem de unidades de conservação, as quais serão estudadas a seguir. ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO54 Em tubulações com tubos de aço zincado (galvanizado), o ponto de conexão nem sempre é totalmente vedado. A resistência à corrosão, nesses tubos, não é muito melhor do que a do tubo de aço preto. Lugares decapados, tais como roscas e conexões rápidas, também podem en‑ ferrujar, razão pela qual também, aqui, é importante o emprego de unidades de conservação. Em casos especiais, usam‑se tubos de cobre ou de material sintético (plástico). Tubulações secundárias: Tubulações à base de borracha (mangueiras) somente devem ser usadas onde for requerida certa flexibilidade e onde, devido à um esforço mecânico mais ele‑ vado, não possam ser usadas tubulações de material sintético. Tubulações à base de borracha podem ser mais caras e menos manejáveis que as de material sintético. Hoje, as tubulações à base de polietileno e poliamido são as mais utilizadas em máquinas, equipamentos e dispositivos pneumáticos, pois permitem instalações rápidas e são ainda de baixo custo. Conexões Conexões para tubos metálicos, especialmente para tubos de aço e cobre: Conexão com anel de corte: permite várias montagens e desmontagens. Conexão com anel de pressão para tubos de aço e cobre. Com anel interno especial, serve também para tubos plásticos. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 55 Conexões para mangueiras flexíveis: Conexão com rebordo flangeadoConexão com rebordo prensado Conexões instantâneas para tubulações flexíveis Engate rápido fêmea Engate rápido macho ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO56 Conexões rápidas para mangueiras plásticas Conexão com porca, para mangueiras de borracha Conexão para mangueiras de borracha tipo espigão PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO Impurezas Impurezas em forma de partículas de sujeira ou ferrugem, provenientes de corrosão interna da rede distribuidora, assim como resíduos de óleo do compres‑ sor e umidade do ar levam, em muitos casos, a falhas em sistemas pneumáticos e avarias de seus elementos. Por isso, a qualidade do ar comprimido é um fator muito importante a ser observado. Uma preparação adequada do ar comprimido prolonga a vida útil dos elementos pneumáticos aplicados em máquinas e equipamentos industriais. Muito embora a separação primária do condensado tenha sido feita durante o processo de produção do ar comprimido, por meio de resfriadores e no próprio reservatório de armazenamento de ar, a separação final do condensado, a filtra‑ gem do ar e outros tratamentos secundários são executados próximo ao local de consumo do ar comprimido. Quando a rede de condutores de ar comprimido não é drenada, a água con‑ densada no interior da tubulação pode causar a corrosão da rede metálica, dos elementos pneumáticos e das máquinas. O óleo residual, proveniente dos compressores, pode produzir, junto como ar comprimido, uma mistura de ar e óleo a qual apresenta perigo de explosão, prin‑ cipalmente quando há temperaturas superiores a 333 K. Umidade A água já penetra na rede pelo próprio ar aspirado através do compressor. A incidência da umidade depende, em primeira instância, da umidade relativa do ar que, por sua vez, depende da temperatura e das condições atmosféricas. PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO58 A umidade absoluta é a quantidade de água contida em 1 m³ de ar. A quanti‑ dade de saturação é a quantidade de água admitida em 1 m³ de ar a determinada temperatura. Nesse caso, a umidade relativa é de 100% (ponto de orvalho). No diagrama do ponto de orvalho, apresentado a seguir, pode‑se observar a quantidade de saturação à temperatura correspondente. umidade relativa = umidade relativa quantidade de saturação × 100 % Diagrama do ponto de orvalho SISTEMAS PNEUMÁTICOS 59 Exemplo: No ponto de orvalho, a 40 °C, 1 m³ de ar contém 50 g de água. Pode‑se reduzir os efeitos da umidade por meio de: • filtragem do ar aspirado; • compressores livres de óleo; • passagem do ar comprimido por um secador, em casos de ocorrência de umi‑ dade. Portanto, por causa desses fatores extremamente prejudiciais ao funcionamento dos sistemas pneumáticos, impurezas e umidade, antes de ser enviado aos consu‑ midores, o ar comprimido deve passar por cinco processos de preparação para o trabalho, são eles: • resfriamento; • secagem; • filtragem; • regulagem de pressão; • lubrificação. Resfriamento do ar comprimido O resfriamento do ar comprimido é realizado durante o processo de com‑ pressão, por meio de serpentinas estrategicamente montadas entre os estágios do compressor. Uma hélice localizada no volante do cabeçote do compressor sopra as serpentinas esfriando o ar. Nos casos de temperaturas extremamente altas, provocadas pela compressão de grandes volumes de ar, em regime contínuo, é utilizado um resfriador a água montado na saída do compressor. PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO60 1. Entrada de ar comprimido quente, proveniente do compressor. 2. Saída de ar comprimido resfriado. 3. Entrada de água na serpentina de refrigeração. 4. Saída de água da serpentina. 5. Serpentina. 6. Vaso separador de água condensada. 7. Purgador automático de saída de água condensada. 8. Válvula de segurança. Nesse tipo de resfriador, usa‑se água fria bombeada no pórtico 3. A água circula pelo interior da serpentina, montada dentro do corpo do resfriador, e sai pelo pór‑ tico 4. O ar comprimido quente entra pelo pórtico 1 e, em contado com a superfície fria da serpentina, é resfriado. Durante o resfriamento, a umidade contida no ar, em forma de vapor devido à alta temperatura, se condensa e, por gravidade, desce Resfriador a água SISTEMAS PNEUMÁTICOS 61 e se acumula no fundo do corpo do resfriador, de onde é drenada para fora por meio de um purgador automático. O ar comprimido, já resfriado e livre de grande parte da umidade, sai pelo pórtico 2 do resfriador. Outro tipo de resfriador a água, montado geralmente entre o compressor e o reservatório de armazenamento de ar comprimido é o resfriador posterior, também conhecido como aftercooler. Secagem do ar comprimido Existem diversos processos de secagem do ar comprimido. Os mais comumente empregados na indústria são: • secagem por absorção; • secagem por adsorção; • secagem por resfriamento. Secagem por absorção: A secagem por absorção é um processo puramente químico. O ar comprimido passa sobre uma camada solta de um elemento secador (cloreto de cálcio, clo‑ reto de lítio). A água ou vapor de água que entra em contato com esse elemento combina‑se quimicamente com ele e se dilui na forma de combinação elemen‑ to secador água. Resfriador posterior (Aftercooler) PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO62 Essa mistura deve ser removida periodicamente do absorvedor. A operação pode ser manual ou automática. Com o tempo, o elemento secador é consumido e o secador deve ser reabas‑ tecido periodicamente (duas a quatro vezes por ano) conforme o volume de uso. O secador por absorção separa, ao mesmo tempo, vapor e partículas de óleo. Porém, quantidade maiores de óleo influenciam no funcionamento do secador. Por isso, é conveniente antepor um filtro fino ao secador. O processo de absorção caracteriza‑se por: • montagem simples da instalação; • desgaste mecânico mínimo, já que o secador não possui peças móveis; • não necessita de energia externa. Processo de secagem por absorção SISTEMAS PNEUMÁTICOS 63 Secagem por adsorção: A secagem por adsorção está baseada num processo físico: adsorção ⇒ fixação de uma substância na superfície de outra substância. O elemento secador é um material granulado com aresta ou em formas de es‑ feras. Este elemento secador é formado de quase 100% de dióxido de silício. Em geral, é conhecido pelo nome de gel (sílica gel). O ar comprimido úmido é conduzido através da camada de gel e o elemento secador adsorve a água e o vapor de água. É evidente que a capacidade de acumulação de uma camada de gel é limitada. Quando o elemento secador estiver saturado, poderá ser regenerado facilmente: basta soprar ar quente através da camada saturada e o ar quente absorverá a umi‑ dade do elemento secador. A energia calorífica para a regeneração pode ser gerada também por eletricidade ou por ar comprimido quente. Mediante a montagem em paralelo de duas instalações de adsorção, uma delas pode estar ligada para secar enquanto a outra estiver sendo soprada com ar quente (regeneração). PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO64 Processo de secagem por adsorção SISTEMAS PNEUMÁTICOS 65 Secagem por resfriamento: O secador de ar comprimido por resfriamento funciona pelo princípio da dimi‑ nuição da temperatura do ponto de orvalho. O ponto de orvalho é a temperatura à qual deve ser resfriado um gás para se obter a condensação do vapor de água contido nele. O ar comprimido a ser secado entra no secador, passando primeiro pelo trocador de calor a ar. Mediante o ar frio e seco proveniente do trocador de calor (vaporizador), o ar quente que está entrando é resfriado. Forma‑se um con‑ densado de óleo e água que é eliminado pelo trocador de calor. Esse ar comprimido pré ‑resfriado circula através do trocador de calor (vaporizador) e, assim, sua tem‑ peratura desce até 1,7 °C, aproximadamente. Dessa maneira, o ar é submetido a uma segunda separação de condensado de água e óleo. Processo de secagem por resfriamento PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO66 Depois, o ar comprimido pode ainda passar por um filtro fino a fim de eliminar os corpos estranhos. Enquanto os processos de resfriamento e secagem do ar comprimido devem ocorrer o mais próximo possível do compressor, os demais tratamentos como a filtragem, a regulagem da pressão e a lubrificação devem ser efetuados na entrada de alimentação de ar dos consumidores, tais como máquinas, equipamentos e dispositivos pneumáticos. Filtragem do ar comprimido A função de um filtro de ar comprimido é reter as partículas sólidas, bem como a água condensada, presentes no ar comprimido que passa por ele. O ar comprimido, ao entrar no copo do filtro, é forçado a um movimento de rota‑ ção por meio de rasgos direcionais. Com isso, por meio de força centrífuga, separam‑ ‑se impurezas maiores e as gotículas de água que se depositam no fundo do copo. O condensado acumulado no fundo do copo deve ser eliminado antes de atingir o nível máximo, para não ser arrastado novamente pela massa de ar em movimento. As partículas sólidas, maiores que a porosidade do filtro, são retidas por ele. Com o tempo, o acúmulo dessas partículas impede a passagem do ar, entupindo o filtro, exigindo a limpeza ou substituição do elemento filtrante a interva los regulares. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 67 Filtro de ar comprimido PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO68 Em filtros normais, a porosidade encontra‑se entre 30 e 70 µm. Filtros mais finostêm elementos com porosidade até 3 µm. Se houver acentuada deposição de condensado, convém substituir o dreno ma‑ nual por um purgador automático. Pelo orifício de saída, o condensado atinge a câmara entre as juntas de vedação inferiores. Com o aumento do nível do condensado, o flutuador começa a subir. A um determinado nível, abre‑se a passagem de ar comprimido do copo que passa por ela e desloca o êmbolo para a direita, abrindo a saída do condensado. Por causa das dimensões reduzidas do escape de ar para a atmosfera, o ar comprimido do copo passa lentamente, mantendo‑se a saída do condensado aberta por um tempo ligeiramente maior. Purgador automático SISTEMAS PNEUMÁTICOS 69 Regulagem da pressão do ar comprimido A pressão do ar comprimido, fornecida na rede pelo compressor, deve ser regu‑ lada de acordo com as características individuais de cada consumidor. Enquanto o compressor fornece, na rede distribuidora, uma pressão principal ou de regime, na ordem de 10 a 12 bar, cada máquina, equipamento ou dispositivo pneumático é projetado para trabalhar com uma pressão predeterminada, chamada de pressão secundária ou de trabalho, geralmente inferior à pressão principal. Sendo assim, usa‑se um regulador de pressão para ajustar a pressão secundária de acordo com as necessidades de cada equipamento pneumático. O regulador de pressão tem por finalidade manter constante a pressão de traba‑ lho (secundária) independentemente da pressão de regime (principal), fornecida na rede, e do consumo de ar. Regulador de pressão com escape automático: PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO70 A pressão de trabalho desejada é ajustada no parafuso de regulagem que cali‑ bra a tensão da mola inferior. Essa mola empurra a membrana para cima, deslo‑ cando a junta de vedação de sua sede de assento, abrindo a válvula. Isso faz com que o ar comprimido da rede possa fluir livremente do pórtico de entrada para o de saída do regulador de pressão, agindo na superfície superior da membrana e aumentando a pressão de saída, compatível com a tensão regulada na mola inferior. Quando a pressão de saída ultrapassa a tensão regulada na mola inferior, o ar comprimindo, agindo na superfície superior da membrana, empurra a mesma para baixo. Isso faz com que a mola superior pressione a junta de vedação contra a sua sede de assento, fechando a entrada da válvula. Dessa forma, com a en trada da válvula fechada, o ar comprimido é impedido de fluir do pórtico de entrada para o de saída do regulador de pressão, fazendo com que a pressão de saída pare de aumentar. Ao mesmo tempo, a pressão em excesso na linha de saída flui para a atmosfera pelos orifícios de escape automático. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 71 Quando a pressão de saída se equili‑ bra com a tensão regulada na mola infe‑ rior, a membrana sobe o suficiente para bloquear o escape automático do ar, sem deslocar a junta de vedação de sua sede de assento. Sendo assim, tanto a entrada de ar comprimido como a saí da de es‑ cape automático permanecem fechadas, até que a pressão no pórtico de saída do regulador de pressão volte a oscilar, para cima ou para baixo. Portanto, para manter a pressão de saída regulada, há um constante abrir e fechar da válvula. A utilização de um manômetro, alimentado pela pressão do pórtico de saída do regulador, é fundamental para auxiliar na regulagem da pressão. Lubrificação do ar comprimido Atualmente, a maioria dos fabricantes de equipamentos pneumáticos oferecem produtos livre de lubrificação, isto é, os atuadores e válvulas pneumáticas são pro‑ jetados e construídos de forma a não exigirem lubrificação de suas partes móveis. Entretanto, é comum encontrarmos na indústria elementos pneumáticos mais antigos, principalmente por causa de sua longa vida útil, os quais possuem peças móveis que devem ser submetidas a lubrificação. Os materiais lubrificantes são necessários para garantir desgaste mínimo nos elementos móveis, manter tão míni‑ mas quanto possível as forças de atrito e proteger os equipamentos contra corrosão, provocada principalmente pela umidade do ar. Sendo assim, usamos lubrificadores cuja função é pulverizar óleo lubrificante, sob a forma de névoa, na massa de ar comprimido a ser utilizado pelas máquinas, equipamentos e dispositivos pneumáticos. PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO72 O ar comprimido flui pelo lubrificador do pórtico de entrada para o de saída, passando pela válvula de retenção cuja mola gera um diferencial de pressão, for‑ çando o ar a entrar no interior do copo reservatório de óleo. A pressão do ar, agindo na superfície do óleo lubrificante, o empurra pelo tubo condutor, até a parte superior do corpo do lubrificador onde existe um conta‑gotas. Um visor acrílico permite ao operador visualizar a quantidade de óleo a ser utili‑ zada no processo de nebulização. Por meio de um parafuso dosador, pode‑se regular a quantidade de óleo a ser utilizada para a lubrificação, de acordo com as especificações exigidas pelos fabri‑ cantes dos equipamentos pneumáticos. O óleo que cai pelo conta‑gotas desce até o bocal nebulizador, se mistura com a massa do ar em movimento e, em forma de névoa, busca o pórtico de saída do lubrificador através do furo de passagem paralelo à válvula de retenção. O lubrificador possui, ainda, um plugue para reabastecimento de óleo do reser‑ vatório, o qual somente poderá ser utilizado com o equipamento despressurizado. Lubrificador de ar comprimido SISTEMAS PNEUMÁTICOS 73 Durante a despressurização, uma válvula antirretorno evita que o óleo acumula‑ do no conta‑gotas retorne por gravidade ao reservatório, através do tubo condutor. É importante destacar, ainda, que a utilização dos lubrificadores está limitada ao tipo de processo produtivo. Na indústria alimentícia, farmacêutica ou sempre que a presença de óleo lubrificante possa interferir na qualidade do produto, os lubrificadores não são empregados, mesmo com o risco de desgaste prematuro das máquinas e equipamentos pneumáticos. Unidades de condicionamento de ar comprimido Como já foi destacado, os processos de filtragem, regulagem de pressão e lu‑ brificação do ar comprimido devem ser realizados o mais próximo possível dos consumidores pneumáticos. Geralmente, esses processos ocorrem na entrada de alimentação de ar comprimido de cada uma das máquinas, equipamentos e dis‑ positivos pneumáticos. Dessa forma, com o intuito de facilitar esses procedimentos, os fabricantes de componentes pneumáticos desenvolveram as unidades de condicionamento de ar comprimido, as quais são conhecidas no mercado por várias designações diferentes: • unidade de conservação; • unidade de manutenção; • conjunto lubrefil. Na verdade, trata‑se de dois ou mais componentes responsáveis pela preparação do ar para o trabalho, montados lado a lado, como se fosse um único elemento. As unidades de condicionamento têm a finalidade de purificar o ar comprimi‑ do, ajustar uma pressão constante do ar e acrescentar uma fina neblina de óleo ao ar comprimido, quando necessário, para fins de lubrificação. Assim, as unidades de condicionamento de ar comprimido aumentam consideravelmente a segu‑ rança de funcionamento dos equipamentos pneumáticos, sendo sua aplicação exigida por todos os fabricantes de máquinas. As unidades de condicionamento de ar comprimido são, portanto, uma ou mais combinações de: • filtro; • regulador de pressão com manômetro; • lubrificador. PREPARAÇÃO DO AR COMPRIMIDO PARA O TRABALHO74 No emprego da unidade de condicionamento, devem ser observados os se‑ guintes pontos: • A vazão total de ar em Nm³/h é determinada pelo tamanho da unidade. O con‑ sumo de ar muito elevado provoca queda de pressão nos equipamentos. Devem ser analisados rigorosamente os dados indicados pelo fabricante. • A pressão de trabalho nunca deve ser superior à indicada no equipamento. A temperatura ambiente não deve ser superior a 50 °C, máxima para copos de material sintético. Exemplos de combinaçõesde unidades de condicionamento encontradas no mercado: símbolo normal símbolo simplificado SISTEMAS PNEUMÁTICOS 75 Manutenção das unidades de condicionamento de ar: • Filtro de ar comprimido Quando o filtro não é dotado de dreno automático, o nível de condensado deve ser controlado regularmente, não devendo ultrapassar a altura determinada no copo. O condensado acumulado pode ser arrastado para a tubulação de ar com‑ primido e equipamentos. • Regulador de pressão de ar comprimido Quando existe um filtro de ar comprimido instalado antes do regulador, é pra‑ ticamente dispensada a manutenção desse regulador. • Lubrificador de ar comprimido O nível de óleo no copo reservatório deve ser controlado. Sempre que necessá‑ rio, completa ‑se o óleo até o nível indicado. Devem ser utilizados somente óleos minerais de baixa viscosidade (máximo 20° Engler). Filtros de material plástico e copo lubrificador devem ser limpos somente com água e sabão neutro. Solventes como thinner, acetona e acetatos não são recomen‑ dados, pois eles atacam o material plástico. Unidade de condicionamento com regulador de pressão, válvula de fechamento, manômetro e filtro incorporados. ATUADORES PNEUMÁTICOS Os atuadores pneumáticos, também conhecidos como elementos de trabalho, são os componentes responsáveis em transformar a energia pneumática em me‑ cânica, produzindo movimento. Os atuadores estão classificados em três grupos, quanto ao tipo de movimento produzido: • lineares: movimentos retilíneos de ida e volta; • giratórios: movimentos rotacionais com giro limitado de 0 a 350°; • rotativos: movimentos rotacionais nos dois sentidos de giro. Atuadores lineares – cilindros O cilindro pneumático, chamado também de pistão, é um elemento de máquina útil, já que permite a aplicação do movimento linear exatamente onde é necessário, sem qualquer complicação mecânica, como em transmissões, eixos, ressaltos etc. A geração de um movimento retilíneo com elementos mecânicos, conjugados com acionamentos elétricos, é relativamente custosa e está ligada a certas dificul‑ dades de fabricação e durabilidade. Há, no mercado, uma infinidade de tipos de cilindros, desde os convencionais, produzidos de forma normalizada por todos os fabricantes, até os cilindros espe‑ ciais confeccionados para fins específicos. A seguir, serão apresentados os cilindros mais utilizados na indústria, na automatização dos processos de produção. ATUADORES PNEUMÁTICOS78 Características construtivas Os cilindros pneumáticos consistem, basicamente, em um tubo cilíndrico ou camisa, tampas dianteira e traseira ou cabeçotes, êmbolo com juntas de vedação ou gaxetas, haste do êmbolo, bucha de guia e anel limpador. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 79 A camisa, na maioria dos casos, é feita de um tubo de aço trefilado a frio, sem costura. Para aumentar a vida útil dos elementos de vedação, a superfície interna do tubo é brunida. Atualmente, a maioria dos fabricantes produz a camisa dos ci‑ lindros em alumínio ou latão ou, ainda, de aço com a superfície interna de cromo duro, para aplicações especiais com possibilidade de corrosão muito acentuada. Para as tampas dianteira e traseira, usa‑se normalmente alumínio fundido ou ferro maleável. A fixação das tampas pode ser feita com tirantes, roscas ou flanges. A haste do êmbolo geralmente é feita com aço beneficiado e com proteção an‑ ticorrosiva. As roscas são geralmente laminadas, diminuindo, assim, o perigo de ruptura. Sob pedido, a haste do êmbolo pode ser temperada. Para a vedação da haste do êmbolo, existe um anel circular na tampa dianteira. A haste do êmbolo é mantida centralizada por uma bucha de guia, a qual pode ser confeccionada em bronze ou de material sintético metalizado. Na frente dessa bucha, encontra‑se um anel limpador que evita a entrada de partículas de pó e de sujeira no cilindro. A junta de vedação do êmbolo, no caso do tipo copo dupla, veda de ambos os lados. A escolha do material a ser utilizado na confecção das juntas de vedação de‑ pende das temperaturas de trabalho. Os materiais comumente empregados são: • Buna N de − 10 °C até + 80 °C; • Perbunam de − 20 °C até + 80 °C; • Viton de − 20 °C até + 190 °C; • PTFL (Teflon) de − 80 °C até + 200 °C. Juntas toroidais ou anéis do tipo “O‑Ring” são utilizados para vedação estática. Esse tipo de vedação não é recomendado em vedações móveis, pois provoca relativa perda de carga por atrito. Tipos de juntas de vedação para êmbolos As juntas de vedação utilizadas nos êmbolos dos cilindros, também conhecidas como gaxetas, têm por finalidade evitar vazamentos de ar entre as câmaras dian‑ teira e traseira, durante os movimentos de avanço e de retorno da haste. A seguir, serão apresentados os principais tipos de juntas de vedação encontra‑ dos na maioria dos cilindros pneumáticos. ATUADORES PNEUMÁTICOS80 Anel tipo “O-Ring” ou junta tipo toroidal Junta tipo toroidal achatada internamente Junta tipo quadring (perfil quadrado) Juntas tipo copo de encaixe bilateral Junta tipo faca de lábio simples Junta tipo copo de encaixe unilateral Junta tipo faca de lábio duplo Junta tipo copo duplo com anel centralizante SISTEMAS PNEUMÁTICOS 81 Tipos de fixação de cilindros A forma como os cilindros são fixados em máquinas e equipamentos pneumá‑ ticos depende do espaço disponível para a montagem e do tipo de trabalho a ser realizado. Os fabricantes de cilindros oferecem no mercado alguns tipos padro‑ nizados de fixação, mas não quer dizer que não é possível construir uma fixação especial para um tipo de montagem específica. Junta de vedação em anel tipo “L” fixação por pés internos fixação pela tampa dianteira fixação por pés externos fixação pela tampa traseira ATUADORES PNEUMÁTICOS82 Cálculos das forças de avanço e de retorno de cilindros Onde: P = pressão de trabalho em bar ∅e = diâmetro do êmbolo em cm ∅h = diâmetro da haste em cm Tipos de fixação padronizadas fixação por pé dianteiro ou traseiro flange traseira flange dianteira basculante dianteira ou traseira SISTEMAS PNEUMÁTICOS 83 d = curso útil em cm (distância percorrida pela haste da posição fi‑ nal traseira à final dianteira) Aa = área de avanço em cm² (igual à área do êmbolo) Ar = área de retorno em cm² (igual à área do êmbolo menos a área da haste) Fa = força de avanço em kgf (força atuante durante o movimento de avanço) Fr = força de retorno em kgf (força atuante durante o movimento de retorno) Cálculos da áreas de atuação do ar durante os movimentos de avanço e de retorno: Aa = 0,7854 × ∅e² Ar = 0,7854 × (∅e² − ∅h²) Cálculos das forças atuantes do cilindro durante os movimentos de avanço e de retorno: Fa = P × Aa Fr = P × Ar Exemplo: O êmbolo e a haste de um cilindro medem, respectivamente, 40 mm e 15 mm de diâmetro. Ciente de que a pressão de trabalho é de 4 bar, quais as forças desenvol‑ vidas no avanço e no retorno? Dados: P = 4 bar ∅e = 40 mm = 4 cm ∅h = 15 mm = 1,5 cm Observação: Como precisamos calcular as áreas de avanço e de retorno em cm², precisamos, antes de tudo, passar os diâmetros do êmbolo e da haste para cm. ATUADORES PNEUMÁTICOS84 Cálculo da área de avanço: Cálculo da área de retorno: Aa = 0,7854 × ∅e² Ar = 0,7854 × (∅e² − ∅h²) Aa = 0,7854 × 4² Ar = 0,7854 × (4² − 1,5²) Aa = 0,7854 × 16 Ar = 0,7854 × (16 − 2,25) Aa = 12,56 cm² Ar = 0,7854 × 13,75 Ar = 10,79 cm² Cálculo da força de avanço: Cálculo da força de retorno: Fa = P × Aa Fr = P × Ar Fa = 4 × 12,56 Fr = 4 × 10,79 Fa = 50,24 kgf Fr = 43,16 kgf Verificamos que os cilindros convencionais possuem áreas desiguais expostas à pressão, durante os movimentos de avanço e de retorno. Sempre a área de avanço é maior que a de retorno. Enquanto a área de avanço constitui‑se da própria área do êmbolo, no retorno, a área de atuação do ar comprimido corresponde à área da coroa circular ao redor da haste, formada pela área do êmbolo, descontando‑se a área da haste. Os cálculos apresentados são teóricos,uma vez que não foram consideradas as forças de atrito que interferem nos movimentos dos cilindros. Essas forças de atrito surgem, normalmente, nas juntas de vedação do êmbolo e da haste, bem como na bucha guia e no anel limpador, localizados na tampa dianteira. O comprimento de curso em cilindros pneumáticos não deve ser maior do que 2.000 mm. A pneumática não é rentável quando o êmbolo tem um diâmetro superior a 300 mm e curso muito longo, pois o consumo de ar é muito alto. Em cursos longos, a carga mecânica sobre a haste do êmbolo e nos mancais é grande. Para evitar uma flambagem, é necessário determinar um diâmetro pouco maior para a haste do êmbolo. Além disso, é aconselhável prolongar as buchas de guias da haste do êmbolo. A velocidade de cilindros pneumáticos depende da carga, do comprimento da tubulação entre a válvula e o cilindro, da pressão de ar e da vazão da válvula de comando. A velocidade do êmbolo em cilindros normais varia de 0,1 a 1,5 m/s. Em cilindros especiais podem ser alcançadas velocidades de até 10 m/s. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 85 Tipos de cilindros CILINDROS DE AÇÃO SIMPLES Os cilindros de ação simples são acionados por ar comprimido somente em um dos sentidos de movimento e, portanto, trabalham pneumaticamente em uma só direção. O sentido oposto de movimento é produzido por mola, mediante atuação de uma força externa ou, ainda, pela ação da gravidade. Os mais utilizados são os que possuem acionamento por mola, inverso ao pneu‑ mático. A força da mola é calculada para que ela possa fazer o pistão retroceder à posição inicial, com uma velocidade suficientemente alta, sem despender grande energia. Em cilindros de ação simples com mola, o curso do êmbolo é limitado pelo comprimento da mola. Por essa razão, fabricam‑se cilindros de ação simples com comprimento de até 100 mm. É importante destacar que a força da mola deve ser levada em conta nos cálculos das forças efetuadas durante os movimentos de avanço e de retorno, para cilindros de ação simples. Os cilindros de ação simples com retorno por mola são empregados, principal‑ mente, nos processos de produção, em trabalhos de fixar, expulsar, prensar, elevar, alimentar etc. Invertendo‑se a montagem da mola, o cilindro poderá ser utilizado para tra‑ vamento de sistemas mecânicos como em freios de estacionamento empregados em caminhões, ônibus, carretas e vagões ferroviários, conhecidos como tristop. Nesses sistemas, o travamento do freio é feito pela mola e sua liberação pelo ar comprimido. Avanço pneumático e retorno por mola Avanço por mola e retorno pneumático ATUADORES PNEUMÁTICOS86 Construções diferenciadas de cilindros de ação simples com retorno por mola Avanço pneumático e retorno por mola Avanço por mola e retor- no pneumático (tristop) SISTEMAS PNEUMÁTICOS 87 A vedação é feita por material flexível, alojado em êmbolo metálico ou de ma‑ terial sintético. Cilindro de ação simples com membrana plana: Nesse tipo de cilindro de ação simples, uma membrana, que pode ser de borra‑ cha, material sintético ou também metálico, assume a tarefa do êmbolo. A haste do êmbolo é fixada no centro da membrana. Nesse caso, a vedação deslizante não existe. Em ação existe somente o atrito, provocado pela dilatação da membrana. É empregado na fabricação de ferramentas e dispositivos, bem como em prensas de cunhar, rebitar e fixar peças em lugares estreitos. Cilindro de ação simples com membrana de projeção: Uma construção similar à do cilindro de membrana plana é a do cilindro com membrana de projeção. Quando acionada pelo ar comprimido, a membrana se projeta no interior do cilindro, movimentando a haste para fora. Cilindro de ação simples com membrana plana e retorno pela ação da gravidade ATUADORES PNEUMÁTICOS88 Esse sistema permite cursos maiores do que os do cilindro de membrana plana. O atrito é consideravelmente menor do que nos cilindros de êmbolo. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 89 CILINDROS DE AÇÃO DUPLA Os movimentos de avanço e retorno nos cilindros de ação dupla são produzi‑ dos pelo ar comprimido e, por isso, podem realizar trabalho nos dois sentidos de movimento, pneumaticamente. Em princípio, esses cilindros podem ter curso ilimitado, porém deve‑se levar em consideração as possibilidades de deformação da haste por flexão e flambagem. São encontrados, normalmente, cilindros de ação dupla com curso até 2.000 mm. Os cilindros de ação dupla, também designados como cilindros de efeito duplo, são empregados em todos os casos em que se faz necessária força nos dois sentidos de movimento, devendo‑se, entretanto, observar que os esforços de flexão sobre a Cilindro de ação dupla ATUADORES PNEUMÁTICOS90 haste do cilindro devem ser evitados ao máximo, com o uso de guias ou fixações oscilantes, para que não haja desgaste acentuado da bucha ou da gaxeta do mancal, assim como da gaxeta do êmbolo. Nesse caso, a vedação entre o êmbolo e a camisa do cilindro deve ser efetuada para os dois sentidos de movimento. Cilindro de ação dupla com amortecimento nos fins de curso: Quando volumes grandes e pesados são movimentados por um cilindro, a alta velocidade, emprega‑se um sistema de amortecimento para evitar impactos do êmbolo contra as tampas nos finais de curso de avanço e de retorno. Antigamente, utilizavam‑se anéis de borracha montados em rasgos nas faces laterais do êmbolo, cuja função era evitar o contato metálico do êmbolo contra as tampas dianteira e traseira, como mostra a figura a seguir. O inconveniente era que, por causa do alto atrito gerado pelos impactos cons‑ tantes, esses anéis de amortecimento se deterioravam, exigindo paradas periódicas visando à substituição dos anéis de amortecimento. Atualmente, nos sistemas de amortecimento de final de curso dos cilindros pneumáticos, utiliza‑se o próprio ar da câmara que está sendo descarregada para a atmosfera para calçar o êmbolo, evitando seu impacto violento contra a tampa. Antes de alcançar a posição final, um ressalto posicionado na lateral do êm‑ bolo, interrompe o escape direto do ar para a atmosfera, deixando somente uma Cilindro de ação dupla com amortecimento por anéis de borracha SISTEMAS PNEUMÁTICOS 91 passagem estreita, regulável, a qual controla a saída do restante do ar, impedindo o impacto. Com o escape de ar restringido, cria‑se uma sobrepressão que, para ser vencida, absorve grande parte de energia, resultando em perda de velocidade nos fins de curso. Invertendo‑se o fluxo do ar comprimido, o ar entra livremente pelas retenções das tampas, e o êmbolo pode inverter o movimento, partindo com força e veloci‑ dade totais. Outra versão construtiva do mesmo tipo de cilindro de ação dupla, com amor‑ tecedores nos finais de curso, é apresentada na figura a seguir: ATUADORES PNEUMÁTICOS92 Possibilidades de amortecimento de fim de curso de cilindros: • amortecedor regulável em ambos os lados; • amortecedor regulável em um só lado do êmbolo (dianteiro ou traseiro); • amortecedor não regulável em ambos os lados; • amortecedor não regulável em um só lado do êmbolo (dianteiro ou traseiro). Cilindro de ação dupla com haste passante: O cilindro de ação dupla, com haste passante, possui, na verdade, duas hastes: uma de cada lado do êmbolo. A haste passante, de ambos os lados, apresenta algumas vantagens, comparada aos cilindros convencionais: • O cilindro tem a mesma força de atuação nos dois sentidos de movimento, pois as áreas de pressão são iguais de ambos os lados. • A haste é melhor guiada devido aos dois mancais de guia, o que possibilita a admissão de uma ligeira carga lateral. • Os elementos sinalizadores podem ser montados na parte livre da haste, se ela não estiver sendo utilizada para movimentos mecânicos. Cilindro duplo geminado (tipo tandem): Trata‑se de dois cilindros de ação dupla que formam uma só unidade. Assim, com pressões simultâneas nos dois êmbolos, a força efetiva de atuação será a soma das forças dos dois cilindros. SISTEMAS PNEUMÁTICOS 93
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