Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AUTOMOTIVA Motor de combustão interna Ciclo Diesel M otor de com bustão interna — Ciclo D iesel 9 788583 932314 ISBN 978-85-8393-231-4 Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Motor de combustão interna Ciclo Diesel Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Motor de combustão interna: ciclo Diesel / SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 136 p. : il. Inclui referências ISBN 978-85-8393-231-4 1. Motores de combustão interna 2. Motor diesel 3. Motores - Regulagem 4. Mecânica aplicada I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 621.43 Índice para o catálogo sistemático: 1. Motor de combustão interna 621.43 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br AUTOMOTIVA Motor de combustão interna Ciclo Diesel Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Colaboradores Amarildo Fortunato Mathias Antonio Cirilo de Souza Benjamin Prizendt Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação profissional se multiplicam e, sobretudo, se diversificam. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação profissional para o primeiro emprego dirigida a jovens. Privilegia também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qualidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora firmemente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, oferecendo modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. Dessa forma, atende às prioridades estratégicas da Indústria e às prioridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração, como os cursos de Aprendiza- gem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Superiores de Tecnologia. Oferece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação Profissional, Qualificação Profissional, Especialização Profissional, Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Sumário 1. Funcionamento dos motores ciclo Diesel 9 Ciclo do motor de combustão interna 9 Motores de dois tempos 10 Motores de quatro tempos 11 Diagrama de válvulas 14 Princípio termodinâmico 15 Conceitos sobre dimensões e rendimentos 16 2. Motor ciclo Diesel 21 Tipos de motores utilizados em veículos pesados 21 Posição do comando de válvulas 23 Componentes do motor 25 Bloco do motor e cilindro 45 3. Sistema de alimentação do motor de combustão interna ciclo Diesel 75 Sistema de alimentação de ar 75 Sistema de combustível 80 4. Sistema de arrefecimento do motor de combustão ciclo Diesel 88 Tipos de sistemas de arrefecimento 89 Componentes do sistema de arrefecimento 92 Cuidados com o sistema de arrefecimento do motor 102 5. Lubrificação 104 Atrito 105 Função do sistema de lubrificação 107 Funcionamento do sistema de lubrificação 108 Óleos lubrificantes 109 Componentes do sistema de lubrificação 114 Inspeção e manutenção do sistema de lubrificação do motor 123 Anomalias, causas e possíveis soluções do sistema de lubrificação 123 6. Anomalias no motor de combustão interna – ciclo Diesel 125 Técnicas de diagnóstico para falhas no motor 125 Exame de fumaça 127 Fatores que determinam o momento para a retífica 128 Superaquecimento 131 7. Ferramentas, instrumentos e equipamentos para reparação de motores 132 Tipos de ferramentas, instrumentos e equipamentos utilizados para reparação de motores ciclo Diesel 132 Referências 134 1. Funcionamento dos motores ciclo Diesel Ciclo do motor de combustão interna Motores de dois tempos Motores de quatro tempos Diagrama de válvulas Princípio termodinâmico Conceitos sobre dimensões e rendimentos Ciclo do motor de combustão interna Nos motores ciclo Diesel, o ciclo de trabalho é feito pela queima do combustível, e o ar é aquecido pela alta compressão no interior do cilindro. Esse motor é uma máquina que trabalha com princípios da termodinâmica e com os conceitos de compressão e expansão de fluidos gasosos para gerar força e movimento rotativo. Um ciclo no motor é a quantidade de movimento (subida e descida) que um êmbolo (pistão) executa para realizar o trabalho (torque). Apesar de motores de ciclo de dois tempos ainda serem fabricados, eles não são mais utilizados em veículos pesados (caminhões, ônibus e máquinas agrícolas). Durante muitos anos, os motores de dois tempos obtiveram maior potência na comparação com aqueles de quatro tempos de mesma cilindrada e rotação. Porém, os motores de quatro tempos consomem menos combustível e emitem menos poluentes. Isso ocorre porque possuem um sistema de lubrificação inde- pendente, ao contrário dos motores de dois tempos, que utilizam a mistura óleo e gasolina para combustão. Essa mistura também faz a função de lubrificação. 10 FUNCIONAMENTO DOS MOTORES CICLO DIESEL A principal diferença entre os dois tipos de motores está no processo de combustão. Motores de dois tempos Os motores completam seu ciclo de trabalho com dois movimentos do êmbolo, ou seja, uma volta da árvore de manivelas. Esses motores têm aberturas nas paredes dos cilindros, chamadas janelas, através das quais entra a mistura e saem os gases resultantes de sua queima. Janela de escapamento Janela de admissão Câmara de combustão Janela de transferência Figura 1 – Motor de dois tempos. O ciclo de dois tempos completa seu ciclo de trabalho em dois movimentos do êmbolo: um ascendente e outro descendente. Ascendente O êmbolo cria uma depressão no cárter, admitindo a mistura ar/combustível. Essa mistura vem do carburador, entra pela janela de admissão e dirige-se para o cárter. Ao mesmo tempo, o êmbolo comprime a mistura que está na câmara de combustão. Um pouco antes de o êmbolo atingir o ponto morto superior (PMS), salta uma centelha na vela, provocando a combustão da mistura. Os gases produzidos expan- dem-se e empurram o êmbolo para baixo, iniciando seu movimento descendente. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 11 Figura 2 – Ciclo ascendente do motor de dois tempos. Descendente No movimento descendente, os gases da combustão são expelidos pela janela de escape. Em seguida, abre-se a janela de transferência, e a mistura do cárter é forçada a se dirigir para o interior do cilindro. Figura 3 − Ciclo descendente do motor de dois tempos. Observação A mistura passa pelo cárter, assim este deve ser seco, isto é, não pode ter óleo. Por isso, nos motores de dois tempos, o lubrificante precisa ser diluído no combustível. Motores de quatro tempos São os motores que completam seu ciclo de trabalho com quatro movimentos do êmbolo, ou seja, duas voltas da árvore de manivelas.O motor de combustão interna pode ter um ou mais cilindros. 12 FUNCIONAMENTO DOS MOTORES CICLO DIESEL Ciclo do motor de quatro tempos O motor de quatro tempos funciona pela repetição ordenada de quatro movi- mentos: admissão, compressão, combustão, escapamento. Primeiro tempo – admissão A válvula de admissão abre-se progressivamente. O êmbolo desloca-se do ponto morto superior (PMS) ao ponto morto inferior (PMI), aspirando a mistura ar/combustível para o interior do cilindro. Figura 4 – Primeiro tempo: admissão. Segundo tempo – compressão A válvula de admis são se fecha, e a de escapamento permanece fechada. O êmbolo inverte seu movimento do PMI para o PMS, com primindo a mistura na câmara. Figura 5 – Segundo tempo: compressão. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 13 Terceiro tempo – combustão As válvulas de admissão e de escapamento continuam fechadas. A mistura compri- mida é inflamada por uma centelha que salta entre os eletrodos da vela. Com a queima, formam-se gases que se expandem, impulsionando o êmbolo de volta para o PMI. Figura 6 – Terceiro tempo: combustão. Quarto tempo – escapamento A válvula de admissão permanece fechada, e a de escapamento abre-se progres- si vamente, à medida que o êmbolo vai do PMI ao PMS, expelindo os gases resultantes da combustão. Figura 7 – Quarto tempo: escapamento. Conclui-se que, dos quatro tempos, apenas o terceiro (combustão) produz trabalho. 14 FUNCIONAMENTO DOS MOTORES CICLO DIESEL Diagrama de válvulas Nos quatro tempos do motor, o tempo de válvulas está relacionado na abertura e no fechamento das válvulas. A válvula de admissão inicia sua abertura antes de o pistão atingir o PMS e se fecha após este chegar a PMI. No entanto, a válvula de escape inicia sua abertura antes de o pistão atingir o PMI e se fecha após ele chegar em PMS. Cruza mento d e válvulas Abertura da válvula de admissão – abertura 30° APMS – fechamento 70° DPMI Compressão – início 70° DPMI – término 30° APMS Tempo de ignição – início 20° APMS – término em PMS Potência – início 2° DPMS – término 50° APMI Abertura da válvula de escapamento – abertura 70° APMI – fechamento 30° DPMS Figura 8 – Diagrama de válvulas. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 15 Princípio termodinâmico Para que o motor de combustão interna funcione, é necessário que haja a com- binação de três elementos em uma proporção adequada: Ar Com bustível Calor Figura 9 – Triângulo do fogo. Generalidades Os motores de combustão interna do tipo convencional fundamentalmente são iguais e possuem as mesmas peças: bloco, cabeçote, cárter, árvore de manivelas, cilindros, êmbolos, árvore de comando de válvulas, tuchos, varetas, balancins, engrenagens de distribuição, bomba d’água. Todavia, os órgãos dos sistemas de combustível e ignição se diferenciam, disso resultando a diferença básica de funcionamento. Existem dois tipos de combustão: por centelhamento (ICE) e por compressão (ICO). Combustão por centelhamento (ICE) Como dispositivo de queima, esse processo usa velas de ignição (spark plug), que recebem a corrente elétrica proveniente de uma fonte de energia – bateria ou alternador. Elas são instaladas uma em cada cilindro do motor, onde provocam chispas, iniciando a queima da massa gasosa (combustível e ar) previamente vaporizada e introduzida nos cilindros. Nos motores de baixa compressão do tipo explosão (gasolina ou álcool), o sistema de combustível é encarregado de dosificar e distribuir proporcionalmente ar e combustível em uma mistura homogênea aos cilindros, no tempo de admissão. 16 FUNCIONAMENTO DOS MOTORES CICLO DIESEL Combustão por compressão (ICO) Esse processo é usado nos motores de combustão lenta (Diesel), nos quais somente o ar é aspirado e comprimido até alcançar uma temperatura elevada (acima de 600°C). Sobre essa massa de ar incandescente é feita a pulverização de combustível, que, combinado com as moléculas de oxigênio, se inflama, dando início aos ciclos normais de funcionamento. Conceitos sobre dimensões e rendimentos Diâmetro do cilindro Cu rs o PMS PMI Figura 10 – Dimensões internas do motor. • Diâmetro de cilindros • Curso do êmbolo PMS – Ponto morto superior é o ponto máximo que o pistão atinge em seu movimento de subida, invertendo o sentido do movimento em seguida. PMI – Ponto morto inferior é o ponto máximo que o pistão atinge em seu movimento de descida, invertendo o sentido do movimento em seguida. O curso é a distância, expressa em milímetros, que o êmbolo percorre desde o PMS até o PMI. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 17 A relação entre o curso do pistão e o diâmetro dos cilindros influencia nas caracte- rísticas do motor. É essa relação que estabelecerá se o motor terá mais rotação ou mais torque. Veja a tabela a seguir: Tipo de motor Relação diâmetro/curso Torque Rotação Superquadrado Curso < diâmetro Baixo Alta Subquadrado Curso > diâmetro Alto Baixa Quadrado Curso = diâmetro Média Média Cilindrada É o volume definido pelo espaço criado dentro do cilindro quando se desloca do PMS ao PMI. Para determinar o volume de um cilindro, primeiro calculamos a sua área. A = π× r2 O volume de um cilindro é determinado multiplicando-se a área pelo curso do cilindro de PMI até PMS. Assim, temos que: V = A× comp. Esse volume é dado em cm3, portanto, para efetuação do cálculo, devemos primeiro transformar todas as medidas em centímetros. Cilindrada total A cilindrada total é a multiplicação do volume de um cilindro pela quantidade de cilindros do motor. Vt = V × node cilindros do motor Onde: Vt = cilindrada total. 18 FUNCIONAMENTO DOS MOTORES CICLO DIESEL Relação de compressão (RC) É a relação entre: Rc V v v = + Onde: V = volume do curso do pistão (cilindrada); v = volume da câmara de compressão. Quanto maior a relação de compressão, maior o rendimento termomecânico do motor. A relação de compressão pode ser aumentada rebaixando-se o cabeçote, reduzindo assim o volume da parte superior da câmara. Outra forma de aumentar essa relação é utilizar juntas de cabeçotes mais finas ou substituir êmbolos de cabeça côncava por outros com cabeça plana. Força É uma grandeza que tem a capacidade de vencer a inércia de um corpo, modifi- cando-lhe a velocidade (seja na sua magnitude ou direção). Torque É um esforço de torção que é determinado pela força aplicada e a distância da aplicação (alavanca), ou seja: Força Distância Figura 11 – Torque = força x distância MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 19 Exemplo Se for aplicada uma força de 50 newtons (N) em uma distância de 1 metro (m), teremos então: Torque = 50 x 1 = 50 Nm Também é muito comum a utilização do quilograma-força x metro (Kgfm) para expressar grandeza de torque, sendo: 1 Kgfm = 9,81 Nm Potência É a medida do trabalho realizado em uma unidade de tempo. Como trabalho é o resultado de uma força que desloca seu ponto de aplicação, temos: Potência = Força Distância Tempo × A unidade mais comum para expressar a potência de uma máquina é o cavalo-va- por (cv). A potência obtida é geralmente expressa em cv. Assim, 1 cv corresponde à força necessária para elevar, em 1 s, 75 quilogramas-força (kgf) a uma altura de 1 m. cv = 75 kgf 1 m 1 s × 75 kg 1 m 1 s Figura 12 – Cavalo-vapor. 20 FUNCIONAMENTO DOS MOTORES CICLO DIESEL Potência em watts (Sistema Internacional de Medidas) Watt é a potência desenvolvida quando se desloca o ponto de aplicação de uma força constante e igual a 1 N em uma distância de 1 m em 1 s. w =1 N × 1 m 1 s A potência de um motor é expressa em quilowatts (kW), e cada kW equivale a 1.000 W. kW = 1,35869 cv => 1 cv = 0,736 kW Torque do motor No caso de motores a combustão interna, seu torque ou conjugado é o momento criado pela biela, pela força de expansão dos gases atuando sobre o virabrequim. O torque do motor pode ser calculado pela seguinte fórmula: M = P K RPM × Onde: M = torque do motor; P = potência do motor. K = constante que depende da unidadede potência, valendo: K = 97,44 para potência em kW; K = 716,2 para potência em cv; K = 5.252 para potência em hp; RPM = rotações por minuto A elevação da potência do motor é obtida com o aumento de sua rotação, atin- gindo seu máximo na rotação máxima. Já o torque máximo do motor é obtido com a metade dessa rotação, aproximadamente. 2. Motor ciclo Diesel Tipos de motores utilizados em veículos pesados Posição do comando de válvulas Componentes do motor Bloco do motor e cilindro Pelo baixo custo de construção e de manutenção, bem como pela facilidade de manutenção e pela baixa emissão de poluentes, os motores de combustão interna são os únicos utilizados nos veículos comerciais leves (pick-ups e vans) e pesados (caminhão, ônibus e máquinas agrícolas) atualmente. Tipos de motores utilizados em veículos pesados Os motores utilizados em veículos pesados (caminhão, ônibus e máquinas agrícolas) são classificados de acordo com as seguintes características: • Ciclo de funcionamento 1. Motores de quatro tempos. 2. Motores de dois tempos. • Número de cilindros 1 Monocilíndrico – o motor tem um cilindro. 2. Policilíndrico – o motor apresenta dois ou mais cilindros. • Curso do êmbolo 1. Motor subquadrado ou retângulo – o diâmetro do cilindro é menor que o curso do êmbolo. 2. Motor quadrado – o diâmetro do cilindro e o curso do êmbolo são iguais. 3. Motor superquadrado – o diâmetro do cilindro é maior que o curso do êmbolo. 22 MOTOR CICLO DIESEL • Tipo de arrefecimento 1. Arrefecido a água. 2. Arrefecido a ar. • Disposição dos cilindros De acordo com a disposição dos cilindros, os motores podem ser classificados da seguinte maneira: 1. Motores em linha: todos os cilindros estão instalados em uma só linha. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 1 – Motor em linha. 2. Motores em V: os cilindros estão distribuídos em duas linhas, de modo que os cilindros opostos conservem um determinado ângulo entre si. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 2 – Motor em V. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 23 Principais aplicações Estacionários Acionam máquinas estacionárias, como geradores, máquinas de solda, bombas ou máquinas que operam em rotação constante. Industriais Acionam máquinas de construção civil, como pás carregadeiras, guindastes, compressores de ar, máquinas de mineração, veículos de operação fora de estrada, acionamentos de sistemas hidrostáticos e outras aplicações que exijam caracte- rísticas especiais e específicas do acionador. Veiculares Acionam veículos de transporte em geral, como veículos leves, comerciais leves, caminhões e ônibus. Agrícolas Acionam tratores, colhedora de cana-de-açúcar, colhedeira de grãos e equipa- mentos utilizados na lavoura. Marítimos Destinados à propulsão de barcos, navios, embarcações e máquinas de uso naval. Existe uma vasta gama de modelos com características apropriadas conforme o regime de trabalho da embarcação (lazer, trabalho comercial, leve, médio-con- tínuo, contínuo e pesado). Posição do comando de válvulas Quanto à posição do comando de válvulas, os motores são assim classificados: 24 MOTOR CICLO DIESEL Motores OHC (Over Head Camshaft) Possuem apenas um comando de válvulas, localizado no cabeçote. O acionamento desse comando pode ser por corrente ou por correia. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 3 – Cabeçote com sistema OHC. Motores DOHC (Double Over Head Camshaft) Apresentam dois comandos de válvulas localizados no cabeçote. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 4 – Cabeçote com sistema DOHC. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 25 Motores OHV (Over Head Valve) Apresentam apenas um comando de válvulas, localizado no bloco. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 5 – Cabeçote com sistema OHV. Componentes do motor • Cabeçote • Cilindro • Êmbolo • Biela • Árvore de manivelas • Bronzinas Cabeçote O cabeçote desempenha uma série de funções importantes. Ele serve de passagem para diversas substâncias necessárias ao funcionamento do motor, dispondo, por isso, de dutos apropriados que permitem: 26 MOTOR CICLO DIESEL • entrada de mistura para as câmaras de combustão; • saída dos gases produzidos na queima da mistura; • circulação do líquido de arrefecimento para resfriar o cabeçote; • passagem de óleo para lubrifi cação do conjunto de balancins e guias de válvulas; • alojamento dos bicos injetores e, em alguns casos, da câmara de combustão. O cabeçote serve de fi xação para as guias de válvulas, as válvulas e os mancais de apoio do conjunto dos balancins ou comando de válvulas. Como é submetido a enormes esforços térmicos, sua elaboração é feita à base de liga ferrosa ou de alumínio, materiais que apresentam boa condutibilidade térmica e são muito resistentes a altas temperaturas. Dependendo da marca e do tipo de veículo, o motor funciona com um ou mais cabeçotes instalados nas posições vertical ou inclinado. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 6 – Cabeçote. Funcionamento do cabeçote Nas câmaras fi cam as válvulas, apoiadas em suas sedes (anéis de aço). As válvulas movem-se ao longo das guias das válvulas. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 27 Na parte superior do cabeçote ficam os mancais de apoio do conjunto dos balancins. A vedação entre o cabeçote e o bloco do motor é feita por uma junta e recebe reforços metálicos para resistir às altas temperaturas e pressões causadas pela combustão. Essa junta tem a função de isolar os dutos, orifícios e câmaras de combustão, para que cada um cumpra suas funções sem sofrer interferência do outro. Isso é possível porque as perfurações da vedação, do cabeçote e do bloco se correspondem perfeitamente. Como a junta sofre esmagamentos durante a instalação do cabeçote, deve ser substituída toda vez que este for retirado. A junta pode ser de aço, que, além de resistente, permite boa intercambiabilidade de calor entre bloco e cabeçote. Tipos de cabeçote Os cabeçotes variam de acordo com o sistema de distribuição motora e podem ser: • cabeçote com conjunto de balancins, sem árvore de comando de válvulas (OHV); • cabeçote com árvore de comando de válvulas e demais dispositivos de válvulas (OHC ou DOHC). Componentes do cabeçote O cabeçote do motor é composto dos seguintes elementos: • válvulas; • mola da válvula; • sede de válvula; • guias de válvulas; • retentor de válvulas; • vareta de válvulas; • balancim; • árvore do comando de válvulas; • parafuso do cabeçote. 28 MOTOR CICLO DIESEL Válvulas An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 7 – Válvulas. Permitem a entrada de ar para o cilindro (válvula de admissão) e liberam os gases queimados após a combustão (válvula de escape). As válvulas são acionadas pelos tuchos, pelas varetas e pelos balancins ou dire- tamente pela árvore de comando de válvulas quando esta se encontra instalada no cabeçote. Fora algumas exceções, as válvulas estão dispostas verticalmente por causa da forma plana da câmara de combustão. As válvulas devem resistir a altas temperaturas, a pressões e à corrosão (prin- cipalmente a de escape). Para situações mais críticas, a válvula de escapamento pode ser oca e apresentar sódio em seu interior para facilitar as trocas térmicas. Partes da válvula • Cabeça: é a parte circular da válvula, podendo ser plana, convexa ou côncava. • Face de assentamento: é a parte que se apoia sobre a sede da válvula, para produzir um fechamento hermético. O ângulo do assento normalmente varia de 30° a 45°. • Haste: é a parte cilíndrica da válvula que desliza na guia e tem no seu extremo ranhuras para o encaixe das chavetas. • Canaleta: espaço destinado à fixação das travas. • Pé: região que entra em contato com o balancim ou com o tucho. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 29 Pé Cabeça Haste Canaleta Face de assentamento An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 8 – Partes da válvula. Tipos de configuração de válvulas As válvulas podem ser configuradas pela quantidadeapresentada por cilindro: • Duas válvulas por cilindro: admissão com diâmetro maior que a de escape. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 9 – Duas válvulas por cilindro. 30 MOTOR CICLO DIESEL • Três válvulas por cilindro: duas válvulas de admissão (menores) e uma grande no escape. Apesar de as válvulas de admissão serem menores, quando com- binadas têm um diâmetro maior que a do escape. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 10 – Três válvulas por cilindro. • Quatro válvulas por cilindro: duas válvulas na admissão e duas menores no escape. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 11 – Quatro válvulas por cilindro. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 31 • Cinco válvulas por cilindro: três válvulas menores na admissão e duas maiores no escape. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 12 – Cinco válvulas por cilindro. Características das válvulas As válvulas dos motores apresentam as seguintes características: • Válvula de admissão Caracteriza-se por ter a cabeça de maior diâmetro que a de escape e é cons- truída de aço cromo-níquel. Em alguns tipos, o assento da válvula é recoberto com stelite, que é uma liga de aço cromo, tungstênio e carbono aplicada por meio de solda. • Válvula de escape Os materiais são semelhantes aos empregados nas válvulas de admissão, porém adiciona-se tungstênio a fim de que as válvulas de escape suportem altas temperaturas. À base de aço e níquel, as hastes das válvulas de admissão e de escape são prati- camente iguais. Em alguns casos, as hastes das válvulas de escape têm uma zona de menor diâmetro perto da cabeça, para evitar o acúmulo de carvão, que pode travar o movimento da válvula. Na extremidade da haste está situada uma ranhura que aloja as chavetas. 32 MOTOR CICLO DIESEL Mola da válvula A finalidade da mola é manter a válvula fechada, quando não acionada. Chaveta Prato superior Mola Prato inferior Figura 13 – Mola da válvula. As molas são resistentes à fadiga para permitir uma vedação das válvulas com as sedes e, assim, haver uma perfeita estanqueidade do cilindro no momento de compressão e combustão. Tipos de molas de válvulas O tipo mais usado nos motores é a mola helicoidal. Existem molas cilíndricas, retas e cônicas. Construção As molas são normalmente fabricadas com arame de aço trefilado ou com ligas especiais. Características das molas As molas caracterizam-se pela forma das espiras. Em algumas, as espiras estão uniformemente espaçadas; já em outras, há certo número de espiras unidas em ambas as extremidades. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 33 Condições de uso Antes de serem instaladas, deve-se comprovar que as molas têm a altura e a tensão especificadas pelo fabricante. As molas cilíndricas devem estar retas. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 14 – Inspeção de tensão e altura da mola. Conservação Para preservar as molas, alguns fabricantes as recobrem com pintura à prova de ácidos ou aplicam outro tipo de proteção para evitar a corrosão e diminuir a possibilidade de ruptura. Quando a mola apresentar trincas ou corrosões, deve ser substituída, pois se quebra com facilidade. Sede de válvula Construção A sede fixa está usinada no cabeçote, ao passo que a sede removível consiste em um anel inserido a pressão em um alojamento do cabeçote. As sedes dos cabe- çotes de liga leve são sempre removíveis. 34 MOTOR CICLO DIESEL Válvula Sede de válvula An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 15 – Sede de válvula. Características das sedes As sedes fixas ou as removíveis têm como principal característica serem paralelas à cabeça da válvula e concêntricas com a respectiva guia de válvula. Vantagens das sedes removíveis As sedes removíveis têm as seguintes vantagens: • permitem o emprego de metais diferentes do cabeçote, que têm melhores características para suportar as condições de trabalho; • é possível trocar as sedes danificadas para a recuperação do cabeçote. O ângulo de inclinação das sedes é praticamente igual ao ângulo da face de assen- tamento das válvulas, para que se encaixem perfeitamente e causem a vedação da câmara de combustão da mistura. Como estão submetidas a temperaturas elevadas, as sedes são fabricadas em aços especiais para resistirem a desgastes e deformações. Guias de válvulas Construção As guias de válvulas são feitas de aço e, em alguns casos, a superfície interior está coberta com grafite para melhorar as condições de lubrificação. A guia fixa é usinada no cabeçote. A guia removível é uma peça cilíndrica inserida a pressão em seu alojamento no cabeçote. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 35 Guia de válvula Válvula An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 16 – Guia de válvula. Retentor de válvulas Para evitar a entrada de óleo nos cilindros, são usados retentores colocados à pressão sobre a extremidade das guias ou nas hastes das válvulas. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 17 – Retentor de válvulas. 36 MOTOR CICLO DIESEL Vareta de válvulas Utilizada em motores tipo OHV, sua função é transmitir o movimento dos came do eixo de comando para os balancins. An to ni o Ci ril o de S ou za Vareta de válvulas Figura 18 – Varetas de válvulas. Construção As varetas são peças retas de aço cujas extremidades são acabadas de modo que se adaptam às superfícies de apoio do tucho e do balancim. Características das varetas A forma mais comum das varetas é aquela em que uma das extremidades tem for- ma de uma semiesfera, e a outra, um rebaixo também semiesférico. As dimensões das varetas variam de acordo com as características de cada motor. O requisito indispensável para a sua utilização é estarem perfeitamente retas. Os motores que têm a árvore de comando no cabeçote não usam varetas. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 37 Balancim O balancim e seu suporte são montados na parte superior do cabeçote e formam uma alavanca dupla. Em uma das extremidades há um parafuso de ajusta gem, cuja parte inferior fica em contato com a vareta. Já a outra extremidade fica em contato com a haste da válvula (motor OHV) ou direto no came do eixo de comando (motor OHC). An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 19. Balancim para motores OHV. Figura 20. Balancim para motores OHC. Características do balancim A finalidade dos balancins é abrir as válvulas. Construção O eixo dos balancins é bem polido e geralmente oco, com orifício, para lubrifica- ção e para os parafusos de fixação dos suportes. Pelo eixo de balancins circula o óleo que lubrifica os balancins e as hastes das válvulas. O comprimento do eixo depende do tipo do motor. 38 MOTOR CICLO DIESEL Em alguns casos, os parafusos de fixação têm furos rosqueados, para alojar o parafuso da tampa dos balancins. Também é comum que tais parafusos sejam ocos, para permitir a entrada do óleo lubrificante da galeria de lubrificação do cabeçote até o eixo dos balancins. Árvore do comando de válvulas An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 21 – Árvore do comando de válvulas. Esse componente é um eixo acionado pela árvore de manivelas por intermédio de engrenagem, correntes ou correia. Ele tem a função de comandar precisamente as aberturas e os fechamentos das válvulas de admissão e de escapamento. Partes de um comando de válvulas • Heel/Base: área do comando que permite a válvula permanecer fechada para a compressão e transferência de calor. Área em que é medida a folga de válvula. • Clearence ramp/rampa: área do comando que atua como amortecedor. Essa área faz com que a válvula abra e feche suavemente contra o seu assento, aproximadamente o primeiro e último mm (.040”) de cada movimento de abertura e fechamento da válvula. • Flank: área do comando que determina a velocidade da abertura e fecha- mento da válvula. O flank de abertura tem uma graduação diferente do de fechamento. • Nose/lobe: área do comando que determina quanto tempo a válvula vai se manter aberta emseu ponto máximo. • Base circle/eixo do comando: um círculo imaginário que seria a base de 360 graus do comando. Área que determina o levante da válvula. A distância entre a parte mais alta do “círculo” até o topo do lobe é conhecido como levante de válvula. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 39 Procedimentos de inspeção e manutenção da árvore de comando de válvulas 1. Verificar a árvore de comando de válvulas quanto a riscos, oxidações (inspeção visual), empenamento e desgaste do cames. 2. Medir a altura dos cames da árvore de comando de válvulas. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 22 – Inspeção de empenamento da árvore de comando de válvulas e altura do cames. Ajuste de folga de válvulas Uma pequena folga deve haver entre o balancim e a haste da válvula. Essa folga se faz necessária por conta da dilatação que ocorre na haste da válvula, provocada pelo aumento da temperatura da peça durante o funcionamento do motor. O valor de folga determinado pela engenharia da montadora considera a compen- sação dessa dilatação quando o motor estiver aquecido. Assim, quando uma folga é ajustada com um valor abaixo do especificado, o motor pode funcionar bem em baixa temperatura. Porém, após o seu aquecimento, a compressão na câmara irá diminuir, pois o balancim não permitirá o fechamento total da válvula. Já uma folga acima do especificado, além de provocar um ruído acima do normal do motor, também apresentará deficiência no funcionamento deste, uma vez que o curso total do balancim não abrirá totalmente a válvula. Regulagem de válvulas – motor com balancim Os motores que utilizam balancim como dispositivo de acionamento das válvulas estão equipados com ajustadores (fuso e porca) fixados nos próprios balancins para ajuste de folgas. 40 MOTOR CICLO DIESEL Para tal ajuste, é necessário utilizar um calibre de lâminas e ferramentas para apertar ou afrouxar esse fuso. Para ajustar folgas, os procedimentos são: 1. Colocar o pistão do primeiro cilindro em PMS em fase de combustão. 2. Certificar-se de que o motor esteja frio (entre 20°C e 40°C). 3. Observar se os balancins estão livres. 4. Soltar a contraporca e girar o ajustador (fuso do balancim) no sentido anti- -horário, de modo que se possa passar a lâmina de inspeção. 5. Verificar o valor da folga no manual de serviço do veículo. 6. Selecionar a lâmina adequada. Por exemplo, se a folga for de 0,22 mm, separar a lâmina 0,25 e a 0,20 mm. 7. Utilizar a lâmina de valor inferior ao valor de especificação: no caso, a lâmina 0,20 mm. 8. Apertar o fuso ajustador até que este se encoste à lâmina (sem pressão). 9. Aplicar o torque na contraporca, mantendo o fuso ajustador na posição. 10. Utilizar a lâmina de maior valor para verificar a folga: ela não deve passar. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 23 – Inspeção de folga de válvulas. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 41 Regulagem de válvulas para motores sem balancim Alguns veículos comerciais leves utilizam motores com sistema de folga de válvulas ajustado por pastilhas. Como esses modelos de motores não utilizam balancins, o acionamento das válvulas se faz diretamente através do comando de válvulas. Entre a haste da válvula e o came do comando, existe um dispositivo de ajuste formado por um tucho (copinho) e uma pastilha. Calço Acionador da válvula Folga Comando de válvulas An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 24 – Folga da válvula. Para esse ajuste, é necessário utilizar um calibre de lâminas e ferramentas espe- ciais para a remoção e a instalação do comando de válvulas. Os procedimentos são: 1. Colocar o pistão do primeiro cilindro em PMS em fase de combustão. 2. Certificar-se de que o motor esteja frio (abaixo de 40°C). 3. Verificar qual cilindro ficou com as válvulas livres (geralmente é o oposto). 4. Medir a folga das válvulas do cilindro que estão livres. 42 MOTOR CICLO DIESEL An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 25 – Ajuste da folga da válvula. 5. Girar o motor até que outro cilindro livre suas válvulas (esse procedimento varia se o motor for de dois ou quatro cilindros opostos). 6. Medir a folga das válvulas deste novo cilindro. 7. Quando terminar a medição de todos os cilindros, anotar os valores encon- trados em uma planilha, conforme o modelo a seguir: 1o cilindro 2o cilindro 3o cilindro 4o cilindro Folga encontrada 8. Remover o comando de válvulas e o conjunto tucho/pastilha. Atenção Não misturar as peças. 9. Medir cada pastilha separadamente, de acordo com seu cilindro, e anotar na planilha. 1o cilindro 2o cilindro 3o cilindro 4o cilindro Espessura do calço usado 10. Verificar o valor do limite de folga de válvulas no manual de serviço do veículo. 11. Fazer o cálculo a seguir para seleção de uma nova pastilha: A = (B–C)+D Onde: A = pastilha nova; B = folga medida; MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 43 C = folga correta; D = pastilha antiga. 1o cilindro 2o cilindro 3o cilindro 4o cilindro Folga encontrada Espessura do calço usado Especificação — limite de folga Valor do novo calço Exemplo Folga medida = 0,08 mm; Valor da espessura da válvula antiga = 1,40 mm; Especificação de limite da folga (manual de reparação) = 0,18 mm. A = (0,08 – 0,18) + 1,40 ⇒ A = (–0,10) + 1,40 ⇒ A = 1,40 – 0,10 ⇒ A = 1,30 mm Face de assentamento do cabeçote A face tem como característica ser usinada uniformemente a fim de permitir a vedação da parte superior com a parte inferior do motor. Parafuso do cabeçote O parafuso do cabeçote tem a função de manter a união entre o cabeçote e o motor. Ele deve suportar a pressão exercida na câmara de combustão e também a dilatação do motor, provocada pelo aumento da temperatura deste. Apesar de aparentemente parecer um parafuso comum, esse componente requer alguns cuidados: • Leia o manual de reparação do fabricante do motor quando for removido o cabeçote. Em alguns modelos, é necessário substituir esses parafusos a cada desmontagem. • Verifique as especificações de torque e torção contidas na cabeça do parafuso sempre que este for substituído. Não se pode comprar novos parafusos 44 MOTOR CICLO DIESEL veri ficando-se somente seu diâmetro, sua rosca e seu comprimento. Observe sua “classificação de resistência”. • No caso de manter o mesmo parafuso, meça seu comprimento e verifique se está de acordo com o indicado no manual de reparação. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 26 – Inspeção do comprimento do parafuso do cabeçote. • O torque de força e angular deve ser efetuado de forma precisa, de acordo com a especificação contida no manual de reparação. Um torque inferior pode provocar vazamento de compressão do cilindro, vazamento de óleo lubri- ficante ou do líquido de arrefecimento. Já um torque excessivo pode tanto provocar um alongamento residual no parafuso quanto ultrapassar o limite de fluência no pescoço do parafuso (deformação permanente em função de uma tensão constante). Observação A aplicação de um torque no parafuso deve ser realizada de uma só vez. Em caso de uma parada no meio desse torque, no momento de retomar deverá ser rompido o estado de inércia, dando uma sensação de que o torque já foi completado. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 45 Bloco do motor e cilindro Bloco do motor Construção An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 27 – Bloco do motor. Em diferentes rotações, o motor de combustão interna funciona melhor quando possui diversos cilindros pequenos do que quando é dotado de um só cilindro. Os cilindros são agrupados de diversas maneiras, constituindo o bloco do motor. Os cilindros podem ser usinados diretamente no bloco de ferro fundido, melho- rado com a adição de outros metais. Entretanto, quando os cilindros são feitos separadamente, em forma de camisas, o bloco funciona apenas como um suporte para essas camisas, podendo ser confeccionado de ferro fundido comum. Antes de ser usinado, o bloco é tratado por um processo térmico, afim de que haja a acomodação das moléculas, evitando-se assim eventuais torções e empenamento. É comum o alumínio e suas ligas serem utilizados para a fabricação do bloco de cilindros, ficando o ferro fundido restrito à fabricação das camisas. Isso ocorre porque o alumínio apresenta fácil usinagem, pouco peso e boa condução de calor, enquanto o ferro fundido apresenta excelentes qualidades de autolubrificação, em virtude do grafite existente em sua composição. 46 MOTOR CICLO DIESEL As superfícies superior e inferior são usinadas para obterem uma vedação her- mética, como também as partes em que se apoiam as árvores de manivelas e de comando, que necessitam de um perfeito alinhamento para seu funcionamento. Suas paredes são pouco espessas e reforçadas com nervuras, proporcionando-lhe, ao mesmo tempo, baixo peso e grande resistência. As capas dos mancais dos munhões são de aço forjado e fixadas ao bloco por meio de parafusos. Os canais de óleo e de fluido de arrefecimento são vedados pela junta do cabeçote que fica instalada entre as superfícies de contato do bloco e do cabeçote. Nas extremidades do bloco são alojadas as engrenagens do sistema de distribuição, assim como o volante do motor. Partes do bloco do motor O bloco de motor possui as seguintes partes: • cilindros; • mancais das árvores de manivelas e de comando de válvulas; • dutos de lubrificação – canais de arrefecimento. Canais de lubrificação e de arrefecimento Mancal da árvore de manivelas Mancal da árvore de comando de válvulas Cilindro An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 28 – Partes do bloco do motor. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 47 Os cilindros alojam os êmbolos e permitem seu movimento retilíneo alternado. Quando removíveis do bloco, chamam-se camisas úmidas, se têm contato direto com o líquido de arrefecimento, ou secas, quando esse contato é indireto. A operação de acoplamento, ou encaixe por pressão, da camisa no bloco do motor chama-se encamisamento. As camisas podem ser retificadas até certa tolerância, passando a receber êmbolos e anéis sob medida. Fora dessa tolerância, as camisas devem ser substituídas. O conjunto de camisas para substituição encontra-se disponível na forma de kits. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 29 – Conjunto de camisas. Tipos de blocos Os blocos podem ser dos seguintes tipos: • Blocos com camisas secas Blocos desse tipo utilizam cilindros que não têm contato direto com o líquido de arrefecimento. Esses cilindros são instalados sob interferência no bloco. 48 MOTOR CICLO DIESEL Cilindro Bloco do motor Líquido de arrefecimento An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 30 – Bloco com camisas secas. • Bloco com camisas úmidas Neste modelo, os cilindros ficam em contato com o líquido de arrefecimento. Por isso se fazem necessários anéis (o’rings) de vedação nos dois extremos do cilindro para vedação. Eles são montados sem interferência. Cilindro Líquido de arrefecimento Bloco do motor Anéis o’rings de vedação An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 31 – Bloco com camisas úmidas. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 49 • Bloco de liga de alumínio An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 32 – Bloco de liga de alumínio. Geralmente, os blocos de ferro fundido são usados em motores arrefecidos por líquido de arrefecimento. Vantagens e desvantagens Confira no Quadro 1 as vantagens e as desvantagens de cada tipo de bloco. Quadro 1 – Vantagens e desvantagens dos tipos de bloco Bloco de camisa seca Vantagem Desvantagem Evita os riscos de descontinuidade, sob o ponto de vista térmico, entre os cilindros e o bloco. Mantém a rigidez e não apresenta problemas de estanqueidade. Não permite a troca dos cilindros. Quando estes apresentam desgaste, é necessário retificá-los, deixando-os sobremedida. (continua) 50 MOTOR CICLO DIESEL Bloco de camisa úmida Pode ser recuperado trocando-se as camisas para devolver a medida original aos cilindros. Apresenta ótimas condições de refrigeração, porque as camisas estão em contato direto com a água. Apresenta menor dilatação, já que as camisas não transmitem cargas excessivas. Instalação relativamente fácil. Permite a utilização de materiais diferentes na fabricação das camisas, deixando-as com características vantajosas sobre o bloco. Há pouca rigidez do bloco e é necessário dar uma cuidadosa usinagem nos alojamentos da camisa para alcançar uma estanqueidade perfeita. Cilindro O cilindro é o componente no qual o êmbolo fica montado internamente e, através da combustão da mistura ar/combustível, permite a execução do trabalho necessário para a movimentação da árvore de manivelas. O diâmetro interno do cilindro e o curso do pistão definem o volume (cilindrada) do motor. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 33 – Cilindro do motor. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 51 Características construtivas do cilindro O material utilizado para a construção de um cilindro varia de acordo com a aplicação do motor, bem como com seu sistema de arrefecimento. É possível encontrar cilindros com três tipos de materiais: Cast iron (castiado) Uma só peça. Neste modelo, é possível fazer retíficas no próprio cilindro. Sua grande vantagem é o custo de fabricação, porém apresenta o problema de ser muito pesado. Alumínio com camisas fabricadas em aço Também é possível executar retíficas. É mais leve e oferece melhor transferência de calor que o castiado. Caso necessário, pode-se substituir somente a camisa, aproveitando-se o mesmo bloco. Alumínio banhado É um bloco de alumínio que recebe um banho de material metálico mais duro de aproximadamente 0,012 mm de espessura. Nesse caso, não é possível fazer retí- fica. Ele oferece melhor transferência de calor. Esse tipo de tratamento também é conhecido como NikaSIl, cromo duro, eletrofusão ou composto Boron. Brunimento É o nome dado ao acabamento do diâmetro interno dos cilindros. Feito com pe- dras brunidoras, o brunimento são ângulos formados pelo cruzamento dos sulcos. Tem grande importância nas características e vida útil do motor, além de pro- porcionar um pequeno período de amaciamento. Conforme a rugosidade especificada, o brunimento tem a função de: • vedação; • controle de consumo do lubrificante; • dissipação de calor entre anéis e camisa. 52 MOTOR CICLO DIESEL Os riscos de brunimento são de 90° a 120°. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 34 – Brunimento. Procedimentos de inspeção e manutenção dos cilindros Medir o diâmetro interno dos cilindros, verificando também sua ovalização e conicidade. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 35 – Inspeção de ovalização e conicidade. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 53 Êmbolo An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 36 – Êmbolo. Função do êmbolo Agindo como um fundo móvel dentro do cilindro, o êmbolo recebe a força ocasionada pela queima do combustível e transfere-a, através da biela, para a árvore de manivelas. Funcionamento do êmbolo O êmbolo é acionado nos quatro tempos do motor: admite e comprime o ar, recebe o impulso provocado pela expansão dos gases, após a combustão, e expulsa os gases queimados para o exterior. Para deslizar livremente no interior do cilindro e para ter arrefecimento rápido, o êmbolo deve ter baixo coefi ciente de dilatação e alta condutibilidade, razão pela qual o material mais comumente usado na sua fabricação é uma liga de metais leves. Características construtivas do êmbolo O êmbolo apresenta as seguintes características construtivas: 54 MOTOR CICLO DIESEL Zona de fogo (cabeça do êmbolo) An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 37 – Zona de fogo do êmbolo. Os tratamentos superficiais dos pistões oferecem uma proteção adicional que reduz o atrito do êmbolo no cilindro. Além disso, simultaneamente melhoram a capacidade do êmbolo em evitar desgaste excessivo, trazendo como principal benefício a diminuiçãodas folgas, dos ruídos, das vibrações e do atrito. Vários tipos de combinações de tratamentos superficiais podem ser realizados, melho- rando a performance do motor, como estanhagem, fosfatização e anodização. A anodização no topo ou na primeira canaleta é um tipo de tratamento superficial que possui funções contra desgaste e de prevenção de trincas. Os pistões de alumínio oferecem confiabilidade com opção de serem leves e possuírem capacidade de resistência às pressões em motores ciclo Diesel de alto desempenho. A introdução das ligas avançadas de alumínio permitiu que as cargas térmicas e mecânicas pudessem ser aumentadas, adicionando a utilização das galerias de refrigeração. Saia A saia tem como função evitar o deslocamento lateral do pistão. As saias começam quando terminam as canaletas dos anéis. São lisas e sem cortes, mas têm o in- conveniente de apresentar maior dilatação, exigindo maior folga entre cada uma delas e a parede do cilindro. Para diminuir essas folgas, as saias são dotadas de fendas que podem estar ao seu redor ou longitudinais. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 55 An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 38 – Saia do êmbolo. Materiais utilizados na fabricação dos pistões Os materiais utilizados na fabricação dos pistões são os relacionados a seguir: • Cast (casteado): a liga de alumínio é derretida e despejada em uma forma. Depois de esfriada, recebe um retoque para que chegue às suas dimensões finais. Sua dilatação varia muito pouco de acordo com temperatura. • Forget (forjado): uma barra de liga de alumínio é prensada dentro de uma forma até que se tome o formato de um pistão. Embora muito mais forte do que o pistão casteado, tende a se expandir mais, o que exige uma folga maior em relação ao cilindro. Componentes do êmbolo Pino do êmbolo An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 39 – Pino do êmbolo. 56 MOTOR CICLO DIESEL O pino do êmbolo tem a função de transmitir para a árvore de manivelas, através da biela, a força provocada pelos movimentos alternados do êmbolo. É uma peça sujeita a grandes esforços. Se for oca, seu peso será sensivelmente reduzido, minimizando a força da inércia causada pelos movimentos do êmbolo. O pino do êmbolo deve ser resistente a altas temperaturas. Em muitos motores, são projetados pistões com os furos para pinos deslocados lateralmente em relação ao eixo de simetria do êmbolo. Essa descentralização pode ser feita tanto no sentido da superfície de maior pressão como no sentido daquela de menor pressão, conforme o efeito que se queira tirar. Assim, o deslocamento do furo para o pino, para o lado de maior pressão, evita as ba- tidas da saia, provocando um funcionamento mais silencioso do motor. Esses ruídos não eram importantes no passado, quando havia muitas outras fontes de barulho. Tratamento térmico dos pinos do êmbolo Em virtude do tipo de trabalho que realiza, um pino de êmbolo deve apresentar uma superfície dura, para resistir ao desgaste superficial, e um núcleo flexível (dúctil), para que não fique frágil e possa acomodar-se, resistindo às deformações elásticas impostas no funcionamento do motor. São feitos três tratamentos térmicos nos pinos: • cementação; • têmpera; • revenimento. Anéis do êmbolo An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 40 – Anéis do êmbolo. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 57 Função dos anéis do êmbolo A função dos anéis de compressão é vedar, em dois sentidos, tanto a pressão da compressão como a passagem de óleo lubrificante para a câmara de combus- tão, com a ajuda do próprio lubrificante. No geral, os anéis cumprem funções básicas como vedação de compressão, controle de lubrificante nas camisas e dissipação do calor entre pistão e camisa. Características construtivas dos anéis do êmbolo Os anéis do êmbolo são construídos para se adaptar às pequenas variações que, dentro de certos limites, ocorrem nas medidas do êmbolo. Com o funcionamento do motor carregado, os anéis sofrem uma torção, prevista no projeto dos anéis. Por isso, funcionar o motor em marcha lenta ou com pouca carga provoca o desgaste prematuro do conjunto anéis/camisa, por conta do mau acomodamento dos anéis. O primeiro anel de compressão é feito de uma liga de ferro fundido revestido com cromo, oferecendo maior resistência ao desgaste e ao calor. Ele tem a fun- ção de vedação da câmara de combustão e de efetuar a troca de calor absorvida pelo êmbolo. Já o segundo anel, chamado de “anel raspador” ou “napier”, tem a função de ras- par o excesso de óleo, e também efetuar a troca de calor. Assim como o primeiro, o segundo anel de compressão é feito de uma liga de ferro fundido revestido com cromo, mas somente na face de contato com a parede do cilindro. O anel de óleo também é de liga de ferro fundido com algumas aberturas feitas para acumular o óleo. Sua função é controlar a lubrificação das paredes do cilin- dro, do êmbolo e dos anéis. Revestimentos de face de anel Revestimentos especiais podem ser aplicados às faces dos anéis do pistão para aumentar a durabilidade e evitar a formação de marcas de engripamento. Revesti- mentos de cromo ou revestimentos aspergidos por plasma de materiais cerâmicos ou metálicos são usados para esse propósito. 58 MOTOR CICLO DIESEL Tipos de perfis de anéis do êmbolo Quadro 2 – Tipos de perfis de anéis Anéis de compressão Anel retangular com superfície de trabalho cilíndrica (anel R) Anel retangular com superfície de trabalho cônico Anel raspador de óleo Anel de óleo com rasgos e mola helicoidal (anel SSF) Procedimentos de inspeção e manutenção do êmbolo Para fazer a inspeção e manutenção do êmbolo, os seguintes procedimentos devem ser seguidos: 1. Fazer uma inspeção visual no êmbolo e verificar desgastes visíveis, riscos ou trincas aparentes. 2. Medir o diâmetro da saia do êmbolo comparando a medida com a especificação do manual de serviço e verificar a folga existente entre o êmbolo e o cilindro. Gu st av o Lo ur en çã o Figura 41 – Inspeção do diâmetro da saia do êmbolo. Inspeção do diâmetro do pino Com um micrômetro, medir o diâmetro do pino e verificar se o valor encontrado está de acordo com a especificação de tolerância do fabricante. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 59 Gu st av o Lo ur en çã o Figura 42 – Inspeção do diâmetro do pino do êmbolo. Folga entre pontas do anel Utilizando uma lâmina de inspeção, verificar a folga existente entre as pontas dos anéis. Uma folga excessiva indica desgaste do anel, o que pode provocar perda de compressão e excesso de fumaça pelo escapamento. Gu st av o Lo ur en çã o Figura 43 – Inspeção da folga entre pontas do anel. 60 MOTOR CICLO DIESEL Folga entre anel e canaleta Verificar a folga entre os anéis e canaleta do pistão utilizando uma lâmina de inspeção. Uma folga acima do especificado no manual de reparação pode pro- vocar a quebra do anel. Gu st av o Lo ur en çã o Figura 44 – Inspeção da folga entre anel e canaleta do êmbolo. Montagem dos anéis A fim de garantir a compressão correta na câmara de combustão e que não suba óleo lubrificante para a câmara, cada anel deve ser posicionado corretamente no pistão na hora da instalação no cilindro do motor. As posições corretas de instalação de cada anel são mostradas nas imagens a seguir. 120º 45º Anel de compressão superior Anel de compressão inferior Anel de controle de óleo superior Anel de controle de óleo inferior Figura 45 – Posição de montagem dos anéis. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 61 Atenção Os anéis de segmento têm perfis assimétricos. Por isso, sempre os instale no pistão com a marca TOP virada para cima. Gu st av o Lo ur en çã o Figura 46 – Marca TOP no anel de segmento. Biela É o elemento do motor que se encarrega de converter o movimento alternativo retilíneo do êmbolo em movimento circular contínuo da árvore de manivelas. Tipos de bielas utilizados em motores Nos motores ciclo Diesel podemos encontrarbielas com tipos diferentes de cabeças: • pela forma do corpo que pode ter a seção em “I” ou tubular; • pelo tipo de união da capa da biela, que pode ser oblíqua, reta ou articulada. 62 MOTOR CICLO DIESEL Gu st av o Lo ur en çã o Figura 47 – Biela com cabeça reta e oblíqua. Observação A união oblíqua da cabeça da biela é usada como solução para reduzir o tamanho da cabeça e permitir a sua passagem pelo interior da camisa. Dessa maneira, retira-se a parte superior do motor. Características construtivas da biela As bielas são fabricadas em aço especial e podem receber tratamentos especiais. A determinação do entrecentros é realizada com grande precisão. Para facilitar a lubrificação do pino e de sua bucha, são usadas duas formas: • perfuração desde a cabeça até o pé; • perfuração de um lado da cabeça, de maneira que fique orientada para o ponto que deve lubrificar. A biela é composta por: • Cabeça: é a parte da biela que se fixa ao moente da árvore de manivelas. • Corpo: constitui a parte média da biela. • Pé: é a parte da biela que se liga ao êmbolo por intermédio do pino do êmbolo. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 63 An to ni o Ci ril o de S ou za Pé Corpo Cabeça Figura 48 – Partes da biela. Existe ainda uma nova tecnologia denominada biela fraturada que consiste em “quebrar” a biela para formar a capa. Nestes modelos de biela, as capas ficam assentadas em seu corpo e, assim, não é possível o intercâmbio eles elas. Procedimento de inspeção e manutenção da biela Sua manutenção é feita apenas no recondicionamento do motor, quando se deve inspecionar se há empenos do corpo da biela e desgastes acentuados na bucha e na cabeça da biela. Árvore de manivelas É o eixo do motor responsável pela transformação do movimento retilíneo do êmbolo em movimento rotativo (princípio da manivela). 64 MOTOR CICLO DIESEL An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 49 – Árvore de manivelas. Partes das árvores de manivelas A árvore de manivelas é formada por: Contrapesos Munhão Moente Furos de balanceamento An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 50 – Partes da árvore de manivelas. • Munhões: colos fixos. São os pontos de apoio da árvore na carcaça do motor. Um dos munhões serve de apoio ao deslocamento axial (longitudinal) da árvore de manivelas. • Moentes: colos móveis, nos quais trabalham as bielas. • Contrapesos: têm a função de manter o eixo da árvore balanceado. • Furos de balanceamento. Características construtivas das árvores de manivelas As árvores de manivelas são construídas com aço forjado de grande resistência. Na sua composição entram o níquel, o cromo, o molibdênio, o magnésio e o silício. Os munhões e moentes recebem tratamento térmico (cementação) para adquirirem MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 65 maior dureza. Quando seu tamanho permite, a árvore de manivelas é perfurada internamente, para facilitar a lubrificação dos munhões e moentes. Procedimentos de inspeção e manutenção das árvores de manivelas Vistorie a árvore de manivela sempre que for removida ou quando o motor apresentar barulhos anormais. É preciso inspecionar: • o diâmetro, a ovalização e a conicidade dos munhões e moentes; An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 51 – Inspeção do diâmetro, da ovalização e da conicidade do moente e do munhão. • raios de concordância dos munhões e moentes. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 52 – Inspeção do raio de concordância do moente e o munhão. 66 MOTOR CICLO DIESEL Bronzinas São peças que vão intercaladas entre os eixos e os apoios dos mancais móveis e fixos para ajudar e reduzir o atrito, permitindo melhorar a eficiência dos motores e prolongar sua vida útil. Localização das bronzinas As bronzinas se intercalam entre os seguintes elementos: • árvore de manivelas e alojamento dos mancais (bronzina de mancal); • árvore de manivelas e biela (bronzina de biela). Características construtivas das bronzinas A bronzina é composta de quatro camadas com diferentes materiais. Camada de cobre e chumbo Capa de aço Camada superficial metal branco Barreira de níquel Figura 53 – Camadas da bronzina. Camada superficial A superfície das bronzinas exposta aos efeitos do movimento está recoberta por uma liga de metal mole chamada metal antifricção. O metal antifricção possui boas características de deslizamento, e seu ponto de fusão é muito mais baixo que os metais das outras camadas. Tem ainda um alto índice de resistência à fadiga, o que lhe permite longa vida. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 67 A liga que compõe o metal antifricção varia de acordo com o tipo e com as características do motor a que se destina. As mais empregadas são feitas à base de alumínio, cobre e chumbo. Tolerâncias A bronzina é uma peça de grande precisão, e as tolerâncias de fabricação devem ser mantidas dentro de milésimos de milímetros. Pressão radial Geralmente a bronzina permanece fixa, com toda sua superfície de apoio em contato com o alojamento, para permitir a dissipação do calor. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 54 – Pressão radial da bronzina. Cada semicírculo da bronzina é um pouco maior que uma circunferência, de modo que, ao colocá-los em seu apoio, estes se sobressaiam ligeiramente. Isso é necessário para permitir uma pressão radial entre o casquilho e o alojamento, quando for montado o conjunto. 68 MOTOR CICLO DIESEL An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 55 – Sobressalência da bronzina. Ressalto de localização O ressalto de localização permite montar o casquilho na sua posição correta. Normalmente, o ressalto se projeta para fora da linha de separação das bronzinas e se encaixa perfeitamente em seu alojamento. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 56 – Ressalto de localização da bronzina. Ranhuras de lubrificação As ranhuras de lubrificação servem para distribuir o óleo lubrificante, em forma de película, sobre toda a superfície de contato do casquilho com o eixo. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 57 – Ranhuras de lubrificação. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 69 Procedimentos de inspeção e manutenção das bronzinas Deve-se inspecionar tanto as bronzinas como os munhões e os moentes visual- mente. É necessário verificar se não há riscos, desgastes ou mudança de colora- ção em decorrência da falta de lubrificação (bronzina azulada). Além disso, os seguintes procedimentos são recomendados: 1. Colocar um pedaço de plastigage na face do moente (ou mancal). An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 58 – Plastigage. 2. Montar a biela junto com as bronzinas e aplicar o torque especificado no manual de serviços. An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 59 – Torque da biela para inspeção de folga. 3. Remover a biela com cuidado, sem girá-la sobre o moente, e medir o amas- samento do plastigage utilizando a própria régua do produto. 70 MOTOR CICLO DIESEL An to ni o Ci ril o de S ou za Figura 60 – Verificação do esmagamento do plastigage. 4. O valor de amassamento encontrado refere-se ao valor da folga existente entre o moente e a bronzina. Observação É recomendado comparar sempre os valores encontrados com os valo- res especificados no manual de reparação do veículo. Caso o valor esteja fora do especificado, deve-se substituir as bronzinas e, caso necessário, executar uma retífica na árvore de manivelas. Outra forma de inspeção do desgaste da bronzina é comparar as medições de diâmetro dos munhões e moentes com as medidas internas da bronzina e dos mancais do bloco. Para efetuar essas medidas, primeiro deve-se mon- tar as bronzinas nos seus respectivos locais e aplicar o torque especificado. Na montagem da árvore de manivelas, sempre “olear” as bronzinas antes de aplicar o torque definitivo. Isso evitará um desgaste do material no primeiro giro do motor. Volante do motor Função do volante O volante é um componente caracterizado por ser muito pesado. É projetadopara executar três funções importantes: 1. armazenar a energia proveniente da combustão, suprindo os intervalos nos quais não se produz energia através da sua inércia; 2. conduzir força à transmissão com auxílio da embreagem acoplada na sua face; MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 71 3. permitir a partida inicial do motor através da cremalheira. Volante do motor Figura 61 – Volante do motor. Quanto maior for o número de cilindros, menor será o peso do volante. Em alguns motores, com grande quantidade de cilindros, o volante pode ser dispen- sado, porque possui uma regularidade da marcha favorecida pela superposição de impulsos motores. Construção São fabricados de aço forjado, laminado ou fundido. O seu peso é calculado de acordo com o número de cilindros e a aplicação que o motor vai ter. Geralmente, o volante vem balanceado dinâmica e estaticamente com o conjunto móvel do motor. Condições de uso Para que o volante trabalhe satisfatoriamente, deve reunir certas condições de uso: 1. a superfície de fricção deve estar completamente lisa; 2. a coroa dentada e o apoio da árvore primária devem estar em boas condições. O alinhamento deve ser comprovado porque um volante desalinhado por defeito de montagem produz vibrações e desgastes prematuros dos mancais e das peças móveis. Partes do volante O volante é constituído das seguintes partes: 72 MOTOR CICLO DIESEL Superfície de fricção Superfície de encosto Coroa dentada Figura 62 – Partes do volante do motor. 1. Superfície de fricção: é uma superfície completamente lisa, na qual geral- mente fica alojado o conjunto de embreagem. 2. Coroa dentada (cremalheira): é um anel com dentes na parte externa, utilizado para pôr o motor em movimento. 3. Superfície de encosto: é a parte que se apoia na árvore de manivelas e pode ser unida por meio de parafusos ou mediante uma extremidade cônica (motores antigos). Em alguns casos, quando a união é feita por parafusos, os furos estão distribuídos de tal maneira que o volante tem uma só posição de montagem. Em alguns motores, o volante leva as marcas de referência que servem de guia para sincronizar o motor. Volante de dupla inércia Através de um sistema de molas de amortecimento integradas, esse tipo de volante de motor tem a característica de reduzir as vibrações e os ruídos do sistema motor-propulsor. Amortecedor de vibrações (damper) O amortecedor de vibrações é uma peça que se encontra acoplada na parte dianteira da árvore de manivelas, formando um sistema com a polia. Tem por finalidade reduzir a influência das vibrações torcionais que se apresentam em consequência das combustões sucessivas. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 73 Quanto mais comprida for a árvore de manivelas, maior será o ponto crítico das vibrações. Para o caso da necessidade de motores de grande potência, foram construídos motores radiais e em “V”, com o objetivo de torná-los mais compactos, e uma árvore de manivelas mais curta. Assim, os amortecedores de vibrações são mais utilizados em motores em linha. Tipos de amortecedores de vibrações Pela sua construção, podemos classificar os amortecedores em três tipos: 1. Mecânicos: compostos de dois discos de metal, separados por certo número de molas, que provocam o arrastamento do conjunto por atrito. Quando a rotação está uniforme e regular, não há deslizamento entre as peças que estão sob os efeitos das molas. No entanto, quando surgem vibrações torcionais na extremidade da árvore de manivelas, os discos tendem a deslizar no sentido contrário da rotação. Porém, o peso reduzido e o atrito reduzem o movimento e isso, contrariando as vibrações, anula o seu efeito. 2. Elásticos: constituídos de uma bucha de borracha vulcanizada ou neoprene entre duas de metal. A interna forma o cubo, e a externa, a polia. Esse sistema é um dos mais simples e nele a força torcional é absorvida pela bucha da borracha. 3. Hidromecânicos: apresentam uma polia com um anel de aço fechado herme ti- camente, dentro do qual vai um pesado aro. O espaço entre o anel e o aro é preenchido por um líquido espesso e viscoso chamado silicon fluido, o que permite trabalhar sob as mais diversas temperaturas. A carcaça está montada diretamente na árvore de ma- nivelas e acompanha todos os movimentos desta; um anel de aço, que está solto no interior da carcaça, gira na mesma velocidade em virtude da inércia. Quando há vibra- ções torcionais na árvore de manivelas, é criada uma diferença de velocidade entre o anel e a carcaça, e a resistência oferecida pelo líquido serve para igualar as velocidades. Como a carcaça está unida à árvore de manivelas, esse nivelamento de rotação amor- tece as vibrações, evitando a quebra ou torção de toda a árvore de manivelas e o dese- quilíbrio do funcionamento do motor. A ação amortecedora se produz porque a inércia do aro, para seguir as vibrações da polia com o anel, freia estas, graças à viscosidade elástica do líquido. À medida que a velocidade aumenta, por força centrífuga, o líquido se concentra nos bordos e torna mais firme e seguro o enlace elástico, freando com mais energia as vibrações e protegendo a árvore de manivelas contra rupturas. 74 MOTOR CICLO DIESEL Compensador de massas Os compensadores de massa são os elementos componentes do motor que têm a função de neutralizar a força de trepidação vertical que tende a sacudir o motor para cima e para baixo. Permitem dessa maneira um funcionamento mais suave do motor. O balanceador neutraliza a força de trepidação vertical do motor e não deve ser confundido com o amortecedor compensador de vibrações torcionais ou de torção da árvore de manivelas. Para neutralizar ou equilibrar essa força de trepi- dação vertical, uma força igual deve ser aplicada na direção oposta. Isso é obtido através do uso de balanceadores acionados por engrenagens. Quando dois êmbolos quaisquer estão no PMS, as massas dos contrapesos dos eixos estão embaixo. Nos motores em “V” de 60°, são utilizados balanceadores excêntricos, uma vez que seu centro de gravidade não está sobre a linha central do eixo. Figura 63 – Compensador de massa. Funcionamento Contrapesos ou eixos desbalanceados girando em direções opostas e com o dobro da rotação do motor introduzem força igual e oposta à força de trepidação vertical. Eles exercem força para baixo toda vez que dois êmbolos estão no PMS. As marcas de sincronização nas engrenagens asseguram uma sincronização correta, de modo que as porções dos contrapesos das engrenagens ou eixos fiquem embaixo quando dois êmbolos quaisquer estiverem no PMS. 3. Sistema de alimentação do motor de combustão interna ciclo Diesel Sistema de alimentação de ar Sistema de combustível Para que o motor de combustão interna funcione, é necessário que haja a com- binação de três elementos na proporção adequada: Ar Com bustível Calor Figura 1 – Triângulo do fogo. Nos motores de combustão interna, o oxigênio vem do ar atmosférico, e o com- bustível pode ser líquido ou gasoso. Sistema de alimentação de ar No sistema de alimentação de ar no tempo de admissão, o pistão desce aspirando ar do meio ambiente e preenche o cilindro. A trajetória do ar e o que acontece com ele antes de chegar ao cilindro dependem do sistema de admissão dos motores, que podem ser: 76 SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DO MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA CICLO DIESEL • admissão natural; • turboalimentados; • turboalimentados com intercooler (pós-resfriador). Seja qual for o sistema, o primeiro processo que ocorre com o ar admitido é sua purificação. Nos motores para caminhões e ônibus, o ar entra através de um pré-purificador que, por ação centrífuga, separa as impurezas mais pesadas do ar, eliminando-as pelo tubo de escape. Depois dessa operação, o ar passa pelo filtro composto de dois elementos – o principal de papel e outro de segurança, de lã compactada. Esse sistema propor- ciona excelente eficiência de filtragem, pois, mesmo em caso de falha do elemento principal, asimpurezas são retidas pelo de segurança, garantindo longa vida útil ao motor. Do filtro, o ar segue pela tubulação de admissão (coletor), que o direciona para o cilindro. Elemento principal Elemento de segurança Indicador de restrição Filtro de segurança Filtro principal Depósito de impurezas Ar filtrado Ar sujo Figura 2 – Sistema de alimentação do ar. Admissão natural Nos motores de admissão natural, o ar vai diretamente do filtro para o cilindro, aspirado pelo pistão. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 77 Coletor de admissão Coletor de escape Entrada de ar Entrada de ar Figura 3 – Admissão natural de ar. A potência do motor é limitada pela quantidade de combustível queimado. Por sua vez, a quantidade de combustível depende da massa de ar no interior do cilindro, na medida em que, se for injetado mais combustível sem aumentar proporcionalmente a quantidade de ar, não haverá oxigênio suficiente para a queima, e o combustível será desperdiçado em forma de fumaça preta. Por isso, para aumentar a potência do motor, além de combustível, é preciso também maior quantidade de ar no cilindro, para comprimir o ar admitido. Sistema turboalimentador Nesse sistema, após ter sido purificado, o ar é comprimido para aumentar sua massa no interior do cilindro, possibilitando maior injeção de combustível e, consequentemente, aumentando a potência do motor. Com turboalimentador Sem turboalimentador Figura 4 – Sistema turboalimentador. 78 SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DO MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA CICLO DIESEL O componente responsável por essa operação é o turbocompressor, ou tur- boalimentador. Quando foi idealizado, ele era acionado por correias. Atual- mente, a energia antes desperdiçada dos gases de escape é utilizada para seu acionamento. O turboalimentador é composto de três partes principais: • turbina; • carcaça de mancais; • compressor. A turbina e o compressor – um de cada lado da carcaça – estão montados em um eixo comum, que gira sobre mancais flutuantes. Os gases de escape resul- tantes da combustão, antes de serem lançados na atmosfera, acionam a turbina e, consequentemente, o compressor, que, por sua vez, aspira e comprime o ar, canalizando-o pelo coletor de admissão para finalmente atingir os cilindros. Impressor Turbina Saída dos gases de escape Gases de escape Ar comprimido Filtro de ar Entrada de ar Figura 5 – Sistema com turbocompressor. O turboalimentador trabalha a altas rotações, podendo chegar a cerca de 200.000 RPM. Por isso, necessita de lubrificação eficiente desde o início de seu funcio- namento. A lubrificação e o arrefecimento do turboalimentador são feitos pelo óleo lubrificante do motor. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 79 Saída dos gases de escape Canal de lubrificação Turbina Rotor de saída Entrada dos gases de escape Entrada de ar Saída de ar Compressor Rotor de entrada Mancais Figura 6 – Lubrificação da turbina. Intercooler Ao ser comprimido pelo turboalimentador, o ar aumenta de temperatura e sofre expansão. Isso significa que ainda há possibilidade de aumentar a massa de ar no interior do cilindro, se for possível resfriá-lo. É isso o que realiza o sistema de admissão de ar turboalimentado com intercooler. Escape Escape AdmissãoAdmissão Turbo alimentado Turbo alimentado com intercooler Figura 7 – Sistema de admissão de ar turboalimentado com intercooler. Após comprimido, o ar passa por um radiador no qual é resfriado, tornando-se mais denso. Assim, maior massa de ar é admitida no cilindro e mais combustível pode ser injetado, possibilitando aumentar a potência do motor. 80 SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DO MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA CICLO DIESEL A troca de calor ocorre entre o ar quente, comprimido pelo turboalimentador, e o ar externo, frio, que passa pelo radiador. Desse modo, o intercooler reduz a temperatura do ar de admissão de 150°C para 100°C aproximadamente. Radiador do intercooler Entrada de ar ambiente Gases de escapamento Rotor da turbina Saída de óleo Válvula de alívio (wastegate) Saída para o escapamento Fluxo de ar comprimido Entrada de óleo para o turbo Turbina Cilindro do motor Figura 8 – Resfriamento pelo sistema intercooler. Sistema de combustível Todo motor de combustão interna necessita de um combustível para provocar a explosão na câmara de combustão. O combustível é toda substância que, em determinada condição de temperatura e pressão, pode queimar, combinado com o oxigênio e gerando calor. Nos motores de combustão interna, o oxigênio vem do ar atmosférico e o com- bustível pode ser líquido ou gasoso. Petróleo O petróleo é uma substância oleosa, insolúvel na água e de coloração que varia entre pardo-escuro e negro. É encontrado no subsolo da crosta terrestre, tendo se formado há milhões de anos pela decomposição de animais e vegetais marinhos soterrados. MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 81 A gasolina, o óleo diesel e o gás natural são obtidos pela destilação fracionada do petróleo. Processo de destilação fracionada O petróleo é aquecido em um forno até uma temperatura que garanta a vaporização de todos os produtos a serem extraídos. À medida que o vapor sobe na coluna da torre de destilação fracionada, vai se condensando em níveis diferentes. Armazenamento de petróleo Fornalha Resíduos (parafina) Gasolina Querosene Óleo combustível Óleo lubrificante Gás Figura 9 – Processo de destilação fracionada. A unidade de craqueamento realiza um processo químico de quebra de molécula. É assim que se obtêm a gasolina e o óleo diesel. Óleo diesel comum É um óleo diesel mais simples. Não recebe nenhum tipo de aditivo e apresenta coloração incolor a amarelada. Tem teor de enxofre entre 500 e 1800 PPM (S500 e S1.800). Pode ser utilizado em qualquer veículo movido a óleo diesel e caracteriza-se por apresentar número de cetano de, no mínimo, 42. 82 SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DO MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA CICLO DIESEL Óleo diesel aditivado Difere do óleo diesel comum pela presença de aditivos com as seguintes funções: • manter o motor limpo, diminuindo os custos de manutenção; • evitar a formação de espuma durante o abastecimento, garantindo de forma mais adequada e ágil o total enchimento do tanque; • evitar a formação de ferrugem, aumentando a vida útil dos componentes de alimentação do motor (bomba e bicos injetores); • ajudar a separação de água/óleo diesel, mantendo a aparência do combustível límpida, isenta de turbidez. Óleo diesel S50 e S10 É um diesel com baixo teor de enxofre (10 PPM e 50 PPM). O primeiro passou a ser comercializado a partir de janeiro de 2012, para ser utilizado em veículos produzidos a partir dessa data conforme resolução no 403 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 2008. Esses modelos de veículo utilizam sistema de alimentação e de controle de emissões mais eficientes que os mais antigos, não podendo ser alimentados com diesel S500 ou S1.800. Já o diesel S50 foi substituído pelo modelo S10 a partir de janeiro de 2013. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustível (ANP), através da Resolução no 65, de 9 de dezembro de 2011, define que: Art. 2o Para efeitos desta resolução, os óleos diesel de uso rodo- viário classificam-se em: I – Óleo diesel “A”: combustível produzido por processos de refino de petróleo, centrais de matérias-primas petroquímicas, ou autorizado nos termos do § 1o do art. 1o desta resolução, destinado a veículos dotados de motores do ciclo Diesel, de uso rodoviário, sem adição de biodiesel; MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA: CICLO DIESEL 83 II – Óleo diesel “B”: óleo diesel A adicionado de biodiesel no teor estabelecido pela legislação vigente. Art. 3o Fica estabelecido, para efeitos desta resolução, que os óleos diesel “A” e “B” deverão apresentar as seguintes nomen- claturas, conforme o teor máximo de enxofre: I – Óleo diesel A S10 e B S10: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 10 mg/kg; II – Óleo diesel
Compartilhar