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AUTOMOTIVA Gerenciamento eletrônico de motores diesel e seus subsistemas Fundamentos, diagnósticos e reparações Gerenciam ento eletrônico de m otores diesel e seus subsistem as – Fundam entos, diagnósticos e reparações 9 788583 939559 ISBN 978-85-8393-955-9 Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Alison Flamino de Aguiar Gerenciamento eletrônico de motores diesel e seus subsistemas Fundamentos, diagnósticos e reparações Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Aguiar, Alison Flamino de Gerenciamento eletrônico de motores diesel e seus subsistemas : fundamentos, diagnósticos e reparações / Alison Flamino de Aguiar. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 224 p. : il. Inclui referências ISBN 978-85-8393-955-9 1. Motor diesel 2. Motor diesel – Eletrônica – Manutenção e Reparo 3. Automóveis – Motores – Manutenção e reparos I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 621.436 Índice para o catálogo sistemático: 1. Motor diesel 621.436 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br AUTOMOTIVA Gerenciamento eletrônico de motores diesel e seus subsistemas Fundamentos, diagnósticos e reparações Alison Flamino de Aguiar Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação profissional multiplicam-se e, sobretudo, se diversificam. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação profissional para o primeiro emprego, dirigida a jovens. Privilegia também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qualidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora firmemente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, oferecendo modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. Dessa forma, atende às prioridades estratégicas da Indústria e às prio- ridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração, como os cursos de Aprendi- zagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Superiores de Tecnologia. Ofe- rece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação Profissional, Qualificação Profissional, Especialização Profissional, Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que integra uma série da SENAI-SP Editora, especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Agradecimentos Agradeço aos meus pais, João e Nilda, e irmãos, Emerson e Anderson, pelo eter- no amor e motivação que sempre me foram dados, pelo ambiente feliz, sincero e justo em que fui criado e por terem me formado com os princípios corretos para a vida. À minha esposa, Lucimara, que há anos vem aperfeiçoando minha forma de ser e pensar com todo seu amor, motivação e paciência, tornando-se, assim, funda- mental para que mais este passo pudesse ser dado. Ao diretor da escola SENAI Conde José Vicente de Azevedo, Fabio Rocha da Silveira, e toda a equipe escolar dessa unidade, por todo seu incentivo e ensi- namentos, e também a todos os meus amigos, os companheiros de trabalho de todas as épocas e às empresas por onde passei e que auxiliaram diretamente na minha formação técnica e humana. Aos meus alunos, que sempre serviram de motivação para que eu pudesse evoluir e, consequentemente, influenciar positivamente na educação e no caráter de uma nova geração de pessoas para o nosso país. Agradeço também às empresas FCA – Fiat Chrysler Automóveis Brasil Ltda., Ford Motor Company Brasil Ltda., International Indústria Automotiva da Amé- rica do Sul Ltda., Mercedes-Benz do Brasil Ltda., PSA Group – Peugeot Ci- troën do Brasil Automóveis Ltda., Robert Bosch Ltda., Scania Latin America e Volkswagen do Brasil Indústria de Veículos Automotores Ltda., por autorizarem o uso das imagens para este livro, contribuindo na formação de profissionais qualificados para o mercado brasileiro. Aprender mais rapidamente do que o seu concorrente é a maior vantagem compe- titiva que você pode obter sobre ele. Peter Drucker Sumário Introdução 11 1. As vantagens do gerenciamento eletrônico em motores 13 Componentes do sistema de gerenciamento do motor 14 2. O diagnóstico de falhas 16 A importância do diagnóstico da raiz do problema 16 Perfil profissional do técnico em diagnose 18 Dicas importantes para a análise de consumo de combustível e baixo desempenho 18 3. O motor diesel 20 A origem e suas vantagens 20 Funcionamento do motor diesel 22 As três fases do processo de combustão 24 Velas de preaquecimento 25 As diferenças entre motores de ciclo Otto e ciclo diesel 26 Relação estequiométrica nos motores diesel 29 Características importantes do óleo diesel 31 4. O início do gerenciamento eletrônico de motores diesel e a redução de gases tóxicos expelidos 38 Emissão de gases do motor e suas consequências 40 5. Interpretando os circuitos de combustível 48 Sistema PLD 48 Sistema PDE 60 Sistema de injeção PDE Volvo D13 73 Common Rail 81 6. Sensores dos gerenciamentos eletrônicos 100 Sensores de rotação e fase indutivos 101 Sensor de temperatura do líquido de arrefecimento 105 Sensor de pressão e temperatura do óleo do motor 109 Posição do pedal do acelerador 109 Sensor de fluxo de ar MAF 110 Sensor de detonação 114 Sensor de pressão atmosférica/barométrico 115 Sensor de pressão do Rail 115 Outros parâmetros 116 Utilização do scanner para diagnóstico 117 7. Sistemas eletroeletrônicos 119 O conector de diagnóstico de falhas OBD 2 119 Dicas para preservação dos sistemas eletroeletrônicos 120 Sinal PWM 121 Redes de comunicação 122 Arquitetura eletrônica Mercedes-Benz 123 Sistemas antifurto 128 Ventilador Viscotronic 132 A evolução do freio motor e acessórios de frenagem 133 Turbocompressor de geometria variável 142 8. Euro 5 e uma nova realidade 147 O líquido ARLA 32 149 Manutenções preventivas no sistema SCR 180 O sistema EGR nos motores Euro 5 181 Funcionamento do sistema EGR 186 Conversor catalítico 188 Filtro de partículas 191 A norma Euro 6 193 9. Tendências para o segmento diesel 197 Stop and start 197 Veículos híbridos 204 Considerações finais 216 Sobre o autor 217 Referências 218 Introdução O objetivo deste livro é apresentar o princípio de funcionamento dos sistemas de gerenciamento eletrônico em motores diesel. A partir dessa análise é possível compreender como esse motor deixou de ser apenas um projeto teórico para ser a máquina que revolucionou o desenvolvimento da humanidade quanto às suas necessidades de locomoção e transporte de cargas. São comparadas as características dos motores ciclo Otto e diesel. Também são abordados os processos de evolução que possibilitaram nesse último a redução das emissões de poluentes e, ao mesmo tempo, a obtenção de ganhos expres- sivos de torque, potência, economia de combustível e maior durabilidadedos motores que equipam desde veículos utilitários, como pickups e vans (furgões) até caminhões, ônibus, motores estacionários, máquinas agrícolas, embarcações e automóveis em países onde a legislação permite. São detalhadas as características técnicas para um preciso diagnóstico e também os procedimentos de manutenção preventiva e corretiva dos sistemas de injeção eletrônica diesel nas versões PLD, PDE e Common Rail, que são os sistemas mais utilizados no mercado mundial. São estudados os subsistemas que influenciam seu funcionamento e contribuíram diretamente para que o motor diesel pudesse atingir incríveis níveis de desempenho. Entre os anos 1994, quando se utilizou no país o primeiro modelo de gerencia- mento eletrônico para motores diesel, e 2012, quando os motores diesel foram adequados à norma Euro 5, houve uma redução de 98% na emissão de material particulado e de 86% de óxido de nitrogênio (NOx), que comprova a eficácia des- se sistema em suas diversas fases. A norma Euro 5 também é um tema importante estudado, assim como a forma que os motores diesel se ajustaram às exigências de redução na emissão de poluentes. São abordadas as principais tendências para o segmento diesel, como adequação à norma Euro 6, sistemas híbridos e Stop and start. O intuito é apresentar as 12 INTRODUÇÃO perspectivas tecnológicas para os veículos equipados com motores diesel para os próximos anos no Brasil, mas que já utilizam desses benefícios em outras partes do mundo. Passado, presente e futuro são retratados neste livro que influenciará direta- mente a percepção sobre esses incríveis propulsores, fornecendo condições para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das competências que os técnicos em reparação automotiva devem possuir para atender às demandas desse segmento cada vez mais exigente. Este livro é destinado a estudantes de cursos de formação inicial e continuada de mecânico de injeção eletrônica diesel; gerenciamento de motores Euro 3, 5 e 6; Stop and start; reparo de unidades injetoras PLD, PDE e Common Rail; e em cursos voltados a atendimento a empresas. Pode ser utilizado também nos cursos técnicos em manutenção automotiva, superior em tecnologia automotiva, bem como por profissionais do setor. 1. As vantagens do gerenciamento eletrônico em motores Componentes do sistema de gerenciamento do motor A utilização dos sistemas de injeção eletrônica diesel é relativamente recente em relação ao sistema de injeção mecânica de diesel realizada pelas antigas bombas injetoras. A partir de 2005 ganhou porcentagem significante no mercado brasi- leiro com a implantação da norma Euro 3 por exigência do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Os motores de injeção mecânica não conseguiam se adequar às normas de emis- sões de poluentes cada vez mais exigentes nem obter um melhor desempenho, mesmo com os grandes avanços mecânicos que foram embutidos nas bombas e nos bicos injetores, como reguladores de rotações, KSB (dispositivo mecânico que possibilita o avanço da injeção de combustível durante a fase fria do motor), injetores de dois estágios, dispositivos de aproximação etc. Já os sistemas de injeção eletrônica de diesel possibilitam diversas vantagens, como: • respeito ao meio ambiente, atendendo à lei de controle de emissões exigida pelo Conama; • melhor controle da dosagem de combustível, adequada à carga de que o motor necessita; • melhor adequação do motor em operações com variações climáticas; • melhor desempenho com maior potência e torque em todas as faixas de ro- tação; • funcionamento mais silencioso; • funções de operações programáveis; • sistemas de proteções do motor; • diagnóstico e histórico de defeitos. 14 AS VANTAGENS DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO EM MOTORES Componentes do sistema de gerenciamento do motor A parte eletrônica do sistema de gerenciamento do motor é composta dos se- guintes elementos: • Sensores – informam ao módulo de controle as condições momentâneas do motor. • Módulos eletrônicos de controle – possuem a programação para efetuar o controle de injeção de combustível baseado nas informações dos sensores. É o canal de comunicação entre o reparador e o sistema por meio do scanner de diagnóstico ou códigos de piscadas (veículos mais antigos) ou pelo com- putador de bordo (veículos multiplexados). • Atuadores – possibilitam o correto funcionamento do motor e são controlados pelo módulo eletrônico de controle. O sistema de controle eletrônico resulta do trabalho conjunto desses três com- ponentes. Na Figura 1 observa-se em que consiste cada um deles. Os sensores são elementos que transformam os sinais mecânicos ou físicos em sinais elétricos e os enviam para a unidade de controle eletrônico (ECM, PCM ou ECU), que é uma central de comando responsável pelo acionamento dos atuadores. Rotação Fase Pressão/ temperatura do coletor de admissão Temperatura do líquido de arrefecimento Pedal do acelerador Pressão atmosférica Pressão do common rail Temperatura do combustível Pressão e temperatura do óleo Interruptor do pedal do freio Interruptor do pedal da embreagem Válvula injetora Válvula reguladora de pressão Luzes de aviso Conector de diagnóstico Unidade de controle eletrônico ECM PCM ECU Sensores/entrada Atuadores/saída Figura 1 – Sensores e atuadores do sistema de gerenciamento do motor. Ac er vo d o au to r 15GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Na Figura 2, percebe-se que o próprio corpo humano possui “sensores” (senti- dos), “central de controle” (cérebro) e “atuadores” (membros). Figura 2 – Sensores, central de controle e atuadores do corpo humano. É possível citar diversos módulos eletrônicos de controle que compõem o veículo diesel, mas, como o foco deste livro é o sistema de gerenciamento eletrônico do motor, serão vistos os módulos dos motores e dos veículos ou das cabinas. Vo lk sw ag en d o Br as il 2. O diagnóstico de falhas A importância do diagnóstico da raiz do problema Perfil profissional do técnico em diagnose Dicas importantes para a análise de consumo de combustível e baixo desempenho Neste capítulo, será estudado como realizar o diagnóstico de falhas, evitando a substituição indevida de peças e o desperdício de tempo de mão de obra, além de compreender as características que o profissional em manutenção de geren- ciamento de motores diesel deve possuir para atender às demandas do segmento e dicas para análise de consumo de combustível. A importância do diagnóstico da raiz do problema O relato a seguir ilustra como formar um raciocínio lógico voltado ao diagnós- tico de falhas. CASOS E RELATOS Imagine comprar uma casa e descobrir que existe uma grande árvore ao lado que derruba diariamente uma grande quantidade de folhas e frutos em cima do telhado, entupindo a calha. Em um dia de verão, ocorre uma tempestade de final de tarde, e, como a calha está entupi- da, começa uma infiltração de água para dentro da casa por uma telha trincada, ocasionando uma goteira bem em cima da TV. 17GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Com isso a TV queima e provoca a queda do disjuntor em razão do cur- to-circuito provocado pela água que caiu no sistema eletroeletrônico. Para realizar o diagnóstico da situação apresentada, é preciso questio- nar: adiantará trocar a TV? Adiantará acionar o disjuntor? Adiantará trocar a telha que estava quebrada? Adiantará limpar a calha? Mesmo realizando todas essas tarefas, não é possível afirmar que a situação estará resolvida definitivamente. Mas por quê? Porque não foi removida a raiz do problema, que é a árvore derrubando folhas e frutos em cima do telhado. A mesma situação pode ser aplicada no dia a dia profissional. Muitas vezes resolvem-se situações que não são a raiz do problema, e é justamente por isso que o diagnóstico não foi preciso. Utilizar “por quê?” é algo fundamental para que a raiz do problema seja encontrada. Deve-sefazer isso até não obter mais uma resposta lógica. Serão listadas a seguir algumas perguntas básicas que podem ser feitas para aju- dar a encontrar a raiz do problema em um sistema de injeção eletrônica. • Como as peças são montadas umas nas outras? • Existe a necessidade de regulagem no conjunto? • Como o sistema funciona? • Qual é a função de cada componente no sistema? • Como realizar o teste do componente? • Quais são seus valores de referência em condições ideais? • O defeito começou de forma gradual ou repentinamente? O objetivo é desenvolver competências técnicas, organizativas e metodológicas do profissional para que ele seja capaz de resolver problemas eletroeletrônicos e mecânicos em sua raiz e que tenha condições de adaptar esses conhecimentos às novas situações, já que a evolução dos veículos diesel tem sido extremamente veloz e exigente com a capacidade de adaptação. 18 O DIAGNÓSTICO DE FALHAS Perfil profissional do técnico em diagnose Algumas características marcam os profissionais de alto desempenho em ma- nutenção de veículos diesel que possuem sucesso profissional. A seguir, serão apresentadas algumas dessas qualidades: • Possuir competências de mecânica e elétrica e outras mais específicas ad- quiridas em função da experiência prática e da participação em variados treinamentos. • Consultar literaturas diversas e usar equipamentos convencionais e especiais para comprovação de sistemas mecânicos, elétricos, pneumáticos e hidráulicos. • Desenvoltura para se comunicar e trabalhar em grupo. • Capacidade para localizar a raiz dos problemas e descrevê-la de forma clara e objetiva, facilitando, assim, o encaminhamento ou não do processo de garantia. • Disposição para aprender e comprometimento profissional com a empresa em que trabalha e com seus clientes. Dicas importantes para a análise de consumo de combustível e baixo desempenho É fundamental que o reparador de veículos diesel conheça os principais fatores que influenciam no consumo de combustível e no seu desempenho. Muitos veículos possuem computadores de bordo que possibilitam ao motorista um acompanhamento desse fator, que se tratando de veículos comerciais são os que ganham maior atenção por parte de frotistas e proprietários, principalmente com o aumento da competitividade e a redução cada vez maior do lucro líquido dos fretes. Será apresentada a seguir uma relação dos pontos a serem observados e que são fundamentais para um diagnóstico: • Verificar as condições dos pneus, calibragem e alinhamento do sistema de direção, pois essas falhas podem representar até 10% de aumento no consumo de diesel. • Verificar a existência de defletores de ar na cabine (melhoram a aerodinâmica do veículo e podem gerar uma redução de consumo de diesel de até 10%). 19GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS • Verificar se o peso do veículo está dentro dos padrões de homologação. • Aferir o tacógrafo. • Avaliar o trajeto percorrido durante a medição (em trechos de grandes subi- das ou que mantêm a condição de carga do motor por um longo período, a tendência é que haja o aumento no consumo de diesel). • Avaliar a habilidade do motorista e seu conhecimento sobre técnicas de ope- ração e direção econômica (a grande rotatividade de funcionários nas empre- sas dificulta treinamentos para esses fins). • Verificar a distância das lonas do sistema de freio (a distância incorreta pode acabar prendendo as rodas). • Checar o intercooler e as mangueiras furadas. • Analisar unidades ou bicos injetores danificados. • Verificar filtro diesel obstruído. • Checar falta de compressão no motor. • Verificar sincronismo do motor. • Examinar obstruções parciais no coletor de admissão em veículos que pos- suem EGR (recirculação dos gases de escape). • Checar EGR travada aberta. • Verificar pré-ajustes de unidades injetoras em sistemas PDE (sistema integrado de ingestão de combustível). • Checar o desgaste nos cames do comando de válvulas. • Analisar a regulagem das válvulas do motor. Exercícios 1. Quais as principais vantagens dos motores diesel gerenciados eletroni- camente quando comparados aos motores mecânicos? 2. Citar cinco dicas importantes para análise de consumo de combustível e baixo desempenho em veículos comerciais dotados de motores diesel. As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com.br/downloads/respostas/ gerenciamento_eletr_motor_diesel_respostas.pdf>. 3. O motor diesel A origem e suas vantagens Funcionamento do motor diesel As três fases do processo de combustão Velas de preaquecimento As diferenças entre motores de ciclo Otto e ciclo diesel Relação estequiométrica nos motores diesel Características importantes do óleo diesel Neste capítulo, será apresentado um pouco da história dos motores diesel, que revolucionaram a humanidade, pois muitos dos meios de transporte de cargas e de pessoas utilizam esses incríveis propulsores. Serão mostrados seu nascimento e suas principais características construtivas, comparando-as com as do motor de ciclo Otto, além das particularidades do combustível e a sua importância na economia brasileira. A origem e suas vantagens Nicolas Léonard Sadi Carnot (físico, matemático e engenheiro francês) foi o primeiro a propor a conversão da energia provocada pelo calor em movimento. Dessa forma, criou-se o primeiro modelo teórico sobre máquinas térmicas que até hoje é chamado de Ciclo de Carnot e que serviu de base para o desenvol- vimento de todos os motores, sendo eles de combustão interna ou externa, a combustível fóssil ou a vapor, automotivo ou marítimo, estacionário ou até mes- mo aéreo. A relação entre pressão e temperatura foi o principal alvo de Carnot durante as pesquisas que foram publicadas em sua obra de 1824, Réflexions sur la puissance motrice du feu et sur les machines propres a développer cette puissance (Reflexões sobre potência motriz do fogo e máquinas próprias para aumentar essa potência). 21GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS A partir desse momento fica evidenciado que, quanto maior a quantidade de calor gerada, maior será o trabalho realizado. Em 1862, Beau de Rochas (engenheiro francês) registra sua patente sobre o ciclo de quatro tempos, fortalecendo a ideia de um motor que funcionaria pela compressão e posterior queima de um combustível pela sua autoignição. Mas foi com Rudolf Diesel (engenheiro francês), nascido em 18 de março de 1858, de pais alemães, que essa ideia se transformou efetivamente em um projeto com patente, registrada em 23 de fevereiro de 1897. O primeiro motor diesel construído era monocilíndrico e desenvolvia 20 cv a 172 rpm, uma potência maior que os motores a gasolina ou a vapor desenvolviam na época, porém muito mais pesado e com funcionamento muito irregular, o que não favorecia sua utilização em veículos. Em seu pedido de patente, Rudolf Diesel diz que os motores de autoignição poderiam ter entre 70% e 80% de eficiê- ncia, mas na verdade verificou-se que atingiam no máximo 30% após sua cons- trução. Para que sua ideia fosse colocada em prática e o motor diesel ganhasse a aceitação do mercado, tornaram-se necessárias várias outras invenções, como a bomba injetora, desenvolvida por Robert Bosch (engenheiro alemão) em 1925. Com a implantação da bomba injetora linear, substituindo a injeção de diesel por ar comprimido, o motor conseguiu atingir maiores rotações e melhor esta- bilidade de funcionamento; com isso sua aceitação perante o mercado cresceu consideravelmente. Em razão de sua enorme robustez, simplicidade de funcionamento e grandes possibilidades de aplicações, o motor de pistões movidos à reação óleo-oxigênio rapidamente penetrou nos lugares mais longínquos do planeta, revolucionando o mundo industrial e substituindo os motores a vapor que eram até aquele mo- mento os responsáveis por movimentar as locomotivas e os transportesmarí- timos por unidades geradoras diesel-elétricas. No Brasil, o primeiro caminhão a ser fabricado com motor a diesel foi o Mercedes-Benz L312, conhecido como Torpedo, em 1956. Contudo, somente após 1973 é que os construtores investiram pesado nesses motores por causa da crise do petróleo que acontecia na época. Por isso é justo e verdadeiro afirmar que o motor diesel nasceu de uma sequência de desenvolvimentos e que teve em Rudolf Diesel seu criador final e em Robert Bosch seu viabilizador. 22 O MOTOR DIESEL Os motores diesel atuais apresentam uma eficiência enérgica de aproximada- mente 50%. Isso significa que, de todo combustível queimado, metade realmente se transforma em trabalho produzido, o que torna o motor diesel muito mais eficiente do que o motor de ciclo Otto – gasolina, álcool e gás natural veicular (GNV) –, que possui até 35% de eficiência. O motor diesel apresenta como principais características grande autonomia, robustez, durabilidade e maior torque, fazendo com que sejam ideais para cami- nhões, ônibus, pickups, vans (furgões), grupos geradores, navios, embarcações em geral, tratores, guinchos, rebocadores, implementos agrícolas e de obras, bem como para automóveis em países em que a legislação autoriza seu uso. Funcionamento do motor diesel Para que o reparador de motores diesel equipados com gerenciamento eletrônico possa ser bem-sucedido, é fundamental que compreenda algumas características mecânicas sobre o funcionamento dos motores diesel de quatro tempos. Antes da análise desse mecanismo, vale lembrar que, para ocorrer uma combus- tão, são necessários os três elementos demonstrados na Figura 1. Figura 1 – O triângulo do fogo. Fonte: SENAI-SP, 2016b. Ac er vo d o au to r 23GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS O funcionamento dos quatro tempos deve ocorrer de forma correta e sincroni- zada: • 1o tempo – entrada de ar através da abertura da válvula de admissão. • 2o tempo – compressão do ar admitido pela subida do pistão e fechamento da válvula de admissão. • 3o tempo – injeção de diesel devidamente pressurizado e pulverizado, no momento correto para obtenção do melhor desempenho do motor, gerando uma combustão e, com isso, a expansão dos gases. • 4o tempo – escapamento dos gases resultantes da combustão pela subida do pistão e consequente abertura da válvula de escapamento do motor. Vale ressaltar, neste momento, que a elevada taxa de compressão do motor diesel (algo entre 17 e 24:1) é o fator determinante para que o oxigênio admitido atinja aproximadamente 700ºC e consequentemente elimine a necessidade de uma centelha para geração de calor, como ocorre, por exemplo, nos motores de ciclo Otto em que a taxa de compressão é de, no máximo, 12:1. 1o tempo Admissão 180º 2o tempo Compressão 360º 3o tempo Combustão 540º 4o tempo Escape 720º Figura 2 – Os quatro tempos do motor diesel. Fonte: SENAI-SP, 2016b. Existe um tempo de reação, de queima ou retardo de ignição natural para cada combustível e que acaba exigindo o adiantamento da injeção de combustível em relação ao ponto morto superior (PMS) do pistão. Nos motores diesel, esse pro- Iv an N . S ar de lla 24 O MOTOR DIESEL cesso ocorre geralmente entre 10º e 25º antes do ponto morto superior (APMS) do motor em condição de marcha lenta (ponto de injeção estático). É função do sistema de avanço do sistema de injeção o adiantamento da injeção de combus- tível em função da rotação e carga do motor, em virtude do tempo que é neces- sário para que o combustível se misture com o ar já comprimido e aquecido no cilindro, iniciando a combustão e realizando seu trabalho de forma eficiente de modo a aproveitar o melhor momento de pressão dentro do cilindro e de posição da árvore de manivelas. As três fases do processo de combustão Mesmo parecendo que o processo de combustão no motor diesel acontece ins- tantaneamente, é possível dividi-lo em três etapas, a fim de compreender com detalhes a importante relação existente entre pressão dentro do cilindro e posição da árvore de manivelas. As fases são descritas a seguir e podem ser observadas no Gráfico 1. • Período de pressão de retardo. • Propagação da ignição. • Combustão direta. Gráfico 1 – Fases do processo de combustão no motor diesel. Vo lk sw ag en d o Br as il. 25GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS A linha verde mostra o aumento da pressão de compressão no cilindro de acordo com o deslocamento do pistão até atingir o ponto morto superior (PMS). Fica evidenciado que a pressão do cilindro diminui quando o pistão passa do ponto morto superior em situações em que não há injeção de diesel, como em Cut off (momento de desaceleração do motor em rotações maiores que a de marcha lenta). A linha vermelha mostra o momento em que se inicia a injeção de diesel no ar admitido, com sua densidade, pressão, temperatura e turbulência dentro do planejado. O tempo que se leva para que haja a mistura das partículas de diesel e de ar e a inflamação dessa mistura é o que caracteriza o período de pressão de retardo, visto que o pistão continua sua trajetória rumo ao PMS. Ao atingir essa inflamação inicia-se o período de propagação da ignição (linha laranja), em que se percebe a elevação brusca da pressão dentro do cilindro tanto pelo momento do pistão próximo ao PMS como pela expansão dos gases resul- tantes da combustão e que gera vibrações e ruídos característicos dos motores diesel. Para que esses efeitos indesejados sejam minimizados, a injeção de com- bustível em motores com gerenciamento eletrônico passou a ser feita de forma fracionada em algumas situações, as chamadas pré-injeções (assunto tratado mais adiante neste livro). Na etapa de combustão direta (linha amarela), o combustível encontra-se em ignição praticamente em todo o momento em que sai do injetor. Porém, com a redução da quantidade de oxigênio disponível nessa fase, a velocidade de com- bustão e, consequentemente, a pressão no cilindro começam a cair, coincidindo com o movimento de descida do pistão e automaticamente o aumento do volume do cilindro. Velas de preaquecimento Geralmente utilizada nos motores diesel de baixas cilindradas que equipam os utilitários (pickups e vans) para melhorar o conforto de seus ocupantes, a vela aquecedora reduz as vibrações e os ruídos provocados pelo maior tempo de retar- do na ignição do combustível por causa das baixas temperaturas do ambiente. As 26 O MOTOR DIESEL velas de preaquecimento são montadas próximas da ponta do injetor, facilitando a inflamação do combustível pulverizado e reduzindo as emissões de hidrocar- bonetos. As velas aquecedoras também têm a função de reduzir a emissão de fumaça branca durante a fase fria do motor, resultante de uma combustão fora das condições ideais de temperatura. Em virtude da alta corrente elétrica consumida durante a ativação das velas de preaquecimento, as montadoras utilizam um relé de potência para que o módulo de gerenciamento do motor o acione. Para mais informações, deve-se consultar a literatura técnica do veículo. As diferenças entre motores de ciclo Otto e ciclo diesel Para compreender algumas diferenças construtivas entre os motores de ciclo Otto – gasolina, álcool e gás natural veicular (GNV) – e de ciclo diesel, como a cilindrada do motor definida pela relação existente entre diâmetro do cilindro e curso do pistão, taxa de compressão, rotação de trabalho, torque, potência e produção de trabalho no tempo de expansão dos gases (combustão), é necessário utilizar o diagrama teórico pressão × volume (P × V), conforme os Gráficos 2 e 3. PMS (ponto morto superior) Pr es sã o Volume 4 3 1 0 5 atmo Volume morto Volume unitário 2 PMI (ponto morto inferior) Gráfico 2 – P × V no motor de ciclo Otto. Iv an N . S ar de lla 27GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Observa-se no Gráfico 2: Tempo de admissão (1 → 2) – transformaçãoisobárica. Tempo de compressão (2 → 3) – transformação adiabática. Tempo de combustão/expansão (3 → 4 → 5) – transformação isocórica e, depois, adiabática. Tempo de escapamento (5 → 2 → 1) – transformação isocórica e, depois, isobárica. PMS (ponto morto superior) Pr es sã o Volume 4 3 1 0 6 5 atmo Volume morto Volume unitário 2 PMI (ponto morto inferior) Gráfico 3 – P × V no motor de ciclo diesel. Observa-se no Gráfico 3: Tempo de admissão (1 → 2) – transformação isobárica, igual ao ciclo Otto. Tempo de compressão (2 → 3) – transformação adiabática, igual ao ciclo Otto. Tempo de combustão/expansão (3 → 4 → 5 → 6) – transformação isocórica e, depois, isobárica. Tempo de escapamento (6 → 2 → 1) – transformação isocórica e, depois, isobárica. Ao longo do processo, ocorrem as seguintes transformações: • Adiabática – transformação termodinâmica na qual não se troca calor com o ambiente. O trabalho é, então, realizado à custa da energia interna do sistema. Iv an N . S ar de lla 28 O MOTOR DIESEL • Isobárica – a pressão permanece constante e o volume aumenta ou diminui proporcionalmente conforme a variação da temperatura. • Isocórica – também chamada de isovolumétrica, ocorre quando a pressão e a temperatura absoluta dos gases variam proporcionalmente, mantendo o volume constante. Comparando os Gráficos 2 e 3, torna-se possível compreender que a combustão do motor diesel dura mais tempo. Ela age como um “empurrão” no pistão e, por isso, esse motor possui um curso do pistão maior para aproveitar esse movimen- to, garantindo uma rotação de trabalho menor, que acarreta menor desgaste do equipamento. Esse percurso maior do pistão também possibilita maior torque, já que sua força somada à alavanca formada pela descentralização existente entre o munhão e o moente do virabrequim (árvore de manivelas) é maior. No motor Otto existe um pico de pressão de menor duração, exigindo assim um deslocamento menor do pistão (curso), resultando em um efeito parecido com uma “martelada” no pistão (pancada forte, mas com pouca duração). O Gráfico 4 evidencia que o pico de pressão dentro do cilindro ocorre depois do PMS, aproveitando, com isso, a posição ideal de deslocamento do conjunto virabrequim, biela e pistão, e evitando, assim, que haja um contragolpe durante o movimento de subida do pistão ao PMS. Pr es sã o (b ar ) Ângulo de virabrequim (º) –360 –270 –180 –90 0 90 180 270 360 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Gráfico 4 – Pressão dentro do cilindro × ângulo de virabrequim. Fonte: Brunetti, 2013. Iv an N . S ar de lla 29GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Relação estequiométrica nos motores diesel Das várias características do óleo diesel, algumas poderão interferir diretamente na eficiência do motor. O óleo diesel é um combustível fóssil e extraído do petró- leo, sendo utilizado em motores movidos a diesel, como de caminhões, ônibus, pickups, vans (furgões), grupos geradores, navios, embarcações em geral, tratores, guinchos, rebocadores, implementos agrícolas e de obras e para automóveis em países em que a legislação autoriza seu uso. Esses motores são desenvolvidos para trabalharem com uma relação estequiomé- trica (estequiometria ou fator lambda) próxima de 15:1, ou seja, para cada parte de combustível devidamente pressurizado e injetado, deve-se utilizar quinze partes de ar. Em condição de estequiometria ideal, as emissões de poluentes e durabilidade do motor serão respeitadas. Quando o sistema de injeção consegue realizar essa relação com sucesso, diz-se que a relação estequiométrica é igual a 1. O propósito do sistema de injeção é garantir que o motor trabalhe nessa circuns- tância ideal independentemente dos fatos externos e de trabalho, aumentando ou diminuindo a quantidade de combustível injetado, ou até variando a pressão da turbina do motor, em casos de motores equipados com turbo de geometria variável. Para compreender de que forma é encontrado esse valor de relação estequiomé- trica, torna-se necessário conhecer algumas características do combustível e do ar admitido pelo motor. O ar admitido é composto principalmente de nitrogênio (78%) e oxigênio (21%), e a soma desses elementos representa aproximadamente 99% do ar presente na atmosfera terrestre. Existe, portanto, uma proporção de 3,71 partes de nitrogê- nio para cada parte de oxigênio, que é representada pela expressão 3,71:1. Essa proporção será usada para entender a relação estequiométrica em motores diesel. 30 O MOTOR DIESEL Gases nobresN2 78% 21% O2 Gases nobres Gráfico 5 – Gases presentes no ar atmosférico. No que se refere ao óleo diesel, as informações necessárias que se deve conhecer para compreender como a relação estequiométrica ideal é calculada refere-se a sua estrutura molecular. Por exemplo, uma estrutura de óleo diesel C10H22, ou seja, 10 átomos de carbono e 22 átomos de hidrogênio. Percebe-se, portanto, que ele é formado basicamente por hidrocarbonetos, composto químico constituído de átomos de hidrogênio e carbono e que, como todos os hidrocarbonetos, apre- senta grande capacidade de se oxidar/queimar e automaticamente liberar calor. De acordo com Antoine Laurent de Lavoisier (químico francês e considerado o pai da química moderna), que formulou a lei da transformação: “Em uma reação química, a massa dos reagentes é igual à massa dos produtos”, ou, simplificando, na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, pode-se concluir que os gases expelidos pelo escapamento são apenas uma transformação química da mistura de ar (78% de nitrogênio e 21% de oxigênio) e do diesel (C10H22) que foi admitida e queimada na câmara de combustão. Retomando a fórmula de um diesel com 10 moléculas de carbono e 22 moléculas de hidrogênio (C10H22) para calcular a relação estequiométrica de um motor com esse óleo obtém-se: (C10H22) + (O2 + 3,71N2) = (H2O) + (CO2) + (3,71N2) Ac er vo d o au to r 31GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS O resultado final dessa equação é uma relação estequiométrica ideal de 14,97:1, que é um dos fatores que garantem ao motor a capacidade de trabalhar de acordo com os padrões de desempenho predefinidos pela montadora. Esse controle é determinado pelo módulo de controle do motor, que se baseia em informações provenientes dos sensores de posição do pedal do acelerador, da pressão atmosférica, da temperatura do motor, da pressão e da temperatura do ar admitido, da rotação do motor, entre outras, e tem por objetivo calcular a quantidade de diesel a ser injetada. Características importantes do óleo diesel A Norma Regulamentadora no 20 (NR 20) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) define como combustível todo produto que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70ºC e inferior a 93,3ºC. É qualquer substância que reaja quimica- mente liberando calor e que seja facilmente controlável. São várias as características do diesel, além da estrutura molecular mostrada anteriormente, e que são fundamentais para sua avaliação e de extrema impor- tância para que os motores atinjam seu rendimento máximo e com as emissões de poluentes dentro dos padrões estabelecidos. Neste momento serão abordados: • índice de cetano; • densidade; • teor de enxofre. Índice de cetano Diferentemente dos motores de ciclo Otto, que aspiram uma mistura ar/com- bustível e têm uma ignição provocada pela centelha proveniente do sistema de ignição, nos motores diesel ocorre apenas a aspiração de ar, e a queima do combustível se dá por autoignição do óleo pressurizado e em contato com o ar previamente aquecido pela elevada taxa de compressão do motor. 32 O MOTOR DIESEL A facilidade que o diesel tem de entrar no processo de autoignição pode ser me- dida pelo seu índice de cetano. Esse dado é obtido por um ensaio padronizado do combustível em um motor com taxa de compressão variável e temperaturas de arrefecimento a 100ºC e do ar de admissãoa 65,5ºC. Com o motor em 900 rpm efetuam-se injeções de diesel 13ºC antes do ponto morto superior (APMS) e altera- -se a taxa de compressão até que a ignição ocorra no ponto morto superior (PMS). Observação Não confundir o índice de cetano com a octanagem. Essa é a resistên- cia que a gasolina tem em ser comprimida e não entrar no processo de autoignição sem a centelha provocada pelo sistema de ignição do motor de ciclo Otto. Densidade É a quantidade de massa por unidade de volume do combustível injetada no motor durante seu funcionamento. Independentemente se o sistema de injeção de combustível é mecânica ou eletrônica, é primordial que se controle as quanti- dades de diesel injetadas no motor em todas as suas condições de funcionamento. Caso haja uma variação da densidade, é necessária uma alteração da massa de combustível injetada. Essa mudança de densidade interferirá diretamente no funcionamento do mo- tor, pois se estiver maior que o ideal causará o enriquecimento da mistura ar/ combustível, provocando o aumento das emissões de particulados, monóxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos, que farão com que a fumaça expelida pelo escapamento seja mais escura que o esperado. Por outro lado, se a variação for para valores muito baixos, ocasionará perda de potência e fumaça esbranquiçada pelo escape em virtude da baixa quantidade de produto inflamável. Para exemplificar essa condição, é possível lembrar de um incêndio. A fumaça expelida em seu início é preta por causa do número elevado de materiais infla- máveis que estão enriquecendo a queima. Porém, quando o incêndio está em sua fase final, a fumaça fica branca, já que não existe tanto material inflamável para ser consumido, fazendo com que a mistura ar/combustível fique pobre. 33GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS É de responsabilidade das distribuidoras controlar a especificação da faixa de densidade do diesel de modo a não causar variações no funcionamento dos motores. Somente laboratórios credenciados e com equipamentos específicos podem avaliar essa propriedade do óleo diesel. Teor de enxofre O óleo diesel possui enxofre mesmo passando por um processo de refino em que boa parte é removida. Esses óxidos de enxofre são formados pela combus- tão do óleo diesel e são descarregados para a atmosfera através do sistema de escapamento. Entre os vários avanços que o óleo diesel passou nos últimos anos, a redução do teor de enxofre foi o principal, já que menores teores de enxofre no diesel apre- sentam benefícios para o motor e para emissões de poluentes. A vantagem para o motor é a redução do desgaste de anéis e cilindros, já que o enxofre torna-se ácido dentro da câmara de combustão do motor e reduz o acúmulo de depósitos de carvão nos componentes do motor. Quadro 1 – Efeitos da poluição diesel Propriedade O que é? O que afeta? Índice de cetano Qualidade da ignição Fumaça, partida a frio, ruído, economia de combustível e emissões Densidade Massa contida em determinado volume Potência, economia de combustível e emissões Teor de enxofre Enxofre total presente Desgaste de componentes do motor e acúmulo de impurezas Até 2008 o óleo diesel saía das refinarias com um limite de 3.500 ppm (partes por milhão), o que fazia com que a emissão de poluentes provocada pelos motores estivesse diretamente relacionada ao combustível utilizado. Por mais avanços tec- nológicos que as montadoras inserissem nos motores, os resultados de melhoria não se apresentavam na mesma proporção. Em 2009, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu novos padrões para o combustível, que deveria ter teores máximos de enxofre entre 34 O MOTOR DIESEL 50 ppm e 500 ppm, contribuindo consideravelmente para a redução de poluentes na atmosfera. Atualmente, a resolução ANP no 65/2011 foi revogada pela reso- lução ANP no 50/2013, ambas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que define apenas duas versões de diesel, conforme o teor máximo de enxofre: S10 e S500. O diesel Podium, comercializado pelos postos da Petrobras, possui 10 ppm de enxofre. Observação O óleo diesel é por natureza um combustível com grande capacidade de absorção de água. Isso interfere diretamente em sua qualidade e pode acontecer em virtude do simples contato com a umidade do ar atmosférico. Somente laboratórios credenciados para ensaios podem realizar avaliações detalhadas das características desse combustível de forma segura e eficiente. O uso do biodiesel Em maio de 2006, o biodiesel passou a ser adicionado ao diesel na proporção de 5%; a partir de julho de 2014, 7%; a partir de 1o de março de 2017, 8%; a partir de 1o de março de 2018, passará para 9%; e em 1o de março de 2019, 10%, de acordo com a resolução do Ministério de Minas e Energia (MME) no Diário Oficial da União (DOU). Sua composição é uma mistura de óleo vegetal originado de soja, mamona, coco, babaçu, girassol, canola, amendoim, dendê ou, até mesmo, de gordura animal acrescido de álcool e catalisador específico. Seu uso possibilita vanta- gens como romper a dependência do petróleo e ser fonte de energia renovável e ecológica. Os maiores desafios para utilização de misturas acima do B7 (7% de biodiesel) são: • estabilidade de oxidação do combustível; • potencial aumento do óxido de nitrogênio (NOx); • degradação de filtros, tubulações e demais componentes do sistema de injeção de combustível; • potencial aumento de diluição de diesel no óleo lubrificante; • danos aos sistemas de pós-tratamento de gases de escapamento. 35GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Importância do combustível na economia brasileira Mesmo sabendo que os motores diesel são responsáveis por boa parte do trans- porte de materiais e pessoas dentro do Brasil, vale a pena destacar que foram con- sumidos no país 59,509 bilhões de litros de óleo diesel somente em 2015, segundo dados do Balanço Energético Nacional de 2016, relatório desenvolvido anualmente pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Esses números impressionam e dão uma dimensão da importância que esses incríveis propulsores movidos a óleo têm para o desenvolvimento brasileiro e, consequentemente, mundial. No Gráfico 6 é possível visualizar de que forma esses 59,509 bilhões de litros de óleo diesel foram consumidos de acordo com o segmento. 1.578 (2,65%) 1.318 (2,22%) 2.866 (5%) 7.461 (12,54%) 46.278 (77,78%) Transporte Transformação Industrial Agropecuário Energético Gráfico 6 – Consumo de diesel por segmento.* *O valor indicado no gráfico deve ser multiplicado por 1.000.000 (1 milhão). Percebe-se que quase 78% do diesel foi consumido por meios de transporte, que podem ser divididos em rodoviário, hidroviário e ferroviário. No Gráfico 7, é possível visualizar como essa separação de consumo é desproporcional e muito maior no transporte rodoviário. Iv an N . S ar de lla 36 O MOTOR DIESEL 1.145 (2,47%) Ferroviário Hidroviário Rodoviário 283 (0,61%) 44.850 (96,91%) Gráfico 7 – Consumo de diesel por tipo de transporte.* *O valor indicado no gráfico deve ser multiplicado por 1.000.000 (1 milhão). Para todos os valores de óleo diesel utilizados nos Gráficos 7 e 8 foram somados os valores de biodiesel fabricados e consumidos. No Gráfico 8, foi traçado um comparativo entre os volumes de diesel, gasolina e etanol comercializados no Brasil em 2015. Observa-se que, mesmo possuindo uma frota de automóveis e motocicletas muito maior que de veículos a diesel, o consumo deste representou aproximadamente 54% de todo o combustível comercializado no país naquele ano. Isso se deve a vários fatores, como maior número de horas em trabalho por dia, condição de funcionamento mais severa, maior consumo médio etc. 1.524 (18,46%) 23.257 (27,84%) 44.850 (53,70%) Diesel Gasolina Etanol Gráfico 8 – Consumo por tipo de combustível.* *O valor indicado no gráfico deve ser multiplicado por 1.000.000 (1 milhão). Para todosos valores de óleo diesel utilizados nos Gráficos 7 e 8 foram somados os valores de biodiesel fabricados e consumidos. Iv an N . S ar de lla Iv an N . S ar de lla 37GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Exercícios 1. Citar o nome dos quatro engenheiros que contribuíram diretamente no projeto e no desenvolvimento do motor diesel. 2. Quais são as três fases do processo de combustão? 3. Desenhar o diagrama de pressão × volume do motor de ciclo Otto e do motor de ciclo diesel indicando em qual momento ocorre a principal diferença entre ambos. 4. De que forma o índice de cetano pode interferir no funcionamento cor- reto do motor diesel? 5. Qual é a porcentagem de biodiesel presente no combustível comerciali- zado nos postos de distribuição em 2017? 6. Qual deve ser o teor de enxofre para motores diesel que atendem à norma de emissões Euro 5? As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com.br/downloads/respostas/ gerenciamento_eletr_motor_diesel_respostas.pdf>. 4. O início do gerenciamento eletrônico de motores diesel e a redução de gases tóxicos expelidos Emissão de gases do motor e suas consequências Este capítulo aborda o início dos sistemas de gerenciamento eletrônico do motor diesel, detalha os gases expelidos pelo escapamento após o processo de combus- tão e de que forma eles são medidos pelos órgãos de inspeção. No início dos anos 1980, a Fiat desenvolveu o Common Rail para injeção de diesel em motores. Em 1994, forneceu a Robert Bosch o direito de industrializar e comercializar esse sistema. No Brasil, um dos primeiros veículos diesel a ser comercializado com algum tipo de gerenciamento eletrônico de injeção foi o Volvo FH 380, equipado com motor D12 vindo da Suécia e que, em 1998, passou a ser produzido em território bra- sileiro. Em 1996, a Volvo lançou o sistema EDC (Eletronic Diesel Control), que, na verdade, era um sistema de injeção equipado com a bomba injetora P 7000 Bosch, a qual possuía regulador de rotações controlado eletronicamente e que o tornava um sistema semieletrônico se comparado aos sistemas atuais. Outros sistemas semieletrônicos semelhantes também equiparam veículos Toyo- ta e Mitsubishi, por exemplo. Como as normas de emissões ainda eram bem fle- xíveis, esse sistema semieletrônico conseguia atendê-las e apresentava um custo menor de produção, menor emissão de poluentes e vantagens técnicas para o proprietário do veículo, como menor consumo de combustível. Em 1998, a Mercedes-Benz lançou no mercado o motor OM 457 LA, que equi- pava o cavalo mecânico LS 1938, inaugurando, assim, o sistema PLD de injeção eletrônica diesel no Brasil. 39GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Segundo a Resolução no 315/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a partir de 2006, 100% dos veículos pesados fabricados no Brasil deve- riam atender aos índices exigidos pelo Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) 5, e, a partir de 2009, deveriam atender ao Proconve 6. Esses índices equivaliam às normas Euro 3 e Euro 4, respectivamente. Observação A norma Euro 4, que deveria ser adotada pelas montadoras brasileiras a partir de 2009, não foi implementada. A norma Euro 5 entrou em vigor a partir de 1o de janeiro de 2012. É muito importante perceber que o tempo dado para que os fabricantes de mo- tores pudessem se adaptar às exigências definidas pelo Conama proporcionou a evolução de tecnologias no veículo como um todo, como: • aperfeiçoamento do sistema de transmissão para um melhor escalonamento de marchas; • desenvolvimento de caixas de mudanças automatizadas para maior conforto, segurança e menor tempo para troca de marchas, minimizando o tempo não motriz do veículo; • alterações mecânicas no motor para melhor aproveitamento da combustão e redução do atrito; • aperfeiçoamento dos lubrificantes. Porém, sem a melhora do óleo diesel, como já mencionado neste livro, os resul- tados jamais teriam sidos alcançados. Os fabricantes, com o propósito de adequação às normas de emissões, passaram a utilizar os sistemas de gerenciamento eletrônico de motores diesel com as três opções que estão disponíveis no mercado: • Sistema Common Rail – utilizado pelos utilitários (pickups e vans, em geral), caminhões Volkswagen, MAN, Ford, Iveco e motores Cummins e MWM. • Sistema PLD – utilizado pela Mercedes-Benz nos motores das séries 900, 457 e 501. • Sistema PDE – utilizado pela Scania, Volvo, Iveco e Cummins. 40 O INÍCIO DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E A REDUÇÃO... A Tabela 1 mostra o quanto de melhorias nas emissões de poluentes a evolução dos motores diesel apresentou. Observa-se que a emissão de material particulado ficou 55 vezes menor e a emissão de NOx ficou sete vezes menor na norma Euro 5 em relação ao início da norma Euro. Tabela 1 – Emissão de gases em banco de ensaios em todas as condições de funcionamento Limites (em g/kWh) Tipo de motor CO (Monóxido de carbono) HC (Hidro- carbonetos) NOx (Óxidos de nitrogênio) MP (Material particulado) Aspirado 14,4 2,5 11,2 Não contabilizado Turbinado 4,9 1,23 9 0,4 Turbinado + pós- -resfriamento 4 1,1 7 0,15 Euro 3 (PROCONVE 5) 2,1 0,6 5 0,1 Euro 4 (PROCONVE 6) 1,5 0,46 3,5 0,02 Euro 5 (PROCONVE 7) 1,5 0,46 2 0,02 Euro 6 1,5* 0,13* 0,4* 0,01* Observação: ciclo de testes ETC (modelo de teste realizado em dinamômetro). Fontes: IBAMA, 2011; THE ICCT, 2016. Emissão de gases do motor e suas consequências O óleo diesel é um combustível composto basicamente de hidrocarbonetos. Se o processo de combustão fosse perfeito, as únicas substâncias expelidas pelo esca- pamento seriam o dióxido de carbono (CO2) e o vapor de água (H2O), porém não é exatamente isso que acontece. Apesar de esse tipo de motor produzir reduzidas emissões de escape, ele é responsável por expelir alguns gases nocivos e conta- minantes, mesmo em quantidades consideradas baixas (aproximadamente 0,3% do que sai pelo escape é considerado prejudicial à saúde e ao meio ambiente). Quando o diesel é injetado no motor e é realizada sua combustão, são formados gases extremamente nocivos à saúde e ao meio ambiente, entre eles: 41GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS • óxido de nitrogênio (NOx); • hidrocarbonetos (HC); • material particulado (MP); • monóxido de carbono (CO). Combustível injetado: HC Hidrocarboneto S Enxofre Ar aspirado: O2 Oxigênio N2 Nitrogênio H2O Água (umidade do ar) Gases de escape: O2 Oxigênio N2 Nitrogênio H2O Água CO2 Dióxido de carbono CO Monóxido de carbono HC Hidrocarbonetos SO2 Dióxido de enxofre NOx Óxidos nítricos PM Partículas de Holli (PM = inglês: particulate matter) Aprox. 12% Aprox. 67% Aprox. 11% Aprox. 10% Aprox. 0,3% Figura 1 – Transformação dos gases no motor diesel. Óxido de nitrogênio (NOx) O óxido de nitrogêncio é venenoso e contribui para a formação do nevoeiro fotoquímico e para o ozônio ao nível do solo, e também para a eutrofização e a acidificação. Na atmosfera, são encontrados aproximadamente 78% de nitrogênio e 21% de oxigênio, e, quando o ar admitido pelo motor é sujeito a temperaturas altas, o nitrogênio e o oxigênio presentes nele reagem e são transformados em óxidos de nitrogênio. Com o objetivo de reduzir a emissão desses óxidos de nitrogênio, o fabricante é obrigado a tomar algumas medidas, como: • baixar a temperatura de combustão; • reduzir a quantidade de oxigênio durante a combustão. Vo lk sw ag en d o Br as il 42 O INÍCIO DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E A REDUÇÃO... Para que seja possível essa diminuição da temperatura na câmara de combustão, pode-se refrigerar o ar admitido através do intercooler ou aftercooler ou realizar a recirculação de gases de escape através do sistema EGR, que em vários casos recebe, inclusive, um radiador para redução do calor.Pode parecer estranho colocar uma parcela dos gases de escape na admissão a fim de “refrigerar” a câmara de combustão, já que os gases de escape saem do motor a uma temperatura aproximada de 800ºC, mas vale lembrar que a combustão gera temperaturas de até 2.500ºC. Portanto essa é uma forma eficaz e muito utilizada para reduções de NOx. A realização de pós-injeções também é uma alternativa para baixar a temperatura da câmara de combustão. Essa estratégia eletrônica exigiu aperfeiçoamentos no software e no hardware dos módulos de controle de injeção, além de injetores com acionamentos cada vez mais rápidos. Inclusive nos motores Euro 5 que possuem filtros de partículas, o sistema realiza a regeneração do filtro em alguns momentos através da pós-injeção de combustível (essa situação será abordada mais detalhadamente no Capítulo 8, destinado à norma Euro 5). Atrasar o tempo de injeção de combustível na câmara de combustão do motor e fazer o redesenho do formato da câmara de combustão e pistões também são alternativas para essa diminuição de temperatura. Vale destacar que alguns desses métodos para redução dos óxidos de nitrogênio também diminuem a eficiência do motor, o que levará ao consumo elevado de combustível e, por sua vez, ao aumento da produção de dióxido de carbono (CO2). Chega-se a essa conclusão pelos princípios termodinâmicos, que mostram que a potência representa o fluxo de calor por unidade de tempo, como mostrado na seguinte equação: POT = Q T Onde: POT = potência; Q = calor; T = tempo. 43GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Simplificando: quanto mais potente for o motor, mais alta será a temperatura gerada em sua câmara de combustão. Hidrocarbonetos (HC) Os hidrocarbonetos são detritos de combustível formados a partir de uma com- bustão incompleta os quais possuem substâncias que fornecem aos gases de escape um cheiro característico. Eles contribuem para o nevoeiro fotoquímico e o ozônio ao nível do solo. A formação dos hidrocarbonetos pode acontecer quando existe: • temperatura elevada na câmara de combustão; • rotação de ar elevada na câmara de combustão. • maior atomização de combustível; • volume reduzido da câmara de pressão no bico injetor; • pressão de injeção elevada; • pós-tratamento catalítico. Material particulado (MP) O material particulado é composto de fuligem e hidrocarbonetos do combus- tível e do óleo de lubrificação, gerando fumaça. São formados em situações de combustão incompleta, na queima do óleo do motor na câmara de combustão e na presença de enxofre no combustível. Para que a quantidade de partículas expelida pelo sistema de escapamento seja reduzida, os fabricantes utilizam as seguintes estratégias: • mais ar na câmara de combustão; • rotação de ar elevada na câmara de combustão; • pressão de injeção mais alta e orifícios menores no bico injetor, o que possi- bilita temperaturas mais altas na câmara de combustão; 44 O INÍCIO DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E A REDUÇÃO... • volume reduzido da câmara de pressão no bico injetor; • quantidade menor de óleo na câmara de combustão; • teor de enxofre inferior no combustível; • uso do filtro de partículas. A principal análise de emissões nos motores diesel é do material particulado pelo escapamento. Essa inspeção era realizada pela escala de Ringelmann (Figura 4), em que se fazia um comparativo visual da cor da fumaça expelida com os índices demarcados na tabela. Atualmente o equipamento utilizado é o opacímetro e a escala serve apenas como pré-análise para evitar danos ao equipamento em casos de muita fumaça preta ser expelida pelo escape. Escala de Ringelmann e opacímetro A escala de Ringelmann foi criada em 1890 por Maximilian Ringelmann (enge- nheiro-agrônomo francês) com o objetivo de estudar a queima das caldeiras a vapor pela análise da opacidade de sua fumaça, ou seja, quanto ela é opaca e não deixa atravessar a luz. Com o propósito de um exame mais correto e confiá vel, desenvolveu-se o opacímetro, que é um modo computadorizado de realizar essa medição. É muito importante destacar que a análise visual continua sendo necessária para evitar danos severos aos opacímetros em casos de saída de fumaça extremamente densa pelo escape. Como o equipamento possui uma sonda conectada ao esca- pamento para recolher uma parcela dos gases e levá-los até o smoke panel (painel de fumaça), uma fumaça extremamente densa pode contaminar o equipamento e interferir diretamente nas medições posteriores. O opacímetro não realiza uma análise individual dos gases, como ocorre com os analisadores de gases dos motores de ciclo Otto (CO, O2, NOx, HC e CO2), mas mede a densidade ou cor da fumaça expelida do motor pelo sistema de escapamento. Os laboratórios de ensaios e homologação de motores diesel são equipados com um analisador de gases diesel, mas que não são comercializados para as oficinas de reparação por causa de seu elevadíssimo custo. É possível encontrar uma etiqueta com uma numeração colada à porta dos veículos diesel que tem como objetivo indicar ao inspetor o limite máximo de opacidade expelida pelo motor. 45GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Figura 2 – Opacímetro para a análise de fumaça em motores diesel. As medições de opacidade são feitas em K, que é o coeficiente de absorção de luz e que tem como unidade m-1 ou em porcentagem de opacidade. Os testes de opacidade devem ser realizados de acordo com o método de acele- ração livre, que é o regime em que o motor deve ser acelerado até seu limite de rotação e com o veículo estacionado. ‘ Figura 3 – Etiqueta de opacidade próximo à fechadura da porta. Ch m ie l/T hi nk st oc k Ac er vo d o au to r 46 O INÍCIO DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E A REDUÇÃO... INSTRUÇÕES DE USO 1o Posicione-se de costas para o sol e segure o cartão com o braço totalmente estendido. 2o Compare a fumaça (vista pelo orifício) com o padrão colorimétrico, determinando qual tonalidade da escala mais se assemelha com a tonalidade (densidade) da fumaça. 3o Para a medição da fumaça emitida por veículos, o observador deverá estar a uma distância de 20 m a 50 m do tubo de escapamento a ser observado. 4o Para a medição de fumaça emitida por chaminés, o observador deverá estar a uma distância de 30 m a 150 m da chaminé. N o 1 DENS. 20% N o 2 D EN S. 40% N o 3 DENS. 60% No 4 D EN S. 8 0% N o 5 D EN S. 1 00% Figura 4 – Escala de Ringelmann para análise de fumaça em motores diesel. Monóxido de carbono (CO) O monóxido de carbono é um gás resultante da combustão incompleta do com- bustível injetado em virtude de pouco oxigênio. É extremamente tóxico, incolor, sem cheiro ou sabor e inflamável. É absorvido principalmente pela respiração e diminui a quantidade de oxigênio transportado para os órgãos do corpo humano por causa de sua associação com a hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos do sangue. Iv an N . S ar de lla 47GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS O alto conteúdo de oxigênio no processo de combustão, que em parte produz altos níveis de óxido de nitrogênio (NOX), também é responsável pelo baixo nível de monóxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos (HC) contidos nos gases de escape do motor diesel. Dada a necessidade de os motores diesel atuais realizarem a recirculação dos gases de escapamento para redução dos níveis de óxidos de nitrogênio (NOx), esses equipamentos passaram a precisar de um catalisador de oxidação (reação de queima) no escapamento para combater o monóxido de carbono e os hidro- carbonetos. O catalisador de oxidação de duas vias recebe esse nome por converter os gases HC e CO em gases inofensivos CO2 (dióxido de carbono) e H2O (vapor de água) utilizando para isso materiais oxidantes como a platina e o paládio. Essa conver- são ocorre por reações químicas dentro do próprio catalisador. As medidas que podem ser tomadaspara reduzir a produção de determinado gás tóxico podem levar simultaneamente ao aumento de outro gás igualmente tóxico. Exercícios 1. Citar os principais gases tóxicos que são expelidos pelo motor diesel durante seu processo de combustão. 2. Diferenciar a escala de Ringelmann do opacímetro. As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com.br/downloads/respostas/ gerenciamento_eletr_motor_diesel_respostas.pdf>. 5. Interpretando os circuitos de combustível Sistema PLD Sistema PDE Sistema de injeção PDE Volvo D13 Common Rail Neste capítulo, serão vistos como é o percurso do óleo diesel, do tanque de com- bustível até sua pulverização dentro do cilindro do motor, nos três sistemas de injeção eletrônica mais utilizados no mercado mundial e de que forma é possível diagnosticar e reparar esses sistemas. Vale destacar que existem outros tipos de injeção eletrônica de combustível que utilizam a pressão do óleo lubrificante do motor para realização do aumento de pressão de combustível, mas não serão abordados por representarem uma pequena parcela do mercado de motores diesel. Sistema PLD O sistema de injeção de combustível PLD é utilizado nos motores Mercedes-Benz das séries 900 (904/924 e 906/926) e nos motores da série 457, independentemen- te da faixa de potência. Nas Figuras 1, 2 e 3 é possível compará-los e perceber as pequenas diferenças existentes entre eles. 49GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Racor Retorno Bomba Filtro Pré- -�ltro Unidade injetora Galeria principal Bico injetor Retorno galeria principal Retorno cabeçote Tanque Figura 1 – Circuito de combustível em motores da série 900. Retorno galeria principal Retorno cabeçote Trocador de calor Tanque BombaRacorRetorno Galeria principal Filtro Unidade injetora Bico injetor Figura 2 – Circuito de combustível em motores da série 457. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 50 INTERPRETANDO OS CIRCUITOS DE COMBUSTÍVEL O sistema PLD (do alemão, Pumpe – Leitung – Düse), ou Bomba – Tubo – Bico, é assim conhecido por causa de seu formato construtivo em que existe uma uni- dade injetora para cada cilindro. Essas unidades injetoras são responsáveis por realizar a multiplicação da pressão do diesel a fim de pulverizá-lo na câmara de combustão da forma mais fracionada possível. Isso diminui o tamanho da par- tícula de diesel, o que possibilita uma melhor mistura com o ar que está compri- mido dentro da câmara de combustão. Quanto mais fracionado o combustível se apresentar nesse momento, melhor será sua mistura e, consequentemente, menor será a quantidade de resíduos não queimados, aumentando, assim, a eficiência do motor e reduzindo a emissão de poluentes. A unidade injetora do sistema PLD está interligada ao bico injetor através de uma pequena tubulação de alta pressão. Nela estão alojados o elemento injetor, as câmaras de pressão e descarga de combustível, a válvula de controle de vazão e seu eletroímã de acionamento. Esse conjunto é responsável pela elevação de pressão e controle do volume de injeção. Na Figura 3 é possível identificar o posicionamento de cada componente mecânico do sistema PLD. Bico injetor Êmbolo Tubo Unidade injetora Comando de válvulas Figura 3 – Circuito de combustível em motores da série 457. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 51GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS O acionamento mecânico para elevação da pressão de injeção começa quando a unidade injetora é posta em funcionamento pelo comando de válvulas do motor, que possui um came exclusivo para isso em cada um dos cilindros do motor. O came é responsável por acionar os mecanismos internos da unidade/bomba. O módulo de controle eletrônico do motor realiza o atracamento elétrico do solenoide, que fecha o retorno do óleo para a galeria de diesel presente no bloco do motor. Essa galeria é o canal de abastecimento de diesel para as unidades injetoras e serve como um reservatório dentro do bloco do motor. Na extremidade da galeria de combustível encontra-se a válvula reguladora de pressão, que é o componente que ajusta a pressão de diesel em seu interior. Essa válvula é mecânica e possui uma mola calibrada que permite que o diesel pressurizado pela bomba de combustível mecânica, ao atingir a pressão máxima de trabalho, nos momentos de rotações mais elevadas, abra o retorno de diesel para o tanque. SAIBA MAIS O perfeito funcionamento desse sistema está diretamente relacionado à pressão e à vazão corretas da bomba de combustível. Para conhecer os procedimentos, as ferramentas e os valores dos testes de pressão e vazão do circuito, deve-se consultar a literatura técnica da Mercedes-Benz. A fim de evitar que haja vazamento de diesel para dentro do motor e consequente contaminação de óleo presente no cárter, é preciso drenar a galeria de combus- tível em caso de necessidade de remoção de uma ou mais unidades injetoras. Outro fator importante são os anéis de vedação das unidades, que possuem cores e tamanhos adequados para cada tipo de motorização, sendo fundamental seguir a recomendação do manual de reparação. Ao comparar um motor com injeção mecânica (bomba injetora) com um motor de injeção PLD, é possível perceber que, no primeiro caso, a bomba injetora é tocada por uma engrenagem em contato com o comando de válvulas, enquanto nos motores com sistema de injeção PLD as unidades injetoras continuam sendo acionadas pelo comando de válvulas, porém por ressaltos individuais. 52 INTERPRETANDO OS CIRCUITOS DE COMBUSTÍVEL A Figura 4 apresenta um gráfico captado em osciloscópio do sinal de atracamento de uma unidade injetora. A – Período de atracamento B – Período de injeção C – Desligamento da unidade 1.A V 2.A HOLDHz A = 10 V 500 ms Trig: A B C A A Figura 4 – Sinal de atracamento da unidade injetora. A Figura 5 identifica os componentes da unidade injetora PLD. 1 – Débito de alívio 2 – Débito de retorno de combustível 3 – Placa de cobertura 4 – Batente da válvula 5 – Mola da válvula 6 – Apoio da mola da válvula 7 – Placa intermediária 8 – Eletroímã da bomba 9 – Placa do induzido 10 – Filtro de combustível 11 – Prato da mola 12 – Válvula 13 – Carcaça da bomba 14 – Elemento da bomba 15 – Bucha 16 – Deslizante 17 – Mola do impulsor de roletes 18 – Prato da mola 19 – Impulsor de roletes 20 – Canal de óleo 21 – Rolete 22 – Pino impulsor do rolete 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Figura 5 – Componentes da unidade injetora PLD. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 53GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS A Figura 6 mostra o percurso realizado pelo diesel desde sua entrada na unidade até sua saída sob elevada pressão. 1 2 7 6 8 3 4 5 9 10 11 12 13 13 1 – Canal de retorno no bloco do motor 2 – Canal de retorno no cabeçote da bomba 3 – Cabeçote da bomba 4 – Tubulação de injeção 5 – Eletroímã 6 – Filtro de combustível 7 – Válvula 8 – Placa do induzido no corpo da válvula 9 – Canal de alimentação no cabeçote da bomba 10 – Entrada (ilustração otimizada; a a�uência localizada no lado oposto) 11 – Câmara de alta presssão 12 – Elemento da bomba 13 – Circuito de óleo no bloco do motor Figura 6 – Fluxo de diesel dentro da unidade injetora PLD. As peças móveis no cabeçote da unidade injetora (elemento da bomba e corpo da válvula) são lubrificadas pelo combustível do mesmo modo que nas bombas injetoras. Processo de injeção (trajeto) Será vista a seguir a sequência necessária para a realização do processo de injeção: • Entrada. • Curso prévio. • Injeção. • Curso residual. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 54 INTERPRETANDO OS CIRCUITOS DE COMBUSTÍVEL Observações É muito importante consultaro manual de reparações Mercedes-Benz para identificar as ferramentas necessárias para a correta remoção das “canetas” do cabeçote e para remoção e teste dos bicos injetores. Conferir em tabelas de aplicação Bosch ou nos manuais de reparação Mercedes-Benz os números dos injetores antes de instalá-los no motor. É muito comum a instalação de injetores incorretos no motor, pois aparentemente e erroneamente parecem idênticos. Entrada No tempo de admissão de combustível, o elemento da unidade injetora (item 9, Figura 7) se desloca para baixo, permitindo a entrada de combustível pressuri- zado pela bomba mecânica de transferência (Figuras 1 e 2). 1 – Ressalto do comando de válvulas 2 – Canal de retorno 3 – Canal de alimentação 4 – Porta injetor com injetor 5 – Tubulação de injeção 6 – Válvula 7 – Eletroímã 8 – Câmara de alta pressão 9 – Elemento da bomba 10 – Rolete da unidade injetora 1 - Nono nono nononon 2 - Nono nono nononon 3 - Nono nono nononon 4 - Nono nono nononon 5 - Nono nono nononon 6 - Nono nono nononon 7 - Nono nono nononon 8 - Nono nono nononon 9 - Nono nono nononon 10 - Nono nono nononon 4 5 7 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 7 – Entrada de diesel na unidade PLD. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 55GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Curso prévio No curso prévio, o elemento da unidade injetora (item 9, Figura 7) se desloca para cima em virtude do deslocamento provocado pelo came do comando de válvulas. Como não há sinal elétrico na bobina da unidade (item 7, Figura 7) para o fechamento da válvula (item 6, Figura 7), o combustível flui para a linha de retorno. 1 - Nono nono nononon 2 - Nono nono nononon 3 - Nono nono nononon 4 - Nono nono nononon 5 - Nono nono nononon 6 - Nono nono nononon 7 - Nono nono nononon 8 - Nono nono nononon 9 - Nono nono nononon 10 - Nono nono nononon 1 - Nono nono nononon 2 - Nono nono nononon 3 - Nono nono nononon 4 - Nono nono nononon 5 - Nono nono nononon 6 - Nono nono nononon 7 - Nono nono nononon 8 - Nono nono nononon 9 - Nono nono nononon 10 - Nono nono nononon 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 68 9 10 1 – Ressalto do comando de válvulas 2 – Canal de retorno 3 – Canal de alimentação 4 – Porta injetor com injetor 5 – Tubulação de injeção 6 – Válvula 7 – Eletroímã 8 – Câmara de alta pressão 9 – Elemento da bomba 10 – Rolete da unidade injetora Figura 8 – Curso prévio de diesel na unidade PLD. Injeção Baseando-se nas informações captadas pelos sensores espalhados pelo motor, o módulo eletrônico comanda o fechamento da válvula (item 6, Figura 7) através do atracamento elétrico da bobina (item 7, Figura 7). Isso gera a obstrução do canal de retorno do diesel dentro da unidade injetora. Como o comando de válvulas continua empurrando mecanicamente o elemento da unidade injetora para cima, o diesel acaba sendo bombeado pela tubulação com pressão suficiente para vencer a pressão da mola que mantém o bico normalmente fechado (esse funcionamento será visto a seguir). Vencendo a pressão da mola, a agulha é levantada iniciando, assim, a injeção com uma pressão mínima de aproximadamente 250 bars. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 56 INTERPRETANDO OS CIRCUITOS DE COMBUSTÍVEL 1 - Nono nono nononon 2 - Nono nono nononon 3 - Nono nono nononon 4 - Nono nono nononon 5 - Nono nono nononon 6 - Nono nono nononon 7 - Nono nono nononon 8 - Nono nono nononon 9 - Nono nono nononon 10 - Nono nono nononon 1 - Nono nono nononon 2 - Nono nono nononon 3 - Nono nono nononon 4 - Nono nono nononon 5 - Nono nono nononon 6 - Nono nono nononon 7 - Nono nono nononon 8 - Nono nono nononon 9 - Nono nono nononon 10 - Nono nono nononon1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 – Ressalto do comando de válvulas 2 – Canal de retorno 3 – Canal de alimentação 4 – Porta injetor com injetor 5 – Tubulação de injeção 6 – Válvula 7 – Eletroímã 8 – Câmara de alta pressão 9 – Elemento da bomba 10 – Rolete da unidade injetora Figura 9 – Injeção de diesel na unidade PLD. Curso residual Com o fim do sinal elétrico que realiza o atracamento da unidade injetora que comanda a válvula (item 6, Figura 7), ela se abre, despressurizando a linha de alta pressão através da abertura do retorno de diesel dentro da unidade. 1 - Nono nono nononon 2 - Nono nono nononon 3 - Nono nono nononon 4 - Nono nono nononon 5 - Nono nono nononon 6 - Nono nono nononon 7 - Nono nono nononon 8 - Nono nono nononon 9 - Nono nono nononon 10 - Nono nono nononon 1 - Nono nono nononon 2 - Nono nono nononon 3 - Nono nono nononon 4 - Nono nono nononon 5 - Nono nono nononon 6 - Nono nono nononon 7 - Nono nono nononon 8 - Nono nono nononon 9 - Nono nono nononon 10 - Nono nono nononon1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 – Ressalto do comando de válvulas 2 – Canal de retorno 3 – Canal de alimentação 4 – Porta injetor com injetor 5 – Tubulação de injeção 6 – Válvula 7 – Eletroímã 8 – Câmara de alta pressão 9 – Elemento da bomba 10 – Rolete da unidade injetora Figura 10 – Curso residual de diesel na unidade PLD. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 57GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS O bico injetor do sistema PLD O acionamento elétrico da unidade injetora PLD pelo módulo de controle do motor é baseado nas informações provenientes dos sensores do motor. Ao chegar ao bico injetor, o diesel pressurizado depara com um injetor mecâni- co que segue os mesmos princípios de funcionamento e testes de um injetor de motor com injeção mecânica de combustível. O canal em vermelho na Figura 11 representa o diesel já pressurizado pela uni- dade PLD e que, para ser introduzido no motor, necessita vencer a carga da mola que mantém a agulha do injetor forçada contra a ponteira do porta-injetor, mantendo-o fechado. Quando a pressão de injeção é mais forte que a carga da mola, há a abertura mecânica do injetor. 1 – Entrada 2 – Corpo do porta-injetor 3 – Porca de fixação do bico 4 – Disco intermediário 5 – Bico injetor 6 – Porca capa com tubo de pressão 7 – Filtro bastão 8 – Conexão de retorno 9 – Arruelas de ajuste 10 – Canal de pressão 11 – Mola de pressão 12 – Pino de pressão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Figura 11 – Funcionamento do bico injetor diesel mecânico. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 58 INTERPRETANDO OS CIRCUITOS DE COMBUSTÍVEL Limpando o bico injetor do sistema PLD O bico injetor do motor deve ser limpo com líquido e equipamento de ultrassom descritos nos procedimentos dos manuais de reparações Mercedes-Benz. Ele não deve passar por processos mecânicos de limpeza, como agulhas metálicas, escova de aço, lixa etc. Isso acarretará danos aos bicos injetores. A temperatura da solução, controlada pelo próprio equipamento de ultrassom, deve ser de 60ºC durante a limpeza. Após a limpeza com ultrassom, os porta-injetores completos deverão ser ime- diatamente enxaguados no aparelho de teste para injetores ou colocados em funcionamento no motor, pois, do contrário, em no máximo três horas, o injetor estará inutilizado. Também é necessário verificar a pressão de abertura do bico injetor e a estanqueidade com o tubo de pressão interno. Injetor Cuba Suporte para injetores Figura 12 – Limpeza de injetores PLD. M er ce de s- Be nz d o Br as il Lt da . 59GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE MOTORES DIESEL E SEUS SUBSISTEMAS Testando o injetor do sistema PLD Para realizar os testes nos bicos injetores do sistema de injeção PLD, é necessária a utilização de equipamentos de testes e ferramental específico. A Figura 13 pos- sibilita a visualização desse conjunto de ferramentas, além dos valores exigidos pela Mercedes-Benz para seu correto funcionamento. Denominação Motor 457.9 até ono final 729790 Motor 457.9
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