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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ENGENHARIA NAVAL Henrique Mauler Borges José Gabriel da Silva Rodrigues Kleber Cristiann Afonso Carvalho Natasha Noronha Kuser Lehmkuhl Motores 2 tempos e 4 tempos — Particularidades, vantagens, desvantagens, comparações e aplicações Belém 2020 Henrique Mauler Borges José Gabriel da Silva Rodrigues Kleber Cristiann Afonso Carvalho Natasha Noronha Kuser Lehmkuhl Motores 2 tempos e 4 tempos — Particularidades, vantagens, desvantagens, comparações e aplicações Trabalho apresentado ao curso de Engenha- ria Naval, como parte dos requisitos neces- sários à conclusão das atividades solicita- das referentes à disciplina de Instalações Propulsoras. Professor(a): Dr. Pedro Igor Dias Lameira Disciplina: Instalações Propulsoras Belém 2020 Lista de ilustrações Figura 1 – Bloco do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Figura 2 – Bloco do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Figura 3 – Cabeçote de um motor 4 cilindros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Figura 4 – Cárter e junta de vedação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Figura 5 – Denominação das partes constituintes de um pistão . . . . . . . . . 10 Figura 6 – Biela, pistão e bronzinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Figura 7 – Localização dos moentes e munhões do virabrequim . . . . . . . . . 12 Figura 8 – Posição da válvula e seus componentes . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Figura 9 – Eixos, tuchos e válvulas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Figura 10 – Sistema de aspiração natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Figura 11 – Sistema de aspiração turbo alimentado . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Figura 12 – Esquema de refrigeração do ar no motor . . . . . . . . . . . . . . . 17 Figura 13 – Circuito do sistema de alimentação de combustível – Diesel (bomba injetora em linha – 6 cilindros e rotativa – 4 cilindros) . . . . . . . . . 18 Figura 14 – Sistema de óleo lubrificante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figura 15 – Movimento do fluido refrigerante com motor frio . . . . . . . . . . . . 20 Figura 16 – Movimento do fluido refrigerante com motor quente . . . . . . . . . 21 Figura 17 – Câmara de resfriamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Figura 18 – Esquema de um trocador de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 19 – Admissão da mistura de ar e combustível . . . . . . . . . . . . . . . 23 Figura 20 – Virabrequim conectado com a biela e os pistões . . . . . . . . . . . 24 Figura 21 – Estrutura de motor de dois tempos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Figura 22 – Motor localizado na popa de uma embarcação . . . . . . . . . . . . 29 Figura 23 – Motor de centro com eixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 24 – Motor do tipo hidrojato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Sumário 1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 Motores a combustão interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.1 Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.1.1 Quanto à sua utilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.1.2 Quanto aos seus ciclos termodinâmicos . . . . . . . . . . . . . . 6 2.1.3 Quanto à quantidade de ciclos de trabalho . . . . . . . . . . . . . 6 2.2 Componentes fixos e móveis dos motores . . . . . . . . . . . . . 7 2.2.1 Bloco do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.2.2 Cabeçote . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.2.3 Cárter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2.4 Pistão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.2.5 Bielas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.2.6 Virabrequim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2.7 Volante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.2.8 Válvulas e eixo de comando de válvulas . . . . . . . . . . . . . . . 12 3 Sistemas complementares dos motores . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.1 Sistema de alimentação de ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.2 Sistema de alimentação de combustível . . . . . . . . . . . . . . . 17 3.3 Sistema de lubrificação do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 3.4 Sistema de arrefecimento do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 4 Comparativo entre motores de 2 e 4 tempos para o ciclo Otto e Diesel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 5 Vantagens e desvantagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 6 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 6.1 Indústria Naval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 6.1.1 Motor localizado na popa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 6.1.2 Motor de popa interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 6.1.3 Motor de centro com eixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 6.1.4 Motor Hidrojato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 6.2 Indústria Automobilística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6.2.1 Motocicletas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 5 1 Introdução O contexto histórico em que estão inseridos os motores de combustão é consi- deravelmente antigo; diversos pesquisadores tentaram desenvolver um sistema que pudesse locomover determinada estrutura e muitos acabaram falhando nessa prerroga- tiva, mas, depois de diversas tentativas, quem recebeu maior destaque nessa tratativa foi o alemão Nicolaus Otto. Em 1876, Otto apresenta um motor de quatro cilindros que funcionava com os princípios estabelecidos por Beau de Rochas em 1962. Esse motor era muito mais compacto e leve, com cerca de 1/3 do peso do anterior e uma eficiência próxima a 14%. Até 1890, tinham sido construídos 50.000 motores desse tipo na Europa e nos Estados Unidos. Suas características básicas são as mesmas encontradas nos motores de hoje. Outro marco histórico que acarretou um importante avanço no desenvolvimento e na consolidação dos motores de combustão interna ocorreu em 1892, quando o engenheiro alemão Rudolf Diesel registrou a patente do motor que leva seu nome até hoje, com ignição por compressão, onde não existia centelha elétrica para inflamar a mistura. A característica fundamental desse motor é que o combustível é injetado dentro de uma câmara de combustão que já contém o ar aquecido e pressurizado. A combustão da mistura se produz pela compressão (combustão espontânea) devido às condições combinadas de pressão e temperatura elevadas, e não por uma centelha, como ocorre no caso dos motores do ciclo Otto. Atualmente, a indústria mecânica está em constante aprimoramento da quali- dade e da eficiência dos motores que produz, buscando mudanças importantes nos projetos e na operação dos motores de combustão, principalmente na necessidade de controle das emissões e da otimização do consumo de combustível. Nesse sentido, a pesquisa desenvolvida buscará englobar o máximo de informações possíveis, de modo que garanta uma boa conceituação e exemplificação a respeito dos motores de combustão interna e seus auxiliares. 6 2 Motores a combustão interna Os motores a combustão interna são aqueles em que o processo de queima de combustível é realizado internamente a um sistema. Essa máquina possui a capacidade de transformar a energia térmica (calorífica) em energia mecânica, executando um movimento alternativo do pistão dentro do cilindro que é transformado em movimento rotativo através da biela e do virabrequim. 2.1 Classificação 2.1.1Quanto à sua utilização Os motores a combustão interna podem ser classificados de acordo com sua utilização, a saber: estacionários, industriais, veiculares e marítimos. Além de serem caracterizados como do ciclo Otto ou Diesel, sendo selecionado de acordo com a necessidade. 2.1.2 Quanto aos seus ciclos termodinâmicos Podemos classificá-los, ainda, de acordo com os ciclos termodinâmicos: ciclo Otto e ciclo Diesel. Os motores de ciclo Otto são motores de combustão interna com ignição por centelha, utilizando, como combustíveis, gasolina, gás ou álcool. O convencional motor a gasolina é um motor de combustão interna no qual uma mistura de ar + combustível é admitida em um cilindro e comprimida pelo pistão ou embolo. Após isso, é inflamada por uma centelha elétrica provocada pela vela de ignição. Os motores de ciclo Diesel são motores de combustão interna com ignição por compressão, utilizando, como combustíveis, diesel, biodiesel e suas misturas. O motor Diesel é um motor de combustão interna no qual o ar admitido no cilindro é comprimido pelo pistão ou embolo, atingindo altas taxas de compressão e temperatura de 500 a 700 graus Celsius. Uma vez injetado ou atomizado o combustível, a mistura inflama-se espontaneamente, devido ao calor resultante da compressão do ar. 2.1.3 Quanto à quantidade de ciclos de trabalho Os motores de combustão interna podem ser classificados em motores de 2 e 4 tempos. O motor a combustão interna de pistão que funciona segundo o ciclo Diesel apresenta, durante o funcionamento, quatro fases: admissão, compressão, expansão (combustão) e escape. No sistema de 2 tempos, a cada uma subida ou descida do pistão são realizados 2 tempos de trabalho e, no de 4 tempos, a cada movimento do pistão é realizado Capítulo 2. Motores a combustão interna 7 apenas uma fase de trabalho. Logo, o virabrequim deverá executar um movimento rotacional de 720 graus para cada ciclo de trabalho completo. 2.2 Componentes fixos e móveis dos motores Esses elementos são componentes auxiliares que trabalham em conjunto com o funcionamento do motor e são responsáveis pelo fornecimento das condições favoráveis para que o processo de transformação da energia química dos combustíveis nos motores se realize de forma eficiente e contínua. Os principais componentes de um motor de combustão interna se dividem em dois grupos, sendo os componentes fixos compostos pelos seguintes elementos: bloco do motor, cabeçote e cárter; e componentes móveis, dentre os quais podemos destacar alguns dos principais como: pistão ou êmbolo, biela, árvore de manivelas ou virabrequim, válvulas de admissão, válvulas de escape e árvore de comando de válvulas, entre outros. 2.2.1 Bloco do motor É a principal estrutura do motor. Nele, são acoplados todos os componentes que compõem o motor. Necessita ser constituído por materiais com requisitos tecnológicos suficientes para suportar altas temperaturas e pressões de trabalhos, além de ter capacidade de dilatar e contrair. Normalmente, são constituídos de ferro fundido ou alumínio. Nesses blocos, as paredes nas quais ficam alojados os cilindros merecem destaque: essas podem ser denominadas de camisas e podem ser fixas ou removíveis, úmidas ou secas. Capítulo 2. Motores a combustão interna 8 Figura 1 – Bloco do motor Daimler Chrysler (2008) Figura 2 – Bloco do motor Daimler Chrysler (2008) 2.2.2 Cabeçote O cabeçote tem como função fechar a entrada superior dos cilindros, formando uma câmara de combustão. Nele é comum ocorrer altas pressões, por conta do pistão que comprime a mistura, no caso do ciclo Otto, ou ar, no caso dos motores do ciclo Diesel. Nele normalmente encontramos orifícios com roscas onde são fixadas as velas de ignição ou os bicos injetores e alojadas as válvulas de admissão e escape. A união Capítulo 2. Motores a combustão interna 9 do bloco com o cabeçote necessita de total vedação, por isso utiliza-se uma junta de amianto revestida de metal. Figura 3 – Cabeçote de um motor 4 cilindros Daimler Chrysler (2008) 2.2.3 Cárter É a parte inferior do motor que cobre os seus componentes inferiores e serve de depósito para óleo lubrificante, é constituído de ferro ou de alumínio fundido e nele estão contidas partes importantes do motor como o virabrequim e a bomba de óleo lubrificante. Figura 4 – Cárter e junta de vedação Apostila de treinamento técnico Mercedes (2010) A união do bloco com o cárter, em razão da necessidade de total vedação, requer uma junta com material que evite vazamentos em razão do aquecimento e da dilatação dos metais. Capítulo 2. Motores a combustão interna 10 2.2.4 Pistão É o elemento responsável por transmitir e ampliar a energia resultante da expansão dos gases após a combustão. Ele recebe a força de transmissão dos gases queimados e transmite à biela através do pino do pistão. Os pistões são constituídos de ligas de alumínio e aço e geralmente apresentam três canaletas para alojamento dos anéis de segmentos que apresentam três funções básicas, como garantir a vedação da compressão e combustão, o controle de óleo lubrificante e a transferência de calor para o sistema de arrefecimento. Figura 5 – Denominação das partes constituintes de um pistão MWM International (2009) 2.2.5 Bielas Trata-se do braço de ligação entre os pistões e o eixo de manivelas; recebem o impulso dos pistões, transmitindo-o ao eixo de manivelas ou virabrequim. É importante salientar que o conjunto biela-virabrequim transforma o movimento retilíneo dos pistões em movimento rotativo do virabrequim. A biela é dividida em três partes, sendo essas: pé, corpo e cabeça da biela. O pé da biela está conectado no pino do pistão por intermédio de uma bucha de bronze; o corpo da biela é tubular ou em formato de duplo T, sendo inteiramente usinados de Capítulo 2. Motores a combustão interna 11 maneira a garantir o equilíbrio do motor e menores vibrações; a cabeça está ligada no virabrequim através de um material antifricção, conhecido como casquilho ou bronzina, que são buchas bipartidas cuja função é diminuir o atrito entre o eixo e seu apoio, suportando cargas elevadas. Figura 6 – Biela, pistão e bronzinas Apostila de treinamento técnico Mercedes (2010) 2.2.6 Virabrequim É um elemento do sistema de força conhecido também como árvore de manive- las. É considerado o eixo principal do motor, o qual quase sempre é instalado na parte inferior do bloco, recebendo as bielas que lhe imprimem movimento. As cargas impostas sobre um virabrequim resultam em tensões devido à flexão, torção e cisalhamento em todo seu comprimento. A geometria complexa envolvida tor- naria impossíveis cálculos precisos de tensão, ainda que as cargas fossem conhecidas com precisão. O virabrequim é dividido em munhões e moentes, assim, na linha de eixo, está presente o conjunto de munhões, pontos fixos de assentamento dos mancais de fixação no bloco, nos quais gira o virabrequim apoiado no bloco do motor. Já os moentes são as partes do virabrequim onde se apoiam as bielas. É comum ainda encontrar, no interior Capítulo 2. Motores a combustão interna 12 do virabrequim, dutos especiais por onde circula o óleo necessário à lubrificação dos munhões e dos moentes, apresentados na figura abaixo. Figura 7 – Localização dos moentes e munhões do virabrequim Apostila de treinamento técnico Mercedes (2010) 2.2.7 Volante O volante está destinado a regularizar e equilibrar a rotação do virabrequim no momento da explosão. Ele absorve a energia desenvolvida restituindo-a nos tempos não motores, ou seja, absorve energia durante o tempo útil de cada pistão (expansão devido à explosão do combustível), liberando-a nos outros tempos do ciclo (quando cada pistão não está no tempo de potência). Os motores de um cilindro exigem um volante grande, enquanto os de vários cilindros são equipados com volantes tanto mais leves, quanto mais elevado for o número de cilindros. 2.2.8 Válvulas e eixo de comando de válvulas As válvulas são responsáveis pela abertura e pelo fechamento dos orifícios quepercorrem os gases de escape e admissão. Existem dois tipos de válvulas: válvulas de admissão e válvulas de escape. As primeiras abrem-se para permitir a entrada da mistura combustível/ar (ou ar puro, conforme o caso) no interior dos cilindros. As outras, de escape, abrem-se para dar saída aos gases queimados na combustão. O conjunto responsável pelo acionamento das válvulas compreende o tucho e uma haste que o interliga ao balancim, apoiando-se diretamente sobre a válvula como mostrado na figura abaixo. No momento em que o eixo comando de válvulas gira o ressalto deste ou cames aciona o tucho que, por sua vez, move a haste, fazendo com que o balancim transmita o movimento à válvula, abrindo-a. Nos motores de 4 tempos, a relação de rotação da árvore de manivelas para a árvore do comando de válvulas ou eixo de cames é de 2:1, isto é, a cada duas voltas Capítulo 2. Motores a combustão interna 13 da árvore de manivelas, o eixo de cames realiza somente uma. Isso ocorre porque o motor necessita de duas voltas no virabrequim para completar a realização de um ciclo. Figura 8 – Posição da válvula e seus componentes Apostila de treinamento técnico Mercedes (2010) O eixo de cames, ou comando de válvulas, é um eixo que possui como caracte- rísticas ressaltos destinados a agir sobre os elementos impulsionadores das válvulas, balancins, haste e tuchos em tempos precisos. A forma e a posição dos cames deter- minam, diretamente, as características de potência e de regime do motor. A função desse eixo é abrir as válvulas de admissão e escape, respectivamente, nos tempos de admissão e escapamento. É acionado pelo eixo de manivelas, através de engrenagens, corrente ou por correia dentada. É dotado de ressaltos que elevam o conjunto: tucho, haste e balancim, abrindo as válvulas no momento oportuno, tal como aparece na Figura abaixo. Capítulo 2. Motores a combustão interna 14 Figura 9 – Eixos, tuchos e válvulas. Mahle (2007) 15 3 Sistemas complementares dos motores Os sistemas complementares dos motores proporcionam as condições necessá- rias para que o processo de transformação da energia interna dos combustíveis em trabalho mecânico se realize de forma eficiente e contínua. Os sistemas complementa- res dos motores de combustão interna são: Sistema de alimentação de ar, Sistema de alimentação de combustível, Sistema de arrefecimento, Sistema de lubrificação. 3.1 Sistema de alimentação de ar O sistema de alimentação de ar (oxigênio) é projetado de forma que garanta um processo eficaz de admissão de ar limpo para dentro do cilindro de forma que o trabalho mecânico seja executado eficientemente. O circuito envolve a admissão do ar, filtragem, participação na combustão e exaustão ou escapamento dos gases para o meio exterior. O ar aspirado pelo motor deve obrigatoriamente passar por filtros de boa qualidade que garantam a total retenção das impurezas que acompanham esse ar. Os sistemas mais utilizados pelos motores são: aspiração natural, sistema turbo alimentado e o turbo alimentado com pós-arrefecimento. Em um sistema de aspiração natural ou convencional, o ar admitido pela di- ferença de pressão passa pelos filtros e, através do coletor de admissão, alcança a câmara de combustão, onde, após a combustão, é empurrado ou forçado pelo pistão a sair pelo coletor de escapamento e, posteriormente, sair para o meio ambiente. Figura 10 – Sistema de aspiração natural MWM International (2009) No sistema de aspiração turbinado ou turbo alimentado, o ar é forçado pelo Capítulo 3. Sistemas complementares dos motores 16 turbo compressor a passar pelo processo de filtragem através da turbina de ar, sendo remetida com pressão a câmara de combustão. Logo após a combustão, os gases são expelidos e acionam a turbina, que, interligada por um eixo, aciona o compressor que continua enviando ar para o coletor de admissão. Figura 11 – Sistema de aspiração turbo alimentado MWM International (2009) O sistema com pós-arrefecimento dos gases de compressão se utiliza de um aftercooler que arrefece o ar antes de entrar no cilindro, visando diminuir sua densidade e melhorando o sistema de abastecimento dos cilindros. Capítulo 3. Sistemas complementares dos motores 17 Figura 12 – Esquema de refrigeração do ar no motor Apostila de treinamento técnico Mercedes (2010) 3.2 Sistema de alimentação de combustível O sistema de combustível é fundamental na constituição de um motor, pois é o responsável por injetar combustível no momento exato dentro dos cilindros e na quantidade correta, com pressão necessária e isento de impureza. Nos motores do ciclo Otto, é introduzida a mistura de ar + combustível na câmara de combustão. Enfatizando um sistema de alimentação de combustível Diesel mostrado abaixo, é possível observar a existência dos seguintes componentes: reservatório de combustí- vel, tubulação de baixa e alta pressão, tubulação de retorno, bomba alimentadora de combustível, filtros, bomba injetora, bicos injetores, dispositivo de avanço, regulador de rotações, etc. Capítulo 3. Sistemas complementares dos motores 18 Figura 13 – Circuito do sistema de alimentação de combustível – Diesel (bomba injetora em linha – 6 cilindros e rotativa – 4 cilindros) Apostila de treinamento técnico Mercedes (2010) 3.3 Sistema de lubrificação do motor O calor e o desgaste gerados pelo atrito das peças provocam temperaturas elevadas que podem fundir peças umas às outras, e é nesse contexto em que são inseridos os óleos lubrificantes cuja função principal é lubrificar componentes, mantendo uma película de óleo lubrificante entre essas peças a fim de dissipar calor, vedar, limpar, reduzir o ruído do motor, além de remover as partículas geradas pelo desgaste nos locais de atrito, mantendo-as em suspensão. O sistema de lubrificação é composto por uma bomba que suga o óleo do reservatório, pelo cárter (através do elemento pescador que o bombeia para a galeria principal do motor). Em motores turbos alimentados, o óleo passa pelo trocador de calor, onde é resfriado e direcionado aos filtros. Após a passagem pelos elementos filtrantes, é encaminhado às demais partes do motor: mancais, cabeçote, balancins, entre outros. Capítulo 3. Sistemas complementares dos motores 19 Figura 14 – Sistema de óleo lubrificante MWM International (2009) A bomba de óleo do motor faz circular com pressão o óleo lubrificante, levando-o para todos os pontos que requerem lubrificação, através de galerias existentes no bloco e cabeçote do motor. Os cilindros são lubrificados pelo óleo que extravasa dos colos das bielas e mancais. As hastes das válvulas, as articulações esféricas das varetas de acionamento dos balancins, os tuchos, as engrenagens da distribuição também são lubrificados pelo óleo vazado dos mancais, os quais são lubrificados sob pressão. 3.4 Sistema de arrefecimento do motor O sistema de arrefecimento tem por objetivo impedir que os elementos mecâni- cos do motor atinjam uma temperatura muito elevada, controlando a temperatura de Capítulo 3. Sistemas complementares dos motores 20 modo que o motor trabalhe numa faixa ideal de operação. Um bom sistema de arrefecimento é fundamental, pois um motor, em geral, aproveita aproximadamente 30% da energia do combustível para seu movimento. Os demais 70% são eliminados pelo calor. Esses valores podem variar em função do motor apresentar uma versão equipada ou não com turbo alimentador e ar pós-arrefecido. O sistema de arrefecimento é o responsável pela troca de calor do motor com o meio ambiente, regulando sua temperatura de trabalho. Em um circuito fechado de arrefecimento, o calor é transmitido ao fluido de arrefecimento que circula no bloco e no cabeçote do motor e, posteriormente, dissipado para o ambiente ao passar pelo radiador, sendo que a regulagem da passagem de fluido para o radiador é realizada pela válvula termostática seguindo os esquemas abaixo. Figura 15 – Movimento do fluido refrigerante com motor frio MWM International (2009) Em caso do motor estar funcionando com temperaturaelevada, a válvula ter- mostática libera o fluxo de água para o radiador, onde é realizada a troca de calor com o meio externo para que posteriormente esse fluido de arrefecimento retorne para o sistema. Capítulo 3. Sistemas complementares dos motores 21 Figura 16 – Movimento do fluido refrigerante com motor quente MWM International (2009) Em caso de motor marítimo de médio e grande porte, será feito através de uma porção de água doce que circula dentro de câmaras de resfriamento existentes no cabeçote e no bloco desses motores. Figura 17 – Câmara de resfriamento gearheadbanger.com Capítulo 3. Sistemas complementares dos motores 22 A água doce, com auxilio de uma bomba centrífuga, percorre essas câmaras e absorve a energia calorífica, e, ao sair do motor, passa por um trocador de calor, que é um aparelho que utiliza água do mar para resfriar a água doce, como mostrado na figura abaixo. Figura 18 – Esquema de um trocador de calor academiadeciencia.org.br Apesar de ser um sistema fechado, há perdas de água doce e essa água precisa ser reposta. Essa reposição é feita por um tanque de expansão, o qual contém uma quantidade de água doce que completa o sistema na medida em que há perda nas tubulações. 23 4 Comparativo entre motores de 2 e 4 tempos para o ciclo Otto e Diesel. Primeiramente, deve-se entender o conceito de tempo e fase. Tempo representa o movimento do pistão do ponto mais alto para o ponto mais baixo. Em outras palavras, uma movimentação de 180 graus da Biela. Já a fase representa a etapas dos processos de trabalho do motor. Os motores trabalham divididos em quatro fases: Admissão, Compressão, Com- bustão e Escape, sendo duas isotérmicas e duas adiabáticas. A maior diferença entre os motores de 2 tempos e o de 4 tempos está basicamente no tempo de execução dessas etapas. Sendo que o motor de dois tempos executa as quatro fases em dois tempos em um único giro de virabrequim. No primeiro tempo, para o motor de quatro tempos, a válvula de saída dos gases está fechada, enquanto que a válvula que libera a entrada do ar e combustível está aberta, recebendo a mistura de ar e combustível (no caso, para o ciclo Otto) ou apenas ar, no ciclo diesel. A mistura é, nesta etapa, puxada pelo sistema. No final desta etapa, o virabrequim já realizou uma rotação de 180 graus. Figura 19 – Admissão da mistura de ar e combustível No segundo tempo, a mistura de ar e combustível recebe uma compressão se aproveitando da inércia (energia cinética) do eixo para manter a rotação do motor e com a biela converter esse movimento para o pistão que irá comprimir o fluido de forma adiabática (sem troca de calor). Nesta etapa, o virabrequim já realizou uma rotação de Capítulo 4. Comparativo entre motores de 2 e 4 tempos para o ciclo Otto e Diesel. 24 360 graus completando uma volta. O terceiro tempo, também condizente com a fase, é constituído pela queima da mistura de ar e combustível, para o ciclo Otto. São determinados por uma faísca acionada pela vela, fornecida indiretamente pelo sistema elétrico, que é acionado mecanicamente ou eletronicamente no tempo certo. Durante essa faísca, ocorre uma explosão que é responsável por utilizar a energia química em energia cinética. O gás sofre uma expansão devido ao aumento da temperatura, e também há um aumento de pressão na mistura confinada dos gases no cilindro. Essas forças são usadas para exercer um torque no eixo principal do motor. Neste tempo, a expansão ocorre devido aos gases resultantes da centelha provocada pela vela, responsável pela inflamação da mistura fortemente comprimida, no caso do ciclo Otto, e, no diesel, há a mesma expansão provocada pelos mesmos gases, porém resultantes de uma combustão espontânea. No final deste tempo, o virabrequim já realizou uma torração de 540 graus. Figura 20 – Virabrequim conectado com a biela e os pistões Retifica vila Maria. O quarto e último tempo consiste na expulsão dos gases queimados dentro do cilindro. Neste caso, a válvula de escape que até estão estava fechada se abre e, com a inércia da rotação, o pistão é empurrado e expulsa a mistura já com combustível. A válvula de entrada permanece fechada. Tudo referente ao Ciclo Otto. Existem algumas diferenças com relação ao ciclo diesel, diferença esta que se encontra na ignição, Capítulo 4. Comparativo entre motores de 2 e 4 tempos para o ciclo Otto e Diesel. 25 pois a combustão ocorre por questões naturais (alta pressão de ar dentro do cilindro, provocando a combustão instantânea) assim que o combustível é injetado no cilindro. A temperatura dentro do pistão varia nas fases desde a temperatura ambiente até a faixa de 1000, 1200 e até 2900 graus Celsius. Nesta última etapa, o pistão se move do PMI para o PMS completando um movimento de 720 graus do virabrequim. Figura 21 – Estrutura de motor de dois tempos maniamoto Nesses motores de dois tempos, podemos encontrar na primeira fase a admissão e a compressão. Os modelos de dois tempos eliminam o uso de válvulas, dispensando cartuchos, hastes e outros mecanismos. Além disso, o motor de dois tempos necessita de uma maior lubrificação, visto que a mistura de ar, combustível e óleo é queimada para seu funcionamento, caracterizando o mesmo como mais poluente. No ciclo Otto, no primeiro tempo, que é admissão e compressão, o êmbolo dirigir-se ao ponto morto superior (PMS), comprimindo a mistura de ar com combustível. Nesta etapa, apenas a janela de admissão é aberta e a de escape é fechada. Antes de atingir o PMS, a explosão ocorre e então se inicia o segundo ciclo, que é de combustão e escape. Nesta segunda etapa, pela explosão, o pistão é forçado para ir para o ponto morto inferior (PMI). Neste instante, quando o pistão está indo para o PMI, o êmbolo Capítulo 4. Comparativo entre motores de 2 e 4 tempos para o ciclo Otto e Diesel. 26 abre a janela de descarga, permitindo a saída do fluido já utilizado, e, ao mesmo tempo, abre a janela de carga permitindo a entrada de uma nova mistura de ar, combustível e óleo, preparando o novo ciclo. Os motores movidos a diesel possuem um funcionamento semelhante. Em outras palavras, no primeiro tempo, o fluido entra e empurra o pistão para baixo, e uma nova mistura entra pelo cárter pela válvula ou janela de admissão que é empurrada por este êmbolo. Com o pistão empurrando o fluido, este vai para uma região de transferência. Quando o pistão desce, a janela de transferência é aberta, passando a mistura para a parte superior do cilindro que expulsará os gases. Logo em seguida, o êmbolo é neutralizado, fechando a janela de escape, comprimindo a mistura, para que a faísca ocorra e o ciclo se reinicie. Pelo fato do motor ter uma combustão a cada ciclo realizado, isso pode gerar uma potência maior e certa facilidade em atingir giros mais altos, pois, toda vez que o pistão sobe, ele é novamente empurrado para baixo. Logo, sempre haverá uma vantagem no quesito de potência para com o de 2 tempos. Todavia, ajustar o tempo entre admissão e escape do sistema é mais complexo, pois o próprio movimento do pistão é responsável pelo controle da entrada e saída do ar-combustível, ou seja, o controle dessa vazão dentro do cilindro não tem a eficiência do comando de válvula, resultando em perda de torque. Parte dessa perda de eficiência de torque ocorre porque, no momento em que o pistão está descendo após a combustão, parte da mistura na subida para a câmara de combustão sai pelo escapamento, e o responsável por fazer a mistura retornar (parte dela) são os gases de escapamento. Escapamentos são projetados com essa finalidade: fazer uma pressão contrária; então, parte da mistura retorna para a câmara de combustão. Um ponto importante a tratar é que o motor de 4 tempos apenas recebe energia em uma das quatro fases. As outras apenas absorvem energia. Como se pode observar, a diferença entre os modelos de 2 tempos e 4 tempos do ciclo Otto e Diesel consta basicamente de dois aspectos: o motor apenas aspira ar, e o sistema de injeção controla, injeta combustível nos cilindros, queentra em combustão devido a temperatura e pressão do ar presente na etapa de compressão. Outra diferença é que a compressão no ciclo diesel é maior que a do ciclo Otto. O ar no ciclo diesel está entre 500 e 700 graus Celsius e à alta pressão na etapa de compressão (responsável pela autoignição citada varias vezes neste trabalho). Antes, acreditava-se que o motor de 2 tempos era mais eficiente. Porém, requer uma maior quantidade de manutenção (desgaste do pistão), além de ter uma eficiência energética menor, pois, no processo de escape realizado, saem os gases da combustão e insere-se o gás da admissão, tornando a mistura impura. Logo, a extração da potência é menor. 27 5 Vantagens e desvantagens O motor de 2 tempos não possui válvulas de admissão, escapamento ou co- mando de válvulas, o que o deixa muito mais leve e simplifica sua construção. Tem custo de produção menor. A explosão do motor de 2 tempos ocorre a cada giro do virabrequim e, com isso, ele ganha potência. Como se não bastasse, o motor de 2 tempos pode funcionar em qualquer posição. Apesar de apresentar construção mais simples, sua preparação é mais complexa do que a dos motores de 4 tempos. O motor 2T DI reúne a simplicidade de concepção de um 2T à economia de um 4T. Ele é muito mais simples que um 4T e também possui menos peças, logo, sua manutenção e reposição vão custar menos. Entre todos os motores com Injeção de Combustível, os 2T são os que menos dão defeito. Os motores 2T carburados são os mais baratos, simples e de manutenção mais fácil do mercado náutico. Também são mais leves e provavelmente os mais adequados para o uso em um inflável. Porém, levando sempre em consideração o meio ambiente, é necessário enfatizar que esses motores consomem muita gasolina e, quanto mais consomem, mais poluem. Apesar disso, o motor de 2 tempos dura menos que um motor de 4 tempos, o óleo para este motor é mais caro e ele é mais poluente. Sua eficiência diminui quando variam as condições de rotação, altitude e temperatura. Os motores de 4 tempos são movidos à gasolina e diesel e são classificados como motores de combustão interna. A combustão ocorre nos intervalos dos giros, o que promove um ganho relevante de potência. Quando se considera apenas combustí- vel, os motores 4T são mais econômicos que os 2T. Mas um 2T DI quase iguala essa disparidade. Além disso, o motor 4T é mais fácil de revender posteriormente, mais fácil de pilotar, possui maior tecnologia e agride menos o meio ambiente. Entre as desvantagens do motor de 4 tempos, consta que podem ocorrer proble- mas com o fluxo de óleo. São mais caros, mais pesados, mais complexos, com mais peças e notoriamente com manutenção mais cara em todos os casos. Tem menos torque e parecem mais fracos com algumas exceções. 28 6 Aplicações Após se observar o princípio de funcionamento, os componentes de cada tipo de motor de combustão interna, e levando em consideração o número de ciclos que este irá realizar durante a sua operação, é possível determinar onde, de acordo com cada uma de suas peculiaridades e propriedades, é viável aplicar cada um desses ciclos e motores em máquinas e sistemas, ou seja, onde estes motores irão atuar, de acordo com a energia e potência que deverá ser gerada em cada circunstância, de forma que gere o torque necessário para o funcionamento do sistema. A seguir, serão apresentados alguns exemplos em que os motores de 2 e 4 passes são utilizados nos diversos tipos de equipamentos e veículos que tem como funcionamento a combustão interna, através do ciclo Otto e do ciclo diesel. 6.1 Indústria Naval Na indústria naval, estes motores se apresentam de diversas formas, principal- mente em relação a propulsão da embarcação, onde o ciclo dependerá dos tipos de embarcação, do porte da embarcação, da velocidade com a qual irá operar, e também da localização dos seus propulsores. Estas variáveis são essenciais para a escolha do sistema ideal para cada embarcação. Para apresentar os ciclos que serão utilizados, usar-se-á como referência a localização do propulsor na embarcação, assim como todo o sistema que fornecerá assistência para o funcionamento deste propulsor, para, desse modo, apresentar-se as opções de ciclos do motor para cada uma dessas situações. 6.1.1 Motor localizado na popa Esse motor é localizado totalmente externo a popa da embarcação, onde pode alcançar potência entre 3 a 350 hp e consome como combustível a gasolina, ou seja, trabalha no regime Otto. Destaca-se a relação peso/potência que esse motor possui, que faz com que seja utilizado em lanchas de comprimento até 24 pés. Neste motor, pode-se empregar os ciclos de 2 tempos, utilizando-se o sistema de carburação ou de injeção, para que ocorra a combustão da mistura comprimida. Também se pode utilizar o pistão que opera no regime de 4 tempos, onde a centelha é ativada somente através da injeção eletrônica. Cabe destacar que as principais fabricantes desse tipo de motor são Yamaha, Envirude e Mercury. Capítulo 6. Aplicações 29 Figura 22 – Motor localizado na popa de uma embarcação Style Boats Náutica (2017) 6.1.2 Motor de popa interno A estrutura deste motor é localizada dentro da embarcação, onde ele ficará aco- plado ao hélice (que se encontra ao lado de fora da popa do navio), de modo que este arranjo propulsivo aumente a potência da embarcação, permitindo alcançar potências que variam entre 135 a 430hp. Nesse caso, é utilizado o ciclo de 4 tempos com a injeção eletrônica. Este motor pode ser encontrado tanto no ciclo Otto, como também no ciclo diesel. No ciclo diesel, alcança os seus melhores desempenhos de potência. Este modelo de propulsivo é indicado para embarcações que possuem comprimentos entre 24 e 40 pés, sem impedir a utilização apropriada do espaço útil da embarcação pela sua localização interna. As principais fabricantes desse tipo de motor são a Mercury e Volvo Penta. 6.1.3 Motor de centro com eixo Este tipo de motor, por apresentar uma alta eficiência propulsiva, é vastamente utilizado por embarcações que possuam mais de 40 pés de comprimento. Neste tipo de arranjo, o motor é localizado dentro da embarcação, mais precisamente no centro ou próximo a ele, onde é ligado ao propulsor por meio de um eixo conectado diretamente ao hélice, posicionado na parte externa da embarcação, ao fundo. Neste motor, é utilizado o ciclo de 4 tempos, que possui a injeção eletrônica, sendo o dito motor abastecido com diesel, o que explica a sua alta potência em relação Capítulo 6. Aplicações 30 a outros motores (alcançando até os 20.000hp). As principais fabricantes desse tipo de motor, são a Volvo, MAN e CAT. Figura 23 – Motor de centro com eixo Style Boats Náutica (2017) 6.1.4 Motor Hidrojato É o motor utilizado em embarcações que não irão operar em águas profundas, ou em embarcações de esportes aquáticos, como a moto aquática e embarcações menores de 30 pés, que utilizam a pressurização da água. Esse tipo de motor dispensa o uso do hélice. Neste modelo, utiliza-se os ciclos tanto de 2 tempos (através da injeção direta) e o ciclo de 4 tempos (pela injeção eletrônica), e a potência obtida está entre 200 a 300hp. Capítulo 6. Aplicações 31 Figura 24 – Motor do tipo hidrojato Style Boats Náutica (2017) 6.2 Indústria Automobilística Na indústria dos automóveis, atualmente predomina o uso de motores que possuem o ciclo de 4 tempos, pois, com eles, é possível regular as velocidades dos automóveis de forma mais precisa, adequando assim o giro dos pistões de acordo com a velocidade requerida em cada situação. Como já fora mencionado em relação as propriedades dos motores de 4 ciclos, eles apresentam um desempenho preferível quando consideramos a produção de poluentes, devido a quantidade emitida durante o seu funcionamento. Seu desempenho também é apreciável no que se refere ao alinhamento do movimento e o seu balancea- mento. O motor de 4 tempos também é aplicado em carros convencionais, em razão da sua pequena taxa de poluição sonora quando comparado ao de 2 tempos. Na indústriaautomobilística, os motores de 2 tempos são utilizados em veículos que irão necessitar de um torque e uma potência maior para a realização de suas atividades, como é o caso dos veículos que movimentam muita carga, como caminhões, retroescavadeiras, ônibus, dentre outros que utilizarão uma grande potência ou um grande torque para operar. Para essa categoria de veículos, faz-se necessário o uso de motores de 2 tempos, principalmente em razão deste tipo de motor oferecer uma potência muito maior em relação ao de 4 tempos, o que auxilia no seu desempenho. Também cabe Capítulo 6. Aplicações 32 ressaltar que devido à realização de uma explosão por ciclo do motor de 2 tempos, é comum que esses veículos ofereçam uma maior poluição sonora, e também um maior aquecimento do motor. 6.2.1 Motocicletas Na indústria das motocicletas, há uma grande discussão em relação aos tipos de ciclos utilizados atualmente. A maioria das motos convencionais utilizadas de modo cotidiano é composta por motores de 4 ciclos, os quais possuem um toque favorável em relação a velocidades menores. Contudo, possuem mais peças em sua composição, o que aumenta o peso do motor, e tende a baixar o centro de gravidade da moto, garantindo maior estabilidade em manobras e curvas. Cabe destacar que os motores de 4 tempos emitem menor carga de gases nocivos no ambiente em relação ao de 2 tempos e, por este motivo, as motos de 4 tempos são mais largamente utilizadas pelos motociclistas cotidianos e em algumas competições, tais como corridas. Os motores de 2 ciclos dominavam o cenário nas décadas passadas, em razão da maior simplicidade de sua construção e por possuírem maior número de rotações, alcançando maior torque no veículo e, por conseguinte, maiores velocidades e maiores forças, fazendo que a moto alcance maior velocidade em um curto intervalo de tempo. Por possuir menor número de peças em sua composição, apresenta também menor peso. Porém, este tipo de motor veio sofrendo inúmeras críticas por sua alta emissão de gases nocivos para o ambiente e seu alto índice de poluição sonora, fazendo com que as motos que utilizam o motor com dois tempos tivessem queda na sua produção em massa. Atualmente, poucas montadoras e fábricas produzem este tipo de motocicleta (com motor 2 tempos). As motocicletas que possuem motores de 2 tempos são utilizados em disputas de motocross e trilhas, principalmente devido a sua força para atuar nessas competições. 33 Conclusão Este trabalho propôs analisar diversos aspectos relacionados aos motores de combustão interna, enfatizando primeiramente os principais componentes, fixos e móveis, existentes nos sistemas. Posteriormente, no presente documento, foram expli- citados os processos de funcionamento dos motores, considerando tanto os motores de ciclo termodinâmico do tipo Otto quanto do tipo Diesel, estes podendo ser de 2 ou 4 tempos mecânicos. Por fim, foram verificadas as vantagens e desvantagens de cada um, assim como suas respectivas aplicações. Finalmente, tendo em vista o importante tópico da importância da sustentabili- dade, ressalta-se que atualmente os motores exemplificados no trabalho queimam óleo Diesel ou gasolina, os quais atualmente representam grande geração de poluentes em suas queimas incompletas. Portanto, com o avanço das pesquisas, existe uma possi- bilidade considerável de mudança na matriz energética, substituindo os combustíveis fósseis por biocombustíveis, como o biodiesel, diminuindo o índice de poluição global. 34 Referências BENZ, M. Apostila de treinamento técnico: matemática e metrologia. [S.l.], 2010. CHIPTRONIC. Veja o que é motor de popa e quais as diferenças de tempo desse motor. Disponível em: https://chiptronic.com.br/blog/veja-o-que-e-motor-de-pop a. Acesso em: 08.08.2020. FIC, R. Diferenças entre motores 2 e 4 tempos. Disponível em: https://www.r oyalfic.com. br/diferencas-entre-motores-2-e-4-tempos/. FIGUEREDO, M. S. Motores dois tempos e quatro tempos: grandes dife- renças. Disponível em: https://www.motonline.com.br/noticia/ motores-dois-tempos-e- quatro-tempos-grandes-diferencas. Acesso em: 08.08.2020. MOTORES, M. I. Apostila Motores Diesel. [S.l.], 2009. NÁUTICA, H. 2 tempos x 4 tempos - Qual é o melhor motor? Disponível em: https://www.hrnautica.com.br/2-tempos-x-4-tempos-qual-e-o-melhor-motor/. NÁUTICA, M. Vantagens e desvantagens do motor de 2 tempos. Disponível em: https://www.motooeste.com.br/blog/news/motor-de-2-tempos.html. TEIXEIRA, C. Motos 2 ou 4 tempos, qual a diferença? Disponível em: https://w ww.moto.com.br/colunistas/clclaudioteixeira/conteudo/motos-2-ou-4-tempos-qual-a-dif erenca-63592. html. Acesso em: 08.08.2020. TILLMANN. Apostila de motores de combustão interna e seus sistemas. [S.l.], 2013. Folha de rosto Lista de ilustrações Sumário Introdução Motores a combustão interna Classificação Quanto à sua utilização Quanto aos seus ciclos termodinâmicos Quanto à quantidade de ciclos de trabalho Componentes fixos e móveis dos motores Bloco do motor Cabeçote Cárter Pistão Bielas Virabrequim Volante Válvulas e eixo de comando de válvulas Sistemas complementares dos motores Sistema de alimentação de ar Sistema de alimentação de combustível Sistema de lubrificação do motor Sistema de arrefecimento do motor Comparativo entre motores de 2 e 4 tempos para o ciclo Otto e Diesel. Vantagens e desvantagens Aplicações Indústria Naval Motor localizado na popa Motor de popa interno Motor de centro com eixo Motor Hidrojato Indústria Automobilística Motocicletas Conclusão Referências
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