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SUMÁRIO 
Sumário 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 4 
2.1 REFORMA PSIQUIÁTRICA............................................................................ 4 
2.2 CAPS .............................................................................................................. 5 
2.3 OFICINAS TERAPÊUTICAS .......................................................................... 7 
2.3.1 Tipos de Oficinas Terapêuticas ................................................................... 8 
2.4 A ARTETERAPIA NO CAPS .......................................................................... 9 
2.5 REINSERÇÃO SOCIAL ................................................................................ 10 
3 METODOLOGIA ........................................................................................... 12 
4 ANÁLISE ...................................................................................................... 13 
4.1 DIRECIONAMENTO PARA AS OFICINAS................................................... 13 
4.2 CAPACITAÇÂO TÉCNICA ........................................................................... 14 
4.3 BENEFÍCIOS DAS OFICINAS TERAPÊUTICAS NO CAPS ........................ 16 
4.4 PROCESSOS PARA A REINSERÇÃO SOCIAL .......................................... 18 
4.5 OFICINAS TERAPEUTICAS NA PANDEMIA ............................................... 20 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 21 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 22 
APÊNDICE A– ROTEIRO DE ENTREVISTA ........................................................... 27 
APÊNDICE B – DESCRIÇÃO DA ENTREVISTA CAPS II ....................................... 28 
APÊNDICE C – TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA CAPS AD ............................... 33 
 
 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO 
O atendimento à saúde mental vem se modificando ao longo do tempo. 
Segundo Lappann-Botti (2004), no Brasil Colonial os primeiros centros destinados 
ao atendimento das pessoas em sofrimento mental foram anexos das Casas de 
Misericórdia ou Santas Casas, posteriormente passaram a ser realizados por 
hospitais psiquiátricos, modelo que culminou na reforma psiquiátrica nos anos de 
1970 e a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). O primeiro CAPS 
surgiu em março de 1986, na cidade de São Paulo, posteriormente se instalou em 
outros locais do país, com o objetivo de oferecer atendimento psicossocial à 
população, por meio do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2004). 
 Dentre os serviços ofertados no CAPS, podemos destacar as Oficinas 
Terapêuticas, tema do presente relatório. As oficinas se caracterizam como 
atividades grupais de socialização, expressão e inserção social (BRASIL, 2004). 
Neste contexto, os autores deste relatório buscaram responder os seguintes 
objetivos: 
 
a) Compreender os benefícios das oficinas terapêuticas para os usuários do 
CAPS; 
b) Analisar como a pandemia do COVID-19 influencia no tratamento do 
usuário. 
 
A pesquisa se justifica visto que atualmente o CAPS é o principal serviço de 
atendimento à saúde mental no Brasil e as oficinas são consideradas por como uma 
das principais formas de tratamento dentre os serviços ofertadas pelo Centro 
(BRASIL, 2004). Em paralelo a esta questão, a pandemia do COVID-19 trouxe a 
obrigatoriedade do distanciamento social e a possível interferência na realização das 
oficinas terapêuticas, visto que estas são realizadas em grupos. Nesse contexto é de 
suma importância a busca de entendimento referente ao impacto da pandemia nas 
oficinas terapêuticas e aos seus usuários. 
Desta forma, ancorados na abordagem qualitativa, foram aplicadas 
entrevistas semiestruturadas. Uma das entrevistadas foi uma psicóloga do CAPS II e 
a outra foi uma assistente social do CAPS-AD, conforme será detalhado na 
sequência deste relatório. As entrevistadas trouxeram informações importantes com 
 
 
 
 
4 
relação à prática das Oficinas e os benefícios proporcionados aos seus usuários e 
ambas são consonantes ao afirmar que durante a pandemia houve suspensão das 
oficinas terapêuticas, o que possivelmente afetou significativamente o tratamento 
dos usuários. 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 REFORMA PSIQUIÁTRICA 
No Brasil a reforma psiquiátrica inicia-se no final da década de 1970 com a 
mobilização dos profissionais da saúde mental e dos familiares de pacientes com 
transtornos mentais, provocando uma reflexão sobre a forma como os ditos “loucos” 
eram tratados pela sociedade. Neste período a assistência ainda estava centrada 
nas intervenções (psiquiátricas e a pessoa em sofrimento mental encontrava-se 
desprovida de direitos sobre o processo de saúde mental (AMARANTE, 2007). 
O tratamento de saúde no modelo manicomial, narrado por profissionais que 
trabalhavam na área da saúde como enfermeiros na época, eles relatam que antes 
da reforma psiquiátrica, os doentes mentais eram tratados como animais, vivendo 
em condições desumanas, dormindo sobre capim sujo de urina e fezes. Se as 
medidas farmacológicas não fossem suficientes, eram utilizadas terapia de choques 
sem qualquer aprovação das famílias daqueles que ainda possuíam, pois muitos 
deles sequer tinham nomes, conhecidos ou documentos (GUIMARAES; BORBA; 
LAROCCA; MAFTUM, 2013). 
A ideia da Reforma Psiquiátrica era a desativação e extinção gradual de 
manicômios, e a desconstrução da ideia de tratar o louco com o isolamento, para 
que estas pessoas que sofriam de transtornos mentais pudessem conviver 
livremente na sociedade. Nesse sentido surgia a luta antimanicomial, que veio para 
orientar as mudanças na assistência em saúde desta população (BRASIL, 2005). 
O ano de 1978 foi de início do movimento social pelos direitos dos pacientes 
psiquiátricos no Brasil, mas somente em 1987 ocorre o surgimento do primeiro 
Centro de atenção psicossocial (CAPS) no Brasil, como uma ferramenta para 
substituir o modelo manicomial (BRASIL, 2005). 
 
 
 
 
5 
A partir 1992, os movimentos sociais, inspirados pelo Projeto de Lei Paulo 
Delgado, conseguem aprovar em vários estados brasileiros as primeiras leis que 
determinam a substituição gradativa dos leitos psiquiátricos por uma rede integrada 
de atenção à saúde mental (BRASIL, 2005). 
Segundo Amarante (2007), estas conquistas decorrem de lutas e 
reinvindicações dos trabalhadores da saúde mental e grupos sociais organizados, e 
culminaram na elaboração de declarações, projetos de lei, e mais tarde na 
promulgação de leis que viessem garantir um atendimento de qualidade para estas 
pessoas, baseado em uma lógica de reabilitação e reinserção social. 
Em abril de 2001, foi aprovada a Lei nº 10.216, que dispõe sobre a proteção e 
os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redirecionamento do 
modelo assistencial em saúde mental, influenciando o fechamento progressivo dos 
leitos em hospitais psiquiátricos e a consequente substituição por leitos em hospitais 
gerais e outros dispositivos. Isso contribuiu para a progressiva desospitalização de 
pacientes portadores de transtornos mentais e a inserção deles em novos serviços 
propostos pelo processo da Reforma (BRASIL, 2005). 
 
2.2 CAPS 
A criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) se deu com um 
intenso movimento social, primeiramente iniciado por profissionais da saúde mental, 
que denunciavam a precariedade dos hospitais psiquiátricos e buscavam melhorias 
na assistência aos usuários, portadores de transtornos mentais. O primeiro CAPS 
surgiu em março de 1987, na cidade de São Paulo, denominado: Centro de Atenção 
Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira (BRASIL, 2004). 
Segundo Ribeiro (2004) as inspiraçõespara a criação dos CAPS vieram 
principalmente das experiências que foram realizadas no exterior, sobretudo, 
baseado em alguns princípios das comunidades terapêuticas, Psiquiatria de setor e 
Psiquiatria democrática italiana. De acordo com o autor Pitta (1994), a inspiração 
mais forte foi a dos centros de atenção psicossocial de Manágua (Nicarágua) que 
surgiram durante a revolução que ocorria no país em 1986. 
 
 
 
 
 
6 
Apesar de todas as dificuldades sociais, econômicas e políticas, esses 
centros foram maneiras criativas de cuidar, com responsabilidade, de 
pessoas com problemas psiquiátricos. Utilizavam-se de líderes 
comunitários, profissionais, materiais improvisados e sucatas para reabilitar 
as pessoas que, pelos transtornos mentais, eram excluídas da sociedade. 
As equipes eram interdisciplinares e tinham a proposta de uma ação ligada, 
ao mesmo tempo, à prevenção, tratamento e reabilitação. Outro aspecto 
importante desses centros era a parceria com outras instâncias sociais, 
sendo que alguns deles funcionavam em salões paroquiais ou outros locais. 
A marca dessas estruturas foi o compromisso ético de que todos têm o 
direito a uma vida digna a despeito da doença mental ou de outras 
limitações sociais e econômicas (RIBEIRO, 2004, p. 95). 
 
Nesse contexto, os serviços de saúde mental são criados em vários 
municípios do país e vão estabelecendo-se como eficazes na redução de 
internações e também sendo um símbolo da mudança do modelo assistencial 
(BRASIL 2004). 
Nesse sentido, o Centro de atenção psicossocial (CAPS) é um serviço de 
saúde comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS), que é referência no 
tratamento de pessoas que possuem transtornos mentais e que necessitam de 
cuidado intensivo, comunitário e personalizado (BRASIL, 2004). Os CAPS têm por 
objetivo oferecer atendimento à população, através do apoio clínico e a reinserção 
por meio do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento 
dos laços familiares e comunitários (BRASIL, 2004). 
O CAPS é um serviço de atendimento de saúde mental criado para substituir 
às internações em hospitais psiquiátricos. Os Centros de atenção psicossocial 
visam: a) Prestar atendimento em regime de atenção diária; b) Gerenciar os projetos 
terapêuticos oferecendo cuidado clínico eficiente e personalizado; e c) Promover a 
inserção social dos usuários por meio de ações intersetoriais que envolvam 
educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjuntas de 
enfrentamento dos problemas (GOLDBERG, 1972). 
A intervenção dos CAPS é de suma importância, pois abrange vários 
aspectos ligados a atenção em saúde mental, desde a situações de crise a 
construção de projetos de inclusão social (SILVA, 2010). 
 Dentre os serviços terapêuticos disponíveis nos CAPS estão: 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
QUADRO I - Atividades oferecidas peloCAPS (BRASIL, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividades 
oferecidas 
pelos CAPS 
 
•Atendimento individual: prescrição de medicamentos, psicoterapia, 
orientação; 
 
• Atendimento em grupo: oficinas terapêuticas, oficinas expressivas, oficinas 
geradoras de renda, oficinas de alfabetização, oficinas culturais, grupos 
terapêuticos, atividades esportivas, atividades de suporte social, grupos de 
leitura e debate, grupos de confecção de jornal; 
 
• Atendimento para a família: atendimento nuclear e a grupo de familiares, 
atendimento individualizado a familiares, visitas domiciliares, atividades de 
ensino, atividades de lazer com familiares; 
 
• Atividades comunitárias: atividades desenvolvidas em conjunto com 
associações de bairro e outras instituições existentes na comunidade, que 
têm como objetivo as trocas sociais, a integração do serviço e do usuário 
com a família, a comunidade e a sociedade em geral. Essas atividades 
podem ser: festas comunitárias, caminhadas com grupos da comunidade, 
participação em eventos e grupos dos centros comunitários; 
 
• Assembleias ou Reuniões de Organização do Serviço: a Assembleia é um 
instrumento importante para o efetivo funcionamento dos CAPS como um 
lugar de convivência. É uma atividade, preferencialmente semanal, que reúne 
técnicos, usuários, familiares e outros convidados, que juntos discutem, 
avaliam e propõem encaminhamentos para o serviço. Discutem-se os 
problemas e sugestões sobre a convivência, as atividades e a organização 
do CAPS, ajudando a melhorar o atendimento oferecido 
 
Fonte: BRASIL, 2004, p.17. 
 
2.3 OFICINAS TERAPÊUTICAS 
A inspiração para a criação das oficinas terapêuticas no Brasil se deu por 
meio do modelo produzido pela reforma psiquiátrica italiana, na qual o trabalho é 
considerado como fundamental para a reinserção social do indivíduo. Naquele país, 
esta ideia foi colocada em prática na criação de cooperativas, as quais admitiam ex-
internos do Hospital Psiquiátrico como cooperados (ESTEVAM; SALES, 2016). 
Já o modelo utilizado no Brasil segue a normativa prevista na Portaria/SNAS, 
n. 189 de 19 de novembro de 1991, do Ministério da Saúde, segundo a qual as 
oficinas terapêuticas se caracterizariam como atividades grupais de socialização, 
expressão e inserção social (BRASIL, 2004). 
Atualmente as oficinas terapêuticas constituem uma das principais formas de 
tratamento oferecido no CAPS. Elas são realizadas em grupo, com a presença e a 
orientação de um ou mais profissionais. As atividades realizadas pelos usuários são 
 
 
 
 
8 
definidas conforme seu interesse, capacidade técnica do orientador e materiais 
disponíveis (BRASIL, 2004). 
Neste contexto, o termo “oficinas” tem a finalidade de designar atividades 
desenvolvidas em diversos espaços de saúde mental, representando dispositivos 
catalisadores da produção psíquica dos sujeitos envolvidos e ainda, pode ser 
compreendida como canais, destinados a dar vazão à singularidade e subjetividade 
do indivíduo, por meio das atividades criativas ofertadas (DIAS, 2018). 
As atividades propostas nas oficinas, possibilitam a inserção no trabalho, 
desenvolvimento de habilidades e atividades expressivas que promovem a 
manifestação de sentimentos e conflitos, atividades grupais, melhora na 
comunicação, na integração social e familiar. As atividades podem ser 
desenvolvidas e praticadas fora do CAPS e locais da instituição, servindo como uma 
estratégia terapêutica de reabilitação psicossocial, reinserindo esses indivíduos na 
comunidade, no trabalho e na vida social. Envolvendo o campo social e político do 
indivíduo (IBIAPINA, 2017; NUNES, TORRES e ZANOTTI, 2015; BRASIL, 2004). 
Segundo Bettarello (2008), a reabilitação psicossocial visa minimizar prejuízos 
funcionais e característicos ocasionados pelas doenças mentais. Tais limitações 
podem marginalizar o paciente da família e da sociedade e possibilitar recidivas 
sintomatológicas. As oficinas auxiliam os pacientes na redução ou extinção destes 
prejuízos. 
A busca pela reabilitação psicossocial, reinserção social e de exercício da 
cidadania do indivíduo são objetivos importantes dentro do CAPS e as oficinas 
terapêuticas são fundamentais nesse trabalho, proporcionando atividades que 
minimizam o estigma de “louco” e promovem o protagonismo de cada usuário na 
sua própria vida, resgatando sua identidade (IBIAPINA, 2017; BRASIL, 2004). 
 
2.3.1 Tipos de Oficinas Terapêuticas 
Dentre as oficinas ofertadas no contexto de saúde mental, há alguns tipos 
principais. Guimarães, (2018) e Ibiapina, (2017), destacam as oficinas expressivas: 
as quais contam com a utilização de pintura, argila e desenho. Nesta categoria 
econtra-se a oficina de expressão corporal, a qual trabalha com modelos através da 
dança, ginástica e técnicas teatrais, juntamente com a expressão verbal, que é 
 
 
 
 
9 
exposta na poesia, contos, leitura e redação de textos, teatros e letras de música, 
bem como a expressão musical, que se dá através de musicais, fotografia e teatro. 
Há também oficina da canção/violão,sensibilização social/banda, tecelagem, horta e 
jardinagem, mosaico, libras, entre outras. 
No que se refere ao contexto de produção de capital, podemos citar as 
oficinas geradoras de renda, que consistem em um meio de aprendizagem para 
geração de renda através da aprendizagem de uma atividade, a qual pode ser igual 
ou diferente da profissão do usuário, proporcionandoao usuário uma aprendizagem 
a mais para se conseguir renda. As oficinas geradoras de renda podem ser 
realizadas através da culinária, marcenaria, costura, fotocópias, venda de livros, 
fabricação e artesanatos em geral, cerâmica, bijuterias, brechó, teatro oficina 
mecânica, oficina de marcenaria (NERY, 2011; GUIMARÃES, 2018). 
Outro tipo importante são as oficinas de alfabetização, as quais atuam de 
forma a ajudar os usuários que não tiveram acesso ou que não conseguiram 
permanecer na escola para que possam exercitar a escrita e leitura, sendo um 
recurso de extrema importância na construção e ou reconstrução da cidadania 
(NERY, 2011). 
Além das oficinas supracitadas alguns CAPS ofertam as oficinas de beleza, 
promovida por profissionais e/ou estagiários que promovem cuidados relacionados a 
higiene pessoal, para que assim possam melhorar a aparência das mãos, dos pés, 
da pele, dos cabelos dos usuários. Práticas como aparar os cabelos, barbear, pintar 
as unhas, apesar de ser comum e parte da rotina da maioria das pessoas, para 
muitos têm efeitos especiais por proporcionar bem-estar, acolhimento por meio do 
toque corporal, e por isso torna-se terapêutico (NERY, 2011; IBIAPINA, 2017). 
 
2.4 A ARTETERAPIA NO CAPS 
Segundo Carvalho (1995), a Arteterapia é uma área de atuação que faz uso 
de atividades artísticas – música, pintura, desenho e poesia – como recursos 
terapêuticos e propõe estimular o autoconhecimento e a expansão da consciência. A 
arte em si pode ser considerada um meio de expressão, de comunicação, de 
linguagem e socialização, em que o artista relaciona seus sentimentos com aquilo 
que foi criado (BUENO; COSCRATO, 2009). 
 
 
 
 
10 
A respeito de seu desenvolvimento, a Arteterapia foi influenciada por grandes 
figuras da psicologia, como Freud e Jung, e foi na psicologia analítica onde a arte foi 
fortemente associada à psicologia. Nessa lógica, os pacientes de Jung utilizavam de 
atividades artísticas como desenhos e pinturas para que se expressassem e 
também estruturassem seus conflitos. No Brasil, esse desenvolvimento se iniciou ao 
longo do século XX, por meio da abordagem psicanalítica e Junguiana, entretanto 
neste mesmo momento ainda havia manicômios onde a violência era extrema, e 
então a arteterapia era um método oposto do que se utilizavam na época - 
isolamento, eletrochoque (REIS, 1995). Nise da Silveira foi uma das pessoas que se 
colocou extremamente aversiva aos métodos agressivos dentro dos manicômios, 
embora Nise não se intitulava como arteterapeuta a mesma utilizava de vários 
instrumentos artísticos, como pintura e modelagem em seus tratamentos em saúde 
mental (CASTRO; LIMA, 2007). 
Para a comunidade, a Arteterapia pode ser ofertada através das oficinas 
terapêuticas disponibilizadas pelo SUS nos CAPS. Esse recurso terapêutico visa 
proporcionar a melhoria da autoestima, relaxamento, lazer e o desenvolvimento de 
diversas habilidades, entre elas as habilidades visuais, motoras e espaciais 
(BUENO; COSCRATO, 2009). 
No campo da saúde mental, a comunicação verbal e não verbal é 
indispensável, porém muitas vezes ela pode ser distorcida, fazendo com que a arte 
se torne um grande apoio para a comunicação entre o profissional e o paciente 
(TAVARES, 2004). Além disso, alguns usuários do CAPS não se sentem seguros 
para expressar seus sentimentos de forma direta, ou seja, de forma verbal e então a 
existência de outro meio de comunicação faz com que um público maior seja 
atendido e acolhido (BUENO; COSCRATO, 2009). 
 
2.5 REINSERÇÃO SOCIAL 
Levando em conta a trajetória histórica a respeito da saúde mental, a 
sociedade enfrenta diariamente desafios para zelar e refugiar indivíduos que 
adoecem mentalmente. Ainda assim, o que prevalece é a percepção discriminatória 
acerca da doença mental, ocasionando a segregação de pessoas necessitadas por 
cuidado psiquiátrico (MELMAM, 2001). 
 
 
 
 
11 
Nas condições atuais quanto à saúde mental, é notória a inevitabilidade da 
reinserção psicossocial, visando a necessidade de manter o indivíduo incluso, como 
cidadão. O CAPS trata-se de um serviço acessível ao público de saúde do Sistema 
Único de Saúde (SUS). Possuem funções caracterizadas e direcionadas a 
indivíduos que passam por graves neuroses, transtornos psíquicos, psicoses 
insistentes e severas, o que fundamenta a permanência em um espaço de atenção 
intensiva, social e fomentadora (L'ABBATE, 2003). 
Nessas instituições, são realizadas como parte do programa terapêutico 
atividades religiosas, educação profissionalizante, convivência em comunidade e 
programas culturais. Diante do cenário descrito observa-se que o suporte para a 
recuperação do indivíduo e sua reinserção na sociedade é realizado por meio de 
equipe multidisciplinar e por este motivo surge o questionamento sobre qual o papel 
da psicoterapia na reabilitação das pessoas que recebem esse tratamento (SOUZA; 
SILVA; BATISTA e ALMEIDA, 2016). 
O modelo utilizado para a reinserção pelo CAPS se faz pelo Matriciamento, 
onde Chiaverini (2011) cita que esse é um atual modelo de desenvolvimento de 
saúde entre equipes, e um método compartilhado para criação de uma proposta de 
mediação “pedagógico-terapêutica”. Esse processo advém de diálogos e discussões 
onde os profissionais prestam apoio individualizado à cada paciente, além dessas 
conversas a equipe faz uso do “Projeto terapêutico singular” observando qual a 
melhor conduta para cada usuário e os reinserindo em seus contextos 
(PEGORARO, CASSIMIRO e LEÃO, 2014). 
Para que isso ocorra é imprecindivel que o sistema de saúde (principalmente 
a UBS) tenha conhecimento das principais demandas do CAPS, para que seja 
possível a realização do matriciamento e da alta assistida dos pacientes em seus 
contextos diários, ou seja, em suas proximidades de moradia (PEGORARO; 
CASSIMIRO; LEÃO, 2014). 
 
 
 
 
 
12 
3 METODOLOGIA 
Para a elaboração deste relatório, utilizou-se a abordagem de pesquisa 
qualitativa, o qual se baseia em uma lógica e um processo indutivo (explorar e 
descrever, e depois gerar perspectivas teóricas). Neste modelo, o pesquisador inicia 
examinando o mundo social desenvolve uma teoria coerente com os dados 
adquiridos (HERNÁNDEZ SAMPIERI, 2013). 
A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semiestruturadas, este 
modelo de entrevista permite ao pesquisador a possibilidade de obter informações 
diretamente do objeto estudado ou com pessoas que detenham maior conhecimento 
sobre o assunto. Ela apresenta a vantagem da flexibilização, alta taxa de respostas 
em sua aplicação e pode ser acessada por todos os públicos (LOZADA, 2018). 
A entrevista contou com um roteiro composto por 10 prguntas abertas, acerca 
da rotina diária do profissional do CAPS e sua equipe de atendimento, do contexto 
da realização das oficinas terapêuticas, seu papel na reinserção social e do impacto 
da pandemia de Covid-19 na realização das oficinas. O roteiro utilizado para a 
entrevista encontra-se no apêndice A. 
O processo de coleta de dados foi dividido em duas entrevistas. A primeira 
entrevista aconteceu no dia 11 de maio de 2021, de forma presencial no CAPS II, na 
cidade de Colombo. A entrevistada foi a psicóloga e coordenadora do CAPS, a qual 
chamaremos de Judy (nome fictício). A condução foi realizada por duas integrantes 
da equipe. 
Enquanto, a segunda entrevista ocorreu no dia 17 de maio de 2021, também 
de forma presencial no CAPS AD, na cidade de São José dos Pinhais. A 
entrevistada foi uma Assistente Social do CAPS, a qual chamaremosde Frida (nome 
fictício). A condução foi realizada por três integrantes da equipe. 
Para análise das entrevistas, utilizou-se da abordagem qualitativa, visto que o 
intuito foi diagnosticar questões subjetivas, característica da abordagem qualitativa. 
Esta abordagem se preocupa com os aspectos da realidade que não podem ser 
quantificados, pois estão relacionados com a compreensão e explicação das 
dinâmicas sociais (LOZADA, 2018). 
A fim de relacionar de forma efetiva a análise ao objetivo do trabalho, após a 
transcrição/descrição das entrevistas, utilizou-se de categorização. A categorização 
consiste numa operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto 
 
 
 
 
13 
com critérios previamente definidos (DESLANDES, 2015). Os assuntos 
categorizados foram agrupados em temas e relacionados ao referencial teórico. 
Os maiores desafios encontrados na pesquisa ocorreram devido à pandemia 
de Covid-19, que impossibilitou a presença de todos os integrantes do grupo nas 
entrevistas, bem como a impossibilidade de conhecer a prática das oficinas 
terapêuticas suspensas neste momento pelo mesmo motivo e a ausência de 
referencial teórico variado sobre as oficinas terapêuticas. 
 
 
4 ANÁLISE 
4.1 DIRECIONAMENTO PARA AS OFICINAS 
As oficinas terapêuticas se caracterizam como atividades grupais de 
socialização, expressão e inserção social (BRASIL, 2004). 
Segundo a entrevista feita com psicóloga no CAPS II de Colombo, a 
entrevistada trouxe que os usuários são encaminhados para as oficinas. Segundo 
ela, muitos deles vem por decisão própria ao CAPS sem encaminhamento algum, 
outros são encaminhados pelo UBS/UPA, que é recebido e acolhido pelo 
profissional que esta de plantão no dia, podendo ser ele de qualquer área da equipe. 
Após a chegada dos usuários, a psicóloga relata que é feito uma avaliação pela 
equipe multidisplinar, onde são feitas as escolhas das oficinas. 
Para esclarecer os objetivos das oficinas é fundamental explicitar que elas 
estão lidagas a um dos paradigmas que amparam a Reforma Psquiatrica no Brasil: a 
reabilitação psicossocial. Rauter (2000) afirma que essa é o grande desafio da 
reforma, cuja finalidade explícita é recuperar o louco como cidadão “por meio de 
ações que passam fundamentalmente pela inserção do paciente psquiatrico no 
trabalho, em atividades artísticas e artesanais, ou em dar-lhe acesso aos meios de 
comunicação.” 
As oficinas terapêuticas realizadas no CAPS são espaços de interação e 
socialização que visam à inserção do usuário em um espaço social, por meio de 
atividades que promovem a expressão de sentimentos e vivencias; a entrada dos 
 
 
 
 
14 
usuários no mercado de trabalho, e o resgate da cidadania por meios das oficinas. 
Elas cumprem a finalidade de reabilitação psicossocial (SOUZA, et al, 2016). 
Nos CAPS visitados, as oficinas terapêuticas aconteciam com alguma 
tematização como artesanatos, hortas, musicoterapias dentre outras, o que 
possibilitava desenvolver as habilidades daqueles que estavam acostumados a ser 
desacreditados no convívio social. 
Segundo Azevedo (2011), a realização de atividades sócio-terapêuticas 
desenvolvidas pelos profissionais busca dar suporte terapêutico aos pacientes, além 
de contar com apoio da família e da comunidade para realização das mesmas. A 
diversidade de atividades realizadas é essencial para o acolhimento dos usuários de 
forma integral. Deste modo, as oficinas terapêuticas são de suma importância para a 
ressocialização no sentido de configurar uma peça chave desse processo que 
possibilita o desenvolvimento de atividades em grupo, respeitando as diferenças e 
as individualidades de cada usuário. 
 
4.2 CAPACITAÇÂO TÉCNICA 
De acordo com as entrevistas realizadas, foi possível observar que perante os 
relatos das oficinas terapêuticas, os pacientes não veem as oficinas como uma ação 
separada pelo CAPS com um determinado objetivo, e sim como qualquer outra 
atividade oferecida no local. Uma das entrevistadas diz ser apenas uma "psicóloga" 
e não uma especialista e por esses motivos não são oferecidas as oficinas como 
observamos na literatura onde diz ser específica para cada situação e sim são 
disponibilizadas atividades parecidas com os profissionais que se encontram na 
unidade e tem uma certa habilidade como música ou outra habilidade artística , 
então são criadas as modalidades e inseridas no grupo com um determinado 
objetivo, porém nos CAPS entrevistados não encontramos pessoas específicas que 
sejam profissionais voltados para a área de oficinas terapêuticas. 
Estes serviços de saúde mental propõem ações e atividades na vivencia e 
dimensão comunitárias, com o objetivo de o "louco" ser reabilitado e voltar a sua 
família, através de uma equipe técnica. Assim, a partir da Reforma Psiquiátrica, os 
serviços substitutivos e os profissionais de saúde passam a não dar preferencia para 
o atendimento individual do doente, destacando o transtorno mental como ponto 
 
 
 
 
15 
central, mas a coletividade de seus relacionamentos afetivos, sociais, familiares e 
comunitários. Assim, a família representa o espaço coletivo indispensável para a 
melhora de seu familiar, mesmo que não tenha uma boa convivência no cotidiano, e 
nesse momento que vemos a importância de não tratar o paciente com sofrimento 
psíquico isoladamente, e sim todos que compõem seu núcleo familiar (ALENCAR; 
DELMO, 2017). 
O sofrimento psíquico de um membro da família afeta também outros 
membros, e nesse momento a capacitação técnica do profissional se diferencia, pois 
tem o desafio de entender e buscar a união familiar ou social para que a 
recuperação desse paciente aconteça e em conjunto é trabalhado a prevenção 
familiar e social (MEDEIROS; DULCIAN, 2011). 
A importância e reconhecimento da família como unidade de cuidados, tendo 
sua inserção na agenda terapêutica dos serviços de saúde mental, representada 
como beneficiaria na participação ou transformação do paciente, representa um 
desafio para os profissionais de saúde. Onde exige força de vontade dos 
profissionais seguidos de acolhimento e atenção adequada nas práticas terapêuticas 
(MEDEIROS; DULCIAN, 2011). 
Então com esse pensamento o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) 
responde pela porta de entrada e regulação em saúde mental no SUS, com o 
objetivo de substituir internações manicomiais pelo atendimento a comunidade, com 
acompanhamento clínico e reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, 
lazer, exercício dos direitos civis, fortalecimento dos laços familiares e comunitários, 
além de oferecer suporte à saúde mental na rede básica de saúde. Essas atividades 
são programadas mediante o interesse dos usuários, as possibilidades dos técnicos 
ou as necessidades do serviço no projeto terapêutico, objetivando maior integração 
na família ou sociedade. Nesse modelo o CAPS possui muitos desafios que mesmo 
investigados ainda possuem falhas, porem ocorre à busca da melhoria do serviço 
oferecido, mesmo que os familiares ainda não entendam todos os aspectos 
estruturais e organizacionais localizados no funcionamento, incluindo a capacitação 
dos recursos materiais e humanos (ALENCAR; DELMO, 2017). 
 
 
 
 
16 
4.3 BENEFÍCIOS DAS OFICINAS TERAPÊUTICAS NO CAPS 
Sobre os benefícios observados nas oficinas terapêuticas pela psicóloga do 
CAPS II, ela relata que é nessas oficinas em que os usuários socializam, aprendem 
e se expressam, além da melhora na coordenação motora, socialização e 
empoderamento. Ela relata que o fato de eles observarem que são capazes de fazer 
aquela atividade proposta os empodera, eles começam a ver capacidade dentro de 
si, que é o contrário do que ouvem fora do CAPS na comunidade. 
A entrevistada do CAPS-AD que trabalha com usuários de álcool e outras 
drogas, relata que as nas oficinas as atividades são voltadas para conscientização 
dos pacientes, da questão da doençae da importância da questão do tratamento. 
Ela não acha que há uma oficina que traga mais benefícios que outra, mas cada 
uma é importante no que propõe. Sobre a socialização a entrevistada relata que os 
pacientes podem ser reinseridos no mercado de trabalho e quando um paciente 
consegue uma alta melhorada ela sabe que melhorou a realidade daquela família e 
a relação do usuário com os familiares. A entrevistada diz que muitos deles sempre 
estão fazendo alguma atividade junto à sociedade seja na igreja, seja no trabalho, 
relata que a partir do momento que o usuário se torna funcional, ele passa a ser 
produtivo com eles mesmos para manter esse tratamento. 
Alves, Oliveira e Vasconcelos (2013) trouxeram uma contribuição muito 
benéfica na área da saúde mental com uma pesquisa que abrange a visão dos 
usuários, profissionais e familiares sobre empoderamento em saúde mental dentro 
do CAPS. Dentro deste contexto foi identificado a definição de empoderamento por 
parte dos usuários e familiares entre eles algumas categorias que serão abordadas, 
sendo elas: cuidado de si, recuperação/sociabilização e ajuda mútua/coletivização. 
Na categoria de cuidado de si observa-se reflexão sobre independência, 
liberdade e autocuidado, relatos orgulhosos de conseguir fazer atividades sozinhos, 
serem responsáveis consigo e suas atividades diárias como: “ser dona de si”, 
“adquirir experiência a respeito da minha doença”, “tomo conta dos meus remédios”, 
“vou sozinho fazer exame do coração e tudo”, “tudo eu faço sozinho, pago as 
minhas contas sozinho”. Observa-se aqui que o cuidado de si é relatado por eles 
como melhora significativa no funcionamento funcional e individual (ALVES, 
OLIVEIRA e VASCONCELOS, 2013). A psicóloga entrevistada do CAPS II relata 
 
 
 
 
17 
que existem casos em que o paciente pede alta para que esse possa tentar “viver lá 
fora”, o que demonstra essa ânsia por liberdade e independência. 
Na categoria de recuperação e sociabilização (ALVES, OLIVEIRA e 
VASCONCELOS, 2013) traz esta ferramenta de estimular a socialização desses 
indivíduos como uma forma de reinserção social. Como a psicóloga do CAPS II 
entrevistada para o trabalho atual relata que os pacientes criam vínculos entre eles 
que levam essa amizade pra fora do ambiente do CAPS. E a entrevistada do CAPS-
AD relata a reinserção no mercado de trabalho e relação melhorada com os 
familiares e rede de apoio. 
A categoria ajuda mútua e coletivização foi algo trazido pela entrevistada com 
grande ênfase, quando perguntado qual oficina ela via mais engajamento dos 
usuários, ela responde que,“o engajamento é observado em todas as oficinas, e ela 
acredita que não é propriamente pela atividade da oficina que se dá a melhora, mas 
sim pela “troca”, pela interação e pela percepção de si na sociedade e na 
identificação dos problemas dos outros, ou seja, o processo por um todo que traz os 
benefícios.” Alves, Oliveira e Vasconcelos (2013) apresentam que “a ajuda entre os 
pares, entre os iguais em sofrimento”, é vista através do respeito às diferenças e a 
diversidade e esta ajuda mútua fortalece as capacidades individuais e coletivas. 
Possibilita uma partilha de experiências, convivência e aprendizado, o que faz 
dessas atividades com interação experiências construtivas e terapêuticas. 
Santos (2019) informa que atividades que tem por características ajuda e 
suporte mútuo, são atividade nas quais há interação de pessoas com pessoas, sem 
uma relação de superioridade, o que ocasiona numa relação real, não mecânica e 
mais confortável ao usuário. Estas ações tem capacidade de estimular a interação 
social, o convívio e ajuda os participantes a serem mais ativos nas suas vidas. 
Atividades de suporte mútuo criam um sentimento de pertencimento, o qual auxilia 
no sentimento de confiança e autoestima, características fundamentais para 
reinserção social. (SANTOS, 2019). 
A cartilha de manual ajuda e suporte mútuo em saúde mental auxilia a 
diferenciar as atividades de ajuda mútua do suporte mútuo. Ajuda mútua é 
primordialmente a acolhida, é a troca e escuta de experiências e apoio emocional 
compartilhadas por pessoas que partilham o mesmo sofrimento. Já o suporte mútuo 
seria realizar atividades juntos como atividades sociais, artísticas, culturais, 
 
 
 
 
18 
esportivas, de lazer etc, ambos podem ser encaixados nas falas das entrevistadas 
(BRASIL, 2013). 
Observamos, a partir desses relatos e da fundamentação de alguns autores, 
que o empoderamento se apresenta como um cuidado de si representado 
pela melhora da funcionalidade social, pela mudança de comportamento, a 
conquista da capacidade de andar sozinha na cidade, dando aos sujeitos a 
liberdade de ir e vir trazendo um significado de bem-estar e consequente 
melhora das condições de vida dos usuários e familiares (Alves, Oliveira e 
Vasconcelos, 2013). 
 
Desta forma pode-se observar que as oficinas terapêuticas e suas atividades 
que promovem, cuidado de si, sociabilização e ajuda mútua são dispositivos de 
empoderamento em saúde mental e são ferramentas importantes para criação de 
autonomia e reinserção social. 
 
4.4 PROCESSOS PARA A REINSERÇÃO SOCIAL 
De acordo com a entrevistada, os principais objetivos do CAPS é a promoção 
da autonomia, o desenvolvimento e a capacidade do paciente ser reinserido na 
sociedade, principalmente em seus contextos diários. Sendo um dos principais 
objetivos, a reinserção conta com uma série de fatores para que seja concluída de 
forma efetiva. 
Um dos fatores que se desenvolve desde o início do tratamento é o projeto 
terapêutico singular, que nada mais é que a construção de uma proposta terapêutica 
(individualizada), pela equipe multidisciplinar e a família do paciente. O PTS é 
utilizado no CAPS como uma ferramenta que proporciona melhor resposta para os 
processos de tratamento, visando diversos aspectos além do diagnóstico e da 
medicação (MATOS, et al, 2017). 
Além da participação da família no projeto, Judy relata que o acolhimento 
familiar é fundamental para o processo de recuperação do paciente, entretanto há 
diversos obstáculos, já que nem todas as famílias têm conhecimento a respeito do 
assunto e acabam deslegitimando o transtorno e todo o processo do CAPS e do 
paciente. Uma das formas encontradas para essa inclusão da família no processo 
terapêutico é através das oficinas, esses trabalhos realizados são considerados 
ótimas estratégias já que dá oportunidade ao paciente se desenvolver em seu meio 
 
 
 
 
19 
e proporciona momentos agradáveis com a família (SCHRANK; OLSCHOWKY, 
2008). 
 
A gente procura sempre trazer a família pra perto, pra próximo. É uma 
dificuldade bem grande que a gente tem, porquê geralmente os pacientes 
de saúde mental são estigmatizados, acabam ficando a margem e não é 
toda família que é suportiva (JUDY; 2021). 
 
Curiosamente, durante a entrevista a psicóloga do CAPS II trouxe um assunto 
pouco encontrado nas literaturas, a respeito da resistência que os pacientes tem 
quando estão perto de receber alta. Os principais motivos para que isso ocorra são 
citados durante a entrevista e correspondem a questões ligadas ao acolhimento, 
respeito, e atenção as condições deles, além disso, a profissional do CAPS-AD 
discorre a respeito disso em sua fala, evidenciando essa grande resistência dos 
pacientes para receber alta. 
 
Muitos deles consideram o CAPS como uma segunda família, não são 
acolhidos num primeiro momento, e depois são compreendidos e isso faz 
toda diferença, porque é o suporte deles, e muitos vinculam a tal ponto que 
chega no momento de dar alta, eles não querem (FRIDA, 2021). 
 
Além desses, para a realização da reinserção social de maneira eficiente, a 
alta assistida se faz muito presente, fazendo com que o paciente seja liberado do 
CAPS, mas ainda continue em tratamento pela rede de saúde. Esse modo de alta 
ocorre simultaneamente com o matriciamento– acompanhamento do paciente em 
todas as esferas da saúde pública–, visando estabelecer uma ampla rede de 
cuidados principalmente no cenário diário dos usuários e responsabilizando toda a 
rede pela reinserção de determinado paciente, assim esses indivíduos vão sendo 
reinseridos na sociedade de maneira gradual explorando os desafios que as 
atividades diárias trazem (GAZIGNATO; SILVA, 2014). 
 
A alta é assistida, não é alta do tratamento, mas sim do CAPS, o paciente 
continua o tratamento dele dentro da rede de saúde. [...] Esse 
matriciamento a gente faz junto com a unidade de saúde, fazer o 
acompanhamento desse paciente na região dele, para que esse paciente 
seja acompanhado, tratado e acolhido pela UBS (JUDY, 2021). 
 
Por fim, Judy relata que a reinserção de pacientes crônicos é extremamente 
difícil já que a rede de saúde não está preparada para receber esses pacientes, 
 
 
 
 
20 
infelizmente o tratamento multidisciplinar só é encontrado dentro dos CAPS e por 
esse motivo os pacientes não conseguem se estabelecer na sociedade, precisando 
então voltar diversas vezes ou nem sair do CAPS. “Se tivéssemos uma rede, onde 
dentro da unidade tivesse um psicólogo, um T.O e psiquiatra, eles não precisariam 
ficar uma vida toda no CAPS” (JUDY, 2021). 
 
 
4.5 OFICINAS TERAPEUTICAS NA PANDEMIA 
Em relação às oficinas terapêuticas, ambas as entrevistadas relataram que 
devido ao contexto pandêmico atual, as oficinas terapêuticas não estão funcionando. 
Segundo a assistente social do CAPS-AD, no momento estão sendo prestados 
apenas atendimentos individuais, além de um acompanhamento via telefone, com o 
objetivo de orientar e ouvir, realizando o acolhimento desses pacientes. De acordo 
com Pitiá e Santos (2006) “o objetivo do Acompanhamento Terapêutico (AT) é 
descrito como significar aquilo que o sujeito expressa com seu adoecer, para que 
interaja de forma mais saudável em termos biopsicossociais”. 
De acordo com a entrevistada do CAPS II, os pacientes ficaram muito 
isolados nos últimos meses. Muitos deles entraram em contato via telefone 
perguntando a respeito de quando as oficinas voltariam a funcionar. Diante desse 
relato é possível perceber a falta que as oficinas fazem na vidados usuários. 
Em ambas as entrevistas, foi possível identificar, por meio dos relatos 
apresentados pelas profissionais, o aumento significativo na procura por 
atendimento nos CAPS durante a pandemia. De acordo com a psicóloga do CAPS II, 
a procura se deu por queixa de crises de ansiedade geradas pela pandemia do 
COVID-19. Como descrito por Ornelle e colaboradores (2020) em uma pandemia, o 
medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e 
intensifica os sintomas naqueles com desordens psiquiátricas preexistentes. 
 
Pesquisas apontam que indivíduos com transtornos mentais tendem a 
apresentar níveis mais elevados de estresse e sofrimento psicológico 
durante a quarentena provocada pela COVID-19, comparados a pessoas 
sem esses transtornos. Isso se dá em decorrência tanto da maior 
vulnerabilidade psíquica como de outros fatores; por exemplo, a dificuldade 
de acesso a tratamento durante a pandemia (BARROS, et al, 2020, p. 2) 
 
 
 
 
 
21 
A assistente social do CAPS-AD também relatou que a demanda triplicou 
durante a pandemia. De acordo com a entrevistada, isso pode estar ocorrendo, pois 
nesse momento as famílias estão em casa com mais freqüência e acabam não 
querendo que o usuário esteja no ambiente familiar. Ela também destacou o fato de 
que muitos usuários frequentavam as ruas e agora isso se tornou um fator de risco 
frente a pandemia do COVID-19. Segundo ela, esses fatores fizeram com que os 
familiares buscassem ajuda nesse período e consequentemente aumentou a 
demanda. 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A elaboração deste artigo possibilitou visualizar a complexidade do assunto, 
considerando que ao analisar o que abrange o tema “Oficinas Terapêuticas no 
CAPS”, inicialmente é necessário compreender o processo terapêutico do CAPS 
como um todo, assunto que foi abordado de maneira ampla pelas profissionais 
entrevistadas. 
Ficou evidente que são inúmeras as atividades realizadas nas oficinas pelo 
CAPS e essas ações geram diversos benefícios aos usuários, sendo os principais: a 
socialização, expressão, autonomia, empoderamento e até o desenvolvimento de 
habilidades profissionais. Apesar da falta de profissionais que apliquem essas 
atividades de maneira permanente (oficineiros), as oficinas são realizadas e se 
obtém resultados eficientes. 
Um dos principais pontos abordados neste artigo trata-se da reinserção social 
dos usuários do CAPS, esse processo conta com o PTS (Projeto Terapêutico 
Singular) e com o Matriciamento que são instrumentos de apoio, que visam 
proporcionar ao paciente uma construção de proposta terapêutica individual, mas de 
forma coletiva. É importante ressaltar a relevância da família para o processo de 
reinserção, como forma de alicerce que contribui para a recuperação do indivíduo e 
proporciona a ele uma base acolhedora e segura. 
Referente ao cenário atual que nos encontramos - pandemia do Covid 19 -, se 
fez necessário novas adaptações no processo de tratamento utilizado pelo CAPS, 
além disso, a demanda nos CAPS aumentou consideravelmente durante esse novo 
momento que estamos vivendo. Para isso, a aceleração no uso de novas 
 
 
 
 
22 
tecnologias educacionais remotas, se tornou um facilitador no processo, pois a 
redução do fluxo de pessoas dentro do CAPS foi imprescindível para a segurança de 
todos. 
Por fim, foi possível evidenciar nas entrevistas realizadas, que na área da 
saúde ainda há muito a fazer, seja a respeito de capacitação técnicas para aqueles 
que planejam trabalhar no CAPS, ou até para a formulação de novas políticas 
públicas, para que haja uma troca de informações eficientes a respeito dos 
pacientes e assim o matriciamento seja superior ao atual e então a reinserção social 
consiga atingir a todos os usuários, incluindo os pacientes crônicos. 
 
 
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TAVARES, Claudia Mara de Melo. O papel da arte nos centros de atenção 
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Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
 
 
 
 
26 
71672003000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 Abr. 
2021. https://doi.org/10.1590/S0034-71672003000100007 
 
 
 
 
27 
APÊNDICE A– ROTEIRO DE ENTREVISTA 
Prezada, 
A presente entrevista faz parte de umtrabalho para disciplina de Oficina de 
Produção do Conhecimento do curso de Psicologia do Centro Universitário 
Unidombosco. Suas respostas serão gravadas e utilizadas restritamente para a 
elaboração do relatório da disciplina e mantidas em sigilo. Agradecemos por sua 
colaboração. 
1. Como é para você trabalhar no CAPS? Poderia descrever um pouco da sua 
função e como é o dia-a-dia? 
2. Quais profissionais fazem parte da equipe do CAPS? 
3. Quais são os objetivos do trabalho do CAPS, das oficinas terapêuticas? 
4. Quais tipos de Oficinas terapêuticas são ofertadas neste CAPS? 
5. De que forma essas oficinas terapêuticas podem contribuir para o tratamento 
dos usuários? 
6. Em relação as oficinas terapêuticas, há diversas atividades que podem ser 
desenvolvidas para melhorar a qualidade de vida dos usuários. Qual você 
observa que tem maior impacto na vida para eles? (complementar: Quais 
oficinas apresentam maior engajamento?) 
7. Segundo a literatura, as oficinas produzem resultados significativos na 
reabilitação psicossocial dos usuários. Qual a sua percepção sobre esta 
afirmação? 
8. A literatura apresenta a arteterapia como uma atividade importante no 
contexto das oficinas terapêuticas. Você concorda com esta afirmação? Na 
sua opinião de que forma esta atividade auxilia no desenvolvimento dos 
usuários do CAPS? 
9. Qual o papel das oficinas na reinserção social do usuário do CAPS? 
10. De que forma a pandemia ocasionada pelo Covid-19 afetou o 
desenvolvimento das Oficinas? (Os usuários relatam prejuízos?) 
 
 
 
 
28 
 
APÊNDICE B – DESCRIÇÃO DA ENTREVISTA CAPS II 
DESCRIÇÃO ABREVIADA DO ÁUDIO 
Entrevistada: Judy – Psicóloga e Coordenadora do Caps II na cidade de Colombo- 
PR. 
 
Maristela: Apresentação inicial – nome, faculdade, curso, disciplina e o objetivo da 
entrevista. 
Maristela: Realização da primeira pergunta – “Como é para você trabalhar no 
CAPS? Poderia descrever um pouco da sua função e como é o dia-a-dia?” 
Judy: Discorre a respeito do seu início de carreira (após sua formação apenas 
trabalhou na área de Recrutamento e Seleção, e após 6/7 anos a mesma prestou 
concurso para estar no CAPS), e deixa explicito que em sua época não havia 
disciplinas que envolviam a saúde pública. 
Judy: Inicia a explicação a respeito do funcionamento do CAPS (quem são os 
pacientes e que estes podem ter transtornos como esquizofrenia, depressão, 
ansiedade etc.) e evidencia a participação do CAPS na saúde pública (UBS). 
Judy: Apresenta toda a equipe multidisciplinar – psicólogos, assistentes sociais, 
terapeutas ocupacionais, enfermeiros, psiquiatras e técnicos de enfermagem – 
deixando claro que neste CAPS de Colombo faltam alguns profissionais nessa 
grade, como oficineiros e profissionais de educação física. 
Judy: Continua a fala apresentando os objetivos do CAPS evidenciando as oficinas 
(“Promoção da autonomia, o desenvolvimento e a capacidade do paciente ser 
reinserido na sociedade, no contexto familiar e no contexto de trabalho”), mesmo 
que existam os pacientes de alto risco que não conseguem exercer certos tipos de 
autonomia os profissionais trabalham o máximo dentro de cada individualidade. 
Nesse mesmo momento a entrevistada deixa claro que por conta da pandemia as 
oficinas não estão funcionando. 
Maristela: Realização das seguintes perguntas: “Quais são os objetivos do 
trabalho do CAPS, das oficinas terapêuticas?” e “Quais são as oficinas 
ofertadas no CAPS?”. 
Judy: Antes de começar a responder as questões, Judy deixa claro novamente que 
devido ao Covid-19 as oficinas estão temporariamente desativadas. Entretanto 
relembra as oficinas ofertadas anteriormente – pintura, artesanato, horta, grupos de 
enfermagem que trata saúde e medicação, grupos de terapia e também de terapia 
ocupacional -. 
 
 
 
 
29 
Judy: Um dos processos mais realizados nos CAPS são as divisões em grupos que 
são feitas a fim de unir pacientes com características próximas e propor oficinas e 
recursos terapêuticos a esses de acordo com a necessidade de cada. Para isso há o 
Projeto Terapêutico Singular, onde a equipe avalia qual a melhor conduta para cada 
um dos pacientes e assim os inserindo nas oficinas adequadas. 
Judy: Exemplifica o “fluxo” do CAPS em: Chegada do paciente acolhido, seja por 
“portas abertas” (onde o paciente decide ir ao CAPS sem encaminhamento algum) 
ou encaminhamento pelo UBS/UPA  É recebido pelo profissional de plantão do dia 
(podendo ser o profissional de qualquer área da equipe)  Avaliação pela equipe 
multidisciplinar  Projeto terapêutico Singular e escolhas das oficinas  Inserção 
na Oficinas. 
Judy: Nesse momento a entrevistada comenta da importância da aproximação da 
família em todo o processo terapêutico e comenta que há uma dificuldade bem 
grande nessa aproximação, pois há uma estigmatização do paciente pela família e 
que acaba dificultando a reinserção desse indivíduo nesse contexto. 
Judy: Neste momento a entrevistada informa os horários de funcionamento do CAPS 
(das 08:00 às 18:00 de segunda à sexta), e das oficinas, que ocorrem todos os dias 
em diferentes períodos. Além disso Judy deixa evidente que o CAPS II não faz 
atendimento emergencial – somente a UPA, ou CAPS III, emergência psiquiátrica –. 
E em colombo não há atendimento emergencial para estes pacientes com 
transtornos. 
Judy: Novamente é apresentado a função/objetivo do CAPS: “Acolher, tratar, 
estabilizar e conceder a alta”, entretanto alguns pacientes ao conhecer essa rede de 
atendimento não querem mais “sair”. Os principais motivos para a resistência da alta 
são pontos positivos que acabam prendendo-os, como: equipe ótima, acolhimento, 
respeito, não julgamento e atenção à condição deles. 
Maristela: Para continuar nesse assunto a entrevistadora pergunta: “É decisão 
deles (pacientes) a alta?” 
Judy: A resposta é não, a decisão é da equipe juntamente com o paciente e sua 
família. Apesar da maioria dos pacientes terem alta, existem os pacientes 
crônicos/graves que não conseguem ter uma vida “normal” fora do CAPS, o que não 
é o ideal para ele. Neste sentido a entrevistada apresenta um ponto que ainda não 
existe na rede de saúde mas que poderia ajudar esses paciente graves, “Se 
tivéssemos uma rede, onde dentro da unidade tivesse um psicólogo, um T.O e 
psiquiatra, eles não precisariam ficar uma vida toda no CAPS”. 
Judy: Avançando no assunto, Judy relata que o tempo do tratamento do CAPS é 
individual de cada um e que existem casos em que o paciente pede alta para que 
 
 
 
 
30 
esse possa tentar “viver lá fora”. E a alta é de modo assistido, onde a liberação é do 
CAPS mas o paciente continua seu tratamento na rede de saúde. 
Maristela: Ainda nesse assunto a entrevistadora questiona: “Vocês conseguem 
saber da vida do paciente posteriormente? Em algum momento algum deles 
volta para contar para vocês sua trajetória?”. 
Judy: Afirmando Judy diz que há vários casos de pacientes que retornam para 
serem parceiros em trabalhos voluntários e para darem apoios em atividades. 
Judy: Em seguida a entrevistada expõe uma fala que é dita diversas vezes aos 
pacientes “eles não são a doença, eles não são aquilo que apresentam ali, eles são 
gente, e que vão melhorar”. Nesse sentido a psicóloga explica a necessidade da 
paciência e do comprometimento que se deve ter com o tratamento. 
Marianna: Outra pergunta é exposta á convidada: “Como você percebe a relação 
interpessoal dos pacientes?”. 
Judy: A Psicóloga responde que há melhoras, já que esses pacientes criam vínculos 
entre eles e que levam essa amizade para além do CAPS. Mesmo que não seja 
mensurável a quantidade de pacientes que apresentam essa melhora é facilmente 
observada por eles. 
Judy: Um novo conceito é exposto pela entrevistada, o “MATRICIAMENTO”, que é 
feito juntamente com a rede de saúde. Esse matriciamento nada mais é que o 
acompanhamento do indivíduo no seu ambiente (na sua unidadede saúde, na sua 
região). 
Maristela: Continuando a entrevista a Maristela questiona: “Dentre os serviços 
ofertados pelo CAPS, o que você sente sobre as oficinas terapêuticas? Os 
pacientes sentem falta?”. 
Judy: A entrevistada confirma que as oficinas fazem falta para os pacientes. Pois é 
nessas oficinas em que os usuários socializam, aprendem e se expressam, além da 
melhora na coordenação motora, socialização e empoderamento. Outros benefícios 
se dão pelo projeto “Economia Solidária”, onde os pacientes podem expor os 
produtos desenvolvidos nos CAPS (antes da pandemia), e o dinheiro ganho com 
estes produtos é revertido nas oficinas. 
Maristela: A respeito dos materiais usados no CAPS, a entrevistadora indaga: “Os 
materiais das oficinas são disponibilizados pela prefeitura? É um processo 
fácil? 
Judy: A entrevistada lembra que alguns anos atrás o CAPS não tinha um total apoio 
e que os profissionais já tiveram que comprar alguns materiais com a sua própria 
 
 
 
 
31 
renda, mas que atualmente os materiais são entregues pela prefeitura, mesmo 
sendo um processo burocrático. 
Judy: Nesse momento da entrevista, a profissional trouxe uma curiosidade: “com a 
pandemia o CAPS teve uma grande procura”, ou seja, uma grande demanda para 
poucos profissionais e apenas um CAPS em Colombo. 
Maristela: Avançando no assunto a entrevistadora pergunta: “Em relação as 
oficinas terapêuticas, há diversas atividades que podem ser desenvolvidas 
para melhorar a qualidade de vida dos usuários. Qual você observa que tem 
maior impacto na vida para eles?” 
Judy: A profissional explica que o engajamento é observado em todas as oficinas, e 
a mesma acredita que que não é propriamente pela oficina que se dá a melhora, 
mas sim pela “troca”, pela interação e pela percepção de si na sociedade e na 
identificação dos problemas dos outros, ou seja, o processo por um todo trás os 
benefícios. Lembrando que no sentido das oficinas, não é o resultado (beleza) do 
produto que importa, mas sim a experiencia nesse momento e percepção de que os 
usuário tem capacidade. 
Maristela: Afunilando no assunto, a entrevistadora questiona “A literatura 
apresenta a arteterapia como uma atividade importante no contexto das 
oficinas terapêuticas. Você concorda com esta afirmação? Na sua opinião de 
que forma esta atividade auxilia no desenvolvimento dos usuários do CAPS?” 
Judy: A profissional concorda, pois é através da arteterapia que há a verbalização e 
expressão dos sentimentos que antes os pacientes não conseguiam identificar e 
expor. 
Judy: Novamente a psicóloga impõe que, não é a realização do trabalho que 
importa, mas sim a identificação, a expressão do sentimento e dos pensamentos 
pelo paciente. 
Judy: Ao ressaltar os pacientes crônicos a profissional discorre: “Nós temos 
pacientes que são cognitivamente rebaixados que não tem a capacidade de 
cognição, para fazer esse processo de reflexão”, e alguns deles não participam as 
oficinas da mesma maneira. 
Judy: Finalizando esta parte, Judy comenta que a partir do momento em que o 
paciente entende que é a partir da fala e da exposição que esse conseguirá 
“acalmar” a sua dor, ele se da conta do caminho para a melhora. 
Judy: Ao discorrer sobre a pergunta que é feita à profissional, a mesma expõe que 
existe os tratamentos individuais/pontuais, mesmo que dentro dos CAPS não 
existam as convencionais “psicoterapias” esse acolhimento individual existe. 
Ressaltando o assunto, Judy dispõe que o CAPS não é um ambulatório de 
 
 
 
 
32 
psicologia, mas quando um individuo necessita desse tipo de tratamento esses são 
encaminhados ao CAPS - pois não há atendimento ambulatorial psicológico na rede 
de saúde de Colombo – e acabam se frustrando, já que o tratamento nesse serviço 
é multidisciplinar (mesmo que haja atendimento psicoterápico brevemente e 
pontualmente). 
Maristela: Mais uma pergunta é apresentada à profissional “Você acha que a falta 
da psicoterapia no cotidiano influencia no processo?”. 
Judy: Ao dizer que sim a psicóloga declara que nesses casos onde o paciente não é 
de médio nem grave risco, mas necessita/quer algum tratamento psicológico, ele 
passa pela avaliação e é adicionado ao CAPS temporariamente, lembrando que o 
processo de tratamento que ele passará será semelhante aos outros pacientes. 
Maristela: Ao comentar sobre assuntos abordados devido à pandemia, surgiu a 
seguinte dúvida: “Os pacientes relatam algum tipo de prejuízo devido à falta das 
oficinas?”. 
Judy: Em resposta a essa pergunta, Judy comenta que os pacientes ficaram muito 
isolados nesses últimos meses, fazendo com que esses ficassem ligando para eles 
perguntando a respeito de quando as oficinas voltariam novamente. 
Maristela: Ao analisar o local a entrevistadora pergunta “Essas pessoas que estão 
aguardando, são pacientes novos?”. 
Judy: Momentos antes a entrevistada estava realizando um acolhimento com um 
paciente novo, onde o mesmo chegou ao local com queixa de crises de ansiedade 
gerada pela covid-19 (pandemia), o hospital o encaminhou para o CAPS, entretanto 
o CAPS o encaminhou para a UBS pelo seu quadro ser entendido como leve. 
Judy: A profissional comenta que geralmente o horário de acolhimento acontece na 
parte da manhã, mas simultaneamente os pacientes do CAPS vão para as suas 
“agendas” que são as suas consultas individuais com o profissional agendado 
naquele dia. 
Maristela: Agradecimentos realizados pelas alunas para com a profissional 
entrevistada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
APÊNDICE C – TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA CAPS AD 
Entrevistada: Frida (nome fictcío)– Assistente Social do Caps AD na cidade 
de São José dos Pinhais- PR. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Então, meu nome é Larissa, essa é a Giovana, a gente é 
estudante de psicologia do 5° período da UniDomBosco e a gente está fazendo um 
trabalho acadêmico na disciplina de Oficina de Produção do Conhecimento de 
Saúde Mental, o nosso trabalho é sobre as Oficinas e a importância que ela tem 
para os usuários do CAPS... Aí nós vamos começar fazendo algumas perguntas... 
Como é para você trabalhar no CAPS? Você poderia descrever um pouquinho 
para nós sobre a sua função, como é o seu dia a dia. 
 
Entrevistada: Bom dia, meu nome é Frida, eu sou assistente social, estou no 
CAPS-AD aqui de São José dos Pinhais há 6 anos, e hoje a gente tá numa realidade 
um pouquinho diferente, devido a pandemia, mas antes da pandemia, a gente tinha 
as oficinas, onde a gente leva para eles a respeito principalmente a questão de 
comportamento, o que é a dependência química, prevenção de recaída, e que 
dentro da minha área, inclusive, do serviço social, eu levo vários temas como aborto, 
como Lei Maria da Penha, e geralmente são assuntos que crescem, geram bastante 
polêmica, dia 18 de Maio agora é tanto a Luta Antimanicomial, quanto a luta contra o 
abuso infantil de um caso bem conhecido Araceli, e eu sempre trago isso pra eles, 
faço eles refletirem, porque, não digo em todos os casos de violência, eles estão 
envolvidos com os usos de substância, mas nesse caso em específico, estava 
atrelado, então a gente traz no sentido de orientar essas pessoas, na questão dos 
cuidados, e na questão da família, os riscos que essa criança, ou esposa, familiares, 
podem ter, mediante ao uso de substâncias… Então, assim, amo trabalhar no 
CAPS, sou apaixonada pelo que eu faço, e acho que é bem importante a gente fazer 
aquilo que você gosta, acho que esse é o diferencial, porque a hora que eles vão 
coloacar esse conhecimento em prática, é quando vai fazer a diferença. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): E vocês trabalham com Oficinas Terapêuticas 
aqui? 
 
Entrevistada: Sim, a maioria delas são Oficinas Terapêuticas, hoje nós temos 
a psicóloga, a assistente social, tem enfermeira, tem os técnico e auxiliar de 
enfermagem que fazem os grupos também e uma terapeuta ocupacional. Então, 
assim, geralmente asnossas atividades são voltadas realmente para 
conscientização dos pacientes, da questão da doença, da importância da questão do 
tratamento, e deles caírem em si, porque o que a gente sempre fala, não adianta eu 
pensar que eu vou mudar o outro porque o mudo só a mim mesmo. Mas assim, a 
 
 
 
 
34 
gente está aqui para ajudar nesse processo, alguns casos os pacientes usam a 
medicação mas nem todos precisam de medicação, e no ano passado, no começo 
da pandemia a gente teve uma situação que a gente até cogitou de fechar o CAPS 
por algumas semanas, ou 30 dias, e os pacientes fizeram todo o movimento, e não, 
e foram atrás porque é porque ele sabe da importância que tem os grupos 
terapêuticos para eles, e eles se posicionaram dizendo: “não a gente não pode, nem 
medicação a gente toma, a gente vem aqui justamente para desabafar, para trazer 
os nossos problemas”... E por que? Porque eles sabem que a gente não vai julgar 
eles em nenhum momento, então é diferente da família, que às vezes uma família 
julga, condena, e eles sabem que aqui não, aqui eles podem trazer a verdade, e o 
que está acontecendo com eles e a gente tiver trabalhando diante da situação 
apresentada. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): A família, até mesmo, às vezes, discrimina, exclui 
aquele indivíduo. 
 
Entrevistada: Na maioria das vezes, eu não digo que só a família, mas a 
própria sociedade em si, ela acaba estereotipando pessoas que fazem uso de algum 
tipo de substância, e ele acaba vindo pra cá como se ele fosse um vagabundo, uma 
pessoa que estaria à margem da sociedade. Mas por que ele está à margem da 
sociedade? Por que ele perdeu o trabalho? O que aconteceu? E assim muitas 
famílias não entendem isso como uma doença ainda, então, o comportamento dele 
acaba gerando vários conflitos, mas a gente sempre fala assim, que quando a gente 
consegue que a pessoa caia em si, e ela começa a mudar, ela não muda só ela, 
mas ela muda ela e a família, e nós tivemos situações onde a pessoa ficou 
abstinente por um longo período, E a esposa estava tão acostumada com ele chegar 
em casa, beber, sair e gritar, e fazer toda aquela dinâmica que quando ele começou 
a ficar bem, ela chegou num ponto que ela disse: “Ué, você não vai mais no bar? 
Agora você só fica atrás de mim o tempo inteiro” ... Então assim, não estava 
acostumada com aquela rotina, então, além da família, a gente também trabalha 
além do usuário também, no trabalho da família e com reuniões familiares, não dá 
para fazer semanal porque a maioria das famílias trabalha, mas pelo menos mensal 
a gente procurava fazer. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Uhum. E agora com a pandemia, como está sendo 
para vocês? Vocês tiveram que tirar alguma oficina, estão fazendo oficina ou devido 
à pandemia, vocês tiveram que tirar, como está funcionando? 
 
Entrevistada: Então, em virtude do decreto municipal nós não estamos 
fazendo oficinas. A gente tem acompanhado os nossos pacientes que estão aqui, e 
uma outra parte está lá na outra sala, via telefone e atendimentos individuais que 
cada profissional faz, além disso, as consultas com um psiquiatra. Então, a gente 
sabe que isso não é legal nem para nós, nem para eles, mas assim, o máximo que a 
 
 
 
 
35 
gente tem conseguido fazer realmente são os atendimentos individuais, que acaba 
buscando uma tentar orientar, ouvir principalmente esse paciente, mas assim, a 
gente não consegue atender todos porque a demanda é muito grande. Então, 
quando aconteciam os grupos, a gente conseguia pegar a maioria, e orientar a 
maioria dos pacientes assim. Então, como a gente divide em grupos de técnicos de 
referência, acaba atendendo os meus referenciados, e também não são todos que a 
gente consegue fazer os atendimentos individuais, é lógico que, quando é uma 
questão mais específica, do serviço social, da enfermagem ou psicologia, a gente 
acaba dando direcionamento, mas a prioridade sempre vai ser trabalhar a situação 
com seu técnico de referência. Então tem sido para nós bem difícil essa experiência, 
até porque muitos dos nossos usuários não têm telefone, celular, porque a gente até 
tinha pensado em fazer grupos online ou o Facebook, uma vez na semana, nem que 
fosse, ou diário, e até as oficinas de culinária, que eles vêm, para eles era assim, 
maravilhoso, porque, puxa, tem gente que nunca teve um bolo, e a gente fazia o 
bolo com eles e cantava parabéns, no mês, nos aniversariantes do mês, então para 
eles era algo muito diferente, muito especial, porque uma vida de uso de substância, 
de repente não é que a família deixou mas ele nem que valorizava isso, aniversarioo 
o que era? para ele a comemoração era no uso da substância e aí a gente mostra 
pra eles que não, que tem outra forma de você comparar, sem ser com o uso de 
substâncias. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Uhum, perfeito! 
 
Entrevistadora 2 (Giovana): Quantos pacientes mais ou menos vocês acham 
que atendem aqui? 
 
Entrevistada: Que a gente inserido deve ter uns 80, fora os que vêm só para 
acompanhamento agora, nesse momento com as consultas com o psiquiatra, então 
ele vai identificando, na medida que ele vai vendo que é um caso que a gente 
precisa acompanhar com uma frequência maior, ele vai inserindo dentro dos grupos, 
daí também, mas assim a demanda nesse período de pandemia posso garantir para 
você que triplicou, eu acho que as famílias estando um pouco mais em casa e 
acabam não querendo que a pessoa que tem o uso da substância esteja naquele 
círculo, naquele ambiente familiar, até porque a vida deles é rotina fora, ficam o dia 
inteiro, uma semana, três dias fora, e daí volta para casa, isso acaba trazendo o 
risco, em virtude da questão do covid, então, assim, eu acho que a família buscou 
muito mais ajuda nesse período da vida, então aumentou demais, nós temos muito 
pacientes que nós não conhecemos. 
 
Entrevistadora 2 (Giovana): Eu queria que você falasse mais um pouco sobre 
as oficinas, eu ouvi que você falou da oficina culinária, como, quais são os outros 
tipos de oficinas que têm assim, como que é a dinâmica? Como que é feito? 
 
 
 
 
 
36 
Entrevistada: Então, eu posso falar da minha demanda do serviço social, a 
gente geralmente faz como se fosse palestra, mas é muito mais uma conversa onde 
a gente traz vários temas, vários assuntos, onde são abordados, e sempre falo para 
eles, você pode projetar um tema, aí de repente você chega num dia lá na hora de 
fazer um grupo você escuta ou alguém vem falar alguma coisa pra você, e aquele 
teu assunto, que você tinha preparado, não era tão importante quanto o que está 
acontecendo para ele naquele momento, e aí às vezes de uma conversa, de uma 
dúvida, você acaba fazendo um grupo terapêutico. Por que? Porque a dúvida dele 
não era só dele, mas era de outras pessoas também, assim como a gente trabalha 
com um adulto, eu garanto pra vocês que eles questionam bastante, trazem várias 
demandas, isso também é os grupos da psicologia, voltado para a questão da 
psicologia, na questão de culpa, da questão de depressão, eles têm muitas dúvidas 
nesse sentido. Então assim, é abordada de uma forma geral, e aí vêm as oficinas de 
culinária que eu falei para vocês, são feitas atividades, ali tem as dinâmicas dentro 
dos nossos grupos, a gente também fala das dinâmicas, então tanto o serviço social, 
quanto a psicologia, e tem os grupos da terapia ocupacional, que não necessita de 
São José, ela veio uns três meses ou quatro meses antes da pandemia, então ela 
não conseguiu ser tão produtiva digamos assim, nas atividades, porque já entrou a 
pandemia, e a gente acabou ficando sem, mas dentro do CAPS foi bem recente a 
experiência de ter a terapeuta ocupacional, então geralmente são assuntos que a 
gente traz, que a gente aborda, que a gente debate, mas assim, de várias situações, 
não só voltado para a dependência química, mas é claro que nosso foco central é 
sempre tentar trazere chamar atenção para a realidade que não aconteceu e ainda 
pode vir a acontecer. Como perder a família, perder o emprego, essas coisas, então 
a gente trabalha a questão, por exemplo, do mercado, que hoje a crise está para 
todo mundo, mas imagine para quem tem uso de alguma substância que vai piorar a 
situação, então sempre nesse sentido, mas como se fosse palestra no sentido de 
orientação nesse caminho. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): E qual o objetivo do Caps, oferecendo as oficinas? 
 
Entrevistada: Hoje a gente trabalha bastante com a questão do tratamento da 
abstinência. Por que? Porque eu acompanho principalmente os casos judiciais que 
vêm mães, pais, que tiveram seus filhos em abrigo. Então assim, hoje ainda existe a 
questão de que isso traz risco para as crianças e adolescentes e essa família 
precisa estar abstinente, mesmo a gente sabendo que com a redução de danos a 
gente já consegue um ponto significativo, mas tem a questão legal ainda, o 
entendimento e proteção da criança ainda eu vejo que é um pouco punitiva e que 
não aceita a redução de danos, tem que estar abstinente, então o nosso trabalho é 
focado na abstinência, as nós tivemos vários. Pacientes que saíram daqui do campo 
com a redução de danos, e para eles já é algo significativo, de repente estavam 
usando crack e cocaína, e conseguiu ficar só na maconha, não digo que é “só” na 
maconha, no sentido de não estar trazendo prejuízo, continua, claro, mas não tão 
 
 
 
 
37 
destrutivo e acelerador quanto as demais dependências, então o objetivo sempre é 
conscientizá-los dessa doença, do que ela está trazendo, do que ela está fazendo 
na sociedade, mas a escolha sempre vai ser do indivíduo, porque é o que eu falei, 
só vai mudar se ela quiser ajuda para isso, e se for o caso, que a gente perceba 
algo, ou que é preciso ter um acompanhamento mais individual da psicologia por 
exemplo a gente vai encaminhar para atendimento individual nas UBS, então assim, 
a gente tenta dar um suporte pra ele, mas aí é ele que vai escolher, e assim, nas 
feridas a gente mexe até onde a gente suporta a dor, então tem coisas que você 
prefere dizer não não quero trabalhar então a gente respeita muito isso também. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Em relação ainda às oficinas terapêuticas, como 
você mencionou, tem vários tipos de oficinas terapêuticas, que vão contribuir na 
qualidade de vida deles, você observa que tem alguma oficina terapêutica em 
específico que contribui mais do que outra? 
 
Entrevistada: Veja, eu não sei se eu posso dizer que uma contribui mais que a 
outra, acho que todas elas são importantes para a gente, mas assim não vejo que 
uma contribui mais que a outra, mas assim, eu acho que todas elas são importantes 
dentro do que cada um vem buscar, então assim, a psicologia é extremamente 
importante porque eu acho que eu comentei com vocês a questão do sentimento de 
culpa, da pessoa se sentir útil, então ele precisa às vezes desse estímulo, desse 
trabalho com ele dentro da parte da enfermagem, às vezes ele vem tão adoecido, 
ele não consegue enxergar outros problemas que ela já desenvolveu e que são 
consequências do uso das substâncias, então, você trabalha nele como um todo, e 
por exemplo, dentro do serviço social as famílias que vêm aqui em virtude de seus 
filhos, que foram abrigados numa Instituição, então para elas, elas querem sugar um 
assistente social, porque é a partir do momento que elas entendem, porque primeiro 
você tem que desconstruir uma realidade, porque elas acham que o CAPS e o 
serviço social principalmente, ele é secretário do juiz, então elas acham que você 
tem livre acesso com um juiz, então você acaba desconstruindo essa realidade 
primeiro para ela, que não, que você está aqui, que você não está aqui para julgar, 
mas pra ajudar, aí sim ela passa criar um vínculo de confiança onde ela começa a 
trazer as intercorrências do tratamento no dia a dia dela, mas enquanto isso não 
acontece, essa quebra desse círculo que ela entende que você que está aqui só 
para “canetear” ela, e ter a autoridade com a juíza, ela não vai se abrir com você, às 
vezes leva um tempo até que ela consiga, então depende muito do que o indivíduo 
vem buscar e as oficinas vão se encaixar, então vejo que cada uma delas tem o seu 
papel importante, no passado tínhamos um grupo com os psiquiatras, inclusive hoje 
não tem mais, e assim, a demanda deles por saber o por quê da medicação,o que a 
medicação faz, onde a age, é muito grande, eles querem e questionam, e hoje eles 
trazem esses questionamentos para a gente, a gente vai orientando eles nesse 
sentido também. 
 
 
 
 
38 
Entrevistadora 1 (Larissa): E o acompanhamento é junto com psiquiatra, 
como funciona isso? 
 
Entrevistada: Como assim? 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Porque, assim, é retirado a substância de imediato 
dele e é substituído por algum medicamento nesse meio tempo? 
 
Entrevistada: Então, normalmente não são todos os pacientes, mas é lógico 
que às vezes os pacientes que chegam aqui, chegam no uso ou numa dependência 
muito grande da substância e para que ele consiga se manter sem uma crise de 
abstinência por exemplo, às vezes é necessário introduzir a medicação, um dos 
questionamentos dos usuários é assim “poxa, mas eu estou trocando uma droga 
pela”, aí você vai de novo, trazer eles para a realidade e mostrar que não, que aquilo 
ali vai ser uma medicação que eles vão usar por um determinado momento, sim, se 
ele já desenvolveu um transtorno, uma esquizofrenia uma coisa, talvez ele vai usar a 
medicação para o resto da vida, mas aí isso é uma outra discussão, mas que num 
primeiro momento, às vezes, você vai precisar, por exemplo usar uma medicação 
para que ele consiga voltar a dormir, para que ele consiga baixar um pouquinho a 
ansiedade, então jamais a gente vai deixar ele dependente de uma medicação. Por 
que? Porque se não seria incoerente, amanhã ou depois estaria tratando ele por 
conta da dependência da medicação, então a gente mostra pra eles num primeiro 
momento que, se necessário for e é sempre com psiquiatra, e essa é uma discussão 
dele com um psiquiatra, se ele quer ou não quer a medicação, e a gente vai 
respeitar isso, é óbvio que em alguns casos não tem como, e o psiquiatra vai dizer 
que é importante porque você vai fazer uma crise de abstinência que vai 
convulsionar, e você não vai… Corre o risco de vir a óbito, então ele vai colocar 
medicação com a ciência do paciente e da família. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Perfeito! Segundo o que a gente pesquisou na 
literatura para elaborar o nosso trabalho, nosso referencial teórico, às oficinas elas 
produzem resultados significativos na reabilitação psicossocial dos usuários, qual a 
sua percepção sobre isso? 
 
Entrevistada: Então é o que eu falei para vocês, talvez o nosso êxito de 
paciente ainda que de alta melhorada não seja um número tão expressivo, mas 
quando a gente fala quando sai um, dois, de alta melhora a gente sabe que a gente 
conseguiu não só transformar aquela, ele né, o paciente, mas a gente junto, não só 
transformar a realidade dele, mas a realidade da família como um todo né, então às 
vezes você consegue atingir oito, nove pessoas que estavam sofrendo com relação 
aquilo ali, e quando ele consegue ficar abstinente, ele consegue mudar essa 
realidade na família, geralmente ele se conscientiza e começa a buscar o trabalho, 
isso quando não sai aqui do CAPS já trabalhando, às vezes mesmo que seja na 
 
 
 
 
39 
questão informal, a questão espiritual que ajudar ele a se manter no posterior, no 
tratamento deles é extremamente importante, então a gente não prega religião 
nenhuma aqui, mas a gente entende que a própria Organização Mundial da Saúde, 
ela trabalha com esse fator também, da questão do biopsicossocial espiritual e isso 
faz toda diferença, por quê? Porque você mudar o comportamento não é fácil, 
principalmente deuma pessoa que é dependente química, onde ela manipula, onde 
ela traz mentiras e você mudar de um dia para outro, não, e assim, jovens hoje em 
dia tem baladas e é onde esses jovens vão, então a igreja acaba sendo um alicerce 
pra eles, principalmente na manutenção do tratamento dele, posterior a saída deles 
daqui do CAPS, todos vão para a igreja? Não, mas uma grande maioria eu posso 
dizer pra ti que se mantém em tratamento, e sempre estão fazendo alguma atividade 
junto à sociedade seja na igreja seja no trabalho, a partir do momento que ele se 
torne funcional, aí eles passam a ser produtivo com eles mesmos para manter esse 
tratamento. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Perfeito! A gente também encontrou referenciais 
teóricos que abordam sobre a arteterapia, como uma atividade importante no 
contexto das oficinas. O que você acha sobre isso? Aqui tem alguma oficina mais 
voltada para a parte artística? 
 
Entrevistada: Não, não temos isso ainda, apesar de dentro das nossas 
possibilidades a gente monta os nossos teatros com eles, então a gente faz alguma 
coisa mais lúdica, nesse sentido a gente fazia campeonatos de futebol com eles, 
então assim, dentro dos nossos conhecimentos, aquilo que a gente pode, a gente 
promove tentando trabalhar essa realidade de uma forma menos pesada um pouco, 
para eles também, e isso é apresentado para as famílias seja no dia das mães, seja 
no dia de Natal, então com coral, com musicoterapia, não digo nem a musicoterapia, 
porque a gente tinha um técnico que sabia tocar violão e a gente resolveu fazer um 
coral, então assim, dentro dos nossos conhecimentos, mas isso para eles, posso 
afirmar para ti que faz toda a diferença, porque a gente teve uma apresentação do 
dia das mães onde o filho dela que por tantas vezes chegava agredia, seja 
fisicamente e verbalmente, de repente num dia das mães, no primeiro pra ela posso 
dizer para vocês, ela viu ele tocando violão, então assim, transformou para ela, 
transformou de uma forma grandiosa e outras mães por exemplo que chegaram a 
falar pra elas foi mais do que ter ganho na mega-sena, ver o filho transformado, 
estando bem, então assim, não temos específico alguém que faça isso, mas sempre 
que a gente pode, nós mesmos, a gente tenta fazer essas atividades diferentes, que 
leva um maior tempo, mas com certeza são benéficas, vem para ajudar, vem para 
somar na nossa realidade, e hoje você tem um público totalmente diferente, tem 
gente que gosta de hip-hop, então assim, quanto mais você tiver estratégias para 
atingir esse público, seja o pessoal do teatro, seja o pessoal da música, mais você 
está levando uma oportunidade para ele ser inserido, transformar a realidade dele e 
partir para transformar outras realidades. 
 
 
 
 
40 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): E eles engajam bem nas oficinas ou às vezes 
ficam um pouco mais tímidos? Como que funciona? 
 
Entrevistada: Assim, a nossa oficina então os nossos grupos terapêuticos não 
é separado, então tem a pessoa que está saindo de alta no final do mês, de alta 
melhorada e a pessoa que está chegando hoje, então a gente faz essa mistura 
justamente, por quê? Porque quem está chegando hoje, realmente não quer falar às 
vezes, está muito tímido, mas ainda está sob efeito de alguma substância, então a 
gente acaba colocando-o ali no meio, mas ele vai ouvindo, então o que que eu falo 
para vocês, há cada três, quatro meses, alguns grupos que você considera 
importante, por exemplo, trabalhar sobre prevenção de recaída, você vai repetir, por 
quê? Porque talvez hoje eu esteja trabalhando com uma pessoa que acabou de 
chegar e que ela não está nem conseguindo ouvir direito, mas daqui a três meses 
ela já vai ter conseguido aplicar, então são pontos, temas que a gente considera 
fundamental e que a gente sabe que a gente vai repetir de tempos em tempos, 
porque quem está chegando hoje, às vezes não está conseguindo ter um 
entendimento, e você está aqui há três meses, e você vai conseguir um resultado 
muito mais positivo, então assim, eles adoram os grupos, eles gostam bastante, 
agora no período da pandemia como a gente está fazendo mais contato por 
telefone, eles cobram o tempo inteiro, quando vai voltar, a gente já está com 
saudade, até porque muitos deles consideram o CAPS como uma segunda família, 
não são acolhidos num primeiro momento, e depois são compreendidos e isso faz 
toda diferença, porque é o suporte deles, e muitos vinculam a tal ponto que chega 
no momento de dar alta, eles não querem, porque às vezes o CAPS é o único lugar 
que eles têm para sair de casa, tinha uma paciente que ela dizia que os dias que ela 
vinha para o CAPS, era o dia que ela tirava o pijama e os dias que eu não vinha, 
ficava o dia inteiro, então assim, o quanto aquilo mudava a vida dela, e mesmo que 
seja para vir aqui conversar com outras pessoas ou com equipe, ela estava sendo 
produtiva, o fato às vezes de sair, já era uma terapia. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Nossa, que legal! 
 
Entrevistadora 2 (Giovana): O CAPS não auxilia a procurar um emprego, por 
exemplo, isso eles não interferem, né? 
 
Entrevistada: A gente até orienta, teve um período que a gente uma parceria 
com o SINE, onde eles faziam cursos profissionalizantes, mas assim, não temos 
específico um canal com as empresas, a gente gostaria de ter isso ainda aqui no 
município, mas ainda não existe essa parceria com as empresas que seria 
fundamental, então normalmente eles acabam eles mesmos saindo, a gente ajuda a 
montar currículo, encaminha, mas geralmente é com o SINE mesmo. 
 
 
 
 
 
41 
Entrevistadora 1 (Larissa): E assim, depois que eles recebem alta, eles voltam 
aqui para contar histórias, como é esse processo? 
 
Entrevistada: Então, dentro de um dos nossos grupos, nós temos um grupo 
que a gente fala de experiência, onde a gente traz pacientes que também saíram 
daqui, para vim dar o depoimento ou testemunho da vida deles, porque isso faz toda 
diferença, vou citar o caso de uma mulher, ela veio dar o depoimento dela e tinham 
outras mulheres que elas entendiam aquilo que eu falei, que o CAPS, principalmente 
o serviço social iria “canetear”, dedurar para o juíz, e ela conseguiu pontuar que não, 
que aqui ela foi ajudada, aqui hoje ela ta com os filhos dela, que estava super bem, 
por conta do que ela recebeu aqui, e ali foi uma quebra de paradigma para essas 
pessoas, porque a gente conseguiu dar pra elas que a pessoa que esteve aqui mal, 
hoje está bem e consegue vir falar que viveu e então faz toda a diferença, além 
disso, nós tínhamos um grupo de manutenção que uma vez por mês pacientes que 
saíam da alta melhorada daqui do CAPS, eles voltavam para a gente acompanhar 
por mais um período, porque o grupo de manutenção era qualquer técnico que fazia, 
inclusive na época nós tínhamos a nossa médica clínica geral e ela também fazia 
um grupo, então se a gente percebesse que aquela pessoa estava dando algum 
sinal de recaída, a gente chegava antes, nem que seja para que ele retornasse ao 
grupo para uma conversa individual, seja para uso da medicação se fosse o caso, 
então já gente tinha uma equipe que estaria avaliando ele na sequência para não 
deixá-lo recair, se a gente conseguisse evitar recaídas já trazendo ele de volta para 
outros grupos, então a gente tinha um grupo de manutenção e que aconteceu uma 
vez por mês e esses depoimentos que eles vem e eles adoram fazer isso, trazer, 
mostrar, eles são questionados, porque a gente sempre fala, quem tá chegando hoje 
tá aqui mas o que está saindo também passou por todo esse processo, então tem 
toda uma questão de incentivo de ficar firme, você vai conseguir, eu consegui, então 
é bem legal, e o nosso momento de alta melhorada é assim, a gente faz uma festa 
com eles, e a gente faz um feedback de como esse paciente chegou, e como foi, e 
como ele está hoje, isso para mostrar para todos os demais que se ele realmente 
conseguiu,todos são capazes, basta pagar um preço, e é a escolha deles, eu 
sempre falo que o tratamento todo é gratuito, desde a vinda deles aqui, o 
internamento, tudo é gratuito, mas eles tem um preço a pagar, e são as escolhas, e 
isso quem vai ter que fazer isso são eles mesmos. 
 
Entrevistadora 2 (Giovana): Uma coisa que eu fiquei com dúvida, por que eles 
ficam desconfiados? Que vai ser dedurado para juiz… Vocês têm alguma ligação 
com o juiz, com o juizado, para tirar a guarda quando a mãe é usuária, ou não existe 
essa relação? 
 
Entrevistada: Não, na realidade o que existe é como eu falei, a juíza,quando 
as crianças são obrigadas, o Conselho Tutelar e a Vara da Família, ela já determina 
que essa mãe e esse pai vai fazer o tratamento, para a juíza ainda existe aquela 
 
 
 
 
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“não quero saber se é um baseado ou é dez, eu quero abstinência”, então pra lá pra 
família que chega aqui ela acha que se ela me falar que ela usou, que ela teve um 
lapso, eu vou avisar a juíza, eu vou dizer: “Olha, segure as crianças porque ela teve 
um lapso”, e não é assim, porque eu entendo que ter um lapso faz parte do 
tratamento, e eu sempre trabalho com “se você aprendeu onde você caiu, então por 
esse caminho você não vai”, ou vai voltar a repetir esse mesmo modelo, então a 
gente vai trabalhando isso com eles, mas jamais jamais eu vou chegar e vou dizer 
para o juiz: “olha ele está em uso”, Quando tem uma situação que a gente envia 
relatório informativo para a juíza, a nossa situação enviar se ela está ou não um 
tratamento, diferente de uma audiência, que aí a juíza vai querer se saber se ela 
realmente tá em uso ou não, mas relatórios que eu mando para a juíza, é para saber 
se ela aderiu ou ao não tratamento, se ela tá vindo ou não tá vindo, então até eles 
se compreender isso, leva-se um tempo e eles acham então que a gente tá aqui no 
papel de punidor, que vão ter um lapso e a gente imediatamente vai avisar a juíza e 
eles nunca mais vão ter seus filhos de volta, então a gente fala que realmente, eles 
vão ter os filhos deles de volta, mas pra isso eles têm que fazer o tratamento, mas 
jamais a gente vai dedurar eles nesse sentido. 
 
Entrevistadora 3 (Vinicius): Na parte de, se o paciente vem, ou se ele não 
vem, ou se ele não consegue vir, tem alguma visita ou algum acompanhamento 
domiciliar que é feito diretamente 
 
Entrevistada: Então, os pacientes que nos procuram e que querem o 
tratamento, que estão inseridos aqui, e a gente está acompanhando, e de repente 
ele começa a apresentar faltas no tratamento a gente consegue fazer visitas, de 
busca ativa, assim, a gente tinha como objetivo visitar todos os nossos pacientes 
daqui, por quê? Porque às vezes, uma visita de um profissional na casa deles ajuda-
nos a entender um pouquinho da realidade deles também. Mas assim, faz toda 
diferença no tratamento, ‘puxa você foi lá em casa’, e assim, eles até queriam que a 
gente avisasse o dia que a gente fosse fazer essas visitas, pra eles preparar um 
café, mas a gente sempre fala que não tem como, uma porque o objetivo é que você 
veja a realidade e outra, porque às vezes a gente sai pra fazer cinco, seis visitas e 
você se prende em duas e você não consegue, aí a pessoa deixou de trabalhar, ou 
fez um bolo, gastou… Então assim, a gente não avisva porque é porque a gente 
sabia que ele queria nos agradar mas que seria um gasto que às vezes a gente não 
iria conseguir chegar até lá pra fazer essa festa com ele e participar dessa 
confraternização. Então o objetivo deles é que a gente esteja ali também porque é 
isso que eu falei eles entendam caps como uma família, extensão da família deles 
então eles se sentem gratificado se você for fazer uma visita 
 
Entrevistadora 2 (Giovana): E essas visitas ficaram difíceis agora com a 
pandemia? 
 
 
 
 
 
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Entrevistada: Não tá sendo feito, só em casos de urgência, mas não está 
sendo feito, outros casos, por exemplo, a gente fazia visita domiciliar e às vezes 
dentro da própria família tinha outros familiares que estavam em uso de substância e 
não queria o tratamento, precisava de internamento involuntário, então a gente ia 
também, às vezes a pedido do próprio paciente porque tinha um irmão que estava 
doente também, que não entendia como uma doença e estava precisando de uma 
intervenção, porque estava em risco tanto ele, quanto a família, então a gente faz 
esse tipo de visita também, então o objetivo é trabalhar a realidade como um todo e 
encaminhar os serviços para as redes, principalmente os pacientes que estão em 
processo de alta melhorada, se ainda estão em medicação, quais são os cuidados 
que a família tem que ter, as orientações necessárias e evitar festas, evitar 
churrasco no final de semana em casa com cerveja essas coisas, porque se não o 
paciente está se colocando em risco, nosso objetivo é sempre orientar essa família 
consiga estender o tratamento para após a saída deles do CAPS, a gente sempre 
fala que a família deles vai ser o suporte, quem eles vão gritar por ajuda direta vai 
ser a família, se eles confiarem na família esse ponto. Eles conseguem esse 
tratamento, então a gente fazia, agora por conta da pandemia estamos sem visitas 
também, só em casos assim, urgentes, graves. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): E sobre os materiais que são utilizados nas 
oficinas vocês recebem todo o apoio da prefeitura e recebem tudo que precisam? 
 
Entrevistada: Sim, a gente tem e se for uma oficina mais lúdica, a terapia 
ocupacional não conseguiu ainda o êxito, isso porque chegou há três meses, então 
alguns materiais nem chegaram ainda, porque é preciso da licitação, compra, 
porque são diferentes, mas assim, nas outras atividades geralmente eles acabam 
encaminhando e assim, internet, power point, essas coisas, a gente tem tudo aqui, 
então a gente acaba utilizando esses recursos que tem aqui para facilitar, mas eu 
falo assim, a gente prepara toda nossa palestra ali, visual também, mas muito pouco 
se acaba usando, porque você vai discutindo e às vezes da sua palestra que tem 
vinte páginas, você caminhou até uma segunda, uma terceira, porque os 
questionamentos vêm e você não vai dizer “não esse aqui não é agora, ou a gente já 
conversou naquele momento, como a gente explica sobre isso, então você vai 
reforçando pra eles, e eu falo por trabalhar com um adulto, pra mim, eu sou 
apaixonada porque realmente eles acabam te questionando e isso faz com que você 
esteja estudando o tempo inteiro, buscando conhecimento, porque se não você cai 
em descrédito com eles. 
 
Entrevistadora 3 (Vinicius): Então você não consegue ter um planejamento 
dentro do que você vai trabalhar ou não? 
 
Entrevistada: A gente consegue, consigo, mas muitas vezes, como eu falei, 
vai depender do que está acontecendo naquela realidade, às vezes você vai com o 
 
 
 
 
44 
material, hoje eu vou passar o filme, você chega lá está toda estrutura para o 
cinema, você chega lá, você vê que se você passar o filme naquela hora, tem dois 
três pacientes que estão muito ansiosos e que não vão conseguir aderir nada, ouvi a 
questão do filme. Então, você diz não, hoje não vamos fazer cinema nesse 
momento, vamos fazer na semana que vem, e aí você vai acolher aquela demanda 
dele, que está gritando ali naquela hora, e os filmes a gente trabalha muito com a 
questão de filmes também, a gente passa, explica pra eles depois do filme, 
geralmente na semana seguinte. Então a gente quer que você percebeu que foi 
produtivo, então não é só assistir, a equipe fica ali para eles, porque a gente faz 
pipoca, suco, às vezes refrigerante, então eles são bem participativos nisso também, 
eles adoram, acham que é cinema de verdade mesmo, teve um tempo que a gente 
tinha um ônibus que a gente fazia muitos passeios, principalmente parques em 
Curitiba, a Caixa Cultural vinha nos buscar aqui em São José para participar, a 
gente já foi em teatro, tudo gratuito,tudo que é gratuito a gente levava eles, mas 
também a gente está sem ônibus para fazer esses passeios, então eu digo que o 
grupo aqui para eles faz parte já já é tradição no final do ano a gente faz a 
churrascada que eles chamam de churrascada no Parque São José, então a gente 
vai em todos os pacientes pra lá para fazer a nossa finalização nessas atividades, 
não que o CAPS fecha, mas daí assim, depois do dia 18 de dezembro muitos 
pacientes acabam viajando com suas famílias, então lá pelo dia 16, 18, a gente faz o 
fechamento das atividades e quem não viaja permanece vindo pro CAPS, natal e 
ano novo que a gente não fecha, e para eles, assim, a linguiçada no parque, a 
churrascada já faz parte do tratamento, então eles colaboram e eles trazem as 
linguiças pra gente ir lá, a gente faz gincanas, campeonato de futebol, a gente faz 
volêi, e a gente faz atividades com eles, assim, o sonho deles é levar a família, só 
que a gente também não tem estrutura para cuidar, no parque tem água, não dá 
ainda, mas a gente já fez por exemplo, o almoço do dia das mães aqui com eles, 
eles fazendo, eles cozinhando, então as oficinas, ela sempre tem o objetivo de tentar 
aproximar, o dia dos pais, eles montam, principalmente cartões, páscoa, tem 
algumas atividades específicas que naquela semana a gente vai trabalhar, festa 
junina, porque geralmente está relacionado à questão de uso de bebida, quentão, 
essas coisas, e a gente mostra que dá para você fazer uma festa junina sem o 
quentão, e sem o suco de uva lá que deixa o “crentão”, mas sem ele também, 
porque a partir do momento você começa a ferver o suco da uva vai cheirar o vinho 
e eles vão trazer isso à memória, então não precisa, a gente se diverte de várias 
outras formas e então a gente faz isso com refrigerante, faz com várias atividades, 
pescaria com eles, mesmo nesse espaço pequeno, eles se divertem bastante. 
 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Nosso muito bacana, muito bacana. Vocês têm 
mais alguma dúvida? 
 
Entrevistadora 3 (Vinicius): A idade dos pacientes é muito variada? 
 
 
 
 
45 
 
 
Entrevistada: Bastante variada, nós temos de 18, até perder de vista, 
sessenta, sessenta e cinco, aqui como é questão de adulto. Então a gente não tem 
uma faixa etária e é isso que eu falo, estamos com a interação com todos os grupos 
de homens de mulheres, tudo junto, se eu tiver que trabalhar a Lei Maria da Penha, 
eu vou trabalhar com eles em grupo, geralmente são grupos que têm muita 
polêmica, mas com trabalho você consegue lidar, questão de abuso, e eles 
questionam, se a gente perceber que é algo que não dá, a gente chama individual 
ou daí a gente faz um grupo menor, a gente procura trabalhar a realidade como um 
todo com eles ali, e assim a gente sabe que muitas mulheres, principalmente na 
época que elas estão em uso, tem a questão da prostituição, tem a questão do 
tráfico, então gente trabalha iisso, da questão da violência, a gente nunca teve 
problema, tem problema no sentido, “mas e a Lei João da Penha?”, pode até 
acontecer de ter, mas eu quero ver se você apanha, se você vai denunciar, porque 
nós somos uma sociedade extremamente machista, como que eu, apanhando, vou 
lá denunciar, então eles ainda tem esse preconceito, mas eu sempre falo, se você 
apanha, você também tem o direito de fazer a denúncia, a única coisa que você não 
vai ter, é a proteção da Lei Maria da Penha, que ela é específica ainda para mulher, 
mas ele pode passar um boletim de ocorrência como manda a lei, então a gente 
sempre orienta mas assim ainda é difícil, porque claro, eles ainda tem essa questão 
de falar que apanha, imagina, eu sou homem, como eu vou apanhar, e ter que falar 
ainda na frente de todo mundo, não fala mesmo, mas já tivemos situações aqui que 
o homem chegou e ele disse que apanhava tanto da esposa, quanto da filha, então 
assim, várias coisas a gente acaba descobrindo do grupo e trabalhando, e se ele 
traz no grupo, a gente vai trabalhar no grupo, e se ele traz individualmente, a gente 
vai trabalhar individualmente, então assim, a gente vai trabalhar assim, às vezes 
num grupo você vai apontar, ele vai se identificar com a situação e depois, na 
sequência ter um particular com o profissional, pode às vezes no mesmo dia, às 
vezes marca no dia seguinte, e gente consegue entender que aquilo ali mexeu com 
ele, que ele precisa de ajuda naquela situação. 
 
Entrevistadora 1 (Larissa): Perfeito, é isso.

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