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Arte e Meio Ambiente na História da Arte Brasileira

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Tópicos de História 
da Arte Brasileira
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Luiz Vicente de Lima Lazaro
Revisão Textual:
Maria Cecília Andreo
Arte e Meio Ambiente
Arte e Meio Ambiente
 
 
• Abordar a importância da conscientização sobre o meio ambiente a partir da Arte como 
diferencial de produção embasada na denúncia contra a degradação da natureza. A Arte 
como provedora de mudanças sociais e transformação cultural;
• Refletir sobre as produções de artistas contemporâneos brasileiros que utilizam os elemen-
tos da natureza, lixo ou objetos, que agregam novos significados de valorização, preserva-
ção e reconhecimento ambiental como Vik Muniz, Eduardo Srur, entre outros;
• Discutir a modernidade versus a experimentação e a reprodução da natureza, ou seja, aquilo 
que existe e aquilo que é fabricado.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• O que é Meio Ambiente?
• Como a Arte Trata o Meio Ambiente e suas Questões;
• Artistas que se Relacionam com a Natureza;
• Burle Marx;
• Siron Franco;
• Eduardo Srur;
• Vik Muniz;
• Artesanato Sustentável;
• Transformando o Mundo.
UNIDADE Arte e Meio Ambiente
O que é Meio Ambiente?
Antes de falarmos sobre como a Arte e o meio ambiente dialogam, é importante 
colocarmos algumas referências do que se entende como meio ambiente. 
Figura 1 – Vista geral da Mata Atlântica, Brasil
Fonte: Getty Images
De certa forma, tudo o que nos cerca constitui o meio ambiente em que vivemos. 
Utilizamos ainda, de forma coloquial, o termo “ambiente” para nos referir ao local em 
que vivemos e isso inclui tanto o meio urbano quanto o meio rural. Essa definição, no 
entanto, é bastante genérica e pouco acurada. Precisamos ir mais a fundo na questão a 
fim de entendermos de maneira mais formal o que é “meio ambiente”. 
Meio ambiente é um termo que deve ser compreendido a partir de uma vinculação à 
natureza, à ecologia, à fauna e à flora, à geologia e às águas.
É certo também que existem aqueles que vivem uma relação simbiótica com a natu-
reza, como os povos indígenas, por exemplo. De maneira direta ou indireta, quando tra-
tamos da questão do meio ambiente, também tratamos de uma questão de preservação 
cultural e, em última análise, da sobrevivência desses povos e de suas tradições.
Podemos ver, assim, que nossa noção de meio ambiente deve ser bastante plural, não 
excluindo nenhum fator que seja minimamente relevante. Afinal, a própria natureza age 
dessa maneira, pois é extremamente complexa em suas relações e nós, ainda que não acre-
ditemos nisso, somos parte integrante dela. Que tal pensarmos em uma definição possível?
Em Síntese
Meio ambiente pode ser entendido como o conjunto de todas as condições naturais e 
influências naturais que cercam uma pessoa ou comunidade e que, por isso, exercem 
uma ação, mesmo que indireta, sobre essas pessoas.
8
9
Mas que tipo de ação é essa? As condições em si podem ou não ser favoráveis, ou 
podem ainda influenciar um determinado tipo de atividade humana, como a locomoção, 
que é diferente para quem mora em uma planície ou em uma região montanhosa, por 
exemplo, assim como a temperatura muito alta ou muito baixa, ou, ainda, a existência 
ou a ausência de fontes de água, um elemento vital para a sobrevivência da humanida-
de. Dessa forma, todos os morros e montanhas, rios, árvores, plantas, animais, insetos, 
tudo o que faz parte da natureza é parte do meio ambiente. O que nós, como espécie 
racional dominante do planeta, fazemos com esses recursos, ou a maneira como nós os 
gerenciamos, impacta diretamente a vida no planeta, seja no curto, médio ou no longo 
prazo. Um exemplo disso é a própria Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra 
por volta da segunda metade do século XVIII. Hoje sabemos que a poluição gerada pelas 
fábricas, pela queima de carvão e mesmo os produtos químicos descartados na natureza 
cobraram e continuam cobrando um alto preço para a vida humana. 
Figura 2 – Marca da ECO 92, um marco para a questão climática
Fonte: senado.gov
A consciência planetária, de maneira geral, melhorou muito, sobretudo a partir da 
década de 1990; nessa década, mais particularmente no ano de 1992, teve lugar na ci-
dade do Rio de Janeiro a ECO 92, uma conferência das Nações Unidas sobre o clima, o 
meio ambiente e o desenvolvimento. O evento, também conhecido como Rio 92, listou 
problemas existentes e suas possíveis soluções, criando importantes documentos que se 
tornaram referências para a questão ambiental. Vinte anos antes da ECO 92, já havia 
sido realizada na capital da Suécia, Estocolmo, aquele que é considerado o primeiro 
grande evento na área do meio ambiente: a Conferência de Estocolmo, tendo o pedido 
de realização partido da própria Suécia, em uma iniciativa que vale realmente a pena 
destacar (DUARTE, 2007, p. 143).
Importante!
A conferência realizada em 1992 no Brasil é também conhecida pelos seguintes nomes: Rio 
92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, Cúpula da 
Terra, Cimeira do Verão, ou, ainda, simplesmente Conferência do Rio de Janeiro. 
9
UNIDADE Arte e Meio Ambiente
Note-se que o nosso País, sobretudo a partir da década de 1990, exerce um papel de 
liderança mundial em políticas de preservação, até em razão das características do País, 
que tem grande parte de seu território preservado, muito acima da média mundial. Vinte 
anos depois da ECO 92, realizou-se, novamente na cidade do Rio de Janeiro, a RIO +20, 
conferência que contou com os líderes dos 193 países que integram a Organização das 
Nações Unidas.
Figura 3 – Rio+20: a conferência foi realizada vinte 
anos depois da ECO 92, também no Rio de Janeiro
Fonte: omiusajpic.org
No entanto, a despeito desses e de outros esforços de vários países do mundo, atual-
mente, enfrentamos, em escala global, uma série de problemas relacionados à preserva-
ção do meio ambiente. A poluição, o aquecimento global, o desmatamento, o risco de 
desaparecimento de algumas espécies de animais, desequilíbrios ambientais e uma série 
de outros problemas oriundos dos hábitos de vida atuais e da grande escala da produção 
industrial, que trazem à tona a urgência e a seriedade da questão ambiental. 
A degradação que está sendo promovida em nosso planeta, fruto do uso desenfre-
ado e mal pensado dos recursos naturais, é um problema de escala monumental que 
a humanidade, como um todo, precisa enfrentar; precisamos nos reinventar e buscar 
novamente um equilíbrio. Isso não é tarefa fácil, pois as forças destruidoras são bastante 
poderosas e a sensação é de impotência diante desses problemas. Mas existem formas 
de travar esse combate. 
O grau de importância dessas questões se reflete, inclusive, no fato de que elas pas-
saram a ser pensadas de forma global e institucional: 
Impunha-se, portanto, a necessidade de discussões que buscassem so-
luções internacionais, por meio de convenções e tratados. Se na déca-
da de 1960 os discursos ecológicos tinham caráter libertário, partindo 
dos setores críticos da sociedade de consumo, os anos 1970 assistiram 
a uma gradativa institucionalização internacional das práticas ecológicas, 
envolvendo grandes autoridades e os dirigentes de diversos países do 
mundo, inclusive os mais ricos. Foi o governo da Suécia quem solicitou 
à ONU, em 1969, uma reunião internacional sobre proteção ao meio 
ambiente, o que levou à realização da Conferência de Estocolmo, em 
1972. Nesse grande evento, do qual participaram 113 países, inclusive o 
Brasil, sistematizaram-se vários discursos sobre a necessidade de rever o 
modelo desenvolvimentista. A “Declaração de Estocolmo” afirmava que 
10
11
a melhoria do meio ambiente era dever de todos os governos. Além dis-
so, considerava como a capacidade do homem de transformar o mundo 
podia ter conseqüências desastrosas, caso fosse realizada sem critérios. 
(DUARTE, 2007)
Entretanto, o desenrolar dos fatos demonstra que as ações que vêm sendo tomadas 
institucionalmente não são suficientemente efetivas para reverter todo o danojá causado 
ao nosso planeta; configuram-se mais como uma forma de se “garantir o mínimo” a fim 
de evitar um colapso.
Como a Arte Trata o Meio 
Ambiente e suas Questões
Hoje, a questão ambiental é um problema de todos. Sobretudo as nações mais de-
senvolvidas, bem como grandes empresas ao redor do mundo, têm-se demonstrado 
preocupadas com o meio ambiente. Seja pela vontade de associar suas marcas a pro-
dutos sustentáveis para ganhar mais público, seja, ainda, por preocupações autênticas 
com o futuro do planeta, o fato é que países que não demonstram essa preocupação, 
ou que ainda não tomam ações efetivas de preservação, passam a sofrer fortes pressões 
internas e externas para adequar-se. Estamos longe do ideal, mas, diante da agenda 
progressista de sustentabilidade, não parece existir espaço para retrocessos.
De seu lado, a expressão artística, que, como já sabemos, sempre reflete os problemas 
e as aflições de seu tempo, está refletindo, também nas produções de diversos artistas, 
a necessidade do debate e a urgência de ações reais em torno das questões do meio 
ambiente e da sustentabilidade.
Nas palavras de Umberto Eco, famoso intelectual e pensador italiano, encontramos 
a afirmação de que “se a Arte reflete a realidade, é fato que a reflete com antecipação. 
E não há antecipação que não contribua, de algum modo, para provocar o que anuncia” 
(ECO, 2015, p. 18). A fala em questão expõe justamente como a Arte e a expressão 
artística vêm antecipando questões e escancarando tópicos importantes para serem 
pensados pela sociedade. Muitas vezes, a Arte exerce um papel de conscientização a 
respeito de determinada questão ambiental específica.
Essa conscientização se configura como o primeiro e primordial passo para a solução 
dos problemas, pois faz enxergar as questões problemáticas e só a partir daí é que se 
iniciam os debates e o planejamento e a implantação de ações efetivas. Assim, quando 
artistas expressam em suas obras questões ambientais, eles trazem para o centro da 
discussão aquele tema, mostrando, exibindo a questão e, sem dúvida, promovendo a 
reflexão e o debate.
A Arte tem, em si, um potencial transformador e, no caso do trabalho com o meio 
ambiente, em que muitas vezes os artistas utilizam os elementos da natureza, podemos 
encontrar um rico material para discussão. É muito comum ainda que artistas se utilizem 
dos próprios locais naturais, transformando-os. Um exemplo marcante e conhecido é 
11
UNIDADE Arte e Meio Ambiente
a obra Spiral Jetty, de Robert Smithson. Muitas vezes essas obras também dialogam 
diretamente com os espaços, naturais ou urbanos, como veremos, mais adiante, nos 
exemplos de Eduardo Srur, Siron Franco e outros.
Figura 4 – Spiral Jetty, earthwork de Robert Smithson: 
transformação da natureza em seu próprio local
Fonte: Wikimedia Commons
Cabe aqui, no entanto, um alerta importante: não estamos tratando daqueles artistas 
que desde há muito tempo retratam a natureza em suas obras. São, evidentemente, di-
versos e belíssimos os exemplos de pintores que reproduzem lindas paisagens, animais e 
temáticas naturais em geral, mas, embora esses artistas tenham a sua importância para 
a valorização da natureza, eles estabelecem com ela uma posição de observadores. Esse 
tipo de obra remete, historicamente, a um momento anterior aos entraves que enfrenta-
mos atualmente com relação à preservação da natureza e, principalmente, nunca será 
demais lembrar que a Arte Contemporânea mudou radicalmente a relação do artista 
com seus materiais e temas, bem como com a forma final de suas obras, em compara-
ção com os movimentos e estilos anteriores. 
Para entender melhor essa ruptura que queremos reforçar, vamos retomar muito ra-
pidamente as principais características da Arte Contemporânea, já que procedimentos 
adotados por esses artistas dialogam diretamente com uma infinidade de materiais e 
técnicas, inclusive os não convencionais.
O que chamamos de Arte Contemporânea é um movimento bastante amplo que, 
para alguns, teve início com o final de Segunda Guerra Mundial e ganhou força a partir 
dos anos 1960, especialmente a partir dos anos 1980.
A Arte Contemporânea rompe com quase todos os padrões de fazer artístico estabe-
lecidos anteriormente, incorporando para si novas mídias e tecnologias, adquirindo um 
caráter de maior liberdade e maior subjetividade no fazer das obras e no resultado final, 
abandonando os antigos suportes, incorporando novos e, muitas vezes, assumindo um 
caráter efêmero na obra final. Ao mesmo tempo, a obra contemporânea valoriza cada 
vez mais os processos por meio dos quais se chega ao resultado que reconhecemos 
como Arte, produzindo, assim, obras que prezam pela interação, seja com o público, 
12
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seja do meio ambiente com a obra de arte proposta. Tudo isso promove maior interação 
entre a Arte e a vida, questionando sempre, com as próprias obras e procedimentos, até 
mesmo o próprio conceito de Arte. 
Toda essa variedade e aprofundamento podem ser conferidos nas palavras do filósofo 
e crítico de arte estadunidense Arthur Danto (2006, p. 24): “A arte contemporânea tem 
permitido experimentos extraordinários imensamente mais ricos do que a imaginação 
filosófica poderia conceber”.
Com muitas invenções, experimentações, happenings, entre inúmeros outros pro-
cedimentos, a Arte Contemporânea traz em si até mesmo a ideia do “fim da Arte” tal 
como a conhecíamos anteriormente, mas, diferentemente de outras correntes artísticas 
que precisavam negar o passado para se estabelecer, ao contrário, os artistas estão dis-
postos a incorporar tudo.
A arte contemporânea, em contrapartida, nada tem contra a arte do pas-
sado, nenhum sentimento de que o passado seja algo de que é preciso se 
libertar e mesmo nenhum sentimento de que tudo seja completamente 
diferente, como em geral a arte da arte moderna. É parte do que define 
a arte contemporânea que a arte do passado esteja disponível para qual-
quer uso que os artistas queiram lhe dar. (DANTO, 2006, p. 7)
Muitas vezes, além de apenas expor um problema, o artista já traz em sua obra uma 
espécie de elaboração artístico-filosófica, compondo obras que não se encerram em si 
mesmas, mas que oferecem um fértil campo de discussões sobre a própria arte e sobre 
grandes questões atuais, como o meio ambiente, por exemplo.
Artistas que se Relacionam com a Natureza
Para exemplificar, na prática, de que tipo de obras estamos tratando, vamos obser-
var a trajetória de alguns artistas brasileiros que se relacionam com o meio ambiente, 
trazem para o seu trabalho elementos da natureza ou que tratam, de alguma maneira, 
das questões ambientais. 
Esses artistas brasileiros, cada um à sua maneira, expressam suas paixões e preo-
cupações, compondo obras artísticas que abordam e transcendem a questão estética, 
incorporando, de diversas maneiras o uso de técnicas ou de procedimentos que re-
metem às questões ambientais; ou, ainda, criam ideias que dialogam com o tema. De 
certa maneira, é possível dizer que essas obras, além do apelo estético, são capazes de 
promover o conhecimento, de estimular o debate e, possivelmente, influenciar a tomada 
de ações que melhorem em algum aspecto as relações humanas com o meio ambiente. 
Esse despertar de consciência pode ter relação com a própria estética, que se utiliza 
de elementos naturais reorganizados de acordo com a poética de cada artista, com o 
consumo e com o uso dos recursos naturais; ou, ainda, pode ter um engajamento mais 
radical, na denúncia de um procedimento danoso ao meio ambiente.
13
UNIDADE Arte e Meio Ambiente
Falaremos um pouco mais sobre cinco grandes artistas brasileiros que tratam sensi-
velmente do tema meio ambiente, cada um à sua maneira e de formas distintas. Um de-
les é, sem dúvida, além de um artista de grande talento, um pioneiro em se tratando do 
nosso tema. Trata-se do Roberto Burle Marx (1909-1994), ou simplesmente Burle Marx, 
artista que passou pelo desenho, pela pintura e pela escultura (como, aliás,a maioria 
dos artistas plásticos de formação tradicional), mas também trabalhou como designer e 
até se arriscou como cantor. No entanto, foi como paisagista que se tornou reconhecido 
tanto no Brasil como no mundo. Burle Marx era paulista e faleceu no ano de 1994.
Em plena atividade estão os outros três nomes de nossa lista, sobre os quais vamos 
tratar um pouco mais demoradamente, aqui elencados pelo ano de nascimento: Siron 
Franco, nascido em Goiás, em 1947; Vik Muniz, nascido em São Paulo, em 1961; e, 
finalmente, Eduardo Srur, nascido em São Paulo, em 1974.
Esses nomes foram desenvolvidos aqui para exemplificar modos de Arte relacionada 
com o meio ambiente. Felizmente, temos em nosso País ainda mais artistas que tratam 
do tema, que, por sua relevância, acaba ganhando novos adeptos a cada dia. Quem 
ganha com isso é o público, que ganha obras de arte que engrandecem a cultura e um 
planeta melhor, com pessoas mais conscientes.
O projeto Fronteiras, por exemplo, realizado pelo Itaú Cultural em 1999, trouxe um 
grupo de artistas que realizou uma série de earthworks nas fronteiras do Brasil com os 
países do Mercosul. São eles: Ângelo Venosa, Artur Barrio, Carlos Fajardo, Carmela 
Gross, Eliane Prolik, José Resende, Nelson Felix, Nuno Ramos e Waltércio Caldas. 
“Regiões de fronteira do Brasil se transformaram em museus públicos a céu aberto”, 
escreveu a Folha de S. Paulo sobre o projeto, em 2006.
Figura 5 – Trabalhos de Frans Krajcberg na mostra Natura, em São Paulo, em 2008
Fonte: Wikimedia Commons
Outro grande nome, considerando o nosso tema principal, é o do polonês naturaliza-
do brasileiro Frans Krajcberg (1921-2017). O artista viajou ao Brasil em 1948, a fim de 
participar da primeira Bienal de São Paulo, que, como sabemos, foi realizada no ano de 
1951. Naturalizou-se brasileiro em 1957 e até o seu falecimento, em 2017, desenvolveu 
um belíssimo trabalho artístico com foco no meio ambiente.
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Burle Marx
Roberto Burle Marx nasceu no ano de 1909. O início de sua carreira foi dividido 
entre as plantas – uma de suas grandes paixões desde a infância, especialmente a vege-
tação nativa brasileira – e o desenho.
Figura 6 – Palácio da Cultura, antiga sede do Ministério de Educação e Saúde, RJ
Fonte: portal.iphan.gov
A área ocupada pelo prédio de 16 pavimentos e pelos jardins suspensos, projetados por 
Burle Marx, é de quase 28 mil m2.
Estudava desenho e pintura e visitava com frequência o Jardim Botânico, a fim de 
observar as plantas. A exuberância delas o fascinava profundamente. Burle Marx rea-
lizava pinturas sobre tela, papel e tecidos; produzia esculturas e tapeçaria e trabalhou 
ainda com design de joias. Com o tempo, passou a desenvolver os primeiros trabalhos 
como paisagista – área em que ganhou grande reconhecimento internacional – e se 
autodefinia, de forma exageradamente modesta, como um “artista de jardins”. Duas de 
suas obras mais conhecidas são os jardins suspensos do Palácio da Cultura, no Rio de 
Janeiro (Edifício Gustavo Capanema) e os jardins da sede da Unesco, em Paris.
Lembre-se de que é possível visitar remotamente os locais citados no texto via Google 
Earth. Trata-se de uma excelente ferramenta digital que está à nossa disposição.
Preocupado com a preservação ambiental e da flora brasileira, Burle Marx sempre 
utilizava em seus jardins plantas nativas e, criando um estilo próprio, seu padrão de jar-
dins tornou-se sinônimo do paisagismo brasileiro no mundo.
Em 1949, junto com seu irmão, o pianista, músico e regente Walter Burle Marx, adquire 
um sítio em Barra de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro. Em 1985, o sítio foi doado, 
pelo próprio paisagista, ao governo federal, para que o espaço pudesse ser preservado 
e compartilhado. Desde o ano 2000, o sítio é tombado pelo Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e recebe visitas guiadas, além de manter vivo 
(literalmente) o acervo de Roberto Burle Marx.
15
UNIDADE Arte e Meio Ambiente
Página do Centro Cultural Sítio Roberto Burle Marx. Disponível em: https://bit.ly/3DBGPEy 
O “estilo Burle Marx”, como ficou conhecido, é uma influência, por exemplo, para o 
cultivo e a comercialização de bromélias, planta ornamental muito utilizada por ele em 
suas criações. “A importância do jardim na vida moderna é enorme, sobretudo porque 
o jardim está ligado a todos os problemas urbanísticos. Não se pode, hoje em dia, ima-
ginar uma cidade sem áreas verdes”, declarou Burle Marx, em 1970. 
Além dos jardins, Burle Marx colecionou e catalogou, em sua propriedade no litoral 
do Rio de Janeiro, uma enorme coleção de plantas, tendo até mesmo descoberto algu-
mas espécies da nossa flora nativa. 
O Parque Burle Marx, em São Paulo, um exemplo de sua obra ainda viva, é aberto 
à visitação e composto de jardins projetados por ele. Sua obra pode ser encontrada, 
também, em diversos locais do mundo.
Figura 7 – Roberto Burle Marx em 1981
Fonte: Wikimedia Commons
E possível perceber a intensidade com a qual Burle Marx, ou como ele diria, este 
“artista de jardins”, relacionava-se com seu objeto de trabalho como paisagista. Ao tra-
balhar com a paisagem e as plantas, Burle Marx expressava seu pensamento a respeito 
delas e do valor que uma obra realmente viva possui. Sua preocupação com o meio 
ambiente foi anterior a toda a problematização que a questão tem hoje em dia, com o 
agravamento das condições ambientais no planeta.
16
17
Dessa forma, Burle Marx foi um vanguardista brasileiro ao adotar a natureza como 
seu material de trabalho, trazendo a magnitude da flora do País para o foco central de 
sua obra e com ela criando seus jardins. O artista trabalhou pela observação e pela va-
lorização da nossa flora. Ao criar ambientes agradáveis de olhar e se estar, Burle Marx 
aproxima o homem da natureza e aguça sua sensibilidade.
Arquivo Nacional: Burle Marx (1970). Disponível em: https://youtu.be/q2Fxm5ZSj-I
Iphan RJ, Sítio Burle Marx. Disponível em: https://youtu.be/yixhWlqZgqk
Siron Franco 
Artista plástico goiano, nascido em 1947, Siron Franco trabalha com o desenho, a 
pintura e a escultura. Dotado de um estilo bastante próprio, tem suas obras expostas no 
Brasil e no mundo. O artista obteve, em razão de sua participação na 12ª Bienal de São 
Paulo, em 1974, o prêmio de melhor pintor brasileiro.
Figura 8 – O artista plástico Siron Franco
Fonte: Wikimedia Commons
Segundo o professor Walter Zanini, que faz referência a um certo ar “surreal” na obra 
de Siron Franco (1983, p. 760), a “sequência de figuras grotescas e alucinantes coloca-se 
nas pegadas de Francis Bacon e outros mestres da arte fantástica”. De fato, é possível 
notar certa referência ao fantástico em suas pinturas.
17
UNIDADE Arte e Meio Ambiente
Franco participou, ainda, de trabalhos para a televisão, como a premiada série de 
documentários Xingu, a terra mágica, foi levada ao ar pela extinta TV Manchete no ano 
de 1985, dirigida por Washington Novaes, em que fazia a direção de arte.
Uma de suas séries mais emblemáticas foi intitulada Césio e dialogava criticamente 
com o vazamento de césio-137, um material radioativo, em uma região desprivilegiada da 
cidade de Goiânia. O caso, a maior tragédia radioativa fora de uma usina nuclear da história, 
ganhou repercussão internacional. Segundo o verbete do artista no site da Fundação Bienal: 
“A série Césio marcou uma mudança dramática em sua linguagem e em seu comprometi-
mento político com as realidades do Brasil contemporâneo e representa uma grande afir-
mação do potencial da arte para registrar e comentar tragédias humanas e sociais”. Franco 
realizou a série Césio ainda sob o forte impacto dos acontecimentos de Goiânia.
Figura 9 – Uma das imagens da série Césio, de Siron Franco
Fonte: Reprodução
Nessa ocasião, o artista retratou o acidente e chamou a atenção de todos para as reais 
proporções daquela catástrofe e para o impacto extremamente prejudicial que o vazamen-
to causou e que ainda viria a causar na população moradora da região em que ocorreu.
Sironpinta animais, índios e seres imaginários em suas obras, retratando a beleza e 
também o medo, a degradação e o impacto negativo da ação do homem nesses cenários. 
Outra obra de grande importância de Siron Franco é o memorial que ele idealizou em 
homenagem aos povos indígenas, criticando a ainda atual e constante matança dessas 
populações e, claro, criticando, também, a chacina que esses povos sofreram no passado.
O Monumento às nações indígenas foi parcialmente construído nos arredores de 
Goiânia e representa ainda um testemunho da presença desses povos no território. Foi 
inaugurado parcialmente em 1992, mas a sua preservação, segundo relatos, não aconte-
ceu como deveria e a obra se encontra hoje, infelizmente, em processo de deterioração.
18
19
Figura 10 – O Monumento às nações indígenas, de Siron Franco, inaugurado em 1992
Fonte: Reprodução
Figura 11 – Monumento às nações indígenas (detalhe)
Fonte: Reprodução
Eduardo Srur
O artista iniciou sua carreira com a pintura, chegando a receber o Prêmio Michelângelo 
de Pintura Contemporânea do Centro Cultural de São Paulo (1996). Eduardo Srur se 
declara apaixonado pela cidade de São Paulo, mas faz questão de mostrar o pior lado 
da cidade, para que as pessoas se conscientizem dos reais problemas da metrópole. 
O artista se notabilizou em razão de suas intervenções: Eduardo Srur pesquisa o espaço 
público e cria obras que interagem com esses espaços e seus contextos; fazendo uso de 
materiais e linguagens pouco tradicionais, o artista trabalha com intervenções de grande 
porte, que chamam atenção da população geral. 
19
UNIDADE Arte e Meio Ambiente
Em 2008, em uma intervenção urbana intitulada PETs, o artista produziu reprodu-
ções gigantes de garrafas de plástico e as colocou nas margens do rio Tietê, em São 
Paulo. O rio Tietê recebe, todos os dias, mais de mil toneladas de matéria orgânica, 3 
toneladas de matéria inorgânica e 300 toneladas de resíduos sólidos, tudo isso consi-
derando apenas a região metropolitana da cidade de São Paulo. Tanto o aspecto geral 
como o odor liberado pelo rio são preocupantes. No entanto, as pessoas que passam 
pelas avenidas marginais que seguem o curso do rio, em razão do olhar acostumado a 
essa terrível paisagem, já não enxergam o problema, que já dura muitos anos.
As garrafas PET de grandes proporções eram muito mais visíveis que as muitas 
outras pequenas garrafas que boiavam no rio. Assim, Eduardo Srur chamava atenção 
para um problema crônico da cidade de São Paulo: a poluição do rio Tietê, ao mesmo 
tempo que provocava o olhar já habituado do transeunte, que já deixou de ver, devido 
ao costume, a poluição do rio. As garrafas ficavam iluminadas internamente durante a 
noite, proporcionando grande destaque à intervenção.
Figura 12 – A instalação PETs, do artista Eduardo Srur
Fonte: Reprodução
Por um lado, a instalação era visualmente alegre e colorida, mas trazia em seu âma-
go uma crítica direta à poluição do rio ali presente. Assim, Srur abordou uma questão 
ambiental de forma direta, questionando todos sobre a saúde do rio e sobre como nos 
relacionamos com o lixo no espaço público, um problema que muitas metrópoles do 
mundo precisam enfrentar.
Em outra obra, Labirinto, de 2012, Eduardo Srur construiu no Parque Ibirapuera, 
também em São Paulo, um labirinto produzido com 60 toneladas de resíduos recicláveis, 
material que costumeiramente vai para o lixo sem qualquer tipo de separação ou trata-
mento. A instalação possibilitava às pessoas desfrutar a brincadeira do labirinto de forma 
lúdica, ao mesmo tempo que poderiam se sentir incomodadas, por estarem cercadas de 
tanto lixo. Assim também se abria espaço para o questionamento a respeito da quanti-
dade de lixo produzida atualmente por cada um de nós.
Os rios da cidade são locais recorrentes para o artista. Outra obra dele envolvendo os 
rios da cidade de São Paulo foi Caiaques, de 2006. Nessa obra, Eduardo Srur instalou 
uma série de 150 manequins dentro de caiaques no poluído rio Pinheiros.
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Figura 13 – Vista da obra Caiaques, de Eduardo Srur
Fonte: Reprodução
Essa obra também chamava atenção para o rio e a forma como o utilizamos, lem-
brando que, há alguns anos, nas décadas de 1940 e 1950, o rio Pinheiros realmente 
recebia competições de natação e caiaque. O uso do rio para esse fim era parte da pro-
gramação do Clube Pinheiros, até hoje instalado na região. Com o passar dos dias, os 
vários caiaques instalados pelo artista foram se agrupando, retendo grande quantidade 
de lixo trazida pelo rio.
Em 2014, ainda no rio Pinheiros, o artista produziu a exposição Às Margens do Rio 
Pinheiros, em parceria com a Associação Águas Claras do Rio Pinheiros. Faziam parte 
da exposição as intervenções Hora da onça beber água, Portal e Trampolim. A ins-
talação Trampolim, com muitos manequins colocados na beira de trampolins ao longo 
das pontes do rio, foi inaugurada no dia 19 de setembro, dia mundial da limpeza da 
água. Também realizou ali a intervenção Pintado, que trazia a réplica de um peixe flu-
tuando sobre as águas do rio, algo paradoxalmente inusitado para esse rio em questão.
Em todos os casos, as instalações chamavam atenção do público em geral e alerta-
vam para a importância dos rios na cidade. 
Após um período de grandes chuvas e vendavais que haviam derrubado muitas árvo-
res na cidade de São Paulo em 2015, Srur “plantou” duas dessas árvores caídas (cada 
uma com dez toneladas) de ponta cabeça no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Em 
outra oportunidade, fez uma instalação com palmitos extraídos ilegalmente e apreendi-
dos pela polícia.
Como pudemos ver, as intervenções de Eduardo Srur são extremamente impactantes 
e questionadoras; mostram a realidade por meio da transformação das paisagens e dos 
espaços, pondo os problemas, principalmente os ocasionados pela poluição, em destaque.
Metrópolis: Eduardo Srur. TV Cultura. Agosto de 2015. 
Disponível em: https://youtu.be/BHOWyBryDnc
Obras do artista. Disponível em: https://bit.ly/38tDsBm
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UNIDADE Arte e Meio Ambiente
Vik Muniz 
Brasileiro, residindo e trabalhando nos Estados Unidos, Vik Muniz tem se utilizado 
com muita frequência da fotografia para o desenvolvimento de suas obras. Inicialmente, 
ele fotografa as cenas que deseja reproduzir e, após refazer as imagens com materiais 
inusitados, ele as fotografa novamente, registrando o resultado. Esta é, evidentemente, 
uma descrição breve, que não dá conta da complexidade do processo e do impacto vi-
sual dos resultados obtidos pelo artista.
Figura 14 – Vik Muniz durante premiação no Fórum Econômico Mundial de 2013
Fonte: Wikimedia Commons
A obra de Vik Muniz não se constitui apenas dessas imagens previamente fotografa-
das com o intuito de serem reproduzidas.
Vik “pintou” também imagens clássicas, como a Mona Lisa, usando geleia e cara-
melo. Em seu processo criativo, o artista faz uma releitura de obras de arte consagradas 
utilizando materiais inusitados: geleia, chocolate, pasta de amendoim, xarope, vinho, 
açúcar, materiais recicláveis, fios de cabelo, arame, diamante, gel, pigmentos e comidas 
em geral.
Em 2009, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e o Museu de Arte Moderna (MAM) 
do Rio de Janeiro exibiram uma retrospectiva do artista, na qual foram expostos tra-
balhos de cerca de vinte anos de atuação. A mostra passou por países como Estados 
Unidos, Canadá e México para, só depois, chegar às terras brasileiras.
Olhando especificamente para o trabalho do artista voltado ao meio ambiente, uma 
de suas obras mais expressivas resultou até mesmo em um documentário retratando a re-
alidade das pessoas com quem trabalhou, a difícil vida nos lixões e a questão do excesso 
de lixo produzido pela sociedade atualmente.
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Esse documentário foi lançado sob o título de Lixo Extraordinário e recebeu diversos 
prêmios. Sua problemática vai além da questão ambiental, abordando também questões 
sociais como a dignidade e a saúde das pessoas que trabalham em contato direto com o lixo.
Nesse trabalho,Vik Muniz fotografou as pessoas que tiram seu sustento a partir da 
coleta de materiais recicláveis, separando-os do “lixão”. Após o feitio dos retratos, Vik 
remontou-os, em grande escala, utilizando os próprios materiais disponíveis no lixo co-
letado para reproduzir as imagens dos retratos e os fotografou novamente. É importante 
lembrar que o trabalho também impactou diretamente a vida dessas pessoas, já que 
parte da verba obtida com a venda das obras foi revertida em benefício da população e 
do local em que foi realizado o trabalho, auxiliando aquela população.
Figura 15 – Magna, Vik Muniz
Fonte: moma.org
Essa sua obra traz um grande apelo à reciclagem e produziu impacto positivo na 
comunidade com a qual trabalhou, fortalecendo a Associação dos Catadores do Aterro 
Metropolitano de Jardim Gramacho e divulgando a questão em larga escala. 
Na época, inclusive, Vik Muniz assinou a abertura de uma telenovela da Rede Globo, 
na qual utilizava diversas imagens produzidas também a partir de materiais reciclados.
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UNIDADE Arte e Meio Ambiente
Figura 16 – Autorretrato de Vik Muniz
Fonte: Reprodução
Trailer oficial do filme Lixo Extraordinário. Disponível em: https://youtu.be/HUCXzbRBcuY 
Artesanato Sustentável
Além dos artistas de renome que trabalham com temas relacionados ao meio ambiente , 
na maioria das vezes utilizando materiais extraídos da própria natureza ou reciclando ma-
teriais do lixo e dando a eles um novo uso e significado, é preciso lembrar dos artesãos 
que fabricam produtos a partir de matéria-prima diretamente extraída da natureza e 
todas as questões que tangem essa forma de produzir. 
Chapéus, cadeiras, pequenas peças de artesanato para enfeite podem ser fabricados 
a partir da palha da bananeira ou outras palhas, da fibra do coco ou outras fibras e ainda 
a partir de folhas ou galhos. 
Muita gente trabalha e tira o seu sustento fazendo produtos a partir de matérias pura-
mente naturais e realizando processos e técnicas mais simples do que os utilizados pela 
indústria na transformação dos materiais em vista do produto final. Muitas vezes, essa 
é uma tradição antiga, que remonta a processos de produção muito diferentes daqueles 
que estamos acostumados a ver. Assim, vamos refletir um pouco sobre alguns conceitos 
relacionados a esse modo de produção que é, de fato, artesanal e bem pouco tem rela-
ção com os modernos processos industriais. 
Sabemos que, ao menos nas grandes cidades, vivemos o tempo social, o tempo do 
relógio; o tempo da modernidade e da produção industrial. Esse é um sistema de pro-
dução que se inicia e se desenvolve com o implemento da Revolução Industrial e seus 
desdobramentos e implicações sociais. 
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Muitas vezes, a produção industrial é vista simplesmente como “aquilo que é adianta-
do”, como se novidades ou implementos tecnológicos à produção em massa fossem si-
nônimos de evolução, sobretudo se pensarmos que algumas indústrias não têm mantido 
com o meio ambiente uma boa relação.
A “modernidade” pode ser entendida como aproximadamente equivalen-
te ao “mundo industrializado” desde que se reconheça que o industria-
lismo não é sua única dimensão institucional. Ele se refere às relações 
sociais implicadas no uso generalizado da força material e do maquinário 
nos processos de produção. Como tal, é um dos eixos da modernidade. 
Uma segunda dimensão é o capitalismo, sistema de produção de mer-
cadorias que envolve tanto mercados competitivos de produtos quanto a 
mercantilização da força de trabalho”. (GIDDENS, 2002, p. 21)
A modernidade nos trouxe, junto com a industrialização, uma gama gigantesca de 
produtos, incluindo alimentos, que são tão transformados e passam por tantos pro-
cessos que se configuram como “coisas” bastante diferentes das que encontramos no 
mundo, na natureza. Exemplos disso são os eletrodomésticos, os tecidos sintéticos, os 
calçados, e os alimentos superprocessados, como bolachas e embutidos; isso sem falar 
na produção de plástico, que, desde a grande aceitação que os descartáveis tiveram a 
partir de então, tornou-se um problema mundial no que diz respeito à preservação do 
meio ambiente.
Figura 17 – O plástico, apesar de sua praticidade, constitui um 
problema mundial no que diz respeito à preservação do meio ambiente
Fonte: Getty Images
Além dos produtos citados e de muitos outros, temos o grande desenvolvimento da 
tecnologia, tanto da tecnologia industrial quanto da tecnologia que se aplica ao cotidiano, 
incluindo computadores e telefones celulares, tão utilizados atualmente. O descarte desses 
produtos, quando não estão mais em uso, é outro problema que tem mobilizado cidadãos, 
governos e empresas fabricantes de produtos tecnológicos.
Muitas vezes, nós nos esquecemos de que boa parte dessa tecnologia com a qual vi-
vemos hoje em dia, sem conseguir nos imaginar sem, há bem pouco tempo não existia, 
e sua real utilidade é questionada por alguns. 
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UNIDADE Arte e Meio Ambiente
A modernidade inaugura um novo significado para a palavra “produto”, quando di-
funde pelo mundo seus artigos industrializados, tornando produto um sinônimo daquilo 
que foi fabricado, ou seja, produzido em uma fábrica. Essa ideia é um tanto equivocada, 
pois deveríamos lembrar que produto é tudo aquilo que é produzido mesmo que de for-
ma simples, toda obra e toda experimentação que resulta em algo pronto. Infelizmente, 
essa definição tem se perdido. 
Nesse sentido, valorizar e consumir o trabalho de artesãos que fazem uso de matéria-
-prima diretamente natural é uma forma de incentivar um mercado que é muito mais 
sustentável e que tem até mesmo um caráter transformador. Diversos desses artesãos 
estão, como já citamos, dando continuidade a um legado, uma tradição. A utilização de 
elementos da própria natureza também caracteriza essas produções como não prejudi-
ciais ao meio ambiente.
Figura 18 – Exposição Serra da Capivara – Homem e Terra: apresentação 
de objetos arqueológicos e da produção de artesanato contemporâneo local
Fonte: Reprodução
Além disso, existem artesãos e pequenas empresas que trabalham a partir do uso de 
materiais recicláveis, contribuindo para a redução do lixo e a preservação do meio ambiente. 
Esses materiais, que muitas vezes poderiam ser considerados lixo, estão totalmente 
prontos para serem usados novamente, com uma nova função, como fazer vasos a partir 
de garrafas PET. Essas garrafas, inclusive, podem dar forma a uma série de outros produ-
tos. Assim, com alguma transformação, é possível realizar a execução de novos produtos 
rebuscados com materiais recicláveis, como roupas, calçados e móveis, entre outros. 
Existem tantos materiais e matérias-primas sustentáveis disponíveis que nós podería-
mos viver em um cenário de produção industrial bastante diferente se as empresas pes-
quisassem e se dedicassem a fazer uso desses materiais em detrimento da continuidade 
de exploração dos recursos naturais esgotáveis.
É possível promover um impacto nas questões ambientais globais a partir de ações indivi-
duais, sobretudo considerando nossos hábitos de consumo?
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Transformando o Mundo 
É importante lembrarmos que quando estamos falando de sustentabilidade existe 
um “lema” bem famoso, os Cinco Rs, e, ao observá-los com cautela, percebemos que a 
necessidade de ações para a transformação vai muito além da reciclagem. 
O lema prega que devemos: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Nesse 
sentido, o papel da Arte e seu potencial transformador são realmente importantes e podem 
impulsionar ações objetivas de melhoria da vida humana em nosso planeta. A Arte nos 
permite repensar, refletir sobre nossas ações.
Tantas vezes impactados ou até mesmo chocados no contato com uma obra de arte 
questionadora, nós fazemos, ainda que por pouco tempo, exatamente esse movimento 
de pôr em dúvida nossos próprios fazeres, que por vezes incorporam hábitos ruins, her-
dados de gerações que não tinham ainda acordado para essas questões.
Assim, o fazer artístico trabalha nabase dos 5 Rs, atuando no item de maior impor-
tância para uma transformação, que é justamente a reflexão.
Recusar é um ato de resistência em uma sociedade na qual o consumo é muito in-
centivado. Trata-se de uma necessidade cotidiana de questionamento do que realmente 
é necessário ser adquirido. Às vezes, as pessoas adquirem produtos novos – uma roupa, 
um celular –, ainda que o antigo esteja em perfeitas condições de uso. 
Nesses casos, não se estabelece apenas uma recusa ao consumo, mas uma recusa a 
um modelo de pensamento em que a necessidade de atualização, de renovação, parece 
ser mais importante até que a preservação da vida no planeta. 
Parece que as pequenas atitudes individuais não têm relevância diante de um cenário 
global, mas elas têm um grande impacto, visto que é da compra de cada unidade de pro-
duto industrializado que se compõe o gigantesco quadro de vendas das grandes empresas.
Reduzir o consumo é reduzir também o impacto ambiental. Aqui, o trabalho das pe-
quenas empresas, que pesquisam e utilizam materiais sustentáveis, assim como a valo-
rização do trabalho de artesãos que usam matéria-prima direta, natural, é um fator de 
redução da exploração dos recursos naturais de forma indiscriminada. 
Reutilizar é dar novo uso ou usar novamente para o mesmo fim aquele produto que 
já está pronto. As garrafas de vidro, por exemplo, podem ser reutilizadas infinitamente, 
sem que haja necessidade de produção de novas garrafas.
Reciclar é dar novo uso ao lixo, fazendo coisas novas a partir dos materiais já fabri-
cados. Na maioria das vezes, o processo de reciclagem exige e inclui etapas que só 
podem ser feitas por indústrias especializadas na transformação daquele produto velho 
em matéria-prima nova. Obviamente, há custos nesse processo, mas que geralmente são 
menores do que aqueles para uma produção nova; some-se a isso uma menor quantidade 
de resíduos industriais que deve ser gerenciada.
Ao falarmos sobre Arte e meio ambiente, tratamos sobre um tema de imensa rele-
vância global, abordando tanto aspectos do fazer artístico relacionado a essas questões 
quanto pontos da importância de preservação do meio ambiente. 
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UNIDADE Arte e Meio Ambiente
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Homem, arte e meio ambiente
https://youtu.be/qeZk73T_6Cg
 Leitura
Arte e meio ambiente nas poéticas contemporâneas
https://bit.ly/38wfKEJ
A atividade artesanal com fibra de bananeira sob a perspectiva do ecodesenvolvimento
https://bit.ly/38vXhbn
Arte e sustentabilidade: uma reflexão sobre os problemas ambientais e sociais por meio da arte
https://bit.ly/3yBu4pY
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Referências
DANTO, A. C. Após o fim da arte: a arte contemporânea e os limites da história. São 
Paulo: Edusp, 2006.
DUARTE, R. H. História & Natureza. São Paulo: Autêntica, 2007.
ECO, U. Obra aberta: forma e indeterminação nas poéticas contemporâneas. São 
Paulo: Perspectiva, 2016.
FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO. Disponível em: <http://bienal.org.br>. Acesso 
em: 24/02/2021.
GIDDENS, A. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
LEITE, J. R. T.; MANUEL, P. Museus e Bienais. In: MANUEL, P. et al. Arte no Brasil.
São Paulo: Abril, 1979. v. 2.
MONUMENTO às nações indígenas (detalhe). In: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e 
Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclope-
dia.itaucultural.org.br/obra6119/monumento-as-nacoes-indigenas-detalhe>. Acesso em: 
20/02/2021. Verbete da Enciclopédia.
ZANINI, W. (Org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Moreira Salles: 
Fundação Djalma Guimarães, 1983. 2 v.
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