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DESIGN EFÊMERO PROFESSORES Esp. Simone Reis Roque Gallette Bruno Augusto de Oliveira DESIGN EFÊMERO 2 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; GALLETTE, Simone Reis Roque; OLIVEIRA, Bruno Augusto de. Design Efêmero. Bruno Augusto de Oliveira; Simone Reis Roque Gallette. Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. Reimpressão - 2020 174 p. “Graduação em Design - EaD”. 1. Design. 2. Projeto 3. Efêmero EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0827-2 CDD - 745.4 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Arthur Cantarelli Silva, Designer Educacional Yasminn Talyta Tavares Zagonel, Qualidade Textual Hellyery Agda, Revisão Textual Helen Braga do Prado, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD boas-vindas Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Professora Esp. Simone Reis Roque Gallette Em andamento a especialização em Master Arquitetura e Light Design pela ins- tituição IPOG. Especialista em Projeto de Interiores na instituição Unicesumar (2016). Arquiteta e Urbanista, graduada pela instituição Unicesumar (2013). Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereçoa seguir: <http://lattes.cnpq.br/7850255295846116>. Professor Bruno Augusto de Oliveira Arquiteto e Urbanista, graduado pela instituição Unicesumar (2012). Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://lattes.cnpq.br/2008804729240268> apresentação DESIGN EFÊMERO Caro(a) aluno(a), você iniciará, agora, o estudo sobre design efêmero, que será de grande importância em seus conhecimentos profissionais e pessoais. Tal aprendizado abrirá campos para o emprego do design, sendo, também, uma possibilidade a mais de atuação. Esse material foi pensado para que você exerça sua criatividade e aprenda os processos de execução dos projetos efêmeros. Tendo isso em vista, iniciare- mos fazendo um gancho sobre o que é design efêmero e sobre como a história influenciou na chegada ao conceito que conhecemos hoje. Conceituado o tema, apresentaremos sua pluralidade, mostrando que o design efêmero é importante em várias áreas, sejam elas de lazer ou trabalho, referenciando as possibilidades de aplicação do conhecimento. Conhecendo as áreas, explicaremos a você sobre a relação com o homem e, para isso, falaremos sobre a motivação cognitiva em se fazer o design efêmero e sobre os sentimentos que ele transmite. A seguir, apresentaremos a importância da sustentabilidade e o design social, ferramentas que estão atreladas ao uso do design. Depois, demonstraremos como a efemeridade está presente no meio urba- no, nas áreas corporativas, no âmbito artístico e, até mesmo, na publicidade. Por fim, você analisará como o design efêmero é usado diante de grandes eventos ou festivais. Fecharemos o estudo da unidade analisando a tecnologia, ajudando na produção e desenvolvimentos dos projetos efêmeros. Na última etapa, procuramos demonstrar exemplos, retomando os assuntos estudados no decorrer deste material, por isso, faremos a mistura entre arte, en- tretenimento, urbanismo e vitrinismo, trazendo, novamente, a pluralidade, fri- sando que a área do design efêmero é muito abrangente. Esperamos que você possa continuar com o trabalho que foi iniciado neste livro; nosso intuito é que compreenda que um projeto de design efêmero deve levar em conta vários aspectos em seu momento de criação, dentre eles os principais: sustenta- bilidade, geração de emoções, design social e inovação. Tenha um bom estudo e que seus projetos se realizem. sumário ______________ UNIDADE I FUNDAMENTOS DO DESIGN EFÊMERO 14 Conceitos e Fundamentos do que é Efêmero 16 Breve Histórico da Relação do Design com o Efêmero 19 Design Efêmero na Contemporaneidade 21 Pluralidade Efêmera nos Espaços 24 A Relação da Efemeridade com a Arquitetura 38 Referências 40 Gabarito _______________ UNIDADE II RESPOSTAS COGNITIVAS NO DESIGN EFÊMERO 46 A Relação do Homem com o Design Efêmero 48 Estímulo Psicosensorial no Design Efêmero 51 Design Social 54 Sustentabilidade 58 Acessibilidade Atribuída no Design Efêmero 73 Referências 76 Gabarito _______________ UNIDADE III TIPOS DE DESIGN EFÊMERO 82 Intervenção e Requalificação Urbana 85 Cenário e Arte 89 Instalação Expográfica 93 Vitrinismo 97 Stands Corporativos e Arquitetura Promocional 111 Referências 113 Gabarito _______________ UNIDADE IV OUTRAS POSSIBILIDADES DO EMPREGO DO DESIGN EFÊMERO 120 Eventos Festivos e Eventos Culturais Étnicos 123 Shows e Festivais de Música 126 Tecnologias na Produção e Divulgação do Efêmero 129 Equipamentos Urbanos Efêmeros 132 Urbanização Efêmera 141 Referências 143 Gabarito _______________ UNIDADE V CORRELATOS DO DESIGN EFÊMERO 150 Obras de Christo e Jeanne Claude 153 Arte Urbana, Os Gêmeos 155 As Vitrines da Louis Vuitton 158 Feira Livre da Av. Mauá na Cidade de Maringá 160 Burning Man Festival 170 Referências 171 Gabarito 173 Conclusão Geral Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conceitos e fundamentos do que é efêmero • Breve histórico da relação do design com o efêmero • Design efêmero na contemporaneidade • Pluralidade efêmera nos espaços • A relação da efemeridade com a arquitetura Objetivos de Aprendizagem • Discorrer sobre o que é Efêmero em seus aspectos gerais, explicando a expressão e contextualizando em relação ao design. • Demonstrar acontecimentos históricos que reforçam a importância entre design e efemeridade, até chegar à definição do design efêmero. • Contextualizar a época atual com os diferentes tipos de design efêmero. • Exemplificar aplicações de design efêmero relacionadas aos espaços. • Apresentar os modelos de arquitetura efêmera e sua contribuição. FUNDAMENTOS DO DESIGN EFÊMERO Professora Esp. Simone Reis Roque Gallette Professor Bruno Augusto de Oliveira I unidade INTRODUÇÃO Olá aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro da disciplina de Design Efêmero. Mergulharemos nesse conceito, aprimorando seu conheci- mento acerca deste tema tão atual. Primeiro, queremos lhe perguntar: você sabe o que é efêmero e o que significa esta expressão? Fazendo um gancho no campo do design, explicaremos os dois termos e esclareceremos sua junção. Começaremos conceituando o design, referenciando estudiosos que discorrem sobre o tema, em épocas diferentes. É importante lembrar que a expressão design é tão atual quanto o seu conceito humano, sendo assim, uma prática multidisciplinar. Logo depois, o significado do efêmero, com seu caráter passageiro, tomará conta da sua atenção, e apresentaremos seu significado literal, fazendo uma análise do conceito. Exemplificadas e com- binadas, as palavras Design e Efêmero se unem para formar o objeto de estudo deste livro. A seguir, mostraremos a importância de contextualizar a história do design, trazendo as transformações que levaram até o entendimento do design efêmero. A maneira como vivemos hoje foi influenciada pelo pas- sado, seja nos provocando a quebrar paradigmas ou dando base aos con- ceitos atuais que poderão ser explicados a seguir, na reflexão do tema junto à contemporaneidade. Após, situaremos você na pluralidade dos espaços efêmeros, vale lem- brar que passearemos por uma área que engloba o design gráfico, design de produtos, arquitetura e urbanismo, comunicação visual, arte, moda, even- tos, intervenção urbana, promoções sociais, publicidade, corporativismo dentre outros, que, funcionando juntos ou separados, podem mudar a ma- neira com que o espectador faz a leitura dos locais. Por fim, falaremos, nesta unidade, sobre o contexto da arquitetura re- lacionada à efemeridade. Várias formas de usar as estruturas temporárias a fim de criar novos espaços ou mudar os espaços atuais. Daremos, também, ênfase a aplicação da arquitetura emergencial, que possui ligação direta aos conceitos da efemeridade. Pronto(a) para começar esse estudo? Boa leitura! DESIGN EFÊMERO 14 Anteriormente, conhecemos as ocorrências efême- ras como temporário e transitório, sendo assim, pre- sente em nossas relações desde sempre. Porém, hoje em dia, o termo “design efêmero” é mais utilizado, devido ao fato da sociedade contemporânea produ- zir, de forma muito rápida, informações, produtos, consumo, ou seja, toda a vida é mais rápida na atua- lidade, exigindo, assim, uma valorização do conceito do design efêmero. Ao contextualizar o que é design efêmero, preci- samos expor o significado das expressões “design” e “efêmera”. O design é, para Miller (1988), o processo de pensamento da criação de algo, seja um produto, uma fala, uma escrita, um desenho, uma mode- lagem, uma construção e etc. Esse processo pode acontecer de diversas maneiras, por meio das nos- sas vivências, das experiências emocionais, visuais e CONCEITOS E FUNDAMENTOS DO QUE É EFÊMERO Figura 1 - Expografia de arte urbana efê- mera, na semana do Design em Milão DESIGN 15 efetivas. E são multifacetados, tendo, como ideia, a solução de aspectos problemáticos.Então, é preciso uma compreensão sobre o objeto, por meio de me- todologias variadas. Ozio (2011, p. 8) determina o design como sen- do uma ideia ou um plano, que soluciona uma de- terminada problemática. Para a concretização, são necessários alguns elementos, como projetos, cro- quis, amostras, modelos e outros, para tornar, visu- almente, perceptível. A utilização da palavra design é tão atual quanto o seu conceito, abrangendo diversos conhecimentos humanos, sendo assim, uma prática multidiscipli- nar. Igualmente, a manifestação efêmera é, usual- mente, da sociedade contemporânea, sendo tudo o que é transitório e temporário. Anexando a maneira como a sociedade vive e se organiza, um exemplo disso são os produtos de tempo de vida programado. Como você pôde observar, a palavra efêmera é compreendida como um adjetivo, a qual origina do latim ephemeron e deriva do grego, que possui outros adjetivos, sendo o significado o novo, lança- mento e moderno (OZIO, 2011). Portanto, o design efêmero é expresso por meio de manifestações transitórias apresentadas às pesso- as em forma de produto, de intervenção, de crenças, de política e de cultura. São tantas as informações por nós absorvidas com rapidez que podemos ver que a efemeridade é mais comum em nossas vidas do que imaginamos. Como profissionais, devemos ter esse olhar para acompanhar o mercado e intera- gir o processo de criação com o meio. Figura 2 - Intervenção de arte urbana efêmera, “Flying Umbrellas”, Grécia DESIGN EFÊMERO 16 Convido você a voltar um pouco no tempo e ter a oportunidade de observar que ocorreram mudanças significativas em nossas vidas, como expectador e criador. É importante falar sobre alguns momentos que antecedem o surgimento do design e, conse- quentemente, da efemeridade. Dando início aos dados históricos, apresentare- mos o surgimento do design na Revolução Indus- trial. Segundo Silva et al. (2012), ocorreram mudan- ças no meio de produção, substituindo o trabalho humano pelo trabalho mecânico. Com o surgimento das novas fontes energéticas de combustíveis fósseis, BREVE HISTÓRICO DA RELAÇÃO DO DESIGN COM O EFÊMERO Figura 3 - Releitura Cadeira Eames, criada 1943 DESIGN 17 ocorreram transformações importantes no rumo da humanidade, contribuindo para o aparecimento do design. Dessa maneira, houve um crescimento das in- dústrias, muito rápido, com aumento na produção e, consequentemente, com a baixa qualidade dos pro- dutos, pois o criador não tinha acesso a todas as fases de produção. Pensando nisso, William Morris (1834- 1896) desenvolve um movimento chamado Artes e ofícios, que defendia a qualidade artística dos produ- tos, como retrata Malpas (2001 apud SILVA 2012, p. 14). O trabalho passa a ter um cuidado melhor com a criação, tornando inviável o custo da manufatura. Figura 4 - Escola Bauhaus em Dessau, na Alemanha, por Walter Gropius Figura 5 - Releitura poltrona “The Swan”, realizado por Arne Jacobsen, na escola Bauhaus Fundamentado nesse pressuposto, surgiu uma escola para desenvolver produtos com baixo custo e de qua- lidade, chamada Bauhaus, em 12 de abril de 1919, na Alemanha. A Bauhaus foi uma escola cujo objetivo era unir a funcionalidade com aspectos sociais, apli- cando produções em massa e lançando a arte junto com a técnica. Ainda, após o fim, esta escola influiu espalhando o design para o mundo e suas criações são importantes até hoje; para Heskett (2008 apud SILVA 2012, p. 17), os produtos criados existentes não são substituídos pelos novos, mas, sim, transformados. Assim foi fundada a Bauhaus. Seu escopo científico era concretizar uma arquitetura mo- derna que, como a natureza humana, abran- gesse a vida em sua totalidade. Seu trabalho se concentrava, principalmente, naquilo que, hoje, tornou-se uma necessidade imperativa, ou seja, impedir a escravização do homem pela máquina, preservando da anarquia me- cânica o produto de massa e o lar, insuflan- do-lhes, novamente, sentido prático e vida. Isto significa o desenvolvimento de objetos e construções projetados expressamente para a produção industrial. Nosso alvo era o de eliminar as desvantagens da máquina, sem sacrificar nenhuma de suas vantagens reais. Fonte: adaptado de Gropius (2001). SAIBA MAIS DESIGN EFÊMERO 18 P odemos observar que os dados históricos do passado implicam, até hoje, na contemporaneidade, então, perguntaremos a você quando a expressão do design se fundiu com o efêmero? Foi após o fim da guerra, em que houve um crescimento das peque- nas empresas, auxiliando na produção em grande escala e tornando estes produ- tos acessíveis a toda a população, com isso, a publicidade surgiu para singularizar os produtos e incentivar o consumo. Desse modo, a vida das pessoas se tornou mais dinâmica, aumentando, por consequência, o consumo. Como diz Zacarias e Takada (2015), vivemos uma era de consumismo, no qual perdemos nossa identidade e buscamos mais o reflexo da efemeridade. No século XX, o crescimento da população, bens capitais e império tecnoló- gico geraram uma mudança importante que reflete, até os dias atuais, o consumo individualizado. O produto que, antes, era construído para obter durabilidade, agora, passou a ser elaborado com rapidez e ter a vida programada, ou seja, são renováveis e efêmeros. A partir daí, surgiu a junção do design com o efêmero e, consequentemente, que reflete na identidade e na vida das pessoas. O consumidor é atraído pelo o que é novo, belo e luxuoso, valorizando a estética como uma necessidade que traz a felicidade e prazer. Isto não implica na falta de personalidade, e, sim, em uma projeção de um modelo que você quer ser. O presente se torna desinteressante, e o novo sendo algo desejável. DESIGN 19 Neste conteúdo, queremos dar sequência e relacio- nartudo que vimos nos estudos anteriores com a atualidade. Fazer você compreender que aconteci- mentos importantes resultam no modo em que vi- vemos e evoluímos, nos âmbitos da sociedade e de comportamento. Para melhor entendimento, é necessário a com- preensão sobre a história do consumismo pós-guerra. No ocidente isto é bem implícito, por exemplo, nos Estados Unidos, os produtos têm influência sobre as grandes produções em massa, pois o objetivo é ter vida útil programada e renovação, fazendo com que a necessidade seja “ter mais”, ser efêmero. Como diz Sil- va (2012), esta abordagem é chamada styling. Na Su- íça, o objetivo tem um apelo mais social, valorizando o produto, sendo algo durável e com qualidade maior. DESIGN EFÊMERO NA CONTEMPORANEIDADE Figura 6 - Videomapping no festival das luzes, Bratislava DESIGN EFÊMERO 20 Atualmente, o consumo acelerado e efême- ro causa grandes quantidades de lixo; desse modo, o mesmo pensamento de consumo, também, deve atrelar o pensamento de consciência e cuidados com o meio externo, ou seja, a sustentabilidade. Criar uma relação positiva para com o meio, preocupan- do-nos com as futuras gerações, preservando o meio ambiente em que vivemos. Além da sustentabilidade, outro fato importante para atualidade é a tecnologia. Hoje, com a globa- lização, não há barreiras, quem domina são as cul- turas com poder maior de representatividade e de economia. Vemos que não há limites, e, sim, ade- quações, como a máquina de lavar criada pela em- presa Whirpool na Inglaterra, teve que ser adequada ao Brasil, acrescentando a função molho, segundo Heskett (2008 apud SILVA, 2012, p. 27). Segundo Dormer (1995 apud SILVA, 2012, p. 26), a geração atual nasce e cresce sujeita a restrições im- postas pela geração mais velha. Isso gera uma asso- ciação do existente ao conceito de restrição ou ao antiquado e sua consequente rejeição. No entanto a geração mais nova passa à condição de atual, e sur- gem os seus descendentes, que passarão a rejeitar seus status e redescobrir as qualidades de seus avós. Este pensamento reforça a ideia de renovar e modificar o meio, visto que a dinâmica da vida é expressano design, tornando-o efêmero, e pode ser exemplificada nas manifestações em várias escalas de nosso cotidiano e convívio, tal como as manifes- tações artísticas urbanas, o grafite; até mesmo, na publicidade, na constante troca de propagandas nas mídias sociais ou em uma determinada marca que reformula sua logo; também, uma releitura de um produto, seja um mobiliário ou uma roupa. Neste conceito, estamos em uma busca inces- sante de melhorar e aprimorar, contribuindo para o futuro e refletindo sobre o nosso presente. Figura 7 - Máquina de Lavar Figura 8 - Cafeteira Italiana Vintage Este intercâmbio globalizado faz com que se mistu- rem as culturas e diminuam as distâncias, melho- rando os âmbitos sociais e políticos. A tecnologia, além dessa universalização, também nos permite, como profissionais, expandir nossa maneira de re- presentar e de se comunicar com as pessoas, tornan- do flexível, dinâmico e efêmero o trabalho. DESIGN 21 Segundo Carlos (2007), o lugar pode ser descrito como a base do desenvolvimento da vida com a lei- tura da identidade criada na relação dos usos dos es- paços. No decorrer do dia, você passa ou permanece em vários locais, pare e pense: quantos deles pos- suem composições temporárias? Queremos ampliar sua visão sobre o que é passageiro e explicar quanto diversificado pode ser. Para isso, observe que o efêmero, nos espaços, é relacionado a elementos como: design gráfico, de- sign de produtos, arquitetura e urbanismo, comuni- cação visual, arte, moda, eventos, intervenção urba- na, promoções sociais, publicidade, corporativismo dentre outros. Esses conhecimentos podem funcio- nar juntos ou separados, interferindo na maneira em que lemos os lugares ou criando novos espaços. PLURALIDADE EFÊMERA NOS ESPAÇOS Figura 9 - Festival Mundial de Cine- ma, ao ar livre, Amsterdã, Holanda DESIGN EFÊMERO 22 Obras de arte temporárias e intervenções urbanas podem mudar a maneira como você enxerga o espaço em um determinado momento, durando pouco tempo ou permanecendo. Segundo Cartaxo (2009), as poéti- cas contemporâneas voltadas para as intervenções nos espaços públicos inscrevem a cidade na obra. Outro exemplo é a arquitetura para habitações emergenciais, que deve ser ágil, com produto final eficaz e transitório, que acomode populações afeta- das por catástrofes e razões diversas, que necessitam de abrigo temporário. “Uma obra efêmera é aquela que tem já em seu início a anuência que precisa ser desmontada, os caminhos que se abrem diante des- ta condicionante de projeto são diversos” (SCÓZ, 2009. p. 53). Uma rua, uma praça ou um vazio urbano, tam- bém, pode ser modificado por meio do uso, criando espaços temporários. A Feira Livre, por exemplo, formada pelas barracas, caminhões e pessoas intera- gindo, gera novas qualidades para o espaço ocupado por atividades diferentes das cotidianas. A maneira como compramos e consumimos é influenciada pelo uso do design efêmero. Você pode ser surpreendido com elementos que chamem sua Figura 10 - Exposição de arte Figura 11 - Food Trucks no Centro Cívico de Denver, Estados Unidos da América DESIGN 23 atenção em primeiro plano, para mais tarde dire- cionar a um produto. Grandes redes de lojas usam o efêmero com a finalidade de fortalecer a marca e gerar interações com os públicos. Para consumir o objeto novo apresentado, seja ele uma tendência de moda ou de comportamento, é necessário que o in- divíduo localize o novo. Caro(a) aluno(a), concluímos que a pluralidade efêmera pode interagir em espaços estabelecidos, modificando seu uso e transferindo um caráter visu- al momentâneo, ou pode criar novos espaços, inde- pendentes do local que estará inserida. Temos, como exemplo, as instalações efême- ras, produzidas no Brasil, dos artistas Marcelo Terça-Nada e Brígida Campbell. Eles formam o grupo Poro, existente desde o ano de 2002, e fazem o trabalho de produção da arte efê- mera, em forma de adesivo, inserida no co- tidiano urbano. Fonte: adaptado de Salles (ÉPOCA, 2015, on-line)1. SAIBA MAIS Figura 12 - Vitrine da marca de luxo Louis Vuitton, em Londres, Inglaterra http://poro.redezero.org/ DESIGN EFÊMERO 24 É fato que a arquitetura efêmera tem data antiga e sempre esteve presente por meio do mundo, porém consolidada de forma independente, por meio de téc- nicas primitivas herdadas. Os povos precisavam se lo- comover em busca de alimento e melhores condições; assim, surgiam, como exemplo de efemeridade às ha- bitações nômades, os iglus ou as tendas no deserto. Hoje, as necessidades de arquiteturas que se desmon- tam vão além de abrigar o homem, criando, assim, para o profissional, um amplo campo de trabalho, exigindo interação com outros profissionais, investigadores e, até mesmo, conhecimento de novas tecnologias. Assim, é importante salientar que devemos traçar estratégias com desempenho econômico e social, tendo em vista adequar a função e valorizar a vida comunitária em seus vários as- pectos, citados por Duarte (2007, on-line)2, a Arquitetura de emergência, a de representação, a de acontecimentos sociais, a de espetáculo ou de festa, dentre outros. A RELAÇÃO DA EFEMERIDADE COM A ARQUITETURA Figura 13 - Concerto na Marina Bay, Singapura DESIGN 25 Na arquitetura do espetáculo, temos um forte exemplo com a música. Os shows saíram das salas de concerto tomando as praças, as ruas, os estádios e os parques. Ao assimilar a escala da cidade e do território, os espetáculos tiveram a preocupação em demarcar espaços e criar identidade pessoal, usando estruturas temporárias variadas. Outro fator, é a maneira de viver de alguns povos, que querem distanciamento das cidades ou criar um novo modelo de sociedade; a arquitetura efêmera vem de maneira espontânea, começando, mais tar- de, a ser estudada e aprimorada. Exemplo disso são os circos com suas tendas e moradias itinerantes. É nítido um sistema estrutural pensado na resistência perene e na facilidade de montagem e transporte, as lonas tensionadas, agora, são mais aprimoradas por meio da tecnologia. Os acontecimentos comemorativos, como casamen- tos e aniversários, carregam, por vezes, um imaginá- rio lúdico que é montado pela arquitetura efêmera. Ao tratar um evento como um espaço de entrete- nimento, onde é necessária a criação de atrações e a capacidade de seduzir diversos públicos, se abre espaço para exercer a criatividade, desta forma aqueles que criam e gerenciam eventos acabam por romper as barreiras já conhecidas e fazem que os eventos conhecidos pelo público se tornem mega eventos que proporcionam entretenimento, lazer e diversão para os mais diversos públicos (NETO, 2012 apud SANT’ANA, 2016, p. 27). Figura 14 - Festival do teatro de rua “Ana De- setnica”, em Ljubljana, Eslovênia Figura 15 - Circo Du Soleil, em Montreal, Canadá Fora os conceitos físicos, outro fator importante é como organizam suas moradias, criando espécies de pequenos vilarejos que devem conversar com o ter- ritório local. Para Kuhlhoff (2012), a manutenção de um objeto arquitetônico nômade, como o circo, só é possível devido a um rígido sistema baseado nas rela- ções familiares, e, desta forma, existe um padrão que se repete e é aprimorado ao longo das gerações circenses. Além dos fatores citados anteriormente, trare- mos, agora, para você a relação do efêmero com ar- quitetura emergencial. DESIGN EFÊMERO 26 Ocorridos espontaneamente, os fenômenos naturais transformam o cotidiano de muitas pessoas. O termo “fenômeno natural” refere-se a qualquer manifesta- ção proveniente da natureza que se relaciona com a dinâmica da Terra: tempestades, tornados, enchentes, secas ou, ainda, terremotos, tsunamis, erupções vul- cânicas etc. Além desses fenômenos, populações que convivem com conflitos constantes ou que sobrevive- ram a guerras necessitam de apoio emergencial. Anders (2007, p. 58) diz que o abrigo deve ser aces- sível, ter uma fonte de água, sistema sanitário,siste- ma de alimentação e médico. Todas as necessidades são imediatas, mas devem ser lidas como provisó- rias, apenas, até a reconstrução das casas afetadas. Para resolver com agilidade, pode-se fazer o uso de materiais locais para a construção de abrigos ou é indicado modelos já existentes como: habitações modulares que não exigem montagem no local e são configuradas conforme as necessidades. O contê- iner metálico é uma boa alternativa, recebendo tra- tamento adequado, pode ser dividido e acomodar mais famílias. Também, temos estruturas pré-fabri- cadas que misturam materiais, como a lona plástica e estruturas metálicas. Figura 16 - Tendas para os desabrigados do terremoto em Portoviejo, Equador Figura 17 - Cidade temporária feita de containers para refugiados, Alemanha Empresas que trabalham com container na Europa trabalham de maneira crescente, de- vido à grande necessidade de abrigos tem- porários para os refugiados da Síria e outros países que vivem em conflito atual. Algumas cidades já consumiram a capacidade de alojar os refugiados. Fonte: adaptado de Kimmig (2015, on-line)3. SAIBA MAIS As estruturas tênsil são formadas por membranas esticadas, de lona ou tecido impermeável que, ge- DESIGN 27 ralmente, possuem estrutura rígida de alumínio ou aço que servem de tirantes. Esses modelos são interessantes, pois permitem cobrir desde peque- nas estruturas até grandes espaços, construindo ambientes que possam ser divididos internamente, gerando flexibilidade. Outra possibilidade são as estruturas pneumá- ticas, de fácil transporte e com pouco peso. Elas ne- cessitam da força do ar pressionado entre as mem- branas de lona para gerarem as habitações; suas desvantagens são a fragilidade do esvaziamento e a constante necessidade de energia elétrica. Para escolher a solução de abrigos temporários é importante fazer a análise do local referente ao clima e ao modo de morar das pessoas. Vale lembrar que, em locais quentes, é indicado estruturas que ofere- çam sombreamento e que possibilitem circulação de ar, prevenindo doenças; já, no frio, a retenção do calor é o principal elemento a ser observado. Outro fator é que, por muitas vezes, as estruturas tempo- rárias acabam permanecendo por tempo maior do que o planejado, arriscando a gerar assentamentos urbanos irregulares. Percebemos que a alternativa adequada de abri- gos temporários permeia o estudo do custo e facili- dade de transporte, da agilidade na construção, da aceitabilidade cultural, da adequação ao clima, da observação do local a ser implantado e os efeitos fu- turos da permanência estendida ou a sua transfor- mação em outras estruturas. Figura 18 - Acampamento dos refugiados de Kabertoo, Iraque Os “Containers City” são as cidades e cons- truções, por meio do uso dos containers. Geralmente, são utilizados em necessidades emergenciais de catástrofes ou conflitos. São adequados conforme fatores importantes, como o local, o uso, a temperatura, o tempo de uso e outros. Fonte: adaptado de Portal Metálica, ([2017], on-line)4. SAIBA MAIS É importante lembrar que o design efêmero não está, somente, ligado ao estético, mas também à funcionalidade e que, por ser de consumo rápido, não precisa perder o caráter da qualidade. REFLITA 28 considerações finais Querido(a) aluno(a), encerramos a primeira unidade do livro sobre Design Efê- mero — etapa importante para o crescimento do profissional da área do design —, na qual levantamos pontos sobre curiosidades do modo de vida atual relacionada com a efemeridade, ampliando o seu conhecimento, para a compreensão das próximas unidades. Primeiramente, você pode compreender que a efemeridade é uma expressão muito mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Sua definição, junto ao design, é representada nas manifestações transitórias, podendo ser de formas culturais, políticas, artísticas e de intervenção. Discorremos de dados históricos importantes para a contribuição de relacionar o design com efêmero, e termos a percepção da maneira como o passado influencia nos dias atuais. Concluímos a ideia de que o consumo não é a falta da identidade das pessoas, e, sim, a projeção de algo que elas desejam ser. Desse modo, percebemos que a efemeridade não está, somente, no consumo e no cotidiano, mas também nos diversos espaços à nossa volta, possibilitando a mudança do uso ou do visual destes ou criando novos espaços. Falando em espaços, aprendemos que o efêmero se manifesta em diversas estruturas, fechamos a ideia que devemos traçar estratégias econômicas e sociais, adequando a função e valorizando a vida comunitária. 29 atividades de estudo 1. (Enade design 2015) A imagem a seguir representa um dos objetos que consolidaram a reputação da escola Bauhaus como uma força de lideran- ça do design industrial no século XX. A cadeira B3, De Marcel Breuer, mais tarde conhecida como cadeira Wassily, produzida em 1925, foi um dos pri- meiros desenhos a explorar o aço tubular cujos aspectos como aparência rígida e elegante, força estrutural e leveza permitiram a criação de móveis em novas e surpreendentes formas. A cadeira ilustrada anteriormente representa um dos princípios adota- dos pela escola Bauhaus, pois: a. Evidencia os processos de produção artesanais que valorizam o produto e o trabalhador. b. Simboliza a personalidade do designer, contrapondo o funcionalismo à ideia da boa forma. c. Representa o gosto estético disseminado pela burguesia das primeiras dé- cadas do século XX. d. Explicita a ideia de simplificação da forma do móvel para uma produção industrial de qualidade. e. Sintetiza a ideia de customização, na qual o consumidor pode determinar características estético-formais. 2. (Enade design 2015) Os objetos não morrem; sobrevivem, nem que seja como lixo ou resíduos. É claro que os artefatos podem ser destruídos, no sentido de serem desagregados a ponto de perderem as especificidades formais que os caracterizam. Surpreende, porém, o quanto são resistentes a isso. Nos últimos cinquenta anos, a humanidade produziu maior quan- tidade de artefatos do que em toda a sua história pregressa. Como resul- tado, estamos em processo de sermos soterrados pelo acúmulo de coisas que descartamos. O que o design pode fazer nesse sentido? Os designers Fonte: DESIGN MUSEUM. Cinquenta cadeiras que mudaram o mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 30 atividades de estudo não controlam políticas públicas, não comandam as redes de fabricação nem são responsáveis pelo desenvolvimento de novos materiais e tecno- logias (CARDOSO, 2012). Considerando esse tema, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. Em relação ao ciclo de vida de um produto, é necessário que os designers se apropriem de uma visão linear do processo como um todo, não se limi- tando a pensar o início (a concepção) e o final (o descarte), mas prevendo, também, as instâncias de reciclagem, recuperação e de ressignificação. II. O pensamento linear contribui para os desafios projetuais dos designers no mundo atual e futuro, o que torna os objetos resistentes ao esvazia- mento de sentido e, consequentemente, ao descarte. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justifi- cativa correta da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 3. (Enade design 2015) Disponível em: <http://www.subssoloart.com>. Acesso em: 17 jul. 2015. 31 atividades de estudo Assim como o break, o grafite é uma forma de apropriação da cidade. Os muros cinzentos e sujos das cidades são cobertos por uma explosão de co- res, personagens, linhas, traços, texturas e mensagens diferentes. O sujo e o monótonodão lugar ao colorido, à criatividade e ao protesto. No entanto a arte de grafitar foi, por muito tempo, duramente, combatida, pois era vista como ato de vandalismo e crime contra o patrimônio público ou pri- vado, sofrendo, por causa disso, forte repressão policial. Hoje, essa situa- ção encontra-se bastante amenizada, pois o grafite conseguiu legitimidade como arte e, como tal, tem sido reconhecido tanto por governantes quanto por proprietários de imóveis (SOUZA; RODRIGUES, 2004). Considerando a figura apresentada e a temática abordada no texto, avalie as afirmações a seguir. I. O grafite pode ser considerado uma manifestação artística pautada pelo engajamento social, porque promove a sensibilização da população por meio não só de gravuras e grandes imagens, mas também de letras e men- sagens de luta e resistência. II. Durante muito tempo, o grafite foi marginalizado como arte, por ser uma manifestação associada a grupos minoritários. III. Cada vez mais, reconhecido como ação de mudança social nas cidades, o grafite humaniza a paisagem urbana ao transformá-la. É correto o que se afirma em: a. II, apenas. b. III, apenas. c. I e II, apenas. d. I e III, apenas. e. I, II e III. 4. (Enade artes visuais 2014) A intervenção urbana é uma forma de arte inte- racional, criativa e poética, voltada para o espaço público, o cotidiano e as pessoas. Em 23 de abril de 2014, dia de São Jorge, o “Coletivo PI”, um coletivo de mu- lheres, encerrou seu projeto intitulado “Entre Saltos”, em Salvador, Bahia, depois de passar por São Paulo, Campinas, Porto Alegre. Mais de trinta mulheres vestidas de vermelho ou rosa, calçadas com sapatos de salto alto, saíram caminhando do Espaço Xisto, no bairro Barris, às quatro horas da tarde. Seguiram pela Sete de Setembro até chegar ao Pelourinho. Elas 32 atividades de estudo encerraram o projeto, uma hora e meia depois, seguidas por homens e mulheres, no Dique do Tororó, Lago que possui estátuas dos orixás, inclu- sive de Ogum, representação de São Jorge na crença matriz africana. Fonte: Coletivo PI. Projeto Entre Saltos. Disponível em: <http//www.cpletivopi.com>. Considerando as duas informações citadas anteriormente, avalie as afir- mações a seguir. I. Intervenção urbana é um processo comunicativo que reinventa, mesmo que temporariamente, novos sentidos ao espaço. II. A intervenção do “Coletivo PI” aborda a construção da feminilidade, bem como a imagem do feminino em relação à esfera pública. III. A intervenção do “Coletivo PI” questiona poderes e representações de gê- nero instituídas. É correto o que se afirma em: a. I, apenas. b. III, apenas. c. I e II, apenas. d. II e III, apenas. e. I, II e III. 5. Neste exato momento, ao redor do mundo, acontecem milhares de ca- tástrofes. Elas são silenciosas para a maioria, mas impactantes para a so- brevivência de muitos. Estas zonas de pós-catástrofes ou de degradação, abandono, com perda de valores ambientais, culturais e patrimoniais, são carentes de quase tudo. As condições são extremas, e os governos são len- tos, mas as soluções precisam ser imediatas. Diante dessas emergências, pergunta-se: qual o papel dos arquitetos e urbanistas ao lidar com as construções efêmeras ? 33 LEITURA COMPLEMENTAR Como um sistema de montagem eficaz ajuda na situação de desastre? A situação de emergência geralmente demanda uma quantidade de habitação, equipamento e instrumento muito grande e em curto prazo, às vezes, o acesso também é dificultado devido a obstruções nas vias. Portanto, o que se retirou da pesquisa inicial foi um dado essencial para todos os projetos a serem procurados: o de fácil montagem. Tal solução pode ser rapidamente cons- truída, não detém uma grande quantidade de pessoas e em pouco tempo é possível ter várias habitações prontas para serem utilizadas. Com esse conceito pôde-se localizar as soluções mais eficazes em situações de emergência, pre- ferindo-as ao invés de soluções que fossem construídas no próprio lugar, com materiais como ci- mento ou tijolos, que acabam sendo mais complicadas e exigindo um tempo de construção maior. O grupo NOAH realizou seminários para o debate e a divulgação das pesquisas individuais, o que posteriormente ajudaria na seleção dos projetos mais significantes e no melhor entendimento do assunto dos desastres causados por enchentes. Com conceitos básicos do que se necessita em uma situação de emergência e junto às pesquisas iniciais foi possível levantar uma série de projetos significativos, que no futuro servirão de referên- cia para construir uma solução eficaz para a cidade de Eldorado, SP. Por que a produção modular é conveniente para situações de desastres? Ian Davis, em seu livro Arquitectura de emergência , afirma: “As primeiras coisas que aqueles que ficaram sem casa e abrigo precisam são: comida, medicamentos e primeiros auxílios, mas também seguramente os arquitetos estão em importante posição de poder para aconselhar com autorida- de e fazer pressão para que a ONU (Organização das Nações Unidas) ou [...] UNRRA (United Nations Relief and Rehabilitation Administration) [...] proporcionem casas imediatas que cheguem o quan- to antes às zonas de catástrofe.” (DAVIS, 1980, p.63, tradução livre) Uma vez conhecido o conceito “produção modular”, é possível entender a razão de sua utilidade para desastres. Nessas situações, geralmente um grande grupo de pessoas fica sem teto, sem alimento, sem os seus pertences que facilitam as atividades cotidianas. Aquele que necessita de refúgio precisa de soluções rápidas. Segundo Kronenburg, autor do livro Houses in motion, os edifícios móveis, por- táteis, relocáveis ou desmontáveis mostram grandes vantagens no socorro às vítimas de desastres. Podemos considerar as várias vertentes dos edifícios portáteis como resultados diretos ou indire- tos do pensamento modular. Produção modular é, grosso modo, sinônimo de produção rápida, pois ela foi projetada com o intuito de agilizar e convencionar todas, ou quase todas as etapas da construção do produto. Ela 34 LEITURA COMPLEMENTAR é o oposto da produção in loco, que necessita de todos os esforços de construção no local. Em si- tuações de desastres, uma população desabrigada não consegue imediatamente reconstruir tudo o que perdeu com seus próprios esforços, pois ela é frágil. E é por isso que uma resolução “pré- -pronta”, já solucionada e facilmente construída parece ser a mais adequada. A questão temporal é bastante relevante. Fonte: Mendes, Aibe e Barbosa (2012, p. 11 e 15). O futuro do design no Brasil Danilo Corrêa Silva et al. Editora: Cultura Acadêmica Ano: 2012 Sinopse: neste livro, os autores retratam o design no Brasil e no mundo. Suas origens históricas nos dias atuais e do que se espera da área para o fu- turo. Eles analisam como o design foi sendo mol- dado ao longo do tempo, suas aplicações e impli- cações nos campos econômico, tecnológico, social e ambiental, além do papel do designer enquanto profissional criativo e científico. Comentário: este é um livro sucinto, que fala a respeito do contexto atual e o que se espera do futuro sobre o design. É interessante pois os auto- res abordam desde o início do surgimento do design e como se transformou no Brasil e no mundo, nos âmbitos sociais e profissionais. Seriado Black Mirror; 3 Temporada; 1 Episódio “Perdedor” Ano: 2016 Sinopse: o primeiro episódio, terceira temporada, do seria- do americano “Black Mirror”, escrito por Renato Hermsdor- ff e dirigido por Joe Wright, retrata a forma que nos compor- tamos nas redes sociais e as projeções de identidade. Comentário: é uma abordagem simples e sarcástica, que reflete sobre a maneira como nós vivemos na atualidade, como comportamento efêmero. Bauhaus: The Face the 20th Century, Bauhaus: a face do século XX. Ano: 1994 Sinopse: o documentário analisa como surgiu a escola Bauhaus, nos âmbitos históricos e artísticos, retratando os ilustres profissionais como Walter Gropius,Josef Albers, Mies Van Der Rohe e Lasló Moholy-Nagy. Comentário: indicamos a você, aluno(a), este incrível docu- mentário, que retrata a escola Bauhaus, a qual fundou o de- sign e marcou a arquitetura moderna cujas influências e im- portância se estendem aos dias atuais. O vídeo pode ser visto no YouTube, site de compartilhamentos audiovisuais. Poro: intervenções urbanas e ações efêmeras Ano: 2010 Sinopse: o documentário "Poro: intervenções urbanas e ações efêmeras" foi produzido pela Rede Jovem de Cidadania em parceria pelo grupo Poro, que são integrados pela dupla de artistas Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada. Eles abor- dam as principais intervenções urbanas realizadas entre os anos de 2002 e 2009. Convido você a ampliar o seu olhar para as possibilidades poéticas urbanas e perceber a importância da efemeridade nos dias atuais. Comentário: é um ótimo documentário, pois retrata bem a relação das manifestações efêmeras no cotidiano urbano e como podemos observá-las. http://www.rede.aic.org.br/ http://www.rede.aic.org.br/ http://www.rede.aic.org.br/ http://www.rede.aic.org.br/ http://www.rede.aic.org.br/ http://www.rede.aic.org.br/ http://www.rede.aic.org.br/ http://www.rede.aic.org.br/ Left Out Aluno(a), o que você faria se olhasse uma forma enrolada em um saco de lixo na rua? Apre- sentamos a você este projeto fantástico de uma escultura urbana temporária, em Londres, chamada “Left Out”. Projeto realizado pelos artistas Maxwell Rushton e Liam Thomson. Ele retrata o questionamento do nosso olhar para com os sem teto e abandonados. Para saber mais acesse: http://maxwellrushton.com/projects/left-out/. Intervalo, respiro, pequenos deslocamentos Indicamos a você este livro online sobre as intervenções efêmeras na cidade. Com ações do grupo Poro, que misturam arte e intervenções, nos espaços públicos. Para saber mais acesse: http://poro.redezero.org/publicacoes/ebook/. Narrativas Visuais O congresso internacional de comunicação e consumo disponibiliza o seguinte artigo: "Nar- rativas visuais: imagens dispositivos e o visual merchandising como narrativa comunicacional no ambiente de loja". Esse artigo é interessante para ampliar a sua visão como profissional de design com as relação do consumidor. Para saber mais acesse: http://anais-comunicon2015.espm.br/GTs/GT10/16_GT10_Heloisa_Omine.pdf. http://maxwellrushton.com/projects/left-out/ http://poro.redezero.org/publicacoes/ebook/ http://anais-comunicon2015.espm.br/GTs/GT10/16_GT10_Heloisa_Omine.pdf 38 referências ANDERS, Gustavo Caminati. Abrigos temporários de caráter emergencial. 2007. 119 f. Tese de Mestrado - Design e Arquitetura. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. CARLOS, Ana Fani Alessandri. O Espaço urbano: Novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Labur Edições, 2007. CARTAXO, Zalinda. 1. Arte nos Espaços Públicos: a cidade como realidade. O Percevejo Online, v. 1, n. 1, 2009. GROPIUS, Walter. Bauhaus, nova arquitetura. 6 ed. São Paulo: editora Perspec- tiva. 2001. KUHLHOFF, Ivan Ribeiro. Contemporâneo: O circo como objeto de arquitetura. Seminário de História da Arte, Pelotas, n. 2, 2012. MILLER, Willian Richard. A Definição do Design. 1988. Disponível em: <http:// feiramoderna.net/ufes/projeto1/MILLER-A-definicao-de-Design.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2017. MENDES, Raísa Coelho; AIBE, Yukari Benedetti; BARBOSA, Lara Leite. De- sign Emergencial. São Paulo, 21 de agosto de 2012. NOAH- Núcleo Habitat sem Fronteiras. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. OZIO, Bianca Rei Freitas. Design do efêmero: o corpo feminino da moda na so- ciedade contemporânea. e-Com, v. 4, n. 1, 2011. Disponível em: <http://revistas. unibh.br/index.php/ecom/article/view/616>. Acesso em: 30 maio. 2017. SANT’ANA, Gisele Barbosa. Gestão de casamentos: as funções do processo ge- rencial em empresas organizadoras de eventos. 74 f. Trabalho de Curso apresen- tado à disciplina CAD 7305 como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Administração (TCC em Administração) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/ bitstream/handle/123456789/166440/TC%20-%20Gisele%20Barbosa%20San- t%27Ana.pdf?sequence=1&isAllowed=y.>. Acesso em: 09 jun. 2017. 39 referências SCÓZ, Eduardo. Arquitetura efêmera: o repertório do arquiteto revelado em obras temporárias. 2009. 161 f. Tese de Mestrado (Design e Arquitetura) - Uni- versidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Didponível em: <www.teses.usp.br/te- ses/disponiveis/16/16134/tde-10032010.../Dissertacao_1.pdf>. SILVA, Danilo Corrêa; et al. (2012). O futuro do design no Brasil. Coleção PRO- PG Digital: UNESP, 2012. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/109221>. Acesso em: 09 jun. 2017. SOUZA, Marcelo Lopes de; RODRIGUES, Glauco Bruce. Planejamento urbano e ativismos sociais. São Paulo: UNESP, 2004. 136 p.: in il. Coleção Paradidáticos; Série sociedade, espaço e tempo. ZACARIAS, Lórien C.; TAKADA, Thalles A. Identidade efêmera e o consumo do novo na sociedade contemporânea. Mestrado Universidade Estadual de Lon- drina (UEL), 2015. 11º Colóquio de Moda – 8ª Edição Internacional, 2º Congres- so Brasileiro de Iniciação Científica em Design de Moda, 2015. Referências On-Line 1 Em: <http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/06/10-intervencoes-urbanas- -simples-e-surpreendentes.html>. Acesso em: 31 maio. 2017. 2 Em: <https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/1792/1/FAUTL_13_D_ RDuarte.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2017. 3 Em: <http://www.dw.com/pt-br/alojamento-emergencial-para-refugiados/av- 18694865>. Acesso em: 31 maio 2017. 4 Em: <http://wwwo.metalica.com.br/container-city-um-novo-conceito-em-ar- quitetura-sustentavel>. Acesso em: 31 maio 2017. 40 gabarito 1. D) Explicita a ideia de simplificação da forma do móvel para uma produção industrial de qualidade. 2. E) As asserções I e II são proposições falsas. 3. E) I, II e III. 4. E) I, II e III. 5. Resposta: o planejamento arquitetônico possui um papel fundamental na busca de boas soluções para o atendimento imediato às famílias, ao restauro e à reconstrução de suas comunidades devastadas. Deve-se projetar pensando na saúde, no bem-es- tar, na recuperação emocional e no resgate da dignidade dessas pessoas, dando a elas uma perspectiva de vida por meio de construções efêmeras seguras, confor- táveis, acessíveis, sustentáveis, com design bem pensado, a fim de solucionar, com urgência e qualidade, os problemas enfrentados. UNIDADE II Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A relação do homem com o design efêmero • Estímulo psicosensorial no design efêmero • Design Social • Sustentabilidade • Acessibilidade atribuída no design efêmero Objetivos de Aprendizagem • Explicar a percepção do homem e os efeitos emocionais gerados a partir de exemplos do design efêmero. • Mostrar as formas de interação do design efêmero com o sistema sensorial do homem (olfato, paladar, visão, audição, tato). • Identificar as mudanças positivas sociais com o uso do design efêmero. • Analisar e apresentar a sustentabilidade no design efêmero. • Mostrar a importância da acessibilidade no design efêmero. RESPOSTAS COGNITIVAS NO DESIGN EFÊMERO Professora Esp. Simone Reis Roque Gallette Professor Bruno Augusto de Oliveira II unidade INTRODUÇÃO Olá, querido(a) aluno(a), é um prazer apresentar a você esta segunda unida- de do livro da disciplina de Design Efêmero. Abordaremos sobre as respos- tas cognitivas no design efêmero e os sentidos em vários aspectos. Temáticas importantes para nós, profissionais e formadores de ideias, pois atribuímos a você ações sociais, artísticas, culturais e educacionais. Analisaremos, inicialmente, a relação do design efêmero com o homem e as mudanças e sentimentos que podem trazer a cada indivíduo, por meio das experiências. Consequentemente, isso pode gerar questionamentos, provocações, mas também levar à reflexão do espaço e à relaçãodo homem. Dando sequência, apresentaremos de que maneira o efêmero se relacio- nará ao homem, exemplificando situações que demonstrem essa junção. É importante lembrar que a efemeridade é uma manifestação usual da con- temporaneidade e, atrelada ao homem, pode relacionar vivências que pro- movem diversos sentimentos. Estes sentimentos e sensações influenciam nas atitudes de cada um. Diante disso, também, estudaremos o papel social que o design, junto com a efemeridade, pode promover. O reflexo da maneira que vivemos e consumimos nos faz pensar em ques- tionamentos importantes, um deles é a sustentabilidade. O consumo efêmero, os objetos não permanentes, a maneira acelerada que vivemos e produzimos submetem-nos a considerar como amenizar os impactos para as gerações fu- turas e a buscar soluções para diminuir os efeitos negativos e não sustentáveis criados por estas ações efêmeras. Nesta aula, mostraremos a importância do pensamento sustentável e quais alternativas que podemos realizar. Logo após, situaremos você, além do pensamento sustentável, a ter a consciência de ações para a inclusão social; da importância e de como im- plantar a acessibilidade nos espaços, por meio de exemplos, mas, principal- mente, de incumbir a você, designer, a responsabilidade de inclusão. Espe- ramos contribuir com você não, somente, como profissional, mas também como cidadão(ã) que vive no coletivo. Tenha uma ótima leitura! DESIGN EFÊMERO 46 A RELAÇÃO DO HOMEM COM O DESIGN EFÊMERO O mundo, diante dos nossos sentidos, a cada dia, torna-se mais complexo, com relações que estão se intensificando e se diversificando. Estas relações vão moldando a realidade e, dentro delas, nós nos posicio- namos. Estamos imersos neste sistema, por meio da percepção e de outros contatos com o mundo a nos- sa volta e vamos tomando parte dele, compondo-o ao mesmo tempo em que ele vai se tornando parte de nós. Quando você vê uma paisagem temporária, ou quando assiste uma performance que comove, ou quando olha a arte de um grafite, de certa forma, sen- te um tipo de emoção ou estranhamento, porém, em primeiro momento, temos o automático de analisar os aspectos técnicos e visuais. Talvez, não paramos para refletir as sensações, só, mais tarde, experien- ciando-as. Para Merleau-Ponty (1974), a percepção Figura 1 - Pintura da “Times Square”, Nova York DESIGN 47 do espaço não é uma classe particular de “estados da consciência” ou de atos, suas modalidades exprimem sempre a vida total do sujeito, a energia com a qual ele tende para um futuro por meio de seu corpo e de seu mundo. ganhando significado de acordo com o contexto urbano e as características locais, que, juntos, irão determinar os usos. Para Labaki (2012, et al.), a dimensão da vida cotidiana pode ser avaliada mediante o uso de seus espaços públicos. A rua, por exemplo, é projetada para mobilidade, passagem e interação entre pesso- as e representa a espacialidade das relações sociais, porém é por meio de suas funções e o que acontece ali, que gerará sua tipologia. Para alguns, a rua é só um espaço de passagem, de uso temporário, já para outros, ela pode signifi- car mais que um caminhamento itinerário, poden- do ser espaços de convívio e descanso. Porém, para que isso aconteça, deve-se receber estruturas, equi- pamentos, segurança, criando qualidade ambiental. Como é o caso dos Parklets, que são áreas contíguas às calçadas, onde são construídas estruturas a fim de criar espaços de lazer e convívio, onde, anteriormen- te, havia vagas de estacionamento de carros. Neste caso, as estruturas efêmeras vão trazer conforto, tranquilidade, segurança e proporcionar ao homem viver momentos mais prazerosos no seu cotidiano. Figura 2 - Street Art, grafite do artista Kobra, mural do High Line, Nova York Figura 3 - Parklet no bairro da Liberdade, São Paulo O design efêmero é um campo que revela mudanças temporárias, isso afeta os hábitos e estilo de vida do homem, influenciando a produção cultural e social de cada um. Portanto, mesmo sem intenção, o efê- mero traz a valorização do sensível, da poética e da diversidade presente nas relações do nosso tempo. Muitas vezes, a efemeridade gera desestabilizações, incômodos, questionamentos, provocações, mas também leva à reflexão do espaço e da relação do homem com ele. Além dos aspectos visuais de percepção emo- cional, temos, também, a efemeridade relacionada às características ambientais nos espaços públi- cos, sendo agente transformador. O efêmero pode tornar os espaços mais atrativos à convivência, DESIGN EFÊMERO 48 ESTÍMULO PSICOSENSORIAL NO DESIGN EFÊMERO Figura 4 - Ilustração dos sentidos sensoriais DESIGN 49 Caro(a) aluno(a), neste momento do estudo, falare- os sobre como o efêmero pode se relacionar ao ho- mem, por meio dos diversos sentidos: visão, audi- ção, olfato, paladar e tato, citando alguns exemplos no decorrer desta unidade. O encontro entre o efêmero e o público é uma das características principais na contemporanei- dade. Seja em qualquer linguagem, seu propósito pode ser promover uma aproximação que produza significados. Por outro lado, também, temos o con- ceito que não, necessariamente, o efêmero necessita comunicar algo premeditado. Assim, ao se deparar, por exemplo, com uma obra de arte, cada um pode se relacionar de uma maneira, gerando diferentes pontos de vista e simbologias. Para Farias (1994), precisamos garantir a existência daquilo que não entendemos. Nesse sentido, vemos que as interações do espectador com o design efêmero podem ser pre- meditadas por meio de estímulos sensoriais, visu- ais e perceptivos, porém o individualismo de como cada um encara os padrões é muito importante, não sendo, assim, um fator controlável. Grandes exemplos desta interação, homem e arte, aconteceram na Exposição "Marina Abramović: O artista está presente", no ano de 2010 em 14 de março a 31 de maio, no MOMA (Museu de Arte Mo- derna), em Nova York. A artista expôs cerca de cin- quenta obras, abrangendo mais de quatro décadas de suas intervenções e peças sonoras, vídeo-obras, ins- talações, fotografias e performances. Em um esforço para transmitir sua presença, trouxe suas primeiras performances recriadas por outras pessoas. Além disso, uma nova e original obra foi executada por ela mesma, durante todos os dias, no decorrer da expo- sição, e é, nessa performance pessoal, que vemos ní- tida a relação dos sentidos, aflorando os sentimentos. Abramović permaneceu, durante toda a expo- sição, estabelecendo contato visual com os espec- tadores, um por vez, com sua total dedicação. Ela esteve sentada em uma sala aberta, onde, apenas, uma mesa a separava do visitante. Com seu corpo parado, ela dava total atenção, àquela que estivesse sentada à sua frente. Participaram milhares de homens, mulheres, crianças, idosos, os quais apresentaram as mais di- versas reações. Esse contato visual tornou-se uma experiência sensorial para ambos. Para Oliveira et al. (2017), independente das diferenças dos espectadores, a transcendência espaço-temporal, atingida por meio da vivência e do diálogo silencioso de escuta sensível ao outro, proposto pela performance, criou um espaço para emissão de diferentes discursos e resultados reve- lados em sorrisos, espantos e/ou lágrimas. Figura 5 - Obra da artista Marina Abramović Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)1. http://artetodahoraprofval.blogspot.com.br/2013/03/relacao-arte-publico.html DESIGN EFÊMERO 50 Falando em arte, pois é um dos temas contempo- râneos que mais trabalham com os sentidos, o que interessa são as mudanças na relação entre espaço, objeto e público, principalmente, no uso dos sen- tidos gerando resultados finais. Tomaremos, como exemplo, o Instituto Inhotim. São mais de 500 obras de arte contemporânea expostas a céu aberto e em galerias temporárias ou permanentes. A arte de Inhotim mexe com todos os sentidos. As obras que emitem sons criam visões, sensações,cheiros e aguçam até o paladar, atraem visitantes do mundo inteiro. Por exemplo, a obra de Janet Cardiff, “The Forty Part Motet”, fica em uma sala com 40 caixas de som, e cada uma delas emite a voz do integrante de um coral; em cada canto da galeria, é possível ter uma sensação diferente e, no meio da sala, a oportu- nidade de perceber o conjunto das vozes e apreciar. O expectar passeia pela obra, e seu sentido de visão é bagunçado e seu olfato aguçado. Os artistas querem explorar as sensações e, para isso, usam de artifícios, como música, projeção, brinca- deiras numa sala de espumas ou de balões e des- canso em redes. Diferentes galerias, onde vemos a possibilidade de uma infinidade de obras que, num primeiro momento, são impensadas como formas artísticas, mas que criam um sentimento com quem interage. O efêmero é importante ferramenta na criação de sentimentos no homem, sejam eles pensados ou não. A percepção com que cada um tem, em relação ao passageiro, pode ser experimentada de formas di- versas, criando resultados finais pessoais e diversos. Figura 6 - “Marina Abramović: O artista está presente” Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)2. Figura 7 - Instalação sonora Aros, Inhotim Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)3. Figura 8 - O jardim de Narciso, de Yayoi Kusama, em Inhotim http://www.cardiffmiller.com/artworks/inst/motet.html http://www.cardiffmiller.com/artworks/inst/motet.html http://www.cardiffmiller.com/artworks/inst/motet.html http://www.cardiffmiller.com/artworks/inst/motet.html http://www.cardiffmiller.com/artworks/inst/motet.html http://www.cardiffmiller.com/artworks/inst/motet.html http://www.cardiffmiller.com/artworks/inst/motet.html http://www.cardiffmiller.com/artworks/inst/motet.html DESIGN 51 Aluno(a), em relação à visão popular geral, o design está ligado à criação de produtos ou serviços de luxo e beleza, pois é relacionado à aparência dos produ- tos, unindo o belo e a arte. Erro comum, porém, in- desejado, pois esconde a função primeira do estudo do design, que é facilitar o trabalho e suprir as ne- cessidades básicas do homem por meio da criação de produtos, mensagens ou serviços. A necessidade da maior parte da população mundial é a básica, problemas com saúde, educação e desenvolvimento. Você, como futuro(a) profissio- nal, deve usar o design para fazer a diferença ao criar objetos ou serviços que atendam com eficácia e eco- nomia, trazendo a melhoria da qualidade de vida. O objeto produzido pelo design soma a seu cará- ter funcional, que revela as necessidades de seus usuários e da época em que é produzido, o resul- tado das concepções e dos valores sobre a cultura e a sociedade de quem o produz -o designer (MI- RANDA, 2002, p. 199). Sendo uma atividade da ciência social, o design tem, na sua formação, o caráter social e, portanto, direta- mente, ligado ao homem. Para Fornasier, Martins e Merino (2012), Design Social é a materialização de uma ideia por meio de análise, planejamento, exe- cução e avaliação, que resultam em um conceito e na difusão de um conhecimento para influenciar o comportamento voluntário do público-alvo (benefi- ciários), promovendo mudanças sociais. DESIGN SOCIAL Figura 9 - “Hippo Roller’’, suporte para carregar água Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)4. DESIGN EFÊMERO 52 Quando aplicado o design social, deve ser estu- dado o local, as necessidades reais da população que o projeto atingirá e fazer uma imersão, nesse modo de viver, para, assim, conseguir um resultado final sa- tisfatório à população. Para Oliveira (2004), a função social do design está pautada na consciência coleti- va, no comprometimento de descobrir alternativas que contemplem o ser humano, pois, fazendo isto, ter-se-á sucesso em mudar a motivação da invenção humana, direcionando-a para a realidade dos con- ceitos, verdadeiramente, significativos da existência. O modelo de desenvolvimento econômico, como se apresenta hoje, já nos provou que não é sustentável, não, apenas, pela questão ambiental, que sempre nos preocupa, mas porque não poderá ser mantido para sempre. O Design, socialmente, responsável cuida das necessidades das pessoas de uma forma diferente do que o design comercial, vol- tado para o mercado. Enquanto este último tipo se preocupa, principalmente, com a venda e o lucro, o chamado Design Social cuida de outros problemas, como a falta de acesso à água, à desnutrição, à gera- ção de energia etc. São projetos que se preocupam, essencialmente, em contribuir para o aumento da qualidade de vida de determinada comunidade. Pensando nisso, lançamos mão, também, da efe- meridade que, neste caso, não é analisada, apenas, como algo passageiro. Porém é tida como uma solução rápida, que, ligada ao design social, pode favorecer a vida das pessoas. Um forte exemplo é uma iniciativa criada na Cidade do Cabo, que já está difundida pelo mundo, inclusive, no Brasil, as Street Store. Estas são Figura 10 - Ação social em São Petersburgo, donativos aos moradores de rua DESIGN 53 tado e montado em outros terrenos ociosos. A efemeridade é importante no Design Social, porém projetos de design ligados a produtos e so- luções perenes carregam grande relevância. Como exemplo, temos a criação do Eliodomestico, um forno capaz de transformar a água salgada em doce. Essa tecnologia foi desenvolvida pelo designer ita- liano Gabrielle Diamanti, a intenção é dar suporte às comunidades que costumam sofrer pela falta de água. O designer alega que o equipamento é capaz de produzir até cinco litros de água potável por dia. Existem desafios, e estamos numa época da so- ciedade do espetáculo, do efêmero, da fluidez. A rea- lidade é: quanto mais consumo, melhor. Logo, temos que pensar em uma saída para mudar e incluir o so- cial dentro dos modos de produção e pensamento. lojas criadas na rua, com roupas e acessório arreca- dados, que são doados. O diferencial é que a pessoa pode escolher o que quer levar, devolvendo sua dig- nidade. De forma simples e intuitiva, desenvolveram um material gráfico de comunicação, que pode ser baixado e usado em todas estas lojas de ruas. Cabides de papelão são pendurados em pontos estratégicos da cidade, como grandes araras, assim, quem estiver pre- cisando pode chegar e escolher sua peça, realmente, como uma loja, porém, totalmente, gratuito. Outro exemplo de design efêmero social é uma horta comunitária criada em um terreno abandona- do no bairro do Cosme Velho, no Rio de janeiro. O local que servia de esconderijo e depósito de entu- lhos se transformou em uma horta comunitária, mó- vel, graças à utilização de caixas em madeira criadas pela arquiteta Bel Lobo. Este projeto contemplou to- dos os elementos soltos, visto que pode ser desmon- Conheça mais a Street Store, um lugar onde as doações de roupas viram uma loja, e quem precisa pode escolher e levar gratuitamente. Para conhecer esse espaço, visite o website: <http://www.thestreetstore.org/>. Fonte: os autores. SAIBA MAIS Figura 11 - Exemplo de horta comunitária, Nova York DESIGN EFÊMERO 54 Atualmente, a cultura de consumo traz reflexões importantes, como a sustentabilidade. O con- sumo efêmero, os objetos não permanentes, a maneira acelerada que vivemos e produzimos, submetem-nos a pensar em soluções que ameni- zem os impactos gerados por estas ações. Podemos dizer que uma delas é a grande quantidade de lixo que a população gera. Isto se deve à superpopula- ção e às diversidades de materiais, como o plástico, que é um grande vilão para o meio ambiente; sua degradação pode demorar cerca de 200 a 500 anos; outro exemplo é uma fralda que demora 600 anos para decompor totalmente, como diz a pesquisa da UNICAMP ([2017] on-line)5. SUSTENTABILIDADE Figura 12 - Vaso Biodegradável DESIGN 55 Primeiramente, é interessante definirmos o concei- to de sustentabilidade, que é, segundo a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, preservar os recursos naturais e omeio ambiente, atendendo às necessidades do presente, sem com- prometer as possibilidades das gerações futuras a atenderem às suas próprias necessidades (PAULIS- TA et al., 2008, p. 186). Ou seja, relacionar a socie- dade com a natureza, mantendo o cuidado com o meio em que vivemos, sem prejudicar o planeta, sustentando o equilíbrio social, econômico e ecoló- gico. É importante esse pensamento para a sobrevi- vência humana de maneira ampla e globalizada. do o consumo exagerado e valorizando o meio am- biente. Outro termo bastante utilizado como solução de comportamento efêmero é o “Zero Waste”, meto- dologia que auxilia nas ações efêmeras de consumo e tem como objetivo diminuir o lixo; consumindo produtos funcionais e duráveis, evitando-se produzir o que não pode ser reciclado com custos elevados, se- gundo Anicet e Ruthschilling (2013, p. 5). Sabemos que a reciclagem é um caminho que tem merecido destaque em nossa sociedade, com retorno rápido e prático, mas que, ainda, sofre com falta de investimentos diretos de nossos governan- tes e, até mesmo, descaso da população, como diz Carvalho (2011). Esta é uma ferramenta importante para a diminuição dos impactos gerados pela cul- tura do consumo. As instalações de arte, por exem- plo, podem ser uma maneira efêmera de expressar este conceito. Artistas, como Kurt Schwitters (1887- 1948), Henrique Oliveira, Frans Krajcberg, Renata Uma curiosidade para você refletir: há 40 anos, a quantidade de lixo gerada era menor à atual, o lixo produzido, nas residências, era composto, basicamente, de matéria orgânica, dessa forma, era fácil eliminá-los. Hoje, com o aumento da população e da globalização, as inovações tecnológicas, no segmento dos meios de comunicação (rádio, televisão, inter- net, celular etc.), facilitaram o consumismo de mercadorias em escala mundial. “Atualmente quando compramos algo no supermercado, o lixo não é apenas gerado pelo produto em si, existe a etapa de produção e do consumo final: a sacola e o cupom fiscal.” Fonte: adaptado de Carvalho, Tânia de Goes Vieira (2011). SAIBA MAIS Figura 13 - Zero Waste, óculos de sol reciclado de skates Como profissional de design, você deve considerar este termo com o ciclo de vida do objeto, o ACV (Avaliação do Ciclo de Vida). Segundo Anicet e Ru- thschilling (2013), o ACV mede o impacto causado durante pré-produção, distribuição, uso e descarte do produto, levando em consideração critérios liga- dos à preservação dos recursos naturais, à qualidade do meio ambiente e à saúde humana. Pensando nisso, temos, como exemplo, a expres- são “Slow Design”, que pode ser definida como um projeto que promove bem-estar da sociedade e da na- tureza, por meio de produtos artesanais, abandonan- DESIGN EFÊMERO 56 de Andrade, expressam, por meios de objetos des- cartados, os problemas contemporâneos, de manei- ras estéticas e simbólicas, para a sustentabilidade. Outro caso que você pode observar são os eventos de política sustentável, nos quais a educação ambien- tal e os cuidados de preservação do meio ambiente são promovidos. Segundo Trigo e Senna (2016), es- ses eventos utilizam de algumas normativas, como a ABNT NBR ISO 20121/ 2012 (Sistemas de ges- tão para a sustentabilidade de eventos), a qual tem como objetivos a orientação e estímulos para buscar Também, com a ideia de reciclagem e reuso, temos a arquitetura efêmera, que, em alguns casos, como a arquitetura emergencial, utiliza materiais de usos distintos, sendo container, alumínio, plástico, tubos de papel, bambu, tecidos, lonas, madeira de reflo- restamento, paletes, vinil reciclado, pvc e outros. Para a concepção do projeto de arquitetura efêmera, deve-se considerar a sustentabilidade na criação, no projeto, nas escolhas dos materiais, na construção e no destino dos objetos, diminuindo os impactos ne- gativos sobre o meio ambiente em relação ao consu- mo de água, energia e produção de resíduos. Figura 14 - Frans Krajcberg, Expo. “Grito! Ano Mundial da Árvore “- Palácio das Artes Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)6. Figura 15 - Tapetes de materiais recicláveis, para a celebração do Corpus Christi É como resíduo que a arte neste século, em muitos casos, tem encontrado o seu sentido, seu único espaço de transcendência. (Juliana Cardoso) REFLITA Existe um documento do Rio+20 que apre- senta diretrizes para as edificações efêmeras serem projetadas, montadas ou construídas, atribuindo a sustentabilidade. Promovendo mudanças nas tecnologias e de comporta- mento, disseminando as boas práticas sus- tentáveis, conforme prevê a Lei Nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, a qual estabe- lece a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNM), e a Lei Nº 5690, de 14 de abril de 2010 do Rio de Janeiro, que institui a Política Estadual sobre Mudança Global do Clima e Desenvolvimento Sustentável. Para saber mais sobre o assunto, acesse: <http://www.rio20.gov.br>. Fonte: os autores. SAIBA MAIS DESIGN 57 a sustentabilidade nos eventos. Os eventos Live Ear- th, Starts With You (SWU), Olimpíadas, Árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas e Rock in Rio são alguns exemplos. Os eventos festivos, culturais e reli- giosos, como Natal, Carnaval, Festas Juninas, tapete de Corpus Christi, podem utilizar a reciclagem como elemento importante nas decorações e fantasias. zável, há um processo muito mais nocivo ao planeta do que, simplesmente, descartá-lo, como os cabos de panela, botões de rádio, pratos, canetas, bijuterias, es- puma, embalagens a vácuo, fraldas descartáveis. Portanto, nós, profissionais designers, temos a responsabilidade de atribuir, em nosso trabalho, este pensamento de preservação e cuidado. Buscar alternativas que, realmente, façam diferença. Com isso, os estímulos de proteção se expandirão e, con- sequentemente, a promoção da educação ambiental também. O maior desafio é aliar a sustentabilidade com o social, o econômico e o ecológico, mas, como vimos nos exemplos anteriores, é possível alcançar. Figura 16 - luminárias de Bambu, criada pelo designer David Trubridge Uma curiosidade importante é que, atual- mente, no Brasil, muitos materiais não são recicláveis, por não haver a tecnologia para o tipo específico de material. Fique atento ao comprar uma embalagem que é reciclável. Os materiais não recicláveis mais conhecidos são: - Papéis não recicláveis: adesivos, etiquetas, fita crepe, papel carbono, fotografias, papel toalha, papel higiênico, papéis e guardanapos engordurados, papéis metalizados, parafina- dos ou plastificados. - Metais não recicláveis: clipes, grampos, es- ponjas de aço, latas de tintas, latas de com- bustível e pilhas. Plásticos não recicláveis: cabos de panela, tomadas, isopor, adesivos, espuma, teclados de computador, acrílicos. - Vidros não recicláveis: espelhos, cristal, am- polas de medicamentos, cerâmicas e louças, lâmpadas, vidros temperados planos. Fonte: adaptado da USP (2016, on-line)7. SAIBA MAIS Os mobiliários efêmeros, associados à questão am- biental, utilizam materiais reutilizados, como ma- deira de reflorestamento, paletes, insumos metálicos de reaproveitamento e de fibras orgânicas. Cuida- dos, como a utilização de tintas e adesivos a base de água, também, são importantes. Nós, como indivíduos e profissionais, temos a responsabilidade de ter esta consciência de preser- var e cuidar do meio em que vivemos. Buscar pensar desde o consumo à criação e concepção dos objetos. Sempre procurar alternativas que amenizarão os im- pactos degradantes. Ao comprar um produto, analise se a embalagem tem a possibilidade de reuso, para não estimular o consumo de alguns determinados produtos que não são recicláveis; ao criar, pense nos materiais, seu ciclo de vida e destino. A maior difi- culdade, hoje, além de ter estes atributos citados, é a relação do processo de reciclagem com o seu destino final. Muitas vezes, para tornar um material reutili- DESIGN EFÊMERO 58 Atualmente, as condições oferecidas
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