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Apostila-Direitos Humanos e Cidadania

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Prévia do material em texto

1
DIREITOS 
HUMANOS E 
CIDADANIA
Profª. Me. Elisia Maria de Jesus Santos
2
DIREITOS HUMANOS E 
CIDADANIA
PROFª. ME. ELISIA MARIA DE JESUS SANTOS
3
 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Esp. Izabel Cristina da Costa
 Revisão técnica: Profa. Me. André Sena
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Fernanda Cristine Barbosa
 Clarice Virgilio 
 Prof. Esp. Guilherme Prado 
 
 Design: Maria Eliza Perboyre Campos
 Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Daniel Guadalupe Reis
© 2021, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
4
DIREITOS HUMANOS E
 CIDADANIA
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
5
 Possui graduação em Ciências Sociais pela 
Universidade Federal da Bahia (2008) e mestra-
do na pós - graduação de Ciências Sociais na 
Universidade Federal da Bahia. Orientada por 
Miriam C.M. Rabelo, com concentração da pes-
quisa na área da Sociologia da Religião. Tem se 
dedicado ao estudo de questões sócio-culturais 
e raciais relativas à religião e educação, desen-
volvendo pesquisas sobre as relações entre reli-
gião, práticas corporais e modos de tratamento 
no contexto do candomblé e pentecostalismo. 
Tem interesse especial no desenvolvimento de 
abordagens fenomenológico no campo das ci-
ências sociais, particularmente nas discussões 
contemporâneas sobre corporeidade, experiên-
cia e vida cotidiana. É pesquisadora do Núcleo 
de Estudos em Ciências Sociais e Saúde (ECSAS) 
da Universidade Federal da Bahia. Atualmente 
está cursando sua segunda graduação em His-
tória e desenvolve materiais pedagógicos para 
FTC e UNYLEYA, além de ser professora e tutora 
destas duas instituições.
ELISIA MARIA DE JESUS SANTOS
Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali-
ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/0039721705011949
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
6
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
7
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
SUMÁRIO
1.1 A História Dos Direitos Humanos ........................................................................................................................................................................................................................................10
1.2 A Construção Da Cidadania E Dos Movimentos Sociais ....................................................................................................................................................................................14
1.3 O Desenvolvimento Das Políticas Públicas .................................................................................................................................................................................................................15
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................17
2.1 A Construção Dos Direitos Humanos Na Atualidade ..........................................................................................................................................................................................22
2.2 A Cultura E Identidade No Século XXI ..........................................................................................................................................................................................................................23
2.3 A Globalização Da Cultura E A “Dromocracia” ........................................................................................................................................................................................................26
FIXANDO O CONTEÚDO ...............................................................................................................,................................................................................................................................................31
3.1 Análise Sobre Corpo, Sexualidade E Gênero ..............................................................................................................................................................................................................35
3.2 Cultura, Identidade E Alteridade Nas Questões De Gênero E Sexualidade ........................................................................................................................................37
3.3 Diversidade: Raça, Gênero, Desvios E Desafios Na Perspectiva Descolonial .....................................................................................................................................38
FIXANDO O CONTEÚDO ...............................................................................................................................................................................................................................................................40
DIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOS NA ATUALIDADE
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DO GÊNERO E DA SEXUALIDADE
4.1 Gênero, Configurações Familiares E Parentalidade ............................................................................................................................................................................................45
4.2 As Abordagens Religiosas Sobre Gênero ...................................................................................................................................................................................................................47
4.3 A Cultura E Suas Construções De Gênero .................................................................................................................................................................................................................48
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................50
GÊNERO E SUAS CONFIGURAÇÕES
5.1 Um Aprofundamento Na Identidade Cultural E Multiculturalismo ..........................................................................................................................................................55
5.2 Os MovimentosSociais E O Reconhecimento Identitário ..............................................................................................................................................................................60
5.3 Algumas Reflexões Sobre Parâmetros De Identificação De Gênero ......................................................................................................................................................63
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................66
IDENTIDADE, RELAÇÕES DE GÊNERO E DIREITOS HUMANOS
UNIDADE 5
6.1 Gênero E Violência Contra A Mulher ..............................................................................................................................................................................................................................71
6.2 Gênero E Sexualidades No Ambiente Escolar ..........................................................................................................................................................................................................71
6.3 Gênero, Raça/Etnia E Feminismos ..................................................................................................................................................................................................................................79
FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................................................................................................................................................................................................82
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................................................................86
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................................................................................................................87
GÊNERO, DIVERSIDADE E DIREITOS HUMANOS
UNIDADE 6
8
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
I
C
V
R
O
UNIDADE 1
Esta unidade introdutória está dividida em três tópicos: 1- A História dos Direitos 
Humanos; 2- A construção da cidadania e dos Movimentos sociais e; 3- O 
desenvolvimento das Políticas Públicas. Nela, iremos abordar as dimensões históricas 
e os principais conceitos relacionados ao tema geral, além de pontuar questões 
atuais e pertinentes ao nossos estudos.
UNIDADE 2
Esta unidade esta organizada em três tópicos: 1- A construção dos direitos humanos 
na atualidade; 2- A cultura e identidade no século XXI e; 3- A globalização da cultura 
e a “dromocracia”. Nela, aprofundaremos os nossos estudos com perspectivas 
críticas acerca dos Direitos Humanos no contexto global atual, além de abordar o 
conceito de dromocracia, relacionado às tecnologias.
UNIDADE 3
Esta unidade esta dividida em três tópicos: 1- Análise sobre corpo, sexualidade e 
gênero; 2- Cultura, identidade e alteridade nas questões de gênero e sexualidade 
e; 3- Diversidade: raça, gênero, desvios e desafios na perspectiva descolonial. Nela 
iremos estudar as perspectivas críticas relacionadas ao grande tema de gênero e 
sexualidade, com ênfase nas suas especificidades. As categorias cultura, identidade, 
raça e colonialidade serão abordadas.
UNIDADE 4
Esta unidade esta organizada em três tópicos: 1- Gênero, configurações familiares 
e parentalidade; 2- As abordagens religiosas sobre gênero e; 3- A cultura e suas 
construções de gênero. Nela iremos estudar as perspectivas críticas relacionadas 
ao grande tema de gênero e suas configurações, com destaque nos aspectos da 
cultura, da instituição família e as noções de parentalidade.
UNIDADE 5
Esta unidade esta organizada em três tópicos: 1- Um aprofundamento na Identidade 
cultural e Multiculturalismo; 2- Os movimentos sociais e o reconhecimento 
identitário e; 3- Algumas reflexões sobre parâmetros de identificação de gênero. 
Iremos abordar a temática das identidades e as relações de gênero na perspectiva 
dos Direitos Humanos, será pertinente abordar a organização dos movimentos 
sociais com reivindicações identitárias.
UNIDADE 6
Esta unidade esta organizada em três tópicos: 1- Gênero e violência contra mulher; 
2- Gênero e sexualidades no ambiente escolar e; 3- Gênero, raça/etnia e feminismos. 
Iremos tratar a temática de gênero com aprofundamento na categoria de raça e 
feminismos, no plural, indicando a diversidade de vertentes e discussões, além da 
abordagem do tema nas escolas. 
9
DIREITOS 
HUMANOS
10
1.1 A HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS
 Ainda que o termo Direitos Humanos seja recorrentemente citado nos meios 
midiáticos e a maioria das pessoas já tenha ouvido o termo, é importante iniciarmos 
nossos estudos considerando que nem sempre foi assim, ou seja, os Direitos Humanos 
como hoje o apreciamos passou por grandes transformações, por diferentes concepções 
e entendimentos, até se formular como nos é passado hoje. 
Figura 1: Direitos Humanos
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/35StBrg. Acesso em: 14 dez. 2021 
 Historicamente, as sociedades vêm desenvolvendo diferentes acepções do que, 
reunido e compilado ao longo do tempo, se tornou os Diretos Humanos. Em outras 
palavras, as ideias primordiais deles estavam presentes ali. 
 Assim, na medida em que esses grupos foram se construindo, a vida dos seus 
integrantes passou a ser baseada nas relações sociais, com as suas interações culturais, 
religiosas econômicas e com o desenvolvimento da comunicação, esta última que 
desenvolveu papel fundamental para a harmonia daquelas sociedades. 
 De fato, para que os grupos vivessem de forma organizada e com o mínimo de 
harmonia para que todas as regras fossem cumpridas era necessário a criação de regras 
que se tornaram essenciais, já que, passou a conduzir a convivência e o comportamento 
de todos que eram submetidos a elas. Podemos inferirque, nesse contexto das regras 
das sociedades que surgiam, nasceram também os primeiros elementos dos Direitos 
Humanos. 
 A fim de aprimorar nossa reflexão é importante entender que o termo “direito” 
para além da concepção jurídica da palavra é constituído de valores que orientam as 
sociedades e as normas aceitas e aplicáveis dentro delas. Os Direitos Humanos, em sua 
parte, são fundamentais para a constituição de uma sociedade organizada. 
 Há estudos da área da Antropologia que utilizam como critérios para mensurar o nível 
de civilização de um grupo social, bem como, a sua capacidade coletiva de organização 
e de cumprimento de regras, ou seja, analisando a história de um determinado povo 
para que pudesse observar o seu nível de crescimento e de aprimoramento das ações, 
costumes e divisões. 
 Por isso, conhecer e compreender o passado nos ajuda a refletir sobre os processos 
de lutas e conflitos que regeram a existência de eventos históricos, de lugares, de conflitos, 
de sistemas, etc. 
11
 Foi no período das luzes, no Iluminismo que houve a concretização daquilo 
que ficou conhecido como Direitos Humanos, pois, Montesquieu (1689-1755) definiu a 
liberdade enquanto o direito de poder fazer aquilo que as leis permitem. 
 Assim, as teorias de Montesquieu na questão da limitação do poder absoluto da 
monarquia prometiam um equilíbrio entre os poderes estabelecidos, ou seja, Legislativo, 
Executivo e Judiciário, tal método influenciou na organização de outros Estados e na 
concepção dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
 Jean- Jacques Rousseau (1712-1778) foi lembrado por denunciar a desigualdade 
e as injustiças quando afirmou que os homens devem se referir à justiça e a liberdade 
somentea partir da leis. 
 As ideias de Rousseau focalizam a subordinação dos indivíduos ao consenso geral, 
sob a ideia de igualdade coletiva, por isso, suas ideias também são percursoras das 
noções de Direitos Humanos. 
 Do mesmo modo, nos permite conhecer acerca dos Direitos Humanos. Quando 
passamos a entender passado dos direitos, nos permitimos compreender o presente e 
possibilita enxergar os aspectos de evolução e aqueles que ainda precisam de melhorias. 
 No decorrer da História da Humanidade, ela viveu sob diferentes regimes de 
quase centralização total do poder, nos quais, os direitos civis e políticos eram quase que 
inexistentes. Ou seja, os indivíduos não eram tratados de forma igual, pois, não tinham o 
reconhecimento da igualdade enquanto um elemento essencial da existência humana, 
assim, era diferenciado e discriminado pelos mais diversos aspectos, fossem eles sociais, 
econômicos, de origem, gênero, religiosos e outros. 
 De maneira geral, a conquista da igualdade custou e percorreu longos períodos 
para chegar onde hoje a vemos, pelo menos positivada nas leis, enquanto direito, como 
o é hoje na maioria dos países em volta do globo. Por isso que, mais uma vez, atentamos 
que os Direitos Humanos não nascem de forma integrada a noção de universalidade. 
 Pois, essa concepção foi se aprimorando na história e, na contemporaneidade, 
havendo reconhecimento dos direitos, há a responsabilidade de defende-lo para todos, 
sem impacto ou diferença de alguma. Somente com esse pensamento poderemos fazer 
com que estes sejam garantidos na vida de todos os indivíduos. 
 Um dos primeiros textos da atualidade que expressam os Direitos de todos os 
indivíduos de uma sociedade é a Declaração de Independência dos Estados Unidos de 
1776, redigida por Thomas Jefferson, na qual proclama “sustentamos, como verdadeiras 
evidências, que todos os homens nascem iguais, que estão dotados pelo seu criador de 
certos direitos inalienáveis, entre os quais se encontra o direito à vida, à liberdade e à 
busca da felicidade”. Contudo, faz-se importante destacar que embora a Declaração de 
Independência dos EUA seja um marco dos direitos liberais, ela, na prática, representava 
um enorme paradoxo já que não estendia suas regalias aos negros e negras americanas 
que continuaram escravizados por quase 100 anos depois da promulgação da Declaração.
 Na Revolução Francesa, em 1789 foi proclamada a Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão, na qual, foram definidos os direitos básicos do homem, 
considerados naturais como a liberdade, a igualdade, a segurança, à propriedade e o 
respeito à vida. Tal qual a Declaração estadunidense não considerava a população negra 
em seu texto a francesa deixou de especificar que os direitos previstos em sua Declaração 
abarcavam as mulheres, expondo a desigualdade de gênero, uma vez que ela não previa 
os direitos, a igualdade ou a fraternidade às mulheres. Pelo contrário, como ilustra o caso 
de Olympe de Gouges (1748-1793) que em 1793 foi guilhotinada em Paris por escrever 
12
Declaração dos direitos da mulher e da cidadã. 
 Aprovada em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos foi um marco internacional na geração e defesa dos 
direitos humanos ao redor do globo. No documento, estão expressos três tipos de direitos 
humanos: 
 1) Direitos de primeira geração: São os direitos civis e políticos, exigidos pelos 
revolucionários liberais dos séculos XVII e XVIII, se enquadram nos direitos à liberdade, às 
garantias processuais, à liberdade, ao direito ao voto e à propriedade. 
 2) Direitos de segunda geração: São os direitos econômicos, à educação e ao acesso 
aos bens culturais, são aqueles exigidos através dos movimentos dos trabalhadores, 
referem-se às proteções contra o desemprego, por salários dignos e pelo descanso 
remunerado. 
 3) Direitos de terceira geração: Surgem no contexto da contemporaneidade, são 
alicerçados em dois fatores principais, as mudanças nos valores da sociedade e na nova 
organização nacional e internacional. Neste contexto, estão presentes os direitos à paz, a 
preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento, também se destacam os direitos 
das crianças, dos migrantes, imigrantes e das minorias étnicas e religiosas. 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada em dezembro de 1948 
pela Organização das Nações Unidas, e está organizada em 30 artigos. Esta Declaração 
representa ”o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o 
objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade [...] esforce-se [...] por promover 
o respeito a esses direitos e liberdades, e [...] por assegurar o seu reconhecimento e a 
sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Membros 
quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
 No Brasil, mais especificamente na luta pelos direitos humanos, diversos grupos 
lutaram pela garantia desses e, nem sempre foi fácil, assim como aconteceu no mundo 
todo, aqui os direitos foram sendo garantidos com muita luta. 
 No processo de redemocratização que o Brasil viveu e com a promulgação da 
Constituição de 1988, o país passou por uma transformação considerável no que se refere 
à garantia de direitos, principalmente aos grupos subalternizados historicamente. 
A Constituição da Republica Federativa do Brasil é considerada a mais completa 
das constituições já existentes e ao teor que é dado aos Direitos Humanos é con-
siderada como a Constituição Cidadã. Para saber mais, acesse a Constituição na 
íntegra: Disponível em: https://bit.ly/3NXORNe. Acesso em: 10 Jan. 2022.
FIQUE ATENTO
 Nela, apesar dos avanços vistos na questão dos Direitos Humanos, ficam ainda 
algumas evidências de fracasso e de suas limitações, principalmente no que se refere à 
aplicação e prática do texto escrito. 
 Na charge a seguir, por exemplo, está resumida a triste situação dos direitos 
humanos no Brasil, principalmente no que se refere à questão do acesso à moradia e 
outros fundamentais. 
13
Figura 2: Sobre a Constituição Cidadã de 1988
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3NOtbmV. Acesso em: 15 dez. 2021
Apesar dos avanços ainda restam muitos passos a serem dados para a plena concretiza-
ção dos direitos humanos no Brasil seja atingida. Para tanto, é fundamental que haja a 
garantia da justa participação de todos os segmentos da sociedade nas decisões políticas 
para aproximar os cidadãos de seus representantes políticos, para que se faça valer, de 
fato, os direitos conquistados com a democratização de acesso a estes.
VAMOS PENSAR?
 A Constituição Cidadã, portanto, dá indícios para assegurar os mais amplos 
direitos a cada indivíduo dentro da sociedade nacional, se preocupando em combater 
os preconceitos e efetivar a igualdade jurídica e social, assim, aperfeiçoar essa igualdade 
é um dever de cada cidadão e deve ser exercido por todos. 
Para saber mais sobre o tema e conhecer outras questões importantes, assista 
aos vídeos indicados abaixo:
Canal Politize! DIREITOS HUMANOS PARA QUEM? | SEGUE O FIO 29. Disponível 
em: https://bit.ly/36VCpgB. Acesso em: 14 jan. 2022.
Canal ONU Brasil. Por que defender os direitos humanos? Disponível em: https://
bit.ly/3Kxrh7S. Acesso em: 14 jan. 2022.
Canal UN Human Rights. UN Fund for Victims of Torture: The perspective of vic-
tims on justice. Disponível em: https://bit.ly/3vlpaxZ. Acesso em: 14 jan. 2022.
BUSQUE POR MAIS
14
1.2 A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA E DOS MOVIMENTOS SOCIAIS 
 Ao longo da história das sociedades, em especial da sociedade brasileira, as 
lutas desenvolvidas pelas classes populares foram e têm sido fatores importantes que 
contribuem para a construção da cidadania, de um modo geral. Dois conceitos de 
movimentos sociais serão apontados inicialmente, de acordo com Gohn (2004, p.13):
Nós os vemos como ações sociais coletivas de caráter 
sociopolítico e cultural que viabilizam distintas formas 
da população se organizar e expressar suas demandas.Na ação concreta, essas formas adotam diferentes es-
tratégias que variam da simples denúncia, passando 
pela pressão direta (mobilizações, marchas, concentra-
ções, passeatas, distúrbios à ordem constituída, atos de 
desobediência civil, negociações etc.), até as pressões 
indiretas. 
 De outro modo, “os movimentos sociais constituem parte da realidade social, na 
qual, as relações sociais ainda não estão cristalizadas em estruturas sociais, nas quais 
a ação é a portadora imediata da tessitura relacional da sociedade e de seu sentido" 
(AVRITZER, 1994, p. 189-190 apud AZEVEDO, 2013, p. 43). 
 Podemos dizer que, vistas essas definições, muitas conquistas sociais dependeram 
de organizações e mobilizações da sociedade civil, ou seja, os movimentos sociais 
acompanharam os passos democráticos de diversos países visando à cidadania.
A história do Brasil é plena de movimentos de resistência 
da população aos padrões de dominação do coloniza-
dor europeu, desde as populações nativas aos escravos 
negros africanos e brasileiros, aos mestiços e mulatos, 
mão-de-obra explorada pelos donos dos meios de pro-
dução. E no final do século XVIII, com o agravamento da 
crise do sistema colonial brasileiro, sucessivas rebeliões, 
insurreições, revoltas, conspirações, motins, distúrbios, 
quilombos - com a participação da população livre, po-
bre e mestiça e dos escravos - ocorrem no Brasil, como 
as insurreições mineira, baiana e carioca, a revolução 
nordestina de 1817, a Confederação do Equador em 1824, 
as revoltas provinciais como a Sabinada na Bahia, Ba-
laiada no Piauí e Maranhão, a Cabanagem no Pará, a Ca-
banada e a Praieira em Pernambuco e a Farroupilha no 
Rio Grande do Sul, para citar apenas as maiores mani-
festações, sem falar das pequenas sedições do cotidiano 
e os quilombos da população negra (DIAS, 2003, N/P).
 Ainda durante o período colonial (1500 - 1822) os movimentos sociais mais 
representativos foram dos povos indígenas, que lutaram para não serem escravizados 
e para manterem suas terras e seu modo de vida. Obviamente que os povos africanos 
que para cá foram trazidos como escravizados e explorados em sua força de trabalho 
desenvolveram tecnologias de resistências, individuais e coletivas, que os fizeram 
sobreviver e resistir aos três séculos de escravização, é preciso frisar. 
15
 Muitos indígenas foram mortos, segundo Carvalho (2003, p.20) “os índios brasileiros 
foram rapidamente dizimados e os poucos sobreviventes foram politicamente submissos, 
socialmente inferiorizados e tiveram sua cultura transfigurada”. 
 Além dessa triste realidade de usurpação da cidadania dos índios pela dominação 
de seu território, também, os africanos que foram trazidos pelos portugueses, não tiveram 
o reconhecimento de sua cultura e crenças, foram escravizados, construíram essa nação, 
rendendo riquezas incalculáveis a seus senhores, sem terem nenhum benefício e ainda 
viviam em condições de vida subumanas nas senzalas; assim rebelaram-se, cuja principal 
forma de resistência era as revoltas localizadas e a formação de quilombos: "O fator mais 
negativo para a cidadania foi a escravidão." (CARVALHO, 2003, p. 19). 
 A independência do Brasil de Portugal também pertence ao quadro de movimentos 
sociais significativos da época, bem como, da Inconfidência Mineira (1789-1792) e a 
Conjuração Baiana (1796-1799). Ainda sobre o contexto da escravidão, Gohn afirma que:
Os abolicionistas propunham aos escravos que se trans-
formassem em cidadãos, sujeitos de direito; isto impli-
cava a constituição de trabalhadores livres e assalaria-
dos. Mas vários estudos sobre o período demonstram 
que aquelas propostas eram utópicas e que, de fato, 
após a abolição, vários escravos tornaram-se trabalha-
dores servis e, na cidade, permanecerem desemprega-
dos. (GOHN, 1995, p. 198).
 Podemos dizer que, na contemporaneidade, foi neste ponto que as lutas do 
povo brasileiro pela construção e garantia de direitos e igualdades sociais, começaram 
totalizando diversos movimentos e revoluções de norte ao sul do Brasil, em busca de 
uma sociedade mais cidadã. 
 Os movimentos sociais, nas suas lutas, transformaram os direitos declarados 
formalmente em direitos reais. As lutas pela liberdade e igualdade ampliaram os direitos 
civis e políticos da cidadania, criaram os direitos sociais, os direitos das chamadas 
"minorias" - mulheres, crianças, idosos, minorias étnicas e sexuais - e, pelas lutas 
ecológicas, o direito ao meio ambiente sadio (VIEIRA, 2004, p. 39-40).
 É importante ressaltar a contribuição que os movimentos e as lutas sociais 
promoveram na construção da cidadania, mostrados nesta respectiva história, 
construída por sujeitos preocupados e inconformados com as situações que lhes eram 
apresentadas. Essas lutas prevalecem ainda hoje, porém faz-se necessário que haja uma 
maior preocupação por parte da sociedade brasileira para que tudo o que foi conquistado 
seja mantido e que não haja acomodações. 
1.3 O DESENVOLVIMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
 Os direitos universais contemplam a educação, a saúde, o meio ambiente, o lazer, 
o saneamento básico e outros que devem ser proporcionados à população por meio das 
políticas públicas. Um exemplo interessante de política pública é o Programa Minha Casa, 
Minha Vida lançado em 2009 como uma proposta de resolver ou, ao menos, amenizar a 
problemática do déficit habitacional no país. 
 Políticas Públicas, na acepção da Administração Pública, podem ser compreendidas 
16
como um agrupamento de programas, ações e projetos que os governos tomam tendo, 
direta ou indiretamente, a participação de instituições públicas ou privadas que visam 
promover ou assegurar direitos de cidadania para grupos de determinado segmento 
social, cultural, étnico ou econômico nas sociedades, principalmente, os direitos 
fundamentais expressos na Constituição Federal Brasileira de 1988. Observa-se, no 
entanto, que existem outras definições do conceito de políticas públicas específicas de 
diferentes áreas de conhecimento e de vertentes teóricas, para nossos estudos iremos 
nos ater a dada acima. 
 As políticas públicas, de maneira geral, podem ser parte de projetos políticos de 
Estado ou uma política de governo, ou seja, a política de Estado se refere a toda política 
que independente do governo e do governante que esteja no comando do país deverá 
ser realizada e continuada por ser amparada na legislação máxima do país, a Constituição 
Federal. 
 A política de governo, por sua via, pode ser modificada ou eliminada de acordo 
com quem governa o país, ou seja, cada governo tem os seus projetos que poderão se 
transformar em políticas públicas. 
17
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (ENADE- 2018). A Declaração Universal dos Direitos Humanos chega aos seus 70 anos 
de existência em um tempo de desafio crescente. Em dezembro de 1948, a UNESCO foi 
a primeira agência da Organização das Nações Unidas a colocar a Declaração Universal 
no centro de todas as suas ações e a promovê-la pelo mundo por meio da educação 
e da mídia. Nesse contexto, a UNESCO convoca todos a renovarem seu compromisso 
com os direitos humanos e com a dignidade que une a humanidade como uma única 
família, e a defender a Declaração dos Direitos Humanos em cada sociedade e em todas 
as instâncias. 
Disponível em: https://bit.ly/3xc0avt Acesso em: 15 jan 2022. 
Considerando a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que proclamou 
os direitos inalienáveis de todos os seres humanos com base no princípio da dignidade 
humana, avalie as afirmações a seguir.
I. A fim de que seu significado possa ter a maior amplitude possível, a DUDH deixou de 
conceituar o princípio da dignidade humana.
II. A Assembleia Geral das Nações Unidas promulgou a DUDH que, por ser considerada 
costume internacional, vincula as decisões na ordem interna.
III. Para facilitar sua aplicação de acordo com o regionalismo cultural, a DUDH preconiza 
a ideia do universalismo decorrente da noção de que os direitos assumem a forma de 
cláusula fechada.
Écorreto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
2. (ENADE-2018). A Corte Interamericana de Direitos Humanos publicou opinião 
consultiva que reitera a jurisprudência da Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos de que a orientação sexual e a identidade de gênero são direitos protegidos 
pela Convenção Americana de Direitos Humanos, como direitos ligados às garantias de 
liberdade e de autodeterminação que devem ser reconhecidas pelos Estados integrantes 
da Organização dos Estados Americanos (OEA). Considerando esse contexto, assinale a 
opção correta.
 
a) A Constituição Federal brasileira de 1988, no que se refere à união de pessoas do 
mesmo sexo, não se coaduna com a mencionada opinião consultiva, uma vez que 
não prevê a união homoafetiva, posição corroborada pela jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal.
b) A recente decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro acerca da não obrigatoriedade 
18
da realização de cirurgia de transgenitalização demonstra que o Brasil tem aplicado 
corretamente o controle de convencionalidade. 
c) O reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro do direito de alteração do 
nome e do sexo dos transgêneros no documento de identificação, sem a necessidade 
de realização da cirurgia da transgenitalização, corrobora a jurisprudência da Corte 
Interamericana de Direitos Humanos. 
d) A amplitude do conceito de igualdade de gênero, intrinsecamente associado ao 
da dignidade essencial da pessoa, permite que os Estados adotem políticas públicas 
restritivas em relação aos direitos da população LGBTI+. 
e) A comunidade internacional está obrigada a observar as opiniões consultivas proferidas 
pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, tanto em suas políticas públicas como 
em seus ordenamentos jurídicos internos.
3. No dia 5 de outubro do ano de 1988, foi promulgada a Constituição da República 
Federativa do Brasil, e sua promulgação marcou o estado de redemocratização do Brasil.
Analisando a charge acima, de Miguel Paiva, sobre a Constituição brasileira, considera-se 
que:
a) Na Constituição de 1988, toda população conquistou moradia, alimentação e saúde.
b) A Constituição de 1988 representou, sem dúvida, um grande avanço na política 
brasileira. Contudo, ainda existe uma enorme distância entre o que diz a lei e o que 
grande parte da população vive na prática.
c) A Constituição de 1988 auxiliou no aniquilamento da fome e miséria no país, sendo 
assim, entrou para a história do Brasil como uma lei avançada político e socialmente.
d) A Constituição de 1988 precisa ser revista, pois o texto constitucional apresentado não 
é adequado para os direcionamentos da sociedade brasileira.
e) A moradia, educação e alimentação são questões centrais na Constituição de 1988, 
por isso devem ser visualizadas de forma mais efetiva pelos políticos brasileiros.
4. (TJ- MG 2021). A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada 
através da Resolução nº 217 da ONU, em 10 de dezembro de 1948. Sobre a DUDH, marque 
V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
19
( ) Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu 
domicílio, ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais 
intromissões ou ataques, toda pessoa tem direito à proteção da Lei. 
( ) Toda pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior 
de um Estado. Toda pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, 
incluindo o seu; bem como o direito de regressar ao seu país. 
( ) Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este 
direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade 
de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público quanto 
em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 
( ) Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o 
direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem 
consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão. 
A sequência está correta em:
a) V- V- F- F.
b) F- F- V- F.
c) F- F- F- V. 
d) V- V- V- V.
e) F- V- V- F.
5. A respeito e com base na DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos), assinale 
a alternativa CORRETA.
a) A DUDH é um dos mais importantes tratados internacionais sobre direitos humanos, 
cuja gênese encontra-se vinculada ao contexto histórico do fim da segunda guerra 
mundial.
b) A vontade do povo será a base da autoridade do governo, esta vontade será expressa 
em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo 
equivalente que assegure a liberdade de voto, sendo imprescindível a filiação partidária.
c) O direito de organizar sindicatos e de neles ingressar é um direito humano com 
previsão expressa na DUDH.
d) maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. As crianças 
nascidas fora do matrimônio, entretanto, gozarão de proteção especial.
e) O direito humano à liberdade de locomoção não engloba o direito de deixar qualquer 
país, inclusive o próprio, e a este regressar.
6. Com relação à Declaração Universal dos Direitos Humanos, julgue o item. 
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e pode 
legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais 
indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional de harmonia 
com a organização e os recursos de cada país. 
Alternativas:
20
a) Correto.
b) Parcialmente Correto.
c) Incorreto.
d) Parcialmente Incorreto.
e) Nenhuma das Alternativas.
7. Com relação à Declaração Universal dos Direitos Humanos, julgue o item. 
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; esse 
direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade 
de manifestar a religião ou a convicção, sozinho ou em comum, tanto em público quanto 
em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
a) Incorreto
b) Parcialmente Correto
c) Correto
d) Parcialmente Incorreto
e) Nenhuma das alternativas
8. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada em dezembro de _____ pela 
______________________, e está organizada em ____ artigos. Esta Declaração representa ”o 
ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de 
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade [...] esforce-se [...] por promover o respeito 
a esses ____________, e [...] por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância 
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Membros quanto entre os 
povos dos territórios sob sua jurisdição”.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho 
acima. 
a) 1945 – Organização Mundial da Saúde – 40 – deveres e liberdades
b) 1948 – Organização das Nações Unidas – 30 – direitos e liberdades
c) 1948 – Organização das nações Unidas – 40 – deveres e liberdades
d) 1945 – Organização das Mundial da Saúde – 30 – direitos e liberdades
e) 1948 – Liga das Nações – 40 – direitos e liberdades
21
DIREITOS HUMANOS 
NA ATUALIDADE
22
2.1 A CONSTRUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA ATUALIDADE
 Para compreender a construção dos Direitos Humanos na atualidade é interessante 
partir da análise de dois eventos históricos que, na primeira metade do século XX, marca 
a história humana, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. 
 Foi no quadro desses eventos que houve consequências mundiais com danos 
gigantescos gerados que puderam ser sentidos durante muito tempo e, também, 
podemos refletir sobre o grande impacto que gerou no âmbito dos Direitos Humanos. 
 Na Segunda Guerra (1938-1945), especialmente, houve registro de maior número 
de vítimas que chegou a 85 milhões de pessoas, do mesmo modo, teve maiores custos 
e promoveu mudanças mundiaisnunca vistas anteriormente. 
 É no mesmo período que vemos demarcada a discriminação explícita e o 
extermínio de grupos minoritários com justificativa aliada a uma ideia de pureza das 
raças. O mais notável foi o Holocausto Judeu, na Europa em territórios ocupados pela 
Alemanha Nazista. 
 No âmbito dos Direitos Humanos, o genocídio e as crueldades impactaram a 
comunidade de países que, após o fim da segunda guerra se organizaram e se juntaram 
na Conferência de São Francisco (1945) e assinaram a Carta das Nações Unidas, dando 
origem a Organização das Nações Unidas (ONU).
 O objetivo da Organização das Nações Unidas e da Carta era estabelecer a paz 
mundial e a segurança internacional, incentivando as nações a adotarem meios 
pacíficos para solucionar seus conflitos para que os erros do passado e das guerras não 
se repetissem, evitando, de maneira específica o deflagrar de uma nova guerra mundial.
Em 1948, a ONU elabora e publica a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Esta publicação é considerada um marco para todo o campo do Direito Inter-
nacional e para os Direitos Humanos, em particular, já que, ela foi a primeira 
estrutura formal e material global, válida como lei que se dedicou à proteção 
dos direitos fundamentais de cada indivíduo. Para ver a Declaração na Integra 
acesse: https://uni.cf/370mXja. Acesso em: 12 jan. 2022.
FIQUE ATENTO
 É neste cenário que os Direitos Humanos se tornam uma preocupação internacional 
e o processo de universalização , enquanto princípio retórico de reforço da ampliação 
dos direitos, tal universalidade, contudo, parte de um contexto muito específico: o 
mundo ocidental-europeu-americano-cristão-capitalista. Isso quer dizer que, os direitos 
na Declaração têm uma perspectiva notável de atender aos dogmas de uns mais que 
de outros, formando o que ficou reconhecido como o Sistema Internacional de Proteção 
dos Direitos Humanos. 
 Um dos princípios fundamentais cunhados pelo Sistema é o da dignidade da 
pessoa humana, que está expresso no artigo 1° da Declaração que declara: “todos os 
seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (ONU, 1948). 
Pelo caráter universal do documento, portanto, toda pessoa humana passa a ser protegida 
pelo fato de existir e ser humano. Isso vai além do reconhecimento de cidadania por seu 
23
país, já que, todo indivíduo e cidadão do mundo perante os olhos do Direito Internacional, 
considerando que, tal abrangência é um objetivo ainda a ser alcançado, pois, se consolida 
enquanto retórica ideológica para a humanidade. 
 Isso quer dizer, de maneira geral, que todo ser humano independente de qual seja 
sua origem, nacionalidade, sexo, língua, religião, etnia, raça, sexo e idade possui todos os 
direitos fundamentais garantidos e de forma inalienáveis estabelecidos pela Declaração 
Universal dos Direitos Humanos desde 1948. Cabe reforçar para o entendimento que 
a Declaração não tem força de lei imposta sob algum tipo de pena, ou seja, ninguém 
possui esses direitos objetivos de fato. Como o nome diz, é uma declaração, ela apenas 
declara e orienta como deveria ser, cabendo aos Estados incorporar ou não esses direitos 
em seus próprios ordenamentos jurídicos internos e Cartas, como o Brasil o fez em sua 
Constituição Federal.
 Os Direitos Humanos, portanto, buscam assegurar que todos, sem exceção de 
nenhum tipo, tenham plenas condições para viver de maneira digna. Dentre os direitos 
podemos destacar o direito à vida, à liberdade, à justiça, à segurança social, à alimentação 
e ao bem-estar. 
 Um dos exemplos é que conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
proclamada pela Resolução nº 217ª (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas, em seu 
artigo 9° ninguém poderá ser arbitrariamente preso, detido ou exilado, ou seja, ela se 
compromete com o direito à liberdade de todo cidadão. 
 A Assembleia das Nações Unidas adota agora, além da Declaração em si, nove 
tratados internacional de Direitos Humanos:
 1. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, 1966;
 2. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, 1966;
 3. Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, 1966;
 4. Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a 
Mulher, 1979;
 5. Convenção contra a Tortura, 1984;
 6. Convenção sobre os Direitos da Criança, 1989;
 7. Convenção sobre Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e 
suas Famílias, 1990;
 8. Convenção sobre os Direitos de Pessoas com Deficiência, 2007;
 9. Convenção para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos 
Forçados, 2007 (Retirado de: https://bit.ly/3LInmW0 Acesso em Fev. 2022).
 Cada um deles possui um comitê próprio com especialistas que monitoram a sua 
implementação por parte e com apoio dos Estados membros, inclusive o Brasil que é 
signatário de todos os principais acordos internacionais no âmbito dos Direitos Humanos. 
2.2 A CULTURA E IDENTIDADE NO SÉCULO XXI
 Com as movimentações de viagens entre países, cada vez mais o mundo 
foi se interligando e estabelecendo relações comerciais e políticas. O processo de 
comercialização em massa de insumos como açúcar e algodão , desde antes do início 
das viagens pelo globo, viabilizou contatos com partes do globo antes remotas.
24
Figura 3: Sociedade global
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/377at9k. Acesso em: 15 dez. 2021
 Vanessa Batista (2009), em artigo intitulado “O Fluxo migratório mundial e o 
paradigma contemporâneo de segurança migratória”, reflete sobre os aspectos que 
corroboraram para a solidificação de um fluxo de migração mundial.
O contexto da globalização tem atuado diretamente 
sobre o formato das migrações internacionais, especial-
mente quanto às migrações em massa, a livre circula-
ção de pessoas no ambiente internacional, os processos 
seletivos de sanção que recaem sobre as instalações 
irregulares de migrantes, as restrições impostas às en-
tradas de imigrantes. Por outro lado, essas migrações 
transnacionais continuam produzindo o mesmo efei-
to de sempre: agregam pessoas e riquezas e resultam, 
naturalmente, em novas estratégias e mudanças com-
portamentais dos grupos sociais envolvidos. Se estas 
influências serão negativas ou positivas dentro de de-
terminado Estado, afetando a modificação dos textos 
legais e efetivando direitos dos migrantes, bem como 
suas condições de vida, dependerá da escolha teórica e 
política de cada Estado (Ibid, 2009, p. 14). 
 Hebert McLuhan (1962) usou pela primeira vez o termo aldeia global para designar 
um momento da comunicação de intensa e simultânea troca entre os seres humanos. 
Essa previsão realmente se consolidou com o desenvolvimento da internet, que hoje 
possibilita maior diálogo entre as pessoas e as nações.
 O reconhecimento da cultura como uma possibilidade econômica é relativamente 
recente; até o início do século 20, ela era tratada apenas como patrimônio simbólico. 
Nos estudos antropológicos e sociológicos, a cultura era vista como coisa dada, como 
construção dos grupos humanos para subsistência e forma de identificação cultural, 
impressos nos códigos de convivência entre esses grupos humanos.
 De acordo com Brant (2010), uma dimensão da cultura que pode ser explorada no 
âmbito do mercado é sobre as dinâmicas de sociabilidade e as tecnologias de convivência 
e de diálogo nas redes.
 Como já abordamos anteriormente, a globalização e as novas tecnologias produzem 
sistemas de intercâmbio e de inter-relação que são reforçados com o surgimento de 
tecnologias cada vez mais avançadas, que não se reduzem aos territórios virtuais.
 Nesse âmbito, pensar a cultura a partir do olhar tecnológico e, logo, ligado ao 
sistema econômico do capitalismo, fez com que as culturas e as mais diversas expressões 
humanas artísticas fossem pensadas em um viés de arrecadação econômica, ou seja, do 
25
lucro.
 Vamos refletir como se dá esse processo na prática. Às vezes, é muito difícil 
colocar em termos financeiros e em quantias econômicasuma obra de arte ou uma 
apresentação ou evento cultural. Uma apresentação que se assiste em um barzinho que 
cada um contribui com o que pode e quer, e uma obra de arte de um internacionalmente 
renomado artista plástico, quem ditará o preço de suas obras? Quanto valeria um 
artesanato de um povo indígena do Alto Xingu e quanto valeria uma performance em 
uma rede social?
 Pensando nessa questão, é preciso avaliar diversos valores, não somente 
econômicos, que compõem aquela obra ou prática cultural. Provavelmente, para uma 
pessoa que não tem nenhum tipo de contato com aquela construção cultural ou artística, 
seja desonesto e injusto querer estabelecer um valor para uma obra de arte a qual não 
conhece e não reconhece seu valor sentimental, por assim dizer.
 De forma geral, o mercado capitalista impõe regras para essas situações, por 
exemplo, soma-se o custo das matérias-primas utilizadas mais o lucro da pessoa que 
produz ou de quem investe, depois se divide o valor entre os potenciais compradores. 
 Contudo, visivelmente, essa fórmula “exata” não é equivalente ao valor artístico de 
uma obra ou expressão artística. Ou seja, esse cálculo poderia determinar que o preço de 
uma pintura fosse de cem reais, enquanto o de uma apresentação de balé fosse muito 
mais alta.
 Uma peça de teatro pode ser apresentada em várias sessões, durante meses com 
público completo e ainda assim não receber o necessário para suprir os seus custos de 
exibição, considerando cenário, equipamentos, atores e atrizes etc. Por outro lado, um 
show de um conhecido músico popular e amplamente reconhecido pode ser feito em 
duas horas em um estádio de futebol e arrecadar valores astronômicos para o artista, 
seus empresários e os patrocinadores.
 Podemos discutir, ainda nessa esfera, as possibilidades de patrocínios, públicos e 
privados. Assim, o patrocínio capitalista às exposições de arte, aos eventos culturais e às 
expressões populares podem ser uma via para que a arte seja acessível para o público 
e para que seus artistas sejam assim reconhecidos e financeiramente sejam bem 
assistidos.
 De maneira geral, o consumo se consolida como a forma de expressão mais 
presente e forte, sobretudo nas metrópoles e grandes centros urbanos, de modo que 
a própria arte passa a ser vista como meio de produção e objeto de consumo das 
massas. Na mercantilização das artes, podemos perder a condição primeira, bem como, 
a capacidade de revelar e traduzir a alma humana, a sensibilidade e as expressões que 
identificam um povo.
 Saber equilibrar uma formação humanística que seja ampla, crítica e resistente, 
capaz de compreender e decodificar as nuances do mercado e das artes, observando 
suas especificidades e contextos, são urgentes para entender e movimentar melhor as 
teias de relações e interesses onde se inserem, chamamos atenção, especialmente para 
as relações políticas e econômicas, que junto do conhecimento técnico, possibilita aos 
gestores e artistas o diálogo com as mais diversas instâncias da sociedade, chegando 
aos consumidores.
 É preciso, ademais, buscar meios para destrinchar os conceitos ligados ao manejo e 
à manipulação da questão simbólica das artes e culturas, apresentando cenários capazes 
de representar as diversas realidades, complexas e diversas entre si, em detrimento das 
26
2.3 A GLOBALIZAÇÃO DA CULTURA E A “DROMOCRACIA” 
 Milton Santos, geógrafo brasileiro, em sua obra Por uma outra globalização: do 
pensamento único a consciência universal (2000), define globalização como o ápice do 
processo de internacionalização do mundo capitalista. Nesta reflexão crítica ele observa 
o mundo – globalizado - de três formas diferentes: 1° Globalização como fábula: há a ideia 
de que o mundo se tornou uma aldeia global graças à possibilidade de comunicação 
instantânea existente e, ainda, que a dimensão espaço-tempo é uma realidade acessível 
para todos, visto que, os meios de transportes se evoluíram de tal modo que acelerou 
a movimentação de pessoas e mercadorias por todo o globo, tal movimento é mais 
acentuado pelo acesso à tecnologia da internet. 
 O segundo mundo definido por Santos (2000) é da globalização como perversidade, 
esta diz respeito ao mundo tal qual ele é, ou seja, como há a distância e a acentuada 
desigualdade de acesso aos bens móveis e imóveis pelo desenvolvimento do capitalismo 
global. Por fim, o mundo como ele pode vir a ser, ou ser, por uma outra globalização, título 
de sua obra que propõe caminhos para o desenvolvimento saudável e menos perverso. 
 A globalização, neste sentido, faz parte do processo de expansão do capitalismo, 
que atinge as diversas esferas da sociedade, em escala planetária. Sobre a globalização, 
pode-se afirmar que se trata de um processo em que embora apresente tendência à 
homogeneização do espaço mundial, é seletivo e excludente.
 O reconhecimento da cultura como uma possibilidade econômica é relativamente 
recente, até o início do século 20 ela era tratada apenas como patrimônio simbólico. De 
acordo com Brant (2010) uma dimensão da cultura que pode ser explorada no âmbito 
cartilhas de formação técnica e profissional.
 A atividade cultural, e o mercado de arte e cultura, exigem agentes críticos e 
preparados para pensar e atuar com base em novas possibilidades, complexas, múltiplas, 
plurais e coerentes com as questões colocadas na sociedade contemporânea que 
vivemos.
Abaixo segue indicação de vídeos para aprofundar o tema em outras perspecti-
vas: 
Canal Doxa e Episteme O conceito de cultura do século 21(XXI). Disponível em: 
https://bit.ly/3KgbbQ2. Acesso em: 15 jan. 2022. 
Canal Café Filosófico. A busca pela identidade no século XXI | Benilton Bezerra Jr. 
Disponível em: https://bit.ly/35OGEd5. Acesso em: 15 jan. 2022.
Canal Saber Cotidiano. Cultura, identidade e representação, por Stuart Hall. Dis-
ponível em: https://bit.ly/3jdXQvA. Acesso em: 15 jan. 2022.
BUSQUE POR MAIS
27
do mercado é sobre as dinâmicas de sociabilidade e as tecnologias de convivência e de 
diálogo nas redes. A globalização, portanto, é um processo econômico, social e cultural 
que aproxima as nações de todo o mundo. Sobre o aspecto cultural podemos observar a 
popularização do idioma inglês, em todos os âmbitos sociais. 
 O que seria a economia então, senão um fenômeno cultural? Questiona Brant 
(2010). E continua o que são o dinheiro, o marketing, a bolsa de valores, senão valores 
simbólicos, desprovidos de sentido se fora de um conjunto de códigos e regras do 
mercado financeiro. 
 Assim, dentro desse cenário, é preciso atenção e discernimento para que não se 
perca a capacidade de desvendar os meandros desse mercado e não tornar as produções 
artísticas e culturais em apenas agentes passivos de manutenção e disseminação desse 
sistema de valores econômicos que se afasta dos valores da humanidade que produz 
arte e cultura.
 O governo federal do Brasil possui alguns programas que financiam diretamente 
manifestações artísticas e possui ainda outros programas de incentivo para que empresas 
privadas o façam, como dedução de impostos. A Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei 
nº 8.313 do dia 23 de dezembro de 1991) popularmente conhecida como Lei Rouanet, por 
exemplo, é muito importante neste sentido, na qual uma empresa privada pode dedicar 
parte de seus impostos de renda para uma fundação, empresa ou artista.
 A forma ideia seria que as manifestações artísticas e as obras de arte, eruditas 
e populares, fossem acessíveis para toda a população e que, do mesmo modo, seus 
produtores e artistas fossem recompensados de forma justa, que propiciasse sua vivencia 
exclusiva de seu trabalho artístico. Vimos a partir de 2018 que as leis de incentivo à cultura 
sofreram diversas modificações e foram criticadas por pessoas ligadas ao liberalismo 
econômico. Um dos maiores defensores das artes e da cultura brasileira, no âmbito do 
governo federal foi, sem dúvida, o Ministro da Cultura Gilberto Gil (2003-2008). Neste 
sentido, é preciso reforçar mais uma vez o sentido artísticoe o valor sentimental das 
artes, não somente disposto ao mercado econômico para produzir lucro aos investidores 
e ao mercado financeiro em si.
 De maneira geral, o consumo se consolida como a forma de expressão mais 
presente e forte, sobretudo nas metrópoles e grandes centros urbanos. De modo que 
a própria arte passa a ser ressignificada e vista como meio de produção e objeto de 
consumo das massas. Na mercantilização das artes, corremos o risco de perder a condição 
primária, bem como, a capacidade de revelar e traduzir a alma humana, a sensibilidade 
e as expressões que identificam um povo.
 Nas últimas décadas, especialmente depois dos anos 2000, o Brasil viveu grande 
salto quantitativo e qualitativo nas relações de trabalho na área cultura. As artes e a cultura, 
enquanto atividade econômica e lucrativa, saíram do confinamento e ultrapassaram 
fronteiras, contudo, ainda mantiveram e reforçaram os vícios e dependências com os 
poderes políticos e econômicos.
 Foi assim que o país entrou, de forma definitiva, no espaço do entretenimento 
global. Um dos principais mercados das chamadas majors do cinema e da indústria 
musical, marcou a presença e a identidade brasileira para o consumo global. Pensando 
na exportação e na colocação do Brasil e de suas artes populares no mercado cultural e 
de entretenimento global, vemos que o momento atual é muito saudável e promissor.
 Segundo Brant (2010) participar ativamente no mercado de cultura sem estar 
subordinado estritamente a ele é uma das questões éticas mais difíceis que estão 
28
ligadas ao cotidiano de artistas e gestores culturais. Para o autor, a alternativa está no 
investimento em um conjunto de ferramentas adequadas para lidar com a administração 
e o marketing, sem fazer uma incursão mais profunda no que chama da questão ética.
 Atuar na área de atividades culturais é, portanto, trabalho que exige conhecimento 
específico e genérico, simultaneamente. Saber equilibrar uma formação humanística 
que seja ampla, crítica e resistente, capaz de compreender e decodificar as nuances 
do mercado e das artes, observando suas especificidades e contextos, são urgentes 
para entender e movimentar melhor as teias de relações e interesses onde se inserem, 
chamamos atenção, especialmente para as relações políticas e econômicas, que junto do 
conhecimento técnico, possibilita aos gestores e artistas o diálogo com as mais diversas 
instancias da sociedade, chegando aos consumidores.
 É preciso, ademais, buscar meios para destrinchar os conceitos ligados ao manejo e 
a manipulação da questão simbólica das artes e culturas, apresentando cenários capazes 
de representar as diversas realidades, complexas e diversas entre si, em detrimento das 
cartilhas de formação técnica e profissional.
 Na perspectiva econômica, por exemplo, exige um olhar do gestor de cultura 
voltado para os procedimentos de produção, distribuição, troca, usos e consumos dos 
bens artísticos e culturais, é uma compreensão direcionada para a circulação econômica, 
para a arrecadação de lucros.
 Para Brant (2010) o segredo para conseguir superar a linearidade do mercado 
pode estar no exercício de uma abordagem multidimensional para as atividades 
culturas, que ao implementar processo de natureza cultural, o gestor deve estar apto 
a lidar com inúmeras possibilidades e vertentes que juntas, irão conferir ao processo 
cultural e da inserção no mercado a riqueza necessária para desviar das armadilhas da 
mercantilização pura da cultura e das artes.
 Pensando nas duas dimensões destacadas acima, a crítica e a econômica, ou seja, 
a que despende o valor econômico e o valor simbólico, se complementam no que se 
refere ao desenvolvimento artístico, às pesquisas em linguagens artísticas, bem como, 
as técnicas estéticas que vão surgindo e se aprimorando.
 Entender então a dimensão do mercado de cultura desvinculada de valores éticos, 
morais, estéticos e à dimensão cidadã, causa prejuízos ao verdadeiro sentido da arte 
como expressão da alma, do corpo e das vivências. Com isso, é necessária a reflexão 
profunda sobre o ambiente da economia da cultura e nos processos de transformação e 
desenvolvimento desta.
 O avanço rápido das tecnologias, segundo Santos Neto (2018), é representado pelo 
termo Dromocracia, com o fenômeno sociopolítico que representa o estado atual da 
sociedade, no que concerne à sua relação de uso excessivo e decorrente dependência 
das tecnologias digitais. Assim, a Dromocracia é caracterizada pelo uso saturado, pela 
sociedade, de materiais e suportes infotecnológicos digitais.
 Nesta compreensão, possibilitaram ao ser humano vivenciar novas experiências em 
suas relações sociais e com os meios comunicacionais que foram criados, principalmente 
no cenário midiático. Desde o momento em que o homem passou a desenvolver 
habilidades para se comunicar, seja pelas gravuras ou pela fala, foi possibilitada a ascensão 
dos estudos sobre as formas de comunicação e sua importância para a construção dos 
grupos humanos e das individualidades em sociedade.
 Especificamente, a partir do surgimento dos processos de comunicação em 
massa, no século XIX, estudiosos e pesquisadores têm abordado diferentes enfoques 
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teóricos em torno dos processos de comunicação, sendo que alguns a consideraram 
como fonte de entretenimento e informação, enquanto que outros perceberam a sua 
importância como uma estratégia de propagação ideológica nas sociedades de massa.
 No início da década de 1920, o movimento de pesquisa e estudo sobre a comunicação 
deu origem ao Mass Communication Research (Pesquisa de Comunicação de Massas) 
que visava estudar e compreender a importância dos meios comunicacionais existentes 
naquela época, partindo do processo de emissão até o ato da recepção da mensagem, 
tendo em vista o modo como os receptores se comportam diante do conteúdo recebido.
 Ainda, de acordo com Santos Neto (2018), analisando o contexto histórico, o avanço 
dos processos comunicacionais não favoreceu somente a população que pôde encontrar 
nos produtos artísticos e culturais de massa as fontes geradoras de entretenimento e 
lazer, mas também é constatado na esfera política.
 Um exemplo do poder da comunicação de massas no âmbito político é, embora 
tenha produzido resultados catastróficos e atrozes para toda a humanidade, o processo 
de poder de Adolf Hitler (1889-1945) que, ao se apropriar dos meios de comunicação na 
Alemanha da década de 1930, obteve controle total do país utilizando as ferramentas 
disponíveis, principalmente por meio dos discursos persuasivos e inflamados que 
propagava as ideologias nazistas que gerou a tomada da hegemonia política no país.
Segundo Kellner (2001, p.44) as práticas comunicacionais são importantes agentes de 
socialização e ainda, são mediadoras da realidade política e devem por isso, serem vistas 
como importantes instituições das sociedades contemporâneas, com vários efeitos 
políticos, culturais, sociais e econômicos.
 Com a revolução industrial e a técnico científica, visto os avanços tecnológicos 
acelerados, alguns aspectos da comunicação em massa passam a se reconfigurar, 
diante das necessidades de melhor acompanhar os direcionamentos dos produtos 
observando as especificidades e os interesses dos públicos a que se destinam os produtos, 
considerando que se direcionam de forma específica para nichos da sociedade, sejam 
jovens, mulheres, trabalhadores, estudantes, etc.
 Segundo Castells (2011), os meios de comunicação de massa agem diretamente 
como agentes formadores de opinião pública nas sociedades. Para o autor “o que não 
existe na mídia, não existe na mente do público” (CASTELLS, 2011, p. 241).
 Walter Lipmann (2008) aponta a mídia como um instrumento capaz de atuar como 
formador de opinião pública, sendo capaz de criar uma realidade fictícia no imaginário 
social da população. Para o autor “a mídia constrói e apresenta ao público um pseudo 
ambiente que condiciona significativamente como o público vê o mundo” (2008, p. 47).
 Desse modo, inferimosque na medida em que os meios de comunicação e de 
produção cultural tendem a criar conceitos, modas e tendências artísticas, propagando 
ideologias e modos de pensar e agir, se faz necessária a discussão sobre como os produtos 
de arte cultural nas mídias de grande circulação tendem a influenciar nos processos de 
decisão dos sujeitos, a partir das ofertas que irão interferir, direta ou indiretamente, na 
vida desses espectadores.
 Mas, diante de todo exposto, como relacionar o conceito de cultura de massa ao 
de cultura midiática? E mais, como acrescentar o debate da visibilidade da arte? Como 
a cultura midiática agindo sobre as massas influencia na visibilidade das artes? Como 
podemos, a partir da análise crítica, entender os meios de comunicação como produtos 
e produtores da realidade que vivemos?
 Bom, essas e outras questões foram abordadas por Portalete (2014) em que afirma 
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que, simbolicamente, os meios de comunicação acabam substituindo uma diversidade 
de instituições sociais como a escola e a igreja, e assim, configurando como a própria 
sociedade. Neste sentido, não estamos aqui desprezando a importância e a grande 
relevância das instituições mencionadas, nem da proporção das interações pessoais e 
sociais que elas empreendem, na formação e manutenção da sociedade.
 No entanto, os meios de comunicação, sabemos, alcançam quando e aonde as 
instituições supracitadas não chegam, ou seja, de forma dinâmica, a capacidade dos 
meios de comunicação e das tecnologias permitem a quebra das espacialidades, 
no sentido de que, não há separação entre o tempo e o espaço. Permitindo assim, a 
construção de um novo regime que impõe a imediatez acelerado do saber como nova 
categoria de valor.
 Como alerta Portalete (2014) é preciso problematizar para entender, de fato, o que 
é a cultura e a comunicação de massa. Neste sentido, já vimos que ela não pode ser 
entendida apenas como um conjunto de objetos produzidos para as massas e por elas 
consumidas.
 Mais precisamente, de acordo com argumentação de Portalete (2014), 
precisamos reconhecer a cultura massiva como um estágio do desenvolvimento da 
própria modernidade. Ou seja, a mídia é quem articular de forma central o mundo 
contemporâneo.
 Vemos a cultura de massas aliada à tecnologia como constituidora da sociedade 
e que possui papéis importantes como, a consolidação dos Estados-nação, ou ainda 
operando sobre a alfabetização funcional, fatores que a tornam assim, uma espécie de 
patriarca das sociedades modernas.
 Ainda de acordo com o exposto por Portalete (2014), com o passar dos tempos a 
cultura midiática e de massas se transformaram em fontes das quais derivam as tensões 
que delimitam e configuram a materialidade social, bem como a expressividade cultural 
de um país.
 Entretanto, é preciso refletir que, apesar dos fatores expostos acima, não podemos 
afirmar que a sociedade, por estar imersa em uma cultura massiva, seja uma sociedade 
estritamente dominada por uma única forma estruturante.
 Consideramos de todo modo que tendo acesso a conhecimentos diversos e em 
maior quantidade com mais facilidade do que se teria apenas pela via das instituições 
regulares da sociedade, os indivíduos podem vir a serem soberanos, capazes de superar 
as barreiras e de desenvolver, cada vez mais, capacidades de saber e de ação em um 
universo interconectado.
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FIXANDO O CONTEÚDO
1. A dignidade da pessoa humana é o valor central que fundamenta tanto o direito 
nacional quanto o internacional. O reconhecimento desta dignidade inerente a todos 
os seres humanos e do complexo de direitos que lhe são pertencentes é o cerne da 
liberdade, da justiça e da paz no mundo. Pautada por esta ótica, a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos foi constituída, em um momento histórico em que o mundo se 
recuperava de grandes atrocidades contra a humanidade. De acordo com a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Não haverá imposição de pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, 
era aplicável ao ato delituoso.
b) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, sendo 
impedido seu reingresso, em quaisquer situações.
c) Todos os seres humanos são dotados de razão e consciência e devem agir em relação 
uns aos outros com espírito de fraternidade.
d) Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes 
de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor.
e) A dignidade da pessoa humana é o valor central que fundamenta tanto o direito 
nacional quanto o internacional.
2. A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 surge no pós-guerra como 
reação aos horrores vivenciados pelo mundo com as experiências nazi-fascistas. Dentre 
as seguintes alternativas, assinale a que representa uma garantia prevista nesse 
importante instrumento.
a) Direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
b) Direito à prestação jurisdicional efetiva para defesa contra atos que violem direitos 
fundamentais.
c) Direito de acesso à Corte Interamericana de Direitos Humanos em duplo grau de 
jurisdição no caso de ações propostas diretamente no Supremo Tribunal Federal.
d) Direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
e) Direito de contrair matrimônio e fundar uma família.
3. A fim de assegurar o respeito à vida e à dignidade humana, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos censura qualquer forma de distinção fundada na espécie, raça, cor, 
sexo, idioma, religião, opinião política, riqueza e origem nacional ou social. De que forma 
essa ideia se concretiza na vida cotidiana dos cidadãos?
a) Em observância às particularidades de gênero, a igual remuneração por igual trabalho 
não deve ser aplicada.
b) Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
c) Os homens e mulheres de maior idade têm o direito de contrair matrimônio, desde 
que haja aprovação recíproca dos cônjuges pelas suas famílias ou grupos comunitários.
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d) A maternidade e a infância têm direito à assistência regular somente em estados 
oficialmente laicos.
e) Qualquer pessoa deve ter acesso aos serviços de proteção social, acesso à educação e 
a saúde independente de sua origem ou cor. 
4. Conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Resolução 
nº 217ª (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 10 de dezembro de 1948, assinale 
a alternativa CORRETA.
a) Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado (Art. 9º).
b) Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se culpado até que se prove o 
contrário (Art. 11º §1).
c) Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade, exceto por conflitos 
civis (Art. 17º §2).
d) Todos deverão fazer parte de uma associação (Art. 20º §2).
e) Todos têm direito a salário diferente por trabalho igual, devido a condições peculiares 
do indivíduo (Art. 23º §2).
5. A globalização é um processo econômico, social e cultural que aproxima as nações de 
todo o mundo. Sobre o aspecto cultural podemos observar:
a) Na popularização do idioma inglês, em todos os âmbitos sociais.
b) Na hegemonia europeia através de programas de financiamento científico e cultural.
c) No surgimento de movimentos de nacionalização que são contra a globalização.
d) No fortalecimento das relações culturais entre países em desenvolvimento e 
desenvolvidos. 
e) No apagamento das relações sociais e econômicas entre países em desenvolvimento. 
6. A cidadania não possui seus limites previamente definidos, ela está em constante 
construção e ampliação. Ao longo da história o entendimento sobre os direitos sofreu 
grandes transformações. Para o debate e a ampliação de direitos foi de suma importância:
a) O desenvolvimento do poder absolutista que definia os limites dos direitos de seus 
cidadãos.
b) A obediência às normas estabelecidas, sem questionamentos.
c) A atuação de movimentos sociais e de classe.
d) A centralidade nas eleições, por ser a única maneirade debater e criar direitos.
e) A desobediência às normas e regras estabelecidas.
7. Os direitos humanos são fundamentais para o desenvolvimento da cidadania porque 
eles visam garantir:
a) Às camadas sociais mais favorecidas, um ambiente estável e seguro.
b) O direito à vida, à liberdade, ao trabalho e à educação; sem discriminação.
c) Que todos os seres humanos cumpram as leis estabelecidas.
d) Que aqueles que cometem crimes sejam protegidos do Estado.
e) A proteção dos que fogem das regras e não cumprem as leis.
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8. (UFRN- 2018) A globalização faz parte do processo de expansão do capitalismo, que 
atinge as diversas esferas da sociedade, em escala planetária. Sobre a globalização, é 
correto afirmar que se trata de um processo o qual:
a) Embora apresente tendência à homogeneização do espaço mundial, é seletivo e 
excludente.
b) Embora apresente tendência à fragmentação do espaço mundial, tem reduzido as 
desigualdades socioeconômicas.
c) Eleva a produção da riqueza e conduz à distribuição equitativa de renda entre os 
países do mundo.
d) Reduz a competitividade entre os países e ameniza os conflitos nacionalistas.
e) Aumenta a competitividade entre os blocos e apazigua os conflitos nacionalistas.
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HISTÓRIA DA 
CONSTRUÇÃO DO 
GÊNERO E DA 
SEXUALIDADE
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 Sabemos que vivemos em uma sociedade do espetáculo como diversos autores 
vem pontuando, neste âmbito, o corpo e o sexo são a sua principal marca. Podemos 
refletir que seja, nesses tempos atuais, o momento em que o corpo e a sexualidade são 
mais valorizados e exaltados. 
3.1 ANÁLISE SOBRE CORPO, SEXUALIDADE E GÊNERO 
Vemos na mídia diariamente um jogo incessante de imagens de corpos conside-
rados perfeitos, de dietas milagrosas e receitas para se chegar ao sucesso – con-
siderado dentro de um padrão estabelecido – além de uma variedade imensa de 
produtos que prometem cuidar do corpo e transformá-lo neste padrão requisita-
do.
Para aprofundar a reflexão recomenda-se a leitura do texto: “A influência das mí-
dias na cultura corporal de movimento dos adolescentes”, de Saionara de Barros 
e Josiane Kroll (S/D). Disponível em: https://bit.ly/3uYON7y. Acesso em: 12 jan. 2022.
VAMOS PENSAR?
 No passado, o domínio moral da Igreja Católica no Ocidente, sobretudo da ideologia 
judaico cristã, exercia forte influência sobre o que deveria ser permitido ou o que era 
considerado como pecado, hoje em dia, de fato, essa autoridade não exerce tamanha 
influência como antigamente, embora exista ainda o posicionamento mais ortodoxo de 
algumas comunidades. 
 Neste passar de mentalidades, vemos uma ruptura com a invariável aceitação dos 
valores imutáveis da tradição religiosa e moral da Igreja para uma relação individualizada 
e questionadora com relação aos valores do corpo, muito após o advento dos movimentos 
Modernista e Iluminista, bem como, pela consolidação dos valores pós-modernos na 
contemporaneidade. 
 No que se refere ao sexo, Foucault (2010) afirma que nos três séculos anteriores 
ocorreu maior produção dos discursos sobre a sexualidade que superou os territórios da 
medicina e do judiciário, de modo que, se o poder sobre o corpo e a sexualidade antes 
era regido pelas instituições religiosas, na virada do século XVIII passa a ser dirigido pelo 
Judiciário e pela Ciência. 
 Assim, a partir do século XIX até o meio do século XX, o discurso científico e o 
jurídico passaram a regular o corpo e a sexualidade em padrões particulares, deliberando 
padrões restritos de comportamentos vistos como saudáveis e/ou naturais – adequados 
por normativas, estatísticas e investigações reconhecidas a partir de moldes rigorosos 
de controle – com o advento e auxílio da grande mídia, principalmente pela publicidade 
massiva, esse veículo passa a ditar os padrões que devem ser seguidos sobre o 
comportamento e a estética referentes ao corpo e ao sexo – justificados a partir de 
discursos, ditos como naturais, médicos/científicos/estéticos. 
 A mídia e o mercado como cenários atuantes e enquanto elementos intrínsecos, 
produzem o corpo como consumíveis a partir do cruzamento destes fenômenos. Na 
contemporaneidade, a estética e a busca pela satisfação sexual, bem como pela regulação 
das prerrogativas da ordem econômica estabelecida incitam ao livre consumo sexual, 
longe de ser prejudicial a nova ordem estabelecida, corresponde a suas exigências e 
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satisfaz os seus interesses. 
 Segundo Bauman (2001), o período contemporâneo é marcado pela fluidez dos 
encontros, pela isenção de consistência dos valores que se transformam antes mesmo 
de se consolidarem, assim, isso se aplica a relação que estabelecemos com o corpo, em 
diversos aspectos como corpos que são desejados, interessantes, etc. 
Zygmunt Bauman foi um sociólogo polonês que om suas diversas obras e artigos se dedi-
cou a tratar temas como o consumismo, a globalização e as transformações nas relações 
humanas.
Bauman escolhe o termo “líquido” como metáfora para ilustrar o estado dessas mudan-
ças: facilmente adaptáveis, fáceis de serem moldadas e capazes de manter suas proprie-
dades originais. As formas de vida moderna, segundo ele, se assemelham pela vulne-
rabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma identidade por muito tempo, o que 
reforça esse estado temporário das relações sociais (ABDO, 2016).
FIQUE ATENTO
 Em linhas gerais, na perspectiva da crítica social contemporânea, a nossa sociedade 
é caracterizada pelo narcisismo e pela necessidade de exposição diária, instantânea, pela 
fugacidade e pelo imediatismo, sendo o corpo e o sexo valorizados enquanto produtos/
commodities, ou seja, matérias primas para um mercado sustentado pela imagem. 
 Segundo Foucault (2010), é no corpo e na maneira pela qual a sexualidade é 
manifesta que as relações se inscrevem em primeiro lugar, por isso, nossa subjetividade é 
construída de modo a reproduzir os valores que subjazem a nossa sociedade. Do mesmo 
modo, o sujeito narcísico usa o corpo enquanto uma vitrine à sua autossatisfação, como 
um objeto a ser desejado, cultuado e visto a todo custo. 
 A sexualidade, apesar de ser compreendida e definida através de diversas 
vertentes, vem sendo entendida, no âmbito da psiquiatria, como uso dos prazeres tendo 
passado de fenômenos a serem evitados, com a repressão do castigo divino e da culpa, 
na contemporaneidade, assume o caráter de injunção, já que existe ainda um temor e 
uma culpa relacionada a não correspondência com as demandas do prazer.
 Em outras compreensões, como do feminismo crítico, a sexualidade é entendida 
a partir de uma chave do controle sobre os corpos, principalmente feminino, e uma 
construção social mais do que fenômeno biológico. 
 Em outro passo, nas relações de gênero, a nossa existência é entendida em 
aspectos físico-biológicos que sugerem a operação simultânea dos sexos estabelecidos, 
o macho/masculino e a fêmea/feminino. Contudo, sabemos que a construção da ideia 
biologicista das relações de gênero vem sendo combatida pelo feminismo há décadas, 
alertando para a dimensão social e cultural dessa construção.
 Assim, a produção social da existência, na maioria das sociedades, implica 
na interferência conjugada dos dois gêneros, pois, cada um deles representa uma 
contribuição particular na produção e manutenção da existência. 
 Portanto, a construção da subjetividade se dá por meio da interação com o mundo 
objetivo e com outros indivíduos, logo ela é construída na coletividade, por que, cada 
indivíduo assume as relações sociais, configuram uma identidade pessoal, uma história 
e um projeto de vida. Eis que neste procedimento, reportar-se a um gênero ou outro, ser 
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homem ou mulher, menino ou menina, conformam as referências iniciais do mundo 
social e das relações que irão se desenvolver. 
 A título de debate e reflexão é importante pontuar a discussão sobre as 
transformações no mundo do trabalho e o recorte de gênero implicado nesta questão. 
Segundo NOGUEIRA (2009) uma acentuada feminização no mundo do trabalho, nos 
últimos anos, vem ocorrendo.

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