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NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 1 CLÍNICA USO DE ALIMENTOS FODMAPS NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL FUNCIONAIS ALIMENTOS FUNCIONAIS E FITOTERÁPICOS NA LIPODISTROFIA GINÓIDE ELABORAÇÃO DE RECEITAS SUSTENTÁVEIS PARA O CARDÁPIO DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA EM MACEIÓ-AL R$30,00 - março 2019 Ano 9 Número 49 Edição Digital São Paulo ESPORTE | GASTRONOMIA | SAÚDE PÚBLICA | FOOD | PEDIATRIA ISSN 2236-1022 A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO www.nutricaoempauta.com.br + NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 20192 Venha estudar na instituição que há mais de 40 anos forma nutricionistas altamente capacitados e reconhecidos pelo mercado de trabalho! Nutrição saocamilo-sp.br | 0300 017 8585 Nossos Cursos Graduação em Nutrição Pós-Graduação: Nutrição Clínica Nutrição Esportiva em Wellness Gestão em Negócios de Alimentação de Nutrição Mestrado Profissional: Nutrição do Nascimento à Adolescência Guia do Estudante SAO CAMILO FORMANDO PESSOAS QUE CUIDAM DE PESSOAS C E N T R O U N I V E R S I T Á R I O saocamilo-sp.br 0300 017 8585 NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 3 editorial por Sibele B. Agostini Elaboração de Receitas Sustentáveis para o Cardápio de uma Instituição de Longa Permanência em Maceió-AL Os idosos constituem uma parte da população que mais aumenta em todo mundo. No Brasil, um novo processo de transição demográfica vem se formando de maneira rápida e acentuada. Considerando que não há o hábito de reaproveitar os alimentos nas instituições de longa permanência (ILPI), pressupõem que os motivos são o desconhecimento de informação a cerca deste as- sunto por parte dos responsáveis e dos manipuladores de alimentos, ficando limitados a realizar as mesmas prepa- rações levando a monotonia do cardápio e ao aumento de produção dos resíduos que poderiam ser aproveitados. Com isso, o presente estudo teve como objetivo elaborar receitas sustentáveis aumentando assim o valor nutricio- nal e promovendo um cardápio mais atrativo e diversifi- cado para os idosos. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2019, englobando o 20o Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, 20o Congresso Inter- nacional de Gastronomia e Nutrição, 7o Congresso Mul- tidisciplinar de Nutrição Esportiva, 15o Fórum Nacional de Nutrição, 14o Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA), 12o Sim- pósio Internacional da Nutrition Society (United King- dom), 12o Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França), 20a Exposição de Produtos e Serviços em Nu- trição e Alimentação, dentre outros, que será realizado em São Paulo em agosto de 2019 e já conta com parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do setor. E também o 15o Fórum Nacional de Nutrição 2019, que está sendo realizado nas principais capitais do Brasil. Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região Aproveite as informações científicas atualizadas desta edição da revista Nutrição em Pauta. Boa leitura! NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 20194 Assine: (11) 5041.9321 assinaturas@nutricaoempauta.com.br FALE CONOSCO: (11) 5041.9321 contato@nutricaoempauta.com.br www.nutricaoempauta.com.br A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO ISSN 2236-1022 Ano 9 - número 49 - março 2019 - edição digital Publicação Bimestral da Nutrição em Pauta Ltda ME - Atualização Científca em Nutrição - R. Republica do Iraque, 1329 cj 11 - Campo Belo - São Paulo - SP - Brasil - Tel 55 11 5041-9321 nucleo@nutricaoempauta.com.br - www.nutricaoempauta.com.br Editora Científica Diretor Dra. Sibele B. Agostini | redacao@nutricaoempauta.com.br Cláudio G. Agostini Jr. | diretoria@nutricaoempauta.com.br Conselho Científico Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ),Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Claudia Cople (UERJ/RJ), Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP), Prof. Dra. Eliane de Abreu – (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim (UNICAMP/SP), Prof. Dra. Flávia Meyer (UFRGS/RS), Prof. Dra. Josefna Bres- san (UFV/MG), Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK), Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP), Prof. Dra. Marcia Regina Vitolo (UNISINOS/RS), Prof. Dra. Maria Margareth Veloso Naves (UFG/GO), Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP), Prof. Dr. Melvin Williams (Maryland/USA) , Prof. Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/ SP), Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP), Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis (UVA/RJ), Prof. Dr. Ricardo Coelho (UNIUBE/MG), Prof. Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP), Prof. Dra. Rossana Pacheco da Costa Proença (UFSC/SC), Prof. Dra. Sonia Tucunduva Phillipi (USP/SP), Prof. Tereza Helena Macedo da Costa (UnB/DF), Prof. Dra. Tais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP). Consultor de Gastronomia Colaboradores Chef Patrick Martin - Le Cordon Bleu Brasil Chef Fabiana B. Agostini Fotógrafo Assinaturas Indexação Editoração Eletrônica Alexandre Agostini assinaturas@nutricaoempauta.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP Ydea Solutions Produzida em março de 2019 nesta edição Março 2019 5. Elaboração de Receitas Sustentáveis para o Cardápio de uma Instituição de Longa Permanência em Maceió-AL 10. Uso de Alimentos FODMAPS no Tratamento da Síndro- me do Intestino Irritável 19. Associação do Sobrepeso e Obesidade com Desenvolvi- mento de Câncer de Mama: Revisão Narrativa 24. Guia de Orientações Dietéticas para Nutricionistas no Acompanhamento de Autistas 30. Projeto arquitetônico sob a óptica do nutricionista para construção de uma unidade de alimentação e nutrição em uma instituição de longa permanência para idosos 35. Temperatura na Cocção e Distribuição de Preparações Proteicas em uma Unidade de Alimentação e Nutrição 40. Alimentos Funcionais e Fitoterápicos na Lipodistrofia Ginóide 46. Uma Nova Tabela de Fatores de Correção para Hortifrú- tis NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 5 matéria de capa Development of Sustainable Recipest To the Menu of an Institution of Long Permanence In Maceió-AL Elaboração de Receitas Sustentáveis para o Cardápio de uma Instituição de Longa Permanência em Maceió-AL RESUMO: Considerando que não há o hábito de reapro- veitar os alimentos nas instituições de longa permanên- cia (ILPI), pressupõem que os motivos são o desconheci- mento de informação a cerca deste assunto por parte dos responsáveis e dos manipuladores de alimentos, ficando limitados a realizar as mesmas preparações levando a mo- notonia do cardápio e ao aumento de produção dos resí- duos que poderiam ser aproveitados. Com isso, o presente estudo teve como objetivo elaborar receitas sustentáveis aumentando assim o valor nutricional e promovendo um cardápio mais atrativo e diversificado para os idosos. Se trata de um estudo observacional intervencionista, desen- volvido em uma UAN de uma ILPI, onde foram elabo- radas 05 receitas sustentáveis: bolo de banana, sorvete de banana, doce da casca da melancia, pudim de pão e torta de arroz. Para elaboração das receitas sustentáveis foram utilizadas fichas técnicas de preparação. Foi calculado o valor energético e composição química dos macronu- trientes. Todas as receitas foram incluídas nos lanches do cardápio, e durante a implantação destes foi observado que não ocorriam sobras nos pratos dos idosos, caracte- rizando uma excelente aceitação. As receitas elaboradas foram de suma importância na estimulação da prática de reaproveitamento, reduzindo os resíduos alimentares ge- rados no local, e contribuindo para diversificar o cardápio da Instituição, aumentando o valor nutricional sem com- prometer o custo. ABSTRACT: Whereas there is the habit of reusing the food in long-stay institutions (ILPI), assume that the reasons are the lack of information about this subject on the part of the responsible and of food handlers, gettinglimited to perform the same preparations leading to monotony of menu and increased production of waste that could be used. With that, the present study had as objective to draw up sustainable revenue thus increasing the nutritional value and promoting a more attractive and diverse menu for the elderly. This is an observational study interventionist, developed in a UAN a ILPI, where 05 sustainable recipes were made: banana cake, banana ice cream, watermelon rind, sweet bread pudding and rice cake. For preparation, sustainable revenues were used sheets of preparation. It was calculated the amount of energy and chemical composition of macronutrients. All the recipes were included in snacks on the menu, and during deployment of these noted that don’t occur in the elderly remains, featuring an excellent acceptance. The recipes prepared were of paramount importance in stimulating practice of reusing, reducing food waste generated on site, and helping to diversify the menu of the institution, increasing the nutritional value without compromising the cost. . . . . . . . . . . . . . . . . . Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . Os idosos constituem uma parte da população que mais aumenta em todo mundo. No Brasil, um novo NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 20196 Elaboração de Receitas Sustentáveis para o Cardápio de uma Instituição de Longa Permanência em Maceió-AL processo de transição demográfica vem se formando de maneira rápida e acentuada. No passar dos anos está ha- vendo uma mudança na faixa etária, iniciada em 2000 com 13,9 milhões. E segundo as projeções, em 2020 se elevará para 28 milhões, está ocorrendo um aumento da expectativa de vida (HOTT; PIRES, 2011). Considerando as mudanças e dilemas sociais, so- mada ao aumento do número de idosos, a demanda por instituições que prestem atendimento a esse público vem crescendo constantemente e as instituições de Longa Per- manência para Idosos (ILPI) surge como uma alternati- va para idosos que perderam o vínculo familiar (ROSA, 2010). Porém, a ida para a instituição impõe alterações na rotina diária, sobretudo na área da alimentação, que acarreta em modificações de hábitos alimentares, pois muitas vezes precisam de preparações individualizadas, e nas ILPI isto pode não ocorrer, e consequentemente fra- gilizar a saúde destes indivíduos (SANTELLE; LEVEFRE; CERVATO, 2007). A população idosa é particularmente susceptí- vel a problemas nutricionais devido a fatores relaciona- dos com as alterações fisiológicas e sociais, ocorrência de doença crônica, polifarmácia, problemas na alimentação (comprometimento da mastigação e deglutição), depres- são e alterações da mobilidade com dependência funcio- nal. (ACUÑA; CRUZ, 2004). Considerando que não há o hábito de reaprovei- tar os alimentos nas instituições de longa permanência (ILPI), pressupõem que os motivos são o desconheci- mento de informação a cerca deste assunto por parte dos responsáveis e dos manipuladores de alimentos, ficando limitados a realizar as mesmas preparações levando a mo- notonia do cardápio e ao aumento de produção dos re- síduos que poderiam ser aproveitados (MULLER, 2008). Através do aproveitamento das partes comumente inuti- lizadas, é possível não só alimentar um número maior de pessoas, mas também reduzir as deficiências nutricionais que possam existir, uma vez que, boa parte dos alimentos desperdiçados contém nutrientes com alto valor nutricio- nal (LAURINDO; RIBEIRO, 2014). O aproveitamento integral dos alimentos é uma forma de auxiliar na oferta de preparações de partes não convencionais de alimentos, que são diariamente descar- NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 7 matéria de capa tadas, enriquecendo o valor nutricional das mesmas, além de promover uma diminuição significativa no volume de resíduos gerados diariamente (CARDOSO, et al., 2015). Portanto o objetivo deste estudo foi elaborar receitas sus- tentáveis para o cardápio de uma instituição de longa permanência em Maceió/AL, tanto para reaproveitar os alimentos como para inserir novas preparações. . . . . . . . . . . . . . . . . . Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O presente trabalho é um estudo observacional intervencionista, desenvolvido em uma UAN de uma ins- tituição de longa permanência localizada em Maceió-AL, no primeiro semestre de 2018. Incialmente foi observado o cardápio servido na instituição, e os alimentos que se deterioravam com mais facilidade, devido a deficiência estrutural no armazenamento, onde estes poderiam ser reaproveitados. Após a elaboração da listagem dos alimentos oriundos de doações e que são adquiridos pelo local, foram realizadas pesquisas de receitas com alimentos reaproveitáveis em livros físicos e sites na internet, para elaboração de preparações de acordo com a realidade do local. Posteriormente foi solicitado aos manipuladores de alimentos que fossem separados cascas de frutas, pães adormecidos e sobras de arroz branco. Foram elaboradas 05 receitas práticas e sustentáveis: bolo de banana, sorve- te de banana, doce da casca da melancia, pudim de pão e torta de arroz. Para elaboração das receitas sustentáveis foram utilizadas fichas técnicas de preparação, com os se- guintes indicadores de alimentos: peso bruto, peso líqui- do, fator de correção, medidas caseiras e quantidade total. Para pesagem dos alimentos foi utilizada uma balança di- gital Filizona® com capacidade para 10 kg. Foi calculado o valor energético e composição química dos macronu- trientes de cada receita. . . . . . . . . . . Resultado e Discussão . . . . . . . . . . . Na época da realização do trabalho tinham 51 idosos na instituição. São servidas diariamente 06 refei- ções: desjejum, colação, almoço, lanche da tarde e jantar, possui um cardápio popular, composto por um tipo de sa- lada crua, duas opções de prato principal (carne de boi e frango ou peixe e frango ou carne e fígado) e acompanha- mentos (arroz, feijão, macarrão e farofa), uma sobremesa (fruta) e um sabor de refresco. Observou-se que eram servidas preparações re- petitivas, o que contribuía para uma grande monotonia alimentar, também foi analisado que na elaboração do cardápio não é aplicado o conceito de pratos “coloridos e saudáveis”. A monotonia do cardápio acabava gerando rejeição por parte dos idosos. Foi verificado que princi- palmente no almoço, alguns não consumiam a proteína, e esta não era substituída por outra opção, ficando o idoso sem o aporte de calorias e nutrientes adequados, que é tão importante nessa faixa etária. Portanto apresentar novas preparações no car- dápio, oriundas de alimentos que seriam descartados, foi considerada uma ótima opção, pois iria aumentar a varie- dade de preparações sem comprometer o custo. Na Tabela 1. Pode-se observar os valores das porções e da composi- ção nutricional das cinco receitas sustentáveis elaboradas no presente estudo. Na Tabela 1, pode-se observar que as prepara- ções do doce e do pudim apresentaram os maiores valores Development of Sustainable Recipest To the Menu of an Institution of Long Permanence In Maceió-AL TABELA 1. Valores das porções, valor calórico total e macronutrientes das receitas sustentáveis elabo- radas em uma instituição de longa permanência. RECEITAS PORÇÃO(g) COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL Calorias (Kcal) Carboidratos (g) Proteínas (g) Lipídeos (g) 1. Torta de Arroz 30 56,95 10,47 2,06 0,75 2. Bolo de banana 63 91,61 10,51 2,99 8,55 3. Sorvete de banana 50 50,89 10,01 1,24 0,64 4. Doce de melancia 56 134,2 33,28 0,03 0,1 5. Pudim de pão 43 117,36 12,78 5,56 4,88 Fonte: dados da pesquisa. NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 20198 Elaboração de Receitas Sustentáveis para o Cardápio de uma Instituição de Longa Permanência em Maceió-AL A melancia era consumida diariamente, o que re- sultava em quantidades excessivas de casca de melancia descartada, portanto foi elaborado o doce com o intuito de melhorar o aporte calórico utilizando umapreparação alternativa de baixo custo. A melancia é considerada uma ótima fonte de vitaminas B, especialmente B1 e B6, po- tássio e magnésio. (PORTELA, 2009). Embora descarta- das, as cascas de frutas e vegetais em sua grande maioria possuem inúmeras características nutricionais importan- tes, segundo (GUIMARÃES et al. 2010), a parte branca (entrecasca) da melancia destaca-se por possuir valores expressivos de minerais e fibra alimentar. Nas receitas que utilizavam farinha de trigo como a torta de arroz e o bolo de banana, foi utilizado a aveia como forma de substituição ou substituição parcial da farinha de trigo. O objetivo foi tornar a preparação mais nutritiva e maior quantidade de fibras, que serve para au- xiliar no trânsito intestinal. As fibras são partes comes- tíveis que incluem polissacarídeos, oligossacarídeos, lig- nina e substâncias ligadas à planta, que são encontradas em frutas como a laranja, goiaba, maçã e cereais integrais como a aveia e linhaça. A fibra na dieta promove efeitos fisiológicos benéficos, como a laxação, e/ou atenuação do colesterol do sangue e/ou diminuição da glicose no san- gue (STENANELLO; ROSA, 2012). Um bom estado nutricional, com fornecimento adequado de energia, proteínas, vitaminas e minerais é de extrema importância para que o idoso resista às doenças crônicas e debilitantes e possa manter a saúde e sua inde- pendência (CAMARGO, 2013). Vale salientar que todas as receitas elaboradas foram incluídas nos lanches do car- dápio, e durante a distribuição destes foi observado que não ocorriam sobras nos pratos dos idosos, caracterizan- do uma excelente aceitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As receitas elaboradas foram de suma importância na estimulação da prática de reaproveitamento, reduzindo os resíduos alimentares gerados no local, e contribuindo para diversificar o cardápio da Instituição, aumentando o valor nutricional sem comprometer o custo. Desta forma sugere-se que sejam realizadas novas preparações com o objetivo de extrair o máximo o aproveitamento integral dos alimentos que são utilizados diariamente na institui- de calorias, onde já era esperado pelo fato de ser adicio- nado o açúcar como ingrediente. Com exceção do doce, todas as outras receitas apresentaram bons valores para a quantidade de proteína, sobressaindo-se o pudim, pois o mesmo levava leite e ovos na sua preparação. Nos idosos a síntese proteica é até 20% menor que nos adultos jovens. Além disso existe menor eficiência na absorção. Para con- trariar o desenvolvimento de sarcopenia e osteoporose e compensar a pior eficiência de absorção (CANNELLA; SAVINA; DOMINI, 2009). O leite contém cálcio e este ajuda na prevenção da osteoporose e osteopenia, além de manter o ritmo car- díaco, participando também da saúde do cérebro fazendo com que os neurotransmissores funcionem de maneira adequada e com isso os estímulos neurológicos aconte- çam normalmente. O zinco ajuda a manter a imunidade do idoso pois tem ação antioxidante. Já o potássio auxilia na redução dos níveis de sódio no organismo, diminuin- do o risco de hipertensão arterial e derrame, além de ser eficiente no combate a constipação (ARAÚJO, 2011). A elaboração da receita de torta de arroz teve como objetivo utilizar as sobras do almoço, uma vez que este alimento era preparado para dietas livres, pastosas e brandas. Segundo Walter (2008), diversas são as utilidades do arroz, por ser um produto com vitaminas do complexo B, proteínas, carboidratos, lipídios, minerais, ácidos fenó- licos e ácido fítico. A banana prata, por ser de baixo custo e presente em todas as épocas do ano, é bastante utilizada na institui- ção, porém amadurece rapidamente, e caso não seja con- sumida, se deteriora aceleradamente, portanto a elabora- ção de um bolo e um sorvete de banana foi uma estratégia utilizada para minimizar o descarte destes alimentos. A banana é uma fruta rica em fibras, potássio, C e vitami- nas B1, B2, B6, além dos minerais como magnésio, cobre, manganês, cálcio, ferro e ácido fólico. A banana também contém compostos antioxidantes como a dopamina e ca- tequina, e triptofano que atua na produção de serotonina, ajudando a relaxar e manter o bom humor (GONÇAL- VES, 2014). Grandes doações de pão são recebidas durante toda a semana na instituição, porém o consumo é menor do que a quantidade doada, ocorrendo deterioração com crescimento fúngico. Com as sobras foi elaborado a recei- ta de pudim de pão. O pão é uma boa fonte de vitaminas B, possuindo também cálcio, magnésio e fósforo. O pão contém um bom valor nutritivo, alto índice de carboidra- tos e proteínas, e pouca gordura (THOMAS; BAECHLE; WESTCOTT, 2013). NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 9 Development of Sustainable Recipest To the Menu of an Institution of Long Permanence In Maceió-AL matéria de capa ção pesquisada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores Profa. Eliane Costa Souza - Docente do Centro Universitário Cesmac Kézia Kewyne Lins da Silva; Rayanne Ribeiro Matos - Graduandas do Curso de Nutrição Profa. Giane Meyre de Assis Aquilino - Docente do Centro Universitário Cesmac Profa. Fabiana Melo Palmeira - Docente do Cen- tro Universitário Cesmac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Serviços de Saúde para Idosos. Die- ta Saudável. Nutrientes. KEYWORDS: Health services for the elderly. Healthy Diet. Nutrients. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 26/11/2018 - APROVADO: 10/3/2019 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS ACUÑA, K.; CRUZ, T. R. Avaliação do estado nu- tricional de adultos e idosos e situação nutricional da po- pulação brasileira. 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S74-S8, 2008. NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 201910 RESUMO: A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio gastrointestinal que não tem causa definida. Os sintomas são diversos e conforme os critérios de ROMA III, pode haver oscilação entre episódios de diarreia e constipação, sensação de evacuação incompleta, dor ou desconforto abdominal, inchaço, gases. Os sintomas cos- tumam ser crônicos e não apresentam lesões evidentes no cólon. Geralmente os pacientes que apresentam into- lerâncias ou sensibilidades alimentares podem agravar o quadro e os sintomas. Devem ser observados os episódios de desconforto que podem ocorrer após as refeições ou a ingestão de alguns alimentos com grande quantidade de carboidratos de cadeia curta fermentáveis (oligossacarí- deos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentá- veis), os FODMAP’s. Através desta pesquisa, foi verifica- da a melhora dos sintomas com o controle dos alimentos ofertados. Por isto é importante o diagnóstico feito pelo médico e o tratamento adequado, com uma alimentação balanceada, com auxilio de uma Nutricionista. ABSTRACT: Irritable Bowel Syndrome (IBS) is a gastrointestinal disorder that has no definite cause. The symptoms are diverse and according to the criteria of ROME III, there may be oscillation between episodes of diarrhea and constipation, sensation of incomplete evacuation, pain or abdominal discomfort, swelling, gas. The symptoms are usually chronic and have no evident lesions in the colon. Patients who present with food intolerances or sensitivities can generally aggravate the condition and symptoms. The episodes of discomfort that may occur after meals or the ingestion of some foods with large amounts of fermentable short chain carbohydrates (oligosaccharides, disaccharides, monosaccharides and fermentable polyols), the FODMAPs. Through this research, it was verified the improvement of the symptoms with the control of the foods offered. That is why it is important the diagnosis made by the doctor and the appropriate treatment, with a balanced diet, with the help of a Nutritionist. . . . . . . . . . . . . . . . . . Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . Segundo Bastos (2015) e WGO (2009) a Síndro- me do Intestino irritável (SII), é um transtorno funcional ou uma doença do trato gastrointestinal que acomete o funcionamento intestinal habitual, caracterizada por vá- rios sintomas que podem ser sentidos através de descon- forto abdominal ou alterações intestinais, com períodos alternados entre diarreia e constipação ou misto. Segundo Masuy et al. (2017) e Staudacher et al (2011), os FOD- MAP’s (Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacaríde- os e Polióis Fermentáveis) são carboidratos de cadeia cur- ta responsáveis por produzirem gases na região do colon intestinal, o que leva ou pode levar ao inchaço e/ou dor ou desconforto abdominal, pois através de sua fermentação, aumentam o volume de retenção líquidos no interior no intestino. Uso de Alimentos FODMAPS no Tratamento da Síndrome do Intestino Irritável Use of FODMAPS Foods in Treatment of Irritable Bowel Syndrome NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 11 clínica Conforme Oliveira (2016) e Catapani (2004), mesmo apresentando os sintomas crônicos, não costu- mam apresentar lesões evidentes no cólon. Segundo Holt- mann (2016), a SII tem como característica a recorrência de desconforto, geralmente melhorando após a evacua- ção, o diagnóstico deve ser feito com base na exclusão de outras patologias intestinais, como doença celíaca, colite, doença de Crohn. Sasaki (2003) e Catapani (2004), des- crevem que há mulheres que investigam alterações gi- necológicas, pois o desconforto na região pélvica é mais acentuado durante o período menstrual. Marsh (2015) e Catapani (2004) também relatam que as alterações emo- cionais podem influenciar na SII, como o estresse, altera- ções de humor, doenças psiquiátricas e dores na cabeça. Também há evidências que os episódios de desconforto podem ocorrer após a ingestão de alguns alimentos com alta fermentação intestinal ou carboidratos de cadeia cur- ta fermentáveis, os FODMAP’s. Há relatos que a piora dos sintomas e com mais intensidade é no período noturno, segundo Catapani (2004) e Bastos (2015). Através da Nutrição, temos pesquisas que justifi- cam que a alimentação que contêm alimentos com maior quantidade de FODMAP’s, os sintomas nos portadores da SII são mais intensos, podendo apresentar alguma tole- rância alimentar conforme o alimento e quantidade inge- rida, devido a digestão e absorção deles não ocorrer bem ou ocorrer parcialmente no intestino delgado, acabam aumentando a permeabilidade intestinal de água, provo- cando dor e desconforto abdominal e a formação de gases, conforme descrito por Bastos (2015). Assim nesta revisão de literatura, foram pesqui- sados, estudos científicos que descrevem que através do uso dos alimentos com baixo teor de FODMAP’s há me- lhora dos sintomas e da importância que estas mudanças ocasionam na qualidade de vida dos pacientes. Foram usadas como palavras-chave: Síndrome do intestino irri- tável. Diarreia. Constipação. Oligossacarídeos. Dissacarí- deos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . Este estudo foi desenvolvido através de revisão de literatura, utilizando o método qualitativo, com informa- ções coletadas em livros, artigos científicos, monografias disponíveis em mídia eletrônica. Neste artigo, os dados foram coletados em mídia digital e/ou impressa. As fon- tes destas publicações e materiais pesquisados, foram de autores de livros e artigos científicos publicados em sites confiáveis e de relevância científica. Através da busca dos descritores: Síndrome do Intestino Irritável, Alimentos FODMAP’s, diarreia, constipação. Verificando se houve comprovação científica desta afirmação, através da com- paração entre as informações disponibilizadas nas biblio- grafias, foi pesquisado em língua estrangeira (inglês) e em português, a pesquisa foi feita com artigos a partir do ano 2000. Sendo que os resultados e a discussão dos dados que foram apresentados de forma descritiva, conforme as literaturas pesquisadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conforme a Sociedade Brasileira de Nutrição En- teral e Parenteral (SBNPE), a atração da água que ocorre no intestino delgado, através do aumento da osmolarida- de, e da fermentação dos alimentos ricos em FODMAP’s que são fermentados muito rápido, ocorrendo aumento de gases e/ou flatulência, distensão e cólica na região ab- dominal, assim relacionando os sintomas e diagnóstico ao consumo deles, representados no grupo dos dissacarídios pela lactose, a frutose representa os monossacarídeo, já os polióis são representados pelos adoçantes terminados pela sigla “ol”, como o sorbitol e manitol. SegundoGearry et al. (2009) e Staudacher et al. (2011), o início das pesquisas foi na Austrália, através da restrição destes alimentos. Variou num periodo de restri- ção entre dois dias a quatro semanas e, com a reintrodu- ção dos alimentos os pacientes pesquisados voltaram a apresentar os sintomas. Os primeiros alimentos pesqui- sados foram a lactose e a frutose e a relação entre o des- conforto ocasionado em consequencia da ingestão deles. Também foi perecebido que a ingestão de outros alimen- tos como trigo, cebola e alguns legumes, frutose e sorbitol (presentes em alimentos como o mel e adoçantes com a sigla final “ol”) produzem estes sintomas, em decorrencia da fermentação provocada pelas bactérias intestinais e a liberação de líquidos pelo processo osmótico ocorrido no intestino (ANDRADE, 2014; GEARRY et al., 2009). Costa et al. (2018) e a SBNPE sugerem que a re- dução dos sintomas pode estar relacionada com a retirada ou exclusão parcial ou total dos alimentos que pertencem Uso de Alimentos FODMAPS no Tratamento da Síndrome do Intestino Irritável NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 201912 ao mesmo grupo. Sugerem que a exclusão deve ser feita em torno de 6 a 8 semanas, geralmente a redução dos sin- tomas nestes pacientes é em torno de 75% e, se na reintro- dução voltarem os sintomas, pode ser classificado como SII. Costa et al. (2018) descreve que há alguns alimentos que não estão na lista dos já classificados como fermentá- veis, pois estes ainda estão em avaliação se são de baixo ou alto teor de fermentação, mas caso o paciente apresente sensibilidade, este deve ser reduzido ou retirado do cardá- pio. A SBNPE sugere que a reintrodução dos alimen- tos FODMAP’s deve ser feita de forma gradual, em peque- nas quantidades, para poder ser avaliado o alimento que desperta os sintomas de mal-estar. Também deve avaliar a ingestão de fibras insolúveis, de cafeína, de alimentos gor- durosos e bebida alcoólica, quem pode ser causadores do desconforto, deve ser verificado o horário, a quantidade e qualidade das refeições que são ingeridas. Conforme Costa et al. (2018) há 2 mecanismos que podem originar o desconforto nos pacientes com a SII: o primeiro: a “hipótese do intestino delgado”, onde através das moléculas osmóticas dos carboidratos, que são ativadas e não são absorvidas no lúmen do intestino delgado, o provoca o aumento da água no interior do in- testino delgado e o desconforto é sentido pelos pacientes. Esta distensão é provocada pela rapidez com que os ali- mentos percorrem o trato gastrointestinal, a chegada ao intestino, prejudicando a absorção dos nutrientes. A “hi- pótese do intestino grosso” é o segundo mecanismo, onde os FODMAP’s, chegam ao cólon muito rápido, provocan- do a fermentação por parte das bactérias que habitam o intestino, as bactérias colônicas, causando o desconforto devido a distensão das paredes do intestino. Costa et al. (2018), relatou o grau de sensibilidade de cada indivíduo foi avaliado por gastroenterologista e foi enquadrado a partir dos critérios de ROMA III, onde foram feitos tes- tes com a retirada dos alimentos FODMAP’s e, assim foi avaliado o efeito da dieta e da restrição, havendo melhora significativa dos sintomas nos pacientes portadores da SII (37%) e dos pacientes portadores de Doença Inflamatória Intestinal (DII) em 24%, pois tornaram-se assintomáticos durante o período de restrição dos alimentos inflamató- rios. O que proporcionou a melhora na qualidade de vida destes pacientes. Neste estudo não houve comprovação que o glúten e a lactose foram os causadores dos descon- fortos, e que provavelmente ocorreram por estarem asso- ciados ao consumo concomitante de alimentos com alto teor de FODMAP’s. Halmos (2014) diz que nem sempre a exclusão de alimentos como trigo e laticínios tem tido Use of FODMAPS Foods in Treatment of Irritable Bowel Syndrome efeito isolado, devido ao fato de alguns indivíduos terem um percentual de tolerância deles, assim este controle da ingestão alimentar, deve ser feito conforme o nível de aceitação individual. Costa et al. (2018) destaca a importância de uma dieta adequada para estes pacientes, onde o acompanha- mento de um nutricionista e fundamental para não ocor- rem perdas de nutrientes ou a ingestão inadequada de ali- mentos fonte de cálcio, fibras e carboidratos necessários à boa nutrição, além de ajudar na mudança e na adequação dos hábitos alimentares, orientando adequação alimentar até ser possível verificar qual ou quais alimentos desenca- deiam os sintomas da SII. Conforme Costa et al. (2018) e Andrade et al. (2014), a produção do gás metano e liberação da água no intestino, que ocorrem devido a fermentação dos FOD- MAP’s é que seria a responsável pelo desconforto e disten- são abdominal e sintomas gastrointestinais. Para digestão dos carboidratos, estes devem ser digeridos por enzimas para serem absorvidos pelo or- ganismo. Porém quando não há enzima específica para digestão e absorção de alguns nutrientes estes passam a não ser bem tolerados e acabam causando reações des- confortáveis na região gastrointestinal. A má digestão dos alimentos fonte dos FODMAP’s (frutossacarídeos, oli- gossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis) acaba por causar desconforto como gases, diarreia e/ou constipação, cólica nos portadores da Sín- drome do Intestino Irritável (SII) (MAHAN, 2013). Damião (2001), WGO (2009) e Bastos (2015), destacam que conforme os Critérios de Roma III, que se- guem descritos na íntegra, estabeleceu-se um consenso para o diagnóstico da SII, onde são descritos os sintomas para estabelecer o provável diagnóstico, que são: Critérios de Roma III para o Diagnóstico de Desordens na SII C1. Síndrome do intestino irritável Os critérios* diagnósticos devem incluir todos os itens a seguir: Dor ou desconforto abdominal recorrente** pelo menos 3 dias/mês, nos últimos 3 meses, associada com dois ou mais dos seguintes: 1. Melhora com a defecação; 2. Início associado com mudança na frequência das eva- cuações; 3. Início associado com mudança no formato (aparência) NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 13 das fezes. * Critérios preenchidos nos últimos 3 meses com início dos sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico. ** “Desconforto” significa uma sensação desconfortável não descrita como dor. Recomenda-se que, para uma pessoa possa participar e ser incluída nos protocolos de pesquisas de fisiopatologia e em estudos clínicos, tenha frequência de dor/desconforto de ao menos 2 dias por se- mana durante o período de avaliação. C2. Estufamento / Empachamento funcional Os critérios* diagnósticos devem incluir os dois itens a seguir: 1. Sensação recorrente de estufamento/empachamento ou distensão visível por pelo menos 3 dias/mês em 3 meses 2. Critérios insuficientes para diagnóstico de dispepsia funcional, síndrome do intestino irritável ou outro distúr- bio gastrointestinal funcional * Critérios preenchidos nos últimos 3 meses com início dos sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico. Conforme Damião (2001), a Síndrome do In- testino Irritável acomete cerca de 50% dos pacientes que buscam orientação gastroenterológica, mesmo não apre- sentando lesão no aparelho disgestório, apresentam al- terações dificuldades na motilidade gástrica e intestinal, apresentando dor abdominal, além de intercalar episódios que oscilam entre constipação e/ou diarreia. Conforme Oliveira (2016), as fezes podem apre- sentar diferentes características: - diarreia: até um terço dos pacientes apresentam fezes amolecidas em mais de 25% das evacuações e fezes du- ras em menos de 25% das evacuações, maioria ocorre em homens - constipação: fezes endurecidas em mais de 25% das eva- cuações e amolecidas em menos de 25% das evacuações, ocorre mais em mulheres - presença de padrão cíclico ou misto entre as evacuações, que oscila entre diarreia e constipação em mais de 25% das evacuações. Ocorre geralmente em um terço até a me- tade dospacientes que apresentam esta oscilação como característica no hábito intestinal, além de alternar entre os grupos por algum período, que pode variar entre diar- reia e/ou constipação. Oliveira (2016) ainda sub classifica, na prática clí- nica, conforme os sintomas apresentados onde há variação entre a presença de dor e/ou inchaço ou ainda nos fatores denominados precipitantes, onde a SII pode ser infecciosa que pode ter como causa ou predisposição a ingestão de alimentos ou através do estresse do indivíduo. Holtmann (2016) destaca que os sintomas podem ser classificados de acordo com o padrão das fezes e, que a SII pode ser diag- nosticada também através dos sintomas aliviados após a defecação, cerca de 10% da população apresenta esta do- ença. O tratamento da SII pode ser através de controle na ingestão de alimentos e do estresse ou ainda em alguns casos, medicamentoso (DAMIÃO et al., 2001). Andrade (2014) destaca que o tratamento farmacológico pode ser realizado através do uso de laxantes, antiespasmódicos, psicotrópicos ou remédios para tratar a depressão e blo- queadores de canais de cálcio. Bastos (2015) e Andrade (2014) destacam que a mudança no comportamento alimentar influencia no tra- tamento da SII e, que este deve ser a primeira medida a ser tomada para o tratamento da mesma. Destacam o uso da terapia nutricional através do controle de alimentos FOD- MAPs. Andrade (2014) descreve como pequenas molécu- las osmoticamente ativas que apresentam dificuldade na absorção intestinal onde a microbiota intestinal apresenta uma rápida fermentação, isto provocando o desconforto e sintomas da SII. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na abordagem do uso dos alimentos FODMAP’s para o tratamento da Síndrome do Intestino Irritável, se- gundo Barret e Gibson (2012), a origem do termo FOD- MAP surgiu a partir do estudo dos alimentos nas décadas de 1980 e 1990, começando com a hipótese que alimentos fonte carboidratos de cadeia curta que eram mal absorvi- dos no trato gastrointestinal, como a lactose, a frutose e o sorbitol encontrado naturalmente em frutas e/ou adoçan- tes articiais, frutooligossacarídeos (frutanos) e galactooli- gossacarídeos (GOS), ocasionavam desconforto abdomi- nal em pessoas com a síndrome do intestino irritável. As primeiras evidências, foram através dos alimentos fonte de frutose ou frutanos e lactose, através do método seme- lhante ao uso de ileostomia, foi percebido que a chegada destes alimentos ocasionava um efeito osmótico, aumen- Uso de Alimentos FODMAPS no Tratamento da Síndrome do Intestino Irritável clínica NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 201914 tando o teor de água na digestão dos alimentos, o que pro- vavelmente foi tido como a causa de diarreia em algumas pessoas. Em 2005, Gibson e Shepherd, relataram que a dieta com baixo consumo de alimentos FODMAP’s ti- nham efeito nos sintomas apresentados pelos portadores de SII, que foram restringidos na dieta e constatada me- lhora dos sintomas. Baptista (2017), destaca que pacientes com sensi- bilidade ao glúten não-celíaca podem apresentar os mes- mos sintomas que pacientes celíacos, podendo ocasionar a presença de sintomas ou agravamento dos sintomas da SII, assim nestes casos, é recomendado fazer a retirada de alimentos que contem glúten da dieta destes pacientes, o que proporciona a melhora nos sintomas. Troncone (2011) refere que podem haver casos em que o paciente apresenta alterações nas imunoglo- blinas IgA e IgM, tiveram pacientes que apresentaram a sorologia negativa das imunoglobulinas e anti-gliadina, mesmo não sendo celíacos, assim como casos de altera- ções no epitélio intestinal devido a sensibilidade ao glú- ten, alguns pacientes não apresentaram nenhum dos casos descritos, e quando consomem glúten, despertam os sin- tomas da SII, o que faz-se necessária a sua exclusão deste da dieta. Chumpitazi et al. (2017), destacam que a má ab- sorção e a fermentação da frutose podem causar descon- forto psicossocial ou a depressão em adultos portadores da SII, devido aos sintomas e desconforto apresentados. Conforme estudos, a produção de metano após a ingestão de lactulose, que foi analisada através da avaliação do hi- drogênio expirado, acaba afetando a vida psicossocial do indivíduo, principalmente quando consumido com ou- tros alimentos fonte de alto teor de FODMAP. Também foi sendo investigado se ocorria o mesmo com crianças, o estudo na análise do hidrogênio respiratório com lactulo- se não foi conclusivo na alteração psicossocial infância e não foi relacionado com a dor abdominal e/ou depressão infantil. Porém houve alteração na microbiota intestinal das crianças que apresentavam a SII em comparação às que não tem a síndrome. Olesen e Gudmand-Hoyer (2000), destacam que os oligossacarídeos que são classificados como prebióti- cos, que trazem benefícios aos serem consumidos, pois melhoram as saúde do indivíduo melhorando crescimen- to bacteriano no intestino. Os frutooligossacarídeos são usados na indústria alimentícia, com a alegação de prebi- óticos, porém estes são laxativos osmóticos, que quando chegam ao cólon, são fermentados em ácidos graxos de cadeia curta muito rápido, o que acaba ocasionando o au- mento do peristaltismo e seus efeitos são semelhantes ao da lactose em portadores da SII: inchaço, gases, barulhos na região abdominal e um padrão irregular das fezes. Por isto devem ser usados com restrições ou controle por estes pacientes. Lomer (2011) e Flora (2006), destacam que a anemia e desnutrição podem ser consequências da não ingestão de certos alimentos e a adequação na dieta de Use of FODMAPS Foods in Treatment of Irritable Bowel Syndrome Tabela 1 - Os FODMAPs dietéticos, suas fontes comuns na dieta e a fisiologia de sua chegada ao lúmen do intestino grosso Componente Alimentar Forma dietética Fontes / utilizações comuns Digestão e / ou pequena absorção intestinal Frutose Frutas, mel, xarope de milho (adoçante) A capacidade de absorção é diminuída quando há excesso de glicose - baixa em 30% (considerada para absorver má absorção) Lactose Frutanos Frutooligossacarídeo (oligofrutose) Leite, iogurte, sorvete Trigo, cebolas, acrescentaram benefícios à saúde Sem absorção na deficiência de lactase Não hidrolisada no intestino delgado adequadas - absorção <5% Poliois Sorbitol, xilotol, manitol, maltilol Maçãs, peras, ameixas, adoçantes com teor reduzido de calorias Absorção parcial apenas (<20%) Galactooligossacarídeos Rafinose, estaquiose Legumes, feijão, repolho, couve de Bruxelas, cebola Em humanos alactosidase tem mínima absorção Outros Polidextrose, isomaltose Adoçante com valor calórico reduzido Absorção parcial apenas (<20%) Gibson e Shepherd, 2005 NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 15 pacientes com intestino irritável e na doença inflamatória intestinal, pois o fato de haver alterações nos episódios das fezes e as alterações na flora intestinal podem ocasionar perdas ou má absorção de nutrientes e, em casos de diar- reias, podem ocorrer perdas importantes de nutrientes. Por isto uma dieta restrita em alimentos pobre em oligo-, di-, monossacarídeos e polióis fermentáveis pode aliviar os sintomas funcionais e perdas nutricionais. Flora (2006) destaca que também pode ser feita adequação do estado de saúde através de suplementação e modulação de dietas via enteral, se necessário. Conforme o Jornal Internacional de Gastroente- rologia (Cozma-Petruţ - 2017), baseado nas atuais dire- trizes sobre a SII, foi desenvolvida a Pirâmide Alimentar para os portadores de intestino irritável. A pirâmide pos- Uso de Alimentos FODMAPS no Tratamento da Síndrome do Intestino Irritável clínica sui nove níveis onde os alimentos estão organizados de acordo com a indicação da ingestão dos alimentos, sendo na base, além da indicação de atividade física e ingestão de água, os alimentos estão organizados do maiorpara menor consumo, indicado no topo. Além de indicar a orientação de profissional habilitado para orientação ao paciente, onde há orientação sobre a ingestão dos FOD- MAP’s, ingestão de fibras e probióticos. Amarante (2013), destaca que é importante man- ter o estado nutricional do paciente. Para averiguar o es- tado nutricional, é recomendado que se faça a avaliação corporal e antropométrica, através das pregas cutâneas e do índice de massa corporal, conforme preconização da Organização Mundial da Saúde (OMS), para avaliação e acompanhamento do estado nutricional dos indivíduos Tabela 2 - Alimentos ricos em FODMAP e alimentos alternativos com baixo FODMAP FODMAP Alimentos com alto teor de FODMAP Alimentos de baixo teor de FODMAP Oligossacarídeos: frutanos e / ou galacto- -oligossacarídeos Legumes: alcachofras, aspargos, beterraba, couve de Bruxelas, brócolis, repolho, erva-do- ce, alho, alho-poró, cebolinha, quiabo, cebola, ervilhas Cereais: trigo e centeio quando consumidos em grandes quantidades (por exemplo, pão, massa, bolachas) Leguminosas: grão de bico, lentilhas, feijão vermelho, feijão cozido Frutas: melancia, pinha, pêssegos brancos, rambutan, caqui Legumes: cenoura, pepino, batata, pimentão, be- rinjela, feijão verde, alface, espinafre, cebolinha, nabo, abóbora, cebolinha (apenas verde), toma- te, abobrinha, brotos de bambu, couve chinesa, chuchu Cereais: grãos sem trigo ou farinhas sem trigo (ex.: farinha de arroz) e produtos feitos com estes (por exemplo, pão, massa, bolachas), trigo verme- lho, trigo sarraceno, aveia, milho, arroz, quinoa Leguminosas: grão de bico enlatado Dissacarídeos: Lactose Leite (vaca, cabra, ovelha), iogurte, queijos macios e frescos (ex.ricota, queijo caseiro), sorvete Leite sem lactose, leite de arroz, leite de amêndoa, iogurte sem lactose, queijos duros (por exemplo, Cheddar, Parmesão, Suíço, Brie, Camembert), manteiga, substitutos de sorvete (por exemplo, gelato sem laticínios, sorbet) Monossacarídeos: Frutose Frutas: maçãs, pêras, pera asiática, nectarina, manga, ervilhas, melancia, suco de fruta natu- ral embalado / industrualizado, frutos secos Mel Frutas: banana, mirtilo, toranja, uva, melão, kiwi, limão, tangerina, laranja, tangelo, framboesa, morango, mamão, carambola, maracujá, melancia, jaca. Substitutos do mel: xarope de bordo Polióis Edulcorantes: frutose, xarope de milho com alto teor de frutose Frutas: maçãs, damascos, cerejas, lichia, pêra asiática, nectarina, pêra, pêssego, ameixa, ameixa seca, melancia Legumes: abacate, couve-flor, cogumelos, ervilhas Adoçantes: sorbitol, manitol, xilitol e outros que terminam com “-ol”, isomalte Adoçantes: açúcar, glicose, adoçantes artificiais que não terminam em “-ol” Frutas: banana, mirtilo, toranja, uva, melão, kiwis, limão, limão, tangerina, laranja, framboesa, ma- mão, carambola, maracujá, melancia, melão, jaca Edulcorantes: açúcar, glicose, adoçantes artificiais que não terminam em “-ol” (por exemplo, sucralo- se, aspartame) Fonte: Cozma-Petruţ, et col (WJG - 2017) NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 201916 em estudos populacionais de grande escala e fácil averi- guação, com baixo custo e ser um método não invasivo, onde podem detectados tanto obesidade quanto desnutri- ção, fornece medidas de gordura corporal através de cir- cunferências. Santos (2015) destaca a importância de uma anamnese alimentar realizada pelo profissional Nutricio- nista, onde é feita a verificação da ingestão alimentar do paciente e, através desta anamnese, podemos orientar o paciente sobre a ingestão de certos alimentos que podem estar influenciando nos sintomas apresentados de des- conforto abdominal e melhorar a absorção dos nutrien- tes. Devendo retirar os alimentos irritantes da mucosa, alimentos flatulentos, adequar a ingestão de gorduras saudáveis e não saturadas, restrição de cafeína e bebidas alcoólicas. Adequar a ingestão de água, fibras e adequa- ção dos macro e micronutrientes evitando a desnutrição e desconforto abdominal destes pacientes. Passos (2006), destaca a importância da adequa- ção do tratamento dos pacientes portadores da SII, que deve ser conforme o conhecimento da fisiopatologia da doença, que a terapia utilizada vai depender dos sintomas e das sua intensidade e periodicidade de sintomas como diarreia e constipação, fazendo uso de laxantes e antidiar- reicos, e do comprometimento funcional que o paciente apresenta. Também pode ser aliada à terapia psicológica ou psicossocial deste paciente, visto que muitos podem apresentar estresse, alterações psicológicas ou comorbida- des psiquiátricas, nestes casos, pode-se fazer uso de anti- depressivos e ansiolíticos que são opções terapêuticas que auxiliam estes pacientes e que fazem necessário deste tipo de medicamento. Marques (2012) descreve que pode haver aumen- to da atividade simpática, devido a uma alteração no siste- ma nervoso autônomo, o que afeta a motilidade intestinal em pacientes com SII. Tem sido pesquisada a ação da se- rotonina e agentes serotoninérgicos, neurotransmissores que atuam nesta função orgânica, havendo a redução em casos de constipação e aumento da serotonina em casos de SII, o que já tem sido utilizado medicamentos que atu- am sobre a produção da serotonina em tratamento destes pacientes. . . . . . . . . . . C onsiderações Finais . . . . . . . . . . . . A Síndrome do Intestino Irritável é um distúr- bio do trato gastrointestinal, de causa não específica, que causa vários transtornos aos portadores desta alteração intestinal, assim é recomendado que os Nutricionistas tenham conhecimento sobre os sintomas apresentados pelos pacientes, fazendo uma anamnese detalhada sobre seus hábitos alimentares e estilo de vida e se não há ou- tras patologias ou intolerâncias alimentares que possam estar associadas ao quadro de saúde, com a finalidade de verificar as possíveis causas e tratamentos para facilitar a vida social, psicológica, nutricional dos nossos pacientes. Caso seja necessário, é recomendado que o paciente faça acompanhamento multidisciplinar, para evitar possíveis transtornos psicológicos e ter melhor qualidade de vida, saúde e social. A orientação da adequação alimentar é muito importante para saúde destes pacientes, por isto a impor- tância desta revisão bibliográfica, onde destaca o uso dos alimentos FODMAP’s na dieta dos pacientes portadores da Síndrome do Intestino Irritável, onde é fundamental incentivar a ingestão, moderação e/ou a exclusão destes alimentos. Pois geralmente com a dieta há a redução nos quadros de desconforto abdominal e de episódios de diar- Use of FODMAPS Foods in Treatment of Irritable Bowel Syndrome NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 17 reia ou constipação, gases e alterações no estado nutricio- nal. Também é importante salientar a ingestão de água e a prática de atividade física, evitar ambientes e situações estressantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores Dra. Ana Lúcia Czerny - Nutricionistapela UNI- SINOS. Pós graduação em Nutrição Clínica (UGF); Nu- trição Esportiva (Unyleya), Nutracêuticos, Nutricosméti- cos e Alimentos Funcionais (IPGS), Pedagogia (UNISUL). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: : Síndrome do intestino irritável. Diarreia. Constipação. Oligossacarídeos. Dissacarídeos. KEYWORDS: Irritable bowel syndrome. Diarrhea. Consti- pation. Oligosaccharides. Dissaccharides. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Recebido – 9/11/2018 aprovado – 28/2/2019 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS AMARANTE, D. Aspectos nutricionais na popula- ção de pacientes com síndrome do intestino irritável atendi- dos no Hospital de Clinicas da Faculdade de Medicinade São Paulo. Dissertação de Mestrado da Faculdade de Medicina de São Paulo. 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Use of FODMAPS Foods in Treatment of Irritable Bowel Syndrome NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 19 RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar na litera- tura a associação do sobrepeso e da obesidade no desen- volvimento do câncer de mama. Trata-se de uma revisão de literatura do tipo narrativa, de artigos disponíveis nas bases de dados Sciencdirect, Biblioteca Virtual em Saú- de e PubMed, nos idiomas inglês e português. A partir da análise dos estudos pode-se verificar que o sobrepeso e a obesidade podem promover o desenvolvimento do câncer de mama, em vista que o aumento da adiposidade visce- ral pode causar hiperinsulinemia, resistência à insulina e dislipidemia, o que eleva a expressão do receptor GH no fígado, o que estimula a elevação dos níveis de IGF- 1 circulante que colabora para desenvolvimento tumoral. Além disto, a elevação dos níveis de leptina ocasionada pelo excesso de peso favorece o crescimento e desenvolvi- mento de câncer mamário. ABSTRACT: The objective of this study was to analyze in the literature the association of overweight and obesity in the development of breast cancer. This is a literature review of the narrative type, of articles available in the databases Sciencdirect, Virtual Health Library and PubMed, in the English and Portuguese languages. From the analysis of the studies it can be verified that overweight and obesity can promote the development of breast cancer, since the increase of the visceral adiposity can cause hyperinsulinemia, insulin resistance and dyslipidemia, which raises the receptor expression GH in the liver, which stimulates the elevation of levels of circulating IGF-1 that contributes to tumor development. In addition, the elevation of leptin levels caused by excess weight favors the growth and development of breast cancer. . . . . . . . . . . . . . . . . . Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . De acordo com Albarello et al. (2012), o câncer de mama é resultado do processo de proliferação anormal das células que constituem a mama. Trata-se do segundo tipo de câncer mais comum no mundo e a principal cau- sa de morte em mulheres a nível global. Calcula-se que no Brasil entre os anos de 2018-2019 sejam notificados 59.700 novos casos de câncer de mama, com um risco de a cada 100 mil mulheres 56,33 possam ter este tipo de cân- cer (OTANI et al. 2015; BRASIL, 2018). O câncer de mama é ocasionado por múltiplos fatores dentre os quais se destacam: a idade, carga gené- tica, a história familiar, ingestão de bebidas alcoólicas, consumo excessivo de gorduras, sedentarismo, exposição à radiação ionizante, alta densidade do tecido mamário, exposição prolongada aos estrogênios endógenos, obesi- dade, dentre outros (BRASIL, 2014). Nos últimos anos ob- servou-se que houve aumento das publicações cientificas que associam as alterações na composição corporal com a elevação do número de novos casos de câncer de mama Associação do Sobrepeso e Obesidade com Desenvolvimento de Câncer de Mama: Revisão Narrativa Association of Overweight and Obesity with Breast Cancer Development: Narrative Review esporte NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 201920 (EICHHOLZER et al., 2013; GALLAGHER; LEROITH, 2013; PINHEIRO et al., 2014; HAIR et al., 2015).). O sobrepeso é definido quando individuo apre- senta por meio da relação peso/altura2 valores de IMC (índice de massa corporal) ≥ a 25 kg/m2. Já a obesida- de trata-se de uma doença crônica não transmissível (DCNT) no qual o principal indicador antropométrico o índice de massa corpórea (IMC) ≥30 kg/m², sendo apon- tada como fator de risco para diversas doenças, principal- mente quando associado a má alimentação e sedentaris- mo (WHO, 2000; VASQUES et al., 2010). Destaca-se que pessoas com obesidade apresen- tam um risco de 1,5 a 3,5 vezes mais chances de adquirir câncer quando comparado a pessoas com peso adequado para estatura (PISCHON; NIMPTSCH, 2015). Conforme Wolin; Carson; Colditz (2010) na Europa aproximada- mente 15 a 45% dos cânceres estão associados ao excesso de peso e obesidade, com ênfase nos canceres de endomé- trio, cólon, rins, adenomas esofágicos, e de mama. Por- tanto este trabalho teve como principal objetivo analisar na literatura a associação do sobrepeso e da obesidade no desenvolvimento do câncer de mama. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . Este trabalho trata-se de um estudo de revisão narrativa, que segundo Vosgerau; Romanowski (2014) é composto por uma extensa análise da literatura cientifica sobre determinada temática, sem estabelecer um proces- so metodológico rigoroso e replicável. Este tipo de estudo é essencial para obtenção e atualização de conhecimento sobre um assunto especifico, pois demostra ideias atuais, métodos e subtemas (ELIAS et al., 2012). As bases de dados utilizadas para pesquisa foram Sciencdirect, Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed, no qual empregou-se os seguintes descritores: “neoplasias da mama”, “obesidade”, “sobrepeso”, nos idiomas português e inglês. Foram incluídos estudos originais, revisões siste- máticas, gratuitos e não gratuitos, completos, com resumo na integra. Foram excluídas revisões narrativas, textos de sites não científicos, artigos incompletos, em duplicata. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Câncer de mama A glândula mamária feminina trata-se de um ór- gão localizado na parede anterior do tórax, na parte su- perior e apoia-se sobre o musculo peitoral maior. Possui lobos (glândulas que produzem leite), dutos (locais que transportam o leite dos lobos ao mamilo) e estomas. O câncer de mama surge a partir do crescimento descon- trolado das células da mama, no qual essa proliferação é ocasionada principalmente por fatores genéticos (AME- RICAN CANCER SOCIETY, 2016). De acordo com Pérez et al. (2011) o câncer de mama é uma doença caracterizada principalmente por proliferação descontroladas das células da mama, que ori- gina células com defeitos morfológicos e funcional, que são capazes de afetar tecidos adjacentes, por um processo conhecido como metástase. Epidemiologia do Câncer de Mama Nos últimos anos observou-se uma elevação pro- gressiva do número de casos de câncer de mama, em que entre os anos de 2009 a 2014 houve um crescimento de 13,4% deste tipo de câncer em mulheres brasileiras, o que correspondeu a um crescimento de 2% ao ano (BRASIL, 2014). Para o biênio 2018-2019, no Brasil calcula-se que possam ser diagnosticados 59.700 novos casos de câncer de mama, com um risco de 56,33 casos a cada 100.000 mulheres, sendo que para região nordeste esse risco é de 40,36 casos para cada 100.000 mulheres (BRASIL, 2018). Etiologia do câncer de mama Um dos principais aspectos relacionados ao de- senvolvimento do câncer de mama é a idade, em vista que raramente diagnostica-se um paciente com este tipo de câncer com idade inferior a 25 anos, sendo que a partir dos 30 anos a incidência aumenta (YOSHINARI et al., 2017). Os principais fatores indutores são histórico fami- liar, idade superior a 30 anos, sexo feminino, menarca pre- coce, menopausa tardia, exposição às radiações ionizan- tes antes dos 40 anos de idade, reposição hormonal para tratamento da menopausa e obesidade (COIMBRA, et al., 2010; BUSSOLOTTO,et al., 2012; LAUTER, et al., 2014). Outros fatores que também estão associados ao câncer de mama são alimentação rica em calorias, com elevado teor de lipídeos com ênfase nos de origem animal, Associação do Sobrepeso e Obesidade com Desenvolvimento de Câncer de Mama: Revisão Narrativa NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 2019 21 esporte sedentarismo, ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo, questões socioeconômicos e étnicos, traumas nas glându- las mamárias, depressão, estresse, densidade elevada da mama, primiparidade tardia e nuliparidade, autocuidado insuficiente, hiperplasia mamária atípica, patologias be- nignas da mama (BATISTON, et al., 2011;YOSHINARI et al., 2017). Fisiopatologia do Câncer de Mama Segundo Hanahan; Weinberg (2011) durante o processo de formação do câncer as células sofrem as se- guintes etapas: autossuficiência para sinais de crescimen- tos, insensibilidade à supressores de crescimento, elevada capacidade de invasão tecidual e metástase, potencial re- plicativo infinito, sustentação da angiogênese com intuito de nutrir o tumor e evasão da apoptose. As modificações genéticas que afetam os genes BRCA1 e BRCA2 são as principais causas do desenvol- vimento do câncer de mama, e neste sentido houve um aumento da preocupação entre os pacientes e familiares que possuem mutações em um destes genes, em vista que é possível identificar alterações genéticas através de méto- dos preditivos. Mulheres que possuem mutação no gene BRCA1 apresentam 65% de chances de adquirir câncer e as que possuem no gene BRCA2 45% de possibilidade. A literatura classifica estes genes como “genes de susceptibi- lidade ao câncer de mama” e atuam no reparo, replicação e transcrição do DNA (JEMAL et al., 2010). Sobrepeso e obesidade O sobrepeso é caracterizado pelo excesso de peso corporal, diagnosticado pelo Índice de Massa Corporal entre 25 a 29,9 Kg/m2. Já a obesidade trata-se de uma pa- tologia crônica caracterizada pelo acumulo excessivo de gordura corporal a um nível elevado que provoque danos e/ou comprometimento à saúde do indivíduo. O índice de Massa Corporal (IMC) ≥30 kg/m2 é obtido por meio da divisão do peso pela altura ao quadrado, é o parâmetro antropométrico que determina a obesidade, assim como elevação da massa gorda, morbidade, mortalidade, riscos de doenças cardiovasculares e câncer (OMS, 2000; TRI- BESS; VIRTUOSO JUNIOR; PETROSKI, 2010). Associação entre o sobrepeso e obesidade no desenvol- vimento do câncer de mama Os mecanismos celulares que associam o excesso de peso corporal e o câncer são complexos e não estão elucidados. Dentre os fatores que favorecem o acometi- mento por câncer de mama em mulheres obesas desta- cam-se os hormônios envolvidos na obesidade, fatores de crescimento, modulação do balanço energético, vias de sinalização e de processo inflamatório, que colaboram para a proliferação, diferenciação das células e consequen- temente progressão do câncer (HARVEY et al 2011). O tecido adiposo além da função de depositar energia também sintetiza peptídeos, proteínas bioativas como TNF- α (tumor necrosis fator alpha), adiponectinas, interleucina-6, adipocitocinas e leptinas. As adipocitoci- nas atuam no controle do consumo alimentar, homeosta- se energética, sensibilidade a insulina, contudo a síntese de algumas citocinas (leptina, fator-1 de insulina, fator de crescimento semelhante à insulina) em pessoas obesas contribui para a motilidade de células malignas, invasão e transição epitelial e mesenquimal assim como maior pos- sibilidade de metástase (GILBERT et al., 2013). Diversas hipóteses têm sido desenvolvidas a fim de elucidar a associação da obesidade com câncer de mama. Sugere-se que a obesidade agrupada com a síndro- me metabólica, ocasiona elevação dos níveis de insulina e IGF circulantes que são considerados mutagênicos. Outra suposição é que a obesidade na pós-menopausa favore- ce o desenvolvimento do câncer de mama em mulheres (HURSTING; BERGER, 2010). Segundo Dalamaga (2013) o aumento da adipo- sidade visceral pode causar hiperinsulinemia, resistência à insulina e dislipidemia, o que pode elevar a expressão do receptor GH no fígado, o que estimula a elevação dos níveis de IGF-1 circulante que colabora para desenvolvi- mento tumoral. Já a leptina trata-se de um hormônio sintetiza- do pelos adipócitos, que atua na regulação do consumo alimentar, por meio do controle de apetite e homeostase energética. Este hormônio apresenta ação direta sobre os tecidos periféricos e ação indireta nas vias do hipotála- mo (GAUTRON; ELMQUIST, 2011). Em obesos ocorre uma elevada síntese de leptina pelo tecido gorduroso, po- rém o cérebro não responde a sua sinalização. Diversos pesquisadores demonstram que a leptina é um potencial mediador do câncer, já que em excesso favorece o desen- volvimento, progressão de células malignas, por meio dos efeitos mitogênicos, pro-inflamatório, e antiapoptótico (HARRIS et al., 2011). A obesidade está ligada ao risco de câncer de mama pós-menopausa, pois tecido adiposo é responsável por secretar proteínas que atuam na regulação do peso Association of Overweight and Obesity with Breast Cancer Development: Narrative Review NUTRIÇÃO EM PAUTAMARÇO 201922 corporal, favorecendo ao câncer de mama (SEBASTIANI et al., 2016). Vários estudos desenvolvidos para averiguar a associação do excesso de peso e câncer de mama são unanimes em afirmar que o excesso de peso colabora para um desfecho desfavorável para câncer de mama (PAPA et al., 2013). Cabe ressaltar também que mulheres com ex- cesso de peso após a menopausa possuem maiores chan- ces de desenvolver tumores de maior grau, que englobam os linfonodos axilares com pior prognóstico, com chances de mortalidade de até 30%, contudo em mulheres pré-me- nopausa, a gordura corporal está associada a prevenção do câncer de mama, contudo os mecanismos de ação não estão elucidados (PARK et al., 2014). Na revisão realizada por Cleary; Grossmann (2009) com intuito de compreender o mecanismo entre a obesidade e o processo de tumorigênese mamária, esta- belecer a relação do estrogênio com obesidade e câncer de mama como entidades separadas, concluíram que o fator primário da associação entre excesso de peso corporal e o surgimento do câncer de mama são os níveis de estrogê- nio elevado e o aumento de sua síntese. No estudo desenvolvido por Barbosa et al. (2016) com a intenção de relacionar os parâmetros de adiposida- de e proteína C reativa em mulheres com câncer de mama, observaram que as mulheres avaliadas apresentavam ele- vados níveis de adiposidade, os níveis de proteína C reati- va foi mais elevado em mulheres com câncer, o que ratifi- ca que no câncer de mama há um processo inflamatório. Os autores revelaram que o acúmulo de gordura corporal pode colaborar para o desenvolvimento do câncer mamá- rio. . . . . . . . . . . C onsiderações Finais . . . . . . . . . . . . Verificou-se que o sobrepeso e a obesidade são fa- tores de risco para o desenvolvimento de câncer de mama em mulheres, por alterar equilíbrio hormonal, fatores de crescimento, modulação do balanço energético, processo inflamatório que estimulam o crescimento e desenvolvi- mento de células cancerígenas. Portanto é essencial o in- centivo a práticas alimentares saudáveis bem como reali- zação de exercício físico com intuito de reduzir o número de casos de câncer de mama associados ao excesso de peso corporal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores Dra. Magnólia de Jesus Sousa Magalhães Assun- ção - Nutricionista. Doutora em Biologia Celular e Mo- lecular Aplicada à Saúde pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA); Dra. Irislene Costa Pereira - Nutricionista. Mes- tranda em Alimentos e Nutrição pela Universidade Fede- ral do Piauí (UFPI) Dra. Amanda Suellenn da Silva Santos Oliveira - Nutricionista. Mestranda em Alimentos e
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