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Prova de ética jurídica UNEMAT

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1. O que você entende por "Ética Profissional"?
Escreva sua resposta de forma dissertativa, argumentativa e referenciando pelo menos um dos autores estudados.
Para mim, ética profissional é o campo de pesquisa que envolve o estudo da ética aplicada nas relações humanas laborais. Por outro lado, ela pode ser entendida como o conjunto de de normas, valores e comportamentos adotados nas relações de trabalho. Adotando-se o pensamento kantiano, ela pode ser compreendida como uma ética do dever, ou seja, aquela em que se faz o certo porque a razão assim determina.
	2. Por que Kant é considerado um dos "pais" da Ética moderna? Disserte sobre o sistema ético kantiano.
Escreva sua resposta de forma dissertativa e com base nos textos estudados.
A filosofia ética moderna nasceu a partir da teoria de Immanuel Kant, por isso ele é considerado pai da mesma. Segundo ele, os homens os seres humanos devem agir de acordo com seus princípios éticos, como se fossem aplicados de forma universal, tornando-se uma lei da natureza.
Kant mostrou que é possível juízos sintéticos a priori. Ele buscou encontrar o fundamento da ação moral, ou seja, algo que saia da experiência, porém que não seja fundamentada na experiência, pois se assim fosse a sua filosofia não avançaria mais do que a filosofia aristotélica, e portanto, produziria uma moral contingente, como o próprio Hume afirmava que era. Tal fundamento da ação moral (isto é, as regras que tornam lícitas as minhas ações) já está dado a priori, e deve ser universal, valendo para todos os indivíduos.Se é dada, Kant partiu do que as pessoas entendem por “moralidade” para tentar encontrar essa fundamentação da mesma. Como uma ação empírica se apoia em ação não empírica?
A boa vontade e o dever
“O valor que atribuo às minhas ações depende do uso que faço destas ações. Qualidades superiores como a coragem, a inteligência, o juízo não são absolutamente boas”, diante desta expressão, compreende-se que a boa vontade é a ação que o indivíduo faz sem ter nenhum interesse em se beneficiar. A boa vontade é a ação comandada exclusivamente pela ação, para isso é necessário que se entenda o conceito de dever.
Ação em conformidade com o dever e ação por dever
 Ação contrária ao dever
Ação
 a) por cálculo interesseiro
 Ação em conformidade b) por inclinação imediato
 com o dever c) por dever (comando da razão é o dever que revela a boa vontade.
Determinação da vontade
Ex: o comerciante que atende bem os seus clientes age em conformidade com o dever; você que não comete o suicídio age em conformidade com o dever, porque a conservação da sua vida é um dever; você vem à escola em conformidade com o dever; o ato de ir à igreja é uma ação em conformidade com o dever por cálculo interesseiro; mas, segundo Kant, uma pessoa que está em fase terminal, ou seja, ele não tem nenhum motivo para continuar vivo, mas mesmo assim deseja viver, e pede para não desligar os aparelhos, isso é uma ação por dever.
Inclinação
Antes de adentrar à inclinação, faz-se necessário compreender o que é faculdade de apetição. Ela existe a priori, e é fonte de todas as vontades. Logo, esta faculdade é autônoma, podendo ou não ser influenciada pelas inclinações. 
A inclinação é tudo aquilo que afeta o homem por meio da sensibilidade, que pode influenciar as vontades. A inclinação debilita a vontade, retira a liberdade dela. A vontade deve ser livre, segundo Kant, de qualquer inclinação, de qualquer influência da sensibilidade.
Os objetos da inclinação têm apenas um “valor condicionado”, isto é, não são desejados “por si mesmos”, mas porque concorrem para satisfazer fins fora deles, a saber, as necessidades da inclinação. Logo, toda ação que é determinada exclusivamente por inclinações, é desprovida de qualquer valor moral e não deve ser universalizável, servindo apenas de base para imperativos hipotéticos e não categóricos.
Imperativos
É uma proposição que expressa uma ação livre, por meio da qual se concretize um determinado fim. Temos as proposições que declaram o que é (campo teórico) e o que deve ser (campo prático).
Imperativo hipotético
É o tipo de imperativo que visa exclusivamente o alcance do fim das minhas ações. Está interessado “na matéria (meios) da ação e seu pretendido resultado”. Ex: os imperativos que prescrevem os meios mais seguros para alcançarmos a felicidade. 
Aqui o fim da ação é subjetivo. Assim não deve servir como princípio universal.
Imperativo categórico
É o imperativo que declara ser uma ação necessária por si mesma, incondicionada, ou seja, só está interessado na forma (modelo ideal, arquétipo) da ação e no princípio moral que a rege. Não está interessado em qualquer fim particular, sendo assim uma ação universal e sendo reconhecido imediatamente. 
Aqui o fim da ação é objetivo. Assim deve servir de princípio universal e consequentemente um fim em si, e o fim em si é a pessoa humana. O imperativo categórico procede de maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de todos os outros, sempre ao mesmo tempo como fim, e nunca como meio.
	3. Quais são os princípios que Rawls considera serem os basilares de uma sociedade justa? Explique.
Escreva de forma argumentativa e dissertativa.
Para Jhon Rawls, os seguintes princípios são basilares em uma sociedade justa:
a) Igual liberdade; 
b) Diferença; 
c) Igualdade de oportunidades. 
Rawls alicerça o Princípio da Igual Liberdade na teoria contratualista, porque o pacto social buscou conferir igualdade e liberdade aos homens para deliberar sobre os direito, deveres, obrigações, benefícios e ônus nas relações sociais. Segundo o filósofo, falar sobre esta temática implica dizer que a igualdade deve ser mais que abrangente, ela deve pessoa deve ordenar as desigualdades sociais e econômicas de tal maneira que elas sejam consideradas vantajosas. 
Quando Rawls fala sobre diferença e equidade, o pensador salienta a necessidade de se colocar os homens como iguais, considerando que todos devem ser assistidos de acordo com suas dificuldades, garantindo também igualdade nas oportunidades. 
A nível teórico, Rawls é um dos pensadores mais humanistas da teoria liberalista, ocorre que ele desconsidera toda a história material da humanidade, bem como os desdobramentos da mesma. Neste sentido, é importante entender que o atual modo de produção político e econômico dificilmente alcançará o igualitarismo de Rawls, dadas as sucessivas crises econômicas que sempre são acompanhadas por crises morais.
	4. Comente o conceito de "Justiça como forma de vida", a partir do artigo de mesmo título.
O texto da Professora Juliana Rose Ishikawa da Silva Campos apresenta a ideia de uma vida justa ligadas à prática da justiça no cotidiano, acompanhada de uma reflexão sobre a mesma. 
Ela explica que assim como a Filosofia e a Justiça oscilaram entre a prática e o discurso. Ela diz que os antigos parecem ter dado mais valor ao aspecto prático, devido os diálogos socráticos abordarem temáticas envolvendo o “justo”. Entretanto, é fundamental estabelecer a seguinte consideração: ali nascia a antropologia filosófica, devido os próprios problemas que a sociedade grega vivia, como corrupção. 
Sócrates não se alicerça na prática, o que ele primeiramente faz, especialmente nos ditos Diálogos de Primeira Época, é fazer o trabalho do filósofo, que nada mais é do que conceituar a realidade para melhor compreendê-la, e assim garantir uma ação mais próxima da racionalidade. 
Sócrates não se propõe a apresentar um conceito de Justiça a partir de situações fáticas, ele não demonstra, ele fornece um método para que seu interlocutor o alcance, cabe a ele parir o saber (maiêutica) ou tristemente encontrar a aporia. 
Pensando por outro lado, o que Sócrates fez foi muito importante e custou-lhe a vida. Ele indagou a realidade em diversos aspectos, para assim alcançar a reflexãoracional sobre a realidade, especialmente quando pensou sobre a Justiça. O pensar racional como meio de se chegar ao Bem Comum e verdade até os dias de hoje perdem espaço para uma visão reducionista do justo.
Na contemporaneidadeos textos sobre Justiça foram institucionalizados, mas a Filosofia permanece rigorosamente e sistematicamente se debruçando sobre a Ética. Ocorre que os programas de ensino superior passaram por muitas mudanças, especialmente o de Direito no período da última ditadura brasileira, tornando-se muito positivista e com pouca carga humanística. 
Diante do exposto, é necessário que voltemos à antropologia socrática, por meio da maiêutica, pois só assim a Justiça retomará o seu lugar que lhe é devido: o da racionalidade e humanismo. Sendo assim, é preciso que adotemos a ideia de justiça como forma de vida não simplesmente praticando o justo, mas refletindo sobre o mesmo à procura do Bem Comum. 
Aluna: Jaqueline Ribeiro Almeida

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