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a diaspora dos judeus e cristãos novos portugueses

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75a diáspora dos Judeus e Cristãos-novos portugueses (séCs. xv-xvii)
João Cosme
exiLios en La europa Mediterránea (isbn 978-84-9887-531-7)
a diáspora dos Judeus e Cristãos-novos portugueses (sécs. xv-xvii)
A diáspora dos Judeus e Cristãos-novos portugueses (sécs. XV-XVII)
João Cosme
Faculdade de Letras - Lisboa
1. Os prolegómenos da diáspora
Durante a 1ª dinastia portuguesa (1140-1383), os judeus detinham uma influência 
significativa na sociedade portuguesa. Alguns deles chegaram mesmo a deter fun-
ções governativas. A partir de finais do século XV/princípios do XVI, o contexto po-
lítico-económico e ideológico alterou-se significativamente e os judeus passaram a 
ser alvos de desconfiança e de perseguição.
A entrada de muitos judeus em Portugal, em 1492, quando foram expulsos 
de Castela pelo pelos Reis Católicos, é ainda um bom exemplo da fase de tolerância 
que existiu no espaço lusitano. Todavia, o contexto nacional e internacional passava 
por uma alteração significativa. Trazemos à colação apenas alguns factos compro-
vativos desta mudança. A morte do príncipe herdeiro D. Afonso (filho de D. João II 
e de D. Leonor) em 13 de Julho de 1491 deixou Portugal sem sucessor directo à Co-
roa portuguesa. Os Reis Católicos ficaram preocupados com a sucessão de D. João 
II, já que apenas tinha um filho bastardo (D. Jorge). Por esta razão, em 1494 man-
daram uma embaixada a pressionar o Príncipe Perfeito para que não designasse D. 
Jorge como herdeiro do trono português, ameaçando-o que, caso insistisse nesta 
solução, apoiariam militarmente um candidato estrangeiro, o filho do imperador 
da Alemanha, futuro Carlos I de Espanha (1516-1556).
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Este contexto levou D. Manuel I a insistir na política de aliança matrimonial 
com Castela. Nesta sequência, em 30 de Novembro de 1496, assinou em Burgos 
um contrato matrimonial com D. Isabel, filha dos Reis Católicos. O cumprimento 
deste contrato estava condicionado pela cláusula prévia de expulsão dos judeus de 
Portugal. O decreto de expulsão foi publicado em 24 de Dezembro de 1496. Segun-
do este dispositivo legal, os judeus teriam oito meses para se ausentarem do País. 
Só que, no plano pragmático-financeiro, a sua saída não convinha à Coroa portu-
guesa, pois que, além dos judeus serem possuidores de imensas somas monetárias, 
interessava à nobreza local continuar a receber as receitas provenientes dos cargos 
relacionados com a comunidade judaica. Foi neste contexto, em que estavam em 
jogo interesses paradoxais que D. Manuel I, em carta datada de 31 de Dezembro de 
1496, e dirigida aos juízes e justiças do Porto, mandou notificar os judeus e mouros 
que não deveriam sair do Reino sem licença régia.
A pressão dos que queriam a sua saída era contrabalançada pelos que deseja-
vam a sua permanência em solo luso. Através de uma medida de cariz compromis-
sório, em Maio de 1497, foi determinado que os adultos deveriam ser baptizados, 
dando origem aos cristãos-novos. Simultaneamente não era permitido, aos que 
recusassem serem baptizados e optassem por abandonar o País, que levassem as 
crianças com menos de 14 anos. Estas deveriam ser distribuídas por famílias por-
tuguesas que os educariam na fé cristã.
O clima anti-judaico aumentou, e com a publicação da Bula de 23 de Maio 
de 1536 (Cum ad nil magis) estabeleceu-se de jure e de facto a Inquisição em Por-
tugal.
Numa breve avaliação do número de judeus, existentes em Portugal (Coelho, 
1997: 39), presume-se que antes de 1492 existiriam cerca de 30.000, distribuídos 
por 134 comunas espalhadas por todo o País. Com a vinda de muitos judeus de 
Espanha para Portugal, nesta última data, pensa-se que o seu quantitativo se teria 
aproximado das 100.000 almas. Em 1542, poucos anos depois do início formal da 
Inquisição, Jorge de Leão, dirigente da comunidade judaica, estimava que haveria 
em Portugal cerca de 60.000 judeus. Porém, em 1605, altura do perdão-geral con-
cedido por Filipe III, foram recenseadas 6 mil famílias o que leva a pressupor que o 
número de judeus rondava os 30.000. Por sua vez, em 1631, data do novo perdão, 
registaram-se apenas 1.804 famílias, o que significa que o número de judeus anda-
ria à volta das 7 ou 8 mil pessoas. 
Facilmente se constata que foi, a partir do último quartel do século XVI, que 
ocorreu uma quebra significativa do número de judeus presentes em Portugal.
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2. A diáspora judaica 
A diáspora judaica seguiu maioritariamente dois rumos. A proximidade da 
costa portuguesa do Mediterrâneo, associada às fainas dos pescadores portugueses 
nestas águas bem como as boas condições de navegação aqui encontradas, fez com 
que, cronologicamente, esta direcção fosse a primeira a ser procurada. Dirigiram-
se para o Magrebe (Argel, Tunes e Fez) onde eram bem aceites, inclusivamente 
nas praças marroquinas sob soberania portuguesa continuavam a desempenhar 
funções de extrema relevância. Por exemplo, o astrólogo, matemático e geógrafo 
Abraão Zacuto refugiou-se em Tunes. Outros, dirigiram-se para a Península Itálica. 
Encontramo-los nas principais cidades italianas (Roma, Veneza, Florença, Ferrara, 
Livorno), assim como em Ragusa (actual Dubrovnik) que pertencia a República de 
Veneza. Destas regiões passaram para Salónica, Constantinopla e Alexandria, Patras 
e Rodes.
Um segundo rumo, cronologicamente mais tardio, teve como direcção o Nor-
te da Europa e encontrou no Atlântico a via principal de comunicação. A linha do 
Atlântico teve vários pontos de fixação como a costa litoral francesa (Baiona, S. João 
de Luz e Bordéus), a Flandres (Antuérpia, Amesterdão) e a Inglaterra (Londres).
Face à diversidade de espaços e a multiplicidade de condicionalismos e con-
textos, optámos por nos debruçar apenas sobre dois destes destinos da diáspora 
dos Judeus e Cristãos-novos portugueses. Assim, seleccionámos a diáspora para 
Marrocos e a que teve como destino o «Mundo holandês».
2.1. A diáspora para Marrocos 
Em Marrocos, os judeus começaram a usufruir de alguma liberdade de culto 
e de movimentos durante a dinastia Merínida. Seria, porém, com o sultão uatácida 
‘Abd al-Haqq que viriam a desfrutar de plena liberdade já que este se apoiou nos ju-
deus cortesãos para contrabalançar o poder dos xarifes. Os entraves às suas práticas 
religiosas fizeram-se sentir apenas na segunda metade do século XIX. 
Assim, é fácil de perceber que já existia uma comunidade judaica, em todas 
as praças marroquinas, antes da sua conquista pelos portugueses. Estas comuni-
dades detinham especial fulgor nas localidades de maior dimensão demográfica, 
tais como em Ceuta1, Tanger2, Safim3, Azamor e Mazagão. Por exemplo, no rol de 
1 existem informações de que a comunidade judia de Ceuta já realizava comércio com as principais cidades 
italianas no séc. xi.
2 em 1148 já existia aqui uma comunidade judaica que foi expulsa neste mesmo ano, vindo a recompor-se no 
século xiii.
3 o cronista português damião de góis, com base em Leão africano, caracteriza esta cidade antes da sua con-
quista pelos portugueses da seguinte maneira:
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pagamentos do último quartel de 1511, referente à praça de Safim4, observamos 
que vivia aqui um número muito significativo de judeus e que estes desempenha-
vam funções de extrema relevância. A título exemplificativo lembramos que Moi-
sés Dardeiro era “língua”, Isaac Benzamero negociava em cereais e um Moisés era 
cambista. 
A expulsão dos Judeus de Castela em 1492 e de Portugal em 1496, levou 
muitos deles a dirigirem-se para as praças marroquinas, não só para as que estavam 
sob jurisdição portuguesa mas essencialmente para as que não estavam. O Sultão 
de Fez incentivou a vinda para esta cidade, onde viriam a existir duas sinagogas.
O decreto de expulsão bem como a medida de conversão forçada tiveram 
algum impacto junto dos responsáveis portugueses das praças magrebinas. Assim, 
por exemplo, em 1499, D. Manuel autorizouque os judeus que se encontravam em 
Arzila (conquistada em 1471) partissem livremente para Fez. Porém, o conde de 
Borba, que capitaneava a praça, não os deixou sair livremente, sem que primeiro 
pagassem a quantia de 30.000 reais5. No entanto, alguns deles optaram pelo baptis-
mo a terem de abandonar as suas casas. 
A acção dos judeus na conquista de Safim (1508), conjugada à importân-
cia económico-financeira que os mesmos ali detinham, alterou a perspectiva que 
os responsáveis políticos tinham sobre os judeus e cristãos-novos residentes em 
Marrocos. Em 1509, D. Manuel I outorgou-lhes uma carta de privilégio, onde se 
comprometia «que em nenhum tempo sejam lançados fora da dita cidade contra 
suas vontades, nem os mandarem tornar christãos por força»6. 
Para mais facilmente, compreendermos o papel dos judeus de Safim, traze-
mos à colação um trecho de José Alberto Tavim. Segundo este autor (Tavim, 1997: 
445-446)
Safim tinha um importante núcleo de judeus antes da conquista portuguesa. 
Uns eram sefarditas como rabi Abraão, físico e mais tarde rabi-mor, que teve um 
importante papel na passagem da praça para o domínio português; ou como Isaac 
Benzamerro, que participou directamente na conquista, sendo recompensado 
com a possibilidade de se deslocar a Portugal. Outros eram toshavim e viviam 
apartados dos demais. A comunidade judaica de Safim chegou a receber uma 
«antes que a [safim] ganhassem senhoreava muitas aldeas e aduares, e entam era passante de quatro mil fo-
gos, allem de quatrocentas casas que nella havia de Judeus» (Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel, parte ii, Coimbra, 
1953, p. 57.
4 para mais pormenores sobre a guarnição desta praça, veja-se João Cosme, A Guarnição de Safim em 1511, 
Caleidoscópio, Lisboa, 2004.
5 antt, Corpo Cronológico, parte 3ª, Maço 1, doc. 18, fl. 7, citado por Maria José p. Ferro tavares, Judeus de sinal 
(…), p. 3, nota 3.
6 Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. Portugal, tomo iii, doc. nº xxxii, paris, 1948, p. 174.
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carta de D. Manoel em 1509, que lhe reconhecia a existência como núcleo au-
tónomo, fazendo lembrar o tempo em que havia judeus no reino. O papel de 
Benzamerro, defendendo a praça durante o cerco de 1510, e o do seu rival rabi 
Abraão, na adesão dos mouros de pazes à suserania portuguesa, teriam certa-
mente pesado na atitude de D. Manuel em passar mais duas cartas de privilégio 
aos judeus de Safim, em 1512, que consagrava a sua existência. Uma delas - a de 
20 de Abril – incitava mesmo à presença de mais hebreus e dava plena liberdade 
para entrarem no mundo muçulmano.
Algo semelhante aconteceu após a conquista de Azamor, em 1513, pois o 
monarca também lhes outorgou uma carta de privilégio autorizando-os a viverem 
«em a nossa cidade d’Azamor e que aho diamte a ella quiserem vir viver, morar e 
estar com suas cassas e fazendas nos praz por esta pressente carta»7. 
Os Judeus destas duas comunidades tiveram uma grande importância no re-
lacionamento e desenvolvimento comercial destas duas cidades da Duquela, alguns 
deles chegaram mesmo a vir à presença do Rei a Lisboa, já que eram intermediários 
diplomáticos entre o Soberano português e o Sultão de Fez. 
A grande facilidade de deslocação no espaço magrebino, onde as comunida-
des judaicas gozavam de liberdade de prática religiosa bem como a realização de 
comércio próspero, incentivava-os a deslocarem-se constantemente de um reino 
para o outro. É o próprio monarca português que, em documento exarado em El-
vas, em 15 de Junho de 1532, dava conta desta realidade: 
E porque sam emformado de alguns dos sobreditos se vam por mar ( ... ) pera os 
meus lugares d’Afriqua e outras partes de meus senhorios senelando (sic) que 
vão a ellas viver ou negociar; e isto pera as ditas partes se irem mais facilmente a 
ter[r]a de imfieis, [h]ey por bem e mamdo que nenhum dos sobreditos vá destes 
reinos peras as ditas partes sem minha especial licença demtro em três annos8
Com a introdução de jure da Inquisição em Portugal, em 1536, as fugas para 
as praças magrebinas aumentaram. Os cristãos-novos encontraram nestes espaços 
importantes comunidades judaicas onde podiam não só dedicar-se às actividades 
comerciais mas também voltar às suas práticas religiosas. 
Para que muitas destas fugas se tivessem concretizado, os pescadores de Se-
túbal9, Sesimbra10 e Tavira desempenharam um papel determinante como passado-
res dos cristãos-novos. 
7 Livro das Ilhas, publicado com direcção, prefácio e leitura de José pereira da Costa, 1987, p. 341.
8 Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. Portugal, tomo iii, doc. nº xxx, paris, 1948, p. 55.
9 pêro Luís, marinheiro e mestre de uma caravela, titular da co-propriedade de uma caravela com genes da 
Frota, ficou conhecido como um dos pescadores de setúbal que transportou muitos dos cristãos-novos clandesti-
namente para Marrocos.
10 álvaro gago, natural de sesimbra, também teve uma acção muito importante no transporte dos cristãos-
novos para Marrocos.
80 exiLios en La europa Mediterránea
Logo em 15 de Agosto de 1536, o Conde do Redondo escrevia a D. João III, 
reconhecendo o papel dos judeus na procura de soluções de paz com o soberano de 
Fez, cujo trecho trazemos à colação:
E parecer-m[e] já bem por agora não mandar Vossa Alteza bollyr com os Judeus, 
emcoanto estes negocyos se abrem por elles11.
Cumpre frisar que «nestes circuitos de emigração a salto até ao Norte de 
Africa, as embarcações utilizadas eram de pequeno porte e transportavam poucas 
pessoas» (Cunha, 1997: 88). 
A liberdade de prática dos rituais judaicos era uma realidade nas praças mais 
meridionais de Marrocos. Por tal motivo, Estêvão Ribeiro de Almeida, clérigo de 
Azamor, escreveu, ao Rei, em 16 de Janeiro de 1537, pedindo a instalação da Inqui-
sição nesta cidade, cujo extracto passamos a transcrever: 
Nesta [Azamor] cidade estão certas pessoas que receberam augoa de bautismo e 
agora vivem aquy pubricamente casados com Mouras (…), e asy allguns Judeus 
que tambem foram christãos e agora são casados com judias e se nomeyam por 
seus nomes de Judeus. 
( ... ) E porque se espera que Vossa Alteza mande quá a Santa Y[n]quysição, a qual 
será bem necessaria12.
Todavia, a conjuntura geopolítica inviabilizava tal desiderato. Neste momen-
to, Portugal e o Reino de Fez negociavam um tratado de paz13, que viria a ser assi-
nado em Arzila, 8 de Maio de 1538. Este acordo preconizava a liberdade de comércio 
entre os reinos de Portugal e o de Fez. Deve acrescentar-se que este tratado trazia 
vantagens mútuas para os dois reinos. Não só convinha a Portugal, pois deste modo 
adquiria mas facilmente o trigo para abastecer as suas praças, mas também ao Reino 
de Fez que assim dissuadia as investidas dos Portugueses, concentrando todas as 
suas capacidades bélicas contra os ataques que, cada vez, ganhavam mais impetuosi-
dade a partir da região do Suz onde se concentravam os partidários da nova dinastia 
Saádida que encetava a conquista reunificadora do espaço marroquino. 
Também os cristãos-novos viam facilitada a sua fuga para o espaço sob ju-
risdição do Sultão de Fez. As armas e as munições faziam parte das excepções do 
comércio. A este propósito, em 2 de Abril de 1539, Bastião Vargas escreveu ao Rei 
para dar lhe conta destas fugas, bem como das respectivas consequências: 
11 Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. Portugal, vol. iii, doc. nº xxx, paris, 1948, p. 55.
12 Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. Portugal, tomo iii, doc. nº xxx, paris, 1948, p. 83.
13 este tratado de paz entrou em vigor em 24 de Junho de 1538 e teve como mandatário do rei de portugal d. 
João Coutinho, conde do redondo. o texto está publicado in Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. Portugal, vol. iii, 
doc. nº Liii, paris, 1948, pp. 158-165.
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Senhor, pollos rios de Mamora e Larache e Çalé vêm a trigo e como são d’elle aeste Miquinez muitos vasalos de V. A. a comer carne toda a Coresma, e muitos 
christãos-novos a se fazerem judeus, e as deixam cá já com medo da Samta Im-
quisyção14.
Em 21 de Outubro de 1539, seria a vez de João Afonso escrever a D. João III 
para informá-lo de que muitos dos cristãos-novos que vão até diversas localidades 
de Marrocos, nomeadamente à cidade de Marrakech, são bons oficiais de «ferros de 
lanças e de fazerem bestas e espingardas e se acham lá com seus parentes e se fazem 
judeus e ficam lá»15. 
Face ao cerco que a Azamor sofreu em 1541, na sequência do qual foi abando-
nada pelos portugueses, D. João III deu ordens a António Leite, seu capitão para que 
façaes logo despejar es[s]a cidade de todos os Judeus com suas molheres e filhos, 
que nenhum fique nela, e os embarqueis em algum navio ou navios em que 
pos[s]am yr e os mandareys a Arzila16.
Estes Judeus seriam expulsos para Fez em Janeiro do ano seguinte. 
Mais tarde, Jerónimo de Mendonça realçava o papel dos judeus no resgate 
dos cativos da batalha de Alcácer Quibir em 1578. A este propósito escreveu17 o 
seguinte: 
Bem se deixa entender quantas e quão diversas cousas passariam os captivos 
em todo este tempo que estiveram em Fez vivendo sempre um intenso desejo 
de verem suas molheres e seus filhos, sustentando-se de esperanças que a cada 
passo se turbavam com a infidelidade dos mouros ( ... ) por serem avaros, crueis 
e maliciosos; e pelo contrario acharam nos judeos muita brandura, affabilidade e 
cortezia, alem de ser alivio mui grande entenderem-se com elles na lingoagem, 
porque como está dito fallam todos castelhano, e assi em todas as cousas eram 
estes fidalgos tratados como suas proprias casas com muito amor e singeleza.
 A presença dos judeus nas praças sob jurisdição portuguesa (Ceuta, Tânger e 
Mazagão) seria casuística e esporádica, necessitando de autorização régia. Foi o que 
sucedeu com Salomão Parente e seu filho. Para poderem permanecer em Tânger, 
Filipe III, em documento datado de 20 de Maio de 1615, autorizou-os a permane-
cerem nesta cidade, recomendando que fossem «bem tratados e se lhes não fizesse 
vexassão, lhes em necessario mandar eu declarar como não cometteram culpa»18.
14 Carta de bastião vargas a d. João iii, pub. in Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. Portugal, tomo iii, doc. nº 
Lvii, paris, 1948, p. 201.
15 Memória de João afonso aos membros da Mesa da Consciência, pub. in Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. 
Portugal, tomo iii, doc. nº Lxiii, paris, 1948, p. 222.
16 Sources Inédites de l’Histoire du Maroc. Portugal, tomo iii, doc. nº xCix, paris, 1948, pp. 352-353.
17 Jeronymo de Mendonça, Jornada de África, vol. ii, Lisboa, 1904, p. 57.
18 bnL, Códice 1782: Livro da Barca de Tanjar; filme 7750, fl. 65.
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2. 2. A diáspora sefardita para Amesterdão (1592-1678)
Tal como referimos anteriormente, a presença de judeus portugueses está 
muito ligada à cidade de Antuérpia (Anvers). Havia uma longa tradição e rede de 
contactos comerciais com esta cidade flamenga pois foi para aqui que se deslocou a 
feitoria que os portugueses tiveram, inicialmente, Bruges. Em Antuérpia residiu o 
banqueiro português Francisco Mendes com casas abertas em Lisboa e em França. 
O saque de Antuérpia pelas tropas espanholas em 1567, e subsequente rendição em 
1585 levou à fuga de muitos cristãos-novos para Amesterdão.
A perseguição também se fez sentir no espaço italiano, levando muitos deles 
a fugir para o Norte da Europa. A actividade destes emigrantes era o comércio e 
também a indústria, designadamente a dos panos. 
Em 1579, com a Paz de Utreque, as Províncias Unidas libertaram-se do jugo 
espanhol. Os judeus e cripto-judeus ibéricos, que já residiam aqui, aliaram-se aos 
holandeses contra os adversários espanhóis. Sem dúvida o ódio contra o inimigo 
comum (católicos) facilitou a tolerância holandesa face à questão judaica no seio 
da sua população, quase toda de adesão protestante. 
Sabe-se que, em 1593, já viviam na cidade do rio Amstel várias famílias de 
cristãos-novos oriundos de Portugal (Salomon, 1983: 33-34). Merece particular re-
ferência Rafael Cardoso Nemias, “da casta dos Nemias de Beja”, e que residia em 
Amesterdão desde 1592. Em 1595, foi a vez, entre outros, de Manuel Rodrigues 
Veiga abandonar Antuérpia e fixar-se em Amesterdão. Seria, porém, só em 1597 
que sairiam dois barcos com portugueses com destino a esta cidade (Salomon, 
1983: 35-36). Esta fuga ficou fortemente marcada pela adversidade, já que uma 
das embarcações foi apresada pelos ingleses junto de Calais e levados para a capital 
inglesa. A Rainha inglesa teve de intervir para que o seu reencaminhamento fosse 
mais célere. A maior parte destes fugitivos era originária do norte de Portugal, 
com especial incidência para a cidade do Porto. Importa referir que os cristãos-
novos eram olhados com desconfiança pelas autoridades locais, pelo que não lhes 
concederam de imediato a cidadania holandesa. Pensavam que muitos deles eram 
católicos disfarçados.
Em 1599, o número de portugueses aqui presentes ainda não ultrapassava a 
centena. Em Dezembro de 1601 deu-se nova fuga de gentes de Portugal. Mais uma 
vez, as contrariedades bateram à porta deste grupo. Apesar de terem colocado todos 
os cuidados no planeamento da viagem que deveria realizar-se em dois tempos. 
Num primeiro momento, iriam numa caravela até uma urca alemã que, posterior-
mente, os transportaria para Emden, e daqui para a cidade do rio Amstel. Porém, o 
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mestre de uma caravela denunciou-os às autoridades portuguesas (Salomon, 1983: 
39-41). A parte que teve sucesso na fuga chegou à Holanda na Primavera de 1602.
Em 1603, as autoridades municipais autorizaram os comerciantes a realizar 
as suas práticas judaicas, desde que o fizessem em privado. No espaço de poucos 
anos Amesterdão tornar-se-ia o principal centro judaico europeu, primeiramente 
sefardita (Sefarad, nome bíblico da Hispania) e depois, gradualmente, também ash-
quenazi (Ascenazim —alemães e polacos—, descendentes de Ascene, neto de Jafet). 
Seria, ainda, em 1602, que surgiu a primeira congregação sefardita de Amesterdão. 
Intitulava-se Bet Jacob (Casa de Jacob). É de crer que este nome tivesse origem em 
Jacob Tirado, um dos primeiros a chegar a Amesterdão e a dinamizar e lutar pela 
implantação sefardita neste espaço. Como o culto, ainda, tinha um carácter priva-
do e o número de praticantes tinha aumentado de modo significativo, foi criada a 
segunda congregação (Neveh Shalom – Casa da Paz) em 1608. Estas duas congre-
gações tiveram uma acção assistencial e doutrinal, significativas nesta época de 
instalação e implantação sefardita. 
O início da Trégua dos Doze Anos (1609-1621) facilitou o desenvolvimento 
dos contactos comerciais com a Europa, de modo particular com Portugal. Por 
isso, o número de membros da comunidade sefardita de Amesterdão aumentou 
e ganhou maior importância. Apesar de tudo a liberdade não era total, já que em 
1612 foi-lhes negada a edificação de uma sinagoga. Porém, em 1614 foram autori-
zados a adquirir um terreno em Ouderkerk (arredores de Amesterdão) para a edifi-
cação de um cemitério. O número de sefarditas aumentou de modo significativo, já 
que, em 1612, haveria cerca de 500 individuos, enquanto em 1620 já aqui viveriam 
à volta de 1000 judeus de origem portuguesa. A dinâmica de crescimento reflec-
tiu-se também na criação da terceira congregação em 1618 (Bet Israel – Casa de 
Israel), que nascera de uma cisão na congregação Bet Jacob. Desde 1622 que as três 
congregações tinham um fundo comum para as suas acções de assistência social 
aos mais pobres das suas comunidades. Esta acção conjunta facilitou a superação 
das rivalidades existentes, unindo-se, em 1639, na Talmud Tora, cuja influência 
entronca na comunidade sefardita de Veneza.
Em meados do século XVII, Amesterdão encontrava-se no auge da sua di-
nâmica expansionistae comercial. Beneficiando desta realidade, a cidade do rio 
Amstel era a capital sefardita mundial, sendo a maioria dos Sefarditas de origem 
portuguesa. Aqui dominavam a tipografia e publicavam jornais (por exemplo, a 
Gazeta de Amesterdão que funciona entre 1672 e 1702) e livros.
O ano de 1675 marca um dos pontos mais altos da presença sefardita em 
Amesterdão, já que foi inaugurada a Sinagoga Portuguesa de Amesterdão (a 
84 exiLios en La europa Mediterránea
Esnoga), e contaria com cerca de 2500 elementos. Seria, por esta mesma altura, 
que o progresso das Províncias Unidas entraria numa fase de dificuldades, já que, 
em 1672, foram invadidas pelas tropas anglo-francesas e a sua hegemonia económi-
co-financeira seria quebrada pelo tratado de Nimègue, assinado em 1678. 
Esta quebra reflectiu-se directamente e de modo muito significativo na re-
dução da dinâmica comercial e da capacidade financeira dos Sefarditas; que, ao 
longo das várias décadas do século XVII foram suplantados numericamente pelos 
judeus ashquenazi que tinham sido atraídos pelas riquezas e pela liberdade de culto 
aqui sentidos.
3. Marranos e Sefarditas no Brasil holandês (1500-1773)
No Brasil, os judeus estão ligados à história deste espaço sul americano deste 
o seu achamento em 1500. Pedro Álvares Cabral levava como seu perito e intérprete 
Gaspar da Gama, que viera do Oriente e era referenciado pelos cronistas como “o 
Judeu”. Quando Nicolau Coelho pisou o solo de Vera Cruz, em 22 de Abril de 1500, 
Gaspar da Gama desembarcou com ele e tentou falar, sem qualquer êxito, com os 
índigenas pois não sabia a lingua tupi, dirigindo-se de seguida com a armada para 
a Índia. Após a viagem da flotilha comanda por Gonçalo Coelho (1501-1502), e de 
Américo Vespucio informar no seu relato que a zona costeira visitada não possuía 
metais, D. Manuel I, que se encontrava concentrado na expansão oriental, decidiu 
arrendar o monopólio da exploração da Terra de Vera Cruz a uma associação de 
mercadores cristãos-novos encabeçada por Fernão de Loronha, conhecido também 
por Fernão de Noronha. O contrato deveria ter a duração de três anos (1503-1505). 
Todavia, em reconhecimento da sua acção, o rei concedeu-lhe a capitania da ilha de 
S. João (actual ilha de Fernando de Noronha, em homenagem a este mercador) e 
prolongou o contrato comercial, pelo menos até 1512.
Aponta-se o ano de 1516, como data da introdução da cultura sacarina em 
Pernambuco. Esta cultura prosperou significativamente, não se conhecendo com 
pormenor a acção dos judeus e cristãos-novos em prol da mesma. Porém, sabe-se 
que, em 1550, havia cinco engenhos de açúcar e, que, pelo menos, o engenho de 
Santiago era propriedade do judeu Diogo Fernandes e seus associados. Como no 
Brasil nunca existiu um tribunal do Santo Ofício e a primeira visitação apenas 
aconteceu em 1591, desde meados do século XVI que este espaço sul-americano 
atraiu muitos Sefarditas. Porém, a partir daquela data o controlo inquisitorial au-
mentou. O cardeal Alberto da Áustria, irmão de Filipe II, nomeou Heitor Furtado 
de Mendonça para realizar a primeira visitação a várias capitanias brasileiras, se-
guindo-se outra em 1618 e mais uma em 1627. Na sequência das mesmas foram 
85a diáspora dos Judeus e Cristãos-novos portugueses (séCs. xv-xvii)
João Cosme
instaurados vários processos inquisitoriais e os indiciados presos e enviados para os 
cárceres do Santo Ofício, em Lisboa.
Com a integração de Portugal na monarquia hispânica em 1580, os adversá-
rios de Espanha tornaram-se também adversários de Portugal. Nesta altura, as Pro-
víncias Unidas encontravam-se em luta contra o governo de Filipe II (de Espanha), 
a que se seguiu as Tréguas dos Doze Anos (1609-1621). Seria essencialmente após o 
fim destas tréguas que Holanda dinamizou o seu comércio no Atlântico. Com vista 
à implementação da navegação e do comércio no Atlântico, em 1621 fundaram a 
Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, a quem os Estados Gerais concede-
ram o monopólio do tráfico de escravos e do comércio pelo espaço de 24 anos na 
América e em África. Porém, como Portugal continuava incorporado na monarquia 
hispânica (1580-1640), a Holanda não podia ter contactos comerciais com Portugal 
e as suas colónias. 
A única solução para contornar este impedimento era fazê-lo directamen-
te, dominando o espaço brasileiro. Para o efeito, em 1624, esta companhia, com 
as suas tropas, conseguiu derrotar as forças coloniais portuguesas. Diogo Furtado 
de Mendonça, governador da Bahia, foi preso e enviado para Amesterdão, sendo 
substituído pelo holandês Van Dorth. Porém, no ano seguinte, a resistência baiana, 
comandada pelo bispo Dom Marcos Teixeira, recuperou esta cidade. O governador 
holandês foi morto e a esquadra holandesa que veio em auxílio dos sitiados foi 
repelida.
Em 1630, os holandeses ocuparam a capitania de Pernambuco, apoderan-
do-se do Recife e de Olinda; Alagoa, em 1632; e Paraíba, em 1634. Nas zonas bra-
sileiras, sob ocupação holandesa, imperava a tolerância e a liberdade de expressão 
religiosa. A administração de João Maurício de Nassau-Siegen (1637-1644) favore-
ceu a livre circulação de ideias, não só no campo religioso e político, mas também 
no científico. Muitos cripto-judeus voltaram abertamente ao Judaísmo sem medo 
de represálias, o que facilitou uma nova diáspora sefardita, agora voluntária, com 
origem maioritária em Amesterdão e com destino ao Brasil holandês. A abertura do 
tráfico comercial entre a Holanda e a sua nova colónia sul-americana adjuvou esta 
dinâmica migratória.
Em poucos anos, o comércio do Recife estará em mãos judaicas. O número 
de judeus chegou a ser o dobro do dos cristãos. Foi nesta cidade brasileira que no 
primeiro semestre de 1636 surgiu a primeira sinagoga de todo o continente ameri-
cano, e o seu primeiro rabino foi o português Isaac Aboab da Fonseca (1605-1693) 
que viera, precisamente de Amesterdão, assistido por Rafael Moshe Aguilar (?-1679). 
86 exiLios en La europa Mediterránea
No ano seguinte (1637) foi construída a cidade de Maurícia (em honra de Maurí-
cio de Nassau), constituindo-se aí a segunda congregação judaica, com o nome de 
Kahal Kadosh Maguen Abraham (Santa Congregação Escudo de Abraão).
Muitos destes judeus eram comerciantes e negociantes que mercadejavam 
para as Caraíbas e para Amesterdão. Além destes também encontramos advogados, 
donos de plantações de açúcar e indivíduos envolvidos na refinação de açúcar com 
os próprios engenhos, e também traficantes de escravos. A maioria destes judeus e 
dos sefarditas era bilingue ou possuía um conhecimento cursivo da língua portu-
guesa suficiente para assim poderem entabular relações comerciais com a região. 
A substituição de Mauríco de Nassau pelo Supremo Conselho holandês no 
governo do Brasil holandês teve graves consequências no equilíbrio de poderes, 
já que este se limitava a seguir os ditames da Companhia das Índias Ocidentais. 
Esta era não só detentora de grandes plantações de açúcar, mas também controla-
va a produção e o comércio do mesmo. Os pequenos produtores e toda uma rede 
de gente simples, ligada ao negócio do açúcar, ficaram fragilizados sem conseguir 
vender a sua produção, o que agravou a sua situação social, particularmente dos 
líderes dos nativos e dos negros. Por isso, estes chefes vão combater ao lado dos 
portugueses. Após vários confrontos, em 1654, os territórios sob domínio holandês 
caíram em poder dos portugueses, os quais determinaram que, no espaço de três 
meses, todos os judeus deveriam abandonar o território brasileiro. A partida dos 
holandeses ditaria o fim da comunidade judaica brasileira, e que o judaísmo teria de 
voltar a ser praticado clandestinamente. Iniciava-se, assim, uma nova diáspora. Uns 
vem para a Europa (Amesterdão e Londres), enquanto outros permaneceram em 
território americano, mas dirigiram-se para o norte (Guiana Britânica, na Guiana 
Francesa, no Suriname, ilhas das Antilhas), vindo a fundar Nova Amesterdão (ac-
tual Nova Iorque).
O judaísmoapenas deixou de ser punido em 25 de Maio de 1773 com a publi-
cação da lei que aboliu a distinção entre cristão-novo e cristão-velho. Pode afirmar-
se que o Santo Ofício interferiu com a vida dos habitantes do Brasil. A acção deste 
tribunal fez-se sentir particularmente após a 2ª metade do século XVII, já que du-
rante o século XVI, ocorreu a instalação dos vários agentes inquisitoriais, e durante 
a 1ª metade do XVII, a presença holandesa bloqueou a sua actuação.
Foi precisamente na primeira metade do século XVIII que se atingiu o pico 
máximo de prisões. Contaram-se durante este período 555 detenções, enquanto 
que no século XVI houve 223, e no século XVII o número de detidos se ficou pelos 
87. Os homens foram os mais atingidos, pois a percentagem dos detidos do século 
masculino atingiu os 70%. Do que se acaba de expor facilmente se concluiu que os 
87a diáspora dos Judeus e Cristãos-novos portugueses (séCs. xv-xvii)
João Cosme
cristãos-novos foram o alvo principal da acção persecutória da Inquisição que os 
acusava de continuarem a realizar práticas do ritual judaico.
4. Considerações Finais
Não queremos terminar sem antes apresentar algumas notas de cariz com-
parativo sobre as especificidades dos dois rumos da diáspora sefardita que analisá-
mos ao longo deste texto.
Assim, desde logo, ficou vincado que a diáspora para o espaço marroquino, 
cronologicamente, foi muito anterior à que se dirigiu para a Holanda, já que aquela 
se localizou na transição do século XV para o XVI, ao passo que esta se situou nos 
finais do século XVI/princípio do século XVII; isto é, um século depois.
Outra diferença significativa prende-se com os meios utilizados nas fugas. 
Deve vincar-se que enquanto a deslocação para o espaço magrebino se fez em pe-
quenas embarcações de pescadores que transportavam um número muito reduzido 
de pessoas, para a Holanda foram utilizadas embarcações de grande porte sendo 
transportadas por isso mesmo um número muito superior de pessoas.
5. Fontes e Bibliografia
5.1. Fontes Impressas
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Portugal, tome III, par Roberto Ricard, Paris, 1948.
5.2. Bibliografia
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