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Diversidade 
Étnico-Cultural
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo: 
Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni
Revisão Técnica:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Diversidade Étnico-cultural
• Diversidade Cultural
• Explicações para as Diferenças Étnico-Culturais
• Contracultura
 · Tratar da diversidade cultural e algumas teorias sobre o assunto.
 · Explicar a visão etnocêntrica. 
 · Evidenciar as formas de contracultura. 
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Diversidade Étnico-cultural
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Diversidade Étnico-cultural
Diversidade Cultural
Registros históricos e artefatos possibilitaram aos arqueólogos encontrar 
evidências de que os diversos grupos humanos, em sua relação com a natureza e com 
o meio no qual viviam, criaram e produziram modos de vida que os diferenciavam 
dos demais.
Em contraponto à dimensão biológica e racial, é importante ressaltar que a cultura 
diz respeito a uma construção humana, elaborada ao longo do tempo histórico da 
existência do homem, em suas diferentes condições do meio geográfico no qual vivia. 
O processo de renovação cultural é, por instância, dialético, de forma que não 
se pode pensar cultura dos povos – com seus hábitos, costumes, crenças, religiões, 
formas de alimentação etc. – sem trazer a sua relação com a sociedade de cada 
época, com o meio geográfico e com as condições dos diversos grupos humanos. 
Nesse processo há sempre permanências, tradições na cultura, ao mesmo tempo 
em que também vai se renovando. 
A Antropologia é a Ciência que vem estudando essa dimensão cultural desde o 
século XIX, de forma mais pormenorizada, caracterizando-a da seguinte maneira:
 · A cultura não pode ser confundida com caracteres genéticos e/ou 
biológicos, como algo que já nascemos; mas sim como aprendizado que 
adquirimos de diferentes formas ao longo de nossas vidas; 
 · A cultura é uma dimensão humana, já que algumas espécies também 
vivem em sociedade – como formigas ou abelhas –, mas não produzem 
cultura como o ser humano; 
 · O homem e demais animais adaptam-se ao meio no qual vivem, mas o 
homem, conforme sua cultura, adapta-se e transforma o meio, produzindo 
novas formas de vida – de moradia, vestimenta, explicação do mundo, 
meios de produção – mediante técnicas;
 · A cultura produzida pelos povos e sociedades de cada época cria certas 
padronizações, tabus, normas – caso das normas da língua, da religião, 
entre outras. Tais normas e preceitos das religiões, por exemplo, definem 
o comportamento de um indivíduo de determinada religião, diferindo-o 
de outro. De modo similar, as normas de linguagem – de como falar e 
escrever – são também padronizadas. Há discursos hegemônicos, que 
ditam os valores do que deve ser o certo e errado, moldando partes das 
características de uma determinada cultura;
 · Há interação da sociedade, economia, cultura, proporcionando transfor-
mação constante e integrada, de forma dialética, ou seja, com a perma-
nência de contradições.
As formas de alimentação são exemplos de como os comportamentos sociais 
evoluíram à medida que a sociedade se tornava mais complexa. De homens e 
8
9
mulheres coletores, pescadores e caçadores, que tinham grande grau de dependência 
da natureza e cujas técnicas eram rudimentares e locais, o ser humano passou a 
domesticar animais e plantas, de forma sistemática e em escala mais ampla, no que 
viria a ser chamado de agricultura e de pecuária. 
Daí vem a palavra agricultura, que era, de fato, uma expressão da cultura dos 
povos que, ao domesticarem plantas, em sua relação com a natureza, criaram as 
diversas culturas alimentares que distinguem um povo dos outros, mesmo hoje 
em dia. Quando mencionamos, por exemplo, culinária italiana, indiana, japonesa, 
mineira etc., estamos tratando dessa dimensão da cultura alimentar. Logo, a 
palavra cultura foi usada primeiramente com o termo agricultura – como prática 
do campo –, tais como cultura do trigo, do milho e assim usada no sentido dessa 
prática primordial. 
Posteriormente, passou a ser empregada como conceito que exprimia o modo 
de vida, em um primeiro momento dos camponeses – do homem que produzia e 
praticava agricultura – e depois em um sentido e conotação mais ampla, como a 
cultura dos homens e seus modos de vida, hábitos e costumes. 
As diversas tradições da cultura alimentar foram hibridizadas, misturadas, 
mescladas, com novas descobertas, que surgiam à medida que havia migrações 
dos povos. Igualmente pelo processo de colonização e outros movimentos da 
população ao longo da história, houve maior contato entre povos que tinham 
diferentes hábitos e produtos alimentares.
Foi o caso da batata e do tomate, por exemplo, que são oriundos do Continente 
americano e foram levados à Europa mediante o processo de colonização.
Sua cultura foi tão bem absorvida pelos europeus, que é impossível hoje pensar 
na culinária italiana sem considerar o molho de tomate, ou na portuguesa sem o 
bacalhau com batatas.
E hoje, com uma cultura mais globalizada, vemos alguns hábitos alimentares 
tornarem-se hegemônicos, devido à estandardização – padronização – dos 
costumes, veiculados pela propaganda, pela mídia em geral, pelas redes sociais e 
pela indústria de alimentos. 
A Revolução Técnico-Científica, empreendida a partir da segunda metade do 
século XX, com o avanço das ciências – Química, Biotecnologia –, das técnicas – 
sobretudo da Engenharia Genética –, promoveu transformações nas formas de se 
alimentar e também de produzir sinteticamente, de maneira artificial e/ou por meio 
de hibridizações e da criação de novos alimentos. 
Portanto, não existe uma só cultura, mas uma diversidade de culturas pelo 
mundo, que vão sempre mudando ao longo do tempo, considerando as mediações 
da família, da sociedade de cada época, da natureza, da escola, entre outras 
interações, as quais acabam por alterar os modos de vida, as formas de existência 
e, assim, a própria cultura.
9UNIDADE Diversidade Étnico-cultural
Logo, um indivíduo imerso em uma determinada cultura nunca tem total 
conhecimento da qual, tanto porque esta muda, quanto porque certos traços 
lhe escapam. Mesmo fazendo parte de um grupo com o qual nos identificamos, 
não somos todos iguais em todos os aspectos dessa cultura, principalmente no 
mundo de hoje e aos que vivem nas grandes metrópoles, onde há multiplicidade 
de informações que nos chegam, diversidade de eventos que nos trazem diferentes 
maneiras de pensar, de viver.
Do mesmo modo que a cultura não passa sempre por uma transformação total, 
por isso é dialética, há sempre um pouco do passado em tudo que fazemos, ao 
mesmo tempo em que também vamos inovando. Vejamos um exemplo: as formas 
de nos expressar na língua portuguesa não são as mesmas desde o século XIX, 
pois isto foi sendo modificado; mas, ao mesmo tempo, não é uma linguagem 
inteiramente nova, por isso incorporamos novidades a nossa linguagem, mas 
também outras normas da língua permanecem. Ou seja, há sempre permanências 
e tradições na cultura, ao mesmo tempo em que esta é constantemente recriada. 
As bases materiais e técnicas vão também mudando e isso faz com que a cultura 
também se altere. O nosso modo de vida urbano, por exemplo, trouxe aos homens 
e mulheres novas formas de sobreviver, mas os que vivem na cidade perderam a 
cultura do campo, das formas de plantar, de modo que se você pergunta para uma 
criança que vive em meio urbano de onde vem uma fruta, é comum que responda: 
“Do supermercado”, que é a visão imediata da cultura que cada um possui. 
Assim, afirmamos que a cultura tem relação com o tempo histórico, produzido 
pelos grupos, povos e sociedade de cada época, como também tem relação com 
o espaço e meio geográfico, porque é diferente e diversa nos distintos lugares 
do mundo. 
Desse modo, as transformações pelas quais determinada cultura passa se 
processam sempre em um movimento dialético – interno e externo –, a saber: 
 · Interno, endógeno, dentro da mesma cultura, vai se alterando ao longo 
da história;
 · Externo, exógeno, devido ao contato com outras culturas, de forma amigável 
ou por meio de guerras, saques, domínios etc. 
Ambos os modos são condições integradas e ocorrem em um processo contínuo. 
10
11
Explicações para as Diferenças 
Étnico-Culturais
Ao tratar do tema das diferenças étnico-culturais, é fundamental conceituar etnia. 
Trata-se de um termo que deriva de ethos, palavra grega, e pode ser definido como 
um grupo biológico e culturalmente mais homogêneo, que tem o mesmo ethos, 
ou seja, costumes, religião, crenças, língua, hábitos, entre outras características 
comuns. Dito de outra forma, partilhando certos costumes, tradições, técnicas, 
comportamentos em comum. 
Tal termo não é sinônimo de raça, já que raça é relacionada exclusivamente 
ao sentido biológico, da cor da pele, dos traços físicos – do cabelo, do nariz, das 
formas físicas etc. –, sendo um componente do biótipo humano. 
Ao longo da história humana, o homem, em sua relação com o meio geográfico, 
com a natureza e com outros grupos humanos, foi elaborando formas de viver e 
de cultura.
Mediante o processo de colonização, neocolonização ou outros movimentos 
migratórios, os diversos grupos humanos foram colocados em maior contato 
entre si, levando a questionamentos em relação às diferenças raciais, do biótipo – 
características físicas, cor da pele, formato do corpo, do cabelo etc. –, bem como 
aspectos étnico e socioculturais, tais como formas de organização social, crenças, 
religiões, técnicas usadas, relações familiares, formas de moradia, entre outros.
O surgimento de civilizações em algumas regiões do mundo – caso do Oriente 
Próximo (Egito Antigo, Mesopotâmia, Fenícia etc.) e dos vales fluviais na China 
e Índia – ocasionou o surgimento de maior separação entre diferentes tipos de 
trabalhadores – artesãos, agricultores, escribas, construtores. Essa evolução fa-
voreceu o surgimento das primeiras cidades, nas quais ocorriam contatos entre 
diferentes grupos humanos, superando aquela condição na qual os povos viviam 
somente em aldeias. 
Mesmo entre os que permaneceram em aldeias, as guerras e os saques 
promoviam o contato entre diferentes grupos humanos, o que levava sempre aos 
questionamentos em relação às diferenças étnico-culturais, bem como das origens 
dos seres humanos. Surgiam, assim, mitos e religiões. Em geral, os povos da 
Antiguidade buscavam nos mitos, nas crenças animistas, ou nas ideias filosóficas as 
explicações para as diferenças raciais, étnico-culturais entre os homens. 
Importante!
Que se entende por crenças animistas aquelas que acreditam na força espiritual de 
objetos, tais como pedras, plantas, animais etc., atribuindo-lhes poder espiritual, ou 
como amuletos?
Você Sabia?
11
UNIDADE Diversidade Étnico-cultural
Era comum os povos considerarem que estavam no centro do mundo, e a 
própria cartografia e seus mapas refletiam tal concepção, no que se define como 
visão etnocêntrica. 
Na China Antiga, por exemplo, os mapas eram produzidos colocando as 
dinastias chinesas no centro do mundo e os demais povos mais distantes eram 
definidos como selvagens. Já os esquimós, da mesma forma, colocavam-se no 
centro do mundo e se não conheciam outros povos, era porque estes não eram 
importantes, diziam. 
O etnocentrismo não se resume à produção de desenhos e mapas a partir da 
visão de um povo, mas tem relação com a forma de pensar, na qual as pessoas ou 
grupos humanos interpretam e leem o mundo a partir da própria ótica, da cultura, 
do modo de pensar e de vida – como se a própria cultura fosse o centro do mundo, 
a forma correta de agir, o modo de vida adequado. 
Conforme afirma o pesquisador Everardo Rocha (1988, p. 18), no livro O que 
é etnocentrismo, sobre o conceito do termo: “Etnocentrismo é uma visão de um 
mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os 
outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas 
definições do que é a existência”.
Desse modo, a visão etnocêntrica acaba por levar a extremos de xenofobia – 
aversão a estrangeiros –, intolerância social e étnico-cultural e especificamente 
religiosa, por aqueles que reconhecem apenas sua cultura como legítima. 
O etnocentrismo pode levar à exacerbação de movimentos sociopolíticos que 
acabam se tornando intolerantes, perseguindo outras etnias, religiões e/ou mani-
festações culturais, discriminando outros povos, podendo, inclusive, constituir-se 
em partidos políticos ou entidades que buscam valorar sua etnia e cultura em julgar 
a cultura do “outro”, em um movimento de negação das demais culturas. 
Termos como cultura “atrasada”, “inferior”, foram usados ao longo da história 
para justificar repressões, ataques, guerras ou, de forma subliminar, discriminações 
que aparentemente não são violentas, mas que escondem preconceitos com outros 
povos que não têm a mesma cultura do opressor. Pauta-se em um juízo de valor 
do que é certo e o que é errado, depreciando e mediado por impressões sobre a 
cultura alheia. Quando alguns europeus vieram colonizar a América, por exemplo, 
houve várias situações nas quais a visão etnocêntrica do grupo colonizador 
predominou, de modo que quando os europeus colonizaram o Novo Mundo – 
Continente americano –, fizeram-no com a mesma concepção etnocêntrica, a qual 
ficou conhecida como eurocentrismo.
Os mapas elaborados a partir daí, já conhecidos como mapas mundi, devido 
ao maior conhecimento do planeta Terra e do mundo, às grandes navegações, 
permitiu que se produzissem mapas em escala global. Todavia, a forma de projetar 
o Planeta foi o mapa que até hoje conhecemos, com a Europa ao centro, dando 
uma visão de maior importância ao Continente europeu. Como se vê no mapa 
de Mercator, um belga que elaborou o mapa mundi em 1578e que reflete tal 
visão eurocêntrica:
12
13
Figura 1 – Mapa mundi de Mercator (1578)
Fonte: worldmapsonline.com
Os viajantes e relatos administrativos davam o tom dos discursos sobre o que 
era o Novo Mundo – América –, em geral, com preconceito em relação aos povos 
nativos ou oriundos de outras partes que não fosse a Europa. Todos eram vistos 
como selvagens, como povos atrasados, como se tivessem culturas que fossem 
superiores às demais. Daí expressões equivocadas que eram – e ainda por muito 
tempo foram comuns –, tais como do indígena indolente e preguiçoso, do negro 
arredio, do turco avarento, entre tantas expressões preconceituosas.
Com o advento da Ciência Moderna, que se produziu principalmente na Europa 
e se difundiu pelo mundo mediante os processos de colonização, neocolonialismo 
e expansão capitalista, o discurso em torno das diferenças étnico-culturais tomou 
caráter de Ciência, muitas vezes imbuído de significativa discriminação.
A teoria do darwinismo social, comum no final do século XIX e meados do 
século XX, deu à natureza e ao meio um papel de destaque na existência dos grupos 
humanos. O principal representante dessa teoria foi Hebert Spencer (1820-1903).
Tal concepção afirmava, em analogia a uma visão da teoria da evolução 
de Darwin, que haveria uma seleção natural entre as espécies e que isto tinha 
correspondência à sociedade. Partindo desse princípio, alguns grupos humanos 
eram mais fortes do que outros, pois todos passariam por uma seleção natural, 
considerando, assim, que a sociedade também tinha evoluído dessa forma. Como 
comenta um pesquisador sobre o termo darwinismo social e depois o que se 
chamou de pós-darwinistas, temos que:
A obra de Darwin, A origem das espécies por meio da seleção natural, 
ou a conservação das raças favorecidas na luta pela vida, publicada 
em inglês em novembro de 1859, parecia fornecer caução científica aos 
partidários da supremacia da raça branca, tema que, depois do século 
XVII, jamais deixou de estar presente, sob diversas formas, na tradição 
literária europeia. Os pós-darwinianos ficaram, portanto, encantados: iam 
justificar a conquista do que eles chamavam de “raças sujeitas”, ou “raças 
não evoluídas”, pela “raça superior”, invocando o processo inelutável da 
“seleção natural”, em que o forte domina o fraco na luta pela existência 
(UZOIGWE, 2010).
13
UNIDADE Diversidade Étnico-cultural
Tais teorias do darwinismo social e determinismo acabaram justificando os 
processos de neocolonialismo ou imperialismo dos europeus e norte-americanos, 
dominando outros países e povos. 
Darwinismo social – baseada nas teorias de Charles Darwin – naturalista britânico, 
quem dizia que as espécies passavam por um processo de seleção natural, no qual os mais 
fortes sobreviviam –, esta concepção naturalista de Darwin foi utilizada como padrão de 
interpretação da sociedade, por cientistas como Hebert Spencer, originando o darwinismo 
social. A partir desta teoria, a explicação era de que a sociedade evoluiria em etapas, 
igualmente às diversas espécies, tendo sociedades e grupos sociais que estariam mais aptos 
a vencer os obstáculos do meio e a evoluírem, enquanto outros seriam mais fracos. Desse 
modo, a sociedade tinha um cunho biológico, natural. 
Ex
pl
or
Outra teoria próxima ao darwinismo social e da mesma época foi a determinista, 
a qual definia que o meio, ou seja, a natureza, era fundamental nas características 
raciais e étnico-culturais dos diversos grupos. O homem, assim, era produto do 
meio em que vivia. 
Alguns chegavam a afirmar que o caráter dos grupos humanos seria definido 
pelas condições do meio. A concepção de que a tropicalidade fazia com que as 
pessoas fossem mais indolentes, tornando os povos desses lugares mais atrasados, 
sendo a pobreza uma condição que se explicava pelas condições do meio. 
Tais discursos, imbuídos do aparato científico, ajudaram europeus e norte-
americanos a expandirem seus limites políticos e geopolíticos na América do Norte 
e Central, bem como nos continentes africano e asiático, principalmente.
Importante!
Que, no começo do século XX, os Estados Unidos ocuparam alguns países da América 
Central, caso da Nicarágua, Cuba, entre outros, e os chamaram de protetorados norte- 
-americanos, dizendo que buscavam protegê-los dos europeus?
Nos livros produzidos na época, muitos estudiosos diziam que os povos da América 
Central eram atrasados, preguiçosos e, por isso, a missão civilizatória norte-americana 
era fundamental para trazer os povos desses lugares a uma melhor condição.
Você Sabia?
É claro que o meio, a natureza e fatores físico-naturais são condicionantes que 
podem ser considerados na produção de alimentos, hábitos de alimentação e/ou de 
vestimentas, nas formas de vida, mas não são determinantes. Ou seja, as pessoas 
não são o que são, nem escolhem suas formas de vida apenas mediadas pelo clima, 
condições da natureza e do meio. No entanto, a existência do ser humano não é 
apenas biológica, natural, genética, mas também ocorre por meio do aprendizado 
que recebe ao longo de sua vida, na família, nas instituições sociais e religiosas, na 
escola, na relação com o meio geográfico – não somente com a natureza. É por 
meio dessas relações que vamos adquirindo conhecimentos que nos dão identidade 
 
14
15
cultural – seja pela religião, crenças, formas de se alimentar, de se vestir, pelos 
códigos de moral, formas de agir, dos gestos, das expressões. 
Enfim, a dificuldade de algumas pessoas ou povos em aceitar o “outro”, em 
aceitar a diferença cultural e racial levou a verdadeiros genocídios ao longo da 
história humana. 
Genocídio é uma forma de extermínio parcial ou total de um povo, de sua cultura, 
considerando-se os componentes étnico-culturais, tais como a religião, as crenças, os 
costumes, entre outros. Como defi ne o dicionário:
A palavra genocídio é derivada do grego genos, que significa “raça”, 
“tribo” ou “nação” e do termo de raiz latina -cida, que significa “matar”.
O termo foi criado por Raphael Lemkin, um judeu polaco, jurista e que foi 
conselheiro no Departamento de Guerra dos Estados Unidos durante a 
Segunda Guerra Mundial. A tentativa de extermínio total do povo judeu 
pelos nazistas – Holocausto – foi um motivo forte que levou Lemkin a 
lutar por leis que punissem a prática de genocídio. A palavra passou a ser 
usada após 1944 .
Ex
pl
or
O racismo e o preconceito étnico-cultural dominaram o cenário durante o 
período entre guerras mundiais, com fenômenos conhecidos como Holocausto, no 
qual milhões de judeus foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-
1945), bem como com a Lei do Apartheid, na África do Sul, institucionalizada 
pelos bôeres ou africâneres – descendentes de holandeses – em 1948, que viveram 
na África do Sul, contra os negros e outros grupos que não eram brancos e 
descendentes de europeus. 
Apartheid foi institucionalizado na África do Sul como uma Lei étnica-racial, que segregava 
negros, mestiços e asiáticos que moravam no País a viverem separados nas cidades, em 
áreas conhecidas como townships. Além destas áreas nas cidades, os povos negros nativos 
de diversas etnias deveriam viver em bantustões, territórios que foram declarados livres 
e independentes pelo governo sul-africano para tornar a África do Sul somente branca. 
Nesse regime, o negro não tinha direito a voto, nem poderia andar livremente pelas áreas 
declaradas brancas, exceto se tivesse um passe para isso. Tal regime racial e étnico durou de 
1948 até 1994, quando Nelson Mandela tornou-se presidente eleito. 
Ex
pl
or
Rompendo com as teorias deterministas, evolucionistas e darwinistas sociais, 
Malinowski (1994-1942) deu ênfase ao relativismo e à pluralidade da cultura, 
mostrando que por meio da educação e da cultura os povos aprendem com os 
demais, seja na educação formalou informal, com seus pares – na transmissão de 
sua cultura. 
Para isso, cada povo foi criando diferentes maneiras de elaborar sua cultura e de 
transmiti-la, assim como com o mundo cada vez mais global, muitas dessas formas 
de elaborar uma cultura, hábitos, normas e padrões culturais foram também se 
tornando mais universais, ou seja, conhecidos por diversas culturas.
15
UNIDADE Diversidade Étnico-cultural
Devido aos acontecimentos ocorridos no período da Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945), foi criado, em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU), 
que elaborou o documento conhecido como Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. Assim diz o documento, em seus artigos 1º e 2º:
Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e 
em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com 
os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as 
liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, 
nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião 
política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento 
ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma 
distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país 
ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território 
independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação 
de soberania. 
fonte: <http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf>
A partir de normas e declarações como estas, podemos dizer que algumas 
referências para a questão social, política, racial e étnico-cultural tornaram-se 
universais. Não significa que todos os países e povos compartilhem dos princípios 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o pratiquem plenamente, mas 
trata-se de uma ótica mais global sobre tais questões. 
Apesar de haver culturas que, ao longo da história, sobrepuseram-se a outras, há 
também contra racionalidades, como é o caso da contracultura. 
Contracultura
Alguns movimentos socioculturais são de oposição ao modo dominante de vida, 
ao modo hegemônico, que se contrapõem à cultura vigente em uma época, em um 
lugar ou de forma mais universal. 
As décadas de 1960 e 1970 corresponderam a um momento de muita ebulição 
social e cultural. Fatos como a Guerra do Vietnã, na qual os Estados Unidos foram 
lutar, levaram ao surgimento de movimentos pacifistas contra as armas nucleares e 
as guerras em si, assim como movimentos sociopolíticos de mulheres, estudantes e 
negros. Destes surgiram novas identidades socioculturais, na música, nas artes, no 
teatro, nas formas de se vestir, de se alimentar, de viver. 
Pode-se dizer que tais movimentos foram de contracultura, pois buscaram ir 
contra o mundo das guerras, da cultura imposta pela raça branca e do consumismo 
capitalista, enfim, da cultura dominante. 
Esse ideário da contracultura levou milhares de estudantes à luta por uma melhor 
educação e por outros motivos de melhor vida, fosse no Brasil, nos Estados Unidos, 
16
17
na França e em outros países. Assim como a formas de música e de um jeito de 
viver que se contrapunham ao modo de vida cheio de normas e regras advindas de 
uma sociedade hierárquica patriarcal, buscaram uma vida alternativa, como dizia a 
música de Raul Seixas: “Viva a sociedade alternativa”. 
Figura 2 – Casal hippie
Fonte: iStock/Getty Images
Os hippies, o rock, os eventos de música nesse período ajudaram a exemplificar 
o que seria a contracultura: uma contraposição à cultura dominante, com um olhar 
crítico, questionador do modo de vida vigente, buscando interpretar o mundo sob 
outros vieses, outras formas de pensar. Nas artes visuais, por exemplo, com a Pop 
Art, o psicodelismo, com o surrealismo e formas gráficas que mexeram com o 
inconsciente e que foram contra a arte do consumismo.
Na visão homem-natureza, ou ambiental, buscou-se um modo de vida menos 
estressante, mais próximo à natureza, com menos agrotóxicos, menos poluentes 
visuais, sonoros e do ar. Contrapôs-se à sociedade de consumo, do capitalismo 
exacerbado, das tecnologias, tal qual afirma um pesquisador sobre este assunto:
A contracultura pregou o seu “retorno à natureza”. Diante da 
alienação trabalhista e do pragmatismo cientificista, ergueu os valores 
da contemplação e da harmonia. Era como se os jovens do mundo 
ocidental, especialmente os hippies, estivessem redescobrindo o milagre 
diário da natureza. Celebrava-se, na verdade, o mito da pureza do ser 
humano em contato com o mundo natural. Um ambientalismo místico, 
em suma, integrando a novíssima fantasia utópica da juventude mundial 
(RISÉRIO, 2005, p. 27).
Desse modo, diversos movimentos de contracultura buscaram uma vida alterna-
tiva, sobretudo nas sociedades do mundo ocidental – Europa e América do Norte –, 
trazendo à tona a contestação – caso dos hippies, dos beatniks e dos punks, cujas 
formas de ser e estar eram contrapontos ao mundo ocidental capitalista. 
Finalizando esta Unidade, é importante observar que existem diferentes 
culturas pelo mundo e, ao longo da história, muitas tornaram-se etnocêntricas; 
bem como, além da cultura dominante, hegemônica, existiram – e existem – 
movimentos de contracultura.
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UNIDADE Diversidade Étnico-cultural
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Um olhar sobre a diferença: interação, trabalho e cidadania
BIANCHETTI, L.; FREIRE, I. M. (Org.). Um olhar sobre a diferença: interação, trabalho 
e cidadania. Campinas, SP: Papirus, 1998.
Antropologia Social e Cultural
CHICARINO, T. Antropologia Social e Cultural. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2014.
Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações sobre as mudanças na alimentação urbana
GARCIA, R. W. D. Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações sobre 
as mudanças na alimentação urbana. Rev. Nutrição, Campinas, SP, v. 16, n. 4, p. 
483-492, out./dez. 2003. 
Educar para a diversidade: entrelaçando redes, saberes e identidade
PAULA, C. R. Educar para a diversidade: entrelaçando redes, saberes e identidade. 
Curitiba, PR: Intersaberes, 2013.
O que é contracultura?
PEREIRA, C. A. M. O que é contracultura? São Paulo: Nova Cultural; Brasiliense, 1986.
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Referências
BOAS, F. Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
KUPER, A. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru, SP: Edusc, 2002.
MELLO, L. G. Antropologia Cultural: iniciação, teoria e temas. Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2004.
PALTRINIERI, A. C. Imigração, raça e cultura: o ensinamento de Franz Boas. 
Outros Tempos, São Luís, MA, v. 6, n. 7,  jul. 2009. Disponível em: <http://
www.outrostempos.uema.br/vol.6.7.pdf/Anna%20Casella%20Paltrinieri.pdf>. 
Acesso em: 16 jan. 2017. 
RISÉRIO, A. Duas ou três coisas sobre a contracultura no Brasil. In: Anos 70: 
trajetórias. São Paulo: Itaú Cultural, 2005. 
ROCHA,  E.  O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1988. (Col. 
Primeiros passos).
ROSZAK, T.  A  contracultura:  reflexões sobre a sociedade tecnocrática e a 
oposição juvenil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1972.
UZOIGWE, G. N. Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral. 
2010. Disponível em: <https://goo.gl/JfGk9x>. Acesso em: 16 jan. 2017.
Sites Visitados
https://www.significados.com.br/genocidio
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