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ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA I RADIOLOGIA MÓDULO 1 341 9 ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA I Um dos pontos fundamentais do curso de Técnico em Radiologia é o estudo da imagem anatômica dos seres vivos, principalmente do corpo humano. Para isso, é necessário conhecer as estruturas anatômicas do corpo humano em seus detalhes, para poder identificá-las em uma das modalidades da imagem diagnóstica. Com a disciplina de Anatomia e Fisiologia I o aluno poderá acompanhar e estudar os assuntos apresentados nas aulas de anatomia e fisiologia, favorecendo a fixação do conteúdo desta matéria, que é muito densa, vasta e será suporte em outras disciplinas deste curso. 9.1 Histórico Desde a época antes de Cristo já se realizavam dissecações em animais, especialmente no sul da Itália, com Alcméon de Crotona. As ilustrações anatômicas foram mencionadas por Aristóteles quando este se referiu aos paradigmas, que eram figuras baseadas na dissecação animal. Na Alexandria, durante o século III a.C., a anatomia teve um avanço considerável, com muitas descobertas atribuídas a Herófilo e Erasístrato, que foram os primeiros a realizar dissecações humanas sistematicamente. Por razoes éticas e religiosas, a partir do ano 150 a.C., a dissecação humana foi proibida. Porém, o conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no mundo helenístico, sendo conhecido apenas por meio da dissecação em animais, conforme destacam em seus estudos Lyons et al. (1997). A anatomia era uma disciplina auxiliar da cirurgia, há época, relativamente grosseira, que reunia sobre todo conhecer os pontos apropriados para a sangria. O primeiro livro com imagens impressas foi a obra de Ulrich Boner Der Edelstein, publicada por Albrecht Plister, em Banberg (LYONS et al., 1997). Ainda de acordo com os autores, as primeiras ilustrações anatômicas impressas baseavam-se na tradição manuscrita medieval. O Fasciculus medicinae, por exemplo, foi uma coleção de textos de autores contemporâneos, destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas edições. Sua primeira edição data de 1491, onde se utilizou a xilografia para figuras anatômicas, cujas ilustrações apresentam corpos humanos mostrando os pontos de sangria, e linhas que unem a figura às explicações impressas nas margens. Em sua segunda edição, datada de 1493, as posições das figuras apresentavam-se mais naturais. O primeiro artista que considerou a anatomia além do ponto de vista meramente pictórico foi Leonardo da Vinci. Ele fez preparações das quais são conservadas mais de 750, e representam o esqueleto, os músculos, os nervos e os vasos. As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do tipo fisiológico. A beleza artística impressa por da Vinci permanece inalterada, conforme ilustra a Figura 1. MÓDULO 1 RADIOLOGIA 342 Figura 1 - O homem vitruviano Fonte: Oliveira et al. (2012) A valorização correta da curvatura da coluna vertebral ficou esquecida durante mais de cem anos. Da Vinci representou corretamente a posição do fetus in utero e foi o primeiro a assinalar algumas estruturas anatômicas conhecidas. Lyons et al. (1997) afirmam que Michelangelo Buonarotti passou pelo menos vinte anos adquirindo conhecimentos anatômicos por meio das dissecações que praticava pessoalmente, sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença. Conforme preconizam Lyons et al. (1997), Albrecht Dürer escreveu obras de matemática, destilação, hidráulica e anatomia, cujo tratado sobre as proporções do corpo humano foi publicado após sua morte. Até então, a ciência fisiológica estava apoiada nas concepções puramente teóricas do médico grego Galeno, que admitia uma comunicação entre os dois ventrículos do coração por meio de canais invisíveis. Servet, juntamente com Vesálius, insurgiu-se contra essa concepção e demonstrou que não há mistura de sangue entre os dois ventrículos. O estudo da Fisiologia Humana teve origem na Grécia por volta do ano 420 a.C., com Hipócrates, o pai da medicina. Durante o renascimento (XIV-XVII), ocorreu o aumento do interesse no estudo da Anatomia e da Fisiologia do corpo humano. Neste período, Vesálius iniciou o que se conhece hoje como a Anatomia Humana Moderna. Uma das obras mais influente da época foi De humani corporis fabrica (1543), considerado um dos livros mais importantes da história do homem. Vesálius comprovou também que há diferenças em todos os indivíduos e relatou sua surpresa ao encontrar inúmeros erros nas obras de Galeno, como afirmam Lyons et al., (1997). No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da fisiologia humana. Neste período, Francis Glisson descreveu em detalhes o fígado, o estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem basicamente RADIOLOGIA MÓDULO 1 343 aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar, como afirmam Lyons et al., (1997). Ainda naquele período, Wharton descreveu as características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton. Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa (exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson, em 1611, porém, estabeleceu a diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos. A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica referente à produção de sangue (LYONS et al., 1997). Datando ainda do século XVII, Gasparo Aselli descobriu que após a ingestão abundante de comida o peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares quilíferos. Até a época de Harvey, que iniciou a fisiologia experimental, pensava-se que a respiração estimulava o coração para produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Ele, porém, demonstrou que o sangue nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta transformação. Lyons et al. (1997) afirmam que a explicação da função respiratória ainda levou muitos anos, mas durante o século XVII foram dados passos importantes para seu esclarecimento. A primeira transfusão direta de sangue foi uma das grandes descobertas daquele século, sob a batuta de Richard Lower (1631-1691), que demonstrou a diferença de cor entre o sangue arterial e o venoso, a qual se devia ao constato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância do ar (LYONS et al., 1997). A partir de então, o desenvolvimento da anatomia acelerou-se. Berengario da Carpi estudou o apêndice e o timo, e Bartolomeu Eustáquio os canais auditivos. A nova anatomia do Renascimento exigiu a revisão da ciência. O aperfeiçoamento do microscópio (por Leeuwenhoek) ajudou Marcello Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do sangue, e também a descobrir a estrutura mais íntima de muitos órgãos. Introduzia-se, assim, o estudo microscópico da anatomia (LYONS et al., 1997). No Século XVIII, o conhecimento em Fisiologia começou a se acumular rapidamente. Neste período, Claude Bernard introduziu os conceitos da Fisiologia Experimental Contemporânea, de acordo com estudos de Ludwig (2009). Para Bernard, a fisiologia não era a anatomia animada, ou seja, ao invés de iniciar do órgão para a função, o fisiologista deveria começar partindo do fenômeno fisiológico, procurando sua explicação no organismo. Neste sentido, o fisiologista não deveria simplesmente observar a natureza, mas produzir e reproduzir fenômenosem condições artificiais, em que alguns aspectos ou variáveis são selecionados, e outros são eliminados ou controlados (LUDWIG, 2009). Quando os anatomistas puderam representar de modo realista os conhecimentos MÓDULO 1 RADIOLOGIA 344 anatômicos corretos, se iniciou em toda Europa um período de intensa investigação, especialmente no norte da Itália e no sul da Alemanha. O melhor representante deste grupo é Jacob Berengario da Capri, autor dos Commentaria super anatomica mundini, que contém as primeiras ilustrações anatômicas tomadas do natural. Em 1536, Cratander publicou em Basiléia uma edição das obras de Galeno, incluindo figuras, especialmente de osteologia, feitas de um modo muito realista. Em 1532, Charles Estienne preparou em Paris uma obra em que ressaltava a completa representação pictórica do corpo humano (LYONS et al., 1997). O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais seguro de estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovan Battista Morgani, dando origem à anatomia patológica, que permitiu grandes descobertas no campo da patologia celular, por Rudolf Virchow, e dos agentes responsáveis por doenças infecciosas, por Pasteur e Koch (COSTA, 2010). Costa (2010) afirma ainda que a fisiologia, a bioquímica, a microscopia eletrônica e positrônica, as técnicas de difração com raios X, aplicadas ao estudo das células, descreveram suas estruturas íntimas em nível molecular. Hoje em dia há a possibilidade de se estudar anatomia mesmo em pessoas vivas, mediante técnicas de imagem como a radiografia, a endoscopia, a angiografia, a tomografia axial computadorizada, a tomografia por emissão de pósitrons, a imagem de ressonância magnética nuclear, a ecografia, a termografia e outras, como afirma Costa (2010). 9.2 Definições: Anatomia e Fisiologia De acordo com Lacerda et al. (2009), a anatomia é a ciência que estuda a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. Em 1981, a American Association of Anatomists propôs um amplo conceito de anatomia, como sendo a análise da estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Em resumo, a anatomia é a ciência que estuda a forma, a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente. Para os autores, a anatomia compreende desde o estudo das mudanças, em longo prazo, da estrutura, no curso de evolução, passando pelas mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto prazo, que estão associadas com fases diferentes de atividade funcional normal. A anatomia é, portanto, o estudo da forma e da constituição do corpo, pré-requisito indispensável para o estudo da fisiologia dos órgãos. Seu estudo compreende tanto a evolução do indivíduo desde a fase de zigoto até a velhice (ontogenia), como o desenvolvimento de uma estrutura no reino animal (filogenia) (COSTA, 2008). Em relação à fisiologia, trata-se do ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. De forma mais sintética, a fisiologia estuda o funcionamento do organismo (matéria viva), investiga as funções orgânicas, processos ou atividades vitais. É dividida classicamente em fisiologia vegetal e fisiologia animal, conforme preconizam Tortoga e Derrickson, 2010. RADIOLOGIA MÓDULO 1 345 A anatomia e a fisiologia são campos de estudo estreitamente relacionados, onde a primeira incide sobre a forma e a segunda dedica-se ao estudo da função de cada parte do corpo, sendo ambas as áreas de vital importância para o conhecimento médico. 9.3 Divisões da Anatomia e da Fisiologia Nesta seção, serão abordadas as divisões que compreendem a anatomia e a fisiologia. 9.3.1 Divisões da Anatomia Em relação às divisões da anatomia, no que se refere ao tamanho da estrutura estudada vai desde todo um sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas celulares e macromoléculas. A anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: anatomia macroscópica, anatomia microscópica e anatomia do desenvolvimento, conforme descrito abaixo, de acordo com a afirmação de Duarte (2009). a) anatomia macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis; b) anatomia microscópica é aquela relacionada às estruturas corporais invisíveis a olho nu e requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos); e, c) anatomia do desenvolvimento, que estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo fertilizado até a forma adulta. Engloba a Embriologia, que é o estudo do desenvolvimento até o nascimento. É importante salientar, ainda, que a Anatomia Humana, a Anatomia Vegetal e a Anatomia Comparada também são especializações da anatomia. Na anatomia comparada faz-se o estudo comparativo da estrutura de diferentes animais (ou plantas), com o objetivo de verificar as relações entre eles, o que pode elucidar sobre aspectos da sua evolução. De acordo com Costa (2008) e Oliveira et al. (2012), a anatomia macroscópica humana estuda o corpo humano e conforme o enfoque recebe varias denominações. Dentre elas destacam-se: a) anatomia sistemática ou descritiva: estuda de modo analítico (separação de um todo em seus elementos ou partes componentes) e separadamente as várias estruturas dos sistemas que constituem o corpo, o esquelético, o muscular, o circulatório, etc.; b) anatomia topográfica ou regional: estuda de uma maneira sintética (método, processo ou operação que consiste em reunir elementos diferentes e fundi-los num todo) as relações entre as estruturas de regiões delimitadas do corpo; c) anatomia de superfície ou do vivo (palpatória): estuda a projeção de órgãos e estruturas profundas na superfície do corpo, é de grande importância para a compreensão da semiologia clínica (estudo e interpretação do conjunto de sinais MÓDULO 1 RADIOLOGIA 346 e sintomas observados no exame de um paciente); d) anatomia funcional: estuda segmentos funcionais do corpo, estabelecendo relações recíprocas e funcionais das várias estruturas dos diferentes sistemas; e) anatomia aplicada: salienta a importância dos conhecimentos anatômicos para as atividades médicas, clínica ou cirúrgica e mesmo para as artísticas; f) anatomia radiológica: estuda o corpo usando as propriedades dos raios X e constitui, com a Anatomia de Superfície, a base morfológica das técnicas de exploração clínica. É um campo relativamente recente de estudo da anatomia. O corpo humano pode ser visualizado por meio de técnicas radiológicas, como na identificação de estruturas em radiografias ou mesmo nos exames mais modernos, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. Este estudo permite o reconhecimento de estruturas tanto do cadáver, quanto in vivo e é largamente utilizado na anatomia clínica; g) anatomia comparada: estuda a Anatomia de diferentes espécies animais com particular enfoque ao desenvolvimento ontogenético (desenvolvimento de um indivíduo desde a concepção até a idade adulta) e filogenético (história evolutiva de uma espécie ou qualquer outro grupo taxonômico) dos diferentes órgãos; e, h) anatomia do desenvolvimento: está associada à Embriologia Humana. Estuda o desenvolvimento do ovo fertilizado até a forma adulta. Apesar de largamente baseada na dissecação, como a etimologia do seu nome indica, o estudo da anatomia humana envolve vários métodos, que correspondem aos seus campos de estudo, tais como (OLIVEIRA et al. 2012): a) inspeção: análise por meio da visão, que pode ser de órgãos externos ou internos; b) palpação:análise por meio do tato, que pode ser utilizada para medir a pulsação, verificar tendões ou saliências ósseas, entre outras estruturas; c) Percussão: análise por meio de batimentos digitais na superfície corporal, que pode produzir sons audíveis, ajudando na determinação de órgãos ou estruturas; d) ausculta: análise feita ouvindo determinados órgãos em funcionamento (ex. coração, intestino, pulmões); e) mensuração: avaliação da simetria corporal; f) dissecação: separação minuciosa dos diferentes órgãos para uma melhor visualização; e, g) métodos de estudo por imagem: inclusão dos antigos e novos métodos de obtenção de imagens do corpo humano, tais como radiografias, ressonância magnética, ultrassonografia, tomografia computadorizada e etc. 9.3.2 Divisões da Fisiologia Para que o organismo humano possa desempenhar todas as suas funções adequadamente, uma série de parâmetros deve ser mantida em níveis aceitáveis. Por exemplo, a temperatura corporal deve ficar por volta dos 37°C; pressão arterial em repouso deve estar a 80 x 120 mm Hg; as concentrações sanguíneas de O2 e CO2 devem estar dentro de faixas normais. A este equilíbrio dinâmico para a manutenção da constância da composição do meio interno e das características básicas dentro de faixas normais dá-se o RADIOLOGIA MÓDULO 1 347 nome de Homeostase. Existem vários mecanismos responsáveis pela manutenção da homeostase, dentre eles é possível citar como mais importante o mecanismo de retroalimentação negativa. Quando uma das características básicas do sistema sai da faixa normal, existem efetores que promovem seu retorno. É importante salientar que há três grandes áreas da fisiologia: a) fisiologia animal, que incluía fisiologia humana; b) fisiologia vegetal, que diz respeito às funções dos vegetais; e c) fisiologia bacteriana, que está ligada às células procariontes. 9.4 Constituição do Corpo Humano Nesta seção serão observados os níveis organizacionais do corpo humano, a divisão do corpo humano, o conceito de variações anatômicas, a posição de descrição anatômica, planos de delimitação e seção do corpo humano, os princípios gerais de construção do corpo humano, e as cavidades do corpo. 9.4.1 Níveis Organizacionais Da menor até a maior dimensão de seus componentes, seis níveis de organização são relevantes para a compreensão da anatomia e fisiologia, a saber: a) nível químico: inclui os átomos (menores unidades de matéria que participam de reações químicas) e as moléculas (dois ou mais átomos ligados entre si); b) nível celular: a união das moléculas formam as células. As células são as unidades básicas, estruturais e funcionais do corpo humano; c) nível tecidual: os tecidos são grupos de células e materiais em torno delas, que trabalham juntos para realizar uma determinada função celular. Existem quatro tipos básicos de tecidos, no corpo humano: tecido epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso; d) nível orgânico: os órgãos são estruturas compostas por dois ou mais tipos de tecido diferentes. Eles têm funções específicas e, usualmente, têm formas reconhecíveis; e) nível sistêmico: é um sistema consiste em órgãos relacionados que têm a mesma função; e, f) nível organismo: é o maior nível organizacional. O organismo é um indivíduo vivo. Todas as partes do corpo, funcionando umas com as outras, constituem o organismo total – uma pessoa viva. 9.4.2 A Divisão do Corpo Humano Classicamente, o corpo humano é dividido em cabeça, pescoço, tronco e membros, assim distribuídos, conforme esquema a seguir: MÓDULO 1 RADIOLOGIA 348 A cabeça é o segmento mais elevado do corpo, estando situada acima do pescoço, sendo dividida em crânio e face. O pescoço é uma parte estreitada que une a cabeça ao tronco. O tronco, por sua vez, compreende o tórax e abdômen. Considera-se no tronco as cavidades torácica e abdominal, as quais estão separadas entre si pelo músculo diafragma. A cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na cavidade pélvica. Os membros são em número de quatro, dois superiores ou torácico e dois inferiores ou pélvicos. Os membros (inferiores e superiores) possuem uma raiz, pela qual se unem ao tronco, e uma parte livre; a raiz do membro superior que corresponde ao ombro, e a parte livre, que se divide em: braço, antebraço e mão (esta dividida em palma e o dorso). A raiz do membro inferior é chamada quadril e a parte livre divide-se em: coxa, perna e pé (dividindo- se este em planta e o dorso do pé). Consideram-se ainda o cotovelo (na transição entre o braço e o antebraço), o punho (entre o antebraço e a mão), o joelho (entre a coxa e a perna) e o tornozelo (entre a perna e o pé). 9.4.3 Conceito de Variações Anatômicas As diferenças morfológicas individuais apresentam as desigualdades de dois indivíduos. Existem inúmeras diferenças que podem ser observadas, como o peso, a altura etc. Estas variações, descritas a seguir, podem ser denominadas de: variação, normal, anomalia e monstruosidade. Variação: Definem-se variações anatômicas como sendo toda diferença morfológica que não acarreta transtorno funcional. Estas podem ser externas e internas. As diferenças externas são as diferenças morfológicas entre indivíduos, podendo ser evidenciadas de imediato por um observador de um grupo de indivíduos, enquanto que as diferenças internas são as variações na forma e no tamanho dos órgãos. RADIOLOGIA MÓDULO 1 349 Normal: É um termo que apresenta um conceito médico e um conceito estatístico. Do ponto de vista médico, normal significa sadio, hígido, não doente. Por exemplo, uma pessoa sadia é uma pessoa normal. Do ponto de vista estatístico, que corresponde ao conceito anatômico, normal quer dizer o que é mais frequente. Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem ser descritas, conforme se observa a seguir: a) idade: é o tempo decorrido desde a formação intrauterina do indivíduo até a morte. As modificações anatômicas acontecem com o progredir da idade, ou seja, nos diversos períodos ou fase da vida intra e extrauterina, havendo diferenças quando se confrontam a criança, o adolescente e o adulto. Por exemplo: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a bolsa escrotal e nela se localizando durante a vida adulta; o timo atinge o seu desenvolvimento máximo na vida fetal e com o progredir da idade vai regredindo até desaparecer na fase adulta; a bexiga é piriforme, com grande eixo longitudinal na criança e tem uma situação predominantemente abdominal. Com o avanço da idade, a bexiga vai alcançando a sua situação na bacia pélvica. Do mesmo modo a laringe, que tem sua situação alta na criança e com o crescimento ela vai baixando gradualmente. A idade é dividida em sete fases: embriológica, nepiológica (1ª infância), 2ª infância, adolescência, adulto jovem, adulta e geriátrica; b) sexo: é o caráter de masculinidade ou de feminilidade. É possível reconhecer órgãos de um ou de outro sexo, graças às características especiais, mesmo fora da esfera genital. Assim, é importante lembrar as diferenças dos órgãos condicionados pelo sexo, pois mesmo aqueles comuns a ambos podem apresentar topografia diversa, como por exemplo: no homem a gordura subcutânea se deposita principalmente na região tricipital, enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal; o ceco, frequentemente, tem situação mais baixa na mulher do que no homem; c) raça: refere-se à dominação conferida a cada agrupamento humano que possui caracteres físicos comuns, tanto externos como internos, pelos quais se distinguem dos demais. Compreendem as raças branca, negra e amarela, e o seus graus de mestiçagem, responsáveis por diferenças morfológicas externas e internas, como por exemplo: a forma do nariz e dos lábios, que permitem distinguir indivíduos de grupos étnicos diversos, apreciáveisdiferenças internas são ainda encontradas nos diferentes sistemas orgânicos; o coração tem uma vascularização muito mais abundante no negro do que no branco; nos brancos, a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra lombar, enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira vértebra lombar; a 3ª pálpebra (plica semilunaris) é habitualmente encontrada com muito menos frequente entre brancos; d) tipo morfológico constitucional: é o principal fator das diferenças morfológicas. O biótipo é a resultante da soma dos caracteres herdados e dos caracteres adquiridos por influência do meio e da sua inter-relação. Referem-se ao tipo constitucional que existe em qualquer grupo racial. Os principais tipos são: D.a- longilíneo: indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas MÓDULO 1 RADIOLOGIA 350 pessoas o estômago geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente; D.b- brevilíneo: indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras costumam estar dispostas mais horizontalmente; e D.c- mediolíneo, que apresentam características intermediárias. O tipo constitucional não condiciona somente diferenças dimensionais, mas também da forma e de situação dos órgãos, por exemplo: nos longilíneos, o estômago é forma de anzol, enquanto nos brevilíneos é, na maioria dos casos, mais curto, semelhante a um chifre de novilho e de situação mais alta na cavidade abdominal. A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças, como por exemplo, a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos. Os tipos morfológicos constitucionais podem ser observados na Figura 2 a seguir. Figura 2 - Tipo morfológico constitucional: (A) longilíneo; (B) mediolíneo; (C) brevilíneo Fonte: Lacerda et al. (2009) Anomalia: É toda alteração morfológica que acarreta transtorno funcional. Um exemplo de anomalia é uma deformidade congênita dos dedos, denominada de sindactilia, que se caracteriza pela aderência congênita ou acidental de dois dedos ou mais entre si, o que acarreta numa perturbação funcional da mão. Monstruosidade: São aberrações incompatíveis com a vida. Teratologia é a ciência que estuda as monstruosidades. Por exemplo: agenesia é a deformação resultante do não desenvolvimento do encéfalo, denominada de anencefalia. 9.4.4 Posição de descrição anatômica, Planos de delimitação e Seção do corpo humano, Termos de Posição, Direção e Situação Esta seção abordará os aspectos quanto a: posição de descrição anatômica, planos de delimitação e secção do corpo humano, bem como os termos de posição, direção e situação. RADIOLOGIA MÓDULO 1 351 Posição de Descrição Anatômica: Os anatomistas escolheram a posição Ortostática ou Bípede como padrão para a descrição dos órgãos, a fim de evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas. A ortostática consiste em que o indivíduo esteja de pé na posição de sentido, com as palmas das mãos voltadas para diante, os calcanhares e as pontas dos pés estão unidos entre si, conforme ilustra a Figura 3. Figura 3 - Delimitação por planos tangentes ao corpo Fonte: Elaborado pelo autor com base em Lacerda et al. (2009) Não importa o posicionamento do cadáver sobre a mesa, seja em decúbito dorsal, decúbito ventral ou em decúbito lateral. O que importa é que as descrições dos órgãos sejam feitas considerando o indivíduo na posição Anatômica. Planos de Delimitação: Na posição anatômica, o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes a sua superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Tem-se, deste modo, para as faces deste sólido, os seguintes planos correspondentes: dois planos verticais, um tangente ao ventre – plano ventral ou anterior – e outro ao dorso – plano dorsal ou posterior. Estes e outros a eles paralelos são também designados como planos frontais, por serem paralelos à “fronte”; dois planos verticais tangentes aos lados do corpo – planos laterais direito e esquerdo e, finalmente, dois planos horizontais, um tangente à cabeça – plano cranial ou superior – e outro à planta dos pés – plano podálico – (de podos = pé) ou inferior. O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano horizontal que tangencia o vértice do cóccix, ou seja, o osso, que no homem é o vestígio da cauda de outros animais. Por esta razão, este plano é denominado caudal. MÓDULO 1 RADIOLOGIA 352 Planos de Seção do Corpo Humano: É possível traçar também planos de seção: o plano que divide o corpo humano em metades direita e esquerda é denominado mediano. Toda seção do corpo feita por planos paralelos ao mediano é uma seção sagital (corte sagital), e os planos de seção são também chamados sagitais; os planos de seção, que são paralelos aos planos ventral e dorsal, são ditos frontais e a seção é também denominada frontal ou coronal (corte frontal); os planos de seção, que são paralelos ao plano cranial, podálico e caudal, são horizontais. A seção é denominada transversal ou horizontal, como se pode observar na Figura 4 a seguir. Figura 4 - Planos seção do corpo Fonte: Lacerda et al. (2009) Termos de Posição, Direção e Situação: Os termos de posição indicam proximidade aos planos de inscrição ou ao plano de secção mediano. São termos comparativos e indicam que uma estrutura é, por exemplo, mais cranial que outra. Nenhum órgão ou estrutura é simplesmente cranial ou ventral, pois estes planos são tangentes e, portanto, estão fora do corpo e surgem apenas como referência. Os termos de posição podem ser: medial, lateral, ventral ou anterior, dorsal ou posterior, cranial ou superior, e, ainda, podal ou inferior, conforme descrito a seguir. a) medial: a estrutura que se situa mais próxima ao plano mediano em relação à outra. Ex. dedo mínimo em relação ao polegar; b) lateral: a estrutura que se situa mais próxima ao plano lateral (direito ou esquerdo) em relação à outra; c) ventral ou anterior: estrutura que se situa mais próxima ao plano ventral em relação à RADIOLOGIA MÓDULO 1 353 outra; d) dorsal ou posterior: estrutura que se situa mais próxima ao plano dorsal em relação à outra; e) cranial ou superior: estrutura que se situa mais próxima ao plano cranial em relação à outra (que lhe será inferior ou podal); e, f) podal ou inferior: estrutura que se situa mais próxima ao plano podal em relação à outra. Os termos de direção acompanham os eixos ortogonais: longitudinal ou craniocaudal, anteroposterior ou dorsoventral, laterolateral. Por exemplo, podem-se se citar as falanges, que estão alinhadas em direção craniocaudal, os ossos carpias na direção laterolateral; a traqueia e o esôfago, que estão alinhados na direção anteroposterior. Os termos de situação podem ser: mediano, médio e intermédio, conforme descrito a seguir. a) mediano: situada exatamente ao longo do plano de secção mediano; b) médio e intermédio: são termos que indicam situação de uma estrutura entre outras duas: médio, quando as estruturas estão alinhadas na direção craniocaudal ou ânterodorsal, e intermédio, quando as estruturas estão em alinhamento laterolateral. Outros termos de descrição anatômica podem ser aplicados, conforme descrito a seguir: a) proximal e distal: esses termos são usados para comparar a distância de pelo menos duas estruturas em relação (1) a raiz do membro, (2) ao coração e (3) ao encéfalo e medula espinhal; b) proximal: estrutura que se encontra mais próxima da raiz dos membros (tronco), do coração ou do encéfalo e medula espinhal; c) distal: estrutura que se encontra mais distante da raiz dos membros, do coração ou do encéfalo e medula espinhal;d) palmar ou volar: face anterior da mão. A face posterior das mãos é chamada dorsal; e) plantar: face inferior do pé. A face superior dos pés é chamada dorsal; f) oral e aboral: são termos restritos ao tubo digestivo e indicam estruturas mais próximas ou distantes da boca, respectivamente; e, g) aferente e eferente: indicam direção e são usados em anatomia para vasos e nervos. Aferente significa que impulsos nervosos ou o sangue são conduzidos da periferia para o centro, enquanto que eferente se refere à condução do centro para a periferia. 9.4.5 Princípios Gerais de Construção do Corpo Humano Pequenas diferenças, ainda que mínimas, são sempre notáveis entre os indivíduos. Não há dois indivíduos perfeitamente idênticos. Ao analisar a estrutura do corpo humano, reconhece-se que ela obedece ao plano de organização dos vertebrados, ao plano de construção característico da espécie Homo sapiens e ao plano de constituição individual. Como vertebrado, o ser humano tem o corpo com a construção geral que obedece aos princípios descritos a seguir. MÓDULO 1 RADIOLOGIA 354 Simetria Bilateral (Antimeria): O plano sagital mediano divide o corpo em metades semelhantes (não idênticas), que são denominadas antímeros direito e esquerdo. Do ponto de vista anatômico e fisiológico, tais metades não são perfeitamente idênticas, como o nome indicaria, posto que não há exata correspondência entre as partes e órgãos dos antímeros direito e esquerdo. Metameria: O princípio da metameria é o do plano de construção de superposição longitudinal. Ele reconhece um tipo de estrutura que mostra segmentos semelhantes no corpo, dispostos em série longitudinais, ou seja, superpostos no sentido súpero-inferior. A metameria pode ser bem demonstrada pela disposição das vértebras, a série de nervos espinhais ou mesmo pelas costelas. Paquimeria: O princípio da paquimeria ou da tubulação pode ser definido como o plano básico de construção segundo a qual a porção axial (central) do corpo é formada por tubos longitudinais ou súpero-inferiores. Um tubo é posterior, sendo largo na cabeça e estreito no tronco, e o outro é anterior, estreito na cabeça e largo no tronco. O tubo posterior é o neural e o tubo anterior é o visceral. Eles correspondem ao paquímero posterior e ao paquímero anterior, respectivamente. Estratificação (Estratemeria): Este princípio refere-se a um tipo geral de construção do corpo e de suas partes, desde o nível macroscópico até o subcelular, segundo o qual as estruturas estão dispostas concentricamente em estratos, camadas, telas, túnicas. Segmentação: O princípio da segmentação ou da estrutura segmentar na construção do corpo humano é observado no tipo de subdivisão dos órgãos, de acordo com a distribuição dos seus vasos, nervos e, quando houver ductos, canais ou tubos relacionados com sua função. Em Anatomia e em Cirurgia, segmento é o território de um órgão que possua irrigação e drenagem sanguínea independentes, separado dos demais, ou separável e removível cirurgicamente e que seja identificável morfologicamente. O segmento desempenha a mesma função do órgão ao qual pertence e embora seja reconhecível pela distribuição vascular sanguínea e, quando for o caso, pela distribuição de seus tubos, canais ou ductos, seus vasos linfáticos e nervos também se dispõem como satélites, acompanhando a angio-arquitetura segmentar. RADIOLOGIA MÓDULO 1 355 9.4.6 Cavidades do Corpo O corpo contém duas cavidades principais: a dorsal (posterior) e a ventral (anterior). Cada uma dessas cavidades é limitada por membranas e contém certa quantidade de fluido ao redor dos órgãos que se encontram dentro das mesmas. A cavidade dorsal tem duas subdivisões: a cavidade craniana, que aloja o encéfalo, e a cavidade espinhal (vertebral), que contém a medula espinhal. A cavidade espinhal comunica-se com a cavidade craniana por meio do forame magno, uma larga abertura na face inferior do osso occipital. A cavidade ventral também apresenta duas subdivisões. Estas são separadas pelo músculo diafragma em cavidade torácica, superior, e abdomino-pélvica, inferior, como ilustra a Figura 5 a seguir. Figura 5 - Cavidades dorsal e ventral Fonte: Disponível em http://corpohumano.hpg.com.br Cada uma dessas cavidades ainda é subdividida em: cavidade torácica, que é dividida em cavidade pericárdica, que se encontra ao redor do coração, e cavidades pleurais, direita e esquerda, onde se encontram os pulmões; e cavidade abdomino-pélvica, que é dividida, com propósitos descritivos, em cavidade abdominal, superior, e cavidade pélvica ou pelve verdadeira, inferior, por um plano imaginário, oblíquo, que passa pela margem superior da sínfise púbica, anteriormente, e pelo promontório sacral, posteriormente. A porção inferior da cavidade abdominal é limitada posteriormente pela porção alargada dos ossos do quadril, mas sua parede anterior é formada pela parede abdominal. Essa região expandida é chamada de falsa pelve. http://corpohumano.hpg.com.br/ MÓDULO 1 RADIOLOGIA 356 9.5 Sistema Esquelético O sistema esquelético é formado por um conjunto de estruturas branco- amareladas, vivas, capazes de crescer, se adaptar e se reparar. O esqueleto humano é um endoesqueleto, isto é, está colocado entre os tecidos moles do corpo. O sistema esquelético é composto de ossos e cartilagens. É responsável pela sustentação do corpo, protege os órgãos internos e fornece pontos de apoio para a fixação dos músculos. O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes: axial e perpendicular, conforme ilustra a Figura 6 a seguir (OLIVEIRA; CORREIA; GODOY, 2012). Figura 6 - Divisões axial e perpendicular do esqueleto Fonte: Sobotta (2000) Para Oliveira; Correia; Godoy (2012), o esqueleto axial é formado pela caixa craniana, coluna vertebral e caixa torácica, enquanto que o esqueleto apendicular compreende a cintura escapular, formada pelas escápulas e clavículas; cintura pélvica, formada pelos ossos ilíacos (da bacia) e o esqueleto dos membros (superiores ou anteriores e inferiores ou posteriores). 9.5.1 Funções do Esqueleto Os autores acima citados afirma que o sistema esquelético exerce algumas funções de extrema importância para o corpo humano, como: a) sustentação: o esqueleto forma o arcabouço rijo aos quais os tecidos moles e órgãos do corpo estão fixos. Os ossos do esqueleto suportam uma massa de músculos e órgãos que podem pesar até cinco vezes mais do que o seu próprio peso; b) proteção: o crânio e a coluna vertebral envolvem o encéfalo e a medula espinhal; a caixa torácica protege o coração, os pulmões, os grandes vasos, o fígado e o baço; a cintura pélvica protege as vísceras pélvicas; RADIOLOGIA MÓDULO 1 357 c) inserção de músculos: os ossos servem como ponto de apoio para fixação da maioria dos músculos estriados esqueléticos. Nesta condição, os músculos funcionam como alavancas que, ao se contraírem, provocam o movimento das partes do corpo. d) hematopoese: o processo formador das células sanguíneas é denominado hematopoese e ocorre no tecido chamado medula óssea vermelha, localizado internamente em alguns ossos; e) armazenamento de minerais: a matriz inorgânica dos ossos é composta principalmente de minerais de cálcio e fósforo. Esses minerais que ocupam aproximadamente dois terços do peso do osso dão ao mesmo sua dureza e força. 9.5.2 Conceitos de Ossos e Cartilagem Os ossos são órgãos esbranquiçados, consistentes, que se unindo aos outros, por intermédio das junturas ou articulações, constituem o esqueleto. É uma forma especializada de tecido conjuntivo, cuja principal característica é a mineralização (cálcio) de sua matriz óssea (fibras colágenas e proteoglicanas). O osso é um tecido vivo, complexo e dinâmico. Uma forma sólida de tecido conjuntivo, altamente especializado, que forma a maiorparte do esqueleto e é o principal tecido de apoio do corpo. O tecido ósseo participa de um contínuo processo de remodelamento dinâmico, produzindo osso novo e degradando o osso velho. A cartilagem é uma forma elástica de tecido conectivo semirrígido - forma partes do esqueleto nas quais ocorre movimento. A cartilagem não possui suprimento sanguíneo próprio; consequentemente, suas células obtêm oxigênio e nutrientes por difusão de longo alcance. A Figura 7 a seguir apresenta a posição da cartilagem na articulação do osso. Figura 7 - Posição da cartilagem na articulação do osso Fonte: Sabotta (2000) 9.5.3 Estrutura do Osso Como preconizam Oliveira; Correia; Godoy (2012), o osso é formado por vários tecidos diferentes: tecido ósseo, cartilaginoso, conjuntivo denso, epitelial, adiposo, nervoso e MÓDULO 1 RADIOLOGIA 358 os tecidos formadores de sangue. Quanto à irrigação do osso, há os canais de Havers e os canais de Volkman. Canais de Havers é uma série de tubos em torno de estreitos canais formados por lamelas concêntricas de fibras colágenas. Esta região é denominada osso compacto ou diáfise. Vasos sanguíneos e células nervosas em todo o osso se comunicam por osteócitos, que emitem expansões citoplasmáticas que põem em contato um osteócito com o outro, e em lacunas, que são espaços dentro da matriz óssea densa que contêm células ósseas. Este arranjo original é propício ao depósito de sal mineral, o que dá resistência ao tecido ósseo. Deve-se ainda ressaltar que estes canais percorrem o osso no sentido longitudinal, levando dentro de sua luz vasos sanguíneos e nervos que são responsáveis pela nutrição do tecido ósseo. Ele faz que os vasos sanguíneos passem pelo tecido ósseo (OLIVEIRA; CORREIA; GODOY, 2012). Os canais de Volkmann são aqueles microscópicos encontrados no osso compacto. São perpendiculares aos canais de Havers, e são um dos componentes do sistema de Haversian. Os canais de Volkmann também podem transportar pequenas artérias em todo o osso. Estes canais não apresentam lamelas concêntricas. No interior da matriz óssea existem espaços chamados lacunas que contêm células ósseas chamadas osteócitos. Cada um destes possui prolongamentos chamados canalículos, que se estendem a partir das lacunas e se unem aos canalículos das lacunas vizinhas, formando assim, uma rede de canalículos e lacunas em toda a massa de tecido mineralizado, de acordo com o que afirmam Oliveira; Correia; Godoy (2012). Constituição Química: Quando se submete um osso ao processo de maceração, retira-se apenas a sua parte mole, ficando os seus constituintes minerais e orgânicos. Do ponto de vista químico, os ossos são constituídos por uma parte orgânica, que representa mais ou menos 30% do osso e uma parte inorgânica, que representa o restante 70%. A parte orgânica ou substância orgânica do osso recebe o nome de osteína e está constituída em 95% por tecido colágeno e em 5% por uma mucoproteina. Ela pode ser isolada ao se submeter o osso a ação e um ácido forte. A parte inorgânica ou substância inorgânica do osso está constituída por vários sais minerais e pode ser isolada pela calcinação do osso. Estrutura dos Ossos Longos: A disposição dos tecidos ósseos compactos e esponjoso em um osso longo é responsável por sua resistência. Os ossos longos contêm locais de crescimento e remodelação, e estruturas associadas às articulações. As partes de um osso longo são ilustradas na Figura 8 a seguir. RADIOLOGIA MÓDULO 1 359 Figura 8 - Esquema das estruturas de um osso longo Fonte: Thais Arraes (2015) Analisando a Figura 8 acima ilustrada, observam-se que ela se compõe das seguintes partes: a) Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituído principalmente de tecido ósseo compacto, proporcionando, considerável resistência ao osso longo; b) epífise: diz respeito às extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um osso o articula, ou une, a um segundo osso, em uma articulação. Cada epífise consiste de uma fina camada de osso compacto que reveste o osso esponjoso e esta recoberta por cartilagem; e, c) metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise. Estrutura Interna dos Ossos: Internamente, o osso apresenta-se sob dois aspectos diferentes: substância compacta e esponjosa, como se pode observar na Figura 9 abaixo ilustrada. Figura 9 - Estrutura interna do osso Fonte: Thais Arraes (2015) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 360 A substância óssea compacta é formada por laminas ósseas (trabéculas) imediatamente aplicadas uma sobre as outras sem cavidade intermediaria, enquanto que a substância óssea esponjosa é formada por lâminas de diferentes orientações, que entram em contato apenas em certos pontos, motivo pelo qual deixam entre si um sistema de cavidades, nas quais se acumula a medula óssea. Neste estado de organização, a substância óssea aparece internamente oca, semelhante a uma esponja. Estas variedades de aspectos que apresenta a substância esponjosa resultam simplesmente de uma disposição arquitetônica diversa da substância compacta. O osso compacto do corpo, ou diáfise, que envolve a cavidade medular, é a substância cortical. A arquitetura do osso esponjoso e compacto varia de acordo com a função. O osso compacto fornece força para sustentar o peso. O seu tecido contém poucos espaços em seus componentes rígidos. Dá proteção e suporte e resiste às forças produzidas pelo peso e movimento (OLIVEIRA; CORREIA; GODOY, 2000). Nos ossos longos planejados para rigidez e inserção de músculos e ligamentos, a quantidade de osso compacto é máxima, próxima do meio do corpo onde ele está sujeito a curvar-se. Os ossos possuem alguma elasticidade (flexibilidade) e grande rigidez. A medula óssea é um tecido mole, de consistência polposa, que se encontra em todas as cavidades da substância óssea, quer seja a cavidade do canal medular ou as aureolas de substâncias esponjosas dos diferentes tipos de ossos. Sua função é contribuir, juntamente com outros órgãos determinados, para a formação de elementos figurados do sangue, tomando parte importante na hematopoese, como preconizam Oliveira; Correia; Godoy (2012). O Periósteo é uma membrana de tecido conjuntivo denso, muito fibroso, que reveste a superfície externa da diáfise, fixando-se firmemente a toda a superfície externa do osso, exceto à cartilagem articular. Protege o osso e serve como ponto de fixação para os músculos e contém os vasos sanguíneos que nutrem o osso subjacente. O endósteo se encontra no interior da cavidade medular do osso, e é revestido por tecido conjuntivo. Em relação ao tecido ósseo, este pode ser: a) compacto, por conter poucos espaços em seus componentes rígidos. Dar proteção, suporte e resiste às forças produzidas pelo peso e movimento. O tecido compacto pode ser encontrado geralmente nas diáfises; e b) esponjoso, por constituir a maior parte do tecido ósseo dos ossos curtos, chatos e irregulares. A maior parte é encontrada nas epífises. Estrutura Externa dos Ossos: As estruturas externas dos ossos são divididas quanto a sua forma de encaixe, sendo saliência óssea ou depressão óssea. A saliência óssea pode ser articular (composta de cabeça, côndilo e faceta, como ilustra a Figura 10 a seguir), e não articular (composta por processos, tubérculos, trocânter, espinha, eminência, lâminas e cristais, como ilustra a Figura 11). RADIOLOGIA MÓDULO 1 361 Figura 10 - Cabeça do fêmur Fonte: Sabotta (2000) Figura 11 - Processos transverso e espinhoso (vértebras) Fonte: Sabotta (2000) A depressão óssea também pode ser articular (composta por cavidade, acetábulo e fóvea, como se pode observar na Figura 12), e não articular (composta por fossas, sulcos, forames, meatos, seios, fissuras e canais, como ilustra a Figura 13 a seguir). Figura 12- Cavidade glenoide (escápula) Fonte:Sabotta (2000) Figura 13- Fossa do olecrano (úmero) Fonte: Sabotta (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 362 9.5.4 Número de Ossos do Corpo Humano Os anatomistas preferem ser explícitos sobre o total dos ossos. Geralmente, o considerado é 206 ossos distribuídos, conforme ilustra a Tabela 1 a seguir. Tabela 1 - Distribuição dos ossos no corpo Fonte: Elaborada pela autora (2014) 9.5.5 Classificação dos Ossos De acordo com Netter (2000), os ossos são classificados de acordo com a sua forma. Eles podem ser: longos, curtos, laminares (planos), alongados, pneumáticos, irregulares, sesamoides e suturais. Ossos Longos: Os ossos longos têm o comprimento maior que a largura e são constituídos por um corpo e duas extremidades. Eles são um pouco encurvados, o que lhes garante maior resistência. O osso um pouco encurvado absorve o estresse mecânico do peso do corpo em vários pontos, de tal forma que há melhor distribuição do mesmo. Os ossos longos têm suas diáfises formadas por tecido ósseo compacto e apresentam grande quantidade de tecido ósseo esponjoso em suas epífises (NETTER, 2000), conforme ilustra a Figura 14 a seguir. Exemplo: fêmur, úmero, radio e falange. Figura 14 - Osso do fêmur Fonte: Netter (2000) Ossos Curtos: São aqueles parecidos com um cubo, tendo seus comprimentos praticamente iguais as suas larguras. Eles são compostos por osso esponjoso, exceto na superfície, onde há fina camada de tecido ósseo compacto, como ilustra a Figura 15. Exemplo: ossos do carpo. Partes do esqueleto humano Número de ossos Cabeça 28 Tórax 25 Coluna vertebral 26 Osso Hioide 01 Membros superiores 64 Membros inferiores 62 RADIOLOGIA MÓDULO 1 363 Figura 15 - Osso da mão (carpo) Fonte: Netter (2000) Ossos Laminares (planos): Os ossos laminares são aqueles finos e compostos por duas lâminas paralelas de tecido ósseo compacto, com camada de osso esponjoso entre elas. Os ossos planos garantem considerável proteção e geram grandes áreas para inserção de músculos, como se pode observar na Figura 16. Exemplos: Frontal e Parietal. Figura 16 - Osso frontal e parietal Fonte: Netter (2000) Além desses três grupos básicos bem definidos, há outros intermediários, que podem ser distribuído em 5 grupos, conforme descrito a seguir. Ossos Alongados: São ossos longos, porém achatados, que não apresentam canal central, como ilustra a Figura 17. Exemplo: costelas. Figura 17 - Ossos da costela Fonte: Netter (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 364 Ossos Pneumáticos: São ossos ocos, com cavidades cheias de ar e revestidas por mucosa (seios), apresentando pequeno peso em relação ao seu volume, conforme ilustra a Figura 18. Exemplo: esfenoide. Figura 18 - Esfenoide Fonte: Netter (2000) Ossos Irregulares: Os ossos irregulares apresentam formas complexas e não podem ser agrupados em nenhuma das categorias prévias. Eles têm quantidades variáveis de osso esponjoso e de osso compacto, como se pode observar na Figura 19. Exemplo: vértebras. Figura 19 - Vértebras Fonte: Sobotta (2000) Ossos Sesamoides: Estes ossos estão presentes no interior de alguns tendões em que há considerável fricção, tensão e estresse físico, como as palmas e plantas. Eles podem variar de tamanho e número, de pessoa para pessoa. Não são sempre completamente ossificados, normalmente medem apenas alguns milímetros de diâmetro, como ilustra a Figura 20. Figura 20 - Osso sesamoide Fonte: Sobotta (2000) RADIOLOGIA MÓDULO 1 365 Ossos Suturais: São pequenos ossos localizados dentro de articulações, chamadas de suturas, entre alguns ossos do crânio. Seu número varia muito de pessoa para pessoa. A Figura 21 a seguir ilustra um exemplo de osso sutural. Figura 21 - Vista posterior do crânio Fonte: Sobotta (2000) A forma de cada osso difere de indivíduo para indivíduo e é determinado pela hereditariedade. A resistência que um osso oferece aos pesos e tensões a que é submetido, ou seja, as forças de pressão ou de compressão, depende da trajetória das trabéculas do osso esponjoso, que determina a linha de tensão máxima do osso. Esta lei da trajetória da estrutura óssea, ou lei de Wolf, estabelece que a mudança na função do osso provoca uma alteração na arquitetura trabelular do mesmo até mesmo na sua formação. O número de osso pode variar devido a fatores etários. No feto, no recém-nascido e na criança o número é maior devido à incompleta ossificação e em consequência da presença de maior número de peças ósseas separadas por tecidos fibrosos ou cartilaginosos. No indivíduo velho, o número de ossos tende a diminuir em virtude de soldadura de alguns ossos ao nível das articulações, em particular os da cabeça, processo este que é denominado Sinostose. Verifica-se que do ponto de vista etário há uma diminuição do número de osso do nascimento à senilidade. 9.5.6 Divisão do Esqueleto O esqueleto se divide em: cabeça, tórax, membros superiores e membros inferiores. Estas divisões serão descritas e ilustradas a seguir. 9.5.6.1 Cabeça A cabeça está situada em cima da coluna vertebral e sustentada pelo atlas. É constituída por 26 (vinte seis) ossos sendo sua função principal a de alojar e proteger o encéfalo, como órgão responsável pelos sentidos da visão, da audição, do gosto e da olfação. MÓDULO 1 RADIOLOGIA 366 Por suas aberturas penetram raios luminosos para os olhos, ondas sonoras para os ouvidos, ar para o sistema respiratório e alimento para o sistema digestivo. O crânio é o esqueleto da cabeça. Vários ossos formam suas duas partes: o neurocrânio e o esqueleto da face. O neurocrânio fornece o invólucro para o cérebro e as meninges encefálicas, partes proximais dos nervos cranianos e vasos sanguíneos. O crânio possui um teto semelhante a uma abóbada – a calvária – e um assoalho ou base do crânio que é composta do etmoide e partes do occipital e do temporal. O esqueleto da face consiste em ossos que circundam a boca e o nariz e contribuem para as órbitas. Neurocrânio: O neurocrânio é constituído de oito ossos: 01 frontal, 01 occipital, 01 esfenoide, 01 etmoide, 01 temporal e 02 parietais. As Figuras 22 a 26 a seguir ilustram o crânio e suas partes. Figura 22 - Vista anterior do crânio Fonte: Netter (2000) RADIOLOGIA MÓDULO 1 367 Figura 23 - Ossos da órbita Fonte: Netter (2000) Figura 24 - Vista lateral do crânio I Fonte: Netter (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 368 Figura 25 - Vista lateral do crânio II Fonte: Netter (2000) Figura 26 - Vista medial do crânio Fonte: Netter (2000) RADIOLOGIA MÓDULO 1 369 Cúpula do Crânio: A parte superior do crânio é chamada de cúpula do crânio ou calvária. É atravessada por quatro suturas (articulações que permitem mínima mobilidade aos ossos do crânio): a) sutura coronal ou bregmática: entre os ossos frontal e parietal; b) sutura sagital: entre os dois parietais (linha sagital mediana); c) sutura lambdoide: entre os parietais e o occipital; e d) sutura escamosa: entre o parietal e o temporal. O crânio possui alguns pontos antropométricos, tais como: a) bregma - ponto de união das suturas sagital e coronal; b) lambda - ponto de união das suturas sagital e lambdoide; c) vértex - parte mais alta do crânio; d) gônio - ângulo da mandíbula; e e) ptério - ponto de união dos ossos parietal, frontal, esfenoide e temporal. A Figura 27 a seguir ilustra uma vista superior do crânio, em sua face externa. Figura 27 - Vista superior do crânio – face externa Fonte: Netter (2000) A fossa craniana é dividida em três partes, de acordo com Netter (2000). Elas apresentam-se aqui ilustras pela Figura 28 e descritas a seguir: a) fossa anterior: tem os seus limites na lâmina interna do frontal à bordaposterior da asa menor do esfenoide e é composta por três ossos: frontal, esfenoide e etmoide. É constituído de três forames: forame cego - passagem de uma pequena veia da cavidade nasal para o seio sagital superior; lâmina crivosa - passagem do I par craniano (nervo olfatório); e canal óptico - passagem do II par craniano (nervo óptico) e artéria oftálmica; b) fossa média: tem os seus limites da borda posterior da asa menor do esfenoide à borda superior da porção petrosa dos temporais. É composto por dois ossos: MÓDULO 1 RADIOLOGIA 370 esfenoide e temporal. Seus forames são: fissura orbitária superior - passagem do III par craniano (nervo oculomotor), IV par craniano (nervo troclear), V par craniano (nervo trigêmeo - ramo oftálmico), VI par craniano (nervo abducente) e a veia oftálmica; forame redondo - passagem do V par craniano (nervo trigêmeo - ramo maxilar); forame oval - passagem do V par craniano (nervo trigêmeo - ramo mandibular); e forame espinhoso - passagem da artéria meníngea média; lácero ou rasgado anterior - não passa nada, é coberto por tecido fibroso; canal carotídeo - passagem da artéria carotídea; c) fossa posterior: tem os limites da borda superior da porção do rochedo do temporal à lâmina interna do osso occipital. É composto por dois ossos: temporal e occipital. Os forames são: meato acústico interno - passagem do VII par craniano (nervo facial), VIII par craniano (nervo vestíbulo coclear); forame jugular - passagem do IX par craniano (nervo glossofaríngeo), X par craniano (nervo vago) e XI par craniano (nervo acessório) e veia jugular interna; canal do hipoglosso - passagem do XII par craniano (nervo do hipoglosso); canal condilar – inconstante; forame magno - passagem do bulbo, meninges, líquor, artérias vertebrais, raízes espinhais e nervo acessório. Figura 28 - Fossas cranianas: anterior, médio e posterior Fonte: Netter (2000) Nas Figuras 29 a 31 a seguir, podem ser observadas a estrutura interna das fossas cranianas, seus ossos e a vista inferior do crânio. RADIOLOGIA MÓDULO 1 371 Figura 29 - Estrutura interna da fossa craniana – foremes Fonte: Netter (2000) Figura 30 - Ossos das fossas cranianas Fonte: Netter (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 372 Figura 31 - Vista inferior do crânio Fonte: Netter (2000) A cúpula do crânio, de acordo com Netter (2000) e Sobotta (2000), é composta das seguintes partes: frontal, parietal, temporal, occipital, esfenoide e estimoide. Todas serão descritas a seguir. Frontal: O osso frontal é um osso largo ou chato, situado para frente e para cima e apresenta duas porções: uma vertical, a escama, e uma horizontal, os tetos das cavidades orbitais e nasais. Em sua face externa encontra-se a parte convexa, onde se encontram as seguintes estruturas: a) borda supraorbital; b) túber frontal - 3 centímetros acima da borda supraorbital; c) arcos superciliares - saliências que se estendem lateralmente à glabela; d) glabela - entre os dois arcos superciliares (ponto antropométrico); e) sutura metópica - encontrada em alguns raros casos e localiza-se logo acima da glabela e se estende até o bregma pela linha sagital mediana; f) esta sutura, na infância, divide o osso em dois, podendo permanecer por toda a vida; g) incisura ou forame supraorbital - passagem de vasos e nervos supraorbitais; h) incisura nasal - intervalo áspero e irregular; i) espinha nasal - localiza-se anteriormente e no centro da incisura nasal. RADIOLOGIA MÓDULO 1 373 Em face interna, encontram-se a crista frontal e o forame cego, que se localiza na terminação da crista frontal e é nele que a dura máter se insere. Os tetos das cavidades orbitais e nasais formam o teto da órbita, a incisura etmoidal (separa as duas lâminas orbitais) e os óstios do seio frontal (anteriores a incisura etmoidal). Este seio torna o frontal um osso com características de osso pneumático, oco. O frontal articula-se com doze ossos: esfenoide, etmoide, parietais (2), nasais (2), maxilares (2), lacrimais (2) e zigomáticos (2). As Figuras 32 e 33 a seguir ilustram o frontal em suas partes anterior e inferior, de acordo com Sobotta (2000). Figura 32 - Frontal – vista anterior Fonte: Sobotta (2000) Figura 33 - Frontal – vista inferior Fonte: Sobotta (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 374 Parietal: O parietal, conforme ilustram as Figuras 34 e 35, forma o teto do crânio. É um osso par, chato e apresenta 2 faces, 4 bordas e 4 ângulos. Figura 34 - Parietal – vista externa Fonte: Sobotta (2000) Figura 35 - Parietal – vista interna Fonte: Sobotta (2000) As suas faces são compostas por: face externa, que é convexa, lisa e lateral; e face interna, que é côncava e medial apresentando sulcos anteriores que correspondem aos ramos da artéria meningeal média. As suas bordas compreendem: borda superior (sagital, RADIOLOGIA MÓDULO 1 375 parietal); borda anterior (frontal, coronal); borda posterior (occipital, lambdoidea); e borda inferior (escamosa, temporal). Os seus ângulos são: frontal, esfenoidal, mastoideo e occipital. Temporal: Conforme afirma Sabotta (2000), o temporal é um osso par, muito complexo. É importante porque no seu interior encontra-se o aparelho auditivo. Divide-se em 3 partes: escamosa, timpânica e petrosa. As Figuras 36 e 37 a seguir ilustram as divisões do osso temporal e sua visão lateral. Figura 36 - Divisões do osso temporal Fonte: Sobotta (2000) Figura 37 - Visão lateral do osso temporal Fonte: Sobotta (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 376 A sua parte escamosa se compõe de: processo zigomático (longo arco que se projeta da parte inferior da escama) e fossa mandibular, que se articula com o côndilo da mandíbula. A parte timpânica diz respeito ao meato acústico externo. A parte petrosa (pirâmide) é composta por: processo estiloide (espinha aguda localizada na face inferior do osso temporal); processo mastoide (projeção crônica que pode variar de tamanho e forma); meato acústico interno (dá passagem ao nervo facial, acústico e intermediário e ao ramo auditivo interno da artéria basilar); forame estilomastoide (localiza-se entre o processo mastoide e estiloide); canal carótico (dá passagem à artéria carótida interna e ao plexo nervoso carótido); e fossa jugular (aloja o bulbo da veia jugular interna). O osso temporal articula-se com 5 ossos: occipital, parietal, zigomático, esfenoide e mandíbula Occipital: O osso occipital, ilustrado pelas Figuras 38 e 39, é perfurado por uma abertura grande e oval, o forame magno, por meio do qual a cavidade craniana comunica-se com o canal vertebral. Apresenta duas porções: escamosa (lâmina curvada que se estende posteriormente ao forame occipital) e basilar (anterior ao forame occipital e espessa) (SOBOTTA, 2000). Figura 38 - Osso occipital – vista externa Fonte: Sobotta (2000) RADIOLOGIA MÓDULO 1 377 Figura 38 - Osso occipital – vista interna Fonte: Sobotta (2000) A porção escamosa é composta pela face externa e interna. A sua face externa, posterior e convexa, apresenta as seguintes estruturas: protuberância occipital externa (localiza-se entre o ápice do osso e o forame magno); crista occipital externa; linha occipital (nucal) suprema (local de inserção da gálea aponeurótica. Localiza-se lateralmente a protuberância occipital externa); linha occipital (nucal) superior (localiza-se abaixo da linha nucal suprema); e linha occipital (nucal) inferior (logo abaixo da linha nucal superior). A sua face interna localiza-se na parte anterior e apresenta as seguintes estruturas: eminência cruciforme (divide a face interna em quatro fossas); protuberância occipital interna (ponto de intersecção das quatro divisões); sulco sagital (aloja a porção posterior do seio sagital superior); crista occipitalinterna (porção inferior da eminência cruciforme); sulco do seio transverso (lateralmente à protuberância occipital interna); fossas occipitais superiores (cerebrais); e fossas occipitais inferiores (cerebelares). A porção basilar é composta pelo forame magno: grande abertura oval que dá passagem à medula oblonga (tronco encefálico - bulbo) e suas membranas (meninges), líquor, nervos, artérias, veias e ligamentos. A sua parte lateral compõe-se de: côndilos occipitais (tem forma oval e articulam com a 1ª vértebra cervical (Atlas)); canal do hipoglosso (pequena escavação na base do côndilo occipital que dá saída ao nervo do hipoglosso (12º par craniano) e entrada a um ramo meníngeo da artéria faríngea ascendente); canal condilar (ao lado do forame magno (dá passagem a veias)); e processo jugular (localizado lateralmente ao côndilo occipital). O occipital articula-se com seis ossos: parietais (2), temporais (2), esfenoide e atlas. MÓDULO 1 RADIOLOGIA 378 Esfenoide: Esfenoide é um osso irregular, ímpar e situa-se na base do crânio anteriormente aos temporais e à porção basilar do osso occipital. As Figuras 40 e 41 ilustram as suas vistas: anterior e posterior, de acordo com Sobotta (2000). Figura 40 - Esfenoide – vista anterior Fonte: Thais Arraes (2015), baseado em Sobotta (2000) Figura 41 - Esfenoide – vista posterior Fonte: Thais Arraes (2015), baseado em Sobotta (2000) RADIOLOGIA MÓDULO 1 379 O osso esfenoide é dividido em: corpo (1), asas menores (2), asas maiores (2), entre as asas menores e maiores, e processos pterigoideos (2). O corpo é composto pelas faces: superior (fossa hipofisária, processos clinoides médios e posteriores, espinha etmoidal, que se articula com a lâmina crivosa do osso etmoide, sela túrsica, que aloja a hipófise, e clivo, que é o apoio da porção superior da ponte); anterior (crista esfenoidal, que forma parte do septo do nariz, seio esfenoidal, que são cavidades preenchidas com ar (osso pneumático) e servem para deixar o crânio mais leve. Raramente são simétricas); inferior (rostro esfenoidal - espinha triangular na linha mediana processo vaginal - de cada lado do rostro esfenoidal); e lateral (sulco carótido, em forma de "S", e língula, que é uma crista óssea no ângulo entre o corpo e a asa maior). Em relação às asas menores, estas são compostas pelo canal óptico (passagem do nervo óptico (2º par craniano) e artéria oftálmica) e pelo processo clinoide anterior. As asas maiores compõem-se de: forame redondo (passagem do nervo maxilar (5º par craniano - nervo trigêmeo)); forame oval (passagem do nervo mandibular (5º par craniano - nervo trigêmeo) e artéria meníngea acessória); forame espinhoso (passagem de vasos meníngeos médios e a um ramo do nervo mandibular); espinha esfenoidal; face temporal e face orbital. Entre as asas menores e maiores encontra-se a fissura orbitária superior ou fenda esfenoidal - passagem do nervo oculomotor (3º par craniano), nervo troclear (4º par craniano), romo oftálmico do nervo trigêmeo (5º par craniano) e nervo abducente (6º par craniano). Em relação aos processos pterigoideos, são compostos de lâmina pterigódea medial; lâmina pterigoidea lateral; fossa pterigoidea; e incisura pterigoidea - entre as duas laminas. Etimoide: É um osso leve, esponjoso, irregular, ímpar e situa-se na parte anterior do crânio. Apresenta 4 partes: 1 lâmina horizontal (crivosa), 1 lâmina perpendicular e 2 massas laterais (labirintos). As Figuras 42 a 44 ilustram suas vistas superior e lateral e as suas relações com o osso da face (SOBOTTA, 2000). MÓDULO 1 RADIOLOGIA 380 Figura 42 - Vista superior do etimoide Fonte: Sobotta (2000) Figura 43 - Vista lateral do etimoide Fonte: Sobotta (2000) RADIOLOGIA MÓDULO 1 381 Figura 44 - Relação com o osso da face Fonte: Sobotta (2000) A lâmina horizontal (crivosa) é composta por crista galli (processo triangular na linha mediana); forames olfatórios (localiza-se ao lado da crista galli e dá passagem aos nervos olfatórios). A lâmina perpendicular é achatada e forma a parede mediana do septo nasal. As massas laterais (labirinto) são compostas pelo processo uncinado; pela concha nasal superior; e pela concha nasal média. O osso etmoide articula-se com treze ossos: frontal (1), esfenoide (1), nasais (2), lacrimais (2), maxilares (2), palatinos (2), conchas nasais inferiores (2) e o vômer (1). Esqueleto da Face: As partes estudadas no esqueleto da face são: mandíbula, vômer, nasal, zigomático, maxila, palatino, lacrimal e concha nasal inferior, as quais serão descritas a seguir. Mandíbula: É um osso ímpar que contém a arcada dentária inferior. Consiste de uma porção horizontal, o corpo, e duas porções perpendiculares, os ramos, que se unem ao corpo em um ângulo quase reto. A mandíbula articula-se com dois ossos temporais. As Figuras 45 a 49 ilustram as partes da mandíbula, de acordo com Sobotta (2000). MÓDULO 1 RADIOLOGIA 382 Figura 45 - Parte anterior da mandíbula Fonte: Sobotta (2000) Figura 46 - Lateral da mandíbula Fonte: Sobotta (2000) RADIOLOGIA MÓDULO 1 383 Figura 47 - Vista medial da mandíbula Fonte: Sobotta (2000) Figura 48 - Vista anteromedial da mandíbula Fonte: Sobotta (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 384 Figura 49 - Parte posterior da mandíbula Fonte: Sobotta (2000) Em sua face externa, o corpo é composto por: protuberância mentoniana – eminência triangular; sínfise mentoniana (ponto antropométrico) – crista suave na linha mediana; forame mentoniano – depressão de cada lado da sínfise, com passagem de vasos e nervo mentoniano; e linha oblíqua externa. Em relação à face interna do corpo, compõe-se de: espinha mentoniana – par de espinhas próximo da sínfise; fossa digástrica – pouco abaixo das espinhas mentais; fossa sublingual – acima da linha milo-hioidea; fossa submandibular – abaixo da linha milo- hioidea; e linha milo-hioidea (oblíqua interna) – ao lado da sínfise e dirige-se para trás. As bordas do corpo podem ser superior ou alveolar, que recebem os 16 dentes da arcada dentária inferior; e inferior. Os ramos do corpo apresentam duas faces quatro bordas e dois processos. A face lateral apresenta cristas oblíquas para inserção do músculo masseter. A face medial apresenta as seguintes estruturas: forame mandibular- passagem de vasos e nervo alveolares inferiores; sulco milo-hioideo; e língula da mandíbula- crista proeminente acima do sulco milo-hioideo. As quatro bordas dos ramos são: inferior (encontra-se o ângulo da mandíbula); posterior (é recoberta pela glândula parótida); anterior (continua-se com a linha oblíqua); e superior (possui dois processos muito importantes: processo coronoide e processo condilar (articula-se com o disco articular da articulação temporomandibular - ATM). Entre estes dois processos encontra-se a incisura da mandíbula). Vômer: É um osso ímpar. Forma as porções posteriores e inferiores do septo nasal. O osso RADIOLOGIA MÓDULO 1 385 vômer articula-se com 6 ossos: esfenoide, etmoide, maxilares (2) e palatinos (2) (SOBOTTA, 2000). A Figura 50 ilustra a vista lateral do vômer. Figura 50 - Vista lateral do vômer Fonte: Sobotta (2000) Nasal: De acordo com Sobotta (2000), o osso nasal, como ilustra a Figura 51, forma, com o nasal do lado oposto, o dorso do nariz. Articula-se com 4 ossos: frontal, etmoide, maxila e nasal do lado oposto. Figura 51 - Osso nasal Fonte: Netter (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 386 Zigomático: Forma parte da parede lateral e soalho da órbita. É um osso par e irregular. Apresenta as seguintes estruturas: faces malar (convexa; possui um forame (forame zigomaticofacial) que serve para passagem de nervo e vasos zigomaticofaciais);orbital (forma parte do soalho e parede lateral da órbita); temporal (côncava); processo frontal (articula-se com o frontal); temporal (articula-se com o temporal) e maxilar (articula-se com a maxila); e quatro bordas. O arco zigomático é composto por processo temporal do osso zigomático e processo zigomático do osso temporal. Maxila: De acordo com estudos de Sobotta (2000), a maxila é um osso plano e irregular. Forma quatro cavidades: o teto da cavidade bucal, o soalho e a parede lateral do nariz, o soalho da órbita e o seio maxilar. Cada osso apresenta um corpo e quatro processos, os quais serão descritos a seguir. O corpo é composto por: forame infraorbitário (passagem para os vasos e nervo infraorbitários); face orbital (forma a maior parte do soalho da órbita); e seio maxilar (grande cavidade piramidal dentro do corpo da maxila). Em relação aos processos, estes são compostos das seguintes partes: frontal (forte lâmina que parte do limite lateral do nariz); zigomático (eminência triangular e áspera localizada no ângulo de separação das faces anterior, infratemporal e orbital); alveolar (cavidades profundas para recepção dos dentes); e palatino (horizontal e projeta-se medialmente da face nasal do osso). A maxila articula-se com nove ossos: frontal, etmoide, nasal, zigomático, concha nasal inferior, lacrimal, palatino, vômer e maxila do lado oposto. As Figuras 52 a 54 ilustram as a maxila em suas vistas. RADIOLOGIA MÓDULO 1 387 Figura 52 - Maxila (palato duro) e palatino (palato mole) – vista inferior Fonte: Sobotta (2000) Figura 53 - Maxila (amarelo claro) - vista medial Fonte: Sobotta (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 388 Figura 54 - Vista lateral da maxila Fonte: Sobotta (2000) Palatino: O palatino forma a parte posterior do palato duro, parte do soalho e parede lateral da cavidade nasal e o soalho da órbita. É formado por uma parte vertical e uma horizontal e apresenta 3 processos: piramidal, orbital e esfenoidal (SOBOTTA, 2000). Em sua parte vertical, apresenta duas faces, sendo uma nasal, que se articula com a concha nasal inferior e média, outra maxilar, que se articula com a maxila; e quatro bordas, sendo: anterior (fina e irregular), posterior (que se articula com o osso esfenoide), superior (que se articula com o corpo do osso esfenoide) e borda inferior. Em relação à parte horizontal, apresenta duas faces, sendo uma nasal, que forma o soalho da cavidade nasal, e outra inferior (palatina), que forma parte do palato duro; e três bordas: anterior (que se articula com a maxila), posterior (serve como inserção do palato mole e úvula) e medial (articula-se com o osso palatino do lado oposto). Quanto aos processos, estes se apresentam como: piramidal (articula-se com a maxila), orbital (articula-se com a maxila, esfenoide, etmoide. Forma parte do soalho da órbita) e processo esfenoidal (articula-se com o osso esfenoide). RADIOLOGIA MÓDULO 1 389 O osso palatino articula-se com 6 ossos: esfenoide, etmoide, vômer, maxila, concha nasal inferior e com o osso palatino do lado oposto. A Figura 55 a seguir apresenta o palatino associado aos ossos da face. Figura 55 - Palatino (cinza) associado aos ossos da face Fonte: Sobotta (2000) Lacrimal: Localiza-se na parte medial da órbita. É o menor e mais frágil osso da face. O osso lacrimal articula-se com 4 ossos: frontal, etmoide, maxila e concha nasal inferior. Concha nasal inferior: Localiza-se ao longo da parede lateral da cavidade nasal, como ilustra a Figura 56 abaixo. Apresenta duas faces, sendo uma medial (convexa) e outra lateral (côncava), e duas bordas, sendo uma superior (apresenta três processos: lacrimal, etmoidal e maxilar) e outra inferior (livre e espessa). A concha nasal inferior articula-se com 4 ossos: etmoide, maxila, lacrimal e palatino. MÓDULO 1 RADIOLOGIA 390 Figura 55 - Concha nasal inferior Fonte: Sobotta (2000) 9.5.6.2 Tórax É uma caixa osteocartilagínea que contém os principais órgãos da respiração e circulação e cobre parte dos órgãos abdominais. A face dorsal é formada pelas doze vértebras torácicas, e a parte dorsal das doze costelas. A face ventral é constituída pelo esterno e cartilagens costais. As faces laterais são compostas pelas costelas e separadas umas das outras pelos onze espaços intercostais, ocupados pelos músculos e membranas intercostais (SOBOTTA, 2000). A Figura 56 a seguir ilustra a vista anterior e posterior do tórax. RADIOLOGIA MÓDULO 1 391 Figura 56 - Tórax - vista anterior e posterior Fonte: Sobotta (2002) Esterno: Ilustrado pela Figura 58 abaixo, o esterno é um osso chato, plano e ímpar. É um importante osso hematopoético. Apresenta 3 partes: manúbrio, corpo e processo xifoide. Figura 58 - Esterno - vista anterior e lateral Fonte: Sobotta (2000) MÓDULO 1 RADIOLOGIA 392 O manúbrio se divide em: face anterior (externa ou peitoral e lisa); face posterior (interna ou pleural e côncava e lisa); borda superior (incisura jugular e incisuras claviculares direita e esquerda); borda lateral (apresenta uma incisura costal para a 1ª cartilagem costal e 1/2 para a segunda); borda inferior (que se articula com o corpo e possui ângulo esternal - entre o manúbrio e o corpo); corpo, com suas faces e bordas: face externa (anterior ou peitoral (plana)); face interna (posterior ou pleural (côncava)); borda superior (articula-se com o manúbrio); borda inferior (articula-se como processo xifoide); e borda lateral (1/2 incisura costal para a 2ª cartilagem costal e incisuras costais para 3ª a 7ª cartilagem costal); por fim, em processo xifoide (fino e alongado. É a menor das três porções) e forame do processo xifoide. O esterno articula-se com as clavículas e as cartilagens das sete primeiras costelas. Costela: As costelas são em número de 12 pares. São ossos alongados, em forma de semiarcos, ligando as vértebras torácicas ao esterno. As costelas são classificadas em: 7 pares verdadeiras: articulam se diretamente ao esterno; 3 pares falsas propriamente ditas: articulam-se indiretamente (cartilagens); 2 pares falsas flutuantes: são livres (NETTER, 2000). A primeira costela apresenta a sua face superior, contendo: sulco ventral (passagem da veia subclávia); tubérculo escaleno (inserção do músculo escaleno anterior); sulco dorsal (passagem da artéria subclávia) e tubérculo do músculo escaleno médio. Da segunda à décima segunda costela, apresenta em sua extremidade posterior: cabeça da costela (parte da costela que se articula com a coluna vertebral (vértebras torácicas)); fóvea da cabeça da costela; colo de costela (porção achatada que se estende lateralmente à cabeça); tubérculo da costela (eminência na face posterior da junção do colo com o corpo); fóvea do tubérculo da costela; e ângulo costal. Em relação ao corpo (diáfise), compõe-se de: faces externas e internas, e bordas superior e inferior. O sulco costal é composto por 2 veias, 1 artéria, e 1 nervo intercostal. A Figura 59 a seguir apresenta uma ilustração da primeira costela. RADIOLOGIA MÓDULO 1 393 Figura 59 - Primeira costela e costela típica - vista superior Fonte: Netter (2000) Coluna Vertebral: A coluna vertebral, de acordo com o ilustrado pelas Figuras 60 a 62, também chamada de espinha dorsal, estende-se do crânio até a pelve. Ela é responsável por dois quintos do peso corporal total e é composta por tecido conjuntivo e por uma série de ossos, chamados vértebras, as quais estão sobrepostas em forma de uma coluna, daí o termo coluna vertebral. A coluna vertebral é constituída por 24 vértebras + sacro + cóccix e constitui, junto com a cabeça, esterno e costelas, o esqueleto axial. MÓDULO 1 RADIOLOGIA 394 Figura 60 - Coluna vertebral – visão geral
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