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1 Curso para Transportador Autônomo de Cargas 2 Apresentação.......................................................................................... 4 MÓDULO I – CONHECIMENTOS BÁSICOS DO SETOR DE TRANSPORTE DE CARGAS COMPONENTE.............................................................................5 1. O TRANSPORTE DE CARGA..........................................................................................7 1.1 O Transporte Rodoviário de Carga............................................................................... 9 2. TIPOS DE CARGAS E VEÍCULOS.................................................................................11 2.1 Tipos de Veículos do Transporte Rodoviário de Carga......................................................11 2.2 Tipos de Embalagem e Dimensões dos Veículos..............................................................15 2.3 Capacidade Máxima de Peso por Eixo e Altura Máxima do Veículo.....................................19 3. NOÇÕES DAS ATIVIDADES DO TRANSPORTE DE CARGAS...........................................22 3.1 A Logística.................................................................................................................22 3.2 Cadeia Logística e a Atividade do Transporte de Cargas.................................................. 25 MÓDULO II – LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO TRANSPORTE DE CARGAS...29 4. LEGISLAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DO TRANSPORTE CARGAS......................................30 4.1 Legislação do Transporte Rodoviário de Cargas..............................................................30 4.2 Documentação e Tributos do Transporte Rodoviário de Cargas..........................................33 4.3 Ações Fundamentais do Transportador......................................................................... 35 MÓDULOIII – PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DO TRANSPORTE DE CARGAS..................................................................................................37 5. SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA....................................................................38 5.1 Segurança e Prevenção de Acidentes........................................................................... 38 5.2 Noções de Combate a Incêndio................................................................................... 43 5.3 Saúde no Trabalho.................................................................................................... 45 5.4 Meio Ambiente e o Cidadão..........................................................................................47 6. TECNOLOGIA EMBARCADA E EQUIPAMENTOS DE CONTROLE OPERACIONAL.............50 7. CONDUÇÃO ECONÔMICA DEFENSIVA.........................................................................53 7.1 Acidentes Rodoviários e Condução Defensiva................................................................. 53 7.2 Condução Econômica..................................................................................................56 8. NOÇÕES DE OPERAÇÃO EM TERMINAIS E ARMAZÉNS DE MERCADORIAS...................58 9. NOÇÕES DE MOVIMENTAÇÃO, ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM.........................61 10. TARIFAS E CUSTOS DE TRANSPORTE......................................................................63 10.1 Custos de Transporte...............................................................................................63 10.2 Tarifas de Transportes .............................................................................................66 3 MÓDULO IV – QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE CARGAS.......................................................................67 11. QUALIDADE NO TRANSPORTE DE CARGAS...............................................................68 11.1 A Qualidade na Prestação de Serviços......................................................................... 69 11.2 Como prestar um serviço de qualidade....................................................................... 71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 73 4 APRESENTAÇÃO Caro Aluno, O Curso de Transportador Autônomo de Cargas tem por objetivo aprimorar seus conhecimentos, buscando a qualificação necessária para o desempenho de suas funções. Este Curso será apresentado em 4 (quatro) módulos e, cada matéria a ser tratada terá um tempo para a sua apresentação, como segue abaixo: MÓDULO I Conhecimentos Básicos do Setor de Transporte de Cargas Carga Horária (horas-aula) 1. O Transporte Rodoviário de Carga 04 2. Tipos de Cargas e Veículos 10 3. Noções e Atividades da Logística e do Transporte de Cargas 06 MÓDULO II Legislação Específica do Transporte de Cargas Carga Horária (horas-aula) 1. Legislação e Documentação do Transporte de Cargas 12 MÓDULO III Procedimentos Operacionais do Transporte de Cargas Carga Horária (horas-aula) 1. Saúde Meio Ambiente e Segurança no Trabalho 16 2. Tecnologia Embarcada e Equipamentos de Controle Operacional 04 3. Condução Econômica e Defensiva 08 4. Noções de operação em terminais e armazéns de mercadorias 04 5. Noções de movimentação, acondicionamento e embalagem 02 6. Tarifas e custos de transportes 08 MÓDULO IV Gestão e Qualidade na prestação dos Serviços de Transporte de Cargas Carga Horária (horas-aula) 1. Qualidade na Prestação de Serviços de Transporte de Cargas 06 Este Curso para Transportador Autônomo de Cargas tem o objetivo de atender às exigências da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mais especificamente a Resolução que dispõe sobre o exercício da atividade de transporte rodoviário de cargas, realizado por terceiros, mediante remuneração. A Resolução referida especifica que o Transportador Autônomo de Cargas deverá comprovar experiência de pelo menos três anos nesta atividade, ou de ter sido aprovado em curso específico, para poder obter o RNTRC (Registro Nacional de Transportador Rodoviário de Cargas). Diante do exposto, este Curso apresentará toda a matéria especificada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres necessária para o desempenho da função, dentro das técnicas e conceitos. Tenha um excelente curso! MÓDULO I CONHECIMENTOS BÁSICOS DO SETOR DE TRANSPORTE DE CARGAS 6 Para facilitar o aprendizado este módulo encontra-se subdividido da seguinte forma: O Transporte Rodoviário de Cargas Tipos de Cargas e Veículos – Tipos de Veículos do Transporte Rodoviário de Carga – Tipos de Embalagem e Dimensões dos Veículos – Capacidade Máxima de Peso por Eixo e Altura Máxima do Veículo Noções e Atividades da Logística e do Transporte de Cargas – A Logística – Cadeia Logística e a Atividade do Transporte de Cargas – As Atividades da Logística 7 1. O TRANSPORTE DE CARGAS Neste título trataremos das principais características do sistema de transporte, seus modais, apresentando aspectos de sua infra-estrutura e operação. São objetivos desta unidade: • Conhecer a função social do transporte; • Relacionar as principais atividades desenvolvidas pelo profissional; • Tratar dos diferentes tipos de modais; • Apresentar as principais características do transporte rodoviário de carga; • Conhecer as responsabilidades do transportador. O transporte é a atividade responsável pelo deslocamento de bens e pessoas dentro de um território, possibilitando a integração entre regiões, nações, e seu desenvolvimento. Transporte e Desenvolvimento O transporte tem um papel importante para o desenvolvimento da sociedade e é responsável direto pelo desenvolvimento de uma nação. Quanto melhor for o sistema de transporte de um país, maior seráo seu desenvolvimento. O crescimento da agropecuária, da indústria e dos serviços depende diretamente das facilidades de acesso que temos ao mercado de consumo e às fontes fornecedoras de matérias- primas para a produção. Dessa forma, fica claro que um bom sistema de transporte pode garantir o fornecimento de matérias-primas e ampliar o mercado consumidor. É o transporte é que permite o acesso das pessoas ao trabalho, ao lazer, à saúde, à educação, à cultura e à informação. Os Diferentes Modos de Transporte Existem diferentes tipos de transporte: a) Modal Rodoviário Podemos encontrar tanto o transporte de passageiros como o transporte de cargas. A infra- estrutura utilizada por um e por outro é semelhante. São as vias urbanas e as rodovias que compõem a infra-estrutura mínima necessária ao deslocamento dos veículos. Existem também os terminais (rodoviárias, estações, pontos de parada etc.), para o transporte de passageiros, e os armazéns (depósitos, garagens etc.), para o transporte de cargas. Um conjunto de outros equipamentos (semáforos, centrais de monitoramento, postos de pesagem, centros de fiscalização, postos de contagem e postos da Polícia Rodoviária, entre outros), apóia a infra-estrutura básica para viabilizar a operação de transporte. b) Modal Ferroviário A exemplo do modal rodoviário, também se transportam passageiros e mercadorias. Pode-se incluir no modal ferroviário todo e qualquer tipo de transporte que se faça sobre trilhos: metrô, bonde etc. 8 A infra-estrutura do modal ferroviário é composta pelas estradas de ferro, os trilhos e os equipamentos que os acompanham, além das estações, terminais e centros de controle e monitoramento das viagens. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, o sistema ferroviário brasileiro totaliza 29.706 quilômetros de vias, concentrando-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, e atende parte do Centro-Oeste e Norte do país. c) Modal Aqüaviário Neste são transportados passageiros e cargas. O transporte aquaviário abrange os rios, lagoas e mares. Assim, ele pode ser dividido em hidroviário e transporte marítimo. No transporte hidroviário, as vias são os rios e lagoas apoiados pelos portos e terminais fluviais, que são os pontos de carga e descarga de mercadorias e de acesso aos passageiros. O Brasil dispõe de uma rede hidroviária potencialmente navegável, com 40.000 km de vias interiores, além da extensão de 7.500 km da costa nacional para navegação de cabotagem (transporte entre os portos ao longo da costa brasileira), e de longo curso (transporte marítimo internacional). A cargas a granel, e em particular os granéis sólidos (minérios, grãos), são os produtos que mais utilizam o transporte hidroviário. No transporte marítimo as vias são os oceanos e mares. No Brasil, o transporte marítimo é realizado em grande parte por navios de cruzeiro. d) Modal Aeroviário Neste, são os aviões e os aeroportos que dominam a paisagem, transportando passageiros e cargas. As rotas aéreas constituem-se nas vias por onde as aeronaves trafegam, tecnicamente conhecidas como aerovias. Os aeroportos são os terminais de decolagem e aterrissagem. Nos países industrializados, o transporte aéreo chega a 25% das atividades de transporte público. e) Modal Dutoviário É o único dos modais existentes que transporta exclusivamente cargas, sendo composto por dutos (uma espécie de tubulação), que são as vias. De acordo com a ANTT, o transporte dutoviário pode ser classificado em: - Oleodutos: neste sistema, os produtos transportados são, em sua grande maioria, petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e nafta. - Minerodutos: os produtos transportados são sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático. - Gasodutos: nos gasodutos transporta-se o gás natural. O Gasoduto Brasil-Bolívia é um dos maiores do mundo, possuindo extensão de 3150 km. 9 1.1 O Transporte Rodoviário de Carga A falta do transporte paralisa a economia de um país. No Brasil, a movimentação dos produtos é realizada por todos os modais, sendo o rodoviário predominante. Observe no gráfico abaixo a grande concentração da carga movimentada no modo de transporte rodoviário, que é responsável por quase 60% da carga movimentada no Brasil. O transporte rodoviário de carga é realizado, em sua grande maioria, pelos caminhões, e tem como característica principal a flexibilidade em fazer o transporte porta-porta, ou seja, coletar a mercadoria no local de produção e levá-la até o seu destino final. A capacidade de transporte é limitada por veículo. De fato, o transporte rodoviário deveria ser utilizado na movimentação de mercadorias em pequenas e médias distâncias ou servir de transporte complementar ao transporte ferroviário e aqüaviário. O transporte rodoviário de cargas opera em regime de mercado livre, pois não existe legislação específica no campo dos transportes para o exercício dessa atividade. Sendo assim, não existem exigências para entrada e saída de transportadores no mercado e, portanto, ele dispensa a autorização, a permissão e a concessão pelo poder público para a execução dos serviços. É importante ressaltar que mesmo um mercado livre, existe a obrigatoriedade de obtenção do Registro Nacional do Transportador de Carga (RNTC) junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a habilitação válida da Carteira Nacional de Habilitação – CNH, expedida pelos Órgãos Executivos de Trânsito. O Certificado de Registro e suas renovações terão prazo de validade de 4 (quatro) anos, a partir da data de sua expedição A infra-estrutura utilizada pelo modo rodoviário pode ser classificada em: - Vias Urbanas: conjunto de ruas, avenidas e logradouros, que permitem a viabilização dos deslocamentos nos centros urbanos. - Rodovias: são as estradas que ligam entre si os centros urbanos, um estado a outro, uma região urbana a uma região rural. Em diversas rodovias, o trajeto percorre parte dos centros urbanos. No Brasil, as rodovias são classificadas da seguinte maneira: Rodovias Federais: Sua nomenclatura é definida pela sigla BR, que significa que a rodovia é federal, seguida por três algarismos. Por exemplo, BR – 153. Rodovias Estaduais: são precedidas da sigla dos estados. Por exemplo: SP-270 é uma rodovia que liga os diversos municípios no interior do estado de São Paulo. Rodovias Municipais: são estradas que têm seu percurso dentro da área de um município. O Transportador O transporte rodoviário é o principal responsável pelo transportada de carga no Brasil. Segundo o DNIT, esse tipo de transporte é realizado por aproximadamente 50 mil empresas privadas e por 500 mil autônomos. 10 A contratação do frete é realizada pelos agentes produtores (indústria, comércio, agroindústrias, agricultura etc.), diretamente com as empresas transportadoras, cooperativas ou com o transportador autônomo. As empresas por sua vez, dependendo das necessidades de mercado, utilizam os serviços dos autônomos (caminhoneiros). Até há pouco tempo, o papel do transportador era de simplesmente deslocar os produtos de um ponto a outro. No entanto, sua importância vem crescendo com o tempo, exigindo que o transportador se preocupe também em melhorar o serviço prestado aos clientes, realizando a movimentação dos produtos com mais qualidade, no menor preço. Atualmente, é comum o cliente pedir que sua carga seja rastreada por questões de segurança e para poder acompanhar o tempo de entrega do produto ao seu destino. A figura abaixo mostra, de forma simplificada, a relação existente entre empresa, transportador e o mercado. Dessa forma podemos concluir que o transporte apresenta importante participação no cotidiano, sendo responsável pelo desenvolvimento da social e por permitir o deslocamento de bens e pessoas. 11 2. TIPOS DE CARGAS E VEÍCULOS2.1 Tipos de Veículos do Transporte Rodoviário de Carga Trataremos aqui de apresentar os diferentes tipos de veículos utilizados no transporte rodoviário de cargas, e os principais tipos de carrocerias, tendo como objetivo principal: •Apresentar os diferentes tipos de veículos do transporte rodoviário de carga. • Mostrar os diferentes tipos de carrocerias e os produtos a elas relacionados. O transporte de carga pode ser efetuado por diferentes tipos de veículos. Tratando-se de transporte rodoviário, o principal veículo utilizado para o transporte de carga é o caminhão, o qual pode apresentar diferentes tipos e utilizações. Dessa forma, é importante melhor conhecer essas tecnologias para a escolha da que melhor se adeque às necessidades do transportador. Classificação dos Caminhões Existem diversos modelos de caminhões, e cada um é utilizado para um serviço de transporte específico. Dessa forma, existem diferentes maneiras para classifica-los. A primeira maneira consiste em dividi-los em veículos rígidos e articulados. Os veículos rígidos são aqueles que trazem o motor e a unidade de transporte em um só veículo. São os caminhões ditos “tocos ou trucks”, que têm a carroceria fixa à cabine. Os caminhões articulados têm a cabine com o motor separada do reboque. Em geral, são veículos formados por um cavalo mecânico e uma carreta. Outra forma de classificação dos veículos de carga é a apresentada pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER, 2000), hoje DNIT (Departamento Nacional de Infra- Estrutura Rodoviária). Essa classificação é mostrada na Figura 1. Onde: C = Caminhão. S = Semi-reboque (semi-trailler). 12 Os números à esquerda das letras C ou S indicam o número de eixos da unidade tratora. Os números à direita das letras C ou S indicam o número de eixos da unidade tracionada. CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS DE CARGA CAMINHÕES CAMINHÃO COM REBOQUE CAMINHÃO COM SEMI REBOQUE Figura 1 – Classificação dos Veículos de Carga Tipos de Carroceria Os caminhões podem apresentar diferentes tipos de carrocerias, ou seja, para cada modelo existente um tipo de carga específica. A seguir a classificação dos caminhões em função do tipo de carroceria: 13 Tipo de Carroceria Definição Exemplos Caminhões abertos Transportam mercadorias que não perecem (não estragam, não perdem a qualidade), ao ar livre. Dispõem de laterais fechadas e usam lonas enceradas, em caso de chuva, para proteger a carga. Caminhões cobertos São aqueles que em geral apresentam o formato de um vagão para proteger as cargas das condições climáticas adversas. Caminhões refrigerados São aqueles que possuem como carroceria uma espécie de refrigerador, pois conserva a temperatura interior. Utilizado no transporte de carne, produtos derivados do leite etc. Caminhões-tanques A carroceria tem o formato de um tanque, utilizado para o transporte de produtos líquidos, como combustível. Caminhões de plataforma ou estrado Usados para transportar contêineres, engradados amarrados com cordas ou correntes, entre outros produtos. Caminhões ditos “cegonheiros” Utilizados para o transporte de veículos (carros). Caminhões de caçamba São os caminhões basculantes, muito utilizados no transporte de entulhos, terra, cascalho etc. 14 Caminhões para transporte de botijões de gás Usados no transporte de botijões de gás. Tipo de Carroceria Definição Exemplos Caminhões canavieiros Usados para o transporte de cana-de-açúcar. Caminhões para transporte de animais vivos Usados para o transporte de bovinos, eqüinos etc Caminhões para transporte de bebidas Usados para o transporte de bebidas, geralmente armazenadas em engradados. 15 2.2 Tipos de Embalagem e Dimensões dos Veículos Você conhecerá neste título os principais objetivos da embalagem, aprenderá a classificá-la de acordo com a finalidade e também estudará os dispositivos de unitização de cargas, sendo os objetivos: - Mostrar os diferentes tipos e a função das embalagens no armazenamento e movimentação de produtos. - Apresentar os principais tipos de dispositivos de unitização de cargas usados para movimentar e arrumar mercadorias em depósitos e em veículos de transporte. Os elementos de unitização de cargas e a embalagem são fundamentais para dar maior agilidade às operações de carga, descarga e transporte. São importantes na arrumação de cargas tanto no armazém, como nos veículos de transporte, pois proporcionam segurança à carga na movimentação, protegem-na contra avarias e permitem uma melhor ocupação dos espaços de armazenagem. Importância da Embalagem Tudo o que acompanha um produto é classificado como embalagem, mas isso não quer dizer que seja menos importante que o produto transportado. Algumas vezes o seu custo pode até mesmo ser maior que o do produto. Cada produto deve ter uma embalagem que se adapte. Deve ser observado a maneira como o produto vai ser transportado e os danos que podem ocorrer. Se a embalagem não for corretamente projetada, a qualidade do produto pode ser comprometida, principalmente sendo perecível. A principal função da embalagem é a proteção do produto, mas também: conter o produto; facilitar o transporte e o consumo; e identificar um produto. A embalagem deve funcionar como uma barreira contra diversos fatores, tais como temperatura, odores estranhos, insetos/roedores, luz, oxigênio e umidade. Além de toda a função de proteção ao produto, as embalagens permitem a inclusão de tecnologias de rastreamento do produto. Rastreabilidade é a capacidade de recuperação do histórico, da aplicação ou da localização de uma entidade (ou item) por meio de identificações registradas, ou seja, no caso de cargas, é a capacidade de conhecer as suas características, por onde esta passou, e onde ela se encontra no momento do rastreamento. A rastreabilidade tem como finalidade oferecer segurança e satisfazer às necessidades dos clientes, ou seja, ela fornece as informações necessárias para o acompanhamento completo de todo o processo de fabricação, desde a aquisição e análise das matérias-primas, processamento e destino final de cada item. 16 Classificação das embalagens Embalagem de contenção ou primária – é a embalagem que entra em contato direto com o produto, acompanhando-o até o seu esgotamento (exemplo: tubo da pasta de dentes, garrafa de refrigerante). Deve haver compatibilidade entre os materiais do produto e os da embalagem, para que o produto não seja comprometido. Quando se trata de alimentos, a interação entre a emba- lagem e o produto deve ser mínima. Embalagem de apresentação ou secundária – é aquela com que o produto se apresenta ao usuário no ponto de venda (exemplo: caixa da pasta de dentes). Embalagem de comercialização ou terciária – é a embalagem que tem a função de proteger o produto (exemplo: caixa de papelão contendo várias unidades de pasta de dentes). As embalagens de comercialização, agrupadas em quantidades pré-definidas, formam uma unidade de movimentação. Embalagem de movimentação ou quaternária – é formada por um conjunto de embalagens de comercialização, para que possa ser movimentada por equipamentos mecânicos, como paleteiras e empilhadeiras (exemplo: pallet contendo quantidade definida de caixas de papelão). Tipos de Embalagem Existem cargas que não necessitam de embalagens, como pneus, telhas etc., e outras sim, sendo as mais comuns: Caixa de papelão Usada para acondicionar produtos leves ou sensíveis, como brinquedos, remédios, alimentos, confecções, livros e eletrônicos. Também é utilizada para transportar máquinas, equipamentos, ferramentas e outros produtos que exigem embalagem rígida e fechada. São fáceis de empilhar, embora possam aumentar o pesodo produto e seu volume. Engradado Indicado para peças e equipamentos grandes ou de formas irregulares, difíceis de arrumar, como vidros, latarias de automóveis, motos, peças de fibra etc. Fardo Para mercadorias que não exigem embalagem especial: tecidos, algodão etc. Feixe (amarrado) Para produtos resistentes, mas difíceis de serem embalados e que não necessitam de muita proteção durante o transporte, como vassouras, picaretas, tubos plásticos, ferragens etc. Sacos 17 Usados na embalagem de alimentos como arroz, feijão, milho e cereais; materiais de construção como cal e cimento; produtos químicos como adubos e inseticidas. Podem ser de papel multifolhado (como o saco de cimento), de juta, algodão ou plástico. Tambor, Botijão e Cilindro Normalmente tambores transportam produtos a granel, derivados de petróleo, diversos produtos sólidos, líquidos, pastosos, em pó e granulados. O gás liquefeito, conhecido como gás de cozinha, é acondicionado em botijões, já os gases utilizados em outros seguimentos, como o acetileno ou o oxigênio líquido, são embalados em cilindros metálicos. Lata Transportam diversos produtos como óleos comestíveis, alimentos, tintas e solventes. Dispositivos de Unitização de Cargas Unitização é o agrupamento das embalagens em uma carga maior, ou seja, é a arrumação de pequenos volumes em unidades maiores padronizadas, para que possam ser movimentadas mecanicamente. O processo de unitizar cargas traz muitas vantagens para o transporte e a logística, dentre elas: •Permite movimentação de cargas maiores; •Reduz o tempo de carga e descarga; •Reduz o custo de movimentação e armazenamento de materiais; •Permite maior ocupação volumétrica de armazéns e veículos; •Melhora a organização do armazenamento; •Facilita a localização de itens estocados; •Facilita o inventário de materiais; •Reduz a probabilidade de danos nos materiais estocados; •Dificulta o furto de materiais estocados. Características dos principais artefatos de unitização: Palete 18 É o elemento unitizador mais utilizado, sendo de madeira, aço, alumínio, plástico e papelão. Suas dimensões também podem variar, sendo que as mais utilizadas são: •0,80 m x 1,00 m •1,00 m x 1,00 m •1,00 m x 1,20 m •1,20 m x 1,20 m Sua movimentação pode ser realizada com o uso de empilhadeiras ou paleteiras manuais. No quadro abaixo são apresentados alguns exemplos de paletes: Contêiner O contêiner é também conhecido como cofre de carga, contentor ou contenedor. Porém, o termo mais usado é contêiner. É uma estrutura metálica de grandes dimensões que permite acomodar, estabilizar e proteger materiais em seu interior. Existem contêineres para transporte terrestre, aéreo e marítimo/fluvial, sendo mais utilizado o marítimo. Podem ser refrigerados ou não, dependendo do produto a ser transportado. São também bastante utilizados para tanques de gases ou líquidos. 19 2.3 Capacidade Máxima de Peso por Eixo e Altura do Veículo Neste subtítulo estudaremos a capacidade máxima de peso por eixo, dimensões e altura máxima do veículo, segundo a legislação vigente, para transitar no território nacional, sendo os principais objetivos: - Apresentar a capacidade máxima de peso por eixo nos veículos do • transporte rodoviário de carga. - Mostrar dimensões entre eixos e altura máxima. Conhecer os veículos (capacidade máxima de carga e dimensões), é importante para garantir que o transportador opere em consonância com as normas estabelecidas e garanta a sua segurança e a dos demais motoristas. É de suma importância o transportador e para a sociedade que os limites máximos de carga sejam respeitados, garantindo a qualidade do pavimento das vias por onde os veículos trafegam. O desrespeito às normas, ou seja, o fato do transportador carregar seu veículo com carga acima da permitida, faz com que as vias se deteriorem, piorando as condições do pavimento, aumentando o número ou provocando buracos. Carga máxima transmitida ao pavimento Os veículos destinados ao transporte de cargas podem ser classificados em função do peso máximo transmitido ao pavimento. Esta classificação é apresentada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), como: • Semileves .................................. 3,5 t < PBT < 6 t • Leves ...................................…... 6 t < PBT < 10 t • Médios ...................................... 10 t < PBT < 15 t • Semi pesados Caminhão-chassi ............. PBT > 15 t e CMT < 45 t Caminhão-trator ............. PBT > 15 t e PBTC < 40 t • Pesados Caminhão-chassi ............ PBT > 15 t e CMT > 45 t Caminhão-trator ............. PBT > 15 t e PBTC > 40 t O Art. 2º, da Resolução CONTRAN n.º 210/2006, estabelece os limites máximos de peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo de veículo, nas superfícies das vias públicas. 20 A legislação brasileira estabelece limites máximos para valores do peso bruto por eixo de veículos de carga. Contudo, a dificuldade na aferição das balanças que efetuam a pesagem dos veículos enseja uma tolerância de até 5% de peso acima do valor máximo determinado por lei. A figura a seguir traz um resumo dos pesos brutos máximos admitidos por eixo ou por conjunto de eixos pela legislação brasileira. 21 A base para a determinação desta classificação são os conceitos presentes no Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro: • TARA ou Peso do Veículo em Ordem de Marcha – peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e/ou equipamento, do combustível, das ferramentas e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento, expresso em quilogramas. • LOTAÇÃO – carga útil máxima, incluindo condutor e passageiros, que o veículo transporta, expressa em quilogramas para os veículos de carga. A Tara e a Lotação são facilmente identificadas no veículo. Essas informações devem ser colocadas na lateral dos veículos. Veja os exemplos: PESO BRUTO TOTAL (PBT) – peso máximo que o veículo transmite ao pavimento, constituído da soma da tara mais a lotação. • PESO BRUTO TOTAL COMBINADO (PBTC) – peso máximo transmitido ao pavimento pela combinação de um caminhão-trator mais seu semi-reboque, ou do caminhão mais o seu reboque ou reboques. • CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO (CMT) – É o peso que a unidade de tração é capaz de tracionar, indicado pelo fabricante, com base em condições sobre suas limitações de geração e multiplicação de momento de força e resistência dos elementos que compõem a transmissão. A Resolução CONTRAN n.º 210/2006 estabelece os limites de peso e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres: No art. 1º dessa Resolução constam as dimensões autorizadas para veículos de transporte de carga, trafegando com ou sem carga: I – largura máxima: 2,60m; II – altura máxima: 4,40m; III – comprimento total: a) veículos não-articulados: máximo de 14,00 metros; b) veículos articulados com duas unidades, do tipo caminhão-trator e semi-reboque: máximo de 18,60 metros; c) veículos articulados com duas unidades do tipo caminhão ou ônibus e reboque: máximo de 19,80; d) veículos articulados com mais de duas unidades: máximo de 19,80 metros. É importante observar que a Resolução CONTRAN n.º211 estabelece os requisitos necessários à circulação de Combinações de Veículos de Carga – CVC, estabelecendo no art. 1º, que as Combinações de Veículos de Carga, com mais de duas unidades, incluída a unidade tratora, com peso bruto total acima de 57 t ou com comprimento total acima de 19,80 m, só poderão circular portando Autorização Especial de Trânsito – AET, conforme os conceitos do anexo I do Código de Trânsito Brasileiro. Concluímos dessa forma que ao transportador faz-se necessário conhecer as especificações dos veículos e a legislação vigente relacionada às dimensõese carga máxima permitidas para as categorias de veículos, para melhor desempenho de suas funções, pois influenciam significativamente nos quesitos segurança e conservação de vias. 22 3. NOÇÕES DE ATIVIDADES DO TRANSPORTE DE CARGAS 3.1 A logística Relacionado a este tema trataremos de: • Conceituar a logística. • Apresentar os fatores que influenciam na qualidade da atividade logística. Este tema está presente na maioria das atividades econômicas, sendo fator preponderante no sucesso dessas atividades. Assim, sabendo que o transporte é um dos itens desse processo, é de suma importância conhecer funções desenvolvidas pela logística. Logística A palavra logística foi pela primeira vez utilizada pelos militares durante a Segunda Guerra Mundial, entre os anos 1940 e 1945, no século passado. Era usada para designar as atividades relativas ao transporte, ao abastecimento e ao alojamento das tropas nos campos de batalha. Desde aquela época, a logística já era importante para o sucesso das missões militares. Imagine o que poderia acontecer se as armas e munições não estivessem disponíveis no campo de batalha? Provavelmente todos seriam capturados ou mortos. Para evitar esse mal é necessário que haja uma logística eficiente. Em outras palavras é preciso planejamento e organização. “Logística é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender às necessidades do cliente”. De forma mais simples, vemos que logística é a arte de comprar, receber, armazenar, separar, expedir, transportar e entregar o produto/serviço, para onde e quando são necessários, ao menor custo. Pela definição apresentada, a logística é responsável pela movimentação das mercadorias entre os pontos de fornecimento e de consumo. Assim, para movimentarmos e gerenciarmos as 23 mercadorias faz-se necessárias algumas atividades, como por exemplo: transporte, pedidos, estocagem, armazenagem, embalagem etc. Nível de Serviço Logístico A logística tem por objetivo ainda servir o consumidor de acordo com suas necessidades e com qualidade na prestação dos serviços. OS SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE QUALIDADE SÓ ACONTECERÃO ATRAVÉS DE UMA BOA GESTÃO DOS FLUXOS DE MOVIMENTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS! Três fatores são fundamentais para identificar o nível de serviço logístico ao cliente: • Disponibilidade; • Desempenho; • Confiabilidade. DISPONIBILIDADE É a capacidade da empresa em ter o produto em estoque (disponível) quando solicitado pelo cliente. Como exemplo, podemos citar duas empresas que comercializam vendem o mesmo produto. A empresa “A” tem o produto disponível quando o cliente o procura em 95% dos casos. Já a empresa “B” consegue ter o produto pronto para ser vendido ao cliente em 67% dos casos. Pergunta-se: qual empresa tem o melhor serviço logístico ao cliente neste exemplo? A resposta, evidentemente, é a empresa “A”, pois ela consegue atender quase a totalidade dos seus clientes. DESEMPENHO O desempenho avalia se o nível de serviço ao cliente está de acordo com o que foi estipulado no contrato de compra e venda ou de prestação do serviço firmado entre o fornecedor e o cliente. O desempenho pode ser medido por alguns fatores: - Velocidade: é o tempo decorrido entre a solicitação de um produto ao fornecedor (pedido) até a chegada do item ao cliente. Como exemplo, podemos citar os produtos dos Correios. Cada tipo de SEDEX possui uma hora máxima de entrega garantida, como é o caso do SEDEX 10 e do SEDEX Hoje. - Flexibilidade: é a capacidade da empresa de lidar com solicitações extraordinárias de serviço dos clientes. Algumas delas são: mudanças ocasionais nos serviços de entrega; entregas emergenciais; troca de produtos fornecidos com defeitos. - Danos à mercadoria: compreendem os estragos, roubos e extravios ocorridos com a mercadoria desde o despacho até a chegada ao cliente. CONFIABILIDADE Trata-se da variação em torno dos prazos fixados para o atendimento ao cliente, para a entrega das mercadorias etc. Nesta ótica, uma empresa confiável seria aquela que obedece aos prazos acordados em contrato para disponibilizar o produto ao cliente. 24 A logística é uma atividade que engloba um conjunto de outras atividades, como o transporte, o estoque, a armazenagem, para garantir o sucesso da atividade, ou seja, é importante para o produtor e o cliente, onde o primeiro busca atender às necessidades do segundo, com o fornecimento de um produto ou serviço de qualidade. 25 3.2 Cadeia Logística e a Atividade do Transporte de Cargas Várias são as partes que integram cadeia logística e a participação do transporte é uma delas, ou seja, estudaremos o papel da atividade de transporte de cargas neste sistema, tendo por objetivo: •Identificar as diversas atividades de uma cadeia logística. •Compreender como os fluxos de produto e serviços se deslocam em uma cadeia de suprimento. •Compreender a importância do transporte de carga na logística. O transporte é a atividade para o deslocamento de bens e pessoas no interior de um território, sendo parte da cadeia logística. Cadeia Logística e suas Atividades Vale ressaltar que qualquer cadeia logística é formada por um conjunto de elementos: • Elementos fixos da cadeia: os depósitos, os armazéns, as indústrias, as lojas existentes no trajeto entre as fontes de matérias-primas (os fornecedores), e os consumidores finais (em geral as famílias). • As ligações existentes entre os elementos fixos, viabilizados pelo transporte, que estabelecem a comunicação entre os vários pontos da cadeia. De forma simples, uma cadeia logística, por menor que seja, genéricamente, pode ser representada por três agentes: o fornecedor, a empresa e o cliente, como mostrado na figura abaixo. Vejamos nos exemplos abaixo: a) A cadeia do suco de laranja encaixotado em embalagens do tipo “tetra pack”. PASSO 1: Principais insumos para a produção do suco. Podemos listar: laranja, açúcar, água, corantes, embalagem. PASSO 2: Fornecedores e insumos Geralmente para a indústria processadora e embaladora. PASSO 3: Os insumos são transportados até a indústria Transportador, normalmente o transporte é por caminhão, utilizando as rodovias. PASSO 4: Após processado e embalado na indústria Será comercializado com atacadistas, que compram das indústrias em grandes quantidades e em seguida vendem o produto para as lojas de varejo (supermercados, mercearias, padarias etc.), que por sua vez vendem ao consumidor. 26 PASSO 5: Da indústria ao atacado e deste ao varejo há o transporte, da mesma forma entre o varejo e o local de consumo final (nossas casas, restaurantes, bares), do suco de laranja. Fluxograma da cadeia produtiva do suco de laranja: b) A cadeia produtiva do automóvel: Os principais fornecedores: São os de estofamentos, pneus, tintas, peças e componentes. Transporte dos insumos e componentes até a montadora: Realizado por caminhões, dos fornecedores à montadora. A montadora fabrica e o estoca no pátio. A montadora distribui seus produtos para as concessionárias ou agências que por sua vez podem vendê-los ao consumidor final. O transporte dos veículos normalmente é realizado por caminhões cegonhas. Fluxo de Produtos na Cadeia Logística Um aspecto relevante na cadeia logística é a movimentação (fluxo) dos produtos. Dentro deste tópico existe um conceito importante a ser estudado, o Ciclo Crítico. O ciclo crítico é conjunto das atividades que são indispensáveis para se realizar o fluxo (movimentação) de produtos e informações entre um fornecedor e seu cliente. O ciclo crítico funciona assim: um cliente solicita ao seu fornecedor os produtos que ele necessita.O fornecedor verifica seus estoques, processa e monta o pedido e, em seguida, entrega a mercadoria para o transportador que é o encarregado de leva-la ao cliente. Processamento de pedidos Atividade que se inicia com a movimentação de produtos e a entrega de serviços, sempre atrelada à necessidade do cliente. Manutenção de estoques Aos operadores cabe quantificar os produtos mantidos em estoque, para atenderem a demanda. 27 Transporte É a atividade viabiliza a movimentação dos produtos entre a produção e o consumo nas cadeias logísticas. O Papel do Transporte na Logística Em toda atividade logística o transporte e a infra-estrutura envolvida são elementos para garantir a atividade. São responsáveis pela movimentação dos insumos, a mão-de-obra e a matéria-prima para compor o processo produtivo, e cabe ao transporte garantir o deslocamento do produto aos consumidores, sem deixar de lado a preocupação com o armazenamento e a distribuição de mercadorias. O transporte representa o elemento mais importante do custo logístico, sendo fundamental na prestação do serviço ao Cliente. Dentro da relação com o serviço ao cliente, a atividade de transporte deve considerar a pontualidade do serviço, tempo de viagem, capacidade de prover um serviço porta a porta, à flexibilidade para o manuseio de vários tipos de cargas, gerenciamento dos riscos quanto a roubos, danos e avarias e à capacidade de o transportador oferecer mais que um serviço básico de transporte, ou seja, satisfazendo as necessidades do primeiro. O transporte refere-se aos modais e meios utilizados para se movimentar as mercadorias. Logicamente cada modalidade tem seus meios e veículos: a) Transporte rodoviário = caminhões. b) Transporte aéreo = aviões e helicópteros. c) Transporte aquaviário = navios, barcos e lanchas. d) Transporte ferroviário = trens. e) Transporte dutoviário = dutos. f) Transporte multimodal = combinação de dois ou mais modais. A administração do transporte em uma cadeia logística envolve algumas atividades: •Decisão qual modal ou combinação de modais que se utilizará. •Definição de roteiros seguir para entregas de mercadorias. •Avaliação da capacidade dos veículos. •Dimensionamento de veículos da frota, entre outros. Operador Logístico Operadores logísticos são empresas prestadoras de serviços logísticos aos participantes de uma cadeia. Um operador logístico oferece os seguintes tipos de serviços (NOVAES, 2001): • Transporte - diferentes modais. • Armazenagem de produtos. • Manipulação de produtos - inclui a embalagem, a identificação dos produtos, a unitização de cargas etc. • Operações industriais - montagem e testes de qualidade etc. • Operações comerciais - recebimento e processamento dos pedidos, pagamentos, realização de propaganda etc. 28 • Serviços de cunho informacional - administração dos estoques, o rastreamento e o monitoramento de veículos etc. • Consultoria - engenharia e administração logística. Em suma, a qualidade do produto e a sua competitividade no mercado estão diretamente relacionados aos elementos da cadeia logística, pois dela dependerá o custo-benefício da maioria dos bens e serviços colocados a disposição dos consumidores> 29 O MÓDULO II Legislação específica do transporte de cargas 30 4. LEGISLAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS 4.1 Legislação do Transporte Rodoviário de Cargas Buscaremos neste item conhecer como funciona o setor de transporte rodoviário de cargas, apresentando os principais órgãos que nele atuam e a legislação para essa atividade, estudando: •Os principais órgãos reguladores e fiscalizadores do transporte rodoviário de cargas. •As normas que compõem a legislação do transporte rodoviário de cargas. •A responsabilidade do transportador e as penalidades que são a ele aplicáveis. Órgãos reguladores e fiscalizadores Para o funcionamento do transporte rodoviário de carga, o governo estabelece normas para que o sistema atenda as necessidades da sociedade e garanta a participação satisfatória dos que nele atuam. O governo age por intermédio de seus órgãos, os quais possuem atribuições específicas, sendo eles: Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT A Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT foi criada em 2001, sendo responsável desde então, pela regulação do transporte ferroviário e rodoviário, tanto de passageiros como o de cargas. No caso do transporte rodoviário de cargas, a ANTT é responsável por habilitar os transportadores, sejam autônomos, empresas de transporte de carga ou cooperativas, realizando o Registro Nacional de Transportadores Rodoviário de Cargas – RNTRC. A ANTT também é responsável pelo monitoramento dos preços cobrados pelos transportadores, como também pela formulação de normas para a operação dos transportadores, e, consequentemente, pela fiscalização do cumprimento de tais normas. Polícia Rodoviária Federal – PRF A Polícia Rodoviária Federal – PRF tem como principal função, no âmbito do transporte rodoviário de cargas, assegurar a livre circulação nas rodovias federais, realizando patrulhamento, cumprindo e fazendo cumprir a legislação especificada pelo Código de Trânsito Brasileiro e demais normas. Também cabe à PRF inspecionar e fiscalizar o trânsito, assim como aplicar e arrecadar multas impostas por infrações de trânsito. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA A atuação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária consiste em inspecionar as condições de acondicionamento da carga durante a prestação do serviço de transporte. 31 O MAPA é responsável pela inspeção de produtos agropecuários e a ANVISA pela inspeção de produtos como alimentos, medicamentos e agrotóxicos, dentre outros. Ambos os órgãos também possuem a responsabilidade de estabelecer as regras para o transporte desses produtos. Órgãos Fazendários Os órgãos fazendários ou secretarias de receita estaduais são responsáveis pela fiscalização referente à arrecadação dos impostos que recaem sobre a prestação dos serviços de transportes como também sobre os que recaem nos produtos transportados. No transporte de cargas de importação e exportação é exercido pela Secretaria da Receita Federal. Legislação de Cargas As principais regras que compõem a legislação do transporte rodoviário de cargas no Brasil são determinadas pela Lei nº 11.442/07 e pela Resolução nº 2.520/08 da ANTT. A Lei nº 11.442/07 descreve o transporte rodoviário de cargas como uma atividade econômica de natureza comercial que poderá ser exercida por pessoa física ou jurídica. Para tal, a Lei determina ser necessária inscrição prévia do interessado no RNTRC da ANTT. A Lei também dispõe sobre as regras de operação, principalmente no que diz respeito à responsabilidade do transportador. Já Resolução nº 2.520/08 da ANTT detalha os critérios para a inscrição no RNTRC, além de tratar de questões sobre a identificação dos veículos, o conhecimento de transportes, as infrações e as penalidades que podem recair sobre o transportador. Responsabilidade do Transportador O transportador se torna o responsável pela carga ao recebê-la para a execução do serviço até a entrega devida. Essa entrega, compreende zelar pela integridade da carga e garantir que ela chegue ao seu destino nas mesmas condições em que o embarcador entregou-a para o transportador. Essa responsabilidade se estende às falhas cometidas por seus subordinados ou ainda da- queles que porventura ele subcontrate para a realização do serviço, existindo ainda a possibilidade de indenização ao dono da carga. O transportador não será responsávelpor perdas ou avarias ou demora na entrega das mercadorias quando alguma das situações abaixo ocorrer, desde que não sejam objetos de contrato: •Insuficiência ou imperfeição das marcas ou dos rótulos. •Transporte de animais vivos, desde que o transportador prove que cumpriu com todas as instruções específicas dadas pelo remetente. •Defeito ou insuficiência de embalagem que não seja evidente. •Circunstâncias que tornem necessário descarregar, destruir ou tornar sem perigo em qualquer momento ou lugar, as mercadorias cuja existência de perigo em seu manuseio não fora declarada pelo remetente quando o transportador as tomou a seu cargo. • Vício próprio das mercadorias, ou seja, quando estas são entregues ao transportador com problemas adquiridos anteriormente, podendo ser esse oriundo até mesmo na sua fabricação. • Ações de guerra, comoção civil ou atos de terrorismo. •Greves, greves patronais, interrupção ou suspensão parcial ou total do trabalho, fora do controle do transportador. 32 • Caso fortuito ou força maior. •Perdas normais devidas ao manuseio ou características próprias das mercadorias, previamente acordadas entre as partes ou estabelecidas pelas normas jurídicas correspondentes. •Ação ou omissão, que gerou o problema, que é de responsabilidade daquele que está reclamando do transportador. Penalidades aplicadas ao transportador Se o transportador não conseguir comprovar a ocorrência de alguma das situações citadas, nos casos de perda total ou parcial da mercadoria, o valor de indenização é igual ao valor que a carga possuía no momento em que foi entregue ao transportador, caso não tenha sido estipulado de maneira diversa. O Conhecimento de Transporte e na Nota Fiscal da carga é o documento que comprovam o valor da carga. No caso de atraso, caso não tenha sido acordado de forma diversa, o transportador deverá restituir, o valor do preço do frete, contudo, é possível, outro valor de indenização. Lembre-se, o valor por eventual indenização deverá estar estipulado em cláusulas contratuais, e ocorrendo situação diversa, será alvo de ação judicial para levantamentos dos valores. Legislação sobre Cargas Perigosas Algumas cargas merecem um maior cuidado, não necessariamente pelo seu valor, mas principalmente pelos riscos, que podem causar danos pelo contato e ao meio ambiente. Esse tipo de carga é denominada “Produtos Perigosos”. A legislação atual sobre o transporte de produtos perigosos é complexa, pois cada tipo de produto há especificidades a serem consideradas. Em 1988, o governo federal aprovou o regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos com a publicação do Decreto nº 96.044. Alguns anos mais tarde, a ANTT acrescentou algumas instruções complementares por meio das Resoluções nº 420/04, nº 701/04 e nº 1644/06. De acordo com o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, os produtos são classificados em classes: •Classe 1: Explosivos. •Classe 2: Gases. •Classe 3: Líquidos inflamáveis. •Classe 4: Sólidos inflamáveis; substâncias sujeitas à combustão espontânea; substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis. •Classe 5: Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos. •Classe 6: Substâncias tóxicas e substâncias infectantes. •Classe 7: Material radioativo. •Classe 8: Substâncias corrosivas. •Classe 9: Substâncias e artigos perigosos diversos. Conforme a classificação do produto, o transportador deverá tomar os cuidados para garantir a segurança da carga e do meio ambiente durante o transporte. 33 4.2 Documentação e Tributos do Transporte Rodoviário de Cargas Conheceremos neste título os documentos utilizados e os principais tributos existentes no transporte rodoviário de cargas, para que o transportador conheça: • Os documentos necessários para a realização do transporte rodoviário de cargas. • Os principais tributos que recaem sobre a prestação do serviço de transporte rodoviário de cargas. Documento é um instrumento que possui informações necessárias para a comprovação de um ato, podendo esse ato ser jurídico, administrativo, financeiro ou até histórico. No transporte rodoviário de cargas, os documentos utilizados são aqueles que atestam a capacidade de prestação do serviço por parte do transportador. Documentos exigidos do motorista e do veículo Do condutor é exigido apenas um documento: a Carteira de Habilitação, que deve estar de acordo com o veículo que estiver conduzindo, devendo ser apresentado o documento original. Quanto ao veículo, são exigíveis, o Certificado de Registro e Licenciamento Anual – CRVL, que comprova o recolhimento dos impostos, taxas e multas devidas por parte do proprietário do veículo, devendo ser apresentado o original. Além desse, é necessário o Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Cargas – RNTRC, nos casos de transportadores relacionados na legislação. Não são mais exigíveis o porte dos comprovantes de pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA e do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres – DPVAT. Para o transporte de cargas de produtos não-perigosos são necessários: a) Nota Fiscal de transporte da mercadoria: documento que comprova a posse da mercadoria e tem como principal objetivo às exigências do Fisco quanto ao trânsito das mercadorias e das operações realizadas entre adquirentes e fornecedores. b) Conhecimento de Transporte Rodoviário: documento que comprova a contratação do transportador pelo embarcador para a realização do serviço de transporte rodoviário de cargas. Esse documento, que é emitido pelo transportador, representa que as mercadorias estão sob sua responsabilidade para a realização de sua entrega, de acordo com o que está descrito no conhecimento. c) Autorização de Carregamento e Transporte: utilizada no transporte de carga, a granel, de combustíveis líquidos ou gasosos e de produtos químicos ou petroquímicos, quando, no momento da contratação do serviço, não forem conhecidos os dados relativos a peso, distância e valor da prestação do serviço, não dispensando a emissão do Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas. d) Ordem de Coleta de Carga: utilizada pelo estabelecimento transportador que executar serviço de coleta de cargas no endereço do remetente. e) Manifesto de Carga: é de uso obrigatório somente no transporte rodoviário de carga fracionada, sendo utilizado pelos transportadores de cargas que executarem serviço de transporte intermunicipal e interestadual. 34 Para o transporte de cargas de produtos perigosos é exigida, além dos documentos citados anteriormente, a seguinte documentação: a) Certificado de capacitação para produtos perigosos do veículo e dos equipamentos: compatíveis com a carga, original, expedido pelo INMETRO ou entidade por ele credenciada. b) Documento fiscal do produto transportado: contendo o número ONU (número especificado pela Organização das Nações Unidas), classe ou subclasse, nome apropriado para o embarque, e a quantidade total por produto. c) Ficha de emergência e envelope para transporte: no idioma do país de origem, trânsito e destino da carga, contendo: (1) identificação do expedidor ou do fabricante do produto que forneceu as instruções; (2) identificação do produto ou grupo de produtos a que as instruções se aplicam; (3) natureza dos riscos apresentados pelos produtos; (4) medidas a serem adotadas em caso de emergência (medidas a adotar em caso de contato com o produto, incêndio, ruptura de embalagens ou tanques, realização de transbordo e telefones de emergência dos bombeiros, polícia e defesa civil). d) CNH – Carteira Nacional de Habilitação ou Credencial: habilitação para produtos perigosos (curso MOPP – Movimentação e Operações de Produtos Perigosos). e) Licença especial: quando exigível (IBAMA, INMETRO, FEPAM etc.). f) Kit de emergência e EPI(Equipamento de Proteção Individual). g) Rótulo de risco: painel losango, onde estão estipulados o símbolo gráfico e a cor, que correspondem à classe do produto perigoso. h) Painel de segurança: painel retangular de cor laranja contendo o número ONU e o número de risco do produto transportado. Tributos que recaem sobre o transporte rodoviário de cargas Tributo é uma obrigação dada às pessoas e empresas, por conseqüência de uma transação comercial ou por uso de um serviço público, devendo seus valores ser recolhidos ao Estado. No transporte rodoviário de cargas, alguns merecem destaque, como por exemplo, o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, que é um imposto que é pago no início de cada ano pelo proprietário do veículo e a cobrança é proporcional ao valor do veículo. Outros recaem sobre o transporte rodoviário de cargas: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, Imposto sobre Serviços de Qualquer Espécie – ISS, que são proporcionais ao valor do frete. O ISS é particular para os casos dos serviços intermunicipais e pode ser no máximo 5% do valor cobrado pelo frete. Já o ICMS recai sobre os serviços interestaduais e tem porcentagem variada de estado para estado. A Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico – CIDE é um tributo pago na compra de combustíveis e tem como finalidade investir os recursos arrecadados na manutenção e construção de rodovias, assim como os pedágios cobrados em algumas rodovias do país. 35 4.3 Ações Fundamentais o Transportador O transportador deve tomar algumas providências para assegurar a qualidade do seu serviço, como também deve possuir o conhecimento necessário, tais como conhecer: •As principais propriedades inerentes às cargas transportadas no modo rodoviário. •As cargas de acordo com suas características. •Os procedimentos fundamentais na execução do serviço de transporte rodoviário de cargas. Tipos de Carga – Propriedades e Classificação O transportador deve conhecer a carga, para tomar os cuidados necessários que garantam a segurança durante a prestação do serviço. Dessa forma é importante o transportador conhecer algumas características que a carga possui, de forma a determinar o procedimento adequado, observando: • Perecibilidade: propriedade de certos produtos estragarem com o tempo; maior o prazo de validade do produto, menor perecibilidade. Normalmente, os produtos do setor de alimentos são os mais perecíveis, seguidos pelos farmacêuticos. • Fragilidade: produtos têm de se quebrarem com facilidade. Podemos citar: os eletro- eletrônicos, vidros, produtos cerâmicos etc. • Periculosidade: riscos a estrutura física de certos objetos ou seres vivos. Exemplo: explosivos, líquidos inflamáveis e substâncias corrosivas. • Dimensões: são as medidas do comprimento, altura e largura do produto ou da carga. • Pesos especiais: produtos de pesos incomuns. Exemplo: turbinas de hidrelétricas. Após conhecer as propriedades, podemos separar as cargas de acordo com essas propriedades, em categorias: • Carga Geral: carga embarcada, com marca de identificação e contagem de unidades, podendo ser soltas ou unitizadas: • Soltas (não unitizadas): itens avulsos, embarcados separadamente em embrulhos, fardos, pacotes, sacas, caixas, tambores etc. • Unitizadas: agrupamento de vários itens em unidades de transporte. • Carga a Granel: carga líquida ou seca (sólida) embarcada e transportada sem acondicionamento, sem marca de identificação e sem contagem de unidades. Ex.: petróleo, minérios, trigo, farelos, grãos etc. • Carga Frigorificada: necessita ser refrigerada ou congelada para conservar as qualidades essenciais do produto durante seu transporte e sua armazenagem. Ex.: frutas frescas, pescados, carnes etc. • Neo-granel: conglomerados homogêneos de mercadorias de carga geral sem acondicionamento específico, cujo volume ou quantidade possibilita o transporte em lotes, em um único embarque. Ex.: veículos automotores. • Carga Perigosa: produtos classificados como “perigosos” que, por sua natureza, pode provocar acidentes, colocando em risco a vida, o meio ambiente e o patrimônio. Procedimentos que antecedem o transporte 36 É importante comparar a carga com a descrição apresentada na nota fiscal, para certificar- se do que está realmente transportando, além disso, é necessário conferir as informações da carga que constam no conhecimento de embarque, como peso, volume e quantidade, evitando eventuais reclamações no momento de entrega da carga. Nas cargas fracionadas, conferir o manifesto é também é importante, agindo assim, o transportador certifica-se de que não está deixando de transportar parte da carga. É necessário também a conferência do lacre, para assegurar que ela não foi violada durante o transporte. Por fim, conheça e confira o roteiro a ser seguido, pois essa ação facilita até a disposição da carga dentro do veículo, influenciando, no tempo total de viagem e na redução de custos. Conclusão Conhecer o tipo de carga que será transportada permite ao transportador tomar os cuidados necessários para a execução do serviço, garantindo a sua segurança, das pessoas envolvidas na operação, como também do meio ambiente. Além disso, procedimentos como conferência de carga evitam problemas de reclamações e possíveis indenizações, que acabam se transformando em custos adicionais que traduzem prejuízo ao transportador. 37 MÓDULO III PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DO TRANSPORTE DECARGAS 38 5. SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA 5.1 Segurança e prevenção de acidentes Neste título abordaremos formas de prevenção de acidentes de trabalho e conheceremos: •Normas e procedimentos de segurança. •Procedimentos de segurança em situações de emergência. •Os equipamentos de proteção individual. •Saber fazer o check-list das condições do veículo a ser realizado antes da viagem. De acordo com pesquisas do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), o Brasil perde 35 mil pessoas ao ano em acidentes rodoviários e cerca de 100 mil pessoas ficam inválidas e 400 mil precisam ocupar os leitos dos hospitais por muitos dias. Esses dados levam à reflexão sobre a necessidade de trabalharmos com a prevenção de acidentes rodoviários. Segurança no Trabalho São medidas adotadas para diminuir os acidentes de trabalho, as doenças causadas pelo exercício da profissão; e proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. São acidentes de trabalho: •Os acidentes que acontecem quando você está a serviço de sua empresa. •Os acidentes que acontecem quando você está em viagem a serviço da empresa ou no trajeto entre o trabalho e a sua casa. •Doenças que ocorrem pelo tipo e condições de seu trabalho. Altos padrões de segurança e saúde podem ser alcançados quando todos estão capacitados para desenvolver o trabalho com qualidade e com efetiva participação. A segurança é garantida pela prevenção, que consiste no conjunto de meios humanos e materiais necessários para desenvolver, no local de trabalho, as atividades preventivas, com o objetivo de garantir a adequada proteção da segurança e saúde dos trabalhadores e a integração desta função nos diversos departamentos ou áreas da empresa. A CIPA é a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, composta por representantes do empregador e dos empregados, e tem como missão a preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores e de todos aqueles que interagem com a empresa. Equipamento de Proteção Individual – EPI Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na NR-6, da Portaria 3.214, é Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveisde ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Ao empregador cabe: •Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade. •Exigir seu uso. 39 •Disponibilizar para o trabalhador somente o EPI aprovado em matéria de Segurança e Saúde no trabalho. •Orientar e treinar para o uso adequado, guarda e conservação do EPI. •Substituir o EPI quando danificado ou extraviado. •Responsabilizar-se pela higienização e manutenção do EPI.• •Comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego qualquer irregularidade observada. Ao empregado cabe: •Usar o EPI para a finalidade a que se destina. •Responsabilizar-se pela guarda e conservação do EPI.• •Comunicar ao empregador alteração que torne o EPI impróprio para uso. •Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado do EPI. Procedimentos de segurança em situações de emergência O trabalhador rodoviário está sujeito a uma série de riscos causados por fatores externos, como por exemplo, assaltos, seqüestros, enchentes, incêndio florestal etc., bem como aqueles causados por fatores internos, como problemas mecânicos, de saúde, fadiga etc. A seguir algumas dicas úteis no caso de enchentes, desmoronamentos e incêndios florestais e as ações menos arriscadas em caso de assaltos ou seqüestros; procedimentos em caso de pane do veículo e como fazer o Check-List do veículo. Pane do veículo Caso o veículo apresentar pane e ficar em posição que impeça ou dificulte a passagem normal dos outros veículos, antes de tentar resolver o problema, sinalize o local adequadamente. Inicie a colocação da sinalização em local onde os motoristas ainda não visualizem o veículo avariado. No caso de vias de fluxo rápido, com veículos ou obstáculos na pista, é preciso alertar os motoristas antes que eles percebam o obstáculo na via. As distâncias podem ser medidas em passos, mas existem situações onde as distâncias devem ser dobradas, como à noite, sob chuva, neblina, fumaça. À noite, além de aumentar a distância, a sinalização deve ser feita com materiais luminosos. Quando estiver contando os passos e encontrar uma curva, pare a contagem, caminhe até o final da curva e então comece a contar. A mesma providência deverá ser tomada quando o veículo estiver em uma elevação, sem visibilidade para os demais veículos. A sinalização deve ser feita nos dois sentidos (ida e volta), nos casos em que o veículo avariado interferir no tráfego das duas mãos de direção. Caso o veículo fique posição que obstrua o fluxo normal do tráfego, será necessário demarcar o desvio do tráfego. Materiais que podem ser utilizados na sinalização do veículo com pane Existem muitos materiais fabricados especialmente para sinalização, na falta destes, poderão ser utilizados outros, como galhos de árvore, cavaletes de obra, latas, pedaços de madeira, pedaços de tecido, plásticos etc. À noite ou sob neblina, a sinalização deve ser feita com materiais luminosos: lanternas, pisca-alerta e faróis dos veículos. 40 O emprego de pessoas para a sinalização é bastante eficiente, porém,sempre arriscado. Ao colocá-las para realizar a sinalização, será necessário adotar alguns cuidados: • As roupas devem ser coloridas e contrastar com o terreno. • As pessoas devem ficar na lateral da pista, sempre de frente ao fluxo. • Devem ficar agitando um pano colorido para alertar os motoristas. • Devem prestar atenção e estar sempre preparadas para o caso de surgir algum veículo desgovernado. •As pessoas nunca devem ficar depois de uma curva, pois têm de ser vistas, de longe, pelos demais motoristas. Check-list das condições do veículo Antes de qualquer viagem, a verificação das condições do veículo é de grande importância, recomendando-se verificar: • freios. • pneus. • mangueiras. • extintor. • equipamentos de sinalização. • paletas do limpador do pára-brisa. • Equipamentos de Proteção Individual – EPI. Seqüestros e Roubos Caso isso aconteça, comporte-se de maneira a diminuir o risco de perda do bem mais precioso: a sua vida, seguindo as dicas abaixo: • Nunca reaja - O elemento surpresa é favorável ao criminoso, que na grande maioria das vezes não está sozinho e pouco tem a perder. • Comunique-se de forma clara e faça movimentos lentos, mantenha as mãos onde o cri- minoso possa vê-las. Responda com calma ao que lhe for perguntado ou avise qualquer gesto ou movimento a ser realizado. • Não discuta, evite brincadeiras ou conversas. Entregue exigir. Dessa forma o tempo do roubo/seqüestro será menor. • Não olhe diretamente para os marginais – isso é visto como uma ameaça. • Procure memorizar todos os detalhes possíveis, fisionomia, modo e frases usadas, roupas, gírias, trajetos e locais, veículos utilizados etc. Quanto maior a riqueza de detalhes mais facilidade na investigação policial. • No cativeiro preste atenção aos detalhes e seja cooperativo. Preste atenção no que puder sobre detalhes da vida e dos hábitos dos seqüestradores. • Não tente fugir. É muito comum outras pessoas efetuarem a cobertura ao assalto/seqüestro. • Em caso de resgate pela polícia, jogue-se no chão, coloque as mãos na cabeça e não faça movimentos bruscos; esteja preparado para ser revistado e possivelmente algemado. Siga as determinações da polícia. 41 • Se presenciar um roubo, mantenha-se afastado do local e evite interferir diretamente. Ligue para a polícia transmitindo a descrição exata e o possível trajeto seguido. • Evite armas. Dificilmente poderá defender-se de um ataque surpresa. Lembre-se, suas chances de reação são muito pequenas, e o risco de que a arma seja usada contra você é muito grande. •Jamais ameace um criminoso. Procedimentos de emergência em caso de catástrofes naturais Trataremos aqui alguns conceitos e medidas importantes que podem ser úteis. Enchentes • Inundações repentinas, bruscas ou enxurradas. • Chuvas fortes ou moderadas, mas duradouras (intensas). • Inundações lentas ou de planície. Dicas: • Avise ao Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil sobre áreas afetadas pela inundação. • Salve e proteja a sua vida, a de seus familiares e amigos. Se for pego de surpresa pela água e precisar retirar algo de seu caminhão, alojamento ou casa, antes ou após a inundação, peça ajuda à Defesa Civil ou ao Corpo de Bombeiros. • Nunca arrisque atravessar terrenos inundados; a enxurrada arrasta muitos obstáculos (terra, postes, animais mortos etc.), para a área inundada, portanto, mesmo parecendo seguro não arrisque sua vida nem o equipamento. • Caso dê tempo, coloque documentos e objetos de valor em um saco plástico bem fechado e em local protegido. • Água para Consumo Humano: pode ser fervida ou tratada com água sanitária, na proporção de 2 gotas de água sanitária para 1 litro de água, ou tratada com hipoclorito de sódio, na proporção de 1 gota de hipoclorito para 1 litro de água. Nos dois casos, deixar em repouso por 30 minutos. Desmoronamento ou deslizamento Desmoronamento ou deslizamento é um fenômeno provocado pelo escorregamento de materiais sólidos, como solos, rochas, vegetação e/ou material de construção ao longo de terrenos inclinados, denominados de “encostas”, “pendentes” ou “escarpas”. Procedimentos: • Ao verificar os riscos de deslizamento de um morro ou encosta, avise imediatamente ao Corpo de Bombeiros e à Defesa Civil. • Se estiver alojado, esperando carga ou residindo em área de risco, verifique com sua vizinhança se existe um plano de evacuação. • Se observar o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas, inclinação de tronco de árvores, de postes e o surgimento de minas d’água, avise imediatamente a Defesa Civil. • Se em algum trecho de rodovia perceber sinais de desmoronamento, avise imediatamente a policia rodoviária, bem como os seus colegas de trabalho. 42 • Afaste-se e colabore para que curiosos mantenham-se afastados do local do deslizamento.• Não se arrisque sem necessidade, não entre nas áreas de deslizamento. Incêndio Florestal Incêndio Florestal é a propagação do fogo, em áreas florestais e de savana, ocorrendo com freqüência nos períodos de estiagem. Os incêndios podem iniciar-se de forma espontânea ou ser conseqüência de ações e/ou omissões humanas. Não jogue pontas de cigarro ou recipientes de vidro pela janela, pois eles podem causar incêndios. Emcaso de Incêndio ao longo das rodovias: • Focos de incêndio na faixa de domínio de uma rodovia, avise imediatamente a Policia Rodoviária. • Em caso de muita fumaça na pista, execute procedimentos de neblina. • Evite ultrapassagens perto de focos de incêndio ao longo das rodovias. • Não estacione ou pare para observar a área em chamas, do interior do veículo temos uma falsa impressão da área coberta pelo fogo e da temperatura nas proximidades da queimada. 43 5.2 Noções de Combate ao Incêndio Trataremos neste título dos tipos mais comuns de incêndios e a forma de preveni-los, também as regras básicas de primeiros socorros em caso de queimaduras, explicitando ainda: - Noções básicas de combate a incêndio. - Classificação dos tipos de incêndio. - Utilização dos equipamentos de combate a incêndio. - Regras básicas de primeiros socorros. Noções de Combate ao Incêndio Podemos definir incêndio como fogo em local não desejado, capaz de provocar prejuízos materiais, queimaduras e intoxicações. O fogo, é um tipo de queima, combustão ou oxidação, que resulta de uma reação química em cadeia, na medida em que atuam os combustíveis, oxigênio e calor. Os veículos de transporte de cargas são passíveis de risco de incêndio, ocorrendo a partir da mangueira de borracha envelhecida que leva o combustível para o motor e este, aquecido, provoca o incêndio, ou ainda, causados pelo aquecimento das lonas de freio. Classificação dos tipos de Incêndios Os incêndios podem ser de 4 (quatro) classes: Classe A: fogo em combustíveis comuns que deixam resíduos, o resfriamento é o melhor método de extinção. Exemplo: Fogo em papel, madeira, tecidos etc. Classe B: fogo em líquidos inflamáveis. Os materiais queimam em superfície e em profundidade. Nesse caso, o abafamento é o melhor método de extinção. Exemplo: Fogo em gasolina, óleo e querosene etc. Classe C: fogo em equipamentos elétricos energizados, agente extintor ideal é o pó químico e o gás carbônico. Exemplo: Fogo em motores transformadores, geradores, computadores motores etc. Classe D: fogo em metais combustíveis, agente extintor ideal é o pó químico especial. Essa classe requer agentes extintores específicos. Exemplo: Fogo em zinco, alumínio, sódio, magnésio etc. Os extintores são aparelhos portáteis ou carroçáveis que servem para extinguir princípios de incêndio. Devem estar em local visível e de fácil acesso. Equipamentos de combate ao incêndio É preciso conhecer e saber identificar o incêndio antes de escolher o agente extintor ou equipamento de combate ao fogo. Veículos como ônibus, microônibus, caminhão, reboque e semi-reboque de passageiros devem ter um extintor de incêndio, com carga de pó químico seco ou de gás carbônico. Os veículos de carga para transporte de líquidos ou gases inflamáveis devem ter um extintor de incêndio com carga de pó químico de oito quilogramas, ou dois extintores de incêndio com carga de gás carbônico de seis quilogramas cada. Quanto mais rápido o ataque às chamas, maior a probabilidade de reduzi-las e eliminá-las. A seguir, os tipos de extintores mais utilizados em veículos de transporte de cargas e o seu funcionamento: 44 EXTINTOR DE PÓ QUÍMICO SECO Indicado para incêndios de classe “C” e sem grande eficiência para a classe “A”. Não possui contra-indicação. Modo de usar Pressurizado: Rompa o lacre e aperte o gatilho, dirigindo o jato para a base do fogo. A pressurizar: Abra o registro da ampola de gás e dirija o jato para a base do fogo. Processo de extinção: Abafamento. EXTINTOR DE GÁS CARBÔNICO Indicado para incêndios de classe “C” e sem grande eficiência para a classe “A”. Não possui contra-indicação. Modo de usar: Rompa o lacre e aperte o gatilho, dirigindo o difusor para a base do fogo. Não toque no difusor, poderá gelar e “colar” na pele causando lesões. Processo de extinção: Abafamento. Incêndios de classe “D” requerem extintores específicos, podendo em alguns casos serem utilizados o de Gás Carbônico (CO²) ou o Pó Químico Seco (PQS) Verifique o rótulo dos extintores, os quais devem conter: •Data de validade: o extintor deve estar dentro do prazo de validade. •Lacre de segurança: certifique-se de que o lacre esteja intacto. •Conformidade INMETRO: veja se o extintor possui o selo do INMETRO. •Condições gerais do extintor: não pode estar amassado, ter ferrugem e outros danos. Primeiros Socorros É o tipo de atendimento, temporário e imediato, que é prestado à vítima de acidente ou mal- súbito, antes da chegada do socorro médico, seu objetivo é resguardar a vítima, ou seja, a manutenção do suporte básico da vida. É importante chamar atenção para o fato de que a presença de um médico é sempre indispensável. Vendo uma pessoa com as roupas em chamas, obrigue-a a se jogar no chão, envolva-a com um cobertor, cortina etc. Realize combate ao fogo com os meios disponíveis. Ex: pano molhado, balde de água, mangueiras de jardim ou extintores e, posteriormente, chame o corpo de bombeiros (pelo telefone 193), que pode ser discado de qualquer telefone público gratuitamente. 45 5.3 Saúde no Trabalho Trataremos aqui da importância da saúde do trabalhador e a influência nas condições gerais na atividade laboral, estudando: •A importância da saúde física e mental do trabalhador. •Os riscos ergométricos para a saúde do trabalhador. •A importância de uma boa alimentação à saúde do trabalhador. •A importância dos exames de saúde periódicos. Segundo pesquisas a maioria dos caminhoneiros que cruzam as estradas federais sofrem de hipertensão, obesidade e sonolência, colocando em risco as próprias vidas e a de quem divide o espaço com eles no asfalto. Os exames periódicos de saúde e a adoção de algumas práticas, como por exempo postura adequada ao dirigir, parar o seu caminhão em áreas seguras e fazer pequenas caminhadas, podem prevenir doenças e evitar acidentes. Saúde Física e Mental do Trabalhador ”Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças ou enfermidade”. A medicina do trabalho pode ser definida como a ciência que por metodologia e técnicas próprias, estuda as causas das doenças ocupacionais, nela incluídas as doenças profissionais e as do trabalho, objetivando a prevenção. O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) tem por objetivo promover e preservar a saúde do conjunto dos seus trabalhadores, desenvolvendo ações de: 1. Promoção à saúde - as técnicas mais utilizadas são: exibição de filmes, reuniões de grupo, distribuição de folders e palestras. 2. Prevenção de doenças - realização obrigatória de exames médicos: admissional, periódi- co, retorno ao trabalho, mudança de função e demissional. Riscos Ergonômicos, Saúde Física e Mental A ergonomia ou engenharia humana é uma ciência recente, que estuda as relações entre o homem e seu ambiente de trabalho. Os riscos ergonômicos são os fatores que podem afetar a integridade física ou mental do trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doença. São considerados riscos ergonômicos: esforço físico excessivo, levantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposição de rotina intensa. Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios
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