Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR A trajetória de construção do Sistema Único de Saúde (SUS), ao longo dos anos, demonstra que o conceito de saúde foi ampliado, e que as ações em saúde foram expandidas com o propósito de contemplar intervenções capazes de garantir a integralidade da assistência à saúde. Observou-se que para possibilitar a integralidade da assistência à saúde seria necessário integrar diferentes profissionais aos diversos serviços e níveis de atenção à saúde, e assim ampliar as possibilidades de atenção à saúde numa perspectiva de cuidado interdisciplinar. A interdisciplinaridade no cuidado em saúde se expressa através da integração e da articulação de diferentes saberes e práticas capaz de produzir intervenções em comum, não deixando de valorizar o conhecimento e as atribuições das diferentes categorias profissionais. Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas para um indivíduo, uma família ou um grupo que resulta da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar com Apoio Matricial, se esse for necessário. Apoio matricial é definido como um modelo de organização em que as equipes que atuam junto à população recebem apoio técnico em áreas específicas, sendo um espaço de construção compartilhada para o suporte técnico-pedagógico e assistencial às equipes das unidades de saúde, e o aumento de seu poder resolutivo. O apoiador matricial deve ser um especialista diferenciado das equipes de SF, em termos de conhecimento e de perfil, contribuindo com saberes e intervenções que aumentem a capacidade resolutiva da equipe de saúde. No contexto brasileiro, o PTS é frequentemente utilizado no nível primário de atenção à saúde, com o apoio da equipe dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF – Núcleos de Apoio à Saúde da Família) ou outra equipe matricial. O Apoio Matricial é uma ferramenta complementar e muitas vezes essencial na Atenção Primária à Saúde (APS) que muitas vezes necessita de apoio especializado que permite uma discussão interdisciplinar para a elaboração de um PTS, ampliando as possibilidades de atuação Projeto Terapêutico Singular (PTS) Pode ser compreendido como uma ferramenta de gestão do cuidado que busca reunir, organizar e registrar, diversas possibilidades terapêuticas, nas múltiplas dimensões do processo-saúde-doença. Sugere-se que a construção do PTS ocorra por meio do diálogo entre profissionais de distintas áreas de formação e atuação, com vistas a alcançar a singularidade de um indivíduo, de sua família e ou grupo social, devendo contar com apoio matricial, se necessário, favorecendo a promoção da autonomia, cidadania e participação social dos usuários. Estratégia de intervenção privilegiada, que possui os seguintes recursos: equipe, território, família e o próprio sujeito. A elaboração do projeto é de responsabilidade de todos, incluindo o usuário, tendo como função elaborar diagnóstico, avaliar os riscos, definir as ações e seus responsáveis. O apoio matricial visa auxiliar a equipe de referência na construção e na execução do PTS de um sujeito que demanda intervenções em saúde, mas que a equipe de referência, a princípio, tenha algum tipo de dificuldade. O PTS requer uma avaliação de âmbito orgânico, psicológico e social com o objetivo de identificar elementos de vulnerabilidade do usuário; uma definição de metas terapêuticas e redefinição das linhas de intervenção terapêutica; a definição de tarefas e encargos dos vários especialistas, ocasião em que se deixa explícito as atribuições de cada um dos envolvidos no cuidado, e, por fim, a reavaliação das metas terapêuticas para averiguar o progresso do usuário e estabelecer mudanças que terão que ser realizadas. O Ministério da Saúde pressupõe que a construção do PTS seja dividida em quatro etapas: 1. A primeira etapa baseia-se no diagnóstico e análise situacional do sujeito ou coletivo em questão, avaliando sua abrangência, seus aspectos físicos, psíquicos e sociais. O objetivo é possibilitar uma conclusão sobre os riscos, vulnerabilidades, resiliência e potencialidades do sujeito, suas crenças, desejos e interesses, seu trabalho, cultura e rede de apoio familiar e social; 2. A segunda etapa define ações e metas de curto, médio e longo prazo que serão discutidas e negociadas com o tema ou grupo em questão, envolvendo um processo decisório compartilhado; 3. A terceira etapa é a divisão de responsabilidades que é atribuída a cada um dos participantes do PTS (usuário, equipe de atenção básica, NASF ou outra equipe de pais). É hora de definir o profissional de referência para o caso. Esta deve ser a pessoa da equipe com quem o indivíduo formou o maior vínculo, para facilitar o processo de cuidar, podendo, preferencialmente, ser o gestor do PTS; 4. A quarta e última etapa é a reavaliação, que discute a evolução do caso, rumos, mudanças, novos objetivos e mudanças (se necessário). Ou seja, é a etapa de realização do inventário do PTS. A primeira etapa do PTS consiste na análise diagnóstica e situacional do caso, avaliando as potencialidades, crenças, valores, riscos, vulnerabilidades e aspectos sociais, familiares, culturais, psíquicos e físicos dos sujeitos. É nessa ocasião que se estabelece o vínculo inicial com o paciente, e os profissionais devem atuar de forma empática, orientando o acolhimento de forma a garantir a integralidade das questões que envolvem cada indivíduo. Uma abordagem inicial baseada na escuta qualificada é essencial para o estabelecimento do vínculo e para a detecção de situações a serem discutidas e trabalhadas ao longo do planejamento do PTS. A segunda etapa do desenvolvimento do PTS, são definidas as ações e metas de longo, médio e longo prazo, a serem alcançadas por meio do tratamento, certificando-se, assim, que a importância deste momento está na participação dos usuários nas decisões a serem tomadas e objetivos pretendidos, uma vez que esse é um processo compartilhado entre equipe e usuário. A terceira etapa deve ser o compartilhamento de responsabilidades entre todas as partes envolvidas no PTS (usuário, família, equipes, etc.). Neste momento, define-se o técnico de referência do PTS (TR – técnico de referência ), ou seja, o profissional que mais ativamente acompanhará o caso, podendo ser o gestor do projeto terapêutico. É aconselhável que a escolha desse profissional se baseie no vínculo que ele desenvolveu com os usuários, pois facilita o cuidado e a ideia de corresponsabilidade. É importante que cada etapa do desenvolvimento do PTS seja compartilhada com o sujeito, que será o protagonista do projeto, para que desde o início se evidencie o conceito de corresponsabilidade, assim tanto a equipe de referência quanto o indivíduo participam do planejamento do PTS e execução. Nesse momento, cabe à equipe de desenvolvimento do PTS identificar, junto aos usuários, como eles pretendem realizar seu tratamento e se, naquele momento, ele é capaz de gerenciar suas ações e tomadas de decisão por conta própria A quarta e última etapa do PTS é o momento da reavaliação. Nessa ocasião, que deve ser periódica, discute- se com os usuários a evolução do tratamento, assim como os avanços e dificuldades enfrentados até aquele momento, faz-se recombinação, incorporam- se novas ações (se necessário) e traçam-se novas metas. PTS - QUATRO MOMENTOS: 1) Diagnóstico: deverá conter uma avaliação, que possibilite uma conclusão a respeito dos riscos e da vulnerabilidade do usuário. 2) Definição de metas: curto, médio e longo prazo. 3) Divisão de responsabilidades: é importante definir as tarefas de cada um com clareza. 4) Reavaliação: momento em que se discutirá a evolução e se farão as devidas correções de rumo. A escolha dos casos para reuniões de PTS: a proposta é de que sejam escolhidos usuários ou famílias em situações mais graves ou difíceis, na opinião de alguns membros da equipe (qualquer membro da equipe). As reuniões para discussãode PTS: vínculo dos membros da equipe com o usuário e a família. Cada membro da equipe, a partir dos vínculos que construiu, trará para a reunião aspectos diferentes e poderá também receber tarefas diferentes, de acordo com a intensidade e a qualidade desse vínculo. Um membro da equipe também pode assumir a coordenação de um projeto terapêutico singular frente à equipe. Uma estratégia que algumas equipes utilizam é reservar um tempo fixo, semanal ou quinzenal, para reuniões exclusivas do PTS. Tempo de um PTS: o tempo de formulação e acompanhamento do PTS depende da característica de cada serviço. • Serviços de saúde na Atenção Básica e Centros de Especialidades com usuários crônicos têm um seguimento longo (longitudinalidade) e também uma necessidade maior da Clínica Ampliada. Isso, naturalmente, significa processos de aprendizado e transformação diferenciados. • Serviços com tempo de permanência e vínculo menores farão PTSs com tempos mais curtos (Hospitais) PTS e Mudança: quando ainda existem possibilidades de tratamento para uma doença, o investimento da equipe de saúde faz diferença no resultado. O encorajamento e o apoio podem contribuir para evitar uma atitude passiva por parte do usuário. Uma pessoa menos deprimida, que assume um projeto terapêutico solidário, como projeto em que se (re)constrói e acredita que poderá ser mais feliz, evidentemente tende a ter um prognóstico e uma resposta clínica melhor • É elaborado especificamente para uma pessoa, uma família ou um grupo, com intuito de promover a integralidade e a equidade do cuidado, princípios básicos do SUS. A construção do PTS pressupõe uma maior participação do sujeito na elaboração, aplicação e avaliação de seu projeto terapêutico, estimulando a participação da família no processo de cuidado visando facilitar a reinserção social do indivíduo em seu meio. PTS visa contemplar as necessidades do indivíduo de forma singular, pois é personalizado de forma ampla e suas ações não se restringem apenas ao atendimento de demandas relacionadas a problemas clínicos e terapias farmacológicas. • O PTS também leva em consideração as vulnerabilidades do assunto, que, além de contemplar dimensões individuais, culturais, econômicas e sociais, possui uma dimensão programática, que diz respeito a estratégias e programas que visam o atendimento de determinada necessidade de um indivíduo. • O PTS é uma ferramenta que facilita as ações de saúde, pois estabelece e organiza o cuidado, promove a autonomia e contribui para a noção de corresponsabilidade, pois é por meio do diálogo entre equipe multiprofissional e usuário, considerando as particularidades do sujeito e do características de cada caso. • Envolve um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, direcionadas a um indivíduo, família ou coletividade; • Tem como objetivo traçar uma estratégia de intervenção para o usuário, contando com os recursos da equipe, do território, da família e do próprio sujeito e envolve uma pactuação entre esses mesmos atores. • O trabalho em equipe, elemento essencial para a elaboração pactuada e compartilhada do projeto terapêutico, implica em compartilhamento de percepções e reflexões entre profissionais de diferentes áreas do conhecimento na busca pela compreensão da situação ou problema em questão. • A construção de um PTS exige a presença e colaboração de sujeitos comprometidos com propostas e condutas terapêuticas articuladas, envolvendo quatro pilares: hipótese diagnóstica, definição de metas, divisão de responsabilidades e reavaliação. O Projeto Terapêutico Singular (PTS) :é utilizado como estratégia na reorganização do processo de trabalho de equipes de saúde, nos diferentes níveis de atenção, além de estabelecer interconexões dos serviços dentro da rede de atenção com vistas à integralidade da atenção à saúde: Projeto terapêutico singular na produção do cuidado integral: uma construção coletiva, 2011 Elaborar PTS • Saúde Materno-Infantil LINHAS DE CUIDADO Definição de Linhas de Cuidado = A Linha de Cuidado caracteriza-se por padronizações técnicas que explicitam informações relativas à organização da oferta de ações de saúde no sistema, nas quais: • Descrevem rotinas do itinerário do paciente, contemplando informações relativas às ações e atividades de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, a serem desenvolvidas por equipe multidisciplinar em cada serviço de saúde. • Viabilizam a comunicação entre as equipes, serviços e usuários de uma Rede de Atenção à Saúde, com foco na padronização de ações, organizando um continuum assistencial. Linhas de Cuidado = Desenvolvidas sob a perspectiva do cenário de saúde pública brasileira, sua implantação deve ter a Atenção Primária em Saúde como gestora dos fluxos assistenciais, sendo responsável pela coordenação do cuidado e ordenamento das Redes de Atenção à Saúde. É importante considerar o papel de referência regional, na interface intermunicipal, que as unidades já exerçam nas regiões de saúde. A pactuação deve ser formalizada e as redes desenvolvidas sob esta óptica. Este material contém um guia do manejo terapêutico, porém cabe ao profissional de saúde avaliar a especificidade de cada paciente. PROTOCOLOS E DIRETRIZES PROTOCOLOS E DIRETRIZES DO MUNICÍPIO //////// PROTOCOLOS E DIRETRIZES DE GRUPOS DE ESTUDO/IDENTIDADES.
Compartilhar