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Migração Aula 3

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Professora Dra. Andrea M. C. Pacheco Pacífico
Aluno: Kelvin Araújo da Nóbrega Dias – 2020073230
Qual é a interrelação entre as causas e as consequências das migrações - direta ou inversamente proporcional? Até que ponto a ausência de proteção aos migrantes forçados resulta da ausência de vontade política estatal/da sociedade internacional?
De acordo com Castles (2005): “As migrações resultam da integração de comunidades locais e de economias nacionais em relações globais; e são, simultaneamente, fatores de novas transformações sociais, tanto nos países emissores como nos receptores”. O autor (CASTLES, 2005) continua, apontando que as pessoas migram em busca de segurança e melhores condições de vida, sendo atualmente um fenômeno cada vez mais comum.
As motivações para emigrar, independentemente de serem políticas ou econômicas, estão associadas à violência generalizada e duradoura que resultou dos acelerados processos emergentes de descolonizações e da globalização, sob condições determinadas pelos países desenvolvidos (ZOLBERG et al, 1989 apud CASTLES, 2005).
A partir do conceito de globalização, pode-se entender as migrações internacionais, pois essas são parte integrante da mesma, que é caracterizada como “o alargamento, o aprofundamento e a aceleração das interconexões à escala mundial de todos os aspectos da vida social contemporânea” (HELD et al. 1992, 2, apud CASTLES, 2005).
Ainda de acordo com Castles (2005), o indicador-chave da globalização são os fluxos transfronteiriços: “financeiros, comerciais, de ideias, de poluição, de produtos oferecidos pelos meios de comunicação social e de pessoas”. Sendo a rede transnacional a principal estrutura organizativa de todos estes fluxos, ela pode assumir diversas formas entre elas: ONGs, empresas multinacionais, organizações criminosas globais etc.
A causa mais evidente das migrações é a disparidade inter-regional nos níveis de rendimento, de emprego e de bem-estar social. São também importantes as diferenças nos padrões demográficos respeitantes à fertilidade, à mortalidade, à estrutura etária e ao crescimento da mão-de-obra (HUGO, 1998 apud CASTLES, 2005).
Castles (2005) ainda aponta que não existe qualquer tipo de relação simples entre a pobreza e a emigração, pois as saídas das áreas mais pobres podem ser extremamente raras, tendo em vista que as pessoas não possuem dinheiro o suficiente para viajar, nem o capital cultural necessário para tomarem conhecimento das oportunidades que existem em outros locais, nem o capital social necessário para obterem sucesso na busca por trabalho e para se adaptarem ao novo ambiente.
Porém, no caso de uma catástrofe (como uma guerra ou a degradação do ambiente) que destrua os níveis mínimos de subsistência, mesmo os mais pobres podem ser forçados a emigrar, normalmente em condições terríveis. Assim, as migrações constituem tanto um efeito como uma causa do desenvolvimento. Este conduz à emigração porque as melhorias econômicas e dos níveis de instrução alcançados capacitam as pessoas para procurar melhores oportunidades noutros locais. As investigações mostram que são os grupos de rendimentos médios, em áreas em desenvolvimento, que maiores probabilidades têm de vir a partir. À medida que o rendimento aumenta, a emigração tende a declinar (ONU, 1998 apud CASTLES, 2005).
Nesse caso, como à medida que o rendimento aumenta, a emigração tende a declinar, é um fenômeno inversamente proporcional. Porém depende, quando na medida em que perseguições religiosas ou por orientação sexual/gênero, cor ou qualquer outro tipo de discriminação social ocorre por parte do Estado a tendência é a emigração aumentar, então, nesse caso é diretamente proporcional.
De acordo com Pacífico (2014), as consequências mais comuns produzidas pelo fenômeno migratório global são todas interdependentes, sendo elas políticas, econômicas, sociais e culturais. Elas podem ser elencadas a seguir:
• Violação dos direitos humanos, como ausência de proteção estatal na garantia, na proteção e na promoção de vários direitos políticos e civis (liberdade de raça, religião, expressão, locomoção, participação política etc.), com a construção de centros de detenção para migrantes e deslocados e a construção de cerca que impedem a mobilidade humana; econômicos, sociais e culturais (não discriminação, dificuldade de acesso ao trabalho e ao emprego, à documentação, à saúde, à educação, à habitação, ao idioma, à previdência social, ao lazer, aos princípios éticos e morais, aos costumes etc.); e de direitos a um ambiente sadio e equilibrado;
• Aumento das desigualdades pré-existentes e da discriminação, marginalizando ainda mais populações migrantes mais vulneráveis, como mulheres solteiras, pobres, idosos, deficientes e portadores de HIV/AIDS e outras doenças crônicas, além de afetar os direitos das minorias, como dos povos indígenas e intensificar tensões interétnicas ou de identidade de grupos no local de acolhimento;
• Problemas de saúde, como desnutrição, em virtude da ausência de alimentos, epidemias, causados pela ausência de assistência em saúde ou decorrentes da insalubridade dos locais de acolhimento e durante o trânsito migratório;
• Conflito e violência, pela ausência de recursos alimentares e de água, de habitação, de emprego e outras formas que facilitem à integração no local de acolhimento, além de violência sexual e de gênero, do recrutamento de crianças soldados e da dificuldade em reunir familiares separados durante a migração ou o deslocamento; e
• Insegurança (política, econômica, societal, ambiental etc.), inclusive alimentar, tanto pelos conflitos e pela violência gerados pela escassez de meios de subsistência, quanto pela ausência de ampla proteção no local de acolhimento, o que dificulta a adoção de estratégias de autosustentabilidade, de adaptação, de mitigação e de resiliência (CASTLES, 2005; ZETTER; BOANO; MORRIS 2008; KÄLIN E SCHREPFER, 2008; LACKZ; AGHAZAM, 2009; LECKIE, 2009; HOMER-DIXON, 1991 apud PACÍFICO, 2014).
É possível observar um esforço por parte dos Estados/sociedade internacional, como apontam Betts e Kainz (2017), que na época da crise de refugiados na Europa, os governos discutiam sobre se seria necessária uma conferência internacional para aprimorar a ação coletiva relacionada ao movimento em larga escala de refugiados e migrantes, à medida que procuravam soluções. Apesar das opiniões divergentes entre as principais agências, foi finalmente acordado que uma Cúpula das Nações Unidas sobre Abordagem de Grandes Movimentos de Refugiados e Migrantes aconteceria em 19 de setembro de 2016, na abertura da semana de Alto Nível da Assembléia Geral da ONU. A Declaração de Nova York para Refugiados e Migrantes foi o principal resultado da reunião, que estabeleceu a vontade política dos Estados de agir para proteger refugiados e migrantes e enfrentar os desafios migratórios emergentes. Ou seja, é possível observar um esforço, mesmo que insuficiente para lidar com toda a demanda de refugiados e migrantes, por parte da sociedade internacional.
REFERÊNCIAS
BETTS, Alexander & KAINZ, Lena (2017). The history of Global Migration Governance. Working Paper Series. RSC Working Paper 122. Oxford: Refugee Studies Centre.
CASTLES, Stephen. Globalização, transnacionalismo e novos fluxos migratórios (2005). Cap. 1: As migrações internacionais no limiar do século XXI: Questões e tendências globais.
PACIFICO, Andrea P. (2014). Direitos Humanos e Migração. In FARIA, E. de & ZENAIDE, M. de N. (org.). Fraternidade em foco: um ponto de vista político. JP: Ideia, p.109-38.

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