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LÍNGUA INGLESA: GRAMÁTICA DO TEXTO E-book 1 Mariana Eunice Alves de Almeida Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTO 4 ATIVAÇÃO DOS CONHECIMENTOS PRÉVIOS NA LEITURA: ����������������������������13 Cognatos e falsos cognatos �������������������������������� 13 TÉCNICAS DE LEITURA: SKIMMING E SCANNING ������������������������������������������������19 A ORGANIZAÇÃO DO PARÁGRAFO: O TÓPICO FRASAL �����������������������������������27 CARACTERÍSTICAS DO TEXTO ORAL E ESCRITO ����������������������������������������31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������38 SÍNTESE �������������������������������������������������������39 2 INTRODUÇÃO Neste módulo, vamos abordar a leitura de um modo geral e como podemos estender os conceitos e es- tratégias que você encontrará aqui para realizar ou mesmo melhorar a sua leitura em língua inglesa� Em um primeiro momento, vamos explorar os signifi- cados de leitura e construção de sentido� Em seguida, vamos conhecer as principais técnicas de leitura que podem ajudar você a aperfeiçoar esse processo, por exemplo, direcionar a leitura de acordo com seus objetivos, além de saber como um parágrafo bem organizado pode auxiliar a compreender e a escrever um texto. Ao final, vamos fazer um levantamento sobre algumas características da linguagem e do texto oral e escrito� Bons estudos! 3 LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTO Neste tópico, vamos conhecer um pouco sobre o que é a leitura, quais são os seus objetivos, as suas principais definições, como a leitura é realizada e qual o papel do leitor neste processo� Também vamos conhecer qual é a diferença entre interpretação e compreensão de texto, bem como observar exemplos que nos fazem refletir sobre quais mecanismos nós costumamos ativar no momento da leitura� Para começar, vamos nos fazer uma pergunta que, no primeiro momento, nos parece óbvia: o que é leitura? Ora, você pode responder que leitura é a atividade de decodificar um texto (seja ele em linguagem verbal ou não verbal), certo? Bem, parece uma definição simples, e é dessa forma mesmo que geralmente respondemos a essa pergunta� No entanto, embora seja uma atividade simples, concreta – afinal, você mesmo a realiza todos os dias e observa milhares de pessoas lendo o tempo todo –, a leitura pode ser também uma atividade complexa, que pode ser re- alizada de diferentes formas, dependendo dos seus objetivos: geralmente lemos por diversão ou em bus- ca de informação� Koch e Elias (2008) argumentam que são os objetivos do leitor que direcionam a forma com que a leitura é 4 feita: em mais ou menos tempo, com mais ou menos atenção� Sobre os propósitos da leitura, as autoras afirmam que [...] podemos dizer que há textos que lemos porque queremos nos manter informados (jornais, revistas); há outros textos que lemos para realizar trabalhos acadêmicos (disserta- ções, teses, livros, periódicos científicos); há, ainda, outros textos cuja leitura é realizada por prazer, por puro deleite (poemas, contos, romances); e, nessa lista, não podemos nos esquecer dos textos que lemos para consulta (dicionários, catálogos), dos que somos “obri- gados” a ler de vez em quando (manuais, bu- las), dos que nos caem em mãos (panfletos) ou nos são apresentados aos olhos (outdoors, cartazes, faixas) (KOCH; ELIAS, 2008, p. 19). É importante ter em mente: sempre que lemos algu- ma coisa (livro, manual de instruções, sinalização de trânsito, panfleto com ofertas de supermercado), estamos construindo algum significado ou obtendo alguma informação� Às vezes, lemos sem querer, sem perceber que estamos realizando uma atividade de leitura, como quando batemos o olho em um outdoor ou quando conferimos o feed de notícias das nossas mídias sociais, por exemplo� Mesmo nesses casos, temos um propósito implícito, que é o de ler para se distrair ou fazer passar o tempo, e nesses momen- 5 tos de leitura despretensiosa, também construímos sentidos e obtemos informações (LAPKOSKI, 2012). Figura 1: Pessoa lendo informações no celular. Fonte: Unsplash. A leitura é, muitas vezes, entendida como decifração, entendimento de uma mensagem escrita em um de- terminado código (seja em uma língua específica ou uma imagem)� Porém, a leitura não é um processo somente de atribuição de significados a um texto escrito. Lapkoski (2012, p. 18) argumenta que ler é também a “construção de sentido que se faz da mensagem transmitida a partir do conhecimento de mundo que se tem para que essa nova mensagem, ou parte dela, passe a fazer parte do próprio leitor”� Koch e Elias (2008) também defendem uma definição de leitura que envolva não apenas o entendimento do conteúdo textual presente em um texto, mas também um conjunto de outros elementos que são mobiliza- 6 https://unsplash.com/photos/hmw698cRnHE dos no momento da leitura. As autoras afirmam que a leitura é uma atividade [...] interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organiza- ção, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento co- municativo (KOCH; ELIAS, 2008, p. 11). As duas definições de leitura apresentadas chamam atenção para a ativação de conhecimentos e expe- riências do leitor no momento da leitura, para poder construir o sentido do texto� Desta forma, podemos entender que, para ler, não basta termos o conhe- cimento apenas do código linguístico (da língua), mas devemos também ativar uma vasta gama de conhecimentos já adquiridos no momento da leitura� Conhecer a língua em que determinado texto foi pro- duzido é o primeiro passo para alcançarmos nosso objetivo de leitura; as outras etapas são construídas com a participação ativa do leitor neste processo� Isso mesmo! O leitor tem papel fundamental na lei- tura: você (leitor) não é um mero receptor passivo de informações para quem o escritor destina seu texto. Você é a peça-chave no processo quando adota um comportamento ativo para que o objetivo da leitura (seja ele buscar uma informação específica, aprender novos conceitos ou mesmo buscando entretenimen- to) seja alcançado� 7 FIQUE ATENTO É importante esclarecer alguns termos relacionados ao tema da leitura. Um deles é o significado de códi- go linguístico, que pode ser definido como um con- junto de signos convencionados que permite a ela- boração e o entendimento de uma mensagem� Por exemplo, as diferentes línguas que temos no mundo, a sinalização de trânsito de um determinado país e a língua de sinais� O termo codificação também é muito presente no universo da linguística. A codifica- ção é o processo, a maneira como o homem utiliza sua competência inata da linguagem para transmitir uma mensagem� Ocorre, por exemplo, quando orga- nizamos o nosso pensamento para escrever um bi- lhete, uma obra de ficção, para responder perguntas em uma entrevista de emprego, ou mesmo quando ativamos a nossa criatividade para construir uma obra de arte� Já a decodificação ocorre quando inter- pretamos, quando tentamos entender a mensagem que foi codificada, elaborada por outra(s) pessoa(s). A interação do leitor com o texto acontece quando há uma combinação entre o reconhecimento (por parte do leitor) das informações que constam expli- citamente no texto com o que está implicitamente sugerido – o que só pode ser percebido quando o leitor ativa os seus conhecimentos, a sua experiên- cia de vida no momento da leitura� Podemos, então, retomar o conceito de leitura, considerando-a como uma atividade na qual se consideram também as experiências e os conhecimentos do leitor� A leitura 8 de um texto “exige do leitor bem mais que o conhe- cimento do código linguístico, uma vez que o texto não é simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo” (KOCH; ELIAS, 2008, p. 11). Somos leitoresativos quando recorremos, na leitura, aos nossos conhecimentos prévios para estabelecer uma relação com as novas informações que obtemos no texto� Neste momento, fazemos inferências, com- paramos, construímos e confirmamos ou refutamos as hipóteses que fazemos previamente sobre o texto que lemos� É quando ativamos o que se chama de conhecimento de mundo (conhecimentos gerais so- bre o mundo, as experiências que construímos com nossas vivências pessoais, tudo aquilo que absor- vemos do mundo ao nosso redor) que conseguimos processar as informações que o texto nos apresenta, que conseguimos, portanto, produzir sentido para a atividade de leitura que realizamos� Ao considerarmos que a leitura é, então, uma ativi- dade de produção de sentido que envolve o conheci- mento do código linguístico e o papel ativo do leitor (quando se ativa os conhecimentos), temos uma definição de leitura mais abrangente, elaborada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais: A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e inter- pretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a lingua- 9 gem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por pa- lavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferên- cia e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificul- dades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas (BRASIL, 1998, p. 69-70). Essa definição de leitura é abrangente e contempla os elementos necessários para que façamos da lei- tura uma atividade eficiente: o papel do leitor ao ter bem delimitado seu objetivo, o conhecimento que já tem sobre o assunto, o conhecimento de mundo e sobre o código linguístico, além da atividade de antecipação e inferência das informações que ele retirará do texto a ser lido� As considerações de Lapkoski (2012) sobre os co- nhecimentos prévios ativados no momento da leitura confirmam sua importância para que haja a produção de sentido� No momento de leitura, não separamos o que estamos lendo do nosso conhecimento pré- vio. Dessa forma, “as ligações que fazemos entre o ‘novo’ e o ‘velho’ facilitam nosso processamento de informações e, assim, a compreensão do texto” (LAPKOSKI, 2012, p. 56). 10 Vamos observar a Figura 2 para termos um exemplo de como o conhecimento de mundo pode influenciar na compreensão de um texto� Figura 2: Exemplo de texto que ativa o nosso conhecimento de mundo. Fonte: Pixabay Nessa figura, temos uma caixa de diálogo (seme- lhante à que existe na maioria dos sistemas ope- racionais de computadores) com as seguintes pa- lavras: “Transformation...loading” (em português: Transformação���carregando)� Para entender a ima- gem, é importante saber que o círculo entre as duas palavras e o termo “loading” sempre aparece quando o computador está processando alguma informação, como quando faz um download, envia um documento para imprimir ou mesmo quando o sistema operacio- nal salva determinados arquivos em alguma pasta� O sentido de ironia que esta imagem apresenta só é possível de ser depreendido se o leitor ativar o conhecimento prévio sobre o uso de computadores – é neste momento que o leitor assume um papel ativo na leitura� 11 https://pixabay.com/illustrations/transformation-digital-visualization-3753439/ FIQUE ATENTO Ao abordarmos a questão da leitura, uma das dúvidas que surgem é o que é a compreensão e o que é a inter- pretação de texto� Será que elas são a mesma coisa? Não, não são� A compreensão de texto acontece quando voltamos nosso olhar para o que está escrito literalmen- te, de fato, no texto� Podemos dizer que, quando compre- endemos um texto, temos todas as informações presen- tes nele e a análise que fazemos busca a objetividade� Já a interpretação de texto acontece quando conseguimos concluir algo sobre o texto; é nossa maneira de entender o conteúdo que o texto apresenta� Podemos dizer que a informação está além do texto, mas com uma forte rela- ção com ele, e a análise que fazemos, quando interpre- tamos, busca a subjetividade� A interpretação requer um conhecimento prévio sobre o assunto tratado no texto e um posicionamento crítico por parte do leitor� Nesta primeira seção, discutimos um pouco sobre o que é leitura e o que é necessário para que esta ati- vidade seja bem realizada� Dentre os elementos que garantem a eficiência da leitura, estão os conheci- mentos sobre o código linguístico (uma determinada língua)� É sobre algumas particularidades da língua inglesa, em comparação com a língua portuguesa, que vamos tratar no próximo tópico ao falarmos so- bre os cognatos e os falsos cognatos� 12 ATIVAÇÃO DOS CONHECIMENTOS PRÉVIOS NA LEITURA: Cognatos e falsos cognatos Neste tópico, vamos conhecer como geralmente ati- vamos, sem perceber, os nossos conhecimentos pré- vios no momento em que lemos um texto em língua inglesa� Conforme já discutido, a compreensão de um texto conta, em sua maior parte, com o conhecimento que o leitor já possui, ou seja, o seu conhecimento prévio� Além dele, é de extrema importância que o leitor tenha conhecimentos sobre a língua em que o texto foi escrito – no nosso caso, a inglesa� A língua inglesa apresenta muitas semelhanças de vocabulário com a língua portuguesa. Isso se deve ao fato de o português ser uma língua de origem latina e o inglês ter recebido muita contribuição do latim em seu vocabulário� De acordo com Souza, Absy, Costa e Mello (2015, p. 22), é por isso que “até os leitores que julgam nada saber sobre a língua inglesa conse- guem reconhecer muitas palavras em textos nesse idioma”� Palavras como important, modern, interpre- tation, map, entre outras, são muito semelhantes às palavras: importante, moderno, interpretação e mapa, em português� Essas palavras, parecidas e com os mesmos significados, são chamadas de cognatos. 13 Podcast 1 Vamos treinar a identificação de cognatos? Leia Recycling is important e identifique as palavras que você acredita que tenham significados similares na língua portuguesa� Recycling is Important Recycling is one of the best ways for you to have a po- sitive impact on the world in which we live. Recycling is important to both the natural environment and us. We must act fast as the amount of waste we create is increasing all the time. The amount of rubbish we create is constantly incre- asing because: Increasing wealth means that people are buying more products and ultimately creating more waste. Increasing population means that there are more people on the planet to create waste. New packaging and technological products are being developed, much of these products contain materials that are not biodegradable. New lifestyle changes, such as eating fast food, means that we create additional waste that isn’t biodegradable. Environmental Importance Recycling is very important as waste has a huge ne- gative impact on the natural environment. Harmful chemicals and greenhouse gasses are rele- ased from rubbish in landfill sites. Recycling helps to reduce the pollution caused by waste. Habitat destruction and global warming are some of the effects caused by deforestation. Recycling redu- ces the need for raw materials so that the rainforests can be preserved. 14 https://famonline.instructure.com/files/168620/download?download_frd=1 Huge amounts of energy are used when making pro- ducts from raw materials. Recycling requires much less energy and therefore helps to preserve natural resources. Importance to People Recycling is essential to cities around the world and to the people living in them. No space for waste. Our landfill sites are filling up fast, by 2010, almost all landfills in the UK will be full. Reducefinancial expenditure in the economy. Making products from raw materials costs much more than if they were made from recycled products. Preserve natural resources for future generations. Recycling reduces the need for raw materials; it also uses less energy, therefore preserving natural resour- ces for the future. (Fonte: Recycling-guide. Acesso em: 15 ago. 2019 - Adaptado). Note quantos cognatos podemos encontrar somen- te neste texto: recycling, important, positive, impact, natural, constantly, products, population, planet, tech- nological, contain, materials, biodegradable, additio- nal, importance, negative, gasses, reduce, pollution, habitat, destruction, global, effects, energy, preserve, space, economy, future, generations� Conhecer os cognatos da língua inglesa nos ajuda a compreender um texto com mais facilidade� No texto dado como exemplo, sabemos que se trata da importância da reciclagem somente ao ler o títu- lo, pois “Recycling is important” é formado por dois cognatos: reciclagem e importante� 15 http://www.recycling-guide.org.uk/importance.html Se, por um lado, temos palavras que são muito pa- recidas em ambas as línguas e que apresentam o mesmo significado, por outro lado, há palavras na língua inglesa que parecem muito com palavras exis- tentes na língua portuguesa, mas que apresentam significados completamente diferentes – é o caso dos falsos cognatos (false cognates ou false friends)� Segundo Ferro (2012, p. 47), essas palavras possuem “significados e usos diferentes em português e inglês, o que pode levar-nos a fazer confusão”� A seguir, encontramos uma relação de falsos cogna- tos mais frequentes da língua inglesa, quando com- parados às palavras que apresentam semelhança com a língua portuguesa� No lado esquerdo da Tabela 1, estão as palavras e seus significados; no lado di- reito, estão as palavras que esses termos em inglês nos fazem lembrar e a forma correta deles em inglês� Inglês Português actually (na verdade) atualmente (nowadays) anthem (hino) antena (antenna) argument (discussão) argumento (reasoning) attend (participar) atender (answer) balcony (sacada) balcão (counter) braces (aparelho dentário) braços (arms) cigar (charuto) cigarro (cigarette) collar (colarinho, gola) colar (necklace) college (faculdade) colégio (school) data (dados) data (date) diversion (desvio) diversão (fun) exit (saída) êxito (success) exquisite (sofisticado) esquisito (strange) 16 Inglês Português fabric (tecido) fábrica (factory) idiom (expressão idiomática) idioma (language) intend (pretender) entender (understand) lecture (palestra) leitura (reading) legend (lenda) legenda (subtitle) library (biblioteca) livraria (bookstore) mayor (prefeito) maior (bigger) office (escritório) oficial (official) parents (pais – mãe e pai) parentes (relatives) pull (puxar) pular (jump) push (empurrar) puxar (pull) sensible (sensato) sensível (sensitive) Tabela 1: Principais falsos cognatos da língua inglesa. Fonte: Elaborada pela autora (2019). Uma das maiores confusões feitas por falantes da língua portuguesa são os falsos cognatos push (em- purrar) e pull (puxar). Quase todos que leem “push”, puxam a porta ao invés de empurrá-la (Figura 3). 17 Figura 3: Pessoa puxando a porta.Fonte: Cycle Law Nesta seção, estudamos o quanto é importante co- nhecer os cognatos e os falsos cognatos da língua inglesa� Esse conhecimento pode até nos livrar de situações constrangedoras. No próximo tópico, va- mos conhecer algumas técnicas que podem otimizar e muito a leitura e compreensão de textos� Vamos lá? 18 https://www.cyclelaw.com.au/author/frankie/ TÉCNICAS DE LEITURA: SKIMMING E SCANNING Neste tópico, vamos conhecer um pouco as prin- cipais técnicas de leitura que podem ser aplicadas para ler textos em língua inglesa e portuguesa� Como assim? Além de ativar os conhecimentos prévios e os sobre a língua, é possível aplicar técnicas para realizar uma leitura? É sim, e elas ajudam e muito� Então, vamos estudá-las! Sabemos que toda leitura tem um objetivo, mesmo quando não estamos cientes desse objetivo� E é de acordo com a atenção que você destina ao seu pro- cesso de leitura que você pode obter um nível mais alto ou mais baixo de compreensão do texto� Por exemplo, quando lemos rapidamente um texto para saber do que se trata (assunto/tema), olhamos para os títulos, subtítulos, tabelas, imagens e cognatos� Entretanto, quando lemos um texto com mais aten- ção, procurando os detalhes, vamos além dos itens gerais, na busca por palavras-chave� A esses dois tipos de atitude de leitura damos o nome de skim- ming e scanning� Em inglês, skimming significa “deslizar sobre algo”, “passar os olhos sobre algo”� É exatamente isso que fazemos com o texto: nós o observamos rapidamente para identificar o assunto geral, sem dar muita aten- ção aos detalhes� Olhamos para o título, subtítulos (se houver), cognatos, primeiras e últimas linhas de 19 cada parágrafo, ou mesmo o primeiro e o último pará- grafos do texto, bem como para as imagens, gráficos e tabelas� Trata-se de uma técnica muito utilizada em no cotidiano, por exemplo, quando folheamos um jornal, acompanhamos o feed de notícias nas mídias sociais ou mesmo quando pesquisamos material bibliográfico para nossas pesquisas de faculdade (SOUZA; ABSY; COSTA; MELLO, 2005). Já o scanning (da palavra “scan”, escanear) consiste na técnica de ler o texto para buscar alguma infor- mação específica – olhamos para o texto a fim de encontrá-la, ignorando as demais partes� Também utilizamos muito esta técnica quando, por exemplo, consultamos um dicionário para obter o significado de uma palavra, quando buscamos o telefone de um contato em nossa agenda, quando olhamos o índice de um livro ou revista para achar a matéria, para encontrar o texto que nos interessa, entre outras situações que têm por objetivo buscar algo especifico no texto (SOUZA; ABSY; COSTA; MELLO, 2005). Vamos analisar um exemplo de como aplicar a téc- nica de skimming; para isso, leia apenas o título e a primeira sentença de cada parágrafo de The personal qualities of a teacher e tente descobrir qual é o seu assunto� 20 THE PERSONAL QUALITIES OF A TEACHER Here I want to try to give you an answer to the question: What personal qualities are desirable in a teacher? Probably no two people would draw up exactly similar lists, but I think the following would be generally accepted. First, the teacher’s personality should be pleasantly live and attractive. This does not rule out people who are physically plain, or even ugly, because many such have great personal charm. But it does rule out such types as the over-excitable, melan- choly, frigid, sarcastic, cynical, frustrated, and over- -bearing: I would say too, that it excludes all of dull or purely negative personality. I still stick to what I said in my earlier book: that school children pro- bably ‘suffer more from bores than from brutes’. Secondly, it is not merely desirable but essen- tial for a teacher to have a genuine capacity for sympathy - in the literal meaning of that word; a capacity to tune in to the minds and feelings of other people, especially, since most teachers are school teachers, to the minds and feelings of chil- dren. Closely related with this is the capacity to be tolerant - not, indeed, of what is wrong, but of the frailty and immaturity of human nature which induce people, and again especially children, to make mistakes. Thirdly, I hold it essential for a teacher to be both intellectually and morally honest. This does not mean being a plaster saint. It means that he will be aware of his intellectual strengths, and limitations, and will have thought about and decided upon the moral principles by which his life shall be guided. There is no contradiction in my going on to say that a teacher should be a bit of an actor. That is part of the technique of teaching, which demands that every now and then a teacher should be ableto put on an act - to enliven a lesson, correct a fault, or 21 award praise. Children, especially young children, live in a world that is rather larger than life. A teacher must remain mentally alert. He will not get into the profession if of low intelligence, but it is all too easy, even for people of above-average intelligence, to stagnate intellectually - and that means to deteriorate intellectually. A teacher must be quick to adapt himself to any situation, however improbable and able to improvise, if necessary at less than a moment’s notice. (Here I should stress that I use ‘he’ and ‘his’ throughout the book simply as a matter of convention and convenience.) On the other hand, a teacher must be capable of infinite patience. This, I may say, is largely a matter of self-discipline and self-training; we are none of us born like that. He must be pretty resilient; teaching makes great demands on nervous ener- gy. And he should be able to take in his stride the innumerable petty irritations any adult dealing with children has to endure. Finally, I think a teacher should have the kind of mind which always wants to go on learning. Teaching is a job at which one will never be perfect; there is always something more to learn about it. There are three principal objects of study: the sub- ject, or subjects, which the teacher is teaching; the methods by which they can best be taught to the particular pupils in the classes he is teaching; and - by far the most important - the children, young people, or adults to whom they are to be taught. The two cardinal principles of British education today are that education is education of the whole person, and that it is best acquired through full and active co-operation between two persons, the teacher and the learner. (Fonte: UEFAP. Acesso em: 15 ago. 2019 - Adaptado). 22 Se analisarmos o título, fazemos uma inferência de que o texto vai discorrer sobre as qualidades pesso- ais de um professor� Ao ler a primeira sentença de cada parágrafo, confirmamos essa hipótese: cada qualidade é apresentada em um parágrafo� E nem precisamos ler o texto todo, somente pequenas par- tes dele� Agora, vamos tentar aplicar a técnica de scanning para responder às seguintes perguntas sobre The Discovery of X-rays: 1) When were X-rays discove- red? 2) Who discovered them? 3) What are the four characteristics of X-rays? The Discovery of X-rays Except for a brief description of the Compton effect, and a few other remarks, we have post- poned the discussion of X-rays until the present chapter because it is particularly convenient to treat X-ray spectra after treating optical spectra. Although this ordering may have given the reader a distorted impression of the historical importance of X-rays, this impression will be corrected shortly as we describe the crucial role played by X-rays in the development of modern physics. X-rays were discovered in 1895 by Roentgen while studying the phenomena of gaseous discharge. Using a cathode ray tube with a high voltage of several tens of kilovolts, he noticed that salts of barium would fluoresce when brought near the tube, although nothing visible was emitted by the tube. This effect persisted when the tube was wra- pped with a layer of black cardboard. Roentgen soon established that the agency responsible for the fluorescence originated at the point at which the stream of energetic electrons struck the glass wall of the tube. Because of its unknown nature, he 23 gave this agency the name X-rays. He found that X-rays could manifest themselves by darkening wrapped photographic plates, discharging charged electroscopes, as well as by causing fluorescence in a number of different substances. He also found that X-rays can penetrate considerable thicknes- ses of materials of low atomic number, whereas substances of high atomic number are relatively opaque. Roentgen took the first steps in identifying the nature of X-rays by using a system of slits to show that (1) they travel in straight lines, and that (2) they are uncharged, because they are not de- flected by electric or magnetic fields. The discovery of X-rays aroused the interest of all physicists, and many joined in the investigation of their properties. In 1899 Haga and Wind perfor- med a single slit diffraction experiment with X-rays which showed that (3) X-rays are a wave motion phenomenon, and, from the size of the diffraction pattern, their wavelength could be estimated to be 10-8 cm. In 1906 Barkla proved that (4) the waves are transverse by showing that they can be polarized by scattering from many materials. There is, of course, no longer anything unknown about the nature of X-rays. They are electromagne- tic radiation of exactly the same nature as visible light, except that their wavelength is several orders of magnitude shorter. This conclusion follows from comparing properties 1 through 4 with the simi- lar properties of visible light, but it was actually postulated by Thomson several years before all these properties were known. Thomson argued that X-rays are electromagnetic radiation because such radiation would be expected to be emitted from the point at which the electrons strike the wall of a cathode ray tube. At this point, the electrons suffer very violent accelerations in coming to a stop and, according to classical electromagnetic 24 theory, all accelerated charged particles emit elec- tromagnetic radiations. We shall see later that this explanation of the production of X-rays is at least partially correct. In common with other electromagnetic radia- tions, X-rays exhibit particle-like aspects as well as wave-like aspects. The reader will recall that the Compton effect, which is one of the most convin- cing demonstrations of the existence of quanta, was originally observed with electromagnetic ra- diation in the X-ray region of wavelengths. (Fonte:UEFAP. Acesso em: 15 ago. 2019 – Adaptado). Ao ler um texto com o objetivo de buscar informações específicas, temos que: 1) When were X-rays disco- vered? 1895; 2) Who discovered them? Roentgen; e 3) What are the four characteristics of X-rays? They travel in straight lines, they are uncharged, they are a wave motion phenomenon, and the waves are trans- verse. Para identificar essas informações, corremos os olhos pelo texto no começo do segundo parágrafo, onde encontramos as respostas para as questões 1 e 2, e no terceiro parágrafo, onde encontramos a resposta para a questão 3� Essas estratégias servem para “ajudar o leitor a reter, avaliar e organizar as informações que lê, selecionan- do apenas o que de fato importa naquele momento” (LAPKOSKI, 2012, p. 75). Conhecer as estratégias pode nos ajudar muito quando temos que ler um texto com propósitos predeterminados� No entanto, temos que considerar que elas são apenas ferramen- tas que auxiliam a leitura� Não podemos esquecer que sempre iremos nos deparar com textos que apre- sentam um grau maior ou menor de complexidade, e 25 http://www.uefap.com/reading/exercise/scan/xray.htm para que haja uma compreensão adequada, o ideal é aliar as técnicas aqui apresentadas com outros elementos que proporcionam uma boa leitura: nos- so conhecimento prévio e nosso conhecimento do código linguístico� Você sabia que essas técnicas de leitura são ampla- mente recomendáveis para a realização de exames de proficiência na língua inglesa? Se você deseja tirar uma certificação desse tipo, não deixe de conferir algumas dicas sobre leitura no Podcast 2 Neste tópico, estudamos as duas principais técnicas de leitura (para textos em língua inglesa ou em qual- quer outra) que nos proporcionam mais eficiência para a atividade da leitura� A seguir, continuaremos a abordar outro aspecto da organização textual que contribui para a boa compreensão de texto� 26 https://famonline.instructure.com/files/168621/download?download_frd=1 A ORGANIZAÇÃO DO PARÁGRAFO: OTÓPICO FRASAL Neste tópico, vamos tratar de outro assunto que nos ajuda bastante no momento de ler um texto e de organizar as nossas ideias na hora da escrita� Vamos falar sobre a organização do parágrafo com a utilização do tópico frasal� Para começar, precisamos relembrar que o parágrafo é um “grupo de sentenças relacionadas entre si para desenvolver alguma ideia” (LAPKOSKI, 2012, p. 152). Na maioria dos parágrafos, existe uma ideia consi- derada como a mais importante, como principal, que pode ser encontrada no que se chama de “tópico frasal” ou “topic sentence”, em inglês� O tópico frasal ajuda a organizar o parágrafo ao re- sumir a informação que é desenvolvida, visto que, na maioria das vezes, a informação encontrada na sen- tença é o que se chama de ideia central, ou nuclear� Todas as demais sentenças do parágrafo oferecem mais informação sobre a declaração, sobre a sen- tença inicial� Em geral, o tópico frasal é a primeira sentença no parágrafo, mas há casos em que ele se encontra no final do parágrafo. Vamos analisar exemplos de topic sentences: The very idea of retirement is a relatively new in- vention. For most of human history, people worked 27 until they died or were too infirm to lift a finger (at which point they died pretty fast anyway). It was the German statesman Otto von Bismarck who first floated the concept, in 1883, when he proposed that his unemployed countrymen over the age of 65 be given a pension. This move was designed to fend off Marxist agitation—and to do so on the cheap, since few Germans survived to that ripe old age (Jessica Bruder, The End of Retirement. Harper’s, August 2014). (Fonte: Thoughtco. Acesso em: 16 ago. 2019 – Adaptado). Nesse exemplo, temos o tópico frasal em destaque: A própria ideia de aposentadoria é uma invenção relativamente nova� A essa declaração, seguem-se os demais argumentos sobre o assunto apresentado, como a comparação sobre o quanto de tempo que as pessoas trabalhavam antigamente, quando surgiu a primeira aposentadoria e seu motivo� Dessa forma, notamos que o parágrafo está bem estruturado, pois, ao lermos a tese inicial de que a aposentadoria é algo novo, temos, na sequência, fatos que a exemplificam. Genealogy is an ancient human preoccupation. The God of Hebrew Scripture promised Abraham descendants beyond number, like the stars in the sky and the sand on the seashore. The apostles Matthew and Luke claim that Abraham’s linea- ge went on to include King David and eventually Jesus, though the specifics of their accounts are contradictory. Muslims trace Mohammed’s line back through Abraham, to Adam and Eve (Maud Newton, America’s Ancestry Craze. Harper’s, June 2014). (Fonte: Thoughtco. Acesso em: 16 ago. 2019 – Adaptado). 28 https://www.thoughtco.com/topic-sentence-composition-1692551 https://www.thoughtco.com/topic-sentence-composition-1692551 Nesse exemplo, o tópico frasal em destaque aparece logo no início do parágrafo: A genealogia é uma an- tiga preocupação humana, e a ele se seguem exem- plos que remontam a fatos bíblicos para demonstrar o quão antigo é a importância que o homem dá à questão da descendência, o que serve de exemplo para a tese principal do parágrafo� Vamos fazer um exercício? Quais serão os assuntos tratados nos parágrafos após cada um dos tópicos frasais abaixo? Tente imaginar primeiro, antes de ler os possíveis exemplos relatados na sequência, ok? 1. Being an efficient CEO requires a range of impor- tant characteristics� 2. There are certain reasons why pollution in the world keeps increasing. 3. Cooking requires a set of specific skills. 4. Global warming has a number of potential con- tributing factors� 5. Dogs are amazing pets because they help their owners live longer. (Fonte: Essaydragon.com� Acesso em: 16 ago. 2019). E aí? O que será que vem na sequência de cada um dos tópicos frasais? Para o primeiro, podemos pensar que o autor apresenta uma gama de características importantes para ser um CEO eficiente. Já para o segundo, podemos pensar em por que a poluição no mundo continua a crescer� O terceiro tópico fra- sal certamente vai listar as habilidades específicas 29 https://essaydragon.com/blog/good-topic-sentences necessárias para cozinhar� No quarto, o autor vai listar os possíveis fatores que contribuem para o aquecimento global� E no último, é provável que se- jam apresentados exemplos de benefícios que os cachorros apresentam para a saúde de seus donos� Ao estudar tais exemplos, constatamos as vantagens que o estabelecimento de um tópico frasal em um parágrafo tem a oferecer, tanto para o autor do texto quanto para o leitor: ele nos ajuda a manter o foco na escrita, além de fornecer ao leitor os elementos necessários para uma boa compreensão do texto� Já que este módulo é sobre leitura, podemos concluir que o tópico frasal é, portanto, mais um recurso que nos auxilia na tarefa de realizar uma boa leitura� De agora em diante, procure se atentar aos textos que você lê – será que eles fazem uso do tópico frasal? E quando você utilizar as técnicas de skimming e scanning, vai perceber que ter os parágrafos orga- nizados com as topic sentences vai auxiliar você enormemente na leitura� 30 CARACTERÍSTICAS DO TEXTO ORAL E ESCRITO Chegamos ao último tópico deste módulo dedicado à leitura� Aqui, vamos estudar alguns aspectos im- portantes sobre o texto oral e o texto escrito; afinal, mesmo quando falamos de texto (seja ele verbal ou não verbal), devemos considerar que, antes da escri- ta, temos a fala e casos em que a fala é reproduzida na escrita� Para começarmos, vamos acompanhar as definições sobre o que é um texto oral e um texto escrito� De acordo com Koch e Elias (2011), o texto oral apa- rece no momento da interação entre duas ou mais pessoas, na conversação face a face. Em situações como esta, não há muito espaço para o planejamen- to da fala, e as reações dos interlocutores podem influenciar na fala um do outro. Já o texto escrito não tem o seu momento de produção e recepção compartilhado, pois o autor e o leitor não comparti- lham do mesmo contexto de escrita e recepção do texto, nem o autor consegue reestruturar seu texto, imediatamente, de acordo com a reação do leitor� Por isso, devemos considerar que a fala e a escrita são duas modalidades da língua; “embora se utili- zem do mesmo sistema linguístico, cada uma delas possui características próprias� Ou seja, a escrita não constitui mera transcrição da fala, como muitas vezes se pensa” (KOCK; ELIAS, 2011, p. 14). A seguir, 31 observamos algumas diferenças que se costumam estabelecer entre fala e escrita (Tabela 2): Fala Escrita contextualizada descontextualizada implícita explícita redundante condensada não planejada planejada predominância do modus pragmático predominância do modus sintático fragmentada não fragmentada incompleta completa pouco elaborada elaborada pouca densidade informacional densidade informacional predominância de fra- ses curtas, simples ou coordenadas predominância de frases complexas, com subordina- ção abundante pequena frequência de passivas emprego frequente de passivas poucas nominalizações abundância de nominalizações menor densidade lexical maior densidade lexical Tabela 2: Diferenças entre fala e escrita. Fonte: Koch e Elias (2011, p. 16). Embora as características da fala e escrita, quando comparadas, nos fornecem uma boa ideia das dife- renças entre uma modalidade e outra, nem todas elas são exclusivas da fala ou somente da escrita, ou seja, [...] tais características foram sempre estabeleci- das tendo por parâmetro o ideal da escrita (isto é, costumava-se olhar a língua falada através das lentes de uma gramática projetada para a escri- 32 ta), o que levou a uma visão preconceituosa da fala (descontínua, pouco organizada, rudimentar, sem qualquer planejamento), que chegou a ser comparada à linguagem rústica das sociedades primitivas ou à das criançasem fase de aquisição de linguagem (KOCK; ELIAS, 2011, p. 16). A observação das autoras nos leva a refletir que não existe uma modalidade melhor ou pior: ambas coe- xistem no cotidiano porque ambas são necessárias para a comunicação humana� No entanto, vamos focar nossa atenção mais nas características da fala e como ela é reproduzida em textos escritos� Dentre as principais características da fala, temos que ela não é, na maioria das vezes, uma atividade planejada como a escrita, pois ela tem uma natureza voltada à interação, bem como necessita sempre se refazer a partir das reações dos interlocutores. A fala é, portanto, dinâmica� Outra característica importante da fala é que, nas situações de interação face a face, o locutor detém momentaneamente a palavra, pois não é o único responsável pela interação� Por último, precisamos considerar que, na fala, justamente pela interação existente entre os interlocutores, há uma espécie de pressão para que a manutenção da interação ocorra� Nesses momentos, podem ocorrer truncamentos, correções, hesitações e repetições, entre outros re- cursos, que permitem ao interlocutor ganhar tempo para planejar a próxima fala (KOCH; ELIAS, 2011). 33 SAIBA MAIS Caso você esteja confortável e disposto a novos desa- fios, saiba mais sobre a oralidade lendo What Is Oral Language? Understanding Its Components and Impact on Reading Instruction, no qual se apresentam compo- nentes da linguagem oral: fonologia, gramática, morfolo- gia, vocabulário, discurso e pragmática� O artigo argumenta que o desenvolvimento desses com- ponentes, que geralmente ocorre por volta dos 4 anos de idade, é fundamental para que a criança desenvolva bem a habilidade de leitura e escrita� Disponível em: Lexialearning. Acesso em: 19 ago. 2019. A seguir, temos a reprodução de uma conversa entre dois personagens� Este trecho foi retirado do roman- ce Hard Times (em português, Tempos Difíceis), do escritor britânico Charles Dickens: There being a general conviction by this time that ‘No, sir!’ was always the right answer to this gen- tleman, the chorus of NO was very strong. Only a few feeble stragglers said Yes: among them Sissy Jupe. ‘Girl number twenty,’ said the gentleman, smiling in the calm strength of knowledge. Sissy blushed, and stood up. ‘So you would carpet your room - or your husband’s room, if you were a grown woman, and had a hus- band - with representations of flowers, would you?’ said the gentleman. ‘Why would you?’ ‘If you please, sir, I am very fond of flowers,’ retur- ned the girl. 34 https://www.lexialearning.com/blog/what-oral-language-understanding-its-components-and-impact-reading-instruction ‘And is that why you would put tables and chairs upon them, and have people walking over them with heavy boots?’ ‘It wouldn’t hurt them, sir. They wouldn’t crush and wither, if you please, sir. They would be the pictures of what was very pretty and pleasant, and I would fancy’. ‘Ay, ay, ay! But you mustn’t fancy,’ cried the gen- tleman, quite elated by coming so happily to his point. ‘That’s it! You are never to fancy.’ ‘You are not, Cecilia Jupe,’ Thomas Gradgrind so- lemnly repeated, ‘to do anything of that kind.’ ‘Fact, fact, fact!’ said the gentleman. And ‘Fact, fact, fact!’ repeated Thomas Gradgrind. (Fonte: DICKENS, Charles. Hard Times, 1854. Disponível em: Dominio publico. Acesso em: 19 ago. 2019 – Adaptado). Observe que a transcrição da fala dos personagens está entre aspas� Nesse trecho, podemos depreender também algumas marcas de oralidade, como na fala “Ay, ay, ay! But you mustn’t fancy”, e a repetição, muito comum na fala, como em “Fact, fact, fact!” said the gentleman. A reprodução das falas de personagens na escrita nos remete à questão do discurso direto e indireto� O discurso direto (em inglês, direct speech) ocorre quando relatamos o que alguém disse, utilizando exa- tamente as mesmas palavras que a pessoa/persona- gem utilizou� É comum, na língua inglesa, reproduzir uma fala entre aspas, enquanto na língua portuguesa usamos aspas ou travessão� Por exemplo: “I’m not feeling well today”. 35 http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/gu000786.pdf Já o discurso indireto (em inglês, indirect speech ou reported speech) ocorre quando relatamos o que foi dito por uma pessoa/personagem, mas reescreve- mos a fala com as nossas palavras� Vamos pegar a mesma frase do exemplo anterior: She said (that) she was not feeling well that day. Nesse caso, não há o uso de aspas ou travessão, e usamos um pronome relativo (that, equivalente ao “que” em português, cujo uso em inglês é opcional)� Observe ainda que, ao passar uma frase que está em discurso direto para o discurso indireto, mudamos o seu tempo verbal� No exemplo acima, a frase está no presente “I am not feeling…” e foi para o passado “she was not feeling”, e o advérbio de tempo “today” também sofreu transformação para indicar um tempo diferente daquele em que se transcreve a fala – foi utilizado “that day”� Na Tabela 3, temos mais alguns exemplos: Direct Speech Indirect Speech He said, “I need to buy new shoes today”. (simple present) He said (that) he needed to buy new shoes that day. (simple past) She said, “I met my cousin Ryan yesterday”. (simple past) She said (that) she had met her cousin Ryan the day before. (past perfect). They said, “We will go to the movies tomorrow”. (will) They said (that) they would go to the movies the next day. (would) He said, “I am cooking dinner now”. (present continuous) He said (that) he was cooking dinner then. (past continuous) Tabela 3: Direct Speech e Indirect Speech. Fonte: Adaptado de Richmond (2009, p. 229). 36 Quando temos frases que usam os verbos modais (modal verbs), como can, must, may, entre outros, também reelaboramos esses verbos para transfor- mar uma frase do discurso direto para o indireto� Observe: Direct Speech Indirect Speech I said, “I can do this test”. I said (that) I could do that test. He said, “I must have some free time to study to my test”. He said (that) he had to have some free time to study to his test. She said, “I may serve you a cup of coffee”. She said (that) she might serve me/us a cup of coffee. Tabela 4: Direct Speech e Indirect Speech com verbos modais. Fonte: Adaptado de Richmond (2009, p. 229). Neste tópico, estudamos um pouco as características da linguagem falada e escrita, bem como as duas formas de reproduzir falas de pessoas/personagens na língua inglesa� É importante destacar que o cor- reto uso do discurso direto e indireto pode contribuir não só para uma boa leitura, mas também para uma boa escrita� Keep up the good work! 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim deste módulo após termos feito as seguintes discussões: por se tratar de um módu- lo que teve como tema principal a leitura em língua inglesa, estudamos primeiro o que é leitura; conclu- ímos que a leitura é um processo que envolve não somente o conhecimento do código linguístico de um determinado texto, mas também um conjunto de conhecimentos e experiências de vida que o leitor já possui� Outro ponto discutido foram os conhecimentos prévios que temos do vocabulário da língua inglesa, como os cognatos e os falsos cognatos� Reconhecer essas palavras ajuda muito no processo de leitura e compreensão de texto� Aprendemos também o skim- ming e o scanning, duas técnicas que nos auxiliam a direcionar a leitura e torná-la um processo mais eficiente. Este é também o objetivo do tópico frasal, tema apresentado para refletirmos sobre a organi- zação textual. Finalizamos o módulo com reflexões sobre o texto oral e o texto escrito, bem como sobre a reprodução da oralidade na escrita� Com essas considerações a respeito da leitura em língua inglesa, temos certeza que teremos uma boa base inicial para continuar os estudos e aperfeiçoar a atividade de leitura� Keep going! 38 SÍNTESE Língua Inglesa: Gramática do Texto A LEITURAEM LÍNGUA INGLESA • O que é leitura? • Objetivos da leitura. • O papel do leitor no processo de leitura: ativação dos conhecimentos prévios. • Compreensão de texto: o que está de fato escrito no texto; busca da objetividade. • Interpretação de texto: a informação que está além do texto; busca da subjetividade. • Ativando nossos conhecimentos prévios: reconhecimento dos cognatos e falsos cognatos da língua inglesa. • Estratégias para otimizar o processo de leitura. • Skimming: ler rapidamente o texto para identificar o assunto geral sem dar atenção aos detalhes. • Scanning: ler rapidamente o texto para buscar uma informação específica. • Tópico frasal: ajuda na organização do parágrafo, pois resume a informação que será desenvolvida. • Fala e escrita: duas modalidades da língua. • Texto oral: acontece na interação entre duas ou mais pessoas, na conversação face a face. • Texto escrito: produção e recepção não compartilham do mesmo momento. • Discurso direto: reproduz a fala tal qual ela aconteceu. • Discurso indireto: o autor relata a fala com suas próprias palavras. Referências Bibliográficas & Consultadas BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: tercei- ro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa� Secretaria de Educação Fundamental: Brasília, MEC/SEF, 1998. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf. Acesso em: 15 ago. 2019. BRITISH COUNCIL. IELTS, 2019. Disponível em: ht- tps://www.britishcouncil.org.br/exame/ielts� Acesso em: 19 ago. 2019. CRISTOVÃO, V. L. L. Modelos didáticos de gênero: uma abordagem para o ensino de língua estrangei- ra. Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina, 2007. DAIJO, J. Morfologia da língua inglesa� Porto Alegre: Sagah, 2017 [Minha Biblioteca]. ENGLISH MADE IN BRAZIL. História da língua in- glesa. 2019. Disponível em: https://www.sk.com.br/ sk-historia-da-lingua-inglesa.html. 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