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Psicologia social

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UNIDADE I 
Psicologia Social 
Prof. Alexandre Furniel 
 
Psicologia Social – Serviço Social 
Unidade I: 
1. Materialismo dialético 
2. Ideologia 
3. A realidade histórica e social dos países latino-americanos 
4. Novos temas para o pensamento crítico em grupos: linguagem e imaginário. 
 
Apresentação: 
 Possibilitar ao aluno o acesso aos fundamentos para as práticas com grupos em perspectivas 
críticas que têm orientado essas ações na América Latina, especialmente no Brasil. Ao final, o aluno 
deverá ser capaz de: 
 Reconhecer e compreender os pressupostos filosóficos, históricos e sociais que dão suporte às 
práticas com grupos. 
 Identificar e analisar os fenômenos humanos de ordem psicossocial nos grupos, instituições e 
comunidades, de acordo com as tradições e as especificidades da realidade social e econômica 
latino-americana. 
 Discriminar as metodologias de pesquisa e prática com grupos, tendo como referência a tradição 
latino-americana e sua interface com a psicologia social e comunitária, a saúde comunitária e ainda 
com ciências afins, como história, sociologia e antropologia. 
Introdução: Para o senso comum: 
 cada indivíduo é o responsável final por seus sucessos e fracassos, capaz de usar a razão (e a 
oportunidade) para encontrar as melhores e mais valiosas soluções para seus problemas. Em uma 
perspectiva crítica: 
 não é possível pensar o indivíduo sem o grupo. Todo indivíduo é alguém devido aos grupos aos 
quais está relacionado. 
Materialismo dialético: 
 Karl Marx (1818-1883), filósofo, cientista social e historiador alemão. 
 Com suas ideias sobre as relações entre subjetividade, sociedade, economia e política, influiu 
decisivamente na construção do ideário socialista que alcançou todo o planeta a partir do século XIX. 
 Por meio da dialética como forma de pensar a realidade, explicou sua instituição e a sustentação 
do capitalismo, assim como buscou as pistas para superar as contradições do capitalismo e seus 
efeitos, como opressão e sofrimento das populações. 
 A origem da discussão sobre a concepção de dialética é a obra do filósofo alemão Hegel, que a 
desenvolveu durante o século XIX, que reconheceu a importância e a função da contradição naquilo 
que é constituído pelos homens e pela sociedade. 
 A presença e a importância da contradição não são ideias que possam ser compreendidas de 
imediato, não são óbvias nem “naturais”. 
 Segundo Marx (apud Lefebvre, 2010), as contradições do pensamento fundamentam-se, em última 
instância, nas coisas, naquilo que é objetivo e real (e na produção humana). 
Um exemplo: como entender o proletariado sem incluir suas relações com a burguesia, isto é, a 
presença da submissão de classe e o desejo de consumir? 
Ideologia: 
 Seu sentido mais corrente é o que trata daquilo que afasta os homens e as sociedades da 
“realidade”, mais especificamente dos determinantes que nos fazem compreendê-la. 
 Para Chauí (1997) é possível utilizar duas conceituações para ideologia: 
 Fraco: diz respeito ao conjunto de ideias que nós mesmos, nossos grupos e sociedades utilizamos e 
que irá configurar nossa visão do mundo. 
 Fraco: seu valor está no ser aquilo que sustenta o pensamento e o comportamento humano 
construídos por meio das relações entre os homens e transmitidos entre as gerações pela cultura e 
suas instituições, isto é, pela linguagem, pela arte, pelas produções artísticas, científicas, religiosas, 
na escola, no trabalho, no dia a dia. 
 A definição forte está diretamente associada à crítica construída na perspectiva marxista e que a 
apresenta como possuindo um sentido necessariamente negativo. 
 Nesse caso, a ideologia é como uma falsa consciência produzida e sustentada pela classe 
dominante e que se presta a encobrir os determinantes da dominação exercida por tal classe, como 
uma neblina que não nos deixa perceber a realidade. 
 De acordo com Guareschi (1998), a ideologia constitui-se como prática discursiva e material, isto é, 
ela se estabelece no campo das ideias, nos discursos, nas conversas. 
 Também se faz nas práticas cotidianas, na repetição dos papéis sociais, na educação escolar, nas 
práticas familiares e sociais. 
 A ideologia é literalmente apreendida e, assim, legitimada (THOMPSON, 2001). 
 A ideologia também se produz por meio do compartilhamento de imagens que sustentam esses 
entendimentos e ideias, assim como as práticas cotidianas. 
 As imagens, ou aquilo que tem dimensão imagética e que está também nas palavras, no discurso, 
no comportamento, ainda são potentes para conduzir a ideologia. 
 Os estudos sobre o imaginário, em uma perspectiva crítica de Castoriadis (1986), podem auxiliar a 
compreender essa presença, bem como os trabalhos a partir da Teoria das Representações Sociais 
de Moscovici (2010). 
Interatividade 
 
De acordo com a filósofa Marilena Chauí (1997), é possível utilizar duas conceituações para 
ideologia, sendo elas: 
a) Intencional e perceptível. 
b) Vocacional e proposital. 
c) Fraca e forte. 
d) Proletária e burguesa. 
e) Dialética e marxista. 
Justificativa 
 De acordo com Chauí (1997), é possível falar de ideologia utilizando uma conceituação fraca e 
outra que poderia ser nomeada como forte. 
 
Aula 02 
Psicologia Social – Serviço Social 
 
 Durante muito tempo, a Psicologia no Brasil pode ser entendida como um espelho das atividades 
científicas que se desenvolviam na “metrópole” – entendam-se aqui os Estados Unidos. 
 Seguindo o modelo colonial, nossa produção científica e técnica esteve longe de levar em conta a 
história e as realidades vividas pelos povos latino-americanos, e acadêmicos e universidades 
dedicavam-se com mais ou menos sucesso a repetir as preocupações e os programas das 
universidades norte-americanas. 
 É o caso, por exemplo, da ideia de subdesenvolvimento, conceito que aponta para as condições de 
submissão cultural e econômica construídas e sustentadas pelas relações de dependência com os 
chamados países desenvolvidos. 
 “O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação 
inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre 
diversas regiões do planeta.” (CASTRO, 2003, p. 137) 
 O psicólogo identifica-se nessa condição também como um cidadão e crítico das situações sociais 
nas quais ele próprio vive. 
 Mais do que isso, suas atividades científicas e profissionais vão ser compreendidas 
necessariamente como parte desse contexto. 
 Durante as décadas de 1970 e 1980, boa parte da América Latina encontrava-se sob regimes de 
exceção. 
 As ditaduras militares eliminaram direitos civis, suprimiram espaços de debate e a possibilidade do 
pensamento discordante, eventualmente apelando para a tortura dos opositores e produzindo o 
que, para usar um eufemismo bastante repetido, se chamou de “desaparecidos”, isto é, os 
indivíduos identificados que foram mortos por esses regimes. 
 No Brasil, a Ditadura Militar foi instaurada em 1964 e encerrada em 1985. 
 Sua presença nos meios culturais e acadêmicos foi avassaladora, ocasionando cassações, exílios e a 
morte de muitos indivíduos tidos como oponentes do regime, “subversivos”, que pretendiam mudar 
a condição política do país. 
 Isso não impediu completamente que a voz dos grupos discordantes pudesse ser ouvida, apesar de 
a censura ter mutilado e impedido muitas obras de se tornarem públicas. 
 Tal situação pode ser vista, por exemplo, nas ações de grupos teatrais, como o Teatro de Arena, 
em São Paulo; o Grupo Opinião, ligado ao Centro de Cultura Popular da UNE, e o Teatro do 
Oprimido, com autores como Oduvaldo Vianna Filho, Maria Adelaide Amaral, Plínio Marcos e 
Gianfrancesco Guarnieri. 
 Na música, também são muitos os autores que produziram obras de resistência, críticas ao Regime 
Militar, entre eles Geraldo Vandré, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gonzaguinha. 
 A opressãopolítica também alcançou os meios acadêmicos e científicos brasileiros. Via de regra, os 
intelectuais eram os primeiros a serem perseguidos e exilados. 
 Sintomaticamente, essa condição abriu portas para a disseminação de conceitos e práticas técnicas 
e científicas identificados com o status quo, isto é, como o poder vigente. 
 Nesse contexto, a Psicologia, especialmente a Psicologia Social no Brasil, pode ser reconhecida a 
partir de uma história que se inicia sintomaticamente com uma crise. 
 A crise da Psicologia social, identificada por pensadores desde a década de 1960, refere-se ao 
confronto entre um modelo de Psicologia que defendia uma prática neutra e de aplicação 
tecnológica, na esteira da Psicologia americana, e um modelo que se apresentava vinculado ao 
contexto histórico-social, em que se desenrola a vida dos indivíduos; uma Psicologia com forte 
componente crítico e político. 
 Em uma perspectiva que pode ser descrita como psicológica e fundamentalmente experimental 
(FARR, 2010), Aroldo Rodrigues será o principal representante dessa posição, que entende uma 
separação necessária entre Psicologia e Política, compreendida aqui no seu braço participativo e 
crítico. 
 Em contrapartida, capitaneando a fala discordante do status quo e profundamente engajada na 
oposição à ditadura (1964-1985), está a psicóloga social Silvia Lane. 
 Formada em Filosofia e doutora em Psicologia, sob uma perspectiva experimental, Lane constrói 
sua carreira científica aproximando-se, antes, do “materialismo” de Skinner, para então dedicar-se 
ao materialismo de Marx, contido na Psicologia soviética. 
 Lane estabelece contatos permanentes com importantes representantes da Psicologia Social 
latino-americana, instituindo espaços de encontro e diálogo cruciais para o estabelecimento dessa 
Psicologia crítica (BOCK et al., 2007). 
 Lane (1985) fez duras críticas ao entendimento sustentado por Rodrigues sobre a Psicologia Social 
como uma ciência básica e neutra capaz de solucionar problemas sociais. 
 A Psicologia social crítica, defendida por Lane e outros pensadores, vai buscando estabelecer-se 
como ação científica e política, indicando a impossibilidade de separar teoria e prática, voltada para 
uma ação acadêmica e profissional engajada na luta por transformação e justiça social. 
Interatividade 
Durante as décadas de 1970 e 1980, boa parte da América Latina encontrava-se sob regime militar. 
No Brasil, a Ditadura Militar, que durou de 1964 a 1985, perseguia, via de regra, em primeiro lugar: 
a) Os trabalhadores. 
b) Os empresários. 
c) Os militares. 
d) Os estrangeiros. 
e) Os intelectuais. 
Justificativa 
 No Regime Militar, a opressão política também alcançou os meios acadêmicos e científicos 
brasileiros. Via de regra, os intelectuais eram os primeiros a serem perseguidos e exilados. 
 
Aula 03 
 
Psicologia Social – Serviço Social 
A Psicologia Sócio-Histórica: 
 Formada a partir das principais correntes no embate com os modelos hegemônicos e que 
defendem a neutralidade da Psicologia, desenvolveu-se uma perspectiva crítica nomeada como 
Psicologia sócio-histórica, representada no Brasil pelos trabalhos de Silvia Lane e de seu grupo. 
 Apoiada no marxismo, adota o materialismo dialético como filosofia, teoria e método. Como 
teoria crítica do modelo positivista e racionalista da ciência psicológica, busca situar a Psicologia em 
uma perspectiva dialética. 
 Orienta essa visão o princípio de que o homem é ativo, social e histórico e de que a sociedade deve 
ser entendida como uma produção histórica de seus participantes, homens e mulheres. 
 Sob essa compreensão, as ideias são entendidas como representações da realidade material, que 
é, por sua vez, assentada em contradições expressas nas ideias. 
 Assim, a história deve ser compreendida como movimento contraditório e constante do fazer 
humano – e que tem por fundamento sua base material. 
 Para dar suporte a essa perspectiva, e já caminhando para o que sustenta as relações entre 
subjetividade e grupos, é necessário situar a própria história da Psicologia como ciência. 
 Segundo Bock (2001), a visão liberal que acompanha a instalação do capitalismo privilegia o 
individualismo, a vida privada e a invenção de um mundo interno, particular. 
 A Psicologia sócio-histórica afirma, assim, a indissociabilidade entre a subjetividade e a 
objetividade do mundo, marcada pelas relações econômicas, e reconhece a presença da linguagem 
como mediadora do processo de internalização da realidade. 
 A subjetividade não pode ser descolada das relações sociais concretas e, desse modo, conhecer o 
mundo interior – o fenômeno psicológico – é compreendê-lo como expressão e conversão do 
mundo objetivo e coletivo, retirando sua caracterização como algo que deve ser entendido como 
abstrato e idealista. 
Novos temas para o pensamento crítico em grupos: linguagem e imaginário: 
Questões de fundamento e metodológicas: 
 Do ponto de vista metodológico, muitos e diferentes têm sido os métodos utilizados para o estudo 
desses temas e conceitos em uma perspectiva crítica. 
 Embora os métodos quantitativos não sejam incompatíveis com a pesquisa social, os métodos 
qualitativos têm sido os preferencialmente utilizados nesse campo. 
 Desse modo, as ações de pesquisa e intervenção na Psicologia social tenderam a privilegiar 
metodologias qualitativas. 
 Por meio delas, é possível aliar as preocupações com o engajamento do pesquisador e as vias para 
a transformação da sociedade com as demandas acadêmicas do apelo ao método que pudesse ser 
reconhecido como produzido dentro dos cânones científicos. 
 O pesquisador se apresenta, na mesma perspectiva profissional, como parte necessária do 
processo de construção do conhecimento, não apenas como detentor de saber acadêmico e 
manipulador de técnicas, mas considerando o meio composto de história, experiências, 
conhecimentos e princípios que necessariamente interferirão na sua apreensão do problema 
investigado. 
 Como sujeito, ele se engaja em uma relação intersubjetiva, contrapondo a divisão absoluta entre 
sujeito e objeto de conhecimento. 
Linguagem: 
 Os estudos sobre a linguagem têm sido alvo de um grande número de pensadores em filosofia, 
sociologia, antropologia e psicologia, e mesmo nas ciências da saúde, seja preocupados com a 
compreensão de sua origem e função social, seja buscando compreender seus aspectos, 
neurofisiológicos e funcionais. 
 Na linhagem teórica que vê a linguagem como prática que produz a ligação entre o indivíduo e o 
mundo social, há compreensões bastante diversas. 
 O psicólogo behaviorista Skinner, por exemplo, tem uma obra especialmente voltada para o 
estudo e a interpretação do comportamento verbal, indicando a materialidade do falar. 
 Em uma outra perspectiva, a sócio-histórica, tendo Vygotsky e Leontiev à frente, a linguagem vai 
ser compreendida como produto de relações materiais e sociais e pensada como indissociavelmente 
ligada ao pensamento. 
 De acordo com Kusch (1989), dentro da filosofia há diferentes maneiras de se entender a 
linguagem. 
 A partir de autores como Edmund Husserl, a linguagem pode ser entendida como cálculo. 
 
Interatividade 
 
Na perspectiva sócio-histórica se compreende o fenômeno psicológico como reflexo da condição 
social, econômica e cultural que os homens e mulheres vivem. Assim, a Psicologia sócio-histórica 
afirma a indissociabilidade entre: 
a) A natureza humana e a animal. 
b) A subjetividade e a objetividade. 
c) A beleza natural e a artificial. 
d) A sociedade e o primitivismo. 
e) O presente e o futuro. 
Justificativa 
 A subjetividade não pode ser descolada das relações sociais concretas e, desse modo, conhecer o 
mundo interior – o fenômeno psicológico – e compreendê-lo como expressão e conversão do 
mundo objetivo e coletivo, retirando sua caracterização como algo que deve ser entendido como 
abstratoe idealista. 
 
Aula 04 
Psicologia Social – Serviço Social 
Linguagem: 
 Para Martin Heidegger, a melhor maneira de abarcar a linguagem é caracterizando-a como meio 
universal. 
 Na compreensão da linguagem como meio universal, ela não apenas revela, mas institui a 
realidade, o que sugere uma condição muito singular: no limite, nós não falamos, somos falados. 
 Outro filósofo que se dedicou à linguagem que não se presta a representar a realidade é Ludwig 
Wittgenstein. 
Concepções sobre o imaginário: 
Imagem e (des)razão: 
 As concepções de imaginário que têm sido tratadas nas Ciências Sociais ao longo do último século 
recuperam a importância daquilo que não pode ser “calculado”, como se viu anteriormente em 
relação à linguagem. 
 A dimensão humana, no que ela tem de caótico e “irracional”, é tomada como centro de 
metodologias de pesquisa e intervenção. 
 O antropólogo francês Gilbert Durand (2012, p. 18) define imaginário como o “conjunto das 
imagens e relações de imagens que constitui o capital pensado do Homo sapiens”. 
 Reconhece que o lugar do imaginário na história dos homens tem sido um lugar sem valor. 
 O imaginário tem sido associado à desrazão e ao infantilismo social, e sua função seria fomentar 
erros e falsidades. 
 De fato, desde Sócrates, tudo o que se considera como “férias da razão” deve ser colocado de 
quarentena. 
 Durand (2012) recupera o valor do imaginário e das imagens, considerando que elas também 
detém conhecimento, embora este possa não ser necessariamente científico. 
 Outro autor interessado no tema é o filósofo greco-francês Cornelius Castoriadis (2007), que 
oferece um entendimento sobre a sociedade e a história que se opõe aos pontos de vista 
tradicionais de sua época: o estruturalista e o funcionalista, incluindo neste último o marxismo. 
 A crítica de Castoriadis conduz a constatação de que as teorias revolucionárias não conseguiram, 
em um certo momento, ceder à mistificação, isto é, tendem a ser elas mesmas sujeitas a serem 
tomadas como naturais. 
 Mesmo o apelo à razão, por sua vez, foi incapaz de promover essa superação. 
 Não por acaso, Castoriadis vai ser identificado entre os representantes de um “pensamento 68”, 
juntamente com Sartre, Edgard Morin, Jean Duvignaud, Claude Lefort e Henry Lefebvre. (DOSSE, 
2007) 
O imaginário radical: 
 Caracterizando as instituições sociais, ele afirma que tudo de que se fala, tudo o que se apresenta 
para e pelos indivíduos está associado a uma rede simbólica, um simbólico que obviamente está na 
linguagem, mas que também está nas instituições. 
 Os símbolos institucionais, aquilo que representam, não são assim instituídos apenas 
racionalmente e também não o são naturalmente, mesmo que apoiados de alguma forma na 
realidade. 
 O que não é redutível ao simbólico, mas que a ele está necessariamente associado, é uma primeira 
aproximação do que Castoriadis irá chamar de imaginário. 
 Forma e conteúdo não podem ser entendidos como dissociados. 
 Linguagem e simbólico não podem ser entendidos como independentes de um conteúdo que 
expressariam. 
 O imaginário social, histórico e circunstancial, organiza a cada vez o lugar ocupado pelas 
instituições e pelos grupos, e designa as imagens daquelas em relação ao todo. 
O imaginário e os grupos sociais: 
 Para Castoriadis (2007), cada sociedade é um sistema de interpretação do mundo, de seu próprio 
mundo. 
 A própria identidade de uma sociedade nada mais é do que esse sistema de interpretação, esse 
mundo que ela cria, e é por isso que ela, do mesmo jeito que o indivíduo, percebe como ameaça 
mortal qualquer ataque a seu sistema de interpretação: entende um ataque como perigo à sua 
identidade, a si mesma. 
 Sua finalidade seria, assim, conservar esses “atributos arbitrários e específicos de cada sociedade 
que são as significações imaginárias sociais” (CASTORIADIS, 2007, p. 31). 
 Preservando-se e oferecendo significados imaginários, a sociedade elabora uma imagem do 
mundo natural associada à sua identidade, assim como das necessidades que precisam ser 
preenchidas a partir desse mundo. 
O imaginário grupal: 
 As necessidades dos grupos e suas perspectivas possíveis de atuação pela existência – ou 
permanência – são, assim, como as das sociedades e instituições, referidas ao seu lugar no tempo e 
a sua presença social, e nelas se constata ainda uma identidade – ainda que esses grupos sejam 
“apenas” categorias sociais. 
 A própria presença do grupo não pode ser pensada como natural ou pura invenção, senão como só 
possível a partir do imaginário radical e do social-histórico. 
Operando sobre a dinâmica dos grupos: 
 A partir da noção de imaginário, é possível pensar na ação sobre as instituições e os grupos 
humanos. 
 Eles deixam de ser meros conglomerados funcionais para ser lugares de encontro. 
 No grupo, como na instituição, não estão em jogo apenas as ações possíveis para cada ator 
participante, mas haveria lá toda uma dimensão imaginária (afetiva, relacional, de expectativas e 
medos). 
Interatividade 
Na perspectiva sócio-histórica representada por Vygotsky e Leontiev, a linguagem é compreendida 
como: 
a) Produto de relações materiais e sociais. 
b) Meio de comunicação superior humana. 
c) Materialidade da fala. 
d) Meio de participação individual. 
e) Produto de pesquisa comportamental. 
 
Justificativa 
 Na perspectiva sócio-histórica, tendo Vygotsky e Leontiev à frente, a linguagem vai ser 
compreendida como produto de relações materiais e sociais e pensada como indissociavelmente 
ligada ao pensamento. 
 
Questionário da unidade I 
 
PERGUNTA 1 
Filósofo do século XIX, Karl Marx (1818-1883) estudou as relações sociais e através da 
_____________________ encontrou as pistas para superar as contradições do capitalismo e seus efeitos 
sobre a classe trabalhadora. 
a) Lógica. 
b) Dialética. 
c) Psicologia. 
d) Realidade. 
e) Sociologia. 
 Resposta: B 
Comentário: por meio da dialética como forma de pensar a realidade, Marx explicou sua instituição e 
a sustentação do capitalismo, assim como buscou as pistas para superar as contradições do 
capitalismo e seus efeitos, como opressão e sofrimento das populações. 
PERGUNTA 2 
Ao dizer que o estudo do consumo e a distribuição de produtos que não podem ser realizados sem se 
procurar compreender o modo de produção em si, ou seja, a maneira pela qual em um determinado 
momento histórico e social, as sociedades estão organizadas para produzir riquezas, estamos 
afirmando que: 
a) As empresas precisam se preocupar com os profissionais que executam o trabalho de 
produção, dando ao trabalhador melhores condições ambientais. 
b) Todo trabalhador, independente da profissão que exerça, deve melhorar sua produção, pois 
somente assim poderá aumentar o índice de riqueza do país. 
c) Tal situação se refere às contradições e aos aspectos inseparáveis do mesmo processo, 
pois são partes que não podem ser entendidas senão mediante pareamento e 
confronto. 
d) As pendências trabalhistas existentes entre a burguesia e o proletariado devem ser resolvidas 
a partir da justa distribuição de renda e a valorização da mão de obra operária. 
e) Os meios como os conflitos estão sendo resolvidos entre consumo e distribuição de produtos 
são inadequados e reforçam a dificuldades das relações trabalhistas. 
PERGUNTA 3 
Ao analisar as mudanças que aconteceram na Europa a partir da Revolução Industrial, Marx faz o 
comparativo de que na Roma antiga o indivíduo pobre valia por ser capaz de ter filhos, já nos tempos 
modernos, o proletário é aquele que: 
a) É valorizado pelo trabalho que realiza. 
b) Também vale por ser capaz de produzir filhos. 
c) Estabelece relações de trabalho amigáveis com seu patrão. 
d) Realiza mudanças sucessivas em prol da melhor qualidade de trabalho. 
e) Sobrevive da venda da sua força de trabalho. 
 Resposta: E 
Comentário: tomando como momento privilegiado de análise as mudançasocorridas após a 
Revolução Industrial, Marx discute os conflitos entre operários e patrões que assombravam a Europa 
do século XIX. De um lado, encontra-se o grupo de proletários. Se na Roma antiga esse era o indivíduo 
pobre que apenas valia por ser capaz de ter filhos, modernamente, o proletário é aquele que vive de 
salário, que sobrevive segundo Marx, da venda da sua força de trabalho, fonte de riqueza. 
PERGUNTA 4 
O termo ideologia aparece com importância para a Filosofia e as Ciências Sociais há pouco mais de 
um século, mas sua história pode ser rastreada nas culturas grega e romana. Seu sentido mais 
corrente é o que trata daquilo que afasta os homens e as sociedades da “realidade”, mais 
especificamente dos determinantes que nos fazem compreendê-la. De acordo com Marilena Chauí 
(1997), é possível conceituar ideologia nomeando-a como: 
a) Literal e figurativa. 
b) Profunda e superficial. 
c) Forte e fraca. 
d) Marxista e dialética. 
e) Fortalecida e dinâmica. 
 Resposta: C 
Comentário: de acordo com Chauí (1997), é possível falar de ideologia utilizando uma conceituação 
fraca e outra que poderia ser nomeada como forte. 
PERGUNTA 5 
Associada à crítica construída na perspectiva marxista, apresenta-se como possuindo um sentido 
necessariamente negativo. Na perspectiva de Chauí (1997), trata-se da definição da ideologia: 
a) Dominante. 
b) Forte. 
c) Interativa. 
d) Fraca. 
e) Alternativa. 
 Resposta: B 
Comentário: a definição forte está diretamente associada à crítica construída na perspectiva marxista 
e que a apresenta como possuindo um sentido necessariamente negativo. Nesse caso, a ideologia é 
como uma falsa consciência produzida e sustentada pela classe dominante e que se presta a encobrir 
os determinantes da dominação exercida por tal classe, como uma neblina que não nos deixa 
perceber a realidade. 
PERGUNTA 6 
Durante muito tempo no Brasil, a Psicologia pode ser entendida em suas atividades científicas como: 
a) Reproduzindo as desigualdades sociais. 
b) Organizadora dos debates sociais da América Latina. 
c) Ponto de apoio para outras ciências que também estavam engajadas nas discussões sociais. 
d) Espelho das atividades científicas que eram desenvolvidas nos Estados Unidos. 
e) Estudiosa da realidade social brasileira. 
 Resposta: D 
Comentário: durante muito tempo, a Psicologia no Brasil pode ser entendida como um espelho das 
atividades científicas que se desenvolviam na “metrópole” – entendam-se aqui os Estados Unidos. 
Seguindo esse modelo colonial, nossa produção científica e técnica esteve longe de levar em conta a 
história e as realidades vividas pelos povos latino-americanos. Acadêmicos e universidades 
dedicavam-se com mais ou menos sucesso a repetir as preocupações e os programas das 
universidades norte-americanas, tornando nossos os problemas e interesses produzidos em outros 
lugares (SANDOVAL, 2000). 
PERGUNTA 7 
Leia com atenção as afirmativas que se seguem: 
 
I- Durante as décadas de 1970 e 1980, boa parte da América Latina, em particular o Brasil, 
encontrava-se sob regime de liberdade e democracia. 
II- As ditaduras militares eliminaram direitos civis, suprimiram espaços de debate e a possibilidade do 
pensamento discordante. 
III- No Chile e na Venezuela, a Ditadura Militar foi instaurada em 1964 e encerrada em 1985 e sua 
presença nos meios culturais e acadêmicos foi avassaladora, ocasionando a morte de muitas 
pessoas. 
IV- Canções como “Cálice” (1973), de Chico Buarque de Hollanda e Gilberto Gil, é um exemplo de 
música de resistência e, ao mesmo tempo, revela o cuidado que se tinha para driblar a censura da 
época. 
 
Assinale a alternativa que contempla as afirmativas corretas: 
a) II e IV. 
b) I e III. 
c) I,II,III e IV. 
d) II,III e IV. 
e) I e II. 
 Resposta: A 
Comentário: a afirmativa I está incorreta, visto que durante as décadas de 1970 e 1980 boa parte da 
América Latina, inclusive o Brasil, encontrava-se sob regimes de exceção. As ditaduras militares 
eliminaram os direitos civis, suprimiram espaços de debate e a possibilidade do pensamento 
discordante. A afirmativa III também está incorreta, pois a Ditadura Militar, instaurada em 1964 e que 
durou até 1985, aconteceu no Brasil e não nos países citados. 
PERGUNTA 8 
Formada a partir das principais correntes no embate com modelos hegemônicos e que defendem a 
neutralidade da Psicologia, desenvolve-se uma perspectiva crítica nomeada como: 
a) Psicologia construtivista. 
b) Sociopsicologia. 
c) Psicologia das massas. 
d) Psicologia sócio-histórica. 
e) Sociologia crítica. 
 Resposta: D 
Comentário: formada a partir das principais correntes no embate com os modelos hegemônicos e 
que defendem a neutralidade da Psicologia, desenvolveu-se uma perspectiva crítica nomeada como 
Psicologia Sócio-Histórica, representada no Brasil pelos trabalhos de Silvia Lane e de seu grupo. 
PERGUNTA 9 
A Psicologia Sócio-Histórica afirma a _____________________________ entre a subjetividade e a objetividade 
do mundo, marcada pelas relações econômicas. 
a) Sustentabilidade. 
b) Morosidade. 
c) Interioridade. 
d) Competência. 
e) Indissociabilidade. 
 Resposta: E 
Comentário: a Psicologia Sócio-Histórica afirma a indissociabilidade entre a subjetividade e a 
objetividade do mundo, marcada pelas relações econômicas e reconhece a presença da linguagem 
como mediadora do processo de internalizarão da realidade. 
PERGUNTA 10 
Para Castoriadis (2007), confrontando as perspectivas tradicionais do marxismo e do estruturalismo, 
as ações humanas coletivas e cotidianas são: 
a) Preparadas para a convivência individual e coletiva. 
b) Instituintes do que é o ser humano, do que é possível, do futuro. 
c) Interações entre a burguesia e o proletariado do passado que interferem no hoje. 
d) Instituições governamentais que agem em prol da coletividade. 
e) Projetos que utilizam de métodos psicológicos para entender a sociologia. 
Resposta: B 
Comentário: para Castoriadis (2007), confrontando as perspectivas tradicionais do marxismo e do 
estruturalismo, as ações humanas coletivas e cotidianas são instituintes do que é o humano, do que é 
possível, do futuro. Atuar sobre a sociedade e reconhecendo suas dimensões necessariamente 
imponderáveis, procurar por respostas das quais também cada ator social é parte. 
 
Unidade II 
Psicologia Social 
Prof. Alexandre Furniel 
Unidade II: 
5. Grupos e subjetividade; 
6. Processos grupais; 
7. Psicologia social e mudança; 
8. Psicologia nas políticas públicas de saúde e desenvolvimento social. 
Grupos e subjetividade: 
Conceituação: 
 No século XVIII: a palavra “grupo” designa o ajuntamento de pessoas; 
 No período contemporâneo: grupos definidos a partir da metáfora biológica (grupo organismo) ou 
mecânica (grupo máquina), ou, simplesmente, pelo ajuntamento de pessoas, nas multidões, nos 
bandos, nas aglomerações. 
 Não é comum chamarmos de grupo os agregados, mais ou menos numerosos, de indivíduos que 
não têm propriamente nenhum contato entre si, os amontoados, percebidos por Sartre, numa fila à 
espera de ônibus que não estão sujeitos a normas claras de comportamento comum. 
 As maneiras de se entender um grupo como uma unidade estruturada ou como uma categoria são 
bastante conhecidas e utilizadas pelos cientistas sociais (HARRÉ, 1984). 
 De modo geral, tanto as pessoas quanto os cientistas sociais tendem a tratá-los como se fossem a 
mesma coisa. 
Uma história das ideias sobre os grupos: 
 Um dos principais organizadores da história das ideias sobre os grupos pode ser identificado no 
entendimento sobre a presença e a importância do imaginário. As teorias sobre os grupos tratam, 
com maior ou menor intensidade, da presença do imaginário nos grupos como um problema, um 
resto que precisa ser excluído: 
 Ora ele é privilegiado, deixando de lado tudo o que seria contextual, ora ele é descartado, quer 
pela sua pouca importância (na Psicologia Social americana), quer pela impossibilidade de manipulá-lo (como na Psicologia Institucional francesa). 
A Psicologia Social dos pequenos grupos: 
 Aquilo que é social nessa psicologia diz respeito à sua função e sua utilidade, assim como à sua 
localização fora do contexto e do tempo, no limite do tempo do “eu-grupo”, isto é, o social 
entendido como coisa, naturalizado; 
 O pequeno grupo, necessariamente estruturado, é o grupo típico dos setores administrativos dos 
empreendimentos capitalistas, alvo dos profissionais de Recursos Humanos; 
 De maneira geral, no pequeno grupo, o sujeito é, ou procura ser, sujeito; 
 Os grupos apresentam-se como unidades nas quais os seus membros buscam a satisfação de suas 
necessidades individuais. 
A dinâmica de grupo de Kurt Lewin: 
 Criador da expressão dinâmica de grupo, Kurt Lewin tem como uma das principais contribuições de 
sua Psicologia Social as investigações sobre a solução de conflitos nos pequenos grupos; 
 Lewin propôs-se a estabelecer os conceitos e a metodologia de forma que, ao dar conta das 
dinâmicas nos pequenos grupos, fossem também abrangentes o suficiente quanto ao entendimento 
e à intervenção nos grupos sociais; 
 Lewin foi inovador ao abordar os aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, 
mais do que isso, político, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a estas 
considerações. 
As psicoterapias de grupo: 
 Assim como os estudados por Kurt Lewin (operários, estudantes, soldados), pequenos grupos 
podem ser encontrados no âmbito das psicoterapias de grupo, consideradas como modalidade da 
Psicologia Clínica, que vem sendo desenvolvida, concomitantemente, com os avanços das 
psicoterapias individuais desde o início do século XX e como prática que se encontra no âmbito da 
Psicologia Social; 
 Quando percorremos o contexto das psicoterapias de grupo, assim como as ideias sobre os grupos 
que elas comportam, e discutimos a presença do elemento “perturbador” – o imaginário –, 
deparamo-nos com um cenário no qual há mais semelhanças do que diferenças; 
 O imaginário será visto, muitas vezes, como componente causador de perturbação, justamente 
quando é mais visível, sensual, perceptível, banhado do afeto envolvido nos relacionamentos face a 
face; 
 Para Lancetti (1994), a ilusão (o imaginário) é compreendida como um problema que precisa, de 
alguma forma, ser controlado e extraído. 
Dos grupos diagnósticos à Psicanálise: as críticas de Pontalis e Guattari: 
 Produzidas durante a década de 1950 e o início dos anos de 1960, as considerações de Pontalis 
(1972) sobre a psicoterapia de grupo comportam referências importantes sobre a questão do 
contexto e da história no entendimento dos grupos sociais; 
 Para Pontalis, o que assegura a existência de um grupo humano é a sua função institucional, isto é, 
o seu lugar num universo simbólico; 
 O pequeno grupo deve ser pensado não como absolutamente independente, mas sempre como 
inserido no contexto social; 
 Segundo Pontalis (1972), desde o grupo diagnóstico ou terapêutico (T-group), inventado em 1947, 
nos EUA, por discípulos de Kurt Lewin, os grupos são necessariamente artificiais; 
 O T-group seria um grupo sem passado e sem futuro, que comporta uma realidade falseada, em 
que se amplificam situações que, na realidade, não teriam a mesma intensidade. 
 Quando o grupo é entendido como em desenvolvimento, tal qual um organismo, isso se dá como 
tentativa de isolar os significados possíveis da experiência grupal, e a psicoterapia de grupo continua 
descaracterizada quanto à sua possibilidade de intervenção social – e clínica. 
 A contribuição da Psicanálise para a Teoria dos Grupos, segundo Pontalis (1972), está, 
inicialmente, nas tentativas de encontrar, nos grupos, similares das instâncias da personalidade da 
segunda tópica freudiana (ego, superego, ideal do ego). 
Interatividade 
Kurt Lewin, autor e criador da expressão “dinâmica de grupos”, realizou as suas pesquisas em meio 
às Grandes Guerras e foi inovador ao abordar aspectos da personalidade: 
a) No contexto cultural e político. 
b) Nas grandes empresas da época. 
c) Nas vilas e nos pequenos vilarejos. 
d) Em grupos de Recursos Humanos. 
e) Nos grupos de jogadores. 
Justificativa 
 Lewin foi inovador ao abordar aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, 
mais do que isso, político, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a essas 
considerações. 
 
Aula 02 
Dos grupos diagnósticos à Psicanálise: as críticas de Pontalis e Guattari: 
 É com Bion que a Psicanálise virá a oferecer uma nova dimensão para a psicoterapia de grupo, com 
as diferenças entre os grupos de base e os grupos de trabalho, assim como o conceito de hipótese 
de base; 
 Enquanto os grupos de trabalho são aqueles organizados para uma tarefa, os grupos de base 
caracterizam-se por não estarem presos a normas de funcionamento, mas a circunstâncias, como o 
horário da sessão de psicoterapia. 
De acordo com Bion, citado por Pontalis (1972), o grupo seria um agregado de indivíduos; e mais, 
possuiria um fantasma, isto é: 
 “[...] uma realidade estruturada, que age, capaz de informar não apenas imagens e sonhos, mas 
todo o campo do comportamento humano”. (ibidem, p. 218); 
 É isso que o grupo provoca nos indivíduos, o efeito desse fantasma; 
 Quando o indivíduo se vê face a face com um grupo, isso lhe provoca efeitos fantasmáticos, 
quanto a se o grupo é um “bom” objeto – com o qual pode aliar-se –, ou um “mau” objeto – um 
grupo persecutório, que o ameaça de destruição. 
 Da mesma forma, Guattari (2005) acabaria por encontrar algo equivalente também nos indivíduos 
que pertencem a grupos sociais, mesmo os tidos como revolucionários, como os partidos de 
esquerda ou os grupos de jovens, e que poria por terra a distinção fácil entre os grupos 
“revolucionários” e os “não revolucionários”, quanto à sua potência de transformação social. 
 Haveria grupos-sujeito, que se deixam embalar por seus fantasmas, e grupos-objeto, nos quais se 
apresentam momentos de subjetividade do grupo. 
 Para que um grupo se confirme ou se mantenha como grupo-sujeito, é necessário que haja uma 
articulação entre a criatividade do grupo, a sua expressão organizativa e a sua elaboração teórica. 
A Psicologia Social das categorias sociais: 
 Reconhecida como tradição e campo de pesquisa científica, a partir do final da Segunda Grande 
Guerra, a Psicologia Social europeia constitui-se influenciada pela Sociologia de Durkheim e em 
oposição à hegemonia da Psicologia Social americana, situando as suas preocupações nos grandes 
grupos sociais e em sua dinâmica (FARR, 2006); 
 Ao lado dos esforços para sistematizar métodos e procedimentos de pesquisa, os psicólogos 
sociais europeus irão dar especial importância à história e ao contexto, isto é, ao tempo, no 
desenvolvimento de seus trabalhos; 
 Estarão marcados pela presença de discussões ideológicas, por teorias que garantam a prevalência 
do social, como o marxismo, e pelos processos que explicam os relacionamentos intergrupos, como 
a categorização social, base para se pensar a instituição e o pertencimento a grupos; 
 A importância oferecida aos contextos social e político no pós-Guerra é um indicativo dos 
parâmetros que viriam a orientar os pesquisadores na tentativa de explicar, entre outros, o 
comportamento intergrupos, seja na preparação para a guerra, seja durante o seu desenrolar. 
A Teoria das Representações Sociais (TRS), de Serge Moscovici: 
O pensamento do senso comum: os grupos pensam? 
 Moscovici tem, como ponto de partida, a ideia de representações coletivas, antes proposta pelo 
sociólogo francês Émile Durkheim. Durkheim (1989, p. 513) trata das representações coletivas como 
uma forma de conhecimento, próprio da sociedade, que é concebida como um “ser” que pensa: 
 As representações coletivas “correspondem a maneira pela qual esse ser especial, que é a 
sociedade,pensa as coisas de sua própria experiência”; 
 A ideia original de Durkheim, que irá sustentar a proposta de um objeto próprio para a Sociologia, 
“um pensamento social”, contraria o senso comum e a concepção do pensamento como atributo do 
indivíduo e abre a porta para considerar-se sociedade (e grupos) como entes para os quais cabe 
reconhecer e, então, estudar os processos que sustentam as representações; 
 Moscovici subverte, no entanto, a concepção durkheimiana e indica que a representação dos 
objetos e das teorias sobre os quais as sociedades humanas têm interesse são reconstruídos por 
essas sociedades num processo contínuo apoiado, fundamentalmente, nas relações entre as pessoas 
e os grupos sociais. 
Como falar de um grupo que pensa? Como entender algo como uma cognição social? 
 Moscovici (2003) vai, assim, construir uma teoria que pretende instituir uma maneira diferenciada 
de conceber a realidade dos grupos, o seu pensamento e, como decorrência, o comportamento e o 
devir dos grupos humanos. 
 Na passagem das teorias científicas para o senso comum, num processo mediado pelo diálogo 
entre os indivíduos, a Teoria das Representações Sociais redescobre nos grupos sociais uma 
explicação para o mundo que orienta o comportamento dos indivíduos no grupo. 
Objetivação e ancoragem: 
 Moscovici irá considerar que o processo de elaboração de uma representação social, que ele 
caracteriza como âmbito da cognição social, pode ser compreendido em razão de dois momentos: a 
objetivação e a ancoragem; 
 Objetivação: processo pelo qual se tenta reabsorver um excesso de significações, materializando-
as; 
 Aqui, Moscovici entende estar a dimensão imagética da representação social, que tem importância 
direta no seu processo de disseminação; 
 Ancoragem: 
é o outro lado da moeda em relação à objetivação. Ajusta o objeto representado à realidade da qual 
este foi sacado, promovendo a constituição de uma rede de significações em torno dele e 
orientando as conexões entre ele e o meio social; 
 É possível verificar o processo de ancoragem na associação que podemos fazer entre a prática 
religiosa católica da confissão e a Psicanálise, ambas ocorrendo num espaço reservado, com garantia 
de sigilo, possibilidade de se tratar de questões íntimas que o sujeito não traria para o espaço 
público. A prática psicanalítica, como conceito, viria ancorar-se, assim, no conceito já conhecido de 
“confissão”. 
Teoria das Representações Sociais e grupos: 
 De acordo com Moscovici, as representações sociais são a função dos grupos, de sua experiência e 
daquilo que os identifica, a sua identidade; 
 Pode-se considerar que variam de acordo com um determinado grupo; 
 Moscovici e outros estudiosos da TRS têm recolhido exemplos de como, em um mesmo grupo, 
podem conviver diferentes representações sociais, o que foi chamado de polifasia cognitiva 
(MOSCOVICI, 1986); 
 Outro aspecto diz respeito às relações entre as representações sociais e o comportamento do 
grupo; 
 Segundo Moscovici (1986), a RS é compreendida também como comportando a preparação para a 
ação; 
 O comportamento de um indivíduo ou grupo poderá ser entendido como referente ao universo da 
RS que os caracteriza, e o estudo de certa representação social refere-se a este universo, em relação 
ao qual o grupo se orienta; 
 A RS apresenta-se e reproduz-se nas conversas do dia a dia, nas esquinas, nas praças e nos bares, 
instalando-se de maneira que subverta as normas e a rigidez habituais de aprendizagem. 
Interatividade 
Moscovici tomou como ponto de partida a ideia de ___________ ____________, antes proposta 
pelo sociólogo francês Émile Durkheim. Preencha a frase assinalando a alternativa que a completa, 
corretamente, as lacunas: 
a) Buscas; coletivas. 
b) Representações; sociais. 
c) Tradição; científica. 
d) Representações; coletivas. 
e) Senso; comum. 
Justificativa 
 Durkheim, considerado um dos fundadores da Sociologia como ciência, tem o seu trabalho sobre 
representações coletivas usado por Moscovici, que se apoia nos debates deste autor para iniciar os 
seus estudos. 
 
Aula 03 
Teoria das Representações Sociais, imaginário e grupos: 
 Discutindo as ideias sobre os grupos presentes na TRS, autores importantes, como Jorge Vala e 
Rom Harré, irão afirmar que estas ideias classificam os grupos como categorias; 
 A partir daí, os autores apontam as consequências dessa caracterização para o estabelecimento da 
TRS como uma genuína teoria dos grupos sociais e, mais ainda, para a sua filiação à corrente 
sociológica da Psicologia Social; 
 Em tais considerações, abrem caminho para a introdução do imaginário nessa concepção de grupo 
social; 
 Segundo Vala (2004), fundamentados no processo de categorização, os psicólogos sociais teriam 
produzido, pelo menos, duas maneiras, relativamente distintas, de considerar um grupo; 
 Na perspectiva cognitiva, como a de Tajfel e Turner, “um grupo só existe quando os indivíduos 
integram, na sua autodefinição, a inclusão numa categoria de pessoas produzida pelo processo de 
categorização” (ibidem, p. 381); 
 Na perspectiva sociocognitiva de Doise, “um grupo existe quando os indivíduos integram, na sua 
autodefinição, a pertença a uma categoria social, sendo que esse processo é regulado pela 
interdependência dos grupos sociais” (ibidem, p. 381). 
Identidade: 
Identidade-metamorfose: 
 A ideia de identidade, que provém do senso comum, contém o princípio da permanência, da 
essência, de algo que pretendemos cultivar como próprio de quem somos: sempre os mesmos; 
 Neste caso, a identidade é um objeto que podemos “ter”, que pode ser “nosso”; 
 Se nossa identidade se caracteriza pela mudança permanente (processo de transformação), é 
preciso reconhecer que a própria palavra “identidade” não dá conta do que ela representa quando 
significa “aquilo que é idêntico a si mesmo”. 
Identidade e ideologia: 
 De acordo com Ciampa (1983), a ideia de identidade diz respeito a certa existência que caracteriza 
cada um de nós e refere-se, também, a um lugar social pela nossa vinculação a um determinado 
grupo; 
 A identidade corresponde a uma construção social e é, portanto, histórica; 
 Forjada nas relações entre os indivíduos e nos grupos, dependente dos outros, ela se faz e se refaz 
nas relações, de tal modo que podemos dizer que somos, nas relações e, assim, como sugere Ciampa 
(1983), metamorfoses ambulantes. 
Identidade e grupos: 
 A identidade, que se presta a marcar uma existência particular, tem a dimensão de uma coisa, de 
um bem, quando os grupos deixam de carregar a sua dimensão imaginária; 
 Resultado de circunstâncias históricas, econômicas, políticas e, em última instância, sociais, esta 
identidade tende a ser algo que possuímos, por herança ou por esforço próprio, mas esforço de 
empresário, não de autor. 
Processos grupais: 
 Lane (2006) insiste em tratar o grupo como processo, ao caracterizá-lo como uma unidade que não 
se faz como permanente, que se constitui, fundamentalmente, de pessoas e relações, e que está 
inserida num determinado contexto histórico e social; 
 Ora, tudo isso, que irá compor a concepção e a materialidade dos grupos, é sujeito à passagem do 
tempo, muda, transforma-se por conta dessa passagem; 
 É por isso que se poderá, assim, falar em processo, porque o grupo só existe sendo; não é uma 
coisa que possa ser abstraída de sua condição histórica. 
Classificando os grupos sociais: 
 Microgrupos ou grupos primários, como a família, são importantes para a produção da 
subjetividade, e para a manutenção de ideias e ideais sociais. Sua presença é praticamente universal; 
os indivíduos têm experiências de si, simultaneamente vinculadas à presença de outras pessoas; 
 Macrogrupos ou grupos secundários, são grupos de outra ordem e não se diferenciam dos 
microgrupos, necessariamente, pelo tamanho. Do ponto de vista dinâmico, substituem 
progressivamenteos grupos primários, contribuindo para que a socialização se faça com mais 
intensidade, a partir dos macrogrupos. 
Os grupos operativos: 
Pensada como teoria e técnica que se presta à formação de equipes (grupos), por meio da Teoria 
dos Grupos Operativos, Enrique Pichon-Rivière procurava responder basicamente a algumas 
questões: 
O que é preciso para trabalhar em grupo? 
Como contribuir para a elaboração de uma tarefa em grupo? 
 Para tentar respondê-las, propôs a prática dos grupos operativos, instituída, inicialmente, no 
horizonte do seu trabalho como professor e educador; 
 Tendo como ponto de partida uma definição mínima do que é um grupo social, ou seja, conjunto 
de pessoas com um objetivo comum que procura trabalhar em equipe, o grupo operativo pode ser, 
assim, compreendido como um treinamento para trabalhar como equipe, incluída, aqui, a retificação 
das posições estereotipadas que sustentam esse grupo; 
 Uma ideia importante para a compreensão do trabalho grupal é o Esquema Conceitual, Referencial 
e Operativo (ECRO) grupal. Os participantes do grupo trazem para o encontro um esquema, uma 
série de saberes, de conhecimentos e entendimentos do mundo que, no grupo, irão se atualizar, 
confrontando os esquemas uns dos outros. 
Psicologia Social e mudança: 
Grupos e transformação social: 
 O enfrentamento de questões típicas dos indivíduos envolvidos em grupos e instituições sociais 
tem sido alvo constante da Psicologia, encampando as áreas como o trabalho, a educação, a saúde e 
a assistência social; 
 Experiências de ação com grupos sociais, indicam que as ações que promovem mudanças se dão 
tanto nos espaços macro, do formato e da organização do grupo, quanto nos micro, da dinâmica dos 
relacionamentos e afetos nos grupos; 
 A literatura sobre as ações com grupos sociais preconiza diferentes momentos; 
 O primeiro deles diz respeito à caracterização, o que vai acontecer, de fato, durante todo o 
processo da intervenção; 
 Consiste em localizar quais são os seus membros e os lugares por eles ocupados, o mapeamento 
das posições relativas empregadas pelos atores institucionais, a localização das forças de coesão e 
afastamento envolvidas nesses relacionamentos e a identificação das fantasias associadas a esses 
lugares; 
 Tal reconhecimento implica conhecer e analisar a própria história do grupo como parte daquilo 
que determina a sua dinâmica de lugares e afetos. 
 De acordo com Neiva (2010), as intervenções psicossociais como práticas de transformação e de 
pesquisa têm uma presença recente no âmbito da Psicologia, embora a preocupação com o bem-
estar de indivíduos e grupos tenha estado sempre no horizonte dos interesses dos psicólogos. 
 Características básicas das intervenções psicossociais: seu caráter científico, unindo a pesquisa à 
ação; preocupação em gerar mudança e desenvolvimento; foco em grupos, instituições e 
comunidades; ação sobre os problemas atuais da sociedade e as necessidades psicossociais de 
grupos, instituições e/ou comunidades; intervenção focada; caráter predominantemente preventivo; 
levar em conta o contexto social e cultural; e incluir a diversidade do grupo, da instituição e/ou da 
comunidade. 
Interatividade 
De acordo com Ciampa (1983), a ideia de identidade diz respeito a certa existência que caracteriza 
cada um de nós e refere-se, também, a um lugar social pela nossa vinculação a um determinado 
grupo. Assim, podemos afirmar que a identidade: 
a) É uma invenção social. 
b) Surge das expectativas do sujeito. 
c) Corresponde a uma construção social e histórica. 
d) Nasce da convivência da pessoa com o seu grupo. 
e) Parte do imaginário do grupo familiar. 
Justificativa 
 A identidade corresponde a uma construção social e é, portanto, histórica. Forjada nas relações 
entre os indivíduos e os grupos, dependente dos outros, ela se faz e se refaz nestas relações. 
Aula 04 
A comunidade: 
 Associada à vida comum e solidária, a comunidade está em oposição à vida típica do mundo 
globalizado, individualista e competitiva, entendimento que guarda um saudosismo de volta às 
origens; 
 Em contrapartida, deve-se considerar que, na história deste entendimento, a ideia de comunidade 
também foi combatida quando, desde o iluminismo, a comunidade e a tradição foram tomadas 
como inimigas das mudanças sociais e do progresso; 
 Tais utopias comunitárias seriam reativas ao individualismo e à modernidade; 
 Em meados do século XX, especialmente na Psicologia, o termo “comunidade” foi associado, com 
grande ênfase, a um modelo de intervenção social de origem americana, cujo mote era a melhoria 
das condições de vida por meio da “modernização” cultural e econômica; 
 A fragilidade deste entendimento estava tanto na sua definição espacial – comunidade associada a 
bairros pobres e proletários – quanto na ideia de normatização, como forma de integração; 
 Guareschi (1996) afirma que é preciso buscar a presença da comunidade nos grupos. A 
comunidade não é uma decorrência necessária do fenômeno grupal; nem sempre havendo grupo, 
há a comunidade. 
Psicologia Social Comunitária: Histórico da Psicologia Social Comunitária: 
 De acordo com Sawaia (1999), a Psicologia Comunitária é a ciência que tem por objeto a exclusão, 
numa perspectiva que nega a neutralidade científica e que pretende não apenas interpretar o 
mundo teoricamente, mas transformá-lo; 
 Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados no 
meio rural, e seus propositores eram, em sua maioria, cientistas sociais preocupados com a 
organização de grupos que pudessem gestar as práticas assistenciais, especialmente na educação 
(LANE, 2002); 
 Em março de 1964, instaura-se o regime militar no país, que contribui para um recrudescimento 
dessas condições, assim como para a instalação de um regime de terror na sociedade; 
 O Brasil é obrigado a conviver com um sistema de governo que põe fim a vários direitos civis, 
enquanto as contradições existentes na realidade social vão criando situações concretas na vida das 
pessoas, sobre as quais vários profissionais passam a atuar (IGLESIAS apud FREITAS, 2002, p. 58-59); 
 De acordo com Lane (2002), a Psicologia Comunitária, no Brasil, é uma prática que se iniciou por 
volta da década de 1960, a partir de uma aproximação dos profissionais e das populações carentes; 
 A Psicologia Social Comunitária precisa ser pensada, segundo Lane (2002), como uma prática 
inserida na conjuntura econômico-política da América Latina e do Brasil daquela época; 
 Durante as décadas de 1960 e 1970, o país, particularmente, passou por um momento político 
bastante conturbado, no qual, sob o domínio dos militares, a violência e a repressão eram praticadas 
de forma institucionalizada, “quando uma reunião de cinco pessoas já era considerada subversão” 
(LANE, 2002, p. 17). 
O papel da formação profissional para a ação comunitária: 
 O contexto histórico pode ser caracterizado, ao longo da década de 1960, por confrontos entre o 
Estado e as forças capitalistas, de um lado, e a sociedade civil e as suas reivindicações em prol de 
suas necessidades básicas, de outro; 
 As greves espalham-se por vários setores da produção e dos serviços, o desemprego atinge 
números assustadores, e a inflação e o custo de vida são insuportáveis para as classes trabalhadoras 
e para a população em geral; 
 A profissão de psicólogo encontrava-se em seu processo de regulamentação e a sua atuação na 
sociedade vinha crescendo em diversos segmentos do mercado de trabalho. 
As práticas da Psicologia em comunidades: 
 Os primeiros trabalhos chamados de comunitários foram realizados por cientistas sociais em 
comunidades da zona rural, por volta da década de 1940, na América Latina; 
 Foram criados, na época, os chamados “centros sociais”, precursores dos centros comunitários 
atuais, mas que duravam pouco tempo e: “[...] contavam com o apoioda Igreja Católica, de 
assistentes sociais e órgãos governamentais, criando equipes itinerantes interdisciplinares (médicos, 
agrônomos, assistentes sociais e outros) que procuravam organizar grupos locais que dessem 
continuidade aos trabalhos propostos – basicamente educativos” (LANE, 2002, p. 26). 
Os fundamentos da Psicologia Social Comunitária: 
 A Psicologia Comunitária dedica-se a estudar e a compreender o cenário das questões 
psicossociais que caracterizam uma comunidade, assim como intervir nele. Salienta-se por sua 
praticidade, e pela diversidade das opções teóricas e das intencionalidades que estruturam os seus 
fazeres (SCARPARO; GUARESCHI, 2007). 
A Psicologia Social Comunitária e o Serviço Social no mundo globalizado: 
 As mudanças de ordem global têm consequências muito importantes também no âmbito cultural, 
porque são capazes de promover transformações intensas na vivência mais direta das pessoas; 
 É fundamental que o AS conheça com maior profundidade os trabalhos da Psicologia Comunitária, 
como forma de auxiliar na diluição dos preconceitos e das fantasias do senso comum, acerca do 
trabalho do psicólogo e dos métodos que utiliza em sua prática, para que, a partir disso, possa 
aproveitar e assimilar contribuições que ele é capaz de oferecer. 
Psicologia nas políticas públicas de saúde e desenvolvimento social: 
 Psicologia e políticas públicas; 
 A questão social, é tratada por meio de políticas sociais setorizadas (saúde, educação, 
desenvolvimento social, segurança etc.) que procuram tratar das suas sequelas, cenário no qual 
virão atuar as profissões do setor de bem-estar, como a Psicologia, para lidar com a importância e os 
limites dessa atuação; 
 É preciso elaborar políticas públicas que levem em conta a historicidade das experiências 
subjetivas e que não podem ser construídas para sujeitos universais – ou únicos –, sob o perigo de, 
estas, contribuírem para a manutenção da desigualdade. 
Subjetividade e práticas de prevenção em saúde coletiva: 
 As ações de saúde desenvolvidas sob o espírito pioneiro e transformador do SUS, presentes nos 
programas de atenção à saúde, como o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Paism) ou 
na Estratégia Saúde da Família (ESF) são exemplos de como o profissional de Psicologia pode ser 
solicitado a sair de seu invólucro teórico-técnico. 
A contribuição da Psicologia para as ações no Sistema Cras/Suas: 
 O objetivo das políticas públicas, compreendido como ir ao encontro do sujeito e acompanhar o 
fundamental, quando se fala das políticas públicas de assistência e desenvolvimento social; 
 A participação dos psicólogos nas políticas públicas, indicados como os profissionais que atuariam 
com os AS, reflete o reconhecimento das contribuições técnicas e políticas que esses profissionais 
poderiam trazer para a associação na consolidação da PNAS. 
Formação profissional do psicólogo social: 
 O lugar e a contribuição da Psicologia para as políticas públicas e a questão social devem ser 
considerados a partir, tanto da sua inserção profissional quanto da produção de conhecimento – e 
das escolhas envolvidas nessa produção; 
 A formação de profissionais é um elemento central desse embate, ensejando a discussão sobre a 
partir de quais referenciais os futuros profissionais devem ser capacitados e inseridos, isso tanto na 
Psicologia quanto nas outras carreiras que fazem interface com as políticas de bem-estar – na saúde, 
na educação e na assistência social. 
Interatividade 
Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados: 
a) Nas grandes cidades. 
b) No meio rural. 
c) Nas escolas públicas. 
d) Nas cidades de pequeno porte. 
e) Nos centros universitários. 
Justificativa 
 Foi no meio rural que os primeiros trabalhos comunitários foram realizados, que contavam com o 
apoio da Igreja Católica, dando início, na década de 1940, aos centros comunitários. 
Questionário unidade II 
PERGUNTA 1 
Leia com atenção as afirmativas: 
 
I- No século XX, a palavra grupo designava ajuntamento de pessoas. 
II- Nas Ciências Sociais havia um preconceito bem estabelecido contra a ideia do grupo, do pequeno 
grupo. 
III- No período contemporâneo, podemos definir grupos a partir de uma metáfora biológica ou 
mecânica, ou simplesmente pelo ajuntamento de pessoas, nas multidões. 
IV- A ideia de grupo está presente também em grupos nos quais os indivíduos se encontram face a 
face, os pequenos grupos sociais ou nas organizações. 
 
Assinale a alternativa correta: 
a) I, III e IV 
b) II e IV 
c) I e III 
d) I, II e III 
e) II,III e IV 
 
PERGUNTA 2 
Na tradição da Psicologia Social europeia Serge Moscovici propôs, a partir da década de 1960, a 
Teoria das Representações Sociais (TRS). O ponto de partida para o seu trabalho teve como influência 
o trabalho de: 
a) Freud. 
b) Catariadis. 
c) Durkheim. 
d) Pichon-Rivière. 
e) Horkheimer. 
 
PERGUNTA 3 
Em uma apresentação crítica da Teoria das Representações Sociais, Vala (2004) faz um levantamento 
das concepções de grupo que perpassam pela Psicologia Social e afirma que os psicólogos sociais 
teriam produzido duas maneiras relativamente distintas de considerar um grupos, sendo elas: 
a) Na perspectiva cognitiva e na perspectiva sociocognitiva de Doise. 
b) Na educação neoliberal e nas apropriações sociais. 
c) Nas políticas públicas e no apoio das empresas. 
d) No conhecimento objetivo e na subjetividade de Castoriadis. 
e) Na categorização e na descentralização. 
 
PERGUNTA 4 
Ao questionarmos sobre a definição de identidade e recebermos como resposta sua associação ao 
documento com número que carregamos em nossa carteira, temos sua definição associada ao 
conhecimento: 
a) Técnico-científico. 
b) Objetivo. 
c) Científico. 
d) Senso comum. 
e) Subjetivo. 
 
PERGUNTA 5 
De acordo com Ciampa (1983), a ideia de _________________________________ diz respeito a certa 
existência que caracteriza cada um de nós e refere também a um lugar social pela nossa vinculação a 
um determinado grupo. 
 
Assinale a alternativa que completa corretamente a frase acima: 
a) Individualidade. 
b) Identidade. 
c) Objetividade. 
d) Ideologia. 
e) Grupalidade. 
 
PERGUNTA 6 
Lane (2006) trata o grupo como processo, não sendo permanente e se constituindo 
fundamentalmente de: 
a) Pessoas e relações e que está inserida em um determinado contexto histórico e social. 
b) Grupos diversificados e que estão contidos em uma sociedade. 
c) Pessoas e pequenos grupos encontrados nas comunidades europeias e americanas. 
d) Indivíduos dispostos a compor uma sociedade voltada para as questões políticas e sociais. 
e) Cientistas que estudam seu comportamento e dinamismo. 
 
PERGUNTA 7 
Freud, em “Psicologia das massas e análise do ego” (2011), reconhece que as massas são 
influenciadas pela presença: 
a) De um benfeitor. 
b) Da família. 
c) Do grupo. 
d) Da violência. 
e) De um líder. 
 
PERGUNTA 8 
A Psicologia Comunitária entende as comunidades como: 
a) Espaços de luta e reivindicações. 
b) Refúgio das angústias individuais. 
c) Espaço de articulações políticas e de combate. 
d) Espaços de produção de sentido onde são construídas diversas representações. 
e) Agrupamento de pessoas que compõe a sociedade e que conjuga luta coletiva e liberdade 
individual. 
 
PERGUNTA 9 
De acordo com Sawaia (2002), a Psicologia Social Comunitária delimita seu campo de competência na 
luta contra: 
a) As políticas públicas. 
b) Os meios de comunicação. 
c) A exclusão de qualquer espécie. 
d) Os direitos das elites. 
e) As construções sociais. 
 
PERGUNTA 10 
Tendo surgido em 2006 com o objetivo de “consolidar a produção de referências para atuação dos 
psicólogos em políticas públicas, por meio de pesquisas multicêntricas coordenadas nacionalmente”. 
É constituído como centro de pesquisa e com presença em todo o país, reúne e disponibiliza 
informações que possam colaborar para a açãodo psicólogo em diferentes campos. 
Trata-se: 
a) Conselho Regional de Psicologia voltado para questões sociais. 
b) Conselho Regional de Serviço Social. 
c) Centro Federal de Psicologia Social. 
d) Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas. 
e) Unidade de Referência Estudantil e Social. 
 
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