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1-CAPITULO I CONCEITO DE TEOLOGIA

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FUNDAMENTOS DA TEOLOGIA CATÓLICA
FACULDADE DE ECONOMIA E GESTAO
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
“NÃO PRETENDO, SENHOR, PENETRAR A TUA PROFUNDIDADE, PORQUE DE FORMA ALGUMA A MINHA RAZÃO É COMPARÁVEL A ELA. DESEJO ENTENDER DE CERTO MODO A TUA VERDADE, QUE O MEU CORAÇÃO CRÊ E AMA. NÃO BUSCO, COM EFEITO, ENTENDER PARA CRER. MAS CREIO PARA ENTENDER”
(Santo Anselmo)
Introduçao
Tipo de disciplina : Obrigatória
Numero de Créditos: 3 Créditos 75 horas/ 16 Semanas
Código de disciplina: RELI101
Semestre: Primeiro
Introduçao
Objetivos da disciplina 
1. Dar a conhecer a Fé católica.
2. Oferecer conceitos para a compreensão da pessoa humana à luz da fé.
3. Transmitir o ensinamento da Igreja católica, no campo político-social e cultural. 
Introduçao
Pré–requisitos 
De acordo com o regulamento em vigor, nomeadamente o art.º 21º, “na UCM não há precedência, isto é, módulo/ disciplina cuja frequência pressupõe o aproveitamento em outros módulos/disciplinas”. 
Introdduçao
A constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae(JP II, 1990) sobre as universidades católicas, permitiu aos Bispos católicos que no exercício do seu modus docendi, introduzir de modo sábio a cadeira que oferece a comunidade académica da UCM a oportunidade de um contacto com o pensamento e o posicionamento católico em algumas áreas do saber e conduta. 
Introduçao
O manual propósito “Fundamentos de Teología Católica”, dispõe de 5 capítulos: 
I. A FÉ CATÓLICA (Tratado sobre a fe católica)
Fé cat, históra de teologia e a revelação
II. A IGREJA (uma Abordagem eclesiológica)
Mistério da Igreja, a figura de Mª e os sacramentos
III. A PESSOA HUMANA À LUZ DA FE CATÓLICA
IV. PENSAMENTO DA IGREJA CATÓLICA EM QUESTÕES DE BIOÉTICA 
V. PENSAMENTO SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA 
Bibliografia
1. João Paulo II (1992). Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Editora Loyola. 
Concílio Vaticano II (2002). Constituições, Decretos e Declarações. Coimbra: Gráfica de Coimbra. 
Conferência Episcopal de Moçambique (1991). Carta pastoral Momento Novo. Maputo. 
Conferência Episcopal de Moçambique (1984). Cartas pastorais. Porto: Humbertipo - Artes Gráficas.
CONCEITO DA TEOLOGIA
1. ETIMOLOGIA
É do grego “theos” (deus, os seres humanos eram denominados com poderes além da capacidade humana) e “logos” (palavra que revela), por extensão “logia” (estudo). Teologia é a ciência das coisas divinas.
2. DEFINIÇÕES
Discurso sobre Deus, arte de dirigir o espírito na investigação da verdade do discurso sobre Deus.
Estudo sobre existência de Deus, assuntos referentes ao conhecimento da divindade, e também de sua relação com o mundo e com os homens.
Estudo sobre religiões: história, as tradições religiosas, os textos sagrados, a doutrina, o dogma e a moral. 
O teólogo Suíço Karl Barth definiu a Teologia como um "falar a partir de Deus“.
É a revelação científica sobre a revelação divina que a Igreja aceita pela fé como verdade salvífica universal (comissão teologia internacional, 2012)
IMPORTÂNCIA DE TEOLOGIA PARA A VIDA
Encontrar o sentido da ação comunicativa de Deus na sagrada escritura e compreender esta ação em jesus cristo. 
Aprofundar-se na palavra de Deus para descobrir o que ele tem revelado sobre si. Isto conhecê-lo como criador omnipotente de todas as coisas, “alfa e omega” de todas as coisas. 
Conhecer a Deus para que possamos glorificá-lo através de nosso amor e obediência. 
CRITÉRIOS PARA O ESTUDO DA TEOLOGIA
UM CONJUNTO DE CRENÇAS (Experiência da vida, formação religiosa e cultural)
EQUILÍBRO (Razão e emoção)
CORAÇÃO HUMILDE (Oração e informação)
TEOLOGIA e FÉ
CONCEITO DA FÉ
Etimologia: a fé tem origem no Grego "pistia" que indica a noção de acreditar e no Latim "fides", que remete para uma atitude de fidelidade.
É Convicção, confiança a abandono. Isto alimenta um pessoa na relação com Deus e é uma resposta positiva à iniciativa reveladora de Deus. 
A fé consiste no escutar a Palavra de Deus pregada e para conduzir à obidiência. 
O QUE IMPLICA “TER FÉ” ?
Uma atitude de confiança tirando a dúvida
Esperança de mudança positiva na vida
Fe diferente de Crença
1. 1. Conceito de Fé
A fé é uma confiança, convicção, confiança e abandono, que alguém alimenta na sua relação com Deus. O ser humano é convidado a responder por uma relação de confiança e fé neste Deus (obediência).
1.1.1. Crença
É uma filosofia de vida que sustenta uma cosmovisão e os valores apresentados por uma cultura.
3 elementos básicos da FÉ para elaborar conceito da TEOLOGIA
Fé + elemento cognitivo = 
			fé-palavra (texto).
Fé + elemento afetivo = 
			fé-experiência.
Fé + elemento ativo = fé-prática.
Fé e Teologia = fé e razão.
A Teologia busca interpretar a revelação:
fé e razão, 
a fé católica com outras religiões, 
a fé com o ateísmo. 
É também da competência da Teologia procurar ler os acontecimentos do homem de hoje à luz da revelação.
O ponto de partida da teologia é a fé. A teologia nasce do coração da própria fé. 
O QUE FAZ A TEOLOGIA?
Três momentos:
a. Fase da Escuta – auditus fidei
b. Fase da inteligencia – Intellectus fidei
c. Fase prática – praxis fidei 
Auditus Fidei
Fase da escuta: 
É tido como momento positivo, porque sublinha que a teologia não parte do conhecimento humano, mas provém da Palavra de Deus. 
Nesta fase existe dois campos de estudos:
a. Lugares Constitutivos: 
	que funda a teologia na Sagrada Escritura e na 	Tradição não 	escrita (oral);
b. Lugares declarativos: 
	se ocupa do ensinamento do magistério, do que escreveram os teólogos, os padres da Igreja.
Intellectus Fidei
Teologia especulativa: Argumentativa. Depois de escutar a palavra de deus, a razão humana começa a ordenar esta palavra. Procura compreender essa verdade.
E A FAZ DE DUAS MANEIRAS:
Com o uso da capacidade humana: 
a faculdade humana desenvolve uma teologia acessível a todo o ser humano, não só aos cristãos – teologia natural (filosofia). 
b. O homem procura explicar em Deus: 
De dentro da fé cristã, do dado revelado. 
Praxis fidei 
Função prática
Atualização da fé, aplicação...
 
Fazer – transformar. Deus se revela na vida do povo. Diante das aspirações humanas e evangélicas, a teologia desempenha uma função política original e insubstituível, porque ilumina os problemas e dirige a ação nos vários campos da vida do homem, segundo as indicações e os preceitos da Palavra de Deus.
HISTORIAL DA TEOLOGIA
TEOLOGIA NOS SANTOS PADRES 
 Os primeiros Padres da Igreja esforçam-se para conciliar a nova religião com o pensamento filosófico mais corrente da época entre os gregos e os romanos. Defenderam a fé cristã frente às diversas críticas advindas de valores teóricos e morais dos “antigos”.
a - Clemente de Alexandria (150-215): Teologia é o conhecimento das coisas divinas.
b - Orígenes (185-254): indica a verdadeira doutrina sobre Deus e sobre Jesus Cristo como salvador.
c - Pseudo-Dionísio Areopagita (Séc. IV-V): Introduziu assim uma importante distinção: 
 Teologia apofática (negativa); procede por negações, recusa a Deus os atributos tomados do mundo sensível e inteligível. transcendendo todo e qualquer conhecimento e conceito
Teologia catafática: (afirmativa); afrima os conceitos sobre Deus relativos aos nomes com os quais ele é indicado: Deus como causa primeira de todas as coisas.
Teologia mística (simbólica, linguagem do mistério). Chega a Deus através da intenção, oração,...
d - Agostinho (354-430):
 
“teologia é a inteligência que intervém na compreensão de fé, é contemplação de um espírito crente que, por amar, deseja atingir a completude da realidade amada” 
(De Civitate Dei 8,1). 
Quanto mais se ama, mas se busca conhecer.
Teologia na Escolástica:
Durante a Idade Média: coleção, pensamentos, “cadeias” os teólogos começaram a colecionar/ sentenças.
1. Anselmo de Cantuária (1033-1109): 
caracteriza a Teologia como...
 fides quaerens intellectum: 
a fé que ama quer conhecer; procura razões para crer, 
2. Tomás de Aquino (1224-1274)
Para Tomás a teologia construída a partir da revelação divina reconhece ateologia filosófica como parceira, de certo modo a pressupõe e a completa, dando-lhe o verdadeiro sentido.
“O que a fé acolhe como dom, a teologia o explica e explica à luz da compreensão humana com suas próprias leis” 
NO PRIMEIRO SÉCULO DO CRISTIANISMO
Há 3 estilos principais que se encontram:
1. teologia narativa dos evangelhos
2. literatura apostolar
3. apocalíptica
ESTA TEOLOGIA É:
Pneumática (embebida pelo espírito santo).
Eclesial, nascida no seio de uma comunidade
Missionária, que transmite e recria a fé cristã
Vivencial, repleta de sentimentos e conotações afectivas, proveniente da experiencia de seguimento de Cristo ressuscitado. 
Contextualizada, na historia da comunidade em que foi elaborada.
Aberta ao futuro, estimulando interpretações enriquecedoras e novas releituras situadas.
NA ÉPOCA PATRÍSTICA
Há um estilo de teologia devido ao objectivo do discurso: esclarecer a identidade da fé cristã no seu encontro com as culturas, helénica, romana e mesmo a judaica.
Após o período das perseguições, com o reconhecimento do império romano, a igreja corre dois riscos:
1. Helenizar a sua doutrina (por uma união entre fé e pensamento grego)
2. secularizar-se (entrando nas estruturas do império pelo caminho das honras, privilégios, apoio de poder político). A liturgia é influenciada pelo culto pagão, esta situação se arrastou até a reforma trazida pelo Concilio Vaticano II.
SINTESE DA TEOLOGIA DA ÉPOCA PATRÍSTICA:
PONTO DE PARTIDA: experiência intensa do mistério proclamado, celebrado e vivido na leitura do livro sagrado e das realiades mundanas. 
QUEM FAZ TEOLOGIA: bispos, sacerdotes e leigos (homílas, textos litúrgico, comentários dos textos de escritura, catequese, etc)
CARACTERÍSTICAS TEOLÓGICAS: teologia bíblica, litúrgica, cristológica, ecclesial, inculturada, etc. 
LIMITES
Pouca atenção ao concreto histórico, fraco traço profético devido ao compromisso com o poder temporal, progressiva des-escatologização e des-historização da teologia. 
A Teología Escolástica Medieval
A teologia medieval conta com 8 séculos de historia, 3 fases importantes: A dialéctica (Sto. Anselmo), a grande escolástica e a escolástica tardia.
1) Fase – A Teologia se limita a leitura e comentário da palavra de Deus (VIII-X). Influenciada pela mudança significativa verificada na sociedade e na Igreja (surgimento de associações, corporações e ordens mendicantes e universidades).
2) 2ª fase- do século X-XII (1120-1160)
Redescoberta do pensamento de Aristóteles e a respectiva mitologia, discute-se a questão e depois se tiram conclusões (dialéctica). 
Cont. A Teologia Escolástica Medieval
Anselmo (1033-1109) une à Teologia monástica agostiniana, favorável a fé ao pensamento especulativo dialéctico (a fé em busca da inteligência–fides quarrens intellectum) conclusões deduzidas.
Em 1054, temos o primeiro grande cisma ocidente/oriente com Miguel Cerulário. A teologia oriental não assimila a dialéctica, ela conserva os aspectos contemplativo e simbólico.
3) fase– Tomás de Aquino, figura mais alta da escolástica, combina o rigor teórico, criatividade e ousadia. A sua teologia responde a epistemologia de Aristóteles e deste modo é chamada ciência.
Cont. A Teologia Escolástica Medieval
Com Tomás saímos de crer para compreender (credere- patristica) e passamos ao crer e compreender. Numa perspectiva de afirmação, negação e síntese. Isto é, ciência que Deus comunica e ciência que o homem alcança pela reflexão autónoma, conjugando o ponto de vista de Deus e o ponto de vista do homem, concilia fé e razão.
TEOLOGIA ANTI-MODERNA (IDADE MÉDIA ATÉ VATICANO II 5 séculos)
 
É época da mudança (social, cultural, capitalismo mercantil, formação da supremacia da razão e do individualismo racional, separação entre império e papado, igreja e política)
Teologia é feita para o CLÉRIGO RELIGIOSO OU DIOCESANO
É uma teologia de defesa, e esta culmina com a celebração de C. Vaticano I. O concilio decreta a fundação dos seminários para a formação do clero.
3 ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA SÃO IDENTIFICADAS: 
1. TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Ocupa-se da Apologética (suscitar e testemunhar a fé)
2. TEOLOGIA MORAL 
Oferece estrutura da vida humana a partir da lei (divina, natural e positiva)
3. TEOLOGIA DOGMÁTICA (teologia regirosa, conceptual, objectiva)
Apresenta os pilares da fé cristã e busca argumentos racionais que iluminados pela Sagrada Escritura justifica e fundamenta a fé cristã. 
TEOLOGIA HOJE
Um sinal importante da Igreja Católica que marca a TEOLOGIA hoje em dia é O CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II (11/10/1962 – 08/12/1965).
A Teologia mais do que um discurso sobre Deus torna-se um discurso sobre a Palavra de Deus, cujo objectivo é compreender, aprofundar o seu sentido valendo-se de instrumentos de compreensão. Tais instrumentos mudam de época para época, de continente para continente…
TEOLOGIA hoje valoriza os esforços, aquisições e orientações deste Concílio, que concebe a fé como dom recebido e orienta o estudo das realidades divinas à luz da fé sob a orientação do Magistério, fazendo da Sagrada Escritura a alma da teologia. 
O Mundo Precisa de Teologia
Modernidade:
Império da razão, discurso da liberdade, busca da felicidade e do individualismo: negando a existência do outro, do Outro (Deus), A autonomia da esfera cultural e social: abismo entre a maioria privilegiada e a maioria sofrida.
Inteligência responsavel:
Ao falar da revelação divina de Deus, necessita inteligência.
Reflexão competente baseada na fé e razão:
O Evangelho de Cristo deve ser anunciado à luz da fé e inteligência crítica. 
Os desafios de fazer Teologia hoje?
1. O desafio dos contextos reais:
Teologia no mundo pós-moderno: não se acredita por mandato, mas a fé é como ato livre;
2. O desafio humano:
A teologia deve dar sentido à vida humana.
Desde a morte: a interrogação da dor. Medo de morrer, qual é a resposta de Deus diante da dor?
Rumo à vida: a interrogação do futuro. Ressurreição. A resposta do futuro é a ressurreição.
A vida do amor: a pessoa sente a fome de amor – Deus é amor. – SENTIDO DA VIDA
3. O desafio do Deus vivo:
A teologia deve ser ligada ao Deus vivo que se revela a si mesmo e à pessoa, não é a um monte da doutrina. 
Sinais de Esperança da Teologia
Teologia num mundo secularizado
	O saber da teologia de e para leigos e não só clero.
Teologia diante do desafio do diálogo ecumênico: 
	não somos os únicos donos da revelação, Deus não é 	privilégio 	de 	uma Igreja.
Teologia e nova praxe do povo de Deus
 	ela caminhar para responder as novas práticas, analisa e responder aos problemas económicos, sociais, culturais e políticos da humanidade à luz do Evangelho. 
O mundo se torna o lugar teológico.

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