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Modelo ricardiano

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1 
Modelo ricardiano 
 
1. Vantagem absoluta – Adam Smith – 1776
Segundo Adam Smith (Riqueza das Nações), o país deve exportar o produto com vantagem absoluta 
e importar o produto com desvantagem absoluta. 
A Tabela 1 apresenta as produtividades dos trabalhadores nos bens X e Y em cada país. 
Tabela 1 - Produtividade: produto por unidade de trabalho 
País\produto X Y 
Doméstico 10 6 
Estrangeiro 5 10 
Denominando as produtividades do trabalhador nos setores Y e X, respectivamente, por ‘a” e “b’” e 
indicando o país estrangeiro por asterisco (*) tem-se: 
a = 10 > a* = 5  país doméstico tem vantagem absoluta no bem X 
b = 6 < b* = 10  país estrangeiro tem vantagem absoluta no bem Y 
Se os países se especializam e comercializam entre si de acordo com as vantagens absolutas de cada 
um, ambos podem ganhar devido ao aumento na produção mundial (produção conjunta dos dois 
países). 
Para demonstrar isso, considere o que aconteceria com a produção mundial, se o país doméstico com 
vantagem absoluta no bem X, desloca um trabalhador do setor Y para o setor X. Dada as 
produtividades, o país doméstico deixaria de produzir 6 unidades do bem X e aumentaria a produção 
de Y em 10 unidades. Confira este resultado na primeira linha da Tabela 2. 
2 
 
Tabela 2 - Ganho dos países com deslocamento de uma unidade de trabalho 
País\produto X Y 
Doméstico 10 - 6 
Estrangeiro (*) - 5 10 
Mundo 5 4 
 
O país estrangeiro que possui vantagem absoluta no bem Y deslocaria um trabalhador do setor X para 
o setor Y. Neste caso, a produção de X cairia 5 unidades e a de Y aumentaria em 10 unidades. Confira 
novamente este resultado na segunda linha da Tabela 2. 
Se os dois países fizerem esta transferência setorial de trabalhadores, a variação da produção de cada 
pais e do mundo pode ser visualizada na Tabela 2. O resultado final seria um aumento líquido na 
produção mundial de X em 5 unidades e no setor Y em 4 unidades. 
Conclusão: a especialização de acordo com a vantagem absoluta proporcionaria um ganho potencial 
para ambos os países devido ao aumento na produção mundial. 
Este exemplo é intuitivo e não gera controvérsias. 
b) vantagem comparativa – David Ricardo – 1817 
O comércio ainda seria vantajoso para um país sem vantagem absoluta nos dois bens? 
A reação comum é não. Diante de um parceiro comercial tão competitivo, a melhor estratégia seria 
evitar o comércio. O país perderia se participar nestas condições. 
David Ricardo demonstrou que mesmo sem vantagem absoluta nos dois bens, um país pode ganhar 
com o comércio. Segundo ele, o que determina o comércio é a vantagem comparativa e não a vantagem 
absoluta. Assim, o país deve exportar o produto com vantagem comparativa e importar o produto com 
desvantagem comparativa. 
Vamos demonstrar a afirmação de Ricardo com um exemplo ilustrativo apresentado na Tabela 3. 
 
 
 
3 
 
Tabela 3 - Produtividade: produto por unidade de trabalho (i) 
País\produto X Y 
Doméstico 100 60 
Estrangeiro (*) 5 10 
 
Observando a tabela 3, podemos notar que: 
a = 100 > a* = 5  país doméstico tem vantagem absoluta no bem X 
b = 60 > b* = 10  país doméstico tem vantagem absoluta no bem Y 
Para o país estrangeiro, o comércio é ainda interessante, isto é, apesar de não ter vantagem absoluta 
em nenhum bem, valeria a pena participar do comércio? 
Segundo Ricardo, o que importa é a vantagem comparativa, isto é, a produtividade relativa. 
a
a∗
 = 
100
5
 = 20  país doméstico é 20 vezes mais produtivo que o país estrangeiro na 
produção do bem X 
b
b∗
 = 
60
10
 = 6  o país doméstico é 6 vezes mais produtivo que o país estrangeiro na 
produção do bem Y 
Assim, em termos relativos, o país doméstico tem vantagem comparativa no bem X e o país estrangeiro 
tem vantagem comparativa no bem Y. Ou seja, o país doméstico é mais produtivo nos dois bens, mas 
é relativamente mais produtivo no bem X. O país estrangeiro é menos produtivo nos dois bens, mas é 
relativamente menos pior no bem Y. 
Observe também que a vantagem comparativa é determinada utilizando-se os quatro indicadores de 
produtividade dos 2 bens e dos 2 países, e não simplesmente comparando a produtividade de um bem 
em um país em relação a outro como na determinação da vantagem absoluta. 
a
a∗
 = 
100
5
 = 20 > 
b
b∗
 = 
60
10
 = 6 
É possível, um país ter vantagem comparativa nos dois bens? 
A resposta é não. Por que? 
4 
 
A comparação entre as produtividades relativas nos dois bens entre ambos os países pode gerar três 
resultados possíveis: 
a
a∗
 > 
b
b∗
 ⇒ país doméstico tem vantagem comparativa no bem X 
a
a∗
 = 
b
b∗
 ⇒ país doméstico não tem vantagem comparativa no bem X nem no bem Y 
a
a∗
 < 
b
b∗
 ⇒ país doméstico tem vantagem comparativa no bem Y e, por conseguinte, 
 desvantagem comparativa no bem X 
Portanto, logicamente não é possível ter vantagem comparativa nos dois bens. Ou seja, um país não 
pode ter simultaneamente: 
a
a∗
 > 
b
b∗
 e 
b
b∗
 > 
a
a∗
 
Agora, vamos calcular se há aumento na produção mundial se os países se especializam e 
comercializam de acordo com vantagem comparativa. 
Como vimos, o país doméstico tem vantagem comparativa no bem X e o país estrangeiro no bem Y. 
Se o país doméstica transfere 0,1 trabalhador (por exemplo, 10% das horas de trabalho por dia) do 
setor Y para o setor X, obterá um aumento de 10 unidades de X e uma redução de 6 unidades de Y. 
Se o país estrangeiro transfere um trabalhador do setor X para o setor Y, terá um aumento de 10 
unidades de Y e perda de 5 unidades de X. A produção conjunta dos dois países (produção mundial) 
terá um incremento de 5 unidades de X e 4 unidades de Y. Logo, há ganho potencial com a 
especialização de acordo com as vantagens comparativas, conforme pode ser visto na Tabela 4. 
Tabela 4 - Ganho dos países com deslocamento de 0,1 unidade de trabalho no país doméstico e de 
uma unidade de trabalho no país estrangeiro 
País\produto X Y 
Doméstico 10 - 6 
Estrangeiro (*) - 5 10 
Mundo 5 4 
 
5 
 
Conclusão: o comércio baseado na vantagem comparativa proporciona um aumento líquido (ganho 
potencial) na produção mundial. Assim, o país estrangeiro pode ganhar com o comércio apesar de não 
ter vantagem absoluta nos dois bens. 
Talvez você fique preocupado por que no país doméstico se transfere 0,1 trabalhador ao invés de 1 
trabalhador como antes. 
O que precisa ser demonstrado é se há alguma transferência de trabalhador, em qualquer quantidade, 
que gera aumento na produção mundial. Portanto, a quantidade transferida de trabalhador não importa. 
Para ficar mais confiante nesta afirmação, pense um indivíduo que tem apenas uma forma de aumentar 
a sua renda, tudo o mais constante, isto é, horas trabalhadas, ambiente de trabalho, etc.. Por que não 
usaria esta forma? 
O que aconteceria se as produtividades relativas fossem iguais nos dois bens? 
Vamos modificar o exemplo anterior na Tabela 5. 
 
Tabela 5 - Produtividade: produto por unidade de trabalho (i) 
País\produto X Y 
Doméstico 100 60 
Estrangeiro (*) 10 6 
 
a = 100 > a* = 10  país doméstico tem vantagem absoluta no bem X 
b = 60 > b* = 6  país doméstico tem vantagem absoluta no bem Y 
E quanto à vantagem comparativa? 
a
a∗
 = 
100
10
 = 10  o país doméstico é 10 vezes mais produtivo que o país estrangeiro 
na produção do bem X 
b
b∗
 = 
60
6
 = 10  o país doméstico é 10 vezes mais produtivo que o país estrangeiro 
na produção do bem Y 
6 
 
Assim, o país doméstico tem produtividade relativa idêntica nos dois bens. Isto significa que não tem 
vantagem comparativa em nenhum dos bens. 
Se os dois países efetuarem a transferência de trabalhadores do exemplo anterior, a produção mundial 
não se altera, conforme pode ser observado na Tabela 6. Logo, a especialização neste caso não gera 
ganho potencial. 
 
Tabela 6 - Ganho dos países com deslocamento de 0,1 unidade de trabalho no país domésticoe de 
uma unidade de trabalho no país estrangeiro 
País\produto X Y 
Doméstico 10 - 6 
Estrangeiro (*) - 10 6 
Mundo 0 0 
 
Conclusão: se as produtividades relativas são iguais, não há vantagem comparativa. Portanto, o 
comércio não proporciona ganho potencial. A vantagem comparativa é uma condição necessária e 
suficiente para proporcionar ganhos de comércio. 
2. Modelo ricardiano 
Agora, vamos descrever o modelo ricardiano utilizando os conceitos de microeconomia que vocês 
aprenderam anteriormente. 
Vamos explicitar as hipóteses básicas para a construção do modelo ricardiano: 
a) 2 países: doméstico e estrangeiro (*): para ter comercio são precisos pelo menos dois países; 
b) 2 bens finais: X e Y: um bem para ser exportado e outro para ser importado; 
c) a produção de cada bem utiliza um único fator homogêneo de produção: trabalho; 
d) oferta de trabalho perfeitamente inelástica em cada país, isto é, a quantidade de trabalhadores é 
fixa; 
e) perfeita mobilidade entre setores dentro do país, ou seja, o trabalhador se deslocará para o setor 
com maior salário, o que significa que em equilíbrio o salário deve ser igual em ambas atividades. Não 
há mobilidade dos trabalhadores entre países, isto é, os trabalhadores não poderão se deslocar para 
7 
 
outros países em busca de maiores salários. Assim, os salários podem ser diferenciados entre países; 
f) produtividades marginais constantes e, portanto, iguais a produtividades médias, isto é, os 
coeficientes técnicos de produção (quantidade de trabalho necessário para produzir uma unidade do 
produto) não se alteram quando a produção aumenta (retornos constantes de escala). Notar que o 
coeficiente técnico de produção é o inverso da produtividade marginal. 
g) tecnologias diferentes entre os países (produtividades diferentes). Esta é a única diferença entre os 
países; 
h) não há barreiras ao comércio e o custo de transporte é nulo. Esta hipótese evita que outros fatores 
influenciem o comércio; e 
i) concorrência perfeita nos mercados de bens e de fatores. 
2.1 Fronteira de possibilidade de produção (FPP) 
Vamos desenhar a FPP (vocês devem ter aprendido este conceito em microeconomia; em 
macroeconomia é conhecida como produto potencial): 
A função de produção do setor Y no país doméstico é dada por: 
(1) Y = bLY  LY = 
Y
b
 
Y = quantidade produzida do bem Y; 
b = produtividade marginal (e média) do trabalho; 
LY = quantidade de trabalho no setor Y. 
A função de produção do setor X é dada por: 
(2) X = aLX  LX = 
X
a
 
X = quantidade produzida do bem X; 
a = produtividade marginal (e média) do trabalho; 
LX = quantidade de trabalho no setor X. 
8 
 
Note que ambas funções de produção tem retornos constantes de escala: multiplicando-se a 
quantidade de trabalho por , a produção aumentará por este fator. 
A produção dos bens deve ser limitada (se a produção fosse infinita, não há problema econômico!!). 
Vamos introduzir a limitação estabelecendo uma quantidade fixa de trabalhadores (hipótese de que a 
curva de oferta de trabalho é perfeitamente inelástica). 
Isso significa que a soma dos trabalhadores empregados nos dois setores deve ser igual a dotação 
de trabalho da economia: 
3) L = LX + LY 
L = quantidade de trabalho no país doméstico. 
Substituindo as equações (1) e (2) na equação (3) temos: 
L = 
b
Y
+ 
a
X
 
Multiplicando ambos os lados da equação (3) por b, temos: 
 bL = Y + 
b
a
X, ou 
 (4) Y = bL - 
b
a
X 
Essa equação representa a FPP do país doméstico. 
Derivando a equação (4) em relação a X, tem-se: 
dy
dx
 = - 
b
a
  TMT = |
b
a
| 
onde TMT é a taxa marginal de transformação. 
Qual é o significado econômico de TMT? 
A TMT indica quanto de um bem uma sociedade deixar de produzir para aumentar a produção de outro 
bem em uma unidade, ou seja, qual é o custo de oportunidade de produzir uma unidade desse bem. 
Exemplo: b = 4 e a = 2 
TMT = |
b
a
| = 
4
2
 = 
2
1
 = 2 
9 
 
Uma economia com TMT = 2 significa que para produzir uma unidade adicional de X tem que sacrificar 
2 unidades de Y. 
O que determina a TMT? 
A produtividade relativa, isto é, o estado da tecnologia na economia. 
Se a produtividade do setor X aumenta de 2 para 4 e a produtividade do setor Y (b = 4) continua 
constante, o que acontece com a TMT? 
TMT = |
b
a
| = 
4
4
 = 1 
Com o aumento da produtividade no setor X, a economia passa a ter capacidade de produzir uma 
unidade adicional de X sacrificando apenas 1 unidade de Y. 
Vamos desenhar a equação (4), ou seja, a FPP do país doméstico no espaço dos bens com a 
quantidade do bem Y no eixo vertical e a quantidade do bem X no eixo horizonta. (Gráfico 1.) 
Escrevendo novamente a equação (4): Y = bL - 
b
a
X, notamos que a FPP é linear. 
Se X = 0, então, o intercepto no eixo vertical é igual a Y = bL. quantidade máxima que o país doméstico 
pode produzir do bem Y, se todos os trabalhadores são alocados no setor Y (número de trabalhadores 
L multiplicado pela sua produtividade marginal b). 
Se Y = 0, então o intercepto no eixo horizontal é igual a X = aL, quantidade máxima que o país 
doméstico pode produzir do bem X, se todos trabalhadores estão empregados nesse setor (número de 
trabalhadores L multiplicado pela sua produtividade marginal a). 
Gráfico 1- FPP do país doméstico 
 
 
 
 
 
 
Y 
bL 
X aL 
FPP 
 
−
b
a
 
O 
Conjunto de 
possibilidade 
de produção 
10 
 
A inclinação (valor absoluto) 
b
a
 mede o custo de oportunidade do bem X em unidades do bem Y, isto é, 
para produzir uma unidade adicional do bem X, o país doméstico deixa de produzir 
b
a
 unidades de Y. 
A linha da FPP mostra todas as combinações de Y e X que o país é capaz de produzir quando todos 
os trabalhadores estão empregados. Qualquer ponto abaixo da linha da FPP é uma produção possível, 
mas há desemprego. Pontos acima da FPP são impossíveis de alcançar permanentemente. 
Temporariamente até pode, mas com horas extras de trabalho. 
Os pontos internos e na fronteira do triângulo ObLaL indicam o conjunto de possibilidade de produção. 
Vamos entender melhor as limitações impostas pela FPP, com alguns exercícios. 
O que acontece com a FPP no país doméstico se L1 aumentar para L2? 
A FFP se desloca paralelamente para a direita e o custo de oportunidade de produzir X permanece 
constante (Gráfico 2). 
 
 
Gráfico 2 – Efeito de um aumento de L1 para L2 na FPP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que acontece com a FPP no país doméstico se ocorre progresso técnico (a2 > a1) no setor X? 
A FPP se desloca de forma viesada na direção do bem em que ocorreu o avanço tecnológico (Gráfico 
3). Note que no setor em que a tecnologia não melhorou a produtividade, o intercepto no eixo vertical 
que mede a máxima quantidade que se pode produzir dada a disponibilidade de trabalhadores não 
Y 
bL1 
X aL1 
FPP1 
FPP2 
aL2 
bL2 
−
b
a
 
11 
 
sofre alteração. 
 
Gráfico 3 – Efeito do progresso técnico no setor X (a2 > a1) na FPP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe também que a inclinação da FPP que mede o custo de oportunidade de produzir uma unidade 
adicional de X cai. Isto ocorre por que devido ao aumento da produtividade do trabalhador nesta 
atividade a produção adicional de X pode ser efetuada retirando menos trabalhadores de Y. 
Se o país doméstico pode produzir em qualquer ponto da FPP, onde ocorrerá a produção? 
A FPP representa a oferta, logo escolher um ponto sobre a FPP significa produzir e ofertar 
determinadas quantidades de X e Y. 
Em economia sem comércio (também denominada economia fechada ou regime de autarquia), o ponto 
na FPP deve ser escolhido para que a oferta seja igual a demanda nos dois bens. Caso a escolha não 
atenda este requisito, haverá excesso de oferta de um bem e excesso de demanda de outro bem. 
Assim, a escolha no ponto da FPP dependerá da demanda. 
2.2 Demanda 
Em modelos de comércio, a demanda da sociedade por bens é representada pelomapa de curvas de 
indiferença, cujo formato especifica as preferências em relação aos bens X e Y (Gráfico 4). As curvas 
de indiferença têm as propriedades usuais, tais como continuidade e convexidade e as mais distantes 
da origem têm maior nível de utilidade, o que mede o bem-estar da sociedade. 
Y 
bL1 
X a1L 
FPP1 
-
b
a
 
FPP2 
a2L 
12 
 
Gráfico 4 – Preferência relativa dos bens X e Y 
 
 
 
 
 
 
 
Tal como o indivíduo possui uma restrição orçamentária que impede livremente a escolha da curva de 
indiferença com o maior nível de utilidade, a sociedade tem a restrição dada pela renda nacional (RN) 
que é igual ao PIB: 
PIB = RN = PX*X + PY*Y 
Lembrar que podemos medir o PIB pelo valor da produção dos dois bens, pois só há bens finais. 
Reescrevendo tem-se: 
PY*Y = RN - PX*X 
Y = 
RN
PY
 - 
PX
PY
 X 
Se X = 0  Y = 
RN
PY
 = bL 
Se a sociedade só consome Y, poderá consumir uma quantidade igual a renda nacional dividida pelo 
preço do próprio bem. Como a economia é fechada (sem comércio), o máximo que se pode consumir 
de Y é o que se pode produzir, dado pela produtividade do trabalhador nesta atividade vezes o número 
de trabalhadores. 
Se Y = 0  X = 
RN
PX
 = aL 
Y 
X 
U1 
U2 
U3 
13 
 
Assim, dada a RN, a sociedade escolherá consumir as quantidades dos bens X e Y que lhe permite 
alcançar a curva de indiferença mais distante da origem, isto é, maximizar o nível de bem-estar. Isto 
ocorre quando a curva de indiferença tangencia a linha da RN. No Gráfico 5, a escolha da sociedade 
ocorre no ponto A, consumindo as quantidades X1 e Y1. 
 
Gráfico 5 – Demanda da sociedade pelos bens X e Y 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em uma economia fechada, em equilíbrio, as quantidades produzidas de cada bem devem ser iguais 
as quantidades desejadas pela sociedade de ambos os bens (Gráfico 6) 
 
Gráfico 6 – Equilíbrio geral em uma economia fechada no país doméstico 
 
 
 
 
 
 
 
Y 
X 
U1 
U2 
U3 
RN bL 
Y1 
X1 aL 
A 
Y 
X 
U1 
U2 
RN = FPP 
bL 
YP = YC 
aL 
A 
XP = XC 
−
PX
PY
 = - 
b
a
 
14 
 
No Gráfico 6 nota-se que as inclinações (em valor absoluto) da FPP e da RN são idênticas: 
PX
PY
 = 
b
a
 
Este resultado deve-se ao equilíbrio competitivo (equilíbrio de longo prazo em concorrência perfeita, 
onde o preço é igual ao custo médio). 
Vamos demonstrar. 
O preço do bem X é igual ao custo médio de produção deste bem: 
(4) PX = 
1
a
w 
onde 
1
a
 mede a quantidade de trabalho necessária para produzir uma unidade de X e w o salário do 
trabalhador 
(5) PY = 
1
b
w 
onde 
1
b
 mede a quantidade de trabalho necessária para produzir uma unidade de Y. 
Dividindo-se a equação (4) por (5), tem-se: 
(6) p = 
Px
PY
 = 
1
a
w
1
b
w
 = 
b
a
 
A equação (6) mostra que o preço unitário do bem X é igual ao custo de oportunidade de produzir uma 
unidade adicional de X, ambos medidos em unidades de Y. 
Vamos repetir o procedimento anterior para o país estrangeiro. 
As funções de produção e a dotação de trabalho nesse país são dadas por: 
 (7) Y* = b*LY*  LY* = 
Y∗
b∗
 
(8) X* = a*LX*  LX* = 
X∗
a∗
 
15 
 
(9) L* = LX* + LY* 
Substituindo (7) e (8) na equação (9) obtemos a equação que representa a FPP do país estrangeiro: 
L* = 
b
y
*
*
 + 
a
X
*
*
  (10) Y* = b*L* - 
*a
*b
 X* 
O Gráfico 7 ilustra o país estrangeiro em equilibrio e sem comércio. 
 
 
Gráfico 7 – Equilíbrio geral em uma economia fechada no país estrangeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3 Comércio entre os países doméstico e estrangeiro 
Note inicialmente nos Gráficos 6 e 7 que, por construção, 
PX
PY
< 
PX
∗
PY
∗ . 
O que acontece se os dois países adotam o regime de livre comércio, isto é, os consumidores agora 
podem escolher entre comprar o produto produzido no país ou importar o mesmo produto e os 
produtores podem vender no mercado interno ou exportar? 
Os consumidores do país estrangeiro ao perceberem que 
PX
PY
< 
PX
∗
PY
∗ deixarão de comprar no seu país e 
passarão a importar do país doméstico. Assim, a demanda pelo bem X cai no país estrangeiro e seu 
preço deve diminuir. No país doméstico, a demanda aumenta e o preço deve aumentar. 
Portanto, o comércio internacional leva a equalização dos preços relativos conforme ilustrada na figura 
1. 
Y* 
X* 
U1* 
RN* = FPP* 
b*L* 
YP* = YC* 
a*L* 
A* 
XP* = XC* 
−
px
∗
py
∗ = - 
b∗
a∗
 
16 
 
Figura 1 – Efeito do comércio sobre 
Px
Py
 
Px1
∗
Py1
∗ 
 
Px
e
Py
e
 
 
Px1
Py1
 
 
Se no país doméstico o preço relativo do bem X no regime de autarquia é menor do que no país 
estrangeiro, o país tem vantagem comparativa neste bem. A demanda externa do bem X elevará o 
preço estimulando a produção desse bem até atingir a especialização da economia. No gráfico 8, a 
produção passa de A1 para A2 na mesma FPP. 
Por que ocorre a especialização no bem X no modelo ricardiano? 
Vocês aprenderam em microeconomia que a empresa escolhe o nível de produção Q1 que maximiza o 
lucro, isso ocorre quando P1 = Cma (Gráfico 9). A curva de custo marginal crescente é o formato usual 
e decorre da lei dos rendimentos decrescentes, quando há pelo menos dois fatores. Se o preço 
aumenta para P2, a produção aumenta para Q2. A firma eleva a produção de Q1 para Q2 para capturar 
o lucro disponível dada pela diferença entre o preço e o custo marginal. Note que quando a produção 
aumenta a partir de Q1, o lucro unitário (distância vertical entre o preço P2 e o custo marginal) vai 
diminuindo até desaparecer quando a produção atinge Q2. Se ultrapassar Q2, o lucro unitário passa a 
ser negativo (custo marginal maior do que P2). 
 
Consumidores do país 
estrangeiro passam a 
comprar (importar) do país 
doméstico: demanda no país 
estrangeiro cai e no país 
doméstico aumenta 
𝐏𝐱𝟐
∗
𝐏𝐲𝟐
∗ = 
𝐏𝐱𝟐
𝐏𝐲𝟐
 =
𝐏𝐱
𝐞
𝐏𝐲
𝐞 
 
 
 
País estrangeiro 
País doméstico 
17 
 
 
 
Gráfico 9 – Determinação da produção da firma com custo marginal crescente 
 
 
 
 
 
 
 
 
No modelo ricardiano, a função de produção tem retornos constantes. Assim, a curva de custo marginal 
é horizontal (Gráfico 10). Vamos repetir o exercício anterior. Se 
Px1
PY1
 = 
Cx
CY
 (preço do bem X é igual ao 
custo marginal de X, ambos medidos em unidades de Y), a quantidade será determinada pela 
demanda. Considere que a produção escolhida é Q1. Se o preço aumenta para 
Px2
PY2
, toda a produção 
P 
P1 
P2 
Q 
Q1 Q2 
Cma 
Ganho 
disponível 
Gráfico 8 
18 
 
gerará um lucro econômico positivo que não diminuirá quando aumenta a produção a partir de Q1. 
Desta forma, ao contrário do caso quando o custo marginal é crescente, o incentivo ao aumento da 
produção é permanente. Logo, a empresa, sob esse estímulo, elevará a produção até contratar todos 
os trabalhadores da economia, ocorrendo a especialização da economia no bem X. 
 
Gráfico 10 – Determinação da produção de X no modelo ricardiano 
 
 
 
 
 
 
 
 
Note que no setor Y ocorre incentivo para reduzir a produção. Se 
Px
PY
 aumenta, então, 
PY
PX
, que é o seu 
inverso, cai. Como o 
CmaY
CmaX
 permanece constante, as empresas produtoras de Y terão prejuízo e não 
terão incentivo para produzir esse bem. Então, a produção de Y será nula (Gráfico 11). 
Voltando ao gráfico 8, do lado da demanda, o aumento do preço relativo do bem X levará os indivíduos 
a reduzirem o consumo desse bem. O ponto de consumo passa de C1 para C2 sobre a nova renda 
nacional. Vamos entender o que aconteceu com a linha da renda nacional. Como vimos, a economia 
passa a produzir no ponto X2 e poderá vender qualquer quantidade desse bem a um preço maior. No 
entanto, a quantidade máxima que se pode produzir continuará sendo X2 = aL que não mudou, pois a 
produtividade e a dotação de trabalhadores continuaram idênticas. 
 
 
PX
PY
 
Q Q1 Q2 
Cma 
Ganho 
disponível
 
Especialização 
no bem X 
PX2
PY2
 
PX1
PY1
 
19 
 
Gráfico 11 – Determinação daprodução de Y no modelo ricardiano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, teremos um excesso de produção do bem X que será exportado e uma demanda pelo bem Y 
que será atendida totalmente por importação (Gráfico 8). Note também que a balança comercial estará 
em equilíbrio1, na medida em que o valor das exportações e das importações, ambos medidos a preços 
internacionais, são iguais. Para entender este resultado considere no gráfico 9 o triângulo de ângulo 
reto C2X3X2. Uma característica deste tipo de triângulo é que o ângulo 
PX
e
PY
e é igual ao cateto oposto C2X3 
dividido pelo cateto adjacente X3X2: 
PX
e
PY
e = 
C2X3
X3X2
 
Observando o eixo vertical, nota-se de C2X3 é igual ao excesso de demanda do bem Y (EDY) e no eixo 
horizontal X3X2 é igual ao excesso de oferta do bem X (EOX). Substituindo, temos: 
PX
e
PY
e = 
EDY
EOO
 
 
1 No modelo ricardiano não há fluxos de capitais, portanto, a balança comercial necessita estar sempre 
em equilíbrio. 
PY
PX
 
Q Q1 Q2 = 0 
CmaY
CmaX
 
Perda 
Y = 0 
PY1
PX1
 
PY2
PX2
 
20 
 
que podemos reescrever como: 
PX
eEOX = PY
eEDY 
Este resultado mostra que o valor das exportações do bem X é igual ao valor das importações do bem 
Y, ou seja, ao exportar o excesso de oferta de X será possível importar o excesso de demanda de Y, 
ambos aos preços internacionais de equilíbrio. 
Finalmente, vale observar que o comércio conduz a um aumento no bem-estar – maior nível de utilidade 
de U1 para U2 (Gráfico 8). 
No país estrangeiro, antes do comércio, o preço relativo de X é maior do que no país doméstico. Logo, 
com o livre comércio, os consumidores deixam de adquirir no seu país e passam a importar do país 
doméstico. Assim, a demanda pelo bem X cai levando a queda no preço relativo de X. 
Contudo observe que se 
PX
∗
PY
∗ cai, implica que 
PY
∗
PX
∗ aumenta, pois o preço relativo de Y é o inverso do preço 
relativo de X. Portanto, com o aumento de 
PY
∗
PX
∗ , os produtores terão incentivo para aumentar a produção 
de Y até atingir a especialização neste bem e os indivíduos reduzirão seu consumo gerando um 
excesso de oferta que será exportado. O bem-estar do país estrangeiro também aumenta (Gráfico 12). 
 
 
Gráfico 12 
21 
 
Vamos resumir o que aprendemos até agora. 
No modelo ricardiano com 2 países e 2 bens, os países se diferenciam entre si pela produtividade na 
produção de cada bem. Comércio com especialização da produção de acordo com vantagem 
comparativa aumenta o bem-estar nos dois países. 
2.4 Estrutura de comércio 
Agora, vamos verificar qual é a estrutura de comércio: qual bem é exportado, qual bem é importado 
que emerge do modelo ricardiano. 
Vimos que, se p < p*, o país doméstico se especializa na produção de X, exportará esse bem e 
importará o bem Y. 
Lembrando que: p = 
b
a
 < 
b∗
a∗
 = p*  
b
b∗
 < 
a
a∗
 
Portanto, o país doméstico tem vantagem comparativa no bem X e exportará esse bem e tem 
desvantagem comparativa no bem Y e importará esse bem. 
A vantagem comparativa pode ser definida de três formas: 
a) maior produtividade relativa na produção de X 
Se 
b
b∗
 < 
a
a∗
  país doméstico tem vantagem comparativa no X 
b) menor custo de oportunidade de produzir X 
Se 
a
a∗
 > 
b
b∗
  
b
b∗
 < 
a
a∗
  país doméstico tem vantagem comparativa no X 
c) menor preço relativo do bem X 
b
a
 = 
PX
PY
 < 
b∗
a∗
 = 
PX
∗
PY
∗  
PX
PY
 < 
PX
∗
PY
∗  país doméstico tem vantagem comparativa no bem X. 
3. Modelo ricardiano e pauta de exportação brasileira 
A partir de 2009, quando a participação das exportações de produtos básicos no total das vendas 
externas brasileiras superou a dos manufaturados pela primeira vez desde 1979 criou-se no Brasil a 
22 
 
preocupação que a pauta exportação brasileira era inadequada para garantir o desenvolvimento 
econômico do país (Gráfico 13). 
 
Gráfico 13 - Participação das exportações brasileiras por fator agregado no total: 1964 – 2016 (%) 
 
 
Fonte: SECEX, MIDIC. Elaboração própria. 
 
O modelo ricardiano é útil para entender o que está acontecendo a pauta de exportação brasileira? 
Segundo Samuel Pessoa (2010, p. 8)...... “Há diversos analistas que se preocupam com a perda de 
peso das manufaturas na exportação. É comum acreditar-se que políticas de ganhos de eficiência ou 
de redução de custo Brasil contribuem para elevar a competitividade da indústria. Este não é o caso. 
O erro dessa análise é achar que o competidor do produtor de manufaturas do Brasil é o produtor de 
manufaturas do resto do mundo. Esse não é o caso. O competidor do produtor de manufaturas no Brasil 
é o produtor de bens primários do Brasil. Se o Brasil não produzisse bens primários, o câmbio seria o 
necessário para haver um superávit externo na exportação de bens manufaturados”. 
Considere o modelo ricardiano de dois países: Brasil e Resto do Mundo (*); 2 bens: X corresponde aos 
produtos primários e “a” sua produtividade; Y representa os produtos manufaturados e “b” a sua 
produtividade. 
O Brasil tem vantagem comparativa em produtos primários se: 
a
a∗
 > 
b
b∗
 
Quando Pessoa (2010, p. 8) afirma que .....”É comum acreditar-se que políticas de ganhos de eficiência 
ou de redução de custo Brasil contribuem para elevar a competitividade da indústria. Este não é o caso. 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1
9
6
4
1
9
6
6
1
9
6
8
1
9
7
0
1
9
7
2
1
9
7
4
1
9
7
6
1
9
7
8
1
9
8
0
1
9
8
2
1
9
8
4
1
9
8
6
1
9
8
8
1
9
9
0
1
9
9
2
1
9
9
4
1
9
9
6
1
9
9
8
2
0
0
0
2
0
0
2
2
0
0
4
2
0
0
6
2
0
0
8
2
0
1
0
2
0
1
2
2
0
1
4
2
0
1
6
23 
 
O erro dessa análise é achar que o competidor do produtor de manufaturas do Brasil é o produtor de 
manufaturas do resto do mundo. Esse não é o caso.” 
Ele está afirmando que não é suficiente comparar “b” com “b*”, isto revelaria apenas quem teria 
vantagem absoluta no setor de manufaturados, Brasil ou Resto do Mundo. 
O “b” poderia ser maior do que “b*”, ou seja, a produtividade do Brasil no setor de manufaturados pode 
ser maior do que no Resto do Mundo, mas ainda 
a
a∗
 > 
b
b∗
. Portanto, o Brasil seria exportador de produtos 
primários. 
Quando Pessoa (2010, p. 8) afirma que .....” O competidor do produtor de manufaturas no Brasil é o 
produtor de bens primários do Brasil.” 
No modelo ricardiano, o setor X com vantagem comparativa atrairia trabalhadores oferecendo maiores 
salários. Quando ocorre a especialização, a produção de manufaturas cairia para zero. Portanto, ao 
novo salário, a produção de manufaturas é inviável. 
No caso do Brasil, o setor de produtos primários que é muito mais produtivo que o Resto do Mundo, 
expande a produção. Ao invés do aumento de salários como no modelo ricardiano, a enorme 
exportação de produtos primários valoriza a taxa de câmbio. 
O preço de manufaturados em reais é determinado por: 
PM = TCxPM* 
onde PM é o preço em reais de bens manufaturados, TC a taxa de câmbio (reais por dólar) e PM* o 
preço internacional de manufaturados em dólares. 
Se o custo de produção de manufaturados permanece constante, a valorização da taxa de câmbio 
torna inviável a sua exportação devido à queda do preço em reais. Neste sentido, o competidor do setor 
manufaturado no Brasil é o setor primário. 
Dada a valorização da taxa de câmbio, qualquer aumento da produtividade de manufaturados ainda 
será insuficiente para tornar o setor competitivo no mercado internacional. 
Por último, se o Brasil não fosse tão competitivo em produtos primários, a taxa de câmbio se 
desvalorizaria aumentando o preço em reais do produto manufaturado e estimulando sua exportação. 
24 
 
Nota-se que o modelo ricardiano com todas as suas hipóteses simplificadoras da realidade, ainda 
oferece lições no mundo real!!! 
4. Produção direta versus indireta 
Outra forma de entender o ganho de comércio é utilizar os conceitos de produçãodireta e produção 
indireta. 
Considere o país doméstico. Há duas formas de obter o bem Y. 
A primeira por meio de produção direta: 1 hora de trabalho no setor Y proporciona b unidades de Y (1 
hora vezes a produtividade). 
A segunda por meio da produção indireta: 1 hora de trabalho no setor X proporciona a unidades de 
X, que podem ser transformadas em unidades de Y vendendo ao preço internacional e comprando o 
bem Y no mercado mundial. Assim, obterá Y = a
PX
e
PY
e. 
Observe que no numerador temos a receita obtida com a venda do bem X (aPX
e
) e no denominador o 
preço do bem Y no mercado internacional. 
O que é mais valioso, a produção direta ou a indireta? 
A resposta obviamente é a que proporcionar maior quantidade de Y. 
Então, se b < a
PX
e
PY
e, a produção indireta é melhor por que fornecerá maior quantidade com 1 hora de 
trabalho. 
Note que se b < a
PX
e
PY
e , podemos reescrever: 
PX
e
PY
e > a
b
 = 
PX
PY
 
Isso significa que o país doméstico tem vantagem comparativa no bem X, isto é, não tem vantagem 
comparativa no bem Y. 
Portanto, a produção indireta do bem Y é maior do que a produção direta sempre que o país tem 
desvantagem comparativa no bem Y. Na realidade, exportar é uma forma de produzir o bem importado, 
25 
 
isto é, semelhante ao papel de uma função de produção tradicional. O quadro 2 apresenta as duas 
funções de produções: a tradicional do lado esquerdo e a função de produção via comércio do lado 
direito. Nessa última, a exportação é como um insumo e o comércio a tecnologia que indica quantas 
unidades do bem importado é possível obter. 
 
Quadro 2 
 
5. Ganhos de comércio no modelo ricardiano 
Vimos anteriormente que o ganho de comércio pode ser visto observando o país atingir uma curva de 
indiferença mais distante da origem indexado com maior nível de utilidade. 
O ganho de comércio também pode ser interpretado como uma ampliação do conjunto de possibilidade 
de consumo. Assim, quando o preço relativo do bem X aumenta, a curva da renda nacional se desloca 
para cima (Gráfico 14). 
26 
 
 
Agora, quanto maior o preço relativo do bem exportador (com vantagem comparativa), mais se desloca 
a curva da renda nacional gerando maior ganho de comércio (Gráfico 15). 
 
 
 
 
6. Salários relativos e vantagem comparativa 
Até agora, o modelo ricardiano não fez referência ao nível de salário nos países. No entanto, é comum 
ver notícias que a competitividade da China é devido a baixos salários. Por que, então, não falamos de 
salários? 
Vamos introduzir o papel dos salários no modelo ricardiano. 
Gráfico 14 
Gráfico 15 
27 
 
Observando os dados da Tabela 7, que reproduzimos abaixo, o país doméstico tem vantagem absoluta 
nos dois bens, pois sua produtividade é maior na produção dos dois bens (6 contra 1 no bem X e 3 
contra 2 no bem Y). 
 
Tabela 7 – Produto marginal do trabalho na produção dos bens X e Y nos países doméstico e 
estrangeiro 
País/produto X Y 
Doméstico a = 6 b = 6 
Estrangeiro a* = 1 b* = 2 
 
 
Nota-se também que o país doméstico tem vantagem comparativa na produção de X, pois é 6 vezes 
mais produtivo no bem X e apenas 1,5 vez mais produtivo no bem Y. Assim, é relativamente mais 
produtivo no bem X do que no bem Y. 
Portanto, o país doméstico se especializará no bem X. Lembrando da hipótese de concorrência perfeita 
que em equilíbrio o preço é igual ao custo médio e o salário real é igual a produtividade marginal do 
trabalhador, o salário real será dado por: 
 PX = 
1
a
 w  
w
PX
 = a = 6 unidades de X 
O país estrangeiro se especializará no bem Y e o salário real será dado por: 
 PY = 
1
b∗
 w*  
w∗
PY
 = b* = 2 unidades de Y 
Como os salários reais estão com unidades de medida diferentes não podemos compará-los. Para isso, 
precisamos transformá-los na mesma unidade. 
Para comparar os salários no Brasil e nos Estados Unidos, precisamos da taxa de câmbio, para 
transformar o salário em reais (moeda brasileira) em dólares ou o salário em dólares para reais. Em 
modelos de comércio não há taxa de câmbio devido a ausência de moeda. Entretanto, há o preço 
relativo que indica quanto uma unidade de um bem pode ser trocada por unidades de outro bem. 
Suponha que 
PX
e
PY
e = 1, aparentemente uma suposição arbitrária. No entanto, vale lembrar que este 
28 
 
preço relativo está localizado na amplitude possível do preço internacional de equilíbrio com o comércio 
(foi visto anteriormente): 
PX
PY
 = 
3
6
 = 0,5 e 
PX
∗
PY
∗ = 
2
1
 = 2 
Assim, é uma suposição arbitrária, mas dentro do intervalo possível. 
Aceitando este preço relativo, podemos medir os salários em unidades do bem Y: 
País doméstico  w = 6 unidades de Y 
País estrangeiro  w* = 2 unidades de Y 
Salário relativo  
w
w∗
 = 
6
2
 = 3 
O País doméstico tem vantagem comparativa se: 
w 
1
 a
 < w* 
1
a∗
 ou 
w
w∗
 < 
a
a∗
 
w
w∗
 = 
6
2
 = 3 < 
a
a∗
 = 
6
1
 = 6  o maior salário relativo é mais do que compensado pela maior 
produtividade relativa; 
w
b
1
 < w*
b
1
*
 ou 
w
w∗
 < 
b
b
*
 
w
w∗
 = 3 > 
b
b
*
 = 
3
2
 = 1,5  o maior salário relativo não é compensado pela maior 
produtividade relativa. 
Um exercício interessante é comparar o custo de produção nos EUA e no Brasil para um bem qualquer, 
introduzindo-se a taxa de câmbio para transformar o salário em reais no Brasil em dólares: 
wUS 
1
aUS
 < 
WBR
TC
1
aBR
 
onde 
WUS = salário nos EUA em dólares; 
29 
 
aUS = produtividade do trabalhador norte-americano; 
WBR = salário no Brasil em reais; 
aBR = produtividade do trabalhador no Brasil; e 
TC = taxa de câmbio, medida em reais por dólar. 
Pelo sinal da desigualdade, o custo de produção no Brasil é maior do que nos EUA. 
Como reduzir o custo de produção no Brasil? Como tornar o produto brasileiro mais competitivo? 
Há três possibilidades: 
i) reduzir wBR por meio de desemprego, o que dada a rigidez do salário requer uma prolongada recessão 
econômica e o custo social será elevado; 
ii) desvalorizar a taxa de câmbio (aumento de TC); 
iii) elevar produtividade (aBR). No entanto, isto requer novos investimentos e melhora na qualificação do 
trabalhador, um processo que exigirá muitos anos. 
Portanto, ganho de competitividade a curto e médio prazo exige um regime de câmbio flexível. 
Até o momento, utilizamos apenas dois bens. No mundo real, há inúmeros bens. Vamos então, tornar 
mais realístico o modelo ricardiano. 
Agora, considere n bens e as seguintes produtividades de cada bem em cada país. 
País doméstico  a1, a2, a3, ...................., an 
País estrangeiro  a1*, a2*, a3*,...................an* 
Vamos calcular a produtividade produtividades relativas de cada bem: 
a
a
*
1
1 , 
a
a
*
2
2 , 
a
a
*
3
3 ,................., 
a
a
*
n
n 
Agora, vamos ordenar os bens segundo a produtividade relativa, do maior para menor: 
a
a
*
3
3 , 
a
a
*
55
55 , 
a
a
*
4
4 , 
a
a
*
40
40 , 
a
a
*
10
10 ,.................,
a
a
*
90
90 
Portanto, neste exemplo, o bem 3 tem a maior produtividade relativa, o bem 55 tem a segunda maior 
produtividade relativa e o bem 90 a menor. 
30 
 
País doméstico produzirá todos os bens em que 
w
w∗
 < 
a
a
*
i
i 
Portanto, para um dado 
w
w∗
 podemos dividir o conjunto de bens entre produzidos e não produzidos no 
país doméstico: 
 
 
 
a
a
*
3
3 , 
a
a
*
55
55 , 
a
a
*
4
4 , 
a
a
*
40
40 , 
a
a
*
10
10 ,................., 
a
a
*
90
90 
 
 produz não produz 
 
 
Assim, para determinar os produtos produzidos no país doméstico é necessário conhecer o salário 
relativo, que será fixado pela demanda e oferta relativas de trabalho no mundo. 
Vamos começar pela demanda, analisando o que acontece com a demanda de trabalhadores no país 
doméstico se o salário relativo cai. 
 
w
w∗
   
p
p∗
 
Com preço relativo menor aumenta a demanda pelos bens produzidos no país doméstico o que leva amaior demanda de trabalhadores. Ademais, quando 
w
w∗
 cai, aumenta o número de produto que ao país 
doméstico produz de forma competitiva, o que também eleva a demanda por trabalhadores. Estes dois 
fatores tornam a demanda relativa de trabalho nos dois países (mundo) com o formato usual (Gráfico 
15). 
Considerando uma dotação fixa de trabalho nos dois países, tem-se uma curva de oferta relativa de 
trabalho perfeitamente inelástica. Assim, o salário relativo de equilíbrio 
w1
w1
∗ será determinado pelas 
demanda e oferta relativas de trabalho (Gráfico 16). 
O que acontece se o salário relativo vigente for 
w2
w2
∗ > 
w1
w1
∗ , como ilustrado no gráfico 16? 
 
w
w∗
 
31 
 
Gráfico 15 - Demanda relativa de trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 16 – Determinação do salário relativo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O país doméstico produzirá menor quantidade de bens e menor demanda pelos produtos produzidos 
gerando desemprego. Este desemprego levará a uma redução do salário relativo até atingir o pleno 
emprego. No modelo ricardiano, o processo de ajustamento ocorre por meio de flexibilização dos 
salários. 
Qual é o mecanismo de ajustamento no mundo real? 
Ocorre por meio de ajustes nos salários e na taxa de câmbio. Provavelmente, mais via taxa de câmbio 
devido a rigidez dos salários. Lembrem-se das dificuldades da Argentina e Grécia, o primeiro devido a 
taxa de câmbio fixa e o segundo por ser membro do euro e não ter moeda própria. 
w
w∗
 
L
L∗
 
DR 
w
w∗
 
L
L∗
 
DR 
OR 
w1
w1
∗ 
L1
L1
∗ 
w2
w2
∗ 
L2
L2
∗ 
32 
 
Algumas pessoas se preocupam o que aconteceria se a produtividade fosse alta, mas o salário baixo. 
Por exemplo, a China por ter uma população elevada, isto é, uma oferta de trabalho alta não poderia 
ter salário baixo e produtividade alta? 
A resposta é não. O salário é determinado pela produtividade. 
Relembre a contratação ótima (maximiza o lucro) de trabalhadores por uma firma em concorrência 
perfeita. A empresa contratará trabalhadores até que o benefício marginal propiciado pelo trabalho é 
igual ao custo marginal da contratação deste trabalhador. 
Bma = Cma  PmaL.P = VPmaL = w 
onde P representa o preço dado no mercado e VPmaL o valor do produto marginal do trabalhador. 
Se o salário sobe e preço é dado no mercado, para manter a igualdade acima, a firma reduzirá o número 
de trabalhadores que elevará a produtividade marginal do trabalhador reestabelecendo a igualdade 
novamente. Portanto, a demanda de trabalhadores da firma é negativamente inclinada em relação ao 
salário. 
O gráfico 17 ilustra o equilíbrio no mercado de trabalho. Se a PmaL aumenta devido a um choque de 
tecnologia, a curva de demanda de trabalho se desloca para a direita e o salário aumenta de W1 para 
W2. Portanto, produtividade e salário estão correlacionados positivamente. 
 
Gráfico 17 – Determinação do salário se PmaL1 < PmaL2 
 
 
 
 
 
 
 
 
W 
W1 
W2 
PmaL1P 
PmaL2P 
33 
 
O Gráfico 18 apresenta evidência real desta afirmação para 7 países. Neste gráfico, no eixo horizontal 
mede-se a produtividade do país em relação à produtividade norte-americana e no eixo vertical o salário 
hora em dólar como percentagem do salário nos EUA. Os pontos vermelhos representam os países e 
se distribuem ao longo da diagonal mostrando que quanto mais a produtividade do país é próxima a 
dos EUA, o salário é também mais similar ao salário norte-americano. Evidentemente, os EUA estão 
localizados na linha diagonal com índices de 100 em ambos os eixos. 
 
 
 
O gráfico 19 mostra que a produtividade e salários são correlacionados para um grupo de países no 
período 1973-2010. 
 
Gráfico 18 
34 
 
Gráfico 19 – Produtividade e salários, 1973-2011 
 
Fonte: Feenstra e Tayor, 2012, p. 48. 
 
 
O gráfico 20 mostra também que em 2010 os países com maiores produtividades apresentam maiores 
salários. Esta relação não é direta pois na medida de salário estão incluídos os benefícios sociais, tais 
como assistência à saúde e previdência que difere entre os países. 
 
 
35 
 
Gráfico 20 – Produtividade e salário, 2010 
 
Fonte: Feenstra e Tayor, 2012, p. 46. 
 
Alguns analistas afirmaram que a China seria diferente. Dado o elevado número de trabalhadores 
disponíveis na área rural, a produtividade na manufatura poderia aumentar sem elevar os salários na 
indústria (setor urbano). O gráfico 21 mostra que esta percepção era equivocada. Mesmo na China, 
quando a produtividade aumenta – medida pela renda per capita – os salários urbanos, no setor 
manufatureiro e nas cidades manufatureiras também crescem. 
7. Custos de transporte e bens não-comercializáveis 
Para consumir um bem importado temos de pagar o custo de transporte. 
O que acontece se introduzimos o custo de transporte no modelo ricardiano? 
Sem custo de transporte, o país doméstico importará o bem i se w
a
1
i
> w*
a
1
*
i
 
Introduzindo custo de transporte (CT) como custo adicional, poderemos ter, por exemplo: 
w
a
1
i
 < w*
a
1
*
i
 + CT  país doméstico produzirá o bem i 
36 
 
Gráfico 21 – China: produtividade e salários na manufatura: 2002-2008 
 
 
Isto significa que apesar do custo de produção do bem i no país doméstico ser menor do no país 
estrangeiro, o custo de transporte torna o custo de consumir o bem importado maior do que o custo de 
produção no país doméstico. 
Portanto, o custo de transporte representa uma barreira ao comércio. 
Em determinados bens, é possível que ocorra simultaneamente: 
w
a
1
i
 > w*
a
1
*
i
 + CT 
w*
a
1
*
i
 > w
a
1
i
 + CT 
Portanto, os países doméstico e estrangeiro produzirão o bem i, tornando-o um bem não-
comercializável no mercado internacional. 
37 
 
Um bem não comercializável é aquele cujo preço é determinado pela oferta e demanda internas, não 
sendo influenciado pelo preço internacional. 
Exemplos de bens não comercializáveis ou pouco comercializáveis: 
• Cimento, tijolo 
– Peso, volume e durabilidade curta 
• Vidros e produtos com vidro 
– Possibilidade de quebra eleva o seguro no transporte 
• Produtos com água 
– Peso eleva o custo de transporte 
O exemplo clássico de bem não comercializável é serviço. No entanto, o avanço tecnológico tem 
ampliado o número de serviços de podem ser comercializados internacionalmente. Antes, se você 
precisa consultar um médico especializado nos EUA teria que viajar para ser atendido localmente 
arcando com custos de viagem e estadia. Agora, para determinadas especialidades, a consulta pode 
ser feita online. 
8. As predições do modelo ricardiano tem apoio na realidade? 
Modelo ricardiano: 
1. Especialização total da produção. 
2. Ignora a redistribuição de renda. 
3. Não considera diferenças nas dotações de fatores entre países. 
4. Não considera a possibilidade da presença de economias de escala. 
Mundo real: 
1. Não ocorre especialização da produção 
2. Há fortes efeitos na distribuição de renda dentro do país. 
3. Há muitas diferenças nas dotações de fatores entre países. 
4. Há em alguns setores economias de escala. 
38 
 
Apesar disso, a previsão básica do modelo ricardiano que países tendem a exportar bens com maior 
produtividade relativa é válida. 
O gráfico 22 mostra a relação positiva entre a produtividade dos EUA e a Grã-Bretanha e a exportação 
relativa entre estes países para 26 setores industriais. Este resultado confirma a predição do modelo 
ricardiano. 
 
 
A tabela 8 apresenta a produtividade relativa entre Bangladesh e China nos setores de vestuário e 
demais atividades e a participação relativa das exportações destes países. Nota-se que apesar da 
baixa produtividade em Bangladesh, a produtividade relativa deste país em vestuário é muito mais 
elevada do que em outros setores. Então, segundo o modelo ricardiano, as exportações de vestuário 
de Bangladesh em relação as da China deve ser maior neste setor que nos demais setores. Os 
resultados apresentadosconfirmam esta expectativa. 
 
Gráfico 22 
39 
 
 
 
 
 
Referências bibliográficas 
Feenstra, R. C. e Taylor, A. M. International Economics. Worth Publishers, 2012 (third edition). 
Krugman, P., Obstfeld, M. e Melitz, M. Economia Internacional: Pearson Education do Brasil, 2015 
(100. edição), cap. 3. 
Markusen, J. R., Melvin, J. R., Kaempfer, W. H. e Maskus, K. E. International Trade: Theory and 
Evidence. Mc-Graw-Hill International Editions, 1995, cap. 7. 
 
 
Tabela 7 
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