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MARIA GIOVANA PARIZZI FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA Reitora Sandra Regina Goulart Almeida Vice-Reitor Alessandro Fernandes Moreira Pró-Reitora de Graduação Benigna Maria de Oliveira Pró-Reitor Adjunto de Graduação Bruno Otávio Soares Teixeira Pró-Reitora de Extensão Claudia Andrea Mayorga Borges Pró-Reitor Adjunto de Extensão Paulo Sergio Nascimento Lopes Diretor Flavio de Lemos Carsalade Vice-Diretora Camila Figueiredo Conselho Editorial Flavio de Lemos Carsalade (presidente) Camila Figueiredo Eduardo de Campos Valadares Élder Antônio Sousa Paiva Fausto Borém Lira Córdova Maria Cristina Soares de Gouvêa Centro de Apoio à Educação a Distância PROGRAD | UFMG Diretora de Educação a Distância da UFMG Maria das Graças Moreira Coordenador de Pesquisas de Educação a Distância da UFMG Fernando Fidalgo Coordenador da Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFMG Eucidio Pimenta Arruda Coordenadora Pedagógica de Educação a Distância da UFMG Suzana dos Santos Gomes Coordenador de Tecnologias de Educação a Distância da UFMG Carlos Basílio Pinheiro Coordenador de Extensão de Educação a Distância da UFMG Evandro José Lemos da Cunha MARIA GIOVANA PARIZZI FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA Belo Horizonte Editora UFMG 2018 © 2018, Maria Giovana Parizzi © 2018, Editora UFMG Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. Elaborada pela Biblioteca Professor Antônio Luiz Paixão – FAFICH-UFMG. Assistência Editorial Eliane Sousa Direitos Autorais Anne Caroline Silva Coordenação de Textos Lira Córdova Produção Gráfica Warren Marilac Orientação e Supervisão Pedagógica Deolinda Armani Turci Márcia Marília T. A. de S. Duarte Marcus Silveira Produção Editorial e Preparação de Textos Michel Gannam Revisão Ana Clara Teixeira Ferreira Caio Saldanha Felipe Magalhães Projeto Gráfico Departamento de Design/CAED-UFMG Formatação Sérgio Luz EDITORA UFMG Av. Antônio Carlos, 6.627 | CAD II | Bloco III Campus Pampulha | 31270-901 Belo Horizonte-MG | Brasil Tel. +55 31 3409-4650 | Fax +55 31 3409-4768 www.editoraufmg.com.br | editora@ufmg.br Centro de Apoio à Educação a Distância da UFMG (CAED-UFMG) Av. Antônio Carlos, 6.627 | Unidade Administrativa III Térreo - Sala 115 | Campus Pampulha | 31270-901 Belo Horizonte-MG | Brasil Telefax +55 31 3409-5526 | ead@ufmg.br P234f Parizzi, Maria Giovana Fundamentos de geologia / Maria Giovana Parizzi. - Belo Horizonte : Editora UFMG, 2018. 153 p. : il. Material didático produzido pelo Centro de Apoio à Educação a Distância da Universidade Federal de Minas Gerais (CAED/UFMG). Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-423-0197-7 1. Geologia. 2. Ensino a distância. I. Universidade Federal de Minas Gerais. Centro de Apoio à Educação a Distância. II. Título. CDD: 371.35 CDU: 37.018.43 NOTA DA DIRETORIA DO CAED A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) atua em diversos projetos de educação a distância, que incluem atividades de ensino, pesquisa e extensão. Dentre elas, destacam-se as ações vinculadas ao Centro de Apoio à Educação a Distância (CAED-UFMG), que iniciou suas atividades em 2003. Primeiramente, o trabalho de apoio à educação a distância esteve ligado ao assessoramento da Reitoria e das unidades acadêmicas no credenciamento dos primeiros cursos de graduação na modalidade a distância (EaD) da UFMG no Ministério da Educação (MEC). Posteriormente, o CAED passou a ampliar sua atuação em favor da institucionalização da EaD na UFMG, coordenando e assessorando o desenvolvimento de cursos de graduação, pós-gra- duação e extensão a distância; desenvolvendo estudos e pesquisas sobre EaD; capacitando pro- fissionais envolvidos com a modalidade; promovendo a articulação da UFMG com os polos de apoio presencial; assessorando a produção de materiais didáticos impressos e digitais sobre EaD na UFMG e gerindo os recursos financeiros dos cursos. Atualmente, o CAED tem se esforçado bastante para orientar e capacitar os agentes envolvidos nos cursos e demais ações a distância da UFMG para produzirem materiais didáticos e outros objetos de aprendizagem (animações, videoaulas, webconferências etc.), em consonância com as especificidades da educação a distância, de forma a permitir que essa modalidade de ensino possua o mesmo nível de excelência das demais atividades da universidade. Nesse contexto, destacamos a parceria do CAED com a Editora UFMG, consolidada com a cria- ção de um selo de qualidade EaD-UFMG. Assim, temos a honra de lançar esta obra, esperando que todos os leitores possam aproveitá-la ao máximo, inclusive entrando em contato conosco para sugestões, comentários e críticas. Bons estudos! Wagner José Corradi Barbosa Diretor de Educação a Distância da UFMG Maria das Graças Moreira Diretora Adjunta de Educação a Distância da UFMG LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 O Sistema Solar. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <http://goo.gl/lFrmB8>. Acesso em: 27 abr. 2015. 25 Figura 2 O Sol. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://goo.gl/jMEpWi>. Acesso em: 9 ago. 2016. 27 Figura 3 Visão do planeta Terra. Fonte: Site da Pixabay, 2012. Disponível em: <http://goo.gl/jsizrA>. Acesso em: 27 abr. 2015. 29 Figura 4 Geração de um sismo por acúmulo e liberação de esforços em uma ruptura. Fonte: Elaborada pela autora. 31 Figura 5 Os modos principais de propagação das vibrações sísmicas (ondas interiores). Fonte: Elaborada pela autora. 32 Figura 6 Os modos principais de propagação das vibrações sísmicas como ondas superficiais. Fonte: Elaborada pela autora. 32 Figura 7 Sismógrafo recebendo a transmissão de ondas sísmicas. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://goo.gl/ypmQ4v>. Acesso em: 27 abr. 2015. 33 Figura 8 Descontinuidade de Mohorovičić localizada entre a crosta e o manto, com destaque à variação da velocidade das ondas P ao se propagarem pelas três camadas. Fonte: Adaptado de University of Kentucky. Disponível em: <http://goo.gl/oVIGaM>. Acesso em: 27 abr. 2015. 34 Figura 9 Estrutura da Terra. Fonte: Site da Graciete Oliveira. Disponível em: <http://goo.gl/waExWw>. Acesso em: 27 abr. 2015. 35 Figura 10 Relação da atração gravitacional da Terra a uma massa em sua superfície. Fonte: Elaborada pela autora. 38 Figura 11 Formato da elipse de rotação. Fonte: Elaborada pela autora. 38 Figura 12 Ondulação média do geoide terrestre (cinza) em relação ao elipsoide de referência de variação da gravidade com a latitude. Fonte: Elaborada pela autora. 39 Figura 13 O campo magnético terrestre é equivalente ao campo de um dipolo. Fonte: Elaborada pela autora. 40 Figura 14 a) Modelo do campo geomagnético gerado no núcleo externo: 1. plano da órbita da Terra; 2. eixo de rotação; 3. eixo magnético; b) O campo magnético terrestre protegendo a Terra dos ventos solares. Fontes: a) Site da Scielo. Disponível em: <http://goo.gl/0MxvKS>. Acesso em: 27 abr. 2015. b) NASA, 2005. Disponível em: <http://goo.gl/Fe1Yv>. Acesso em: 27 abr. 2015. 42 Figura 15 Aurora boreal em Fairbanks, Alasca, Estados Unidos. Fonte: Zhengxu, 2006. Disponível em: <https://goo.gl/viVTnY>. Acesso em: 27 abr. 2015. 43 Figura 16 Abraham Ortelius. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <http://goo.gl/YsR7dR>. Acesso em: 24 abr. 2015. 47 Figura 17 Alfred Lothar Wegener (à esquerda). Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <http://goo.gl/eygfRl>. Acesso em: 24 abr. 2015. 47 Figura 18 Continente Pangeia. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <http://goo.gl/pagCtu>. Acesso em: 24 abr. 2015. 48 Figura 19 Posição dos continentes a 200 milhões de anos atrás (Triássico). Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <http://goo.gl/XhzykU>. Acesso em: 24 abr. 2015. 48 Figura 20 Ajuste atual da linha de crosta do continente da América do Sul com o continente da África. Fonte: Elaborada pela autora. 49 Figura 21 Ilustração das bandas invertidas de polaridades magnéticas no fundodo assoalho oceânico. Fonte: Elaborada pela autora. 51 Figura 22 Esquema mostrando um mecanismo de transporte das placas, análogo ao modelo animado de correntes de convecção térmica. Fonte: Elaborada pela autora. 52 Figura 23 Movimentação das placas tectônicas a partir das correntes de convecção. Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons. Disponível em: <https://goo.gl/2col7u>. Acesso em: 8 ago. 2016. 53 Figura 24 Esquema das principais placas presentes na crosta terrestre. Fonte: UOL Educação. Disponível em: <http://goo.gl/rY9m5>. Acesso em: 24 abr. 2015. 54 Figura 25 Divisão da Islândia por divergência das placas Norte-Americana e Eurásia. Fonte: Site do Fórum Espírita. Disponível em: <http://goo.gl/2x1YE8>. Acesso em: 24 abr. 2015. 55 Figura 26 Fenda formada a partir da divisão das placas Norte-Americana (direita) e Eurásia (esquerda). Parque Thingvellir, Islândia. Foto: César Câmara Campos, 2014. 55 Figura 27 Simulação do supercontinente Rodínia existente durante o Proterozoico. Fonte: Elaborada pela autora. 56 Figura 28 Cratera do vulcão Kerid na Islândia. Foto: César Câmara Campos, 2014. 59 Figura 29 Modelo mostrando o princípio da superposição das camadas. Fonte: Elaborada pela autora. 67 Figura 30 O dique de basalto (rocha escura ao centro) corta todas as camadas de outras rochas. Fonte: Eliasson, 2015. Disponível em: <https://goo.gl/jK8s2Y>. Acesso em: 24 abr. 2015. 67 Figura 31 Fóssil de trilobita (primeiros animais marinhos de carapaça externa) com idade de 540 ma. Folhelho de Burguess, Canadá. Foto: Maria Giovana Parizzi. 68 Figura 32 Desintegração do átomo pai e geração dos átomos filhos. Fonte: Elaborada pela autora. 68 Figura 33 Granito e seus minerais constituintes. Fonte: Elaborada pela autora. 77 Figura 34 O âmbar é uma resina fóssil produzida por algumas árvores e é exemplo de mineraloide. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <http://goo.gl/ xOZ77Q>. Acesso em: 24 abr. 2015. 78 Figura 35 Cristais de pirita na forma cristalina natural cúbica sendo em “a” (isolada) e em “b” (na rocha). Fonte: a) Elaborada pela autora; b) Wikipédia. Disponível em: <http://goo.gl/TJwzUh>. Acesso em: 24 abr. 2015. 78 Figura 36 Estrutura atômica da malha elementar da pirita. Fonte: Wikipédia. Disponível em: <http://goo.gl/YyxQ7E>. Acesso em: 24 abr. 2015. 79 Figura 37 Algumas formas dos sistemas cristalinos mais comuns dos minerais. Fonte: Geocities. Disponível em: <http://goo.gl/QbVgff>. Acesso em: 24 abr. 2015. 79 Figura 38 Modelo da rede cristalina da halita NaCl. Fonte: a) Elaborada pela autora; b) Site da Mineral Espana. Disponível em: <http://goo.gl/lGZ1ge>. Acesso em: 24 abr. 2015. 79 Figura 39 Cristal de moscovita exibindo seus planos de clivagem. Fonte: Elaborada pela autora. 81 Figura 40 Forma tetraédrica do radical de silício, principal radical do grupo mineral dos silicatos. Fonte: Site do Prof 2000. Disponível em: <http://goo.gl/MWh9SF>. Acesso em: 24 abr. 2015. 83 Figura 41 Cristal de quartzo, tectossilicato do sistema cristalino hexagonal (a pilha é apenas escala de tamanho). Fonte: Elaborada pela autora. 84 Figura 42 Duas rochas diferentes calcário, (esquerda) e granito (direita), devido à sua origem (sedimentar e ígnea), tipos e arranjos dos seus respectivos minerais. Fonte: Elaborada pela autora. 86 Figura 43 Ciclo das rochas. Fonte: Elaborada pela autora. 87 Figura 44 Série de cristalização de Bowen. Fonte: Elaborada pela autora. 89 Figura 45 Vulcão de Santa Helena nos Estados Unidos e seu formato adquirido após a explosão e erupção de 1980. Foto: Maria Giovana Parizzi. 90 Figura 46 Formas de ocorrência dos corpos ígneos (cinza-claro). Fonte: Elaborada pela autora. 91 Figura 47 Soleira de granito (rocha branca) intrudida em folhelhos (rocha escura) da cordilheira andina, Chile. Foto: Maria Giovana Parizzi. 91 Figura 48 Lacólito de granito arqueando as camadas de rochas sedimentares – Montanhas Rochosas, Canadá. Foto: Maria Giovana Parizzi. 92 Figura 49 Xenólito de granito incorporado em rocha ígnea extrusiva (andesito). Foto: Maria Giovana Parizzi. 92 Figura 50 Processo de transporte e deposição de sedimentos em bacias sedimentares. Fonte: CAED-UFMG, 2016. 98 Figura 51 Esquema dos processos envolvidos na formação das rochas sedimentares. Fonte: Elaborado pela autora. 98 Figura 52 Conglomerado. Fonte: Elaborada pela autora. 101 Figura 53 Bloco de brecha sedimentar, matriz arenítica e grãos angulosos de composição variada. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <http://goo.gl/I8mUtS>. Acesso em: 24 abr. 2015. 101 Figura 54 Arenito. Foto: Maria Giovana Parizzi. 102 Figura 55 Argilito rosado com fóssil de peixe. Foto: Maria Giovana Parizzi. 102 Figura 56 Evaporito (salgema) com zoom na foto da direita – deserto do Atacama. Foto: Maria Giovana Parizzi. 103 Figura 57 Estratos horizontais das rochas sedimentares do Grand Canyon – Estados Unidos. Foto: Maria Giovana Parizzi. 103 Figura 58 Estratificação cruzada de pequeno porte em quartzito. Foto: Maria Giovana Parizzi. 104 Figura 59 Estratificação cruzada de grande porte em quartzitos. Foto: Maria Giovana Parizzi. 104 Figura 60 Marcas de onda na areia de praia. Foto: Maria Giovana Parizzi. 105 Figura 61 Marcas de onda consolidada em quartzito. Foto: Maria Giovana Parizzi. 105 Figura 62 Gretas de contração formadas pela desidratação da argila. Fonte: Wikipédia. Disponível em: <http://goo.gl/zYa4Ch>. Acesso em: 24 abr. 2015. 105 Figura 63 Rocha calcária com concreções arredondadas de calcita. Fonte: Elaborada pela autora. 106 Figura 64 Rocha sedimentar exibindo estrutura gradacional – sequência de grãos mais grosseiros que gradam para grãos mais finos. Fonte: Elaborada pela autora. 106 Figura 65 Estruturas primárias sedimentares. Foto: Maria Giovana Parizzi. 107 Figura 66 Fóssil de amonide em folhelho. Foto: Maria Giovana Parizzi. 107 Figura 67 Campos que delimitam as temperaturas, pressões e profundidades da crosta onde se formam as rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. Fonte: Modificada de TEIXEIRA et al., 2000. 109 Figura 68 Mármore com textura granoblástica (grãos sem orientação). Foto: Maria Giovana Parizzi. 110 Figura 69 Filito com foliação metamórfica e textura lepidoblástica. Foto: Maria Giovana Parizzi. 110 Figura 70 Xisto com xistosidade e textura lepidoblástica. Foto: Maria Giovana Parizzi. 111 Figura 71 Quartzito com textura nematoblástica com nítida orientação dos cristais de quartzo no sentido paralelo à régua. Foto: Maria Giovana Parizzi. 111 Figura 72 Gnaisse com bandamento (bandas claras com quartzo e feldspato alternadas com bandas escuras com biotita). Foto: Maria Giovana Parizzi. 112 Figura 73 Transformação de rochas ígneas e sedimentares em metamórficas. Foto: Maria Giovana Parizzi. 114 Figura 74 Sequência de metamorfismo de rochas metamórficas em outras rochas metamórficas. Fonte: Elaborada pela autora. Foto gnaisse disponível em: <http:// goo.gl/9VVJbN>. Acesso em: 24 abr. 2015. 115 Figura 75 Estruturas das rochas: dobra (esquerda) e falha (direita). Disponíveis em: <http:// goo.gl/0PPsrR> e <http://goo.gl/AEX1Uq>. Acesso em: 27 abr. 2015. 119 Figura 76 Exemplos de deformações nos diferentes campos. Fonte: Elaborada pela autora. 120 Figura 77 Três caminhos principais de deformação da crosta. Fonte: Elaborada pela autora. 121 Figura 78 Disjunção colunar no basalto. Fonte: Elaborada pela autora. 122 Figura 79 Juntas paralelas aos estratos sedimentares, geralmente formadas por alívio de tensão. Foto: Maria Giovana Parizzi. 122 Figura 80 Juntas paralelas às camadas (seta laranja) e outra junta oblíqua (seta preta) ao centro da montanha. Fonte: Elaborada pela autora. 123 Figura 81 Elementos geométricos de uma falha: blocos de falha: muro ou lapa e teto ou capa; escarpa e plano de falha. Fonte: Elaborada pela autora. 123 Figura 82 Classificação de falhas com base no movimento relativo entre blocos adjacentes. Fonte: Elaborada pela autora. 124 Figura 83 Falha normal: quando o teto desce e o murosobe (veja a Figura 82). Disponível em: <http://goo.gl/pfli2C>. Acesso em: 27 abr. 2015. 125 Figura 84 Falha normal: quando o teto desce e o muro sobe (veja a Figura 82). Disponível em: <https://goo.gl/MzbgsP>. Acesso em: 27 abr. 2015. 125 Figura 85 Falha inversa: quando o teto sobe e o muro desce (veja Figura 82). Disponível em: <http://goo.gl/oC3Gk8>. Acesso em: 27 abr. 2015. 126 Figura 86 Falha inversa: quando o teto sobe e o muro desce (veja Figura 82). Disponível em: <http://goo.gl/aEI86E>. Acesso em: 27 abr. 2015. 126 Figura 87 Vista aérea de falha transformante (China). Disponível em: <http://goo.gl/0hX5wS>. Acesso em: 27 abr. 2015. 127 Figura 88 Montanha do Himalaia, Nepal, resultante do dobramento da crosta a partir da colisão entre a placa indiana e a placa asiática. Fonte: Site da Pixabay, 2013. Disponível em: <http://goo.gl/G7ixiD>. Acesso em: 27 abr. 2015. 128 Figura 89 Elementos geométricos de uma dobra. Fonte: Elaborada pela autora. 129 Figura 90 a) Sinforme; b) Antiforme. Disponíveis em: <http://goo.gl/GaCwPk> e <http://goo.gl/OoYRcP>. Acesso em: 27 abr. 2015. 129 Figura 91 Classificação de dobras com base: (A) na linha de charneira: horizontais; (B) com base na superfície axial. Fonte: Elaborada pela autora. 130 Figura 92 Variações de dobras devido à inclinação dos flancos. Fonte: Elaborada pela autora. 130 Figura 93 Outras possibilidades de formas de dobras. Fonte: Elaborada pela autora. 131 Figura 94 Dobra em montanha nevada da cadeia Andina. Fonte: Elaborada pela autora. 131 Figura 95 Dobra nas montanhas rochosas, Canadá. Foto: Maria Giovana Parizzi. 132 Figura 96 Dobras nos Andes argentinos. Foto: Maria Giovana Parizzi. 132 Figura 97 Exemplo de mapa e perfil geológico. Fonte: Elaborada pela autora. 134 Figura 98 Exemplo de mapa geológico (planta e perfil). Fonte: Elaborada pela autora. 135 Figura 99 Vulcão Sain’t Helens, Estados Unidos. Foto: Maria Giovana Parizzi. 140 Figura 100 Montanhas Rochosas, Canadá. Fonte: Elaborada pela autora. 140 Figura 101 Interpretação para a imagem anterior (Figura 100). Fonte: Elaborada pela autora. 140 Figura 102 Voçoroca, erosão fluvial, Conselheiro Lafaiete-MG. Foto: Maria Giovana Parizzi. 141 Figura 103 Deslizamento, Belo Horizonte-MG. Fonte: Foto: Maria Giovana Parizzi. 141 Figura 104 Erosão eólica, Deserto do Atacama, Chile. Foto: Maria Giovana Parizzi. 141 Figura 105 Erosão glacial, Islândia. Foto: Maria Giovana Parizzi. 141 Figura 106 Compartimentação do perfil de água subterrânea no solo. Fonte: Elaborada pela autora. 143 Figura 107 Formas de ocorrência dos aquíferos livre e confinado. Fonte: Elaborada pela autora. 144 Figura 108 Circulação de água nos meios porosos, fraturados e cársticos. Fonte: Elaborada pela autora. 146 Figura 109 Aquífero poroso. Foto: Maria Giovana Parizzi. 146 Figura 110 Aquífero fraturado. Foto: Maria Giovana Parizzi. 147 Figura 111 Aquífero cárstico. Fonte: Pixabay, 2014. Disponível em: <http://goo.gl/tsZcpZ>. Acesso em: 27 abr. 2015. 147 Quadro 1 Eventos evolutivos do Universo após o Big Bang. Fonte: Elaborado pela autora. 23 Quadro 2 Principal composição química interna dos planetas. Fonte: Elaborado pela autora. 28 Quadro 3 Escala do tempo geológico. Fonte: Adaptado de FAIRCHILD et al., 2000. 66 Quadro 4 Principais acontecimentos ao longo do tempo geológico. Fonte: Adaptado de FAIRCHILD et al., 2000, p. 493-516. 70 Quadro 5 Escala de dureza de Mohs. Fonte: DANA; HURLBURT, 1960. 81 Quadro 6 Classes minerais. Fonte: DANA; HURLBURT, 1960. 82 Quadro 7 Modo de ocorrência das rochas ígneas. Fonte: Elaborada pela autora. 90 Quadro 8 Descrição macroscópica das rochas ígneas. Fonte: Elaborado pela autora. 94 Quadro 9 Texturas principais das rochas ígneas. Fonte: Elaborado pela autora. Fotos: Acervo pessoal da autora. 95 Quadro 10 Rochas agrupadas segundo o tipo de resfriamento e a textura. Fonte: Elaborado pela autora. Fotos: Acervo pessoal da autora. 96 Quadro 11 Classificação simplificada das rochas ígneas. Fonte: Elaborado pela autora. 96 Quadro 12 Escala granulométrica de Wentworth. Fonte: Elaborado pela autora. 100 Quadro 13 Características estruturais, composicionais e texturais mais comuns das rochas metamórficas. Fonte: Elaborado pela autora. 113 Tabela 1 Índice colorimétrico das rochas. Fonte: Adaptado de SZABÓ et al., 2000. 93 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 15 Unidade 1 INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES 17 Aula 1 - CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA GEOLOGIA 20 Aula 2 - A ORIGEM DO UNIVERSO 22 Aula 3 - A ORIGEM DO SISTEMA SOLAR 25 Aula 4 - AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E A ESTRUTURA DA TERRA 29 Aula 5 - OS CAMPOS GRAVIMÉTRICO E MAGNÉTICO TERRESTRES 37 Encerramento da Unidade 1 44 Unidade 2 TECTÔNICA DE PLACAS E PROCESSOS ENDÓGENOS 45 Aula 6 - A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS E DERIVA CONTINENTAL 47 Aula 7 - TERREMOTOS, TSUNAMIS E VULCANISMO 58 Encerramento da Unidade 2 61 Unidade 3 O TEMPO GEOLÓGICO 63 Aula 8 - O TEMPO GEOLÓGICO 65 Aula 9 - PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS AO LONGO DO TEMPO GEOLÓGICO 70 Encerramento da Unidade 3 73 Unidade 4 MINERAIS E ROCHAS 75 Aula 10 - MINERAIS 77 Aula 11 - CICLO DAS ROCHAS 85 Aula 12 - ROCHAS ÍGNEAS 88 Aula 13 - ROCHAS SEDIMENTARES 97 Aula 14 - ROCHAS METAMÓRFICAS 108 Encerramento da Unidade 4 116 Unidade 5 ESTRUTURAS DAS ROCHAS E MAPA GEOLÓGICO 117 Aula 15 - ESTRUTURAS DAS ROCHAS – FRATURAS 119 Aula 16 - DOBRAS E MAPA GEOLÓGICO 128 Encerramento da Unidade 5 136 Unidade 6 PROCESSOS ENDÓGENOS E EXÓGENOS E ÁGUA SUBTERRÂNEA 137 Aula 17 - OS PROCESSOS ENDÓGENOS E EXÓGENOS TRANSFORMADORES DO RELEVO 139 Aula 18 - ÁGUA SUBTERRÂNEA 142 Encerramento da Unidade 6 150 REFERÊNCIAS 151 SOBRE A AUTORA 153 15 APRESENTAÇÃO Prezado(a) aluno(a), Bem-vindo à turma da disciplina Fundamentos de Geologia. Começamos hoje o curso com o esclarecimento sobre o conteúdo da disciplina (ementa e programa) e, também, com a reflexão sobre a importância do conhecimento das bases do estudo da Geologia para a formação de profissionais da Geografia. A carga horária é de 60 horas/aula, que serão ofertadas durante 15 semanas. A ementa da disci- plina propõe estudar a Terra do ponto de vista de seus aspectos físicos e dinâmicos, incluindo os tópicos: origem da Terra e do Universo, campos físicos da Terra, história geológica do planeta, datações e estratigrafia, minerais e rochas, estruturas como falhas e dobras, tectônica de placas, processos endógenos e exógenos, água subterrânea e aquíferos. Também inclui exercícios de interpretação de mapas e perfis geológicos. Para a distribuição do conteúdo, foram definidas seis unidades ou ciclos de aprendizagem: • Unidade 1: Introdução à Geologia, a origem da Terra e do Universo e os campos físicos terrestres; • Unidade 2: Tectônica de placas e processos endógenos; • Unidade 3: O tempo geológico; • Unidade 4: Minerais e rochas; • Unidade 5: Estruturas das rochas e mapa geológico; • Unidade 6: Processos endógenos e exógenos e água subterrânea. Assim, temos um vasto conteúdo pela frente e sugiro que você dedique, pelo menos, 50 minu- tos por dia aos estudos de Geologia. Mas não se preocupe, pois a proposta para abordagem do conteúdo da disciplina é bastante dinâmica e inclui atividades interativas, como fóruns de discussão, filmes, exercícios práticos, pesquisas em sites da internet e leitura de textos bem inte- ressantes. Assim, juntos, realizaremos um projeto de aprendizagem de Geologia. Somos uma equipe, além de minha coordenação como professora, você terá o apoio dos tutores a distância e locais. Nós nos encontraremos uma vez no polo para a aula presencial, mas, ao longo do curso, estaremos em contato constante por meio da plataforma Moodle, pelo Skype e outros recursos virtuais. Você também receberá a apostila da disciplina, que foi dividida em 18 aulas. Ao final de cada aula, você encontrará questionários que propõem a reflexão do conteúdo estudado. A disciplina Fundamentos de Geologia é ofertada no segundoperíodo do curso de Geografia e seu conteúdo auxilia e oferece base para a compreensão de outras disciplinas do curso, tais como Geomorfologia, Pedologia, Geografia Física do Brasil, Geografia e Recursos Hídricos, Climatologia, Biogeografia, Geografia Econômica, Planejamento Territorial, Geografia Aplicada à Análise Ambiental, Instrumento, Gerenciamento e Gestão Ambiental e Territorial. Está vendo? É uma disciplina muito importante, não somente para você como profissional geógrafo(a), mas como cidadão(ã). A Geologia, enquanto ciência que investiga a dinâmica da 16 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA Terra e sua constituição, deve ser amplamente divulgada e conhecida, para que a humanidade possa compreender e aproveitar adequadamente as riquezas da natureza, bem como prever e conviver com os fenômenos que sinalizam o poder, a força e a vitalidade do planeta. Espero que, ao final da disciplina, você possa: • compreender o objetivo da Ciência Geológica e a sua importância para o uso e ocupação do nosso planeta Terra; • entender a importância da Geologia para a formação de um geógrafo; • relacionar a estrutura da Terra à manutenção da vida no planeta; • compreender a influência da tectônica de placas no cotidiano e no ambiente planetário; • desenvolver a percepção de observação de paisagens e explicar sua origem; • entender a dimensão do tempo geológico e a enorme diferença entre a idade do planeta e a idade da humanidade; • ganhar intimidade com o reino mineral: conhecer os minerais, as rochas ígneas, metamórficas e sedimentares e as suas estruturas, como falhas e dobras; • compreender a origem, a dinâmica e a importância da água subterrânea. Estaremos juntos todo o tempo e trabalharemos bastante, mas garanto que o entusiasmo sobre esse tema tão fascinante, que é a Geologia, será nosso maior estímulo para seguirmos em frente e concluirmos com sucesso nosso projeto. Saudações e vamos começar! Maria Giovana Parizzi 17 INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES Unidade 1 Prezado(a) aluno(a), Estamos iniciando a Unidade 1 do nosso curso de Geologia. Dessa forma, é preciso que você conheça o significado da Ciência Geológica e saiba também por que essa ciência é muito impor- tante para a compreensão da fisiologia de nossa casa, ou seja, do planeta Terra. Esta unidade pretende conceituar a Geologia e lhe apresentar a Terra, desde sua origem, sua estrutura e seus principais campos físicos. Mas vamos iniciar nosso curso assistindo à videoaula de apresentação. MULTIMÍDIA Assista à videoaula de apresentação disponível em nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). FIQUE ATENTO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO • Aula 1: Conceito e importância da Geologia; • Aula 2: A origem do Universo; • Aula 3: A origem do Sistema Solar; • Aula 4: As características físicas e a estrutura da Terra; • Aula 5: Os campos gravimétrico e magnético terrestres. OBJETIVOS Esperamos que você, ao final desta unidade, seja capaz de: • compreender o objetivo da Ciência Geológica e a sua importância para o uso e ocupação do nosso planeta Terra; • entender a importância da Geologia para a formação de um geógrafo; • compreender a origem do nosso planeta, sua força e energia interna e externa; • relacionar a estrutura da Terra à manutenção da vida no planeta. 18 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA Você encontrará nesta unidade textos com os principais conceitos e teorias sobre o assunto abordado. Também receberá temas para reflexão e poderá consultar os sites indicados. A dura- ção desta unidade será de duas semanas e você terá que dedicar pelo menos 50 minutos diários aos estudos de Geologia. Espero que goste bastante do assunto. Sugiro que divida seu tempo de acordo com a agenda da Unidade 1. AGENDA A agenda é um instrumento importante para você planejar melhor sua participação em nosso curso, pois apresenta a sequência de atividades previstas para a unidade. Marque com um “X” as datas em que pretende realizar as atividades descritas, bem como as atividades já concluídas. As leituras sugeridas podem ser realizadas no decorrer de todo o curso, de acordo com a sua disponibilidade de tempo. Dessa maneira, não foram consideradas para efeito do cálculo de tempo necessário para concluir as unidades. Período Atividade Seg Ter Qua Qui Sex Co nc lu íd a Semana 1 De __/___ a ___/___ 1 Aula 1 2 Atividade 1 Saiba mais: visualização do link 1 (área de multimídia do AVA) 3 Aula 2 4 Atividade 2 Visualização dos links 2 e 3 (área de multimídia do AVA) 5 Atividade 3 Visualização do link 4 (área de multimídia do AVA) 6 Atividade no AVA 1(área de envio de arquivo AVA) Semana 2 De __/___ a ___/___ 7 Aula 3 8 Atividade 4 Saiba mais: visualização do link 5 (área de multimídia do AVA) 9 Atividade 5 Multimídia: visualização do link 6 (área de outros recursos do AVA) 10 Leitura do texto 1 11 Aula 4 19UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES 12 Atividade 6 Saiba mais: visualização do link 7 (área de multimídia do AVA) 13 Atividade 7 Multimídia: visualização do link 8 (área de multimídia do AVA) 14 Atividade 8 Multimídia: visualização do link 9 (área de multimídia do AVA) 15 Atividade 9 Visualização do link 10 (área de multimídia do AVA) 16 Leitura do texto 2 17 Atividade 10 Multimídia: visualização do link 11 (área de multimídia do AVA) 18 Atividade no AVA 2(área de envio de arquivo AVA) 19 Aula 5 20 Atividade 11 Multimídia: visualização do link 12 (área de multimídia do AVA) 21 Atividade 12 Multimídia: visualização dos links 13, 14 e 15 (área de multimídia do AVA) 22 Atividade 13 Multimídia: visualização do link 16 (área de multimídia do AVA) 23 Leitura do texto 3 20 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA AULA 1 CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA GEOLOGIA Você já refletiu que a Terra é um lugar único, a casa de milhões de organismos, incluindo os homens? Nenhum outro local que os cientistas tenham descoberto tem o mesmo delicado equi- líbrio de condições para manter a vida. Como ciência que estuda a Terra, a Geologia é a chave para o entendimento sobre os mecanismos que mantêm a vida em nosso planeta. A Geologia é a ciência que investiga a camada terrestre conhe- cida como Geosfera (parte da Terra constituída pela Litosfera, Mesosfera, Manto e Núcleo). Todas as outras camadas terres- tres (Hidrosfera, Atmosfera e Biosfera) são direta ou indireta- mente dependentes da Geosfera. Assim, as constantes transformações da Terra produzem materiais e provocam fenômenos naturais que têm influência direta ou indireta em nossas vidas. Utilizamos os recursos e as riquezas geológicas que o planeta nos oferece, como a água, os minérios (ferro, ouro, diamante), o petróleo e os materiais de construção (areia, cascalho, rochas ornamentais). Por outro lado, grande parte da humanidade ainda não entende a dinâ- mica terrestre, o que se faz evidente quando ocorrem terremotos, deslizamentos de terra, asso- reamentos, enchentes, inundações e erupções vulcânicas. A grandeza dos danos e dos impactos ambientais e sociais gerados após um fenômeno terrestre varia e depende, princi- palmente, do grau de consciência que a população, que vive na área afetada, possui sobre a dinâmica da natureza local, além da magnitude e características dos fenômenos planetários. A Geologia, enquanto ciência que investiga a dinâmica da Terra e sua constituição, deve ser amplamente divulgada e conhecida, para que a humanidade possa compreender e apro- veitar adequadamente as riquezas da natureza, bem como prever e conviver com os fenômenos que sinalizam a força e a vitalidade do planeta. Assim, os estudos geológicos são imprescindíveis para a compreensão da complexidade da realidade, auxiliando a sociedade na escolha de políticas adequadas de uso e ocupação de solo, do meio ambiente e da utilização dos recursos minerais, energéticos e hídricos, indispensáveis à vida. Ignorar a natureza é como ignorar a própria vida. A Geologia é umaciência tão bonita e importante que mereceu uma poesia. Embarque, então, no poema a seguir: VOCÊ SABIA? A Geologia é a ciência que estuda a Terra sob o ponto de vista de sua origem, seus materiais constituintes, suas transformações e dinâmica, e sua história, por meio de registros encontrados nas rochas e minerais que formam a infraestrutura do planeta. SAIBA MAIS Atividade 1 Veja a simulação sobre as camadas que constituem a Terra. O link 1 está disponível em nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). 21UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES PARA REFLETIR Geologia, para quem a ama, mistura a ciência à poesia Conhecer a Terra, sua essência Sua estrutura, nosso berço, nossa cama É como desvendar um grande mistério Escondido em sua dinâmica e evolução Entender suas riquezas, fonte de todo minério E a personalidade de cada formação É fazer uma grande viagem ao passado Através de éons, eras e períodos Reconstituindo em cada fóssil encontrado A conexão dos elos perdidos! É a compreensão do poder expresso em sua insígnia: O fenômeno de um vulcão em pranto Fazendo gerar a rocha ígnea Das lágrimas que vêm do manto E a observação das dobras, fraturas, falhas e do sismo Frutos de choques na crosta e suas entranhas Nos fornece a condição do metamorfismo E a razão das mais belas montanhas É constatar que apesar de todo processo de destruição Desagregando as rochas em fragmentos A natureza promove a reconstrução Fazendo surgir a rocha de sedimentos E no cerne deste conhecimento Procura-se o mapa do tesouro Trazendo esperança de desenvolvimento Cravada em ferro, óleo, prata ou ouro E permite-nos combater a ameaça Vinda de uma inadequada ocupação Orientando o homem a prevenir-se da desgraça Após deslizamentos, abatimentos e erosão Ah! E sobre a implacável sede contemporânea Refletida em desertos de areia e osso A ciência faz jorrar a água subterrânea Realizando o milagre de um simples poço Respeitar o planeta Terra E compreender sua essencialidade É o ponto de partida Para a manutenção da vida Da humanidade Maria Giovana Parizzi Pronto, espero que tenha compreendido a definição da Geologia e sua importância. Agora vamos começar a estudar Geologia a partir de uma viagem ao passado! 22 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA AULA 2 A ORIGEM DO UNIVERSO Quando pensamos em viagem ao passado, logo perguntamos “quantos anos iremos retornar?”. Se pensarmos em voltar ao passado para entender a origem de nosso planeta e do Universo, você sabe de quanto tempo estamos falando? Nada mais do que 15 bilhões de anos atrás! Para iniciarmos nossa viagem, é preciso o entendimento de alguns conceitos sobre Universo e seus constituintes, e é isso que você irá aprender nesta aula. O princípio dos estudos para o entendimento do planeta Terra é a compreensão de sua origem, e não se pode pensar na origem da Terra sem se perguntar: “como surgiu o Universo?”. O Universo se constitui de um sistema ordenado de diver- sos astros. Dentre eles, destacam-se as estrelas e as galáxias. As estrelas agrupam-se em galáxias, cujas dimensões são da ordem de 100.000 anos-luz com mais de 100 bilhões de estre- las. As galáxias podem ser elípticas ou espirais. As galáxias são compostas por estrelas, quasares (galáxias com buracos negros fortemente ativos no centro), buracos negros, espaços interestelares, sistemas solares etc. A galáxia do nosso Sistema Solar é conhecida como Via Láctea. Um agrupamento de galáxias forma um aglomerado, que corresponde a dezenas de milhares de galáxias. O aglomerado que contém a Via Láctea contém ainda no grupo local a galáxia de Andrômeda e as Nuvens de Magalhães. Existem os superaglomerados, de centenas a dezenas de milhares de galáxias. Sabe-se que o Universo está em rápida expansão, com temperaturas colossais e altíssima densi- dade, uma situação que lembra muito uma explosão. A expansão é comprovada pelo aumento do espaço entre os aglomerados (o espaço entre as galáxias de um aglomerado não se altera devido à atração da gravidade). A velocidade da expansão acompanha a constante de Hubble (18 km/s x 106 anos-luz). O Universo é um sistema aberto ou fechado? Se aberto, a expansão será para sempre. Se fechado, a expansão cessa… SAIBA MAIS Atividade 2 Para que você veja excelentes ilustrações sobre as galáxias e os planetas, explore o site Space.com e o da Anglo-Australian Observatory. Os links 2 e 3 estão disponíveis em nosso AVA. 23UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES VOCÊ SABIA? Como nasceu o Universo? Um ponto reunindo toda a matéria e energia do Universo (sistema fechado) que explodiu num evento único há cerca de 15 bilhões de anos: o Big Bang. O modelo da criação súbita, mais conhecido como Big Bang, foi proposto por Georges Lemaître e George Gamow. Esse modelo simples, que propõe a origem como sendo um evento explosivo, explica as propriedades do Universo atual e é corroborado por muitas evidências recentes da pesquisa astronômica. Porém, a nossa observação do Universo – vasto em tempo e espaço – é limitada ao curto período da história da humanidade, de modo que os dados observacionais são necessariamente limitados (Quadro 1). Após a explosão, houve vários eventos evolutivos do Universo (Quadro 1). Quadro 1 – Eventos evolutivos do Universo após o Big Bang Período Planckiano Com duração de cerca de 10-44 s, quando o Universo era constituído de prótons, nêutrons e subpartículas. Os primeiros instantes dessa era estão totalmente indeterminados e são denominados de tempo de Planck. Relaciona-se à propagação da luz. Ambiente com altas temperaturas e intensa radiação. Expansão e criação contínua do espaço Separação das forças: eletromagnética, nuclear e gravitacional – o Universo se esfria quando se expande, cerca de 10-34 s após o Big Bang. Era Radiante Ocorrida após 100 s, com duração de aproximadamente um milhão de anos, foi dominada pela energia dos fótons. Temperatura e densidade decrescem, propiciando condições para a formação da matéria, por meio da nucleogênese: prótons, nêutrons e elétrons, em seguida hidrogênio e hélio. Nesta era ocorreram o decaimento de nêutrons (em prótons, elétrons e antineutrinos) e a nucleossíntese primordial: núcleos de elementos leves (deutério, trítio, hélio3, hélio4, lítio7 e berílio7) se formaram. A formação se deu até o momento em que os fótons não tinham mais energia suficiente para manter os prótons ionizados, depois ocorreu a formação de átomos a partir dos núcleos existentes. Evolução Estelar Se o número de prótons e nêutrons for alto, mais frequentemente eles colidem e mais hélio é produzido. A nucleossíntese no Big Bang só formou os elementos leves: hidrogênio, deutério, hélio e lítio. Todos os elementos químicos mais pesados foram produzidos mais tarde, no interior das estrelas. À medida que a temperatura do Universo se tornava menor, os átomos se mantinham mais estáveis e passaram a capturar elétrons, e o Universo se tornou transparente à luz. Temperaturas ainda menores impediram a criação de outros elementos e permitiram a criação das imensas nuvens de gás. Nuvens de gás entram em colapso e com a força da gravidade ocasionam núcleos aquecidos: • primeiras estrelas e primeiras galáxias (13 bilhões de anos atrás); • Via Láctea (8 bilhões de anos atrás); • Sistema Solar (4,6 bilhões de anos atrás). 24 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA MULTIMÍDIA Atividade 3 Se você deseja saber mais, assista ao vídeo sobre a origem e a evolução do Universo, disponível em nosso AVA (link 4). 2.1 EVOLUÇÃO ESTELAR E FORMAÇÃO DOS ELEMENTOS Após o Big Bang, houve nucleogênese e foram sintetizados hidrogênio e hélio, mas os outros elementos só se formaram a partir das estrelas. Formação das estrelas: estrelas são esferas autogravitantes de gás ionizado, cuja fonte de ener- gia é a transmutação de elementos através de reações nucleares, isto é,da fusão nuclear de hidrogênio em hélio e posteriormente em elementos mais pesados. • Numa estrela ocorre a contração da matéria (gravidade, colapso e reações termo- nucleares): A queima de hidrogênio (bilhões de anos) gera hélio (núcleo de hélio expan- de e pode induzir grande expansão da periferia de hidrogênio que se esfria assumindo uma cor vermelha – gigantes vermelhas). • A queima de hélio gera carbono seguido de oxigênio, neônio, magnésio (se as fusões nucleares de carbono cessam devido a temperaturas insuficientes para a geração de fusões nucleares, o núcleo se contrai e sua densidade aumenta formando as anãs brancas. Tais tipos de estrelas perdem sua energia residual continuamente por radiação, resfriando-se durante outros bilhões de anos, formando as anãs negras). • As reações termonucleares fazem surgir os outros elementos e cessam quando o elemento ferro é formado (elemento mais estável). Explosão das estrelas: quando uma estrela adquire uma massa gigantesca, ela pode explodir. Dá-se o nome de supernova aos corpos celestes surgidos após as explosões de estrelas. ATIVIDADE NO AVA Acesse nosso AVA para fazer a atividade referente à Aula 2. 25UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES AULA 3 A ORIGEM DO SISTEMA SOLAR Nesta aula continuaremos nossa viagem ao passado. Agora iremos vivenciar a origem do Sistema Solar e a origem da Terra. Sabemos que o Universo surgiu há 15 bilhões de anos. Você sabe quando surgiu a Terra? Muitos confundem a origem do Universo como sendo a origem da Terra, e vice-versa. Na ver- dade, a Terra e seu Sistema Solar (Figura 1) surgiram pouco mais de 10 bilhões de anos após a origem do Universo. Como sabemos disso? Estude as aulas 2 e 3 e investigue! 3.1 O SISTEMA SOLAR Figura 1 – O Sistema Solar O Sistema Solar, com 4,6 bilhões de anos, possivelmente resultou da explosão de uma super- nova que gerou uma nebulosa solar, sintetizando o Sol e seus planetas. Essa teoria baseia-se na hipótese nebular, sugerida em 1755 pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) e desen- volvida em 1796 pelo matemático francês Pierre-Simon de Laplace (1749-1827). 26 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA FIQUE ATENTO As principais características a serem explicadas sobre o Sistema Solar são: • os planetas têm um plano comum de revolução em torno do Sol que corresponde aproxima- damente ao seu plano equatorial; • as órbitas planetares são aproximadamente circulares, as mais excêntricas são aquelas dos menores planetas (Mercúrio e Plutão); • a maior parte da massa do Sistema Solar se concentra no Sol (a massa solar equivale a 740 vezes o somatório da massa dos demais corpos do sistema); • o movimento dos planetas ao redor do Sol acomoda a maior parte do momentum angular (99,5%) do sistema, apesar de o Sol ter a maior parte da massa, característica que teve um profundo efeito sobre as teorias de sua formação; • existe uma diferença significativa entre a massa e a densidade dos planetas terrestres e dos planetas gigantes. Essa diferença reflete a composição média (oxigênio, silício, ferro e outros elementos pesados nos planetas terrestres e 99% de hidrogênio e hélio para os planetas gigantes, que contêm apenas cerca de 1% de elementos pesados). MULTIMÍDIA Atividade 4 Explore o modelo do Sistema Solar em 3D, disponível em nosso AVA (link 5). Laplace calculou que, como todos os planetas estão no mesmo plano, giram em torno do Sol na mesma direção, e também giram em torno de si mesmos na mesma direção (com exceção de Vênus), só poderiam ter-se formado de uma mesma grande nuvem de partículas em rotação. Essa hipótese sugeria que uma grande nuvem rodante de gás interestelar, a nebulosa solar, colapsou para dar origem ao Sol e aos planetas (supernova). Uma vez que a contração se iniciou, a força gravitacional da nuvem atuando em si mesma acelerou o colapso. À medida que a nuvem colapsava, a rotação da nuvem aumentava por con- servação do momentum angular, e, com o passar do tempo, a massa de gás rodante assumiria uma forma discoidal, com uma concentração central que deu origem ao Sol. Os planetas teriam sido formados a partir do material no disco. Após o colapso da nuvem, ela começou a se esfriar. Apenas o protossol, no centro, manteve sua temperatura. O resfriamento acarretou a conden- sação rápida do material, o que deu origem aos planetesimais, ou seja, os agregados de material com tamanhos da ordem de quilômetros de diâmetro. A composição dependia da distância do Sol: as regiões mais externas tinham temperaturas mais baixas, e mesmo os materiais voláteis tinham condições de se condensar, ao passo que, nas regiões mais internas e quentes, as substâncias voláteis foram perdidas. Os planetesimais, em seguida, cresceram por acreção de material para dar origem a objetos maiores, os núcleos planetários. Na parte externa do Sistema Solar, onde o material condensado da nebulosa continha silicatos e gelos, esses núcleos cresceram até atingirem massas da ordem 27UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES de 10 vezes a massa da Terra, ficando tão grandes a ponto de poderem atrair o gás a seu redor, e então cresceram mais ainda por acreção de grande quantidade de hidrogênio e hélio da nebu- losa solar. Deram origem assim aos planetas jovianos. Na parte interna, onde apenas os silicatos estavam presentes, os núcleos planetários não pude- ram crescer muito, dando origem aos planetas terrestres. 3.2 A ORIGEM DO SISTEMA SOLAR E DA TERRA O Sistema Solar é composto pelo Sol, que concentra 99% da massa do sistema, e por todos os corpos que orbitam a seu redor. Desses, os de maior massa são os nove planetas conhecidos: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte (planetas terrestres), Júpiter, Saturno, Urano, Netuno (planetas gigantes) e Plutão. Além dos planetas, ocorrem ainda satélites, cometas, asteroides e meteoritos. São duas as teorias para a origem do Sistema Solar, derivadas basicamente de duas propostas do século XVIII. Entretanto, apresentam dificuldade de explicar todas as complexidades do Sistema Solar começando de um estado inicial plausível. Tendo acontecido muito antes do surgimento da espécie humana, a origem do Sistema Solar só pode ser explicada por meio de teorias. Essas são formuladas com base em fundamentos teóricos e modelamentos matemáticos que procuram explicar as características essenciais do Sistema Solar como o conhecemos hoje. É certo que as teorias mostram um modelo simplifi- cado do processo ocorrido e, ainda que não seja possível dizer qual dessas teorias se aproxima mais da “verdade”, se é que alguma delas reflete o que realmente aconteceu na formação do Sistema Solar, elas podem ser consideradas como mais ou menos válidas, dependendo da sua capacidade para explicar características essenciais desse sistema. MULTIMÍDIA Atividade 5 Assista ao filme (link 6) e à animação disponíveis em nosso AVA e saiba mais sobre a origem da Terra e sua história evolutiva. 3.3 O SOL A energia solar é gerada no núcleo do Sol. Lá, a temperatura (15.000.000°C) e a pressão (340 bilhões de vezes a pressão atmos- férica da Terra ao nível do mar) são tão intensas que ocorrem rea- ções nucleares. O Sol converte 600 bilhões de quilos de hidrogênio em 595,8 bilhões de quilos de hélio a cada segundo. Os 4,2 bilhões de quilos restantes são convertidos na radiação que é despejada continuamente do Sol em todas as direções. O Sol vem consu- mindo hidrogênio em sua fornalha nuclear há 5 bilhões de anos e ainda restam mais 5 ou 8 bilhões de anos para o hidrogênio ser todo consumido. No fim de sua vida, provavelmente o Sol come- çará a fundir o hélio em elementos mais pesados e se expandirá, crescendo de tal forma que engolirá a Terra. Após um bilhão de Figura 2 – O Sol 28 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA anos como uma gigante vermelha, quando as reações nucleares diminuírem e cessarem, não haverá resistência à atração da gravidade,ocorrerá contração e ele rapidamente colapsará para uma anã branca. Pode levar um trilhão de anos para ele se esfriar completamente. O espaço entre o Sol e a Terra não é um vácuo quase perfeito, mas está preenchido por um gás ionizado constituído de partículas com diferentes energias (hidrogênio e elétrons), que são emitidas pelo Sol e, por isso, chamadas de vento solar. 3.4 OS PLANETAS Nosso Sistema Solar é composto pelo Sol, pelos nove planetas com suas luas e anéis, pelos asteroides e pelos cometas. Os cinco planetas mais brilhantes, que em grego quer dizer astro errante, já eram conhecidos desde a Antiguidade. Veja no Quadro 2 a constituição dos planetas internos e dos externos. Quadro 2 – Principal composição química interna dos planetas Terrestres (internos) Jovianos (gigantes externos) Mercúrio, Vênus, Terra e Marte Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão Rochas (silicatos) e metais pesados Hidrogênio, hélio, água, NH3, CH4 Depois da invenção do telescópio, outros três planetas do Sistema Solar foram descobertos: Urano, em 1781, por William Herschel (1738-1822), Netuno, em 1846, por previsão de Urbain Jean Joseph Le Verrier (1811-1877) e John Couch Adams (1819-1892), e Plutão, em 1930, por Clyde William Tombaugh (1906-1997). Seus nomes são associados a deu- ses romanos: Júpiter, deus dos deuses; Marte, deus da guerra; Mercúrio, mensageiro dos deuses; Vênus, deusa do amor e da beleza; Saturno, pai de Júpiter, deus da agricultura; Urano, deus do céu e das estrelas; Netuno, deus do mar; e Plutão, deus do inferno. O corpo dominante do sistema é o Sol. Todos os pla- netas giram em torno do Sol, aproximadamente no mesmo plano e no mesmo sentido, e quase todos os planetas giram em torno de seu próprio eixo no mesmo sentido da translação em torno do Sol. Nesta Aula 3, você conheceu mais sobre o Sistema Solar e a origem da Terra. Agora você irá conhecer a Terra por dentro! SAIBA MAIS Plutão é um planeta anão. Acesse a sala de leitura (texto 1), em nosso AVA, e veja o que isso significa. 29UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES AULA 4 AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E A ESTRUTURA DA TERRA Agora que vimos como o pla- neta Terra (Figura 3) surgiu no Universo, podemos conhecê- -lo. Afinal, é da nossa casa que estamos falando. Assim “pousaremos” na Terra e ini- ciaremos uma viagem ao seu interior. Conheceremos sua forma e constituição. 4.1 FORMA DA TERRA A Terra é um geoide acha- tado, ou seja, os seus diâmetros equatoriais e polares diferem entre si. Esse fato é justificado pela existência da rotação do planeta e da maior força cen- trípeta que existe na linha do Equador. Veja dados sobre os diâmetros da Terra: • diâmetro da linha do Equador = 12.756,8 km; • diâmetro dos polos = 12.713,8 km; • raio médio = 6.371 km. 4.2 MASSA E VOLUME Pela aplicação da lei geral da gravitação de Newton, a massa média calculada para a Terra é de 5,98x1024 kg. O volume aproximado da Terra é de 1,08x1027 cm3. 4.3 DENSIDADE A densidade média das rochas da superfície do planeta é de aproximadamente 2,7 g/cm3, enquanto que a densidade média calculada para a Terra é de 5,5 g/cm3. Isso implica que as rochas do interior do planeta são mais densas para compensar essa diferença de densidade. Assim, ao tecermos considerações sobre a composição interna da Terra, devemos procurar por materiais com densidade superior à média das rochas da superfície do planeta. Figura 3 – Visão do planeta Terra 30 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA O estudo de ondas sísmicas, cuja velocidade de propagação é, dentre outras coisas, dependente da densidade do meio atravessado, sugere, ainda, que a densidade não aumenta gradualmente em direção ao interior do planeta, mas sim que existem alguns saltos marcantes de densidade, em limites relativamente definidos. 4.4 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DA TERRA Estudar o interior da Terra é uma tarefa complicada. A Terra tem, em média, 6.400 km de raio e, portanto, um estudo direto não poderá ir além de pequenas profundidades. A maior perfu- ração atingiu a profundidade de 12.023 metros e foi realizada em 1984, na Península de Kola (ex-URSS), o que corresponde a 0,19% do raio da Terra. A perfuração de poços de grande pro- fundidade permite que se realizem importantes investigações no domínio da petrologia, pale- ontologia, geoquímica e geofísica. As minas que se destinam à exploração de recursos minerais não excedem os 4 km de profundidade. Estudos minuciosos dos afloramentos rochosos à superfície são de grande importância para o conhecimento da estrutura interna da Terra. Algumas rochas que têm a sua origem em pro- fundidade podem aflorar à superfície quando submetidas às forças que as façam ascender e, posteriormente, serem postas a descoberto pela erosão. O vulcanismo, no seu sentido limitado, é um fenômeno superficial, pois os produtos emitidos na superfície e a formação do aparelho vulcânico podem ser observados diretamente. Entretanto, as causas do vulcanismo são de ori- gem profunda. A matéria fundida (magma) que alimenta os vulcões forma-se no interior da Terra em consequência de perturbações do equilíbrio normal. Para as zonas que ultrapassam os processos de observação direta, devemos recorrer a outros métodos, chamados de indiretos, como, por exemplo, o magnetismo, a sismicidade, o estudo dos meteoritos e a astrogeologia, única forma de sabermos o que se passa naquelas zonas do nosso planeta. 4.5 A SISMOLOGIA A sismologia investiga os sismos (tremores de terra) que ocorrem em todo o planeta Terra, em regiões, atualmente, bem conhecidas. VOCÊ SABIA? Atividade 6 Você sabia que, enquanto realiza a leitura deste parágrafo, inúmeros tremores de terra estão ocorrendo em nosso planeta? Confira, em nosso AVA, um mapa contendo as principais ocorrências em tempo real (link 7). Sismos (Figura 4) são abalos naturais da crosta terrestre que ocorrem num período de tempo restrito, em determinado local, e que se propagam em todas as direções como ondas conhecidas como ondas sísmicas. As ondas sísmicas propagam-se no interior e na superfície da crosta ter- restre, sempre que a energia elástica (movimento ao longo do plano de falha) se liberta brusca- mente em algum ponto (foco ou hipocentro). Na mesma vertical do hipocentro, que se encontra à superfície terrestre, temos o epicentro, quase sempre rodeado pela região macrossísmica, que abrange todos os pontos em que o abalo possa ser sentido pelo ser humano. 31UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES A crosta terrestre está sujeita a tensões (A) compressivas que se acumulam; quando o limite de resistência das rochas é atingido (B), ocorre uma ruptura abrupta, gerando vibrações (C). O deslocamento (ruptura) se dá em apenas uma parte de uma fratura maior preexistente (falha geológica). Figura 4 – Geração de um sismo por acúmulo e liberação de esforços em uma ruptura MULTIMÍDIA Atividade 7 Confira, em nosso AVA, uma animação sobre os terremotos e as ondas sísmicas (link 8). As ondas sísmicas classificam-se em dois tipos principais: as que são geradas nos focos sísmicos e se propagam no interior do globo, denominadas “ondas interiores” (Figura 5), e as que se propagam à superfície terrestre, denominadas “ondas superficiais” (Figura 6). As ondas interiores são de dois tipos: 1. ondas primárias, longitudinais, de compressão ou simplesmente ondas P: correspondem a um movimento vibratório em que as partículas dos materiais rochosos oscilam para frente e para trás (A), na mesma direção de propagação do raio sísmico, comprimindo e distendendo as rochas alternadamente; a direção de vibração das partículas é a mesma da propagação da superfície de onda; são as mais rápidas e, portanto, as primeiras a atingir a superfície terrestre; 2. ondas transversais, de cisalhamento ou simplesmente ondas S: provocam vibrações nas partículas numa direção perpendicular ao raiosísmico (B), isto é, as partículas que transmitem as ondas vibram perpendicularmente à direção de propagação da onda; propagam-se com menos velocidade do que as ondas P, atingindo a superfície terrestre em segundo lugar. 32 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA A - onda P B - onda S C - onda Rayleigh D - onda Love Direção geral das ondas Dilatação Compressão Figura 5 – Os modos principais de propagação das vibrações sísmicas (ondas interiores) Com a chegada das ondas interiores à superfície, geram-se ondas superficiais (Figura 6), que são, em geral, as causadoras das destruições provocadas pelos sismos de grande intensidade. Nas ondas superficiais, distinguem-se dois tipos: 1. ondas de Rayleigh, ou ondas R, que são ondas circulares em que o movimento das partículas se produz num plano vertical àquele em que se encontra a direção de propagação da onda (C). As ondas superficiais propagam-se com menor velocidade que as ondas P e S; 2. ondas de Love, ou ondas L, que são ondas de torção, em que o movimento das partículas é horizontal e em ângulo reto (perpendicular) à direção de propagação da onda (D). A - onda P B - onda S C - onda Rayleigh D - onda Love Direção geral das ondas Dilatação Compressão Figura 6 – Os modos principais de propagação das vibrações sísmicas como ondas superficiais As ondas P propagam-se nos meios sólidos, líquidos e gasosos, havendo variação de velocidade quando passam de um meio para o outro, enquanto as ondas S apenas se propagam nos meios 33UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES sólidos. As ondas P e S variam de velocidade de acordo com a rigidez e a densidade das rochas que atravessam. MULTIMÍDIA Atividade 8 Confira, em nosso AVA, um vídeo contendo a animação em 3D dos tipos de ondas sísmicas (link 9). Os sismógrafos (Figura 7) são aparelhos de precisão que registram, em sismogramas, as ondas sísmicas. A interpretação dos sismogramas permite aos especialistas em sismologia retirarem informa- ções muito úteis sobre as características das zonas terrestres atravessadas pelas ondas sísmicas. Logo que um raio sísmico toca uma superfície, separando dois meios de propagação diferentes (superfícies de descontinuidade), reflete-se e/ou refrata-se, de modo que as suas trajetórias per- mitem aos sismólogos conhecer as características dos meios atravessados. Figura 7 – Sismógrafo recebendo a transmissão de ondas sísmicas Depois de complicados cálculos matemáticos, em 1910, o geofísico Andrija Mohorovičić che- gou à conclusão de que uma descontinuidade separa a crosta terrestre do que se encontra por baixo. Esse limite, denominado, em sua honra, de descontinuidade de Mohorovičić, desconti- nuidade de Moho ou descontinuidade M (Figura 8), situa-se a uma profundidade média de 40 km. À zona situada abaixo dessa descontinuidade chamou-se manto. 34 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA Manto Inferio r Pr of un di da de (k m ) Base da Litosfera Zona de B aixa Velocidad e Descont inuidade do Moh o Onda P Velocidade ( km/s) Figura 8 – Descontinuidade de Mohorovičić localizada entre a crosta e o manto, com destaque à variação da velocidade das ondas P ao se propagarem pelas três camadas A descoberta de Mohorovičić permitiu selecionar dados com interesse para o conhecimento da estrutura da Terra. É de salientar que a profundidade da crosta não é constante, variando entre os 5 e os 10 km de espessura sob os oceanos e entre os 20 e os 70 km sob os continentes, sendo os valores mais elevados atingidos nas grandes cadeias montanhosas continentais. A diferença de velocidade de propagação das ondas P nos oceanos (7 km/s) e nos continen- tes (6 km/s) permite considerar a crosta subdividida em dois tipos: crosta continental e crosta oceânica. Essa variação da velocidade das ondas P ao longo da crosta deve-se à variação da sua composição – a crosta continental é constituída, essencialmente, por rochas graníticas (d = 2,7), enquanto a oceânica é constituída, principalmente, por rochas basálticas mais densas (d = 2,9). 4.6 ESTRUTURA DA TERRA Pelos estudos geofísicos, foi possível a separação das principais estruturas da Terra (Figura 9): • crosta: camada superficial da parte sólida do globo, cuja espessura varia de 5 km até 100 km sob as mais altas cadeias de montanhas. Existem dois tipos de crosta: a crosta oceânica, jovem, de pouca espessura, densa e constituída por rochas basálticas, abrangendo 65% da superfície da Terra; e a crosta continental, mais antiga, espessa e menos densa, correspondente a 35% da superfície da Terra; • manto: camada, sobretudo sólida, com aproximadamente 2.900 km de espessura. Densidade média: 3-4,5 vezes a da água. Temperatura 700-1800°C. Composto, em grande parte, por uma rocha chamada de periodotito de granada. As correntes de convecção, 35UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES numa zona parcialmente em estado de fusão sobre o manto, fornecem a força impulsora para a deriva continental. Embora sólido, o resto do manto também se move em lentas correntes; • núcleo: inicia-se a 2.900 km de profundidade. Diâmetro total de 6.900 km. Composto essencialmente de ferro, níquel e uma quantidade menor de elementos mais leves. O núcleo se divide em: - núcleo externo: camada líquida de 2.300 km de espessura; - núcleo interno: camada sólida de 2.500 km de diâmetro, que se supõe girar a uma velocidade diferente da do resto da Terra. A temperatura no centro é estimada em 4.000-5.000°C. 870 km 100 km Litosfera Astenosfera Mesosfera Crosta Continental, espessura média 25 a 30 km Crosta Oceânica, espessura média 6 km Núcleo Interno 1.231 km Manto 2.843 kmNúcleo Externo 2.257 km 6. 37 1 km Figura 9 – Estrutura da Terra Na Aula 4 você conheceu a composição da Terra e o método sísmico de investigação do inte- rior da Terra. Na Aula 5, você aprenderá sobre os campos gravimétrico e magnético do nosso planeta. SAIBA MAIS Atividade 9 Recorde sobre o nosso Sistema Solar e veja a dança dos planetas (link 10). 36 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA SAIBA MAIS Para saber mais sobre diversos assuntos abordados nesta aula, acesse o nosso AVA e confira a página “Terra Planeta ‘Vivo’” (texto 2). MULTIMÍDIA Atividade 10 O método sísmico foi um dos principais recursos utilizados na concepção de um modelo para a estrutura da Terra, juntamente da gravimetria. Assista ao vídeo “A sismologia e a identificação das diferentes camadas do planeta Terra”, disponível em nosso AVA (link 11). ATIVIDADE NO AVA Atividade no AVA 2 Depois de ter assistido ao vídeo “A sismologia e a identificação das diferentes camadas do planeta Terra”, disponível em nosso AVA (link 11), realize as seguintes tarefas: 1. Explique como a Geofísica pode investigar o interior da Terra. 2. Faça uma tabela com as principais características físicas da Terra. 37UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES AULA 5 OS CAMPOS GRAVIMÉTRICO E MAGNÉTICO TERRESTRES Agora vamos entender um pouco mais sobre os campos físicos da Terra, pois existem alguns desses campos que são muito importantes para a nossa sobrevivência. Dentre eles destacam-se o campo gravitacional e o campo magnético. 5.1 O CAMPO GRAVITACIONAL A Lei da Gravitação foi desenvolvida por Isaac Newton em 1687. A gravitação universal é uma força de atração que age entre todos os objetos por causa de suas massas, isto é, a quantidade de matéria de que são constituídos. Por exemplo, ela mantém juntos os gases quentes no Sol e faz os planetas permanecerem em suas órbitas. A gravidade da Lua causa as marés oceânicas na Terra. Por causa da gravitação, os objetos sobre a Terra são atraídos em seu sentido. A atração física que um planeta exerce sobre os objetos próximos é denominada de força da gravidade. A força de atração entre dois corpos de massas conhecidas é diretamente proporcional ao pro- duto das suas massase inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles, con- forme a equação: em que M e m são as massas dos dois corpos, r a distância entre eles, e G = 6,67.10-11 Nm2.kg-2 é a constante gravitacional. Para uma massa (M) na superfície (uniformemente esférica) da Terra de massa MT e raio R, a atração gravitacional em uma massa m é dada por: em que GM é o peso da massa, ag é a aceleração da gravidade com valor médio de 9,80 ms -2. 38 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA M R Terra Figura 10 – Relação da atração gravitacional da Terra a uma massa em sua superfície MULTIMÍDIA Atividade 11 Confira, em nosso AVA, um vídeo sobre a Lei da Gravitação Universal (link 12). Se a Terra fosse uma esfera uniforme, ag seria uma constante. No entanto, a gravidade varia com a mudança na densidade da Terra, e a Terra não é uma esfera perfeita (Figura 11). A Terra tem a forma de uma esfera achatada por causa da sua rotação. Isaac Newton, por meio de seu estudo sobre forças gravitacionais, trouxe a ideia de que, em função dessa força, juntamente com o movimento de rotação terrestre, a Terra teria um formato não tão arredondado, mas sim elipsoidal. O raio (R) é maior no Equador por causa da maior força centrífuga, tendendo a acelerar a massa central para fora. Raio do Equador = Raio do polo + 21 km = 6.378 km Elipse de rotação Esfera S N Figura 11 – Formato da elipse de rotação 39UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES O formato da Terra é descrito matematicamente como uma “elipse de rotação” (Figura 11). A topografia da superfície da Terra é também um importante efeito na medição da gravidade. A superfície do mar, se não afetada pelas marés ou ventos, é chamada de geoide. Na Terra, o geoide é a superfície que corresponderia ao nível da água em canais imaginários cortados através dos continentes. O geoide (Figura 12) representa uma superfície na qual o campo gravitacional tem o mesmo valor, e é chamada de “superfície equipotencial”. (Se o valor da gravidade variasse, existiria uma força gravitacional que forçaria a água a fluir de um lugar ao outro.) A força da atração gravitacional é um vetor, e é em todos os lugares perpendicular ao geoide. Figura 12 – Ondulação média do geoide terrestre (cinza) em relação ao elipsoide de referência de variação da gravidade com a latitude A gravidade é 51.860 u.g. maior nos polos que na linha do Equador. A aceleração devida à gra- vidade varia com a latitude de acordo com dois efeitos: • a forma da Terra; • a rotação da Terra (a aceleração centrífuga diminui o valor de g). Esse efeito é maior na linha do Equador, onde a velocidade rotacional é maior, 1.674 km/h. Nos polos esse efeito é zero. Para uma elipse uniforme de rotação, a medida da gravidade é a resultante do vetor atração gravitacional e do vetor aceleração centrífuga. 5.2 A ORIGEM DO CAMPO MAGNÉTICO DA TERRA O campo magnético do planeta Terra é um dos diversos fatores fundamentais para a manuten- ção da vida, pois é essencial para o equilíbrio dos ciclos atmosféricos e geológicos, protegendo direta e indiretamente os seres vivos. Talvez, nosso lar não fosse capaz de sustentar a vida sem ele. O planeta Terra possui um campo magnético ao seu redor que tem origem interna, mais precisamente no núcleo externo líquido, e o formato desse campo é bem semelhante ao pro- duzido por uma barra imantada, colocada no seu centro (Figura 13), onde o norte magnético estaria próximo ao polo sul geográfico e o sul magnético, próximo ao norte geográfico. 40 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA Im ã N S Figura 13 – O campo magnético terrestre é equivalente ao campo de um dipolo O eixo desse campo tem uma inclinação de 11 graus com o eixo de rotação terrestre (Figura 14a). O núcleo é composto por 80% de ferro e 19% de níquel. O núcleo interno é essencialmente rígido, já o externo possui uma consistência de semifluido e é um bom condutor de eletricidade. Nele ocorrem movimentos convectivos, pois existe uma constante troca de calor entre o núcleo e o manto. As temperaturas no centro do núcleo podem chegar a 7.500 kelvins, mais quente que a superfície do Sol. Já o manto é mais rico em silício, oxigênio e magnésio. Acredita-se que o núcleo da Terra funciona como um dínamo autossustentável. Um dínamo é qualquer mecanismo que converte energia mecânica em energia elétrica. O dínamo da Terra é autossustentável porque, depois de haver sido disparado por um campo magnético que poderia ter sido muito fraco (exemplo: o campo do Sistema Solar), continuou produzindo seu pró- prio campo sem suprimento de campo externo. O líquido metálico do núcleo externo terres- tre, movendo-se de maneira apropriada, agiria como um dínamo, necessitando apenas de um suprimento contínuo de energia para manter o material em movimento. MULTIMÍDIA Atividade 12 Confira, em nosso AVA, os vídeos sobre o campo magnético (links 13, 14 e 15). Uma das fontes de energia mais provável, nesse caso, seria a movimentação do fluido causada pelo seu resfriamento, com a cristalização e fracionamento de fases minerais densas, liberando energia potencial. Pode-se estabelecer assim um movimento de convecção provocado por dife- renças de temperatura e composição do fluido, que devem ser mantidas para que o movimento não cesse. O movimento de rotação da Terra exerce uma força no fluido do núcleo externo, chamada de força de Coriolis, que atua em qualquer massa que descreva um movimento de rotação. Essa é a mesma força responsável pelos movimentos ciclônicos do ar das correntes 41UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES marinhas. A massa é acelerada em uma direção perpendicular ao seu movimento, fazendo com que, no caso do fluido condutor do núcleo, estabeleçam-se espirais de material condutor que vão gerar campo magnético com resultante aproximadamente paralela ao eixo de rotação da Terra. Apesar das proporções astronômicas, o campo magnético gerado pelo planeta tem, em média, uma intensidade de 0,5 oersted na superfície, 20 vezes mais fraco que um ímã de gela- deira. Os polos magnéticos migram a uma velocidade de cerca de 0,2 graus por ano ao redor do polo geográfico, em geral sem se afastar mais do que 30 graus desse último, porém descrevendo trajetória irregular. Torna-se importante corrigir o valor da declinação magnética conhecida para um determinado ponto da superfície terrestre a cada cinco anos. 5.3 O CAMPO MAGNÉTICO E O VENTO SOLAR Apesar de fraco, o campo geomagnético ocupa um volume muito grande, com suas linhas de forças estendendo-se a distâncias de 10 a 13 raios terrestres. A região ocupada pelo campo magnético se chama Magnetosfera, uma região com forma assimétrica com relação à Terra, assemelhando-se a uma gota com cauda extremamente comprida. Essa forma particular é consequência do chamado vento solar. O espaço entre o Sol e a Terra não é um vácuo quase perfeito, mas está preenchido por um gás ionizado constituído de partículas com diferentes energias (hidrogênio e elétrons), que são emitidas pelo Sol e, por isso, chamadas de vento solar. O vento solar flui a uma velocidade de cerca de 300 a 500 km/s – próximo da Terra e exerce pressão sobre o campo magnético comprimindo-o (Figura 14b). No lado da Terra que não está sendo iluminado pelo Sol, isto é, no lado onde é noite, as linhas de força do campo não sofrem essa pressão e se estendem a distâncias que correspondem a mais de 2.000 vezes o raio da Terra, chegando a atingir a Lua. O campo magnético da Terra desempenha um papel importante como blindagem, impedindo que as partículas solares mais energéticas atinjam a superfície terrestre, causando danos à biosfera. Parte da radiação emitida pelo vento solar é bloqueada pelo campo e não atinge a atmosfera; entretanto, nas regiões polares, onde as linhas de força do campo geomagnético colocam-se perpendicularmente à superfície da Terra, as partículas penetram facilmente até a atmosferasuperior ou ionosfera, porque são conduzidas pelas próprias linhas do campo. Como consequências dessa interação entre a Magnetosfera e os ventos solares, ocorrem fenômenos como as tempestades magnéticas e as auroras boreais (Figura 15). 42 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA a b Figura 14 – a) Modelo do campo geomagnético gerado no núcleo externo: 1. plano da órbita da Terra; 2. eixo de rotação; 3. eixo magnético; b) O campo magnético terrestre protegendo a Terra dos ventos solares MULTIMÍDIA Atividade 13 Confira, em nosso AVA, o vídeo sobre a origem da aurora boreal (link 16). 43UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À GEOLOGIA, A ORIGEM DA TERRA E DO UNIVERSO E OS CAMPOS FÍSICOS TERRESTRES Figura 15 – Aurora boreal em Fairbanks, Alasca, Estados Unidos SAIBA MAIS Faça uma leitura complementar sobre o tema visto nesta aula (campo magnético da Terra – texto 3), cujo link está disponível em nosso AVA. 44 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA ENCERRAMENTO DA UNIDADE 1 Esperamos que você tenha compreendido o conteúdo apresentado sobre a Terra e suas estrutu- ras, sua origem e a origem do Universo. Na próxima unidade, iremos nos aproximar da Terra. 45 TECTÔNICA DE PLACAS E PROCESSOS ENDÓGENOS Unidade 2 Prezado(a) aluno(a), Estamos iniciando a Unidade 2 do nosso curso de Geologia. Esta unidade irá explicar sobre a Teoria da Tectônica de Placas e Deriva Continental e sua relação com a geração dos processos chamados endógenos, ou seja, processos gerados por forças advindas do interior da Terra. Os principais exemplos de processos endógenos são os terremotos e o vulcanismo. A Teoria da Tectônica de Placas é uma das principais teorias da ciência geológica. A partir dela, podemos entender diversos fenômenos que ocorrem em nosso planeta. Por ser uma teoria relativamente jovem, a tectônica de placas pode ser considerada revolucionária e, hoje, não se compreende Geologia sem ela. FIQUE ATENTO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO • Aula 6: A Teoria da Tectônica de Placas e Deriva Continental; • Aula 7: Terremotos, tsunamis e vulcanismo. OBJETIVOS Esperamos que você, ao final desta unidade, seja capaz de: • entender que o planeta Terra está em constante movimento e sofre intensas modificações; • compreender a influência da tectônica de placas no cotidiano e no ambiente planetário; • explicar a origem de desastres associados a terremotos, tsunamis e vulcanismos; • saber visualizar as formas do planeta e os limites das placas tectônicas pelas imagens aéreas. Você encontrará nesta unidade textos com os principais conceitos e teorias sobre o assunto abordado. Também receberá temas para reflexão e poderá consultar os sites indicados nas refe- rências e nos indicativos de “Saiba mais”. Existem excelentes vídeos sobre os temas abordados disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). A duração desta unidade será de três semanas e você terá que se dedicar pelo menos 50 minutos diários aos estudos de Geologia. Espero que goste bastante do assunto. Sugiro que divida seu tempo de acordo com a agenda da Unidade 2. 46 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA AGENDA Período Atividade Seg Ter Qua Qui Sex Co nc lu íd a Semana 3 De __/___ a ___/___ 24 Aula 6 25 Leitura do Texto 4 26 Atividade 14 Visualização dos links 17 e 18 (área de multimídia do AVA) 27 Atividade 15 Visualização dos links 19 e 20 (área de multimídia do AVA) 28 Atividade 16 Visualização do link 21 (área de multimídia do AVA) Semana 4 De __/___ a ___/___ 29 Aula 7 30 Leitura do texto 5 31 Atividade 17 Visualização dos links 22 e 23 (área de multimídia do AVA) 32 Atividade 18 Visualização do link 24 (área de multimídia do AVA) 33 Atividade 19 Visualização dos links 25 e 26 (área de multimídia do AVA) Semana 5 De __/___ a ___/___ 34 Atividade no AVA 3 (área de envio de arquivo do AVA) 47UNIDADE 2 - TECTÔNICA DE PLACAS E PROCESSOS ENDÓGENOS AULA 6 A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS E DERIVA CONTINENTAL 6.1 TECTÔNICA DE PLACAS Durante o século XX, a ciência passou por um grande impulso de desenvolvimento, principal- mente como consequência do acentuado avanço da tecnologia, que possibilitou: • observar a forma do planeta Terra com a ida do homem à Lua; • a obtenção de imagens, a partir do espaço e por meio de satélites, que mostram com exatidão a configuração dos continentes, permitindo uma perfeita definição dessas áreas territoriais; • datar a idade absoluta das rochas por meio de métodos radiométricos; • conhecer o fundo oceânico em sua forma, composição e variação de idade por meio de métodos batimétricos e sondagem em alta profundidade; • reconhecer as principais divisões internas do planeta por meio de dados sísmicos coletados em todos os pontos da superfície da Terra. Esse acesso a uma infinidade de dados sobre os materiais que consti- tuem o globo terrestre foi um marco fundamental para o desenvolvi- mento da Geologia Contemporânea, levando ao desenvolvimento da grande teoria dinâmica da Terra: a Teoria da Tectônica de Placas. A teoria de que os continentes não estiveram sempre nas suas posições atuais foi conjeturada muito antes do século XX. Esse modelo foi sugerido, pela primeira vez, em 1596, por um fabricante holandês, Abraham Ortelius (Figura 16). Ortelius sugeriu que as Américas “foram rasgadas e afas- tadas da Europa e África por terremotos e inundações”, e acrescentou: “os vestígios da ruptura revelam-se se alguém trouxer para a sua frente um mapa do mundo e observar com cuidado as costas dos três continentes.” A ideia de Ortelius foi retomada no século XIX. Entretanto, só em 1912 é que a noção do movimento dos continentes foi seriamente considerada como uma teoria científica deno- minada “Deriva dos Continentes”, escrita em dois artigos publicados por um meteorologista alemão, chamado Alfred Lothar Wegener (Figura 17). Ele argumentou que, há cerca de 200 milhões de anos, havia um supercontinente, Pangeia (Figura 18), que começou a se fraturar. Figura 16 – Abraham Ortelius Figura 17 – Alfred Lothar Wegener (à esquerda) 48 FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA Eurásia América do Norte América do Sul África Antártica Índia Au str áli a Figura 18 – Continente Pangeia Alexander Du Toit, professor de Geologia da Universidade de Joanesburgo e um dos maiores defensores das ideias de Wegener, propôs que a Pangeia, primeiro, se dividiu em dois gran- des continentes, a Laurásia, no hemisfério Norte, e a Gondwana, no hemisfério Sul. Laurásia e Gondwana (Figura 19) continuaram então a se fraturar ao longo dos tempos, dando origem aos vários continentes que existem hoje. LAURÁSIA MAR DE TÉTIS Equador GONDWANA Figura 19 – Posição dos continentes 200 milhões de anos atrás (Triássico) Veem-se dois grandes continentes: Laurásia, no hemisfério Norte, e Gondwana no hemisfério Sul. A teoria de Wegener foi apoiada em parte por aquilo que lhe pareceu ser o ajuste notável dos continentes americanos e africanos do sul (Figura 20), argumento utilizado por Abraham Ortelius três séculos antes. Wegener também estava intrigado com as ocorrências de estruturas 49UNIDADE 2 - TECTÔNICA DE PLACAS E PROCESSOS ENDÓGENOS geológicas pouco comuns e dos fósseis de plantas e animais encontrados na América do Sul e África, que estão separados atualmente pelo Oceano Atlântico. Deduziu que era fisicamente impossível para a maioria daqueles organismos ter nadado ou ter sido transportado através de um oceano tão vasto. Para ele, a presença de espécies fósseis idênticas ao longo das costas litorâ- neas da África e da América do Sul era a evidência que faltava para demonstrar que, no passado, os dois continentes estiveram ligados. Segundo Wegener, a Deriva dos Continentes após a fraturação da Pangeia explicava não só as ocorrências fósseis, mas também as evidências de mudanças dramáticas do clima em alguns continentes. Por exemplo, a descoberta de fósseis de plantas tropicais (na formação de depósi- tos de carvão) na Antártida conduziu à conclusão de que esse continente, atualmente coberto de gelo, já esteve situado
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