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TEMA 2 - ATOS ADMINISTRATIVOS

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ATOS ADMINISTRATIVOS
· DESCRIÇÃO
Fatos e atos administrativos e seus controles, sua validade e eficácia..
· PROPÓSITO
Compreender o conceito do ato administrativo, os respectivos elementos conformadores e as formas de controle.
· PREPARAÇÃO
· Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos a Constituição Federal (CRFB), o Código Civil (CC) e a Lei 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo Federal).
· OBJETIVOS
Módulo 2
Módulo 1
Analisar o conceito dos atos administrativos e de outras formas de manifestação de vontade da Administração Pública, bem como seus elementos
Diferenciar os atos vinculados e discricionários, com a conceituação do mérito administrativo e os limites ao seu controle
· INTRODUÇÃO
Neste tema, veremos a importância dos atos administrativos − que representam importante forma de manifestação de vontade da Administração Pública −, com a criação, modificação e extinção de direitos dos administrados.
Estudaremos o conceito, os elementos, as classificações e as maneiras de extinção dos atos administrativos.
MÓDULO 1
Analisar o conceito dos atos administrativos e de outras formas de manifestação de vontade da Administração Pública, bem como seus elementos
CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO
Inicialmente, é oportuno destacar que a exteriorização da vontade administrativa pode ocorrer de diversas maneiras, notadamente por meio de manifestações unilaterais, bilaterais ou plurilaterais:
O ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade da Administração Pública e de seus delegatários, no exercício da função delegada, que, sob o regime de direito público, pretende produzir efeitos jurídicos com o objetivo de implementar o interesse público (OLIVEIRA, 2020, p. 299).
Ato administrativo versus ato privado
A caracterização do ato administrativo pressupõe a sua relação necessária com o exercício da função pública.
Veja os exemplos das empresas públicas e as sociedades de economia mista, segundo a natureza da atividade exercida:
Por esse motivo, a Súmula 333 do STJ dispõe:
Os atos praticados na licitação e em outros procedimentos administrativos devem ser considerados materialmente administrativos e sujeitos à impugnação por meio do mandado de segurança.
Ato administrativo versus fato administrativo
Os atos administrativos não se confundem com os fatos administrativos. Aliás, no Direito Civil é comum a distinção entre atos e fatos jurídicos.
ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Apesar da inexistência de consenso doutrinário sobre os elementos (ou requisitos) dos atos administrativos, tem prevalecido o seguinte elenco:
Os elementos em questão são indicados, inclusive, no art. 2º da Lei 4.717/1965: “Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
· Competência ou agente público competente:
O ato administrativo deve ser editado por agente público competente.
Admite-se a modificação da competência, desde que não se trate de competência atribuída, com exclusividade, ao órgão ou à entidade administrativos. Essa modificação pode ser dividida em duas categorias:
Em âmbito federal, o art. 12 da Lei 9.784/1999 dispõe sobre a delegação de competências da seguinte maneira:
· Finalidade:
Deve ser a efetivação de um interesse público consagrado no ordenamento jurídico.
O atendimento de interesses meramente privados, em desacordo com a ordem jurídica, configura “desvio de finalidade” ou “desvio de poder” (détournement de pouvoir) que acarreta a nulidade do ato administrativo.
· Forma:
No campo doutrinário, a forma possui dois sentidos básicos:
Lembre-se de que a forma do ato administrativo recebe tratamento diverso daquele conferido aos atos privados. Confira:
Não pode existir, contudo, excesso de formalismo ou formalidades absolutas. Assim, o art. 22 da Lei 9.784/1999 prevê:
•	Motivo:
O motivo pode ser dividido em duas categorias:
 
 
No motivo de fato, a escolha é do administrador, e no motivo de direito a escolha é efetivada pelo legislador (OLIVEIRA, 2020, p. 311). Enquanto o primeiro é discricionário, o segundo é vinculado.
Vale ressaltar que os motivos não se confundem com a motivação, assim considerada a exteriorização destes. Trata-se de hipótese na qual o agente público indica expressamente, no ato administrativo, os motivos que justificam a sua edição. As justificativas apresentadas configuram a motivação do ato.
Em âmbito federal, a motivação ganhou status de princípio no art. 2º, caput e parágrafo único, VII, da Lei 9.784/1999, inclusive com a indicação de situações específicas de obrigatoriedade no art. 50 do referido diploma legal.
É possível a chamada motivação aliunde ou per relationem, situação na qual limita-se a concordar com os fundamentos apresentados em manifestações ou atos anteriores, na forma do art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999. Isso acaba por ser um mecanismo de celeridade, evitando que o administrador tenha de repetir os fundamentos já constantes do outro ato.
De acordo com o STJ:
· Objeto:
Registre-se que o objeto do ato administrativo deve ser lícito (em conformidade com o ordenamento jurídico), possível (realizável concretamente) e moral (de acordo os padrões éticos e morais).
O objeto pode ser classificado do seguinte modo:
 
 
Enquanto o objeto indeterminado é elemento discricionário, o objeto determinado é elemento vinculado.
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Os atributos (ou características) dos atos administrativos são:
Parcela da doutrina menciona, ainda, a tipicidade como quarto atributo dos atos administrativos unilaterais, uma vez que a Administração somente pode editar atos que estejam previamente tipificados na legislação, sendo vedada a edição de atos inominados (DI PIETRO, 2009, p. 201).
· Presunção de legitimidade e de veracidade:
Os atos administrativos presumem-se editados em conformidade com o ordenamento jurídico (presunção de legitimidade), bem como as informações neles contidas presumem-se verdadeiras (presunção de veracidade).
 
· Imperatividade:
Os atos administrativos são, em regra, imperativos ou coercitivos, uma vez que representam uma ordem emanada da Administração Pública que deve ser cumprida pelo administrado.
· Autoexecutoriedade:
A autoexecutoriedade dos atos administrativos significa que a Administração possui a prerrogativa de executar diretamente a sua vontade, inclusive com o uso moderado da força, independentemente da manifestação do Poder Judiciário (OLIVEIRA, 2020, p. 321).
A doutrina distingue a executoriedade (privilège d’action d’office, executoriedade propriamente dita ou direta) e a exigibilidade (privilège du préalable ou executoriedade indireta).
CLASSIFICAÇÕES DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Existem diversos critérios para classificação dos atos administrativos. Neste tópico, destacaremos alguns.
· Critério da formação do ato: atos simples, compostos e complexos
De acordo com o critério da formação, os atos administrativos podem ser:
· Critério dos destinatários: atos individuais (concretos) e gerais (normativos)
Quanto ao critério dos destinatários, os atos podem ser:
· Critério dos efeitos: atos constitutivos, declaratórios e enunciativos
Em relação ao critério dos efeitos, os atos podem ser divididos em três espécies:
 
· Critério da imperatividade: atos de império e de gestão
· Critério do objeto: ato-regra, atos subjetivos e ato-condição
A partir do objeto, os atos jurídicos podem ser divididos em três categorias (DUGUIT, 1921, p. 223):
 
· Critério da competência ou da liberdade do agente: atos vinculados (regrados) e discricionários
De acordo com o critério da competência ou da liberdade do agente, os atos são divididos em duas espécies:
 
Critério da validade: atos válidos e inválidos
No tocante ao critério da validade, os atos são:
· Critério da retratabilidade: atos revogáveis (retratáveis) e irrevogáveis (irretratáveis)
Quanto à retratabilidade, os atos são:
· Critério da formaçãoou da exequibilidade: atos perfeitos, imperfeitos, pendentes e consumados
No tocante à formação, os atos podem ser:
 
· Critério do âmbito dos efeitos: atos externos e internos
Quanto aos efeitos, os atos podem ser divididos em duas categorias:
 
· Critério da repercussão sobre a esfera jurídica do particular: atos ampliativos e restritivos
Em relação aos efeitos jurídicos para o particular, os atos administrativos podem ser:
· Critério da executoriedade: atos executórios e não executórios
Os atos administrativos, a partir do critério da autoexecutoriedade, são divididos em duas categorias:
VERIFICANDO O APRENDIZADO:
1) Com relação aos atos administrativos, assinale a alternativa correta:
a) Os atos emanados das empresas públicas e sociedades de economia mista, no exercício de atividade econômica, são considerados atos administrativos.
b) Enquanto os atos administrativos são eventos materiais que podem repercutir no mundo jurídico, os fatos administrativos não representam a vontade da Administração preordenada ao atendimento da finalidade pública.
c) A competência, a moralidade e a razoabilidade são elementos dos atos administrativos.
d) De acordo com o STJ, cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
Comentário:
A alternativa “D” está correta.
Os atos administrativos são emanados no exercício da função pública, ainda que exercida por entidades de direito privado. Conforme disposto na Súmula 333 do STJ, os atos oriundos das licitações promovidas por empresas estatais podem ser impugnados por mandado de segurança, pois constituem atos de autoridade.
2) São elementos dos atos administrativos:
a) Agente competente, razoabilidade, moralidade e eficiência.
b) Agente competente, forma, finalidade, motivo e objeto.
c) Finalidade, motivo, forma, razoabilidade e proporcionalidade.
d) Finalidade, motivo, forma, razoabilidade e eficiência
Comentário:
A alternativa “B” está correta.
Os atos administrativos são espécies de atos jurídicos. Assim como os atos jurídicos privados, possuem sujeito, objeto e forma. Especificamente, o agente público deve ser competente para o exercício da função, além dos demais elementos que compõem os atos administrativos: forma, finalidade, motivo e objeto.
MÓDULO 2
Diferenciar os atos vinculados e discricionários, com a conceituação do mérito administrativo e os limites ao seu controle
· CONCEITOS
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Para manter ou restabelecer a ordem constitucional em momentos de anormalidades, de forma excepcional, o Presidente da República poderá decretar estado de defesa ou estado de sítio, dispostos dentro do Título V – Da Defesa de Estado e das Instituições Democráticas, nos arts. 136 a 141 da CF/88. Esses dois instrumentos buscam a proteção da ordem pública e da paz social.
É importante destacar que, devido ao perigo contra a ordem constitucional, essas medidas não delegam poder de mando absoluto ao Presidente da República e nem a qualquer outra instituição. Pelo contrário, por serem medidas excepcionais, devem obediência a alguns pressupostos, como os seguintes:
 
 
2
A Constituição Federal determina a obediência desses pressupostos para evitar que o Presidente da República aja arbitrariamente em favor de seus interesses na persecução de algum objetivo anormal a ordem constitucional, como perseguição política, cultural ou até mesmo ideológica. Esses instrumentos foram utilizados sem a observância desses pressupostos durante o Estado Novo, sob o governo de Getúlio Vargas, e na ditadura militar de 1964.
ESTADO DE DEFESA
O estado de defesa é um instrumento de medida temporária destinada a preservar ou restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social, ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional, ou atingidas por calamidades de grandes proporções da natureza (art. 136 da CF/88).
Para a decretação e exercício do referido mecanismo é necessário o preenchimento de algumas normas procedimentais. Primeiramente, é importante entender que cabe ao Presidente da República (art. 84, IX e 136 da CF/88), por meio de decreto, após ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa, decretar o estado de defesa.
Por meio do decreto, o Presidente da República deverá determinar:
Sendo:
Também é possível que haja relativização do art. 5º, LXI da CF/88. Esse artigo determina que a prisão somente poderá ser efetuada em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judicial competente. Ocorre que, enquanto vigente o estado de defesa, é possível que a determinação da prisão — de crimes contra o Estado — seja feita pelo executor da medida e não pela autoridade judicial competente.
Após a prisão, de crime contra o Estado, o juiz competente deverá ser imediatamente comunicado, podendo, se ilegal, relaxar a prisão (art. 136, § 3º, I da CF/88). A comunicação ao juiz competente deverá ser acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação (art. 136, 3º, II da CF/88). O prazo da prisão ou detenção não poderá ser superior a 10 (dez) dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário (art. 136, 3º, III da CF/88).
Ainda assim, é vedada a incomunicabilidade do preso (art. 136, § 3º, IV da CF/88).
Após sua decretação, o estado de defesa poderá ser objeto de controle político imediato, concomitante, sucessivo e controle jurisdicional concomitante ou sucessivo.
Embora não pacificado pela doutrina ou pela jurisprudência, uma parte da doutrina aponta ser possível o controle jurisdicional imediato. Essa medida admite a possibilidade de o Poder Judiciário controlar judicialmente o ato político da decretação do estado de defesa nas hipóteses de abuso de direito ou desvio de finalidade. O controle deverá ser feito de forma excepcional.
Observe no quadro abaixo as características do estado de defesa:
ESTADO DE SÍTIO
O estado de sítio também é um instrumento de medida temporária, mas difere do primeiro em relação às hipóteses de decretação, sendo elas as seguintes:
· Comoção grave de repercussão nacional.
· Ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa.
· Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (art. 137, I e II da CF/88).  
Assim como o estado de defesa, para a decretação do estado de sítio, é necessária a obediência dos ditames constitucionais (arts. 137 a 139 da CF/88). Inicialmente, a Constituição Federal determina o Presidente da República como autoridade competente para decretar o estado de sítio, após oitiva do Conselho da República e de Defesa Nacional (art. 137, caput da CF/88). Contudo, diferentemente do primeiro instrumento, aqui o presidente deverá pedir, previamente, autorização do Congresso Nacional para a decretação do estado de sítio, devendo este órgão decidir pela aprovação ou reprovação da medida por meio de maioria absoluta de seus membros, mediante decreto legislativo (art. 49, IV e 137, parágrafo único da CF/88).
 
 
Se o Congresso Nacional autorizar o estado de sítio, o Presidente da República poderá ou não decretar a medida (discricionariedade política).
Contudo, se o Congresso Nacional reprovar o estado de sítio, o Presidente da República não poderá decretar a medida por aquele mesmo motivo, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade.
Quando aprovado, o decreto de estado de sítio deverá conter a duração da medida, as normas necessárias à sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de aprovado, o presidente designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (art. 138, caput da CF/88). Sobre essas especificações, é necessário destacar os seguintes pontos:
	
A designação da área abrangida será especificada depois de publicado o decreto. É importante destacar que não há necessidadede o decreto abranger toda a área geográfica do território nacional. Embora tenha como uma das hipóteses a comoção grave de repercussão nacional.
	
Aqui existem duas especificidades. No caso de comoção grave de repercussão nacional ou da ineficácia das medidas tomadas durante o estado de defesa, a medida não poderá ser superior a 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogada por quantas vezes forem necessárias pelo mesmo prazo (não superior a trinta dias). Já no caso de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, a medida poderá perdurar durante toda a guerra ou agressão armada estrangeira (art. 138, § 1º da CF/88).
ÁREA ABRANGIDA PELO DECRETO
DURAÇÃO DA MEDIDA
Por ser um instrumento mais grave que o estado de defesa, é possível adotar medidas coercitivas mais duras durante a vigência do estado de sítio. Essas medidas são divididas em razão das hipóteses do art. 137 da CF/88, sendo elas:
Assim como no estado de defesa, a decretação do estado de sítio poderá ser objeto de controle político e jurisdicional. O controle político poderá ser feito de maneira prévia, concomitante ou sucessiva. Já o controle jurisdicional poderá ser feito de maneira concomitante e sucessiva.
Acompanhe a síntese das características do estado de sítio no quadro abaixo:
VERIFICANDO O APRENDIZADO:
1) Como medida excepcional, verificadas as hipóteses constitucionais, o Presidente da República poderá decretar estado de defesa. Esse instrumento deve observar todo o procedimento exposto na Constituição Federal para ser colocado em prática. Um dos pressupostos procedimentais é a possibilidade de restrição de direitos. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta:
a) O direito de reunião poderá ser restringido, salvo quando exercido no seio das associações.
b) A liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão poderão ser restringidos.
c) Vigente o estado de defesa, será lícito ao Poder Público intervir nas empresas de serviços públicos.
d) O direito de sigilo de telegráfico poderá ser restringido.
e) Vigente o estado de defesa, será lícito a detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns.
Comentário:
A alternativa “D” está correta.
De acordo com o art. 136, § 1º da Constituição Federal, o decreto que instituir o estado de defesa deverá determinar, além do tempo de sua duração e as áreas a serem abrangidas, as medidas coercitivas a vigorarem, sendo uma delas a restrição ao direito de sigilo de comunicação telegráfica (art. 136, § 1º, I, “c” da CF/88).
2) O estado de sítio poderá ser decretado em momentos anormais de instabilidade constitucional, como nos casos de comoção grave de repercussão nacional, ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa ou a declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira. Como instrumento excepcional, essa medida poderá ser objeto de controle político e jurisdicional. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta:
a) O controle político prévio é feito pelo Congresso Nacional, que deverá aprovar ou rejeitar o pedido de decretação do presidente.
b) O controle político concomitante é feito pela Mesa do Senado Federal com a designação de 5 (cinco) membros da Casa para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de sítio.
c) O controle político sucessivo é feito pelo Congresso Nacional, após submissão do Presidente da República ao Congresso das medidas aplicadas durante a vigência do estado de sítio, sendo facultado ao Chefe do Executivo justificar as providencias adotadas durante o período.
d) O controle jurisdicional concomitante é feito pelo Poder Judiciário apenas para reparar lesão ou ameaça de direito.
e) O controle jurisdicional sucessivo é feito pelo Poder Judiciário para verificar a responsabilidade dos ilícitos cometidos apenas pelos executores da medida excepcional.
Comentário:
A alternativa “A” está correta.
De acordo com o art. 137, caput da Constituição Federal, o controle político prévio é realizado pelo Congresso Nacional, pela votação do Congresso Nacional e pela aprovação ou reprovação do pedido de decretação de estado de sítio feito pelo Presidente da República. Caso o Congresso rejeite o pedido, o presidente não poderá decretar a medida excepcional requerida.
MÓDULO 3
Listar as atribuições das Forças Armadas e da segurança pública
BREVE ANÁLISE INTRODUTÓRIA
As Forças Armadas e a segurança pública, dispostas também no Título V – Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, buscam a defesa do país e da sociedade. Essas instituições defendem o Estado (art. 142 da CF/88) e as instituições democráticas. Neste módulo, compreenderemos as principais características e diferenças entre essas instituições e as suas finalidades estabelecidas pelo Texto Constitucional.
As Forças Armadas, instituições nacionais permanentes e regulares, são constituídas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica e tem como finalidade a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. Essas instituições são organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob o comando e autoridade suprema do Presidente da República (art. 142, caput da CF/88).
De acordo com o art. 84, XIII da CF/88, compete ao Presidente da República, como autoridade suprema das Forças Armadas, nomear os comandantes da marinha, aeronáutica e do exército, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhe são privativos.
Conforme mencionado, a base das Forças Armadas são a hierarquia e a disciplina. Por intermédio desses, tanto os superiores hierárquicos quanto a autoridade maior poderão aplicar sanções disciplinares administrativa aos militares de baixa hierarquia. Nesse sentido, é importante destacar que tanto a autoridade quanto a responsabilidade dos militares crescem de acordo com o grau hierárquico. Para um estudo aprofundado, seguem os conceitos da base das Forças armadas:
	
Disciplina:
Observância e respeito das normas (leis, regulamentos e disposições militares que coordenam o funcionamento regular e harmônico). O acatamento das normas deve ser feito por todos os militares.
	
Hierarquia militar:
Ordenação, dentro das Forças Armadas, da autoridade em diferentes níveis. A ordenação é feita de duas maneiras distintas:
I) Postos: Grau hierárquico do oficial, sendo conferido pela autoridade suprema — Presidente da República — ou pelo Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica;
II) Graduação: Grau hierárquico da praça, sendo conferido por qualquer autoridade militar competente.
 
O art. 142, § 3º da CF/88 denomina como militares os membros das Forças Armadas e estabelece algumas disposições que devem ser, por eles, observadas. Essas disposições têm previsão nos incisos I a X do artigo referido, sendo cada uma delas abordadas nos tópicos a seguir:
Conforme estudado, cabe as Forças Armadas a defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e a proteção da lei e da ordem. Desse modo, não compete a essa instituição o cuidado da segurança pública (art. 144 da CF/88). Entretanto, em casos excepcionais, de forma subsidiária e eventual, poderá ser empregado o uso das Forças Armadas na segurança pública (Lei Complementar 97/99 e Decreto 3.897/2001).
De acordo com o art. 15, § 2º da LC 97/99, será possível a atuação das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrendo de acordo com as diretrizes baixadas em ato da autoridade suprema, após esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da CF/88.
Essa situação excepcional deverá ser utilizada como última medida, desde que esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da CF/88. De acordo com o art. 15, § 3º da LC 97/99, esses instrumentos serão considerados esgotados quando em determinado momento, forem eles formalmente reconhecidospelo respectivo Chefe do poder Executivo Federal ou Estadual como indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional.
Ainda na hipótese do parágrafo anterior, com base no art. 15, § 3º da LC 97/99, após mensagem do Presidente da República, serão ativados os órgãos operacionais das Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da ordem.
Essa hipótese de atuação das Forças Militares “na garantia da lei e da ordem” não se refere à intervenção federal, ao estado de sítio ou ao estado de defesa. Essas operações tratam de uma situação de “não guerra”, não podendo ser aplicados os procedimentos de controles específicos e inerentes aos instrumentos das medidas excepcionais acima mencionadas.
Ainda nas disposições constantes do art. 142, § 2º da CF/88, a Constituição Federal prevê que não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Essa disposição é uma exceção de um direito previsto no art. 5º, LXVIII da CF/88, fundamentada pelo princípio da hierarquia. Importante destacar que esse parágrafo não foi adicionado por emenda constitucional pelo Poder Derivado Reformador, sendo, portanto, uma norma elaborada e editada pelo Poder Constituinte Originário. 
Existe também a previsão constitucional do serviço militar obrigatório, conforme art. 143 da CF/88. Contudo, essa obrigatoriedade possui duas exceções: 
· Dispensa as mulheres e os eclesiásticos em tempos de paz, sujeitos, porém, a outros encargos previstos em lei (art. 143, § 2º da CF/88).
· É possível a atribuição de serviço alternativo de tempo em paz para aqueles que alegarem imperativo de consciência, decorrente de crença religiosa, convicção filosófica ou política no alistamento eleitoral (art. 5º, VIII e 143, §§ 1º e 2º da CF/88).
SEGURANÇA PÚBLICA
A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, por intermédio da polícia administrativa e judiciária, busca preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio (art. 144, caput da CF/88). Ela é exercida por meio de cinco órgãos, sendo eles:
Conforme mencionado, a segurança pública é exercida por intermédio da polícia administrativa e judiciária. A polícia administrativa atua de forma preventiva, antes do acontecimento do crime, por meio da polícia federal, rodoviária federal e ferroviária federal e estadual (corpo de bombeiros e polícia militar). Por outro lado, a polícia judiciária atua de forma repressiva, depois do cometimento do crime, por meio da polícia federal e estadual (polícia civil).
Cada um desses órgãos é dividido em nível federal e estadual.
A Polícia Federal (art. 144, § 1º da CF/88), instituída por lei como órgão permanente, é organizado e mantido pela União e estruturado em carreira. A PF também faz parte da estrutura básica do Ministério da Justiça. Entre suas finalidades constitucionais, destacam-se as seguintes:
· Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei (art. 144, § 1º, I da CF/88).
· Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência (art. 144, § 1º, II da CF/88).
· Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras (art. 144, § 1º, III da CF/88).
· Exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União (art. 144, § 1º, IV da CF/88).
A Polícia Rodoviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais (art. 144, § 2º da CF/88). O cargo de policial federal é de nível superior e a carreira é estruturada nas classes terceira, segunda, primeira e especial.
A Polícia Ferroviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. Contudo, mesmo diante da previsão constitucional, até a presente data, ainda não existe um plano de carreira para a Polícia Ferroviária Federal.
Já a segurança pública estadual é atribuída às polícias civis, militares e ao corpo de bombeiros. Todos esses órgãos são organizados e mantidos pelos estados. Contudo, deverão observar as normas gerais da União sobre organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpo de bombeiros militares, tal como sobre a organização, garantias, direitos e deveres das polícias civil (art. 22, XXI e 24, XVI da CF/88). Vale destacar que os policiais civis são reconhecidos como servidores estaduais civis e os policiais militares e o corpo de bombeiros militar como servidores militares dos estados.
Sobre esses órgãos, é importante destacar as seguintes características:
O art. 144, § 10º da CF/88 consagra a segurança viária. Essa é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio das vias públicas. Entre suas finalidades, destacam-se as seguintes: educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. A CF/88 estabelece a competência dessa segurança aos estados, Distrito Federal e municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em carreira, na forma da lei.
VERIFICANDO O APRENDIZADO:
1) As Forças Armadas são uma instituição quem tem como base a hierarquia e disciplina. Em razão disso, os militares precisam observar e respeitar alguns ditames constitucionais e legais na atuação de suas atividades. Sobre esse tema, levando em consideração apenas as disposições constitucionais, assinale a alternativa correta:
a) As patentes são conferidas pelo comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, e asseguradas apenas aos oficiais da ativa.
b) Ao militar são proibidas as greves, mas não a sindicalização.
c) O militar, enquanto em serviço ativo, pode se filiar a partidos políticos.
d) O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível.
e) A lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites da idade, a vitaliciedade e outras condições de transferência do militar para a inatividade.
Comentário:
A alternativa “D” está correta.
De acordo com o art. 142, § 3º, VI da CF/88, o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra.
2) A segurança pública da União é composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal. A Constituição Federal de 1988 estabelece a competência de cada um desses órgãos. Sobre esse tema, é correto afirmar que:
a) Cabe à Polícia Rodoviária Federal exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras.
b) Cabe à Polícia Federal o patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
c) Cabe à Polícia Federal exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
d) Cabe à Polícia Ferroviária Federal a apuração de infrações penais, exceto as de militares.
e) Cabe à Polícia Ferroviária Federal o patrulhamento ostensivo das rodovias federais e estaduais.
Comentário:
A alternativa “C” está correta.
De acordo com o art. 144, § 1º, IV da CF/88, a Polícia Federal destina-se a exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. Cabe à polícia judiciária a atuaçãorepressiva, ou seja, depois de ocorrido o ilícito penal. Neste caso, a PF exercerá atividades de apuração das infrações penais cometidas e a indicação da autoria.
CONCLUSÃO
· CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Como vimos, as medidas excepcionais para restabelecimento da ordem constitucional e as instituições de defesa do país e da sociedade devem obediência às normas previstas na Constituição Federal de 1988. Como medida excepcional, para a decretação da intervenção federal e estadual, é necessário o preenchimento de dois pressupostos: materiais e formais. Por intermédio desses requisitos, a Constituição Federal de 1988 autoriza ao Presidente da República ou aos governadores de estado a intervenção apenas quando verificado o preenchimento das hipóteses taxativas. Ademais, também é possível que o presidente decrete estado de defesa ou de sítio em situações anormais, sempre que forem preenchidas as hipóteses na Constituição Federal de 1988. Esses instrumentos deixam clara a preocupação do Poder Constituinte Originário em relação aos poderes conferidos ao presidente em situações democráticas delicadas que possam vir a existir no país.
As instituições de defesa, divididas em Forças Armadas e segurança pública, protegem o país e a sociedade brasileira. Organizadas pela hierarquia e disciplina, as Forças Armadas defendem a pátria e a garantia dos poderes constitucionais sob o comando do Presidente da República. Por outro lado, a segurança pública objetiva a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio. Essas duas instituições devem obediência maior à Constituição e à essência democrática do Texto Constitucional.
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· REFERÊNCIAS:
NOVELINO, M. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. 
BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. 
LENZA, P. Direito Constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
TEMER, M. Elementos de Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. 
BONAVIDES, P. Do Estado liberal ao Estado social. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
· EXPLORE MAIS:
Para saber mais sobre os assuntos abordados neste conteúdo: 
· Pesquise o artigo científico Intervenção Federal e a guerra contra os pobres na cidade do Rio de Janeiro, e veja como Ana Carolina Batista Morellato e André Filipe Pereira Reid dos Santos analisam as consequências sociais da intervenção federal realizada no Rio de Janeiro. 
· Pesquise o artigo científico Confiança nas forças armadas brasileiras: uma análise empírica a partir dos dados da pesquisa SIPS – Defesa Nacional, e veja como Rubem Kaipper Ceratti aponta o grau de confiança da sociedade brasileira nas Forças Armadas. 
· Veja como o ex-Ministro Carlos Velloso conceitua intervenção federal no vídeo Saiba o que é e como funciona uma intervenção federal, disponível no canal oficial do STF no YouTube.
· CONTEUDISTA:
Marcílio da Silva Ferreira Filho (currículo disponível em anexo na pasta currículos da disciplina)

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