Buscar

TEMA 4 - DIREITO ADMINISTRATIVO - SALA DE AULA VIRTUAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

· DESCRIÇÃO
A análise da base teórica, normativa e jurisprudencial sobre a intervenção do Estado na propriedade privada e sobre os bens públicos no Direito Administrativo brasileiro.
· PROPÓSITO
Compreender os conceitos básicos, apresentar os elementos do ordenamento jurídico e discutir sobre a compreensão dos tribunais brasileiros acerca da temática da intervenção do Estado na propriedade privada e do regime jurídico dos bens públicos.
· PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um Vade Mecum ou compilado de legislações sobre Direito Administrativo.
· OBJETIVOS
Módulo 3
Módulo 2
Módulo 1
Reconhecer a competência e os fundamentos da intervenção do Estado na propriedade privada
Identificar os bens públicos e suas características
Listar as modalidades de intervenção do Estado na propriedade privada
MÓDULO 1
Reconhecer a competência e os fundamentos da intervenção do Estado na propriedade privada
INTRODUÇÃO
Aspectos introdutórios
Por muito tempo, o direito de propriedade era encarado como um direito que servia de barreira a qualquer intervenção estatal. Caberia ao Estado exclusivamente proteger o direito de propriedade. É por isso que, em sua concepção clássica, o direito de propriedade caracterizava-se por ser absoluto, exclusivo e perpétuo.
Caberia a cada particular, portanto:
Essa noção absoluta do direito de propriedade cedeu a uma concepção mais equilibrada entre interesses públicos e privados.
E, por conseguinte, em face da constitucionalização da função social da propriedade, esta não cumpre mais com seu papel social senão respeitando o interesse público geral na propriedade privada. Em outras palavras, e segundo o entendimento do ministro João Otávio de Noronha (STJ, 2019), em sede de interesse público geral, “função social da sociedade é o seu uso sem prejudicar a coletividade”.
A função social da propriedade irradia-se a outros campos protetivos do Direito, como, por exemplo:
MODALIDADES DE INTERVENÇÃO
Em razão de tais circunstâncias, hoje se entende que o Estado tem poder geral implícito para intervir na propriedade privada. Essas intervenções podem ser as seguintes:
As diversas modalidades de intervenção administrativa sobre a propriedade atuam tanto sobre esses poderes inerentes ao direito de propriedade — isto é, poderes de usar, fruir e dispor sobre os bens de sua titularidade — quanto relativizando essas características supracitadas. Cada modalidade de forma mais acentuada, portanto, vai produzir um impacto ou efeito sobre o direito de propriedade.
COMPETÊNCIA
O regime jurídico da propriedade privada é disciplinado, em grande parte, pelo Código Civil (CC). Segundo o art. 22, I, II e III, da CF/1988, é da competência da União legislar sobre o Direito Civil, o direito de propriedade, a desapropriação e a requisição.
Todavia, as restrições administrativas ao direito de propriedade decorrem também de competências legislativas de cunho administrativo, o que abarca a competência legislativa comum de todos os entes da Federação:
Assim, é possível afirmar que o regime jurídico de propriedade, embora delimitado, de forma genérica, por regras do direito privado (em especial no CC), também é definido, de forma integradora, por normas de Direito Administrativo, que impõem limites e possibilidades para a exploração e o uso de tais bens.
FUNDAMENTOS
As intervenções estatais no direito de propriedade decorrem de fundamentos normativos e dogmáticos.
Do ponto de vista normativo, a CF/1988 reconhece uma série de ferramentas para a intervenção estatal, desde normas mais gerais, que atribuem à Administração Pública o poder de ordenação (a exemplo dos princípios da ordem econômica previstos no art. 170, entre os quais se encontra a função social da propriedade; e das regras sobre o Estado regulador, disciplinadas no art. 174 da Carta Magna), até regras específicas sobre tipos de intervenção (a exemplo da desapropriação e da ocupação temporária).
Por fim, a doutrina também encontra fundamento para as restrições administrativas na propriedade a partir da teoria do domínio eminente. Trata-se de um elemento estudado na Teoria Geral do Estado, segundo o qual o Estado, por aspectos relacionados com sua soberania sobre todo o seu território, tem o poder de intervir na propriedade privada.
A teoria do domínio eminente é rejeitada por diversos autores. Por se tratar de orientação que remonta ao período dos Estados absolutistas, a literatura do Direito Administrativo costuma ressaltar o caráter autoritário da noção de domínio eminente.
VERIFICANDO O APRENDIZADO:
1) Qual dos seguintes fundamentos não pode ser utilizado para justificar as competências estatais de intervenção na propriedade privada?
a) Teoria do domínio eminente.
b) Função social da propriedade.
c) Poder de ordenação estatal.
d) Poder de polícia.
e) Teoria da noção absoluta da propriedade.
Comentário:
A alternativa “E” está correta.
A noção absoluta do direito de propriedade, segundo a qual o direito de propriedade era encarado como um direito que servia de barreira a qualquer intervenção estatal, cedeu a uma concepção mais equilibrada entre interesses públicos e privados. E, por conseguinte, passou-se a admitir intervenções do Estado na propriedade privada com base em fundamentos de diversas ordens — constitucionais, teóricos e legais.
2) Não constitui forma de intervenção restritiva à propriedade privada:
a) Desapropriação.
b) Tombamento.
c) Ocupação temporária.
d) Requisição administrativa.
e) Servidão administrativa.
Comentário:
A alternativa “A” está correta.
Pelo fato de a desapropriação ser uma intervenção supressiva ao direito da propriedade, eis que o proprietário perde sua titularidade da propriedade.
MÓDULO 2
Listar as modalidades de intervenção do Estado na propriedade privada
INTRODUÇÃO 
Aspectos introdutórios
Após o estudo do fundamento da intervenção do Estado na propriedade e da competência para tanto, no presente módulo serão abordadas diferentes formas de intervenção do Estado na propriedade.
O Estado intervém na propriedade privada por diversos mecanismos. É preciso analisar um a um. 
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
A servidão administrativa é a modalidade de intervenção restritiva da propriedade privada que institui um direito real público sobre determinada propriedade privada em favor da Administração Pública, para atendimento de um interesse público específico e devidamente justificado. Trata-se, portanto, de uma intervenção estatal que restringe o caráter absoluto e exclusivo do direito de propriedade.
As servidões têm caráter individualizado, porque atingem um bem do proprietário, que pode ser chamado de imóvel serviente.
A servidão administrativa impõe o uso limitado ou compartilhado da propriedade de um particular. Não há transferência do domínio ou da posse do bem, tampouco transferência do uso total a terceiros ou ao Poder Público.
São exemplos de servidões administrativas:
Há ainda servidões decorrentes da proximidade de determinados bens particulares de bens ou serviços públicos.
As principais características da servidão administrativa são as seguintes:
 
 
O direito à indenização é calculado do mesmo modo que na desapropriação, conforme a Súmula nº 56 do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
As servidões podem ser instituídas por:
As servidões por acordo ou por sentença judicial são disciplinadas pelas regras do processo de desapropriação, conforme estipulado pelo art. 40 do Decreto-lei nº 3.365/1941. Nesses casos, para que a servidão venha a ser implementada, impõe-se a edição de declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social para fins de servidão por meio de decreto editado pelo chefe do Poder Executivo.
Trata-se de ato de natureza política. Após a edição do ato, a Administração Pública (ou a entidade para a qual foi delegada a promoção dos atos executórios da servidão, a exemplo de concessionárias de serviços públicos) poderá negociar com o particular a instituição da servidão pela via amigável,e, em caso de não haver solução consensual, caberá o ajuizamento de ação de instituição de servidão.
Há divergências doutrinárias quanto à possibilidade de instituição de servidões pela via legal. De todo modo, nossa legislação prevê essas figuras, a exemplo das:
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA
A requisição é a possibilidade de uso de bens de propriedade particular, de forma excepcional, quando o Estado necessita de tal bem por questões de iminente perigo público, assegurando-se ao particular a indenização a posteriori. 
As requisições administrativas são previstas expressamente na CF (art. 5º, XXV). A competência legislativa sobre o tema é exclusiva da União Federal (art. 22, III). Nesse contexto, a requisição é regida pelo Decreto-lei nº 4.812/1942, podendo incidir sobre bens móveis, imóveis e serviços. De todo modo, todos os entes da Federação têm competência material para requisitar bens.
Requisições administrativas durante a pandemia da Covid-19
Ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 6.362, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a competência comum dos entes federativos para a requisição de bens, delimitando os parâmetros materiais de legitimidade para o uso do referido instrumento. Confira-se:
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA
A ocupação temporária é um instrumento administrativo que permite a utilização pelo Estado da propriedade privada por prazo determinado para fins de interesse público, especificados em lei, mediante indenização de eventuais prejuízos, comprovados e a posteriori. A doutrina extrai fundamento para a ocupação temporária também do art. 5º, XXV, da CF.
Entende-se, de forma geral, que o regime jurídico aplicável à ocupação temporária é o mesmo da requisição administrativa, diferenciando-se os institutos por seu objeto:
Quando a ocupação temporária está vinculada a um processo de desapropriação, a indenização é cabível, em geral, nos termos do art. 36 do Decreto-lei nº 3.365/1941. Para as demais hipóteses de obras e serviços públicos, não haverá indenização, exceto se provocar prejuízo efetivo.
LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS
As limitações administrativas incidem sobre as faculdades de uso, modificação e ocupação da propriedade em prol de finalidades públicas específicas previstas no ordenamento jurídico. A possibilidade de instituição de limitações administrativas decorre do poder geral de ordenação do Estado sobre as propriedades privadas.
Vejamos alguns exemplos de limitações administrativas:
Há três formas de limitações administrativas:
 
A generalidade e a baixa intensidade levam à ideia de que o gravame deve ser suportado pelo particular como mero ônus decorrente da vida em sociedade. Trata-se de uma distribuição equitativa dos ônus, pois todos suportam esse ônus igualmente em prol da sociedade. Por isso, entende-se, de forma geral, que as limitações administrativas não são indenizáveis. Não faria sentido um direito de indenização de todos contra todos, seria o direito de indenização de todos os proprietários na mesma situação contra a sociedade personificada pelo Estado.
Há exceções à não indenizabilidade das limitações administrativas construídas pela doutrina e pela jurisprudência nacional.
As características típicas dos sacrifícios de direito são:
Assim, os sacrifícios tendem a ser indenizáveis, visto que, nesses casos, não há divisão equitativa dos ônus sociais.
Segundo a doutrina, há quatro critérios para distinção entre limitações e sacrifícios de direitos, para fins de indenizabilidade:
Quando há sacrifício de direito, é cabível ação de desapropriação indireta, em que o particular pleiteia indenização do Poder Público. Aplica-se, por analogia, o art. 35 do Decreto-lei nº 3.365/1941.
TOMBAMENTO
O tombamento é uma forma de restrição à propriedade privada decorrente de procedimento administrativo voltado à tutela do patrimônio histórico e artístico nacional, com fundamento constitucional imediato no art. 216, § 1º, da CF.
A competência legislativa para disciplinar o tombamento é concorrente (art. 24, VII, da CF), de modo que compete à União editar normas gerais sobre o tema e aos Estados suplementar a matéria de acordo com as peculiaridades locais.
No âmbito federal, o processo de tombamento é regulado pelo Decreto-lei nº 25/1937. Entende-se que a Lei Geral de Processos Administrativos (Lei nº 9.784/1999) aplica-se subsidiariamente, conforme jurisprudência do STF:
A competência material para implementação do tombamento, por sua vez, é comum a todos os entes da Federação, conforme o art. 23, III, da CF.
Há diferentes classificações e modalidades de tombamento previstas no Decreto-lei nº 25/1937.
O procedimento do tombamento se divide em duas fases:
São impostas obrigações positivas e negativas ao proprietário do imóvel. Ele passa a ser obrigado a:
 
 
Também são impostas obrigações para a Administração Pública (arts. 13, 19, §§ 1º e 2º, e 20). Essas obrigações evidenciam que o tombamento traz ônus para o Poder Público, que chama a si a responsabilidade de preservar o bem tombado.
DESAPROPRIAÇÃO
A desapropriação é um procedimento, sempre administrativo e quase sempre judicial, por meio do qual o Poder Público (ou seus delegatários, ou seja, é possível também que os concessionários e permissionários de serviços públicos procedam às desapropriações), mediante prévia declaração de necessidade, ou utilidade pública, ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem. E esse bem pode ser um bem corpóreo ou incorpóreo, substituindo o bem desapropriado do patrimônio do proprietário por uma indenização, em geral (porque há exceções constitucionais), prévia, justa e em dinheiro.
A desapropriação é uma modalidade de aquisição originária da propriedade: o bem expropriado ingressa no patrimônio público desembaraçado e livre de quaisquer ônus. Eventual direito ou ônus sobre a coisa se sub-roga no preço pago a título de indenização, nos termos do art. 31 do Decreto-lei nº 3.365/1941.
A desapropriação é prevista, na CF, nos seguintes artigos:
A desapropriação por necessidade ou utilidade pública segue os regimes e as características gerais da desapropriação. As demais se diferem por aspectos específicos:
 
A competência legislativa sobre a desapropriação é privativa da União (art. 22, II, da CF). A desapropriação por utilidade pública é regulamentada, no Brasil, por meio do Decreto-lei nº 3.365/1941. Trata-se de procedimento a ser observado por todos os entes da Federação, que detém competência comum para promover o ato de desapropriação.
Os feixes de competência para a promoção do ato de desapropriação são divididos em duas etapas:
O decreto expropriatório representa a fase declaratória do processo de desapropriação. O ato em questão declara haver interesse público sobre determinado bem, seja por necessidade, seja por utilidade pública (art. 5º do Decreto-lei nº 3.365/1941), seja por interesse social (art. 2º da Lei nº 4.132/1962).
A doutrina critica a previsão do art. 2º, § 2º, do Decreto-lei nº 3.365/1941. Para alguns autores, referida disposição é inconstitucional, visto que cria hierarquia entre os entes da Federação — no sistema federativo brasileiro, os entes têm igualdade do ponto de vista normativo.
A destinação pública conferida ao bem pelo decreto expropriatório é irreversível (art. 35 do Decreto-lei nº 3.365/1941). O desvio de finalidade na destinação originária do bem é chamado tredestinação. A tredestinação só é considerada ilícita, contudo, quando a nova destinação conferida ao bem não lhe confere um objetivo de interesse público. Assim, segundo o entendimento majoritário, a simples atribuição de destinação pública diversa da prevista no decreto expropriatório não vicia a desapropriação. Quando a tredestinação for ilícita, o particular poderá reaver o bem (retrocessão) ou pleitear indenização pela desapropriação indireta.
Por isso, entende-se que a cognição dos processos judiciais de desapropriação é restrita. Isso não impede que o expropriado possa ajuizar ação ordinária para anulação do decreto expropriatório,oportunidade na qual o Poder Judiciário poderá exercer controle amplo sobre as razões da promoção da desapropriação. 
Demonstrada a urgência pela Administração Pública, o Poder Judiciário poderá determinar, por meio de decisão liminar, a imissão provisória na posse do bem expropriado, mediante prévio depósito (art. 15 do Decreto-lei nº 3.365/1941). Embora a legislação não tenha exigência do gênero, é comum que o Poder Judiciário determine uma avaliação prévia e provisória por perícia, condicionando, para a imissão provisória, um depósito de ao menos 50% do valor arbitrado. Tal circunstância ocorre sobretudo nos casos em que a avaliação feita unilateralmente pela Administração Pública é notoriamente aquém do valor de mercado do bem expropriado. 
O caráter “justo e prévio” da indenização se refere à perda da propriedade, segundo entendimento consagrado pelo STF. Assim, entende-se que a imissão provisória na posse não depende do pagamento da integralidade da indenização devida — de modo que o art. 15 do Decreto-lei nº 3.365/1941 não contraria a CF. 
A ação de desapropriação segue o rito ordinário previsto no Código de Processo Civil (CPC):
Todavia, a sentença não opera a transmissão na propriedade — visto que, em razão da regra constitucional de indenização prévia, a transferência somente pode ocorrer após o efetivo pagamento integral da indenização.
VERIFICANDO O APRENDIZADO:
1) (FCC – 2012 – PGM – João Pessoa/PB – Procurador Municipal) A Secretaria Municipal de Cultura pretende instalar, em terreno de propriedade municipal, um cinema ao ar livre, como instalação permanente dedicada a incentivar a cultura cinematográfica no município. Como tela de projeção, será utilizada a parede lateral, sem janelas, de um edifício particular lindeiro ao terreno público. Analisando a questão, o procurador responsável pela consultoria jurídica da Secretaria alerta sobre a possibilidade de que o proprietário privado queira dar outra utilização à fachada cega — por exemplo, locando-a para anúncios publicitários —, sendo conveniente utilizar-se de instrumento jurídico que garanta o funcionamento permanente do cinema. Diante da situação, é recomendável que o município se utilize do seguinte instituto:
a) Requisição administrativa.
b) O cupação temporária.
c) Permissão de uso.
d) Servidão administrativa.
e) Desapropriação.
Comentário:
A alternativa “D” está correta.
A servidão administrativa é o instituto correto a ser utilizado, visto que impõe o uso limitado ou compartilhado da propriedade de um particular, não havendo transferência do domínio ou da posse do bem, tampouco transferência do uso total a terceiros ou ao Poder Público (que é o caso apresentado, isto é, utilizar-se-ia apenas um espaço de facha de um prédio, a qual não era utilizada por este, e haverá a utilização, por parte da comunidade como um todo, do cinema).
Por fim, como se trata de servidão administrativa, tal independe da contiguidade e pode impor obrigação de fazer sobre o particular.
2) (FCC – 2020 – TJ/MS – Juiz Substituto) A propósito do procedimento da desapropriação, a redação vigente do Decreto-lei nº 3.365/1941 estatui que:
a) A desapropriação deverá se efetivar mediante acordo ou judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e, decorrido tal prazo, este caducará.
b) Notificado administrativamente o expropriado, ele terá o prazo de 15 dias para aceitar ou rejeitar a oferta de indenização, sendo o silêncio considerado aceitação.
c) A alegação de urgência deve constar obrigatoriamente do decreto de utilidade pública e obrigará o expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 dias a contar de sua publicação.
d) Uma vez notificado pelo expropriante, o particular que não concordar com a indenização oferecida poderá optar por resolver a questão por mediação ou arbitragem.
e) A ação, quando a União for autora, será proposta no Distrito Federal ou no foro da capital do estado onde for domiciliado o réu, perante o juízo privativo, se houver; se for o Estado o autor, será proposta no foro da capital respectiva; sendo outro o autor, no foro da situação dos bens.
Comentário:
A alternativa “D” está correta.
Com a edição da Lei nº 13.129, de 27 de maio de 2015, que alterou a Lei nº 9.307/1996, a legislação brasileira passou a admitir que a Administração Pública direta e indireta possa se utilizar da arbitragem para dirimir litígios referentes a direitos patrimoniais disponíveis (art. 1º, §§ 1º e 2º). A arbitragem pode ser realizada na etapa administrativa do processo expropriatório (art. 10 do Decreto-lei nº 3.365/1941), antes do ingresso com a ação judicial respectiva, ou no curso da ação, após a suspensão do processo deliberada consensualmente pelas partes.
MÓDULO 3
Identificar os bens públicos e suas características
INTRODUÇÃO
Para que a Administração Pública possa promover suas missões atribuídas pelo ordenamento, ela precisa dispor de bens materiais que lhe deem suporte para tanto. Em razão das finalidades às quais esses bens estão atrelados, o Direito Administrativo passou a reconhecer a necessidade de conferir à propriedade da Administração Pública determinadas características especiais, assim entendidas como aquelas necessárias para resguardar o interesse público.
Segundo o art. 98 do CC: 
Portanto, todos os bens, móveis, imóveis, se moventes, materiais ou imateriais, corpóreos ou incorpóreos, que integrem o patrimônio de uma pessoa jurídica de direito público interno, serão bens públicos para todos os fins de Direito no Brasil. Ou seja, a esses bens se aplicará o regime jurídico especial dos bens públicos.
Os bens públicos podem ser caracterizados quanto à sua titularidade entre:
Os bens públicos também podem ser caracterizados quanto à sua destinação:
AFETAÇÃO, DESAFETAÇÃO E REGIME JURÍDICO
Como visto, a classificação dos bens públicos pode variar em razão das circunstâncias de estarem ou não afetados a finalidades públicas.
Agora, vejamos os fatos administrativos em relação a bens públicos:
Em alguns casos, a legislação exige formas específicas para a desafetação do bem público, sendo a via legislativa a forma pela qual comumente se desafetam os bens públicos.
O regime jurídico dos bens públicos apresenta características peculiares em razão das finalidades públicas que promovem.
Inalienabilidade
A primeira característica do regime jurídico dos bens públicos é sua inalienabilidade (ou, para alguns autores, a alienabilidade condicionada), característica essa expressamente prevista nos arts. 100 e 101 do CC. 
Segundo o art. 100 do CC, os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem sua qualificação, na forma que a lei determinar. Já o art. 101 estabelece que os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Impenhorabilidade
A segunda característica do regime jurídico dos bens públicos é sua impenhorabilidade, nos termos do art. 100 da CF. 
A ratio é salvaguardar os bens públicos de alienação por meio de penhoras. De nada adiantaria a inalienabilidade se fosse possível a transferência do bem público por meio de constrições decorrentes de execuções judiciais. O patrimônio público — e, em especial, o interesse público — ficaria desprotegido, caso isso fosse possível.
Não onerabilidade
A terceira característica do regime jurídico dos bens públicos é sua não onerabilidade.
Imprescritibilidade
A quarta característica do regime jurídico dos bens públicos é sua imprescritibilidade, conforme disposto nos arts. 183, § 3º, e 191, parágrafo único, da CF e no art. 102 do CC.
Vejamos o entendimento jurisprudencial do STJ:
Imunidade tributária recíproca
A quinta característica do regime jurídico dos bens públicos é a imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, IV, da CF.
Por vezes, o STF reconhece a extensão das características do regime jurídico dos bens públicos aos bens das empresas públicas e sociedadesde economia mista com capital majoritariamente estatal que prestam serviço público não concorrencial (a exemplo dos Correios).
Vejamos:
 
AQUISIÇÃO, GESTÃO, ALIENAÇÃO E ESPÉCIES
A aquisição de bens pela Administração Pública segue o rito das licitações públicas, conforme disciplinado pelo art. 37, XXI, da CF e pela Lei nº 14.133/2021.
 
Nesse sentido, é importante delimitar os instrumentos pelos quais os bens públicos podem ser utilizados pelos particulares.
Os instrumentos para uso de bens públicos são:
Por fim, é importante registrar alguns bens públicos em espécie:
VERIFICANDO O APRENDIZADO:
1) (Adaptada de Cespe – 2018 – DPE/PE – Defensor Público) Com relação à disciplina dos bens públicos, assinale a opção correta:
a) À exceção dos bens dominiais não afetados a qualquer finalidade pública, os bens públicos são impenhoráveis.
b) A ocupação irregular de bem público não impede que o particular retenha imóvel até que lhe seja paga indenização por acessões ou benfeitorias por ele realizadas, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
c) Aos municípios pertencem as terras devolutas não compreendidas entre aquelas pertencentes à União.
d) Os terrenos de marinha são considerados bens públicos da União.
e) Bens de uso comum do povo, destinados à coletividade em geral, não podem, em nenhuma hipótese, ser privativamente utilizados por particulares.
Comentário:
A alternativa “D” está correta.
São bens da União, disciplinados pelo art. 2º do Decreto-lei nº 9.760/1946 e pelo art. 13 do Código de Águas (Decreto nº 24.643/1934).
2) (Adaptada de FGV – 2015 – OAB – Exame de Ordem Unificado – XVI – Primeira Fase) O prédio que abrigava a biblioteca pública do município de Molhadinho foi parcialmente destruído em um incêndio, que arruinou quase metade do acervo e prejudicou gravemente a estrutura do edifício. Os livros restantes já foram transferidos para uma nova sede. O prefeito de Molhadinho pretende alienar o prédio antigo, ainda cheio de entulho e escombros. Sobre o caso descrito, assinale a afirmativa correta:
a) Não é possível, no ordenamento jurídico atual, a alienação de bens públicos. ~
b) O antigo prédio da biblioteca, bem de uso especial, somente pode ser alienado após ato formal de desafetação.
c) É possível a alienação do antigo prédio da biblioteca, por se tratar de bem público dominical.
d) Por se tratar de prédio com livre acesso do público em geral, trata-se de bem público de uso comum, insuscetível de alienação.
e) Em razão do incêndio, a avaliação do valor do imóvel é dispensada.
Comentário:
A alternativa “C” está correta.
A legislação positiva prevê que os bens, após integrados ao patrimônio da União, sofrem de peculiar inalienabilidade, podendo ser alienados os bens dominicais, nos termos do art. 101 do CC brasileiro, pelas formas de contratação adotadas pelo direito privado ou público, desde que, necessária e obrigatoriamente, os bens estejam desafetados e que haja interesse público na alienação. Art. 101 do CC: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei”.
ConclusÃO
· CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Como é possível notar, diversas são as relações entre o Direito administrativo e o Direito de propriedade:
Para acessar o podcast, acesse a pasta da disciplina, depois vá em podcasts
· REFERÊNCIAS:
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 34. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2020.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.19 ed. São Paulo: Atlas, 2005.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 7. ed. Belo Horizonte: Forum, 2011.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 44. ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
PRESIDENTE do STJ diz que Amazônia deve ser preservada para todo o mundo. STJ. Publicado em: 22 ago. 2019. Consultado na internet em: 13 maio 2021.
· EXPLORE MAIS:
Para aprofundamento do tema, veja as seguintes sugestões de obras:
· CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 34. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2020.
· MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 44. ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
· CONTEUDISTA:
Renato Toledo
2

Continue navegando