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SISTEMA DE ENSINO CRIMINOLOGIA Vitimologia Livro Eletrônico 2 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Sumário Vitimologia ..........................................................................................................................................................................4 Conceito.................................................................................................................................................................................4 Evolução Histórica ..........................................................................................................................................................5 Principais Nomes da Vitimologia ...........................................................................................................................6 Hans Gross ...........................................................................................................................................................................6 Benjamin Mendelsohn...................................................................................................................................................6 Hans Von Hentig ...............................................................................................................................................................9 Consolidação da Vitimologia ..................................................................................................................................13 Contribuições da Vitimologia..................................................................................................................................14 Outras Classificações Vitimárias .........................................................................................................................15 Cifras da Criminalidade...............................................................................................................................................17 Cifra Negra .........................................................................................................................................................................17 Cifra Dourada....................................................................................................................................................................18 Cifra Cinza...........................................................................................................................................................................18 Cifra Amarela ....................................................................................................................................................................18 Cifra Verde ..........................................................................................................................................................................19 Cifra Rosa............................................................................................................................................................................19 Classificações da Vitimização ................................................................................................................................19 Vitimização direta x Vitimização indireta ........................................................................................................19 Vitimização Primária, Secundária e Terciária ................................................................................................19 Heterovitimização .........................................................................................................................................................21 Vitimologia Clássica x Vitimologia Solidarista ou Humanitária ........................................................21 Lei n. 9.099/1995...........................................................................................................................................................22 Lei n. 11.106/2005.........................................................................................................................................................22 Violência Doméstica e Feminicídio .....................................................................................................................22 Lei n. 13.431/2017 – Direitos da Criança e do Adolescente .................................................................23 Vítimo-Dogmática .........................................................................................................................................................23 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Desmaterialização da Vítima ................................................................................................................................. 24 Seletividade da Vitimização ...................................................................................................................................25 Síndromes Relacionadas à Vitimização ...........................................................................................................25 Síndrome de Estocolmo.............................................................................................................................................25 Síndrome de Lima ..........................................................................................................................................................26 Síndrome de Londres...................................................................................................................................................26 Síndrome da Mulher de Potifar .............................................................................................................................27 Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder .......................................................................................................................................................27 Resumo ...............................................................................................................................................................................30 Mapas Mentais...............................................................................................................................................................38 Questões de Concurso ...............................................................................................................................................43 Gabarito ..............................................................................................................................................................................60 Gabarito Comentado ....................................................................................................................................................61 Referências .......................................................................................................................................................................95 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 4 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias VITIMOLOGIA ConCeito O termo Vitimologia deriva da união das palavras vítima e logos e refere-se, portanto, ao estudo das vítimas. Esse termo foi cunhado em 1947 por BenjaminMendelsohn, advogado egresso do campo de concentração nazista, sobre quem falaremos mais adiante. Vítima pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, desde que sofra uma desventura, uma ofensa, uma lesão decorrente de um crime. A lesão pode ser de vários tipos, como corpórea, psíquica ou econômica. A vítima pode ser direta ou indireta. A vítima direta, ou imediata, é a pessoa propriamente lesada, detentora do bem jurídico atacado. Em um crime de homicídio, a pessoamorta é vítima direta. A vítima indireta, ou mediata, é aquela que suporta indiretamente as consequências do delito. É o caso, por exemplo, do Estado. Como titular da grande maioria das ações penais, é considerado vítima mediata. E pode, naturalmente, ser também considerado vítima imediata, como nos crimes contra a Administração Pública. Alguns autores defendem que a Vitimologia é uma ciência. Outros, que é um ramo da Cri- minologia. De qualquer maneira, a Vitimologia se dedica a jogar luz sobre o papel fundamental que a vítima desempenha no fenômeno criminal. Analisa, entre outras coisas, a contribuição do ofendido como causa ou condição do evento delituoso. Preocupa-se com a vítima, buscan- do restaurar o seu papel no cenário criminal. Além de tentar entender qual o papel da vítima no delito, defende programas de intervenção em crises, compensação, restituição, ressarcimento do dano, assistência médica, psicológica e jurídica, seja na etapa de mediação como no pro- cesso criminal ou cível eventualmente instaurado. Movimentos de defesa dos direitos da mu- lher, da criança e do adolescente, dos indígenas, dos condenados e de grupos especialmente vulneráveis têm sido citados como importantes propulsores da Vitimologia. Além de procurar entender o papel desempenhado pela vítima no fenômeno criminal e o tipo de assistência necessária para fazer frente aos traumas deixados pelo evento criminoso, a Vitimologia desempenha importante papel no descobrimento das taxas reais de criminalidade, como veremos mais adiante. Lola Aniyar de Castro, criminóloga venezuelana, sintetiza os seguintes objetos da Vitimologia: • Estudo da personalidade da vítima, tanto vítimas de delinquentes, ou vítima de outros fatores; • Descobrimentos dos elementos psíquicos do complexo criminógeno existente na dupla penal, isto é, o potencial de receptividade vitimal; • Análise da personalidade das vítimas sem intervenção de um terceiro (como é o caso do suicídio); O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 5 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias • Estudo dos meios de identicação dos indivíduos com tendência a se tornarem vítimas (e inclusão demétodos psicoeducativos necessários para organizar sua própria defesa); • Busca dos meios de tratamento curativo, para prevenir a recidiva da vítima. García-Pablos de Molina explica que o Direito Penal contemporâneo se encontra unilateral e equivocadamente voltado para a pessoa do delinquente, relegando a vítima a uma posição marginal, de desamparo, sem outro papel que o puramente testemunhal. Para ele, o sistema legal já nasceu com o propósito deliberado de distanciar os dois protagonistas do confito criminal, despersonalizando a rivalidade, neutralizando a vítima e transformando-a em mero conceito abstrato. A Sociologia e Psicologia Social têm ajudado a denunciar esse abandono e a fornecer modelos teóricos aptos a analisar os dados das investigações vtimológicas. evolução HistóriCa A vítima é um dos objetos da Criminologia, como analisamos na primeira aula. Ali, tive- mos a oportunidade de analisar que, em relação à vítima, os estudos criminais passaram por três grandes momentos. Vamos agora, retomar e aprofundar os conhecimentos sobre essas três fases: • Idade de ouro da vítima: perdurou desde os primórdios da civilização até o m da Alta Idade Média. Nessa época havia a possibilidade de composição e de autotutela, ou seja, de fazer justiça pelas próprias mãos. Havia, ainda, a possibilidade de aplicação da lei de talião, de que já falamos anteriormente. Conhecida pela máxima “olho por olho, dente por dente”, essa lei traz a ideia de correspondência entre o mal causado a alguém e o castigo que deve receber. A um homicida, por exemplo, poderia ser imposta a pena de morte. Durante a era de ouro da vítima se desenvolveu o processo penal acusatório, em que as funções de acusar, julgar e defender estavam em mãos distintas. As partes tinham iniciativa probatória, diante de um juiz inerte, que não podia produzir as provas independentemente da provocação do autor e do réu. • Neutralização do poder da vítima: essa fase teve início com a Baixa Idade Média, com a crise do feudalismo, o início das Cruzadas, e a adoção do processo penal inquisitivo, no século XII. Em oposição ao processo acusatório, o processo inquisitivo concentra as funções de acusar e julgar nas mãos do juiz. Também chamado de processo inquisitó- rio, acabou se revelando problemático por dicultar a imparcialidade do juiz, que deixou de ser um árbitro e passou a ser um inquisidor. Nessa fase de neutralização, a vítima perdeu o poder de reação ao fato delituoso, que passou para as mãos da administração pública. A pena não era mais dirigida a compensar a dor da vítima ou determinada em função dessa dor. A sanção penal passou a ser uma garantia para o grupo social de que eles podiam ter expectativa na norma, pois a frustração de seus comandos geraria uma consequência. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 6 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias • Revalorização do poder da vítima: essa fase teve início no século XVIII e perdurou até os dias atuais. Considera-se que a vítima havia sido esquecida pelo processo criminal e que é necessário recuperar certa parcela de seu protagonismo. Os autores penalistas clássicos (séculos XVIII e XIX) começam a mencionar a importância da vítima, mas é com a consolidação da Criminologia que os discursos de que a vítima deve ter proemi- nência ganham força. Apesar do forte apelo da Vitimologia à doutrina de direitos huma- nos, um dos problemas vericados nessa etapa de revalorização do poder da vítima é a pressão que as vítimas ou seus parentes exercem em nossa sociedade, em nossos legisladores e julgadores para que haja punições extremamente severas em função da dor que estão sentindo, o que pode levar a um movimento de punitivismo exacerbado. Muitos criminólogos conservadores, de viés punitivista, têm se apoiado nas vítimas com o intuito de fortalecer o argumento de que se deve robustecer o poder repressivo, ale- gando que quanto mais se protege o vitimador, mais dano se faz à vítima. García-Pablos de Molina adverte que, nessa fase, não se pode pretender um retorno à idade de ouro da vítima, anal já se percebeu que uma resposta institucional a serena ao delito não pode se subordinar aos estados emocionais da vítima. Reconhece-se que a natureza pública do delito, da pena e do processo foram avanços civilizatórios históricos, aos quais não se pretende renunciar. Mas é necessário proceder a uma redenição global do status da vítima, com identicação de suas expectativas e do papel que pode desempenhar na busca de concreta justiça. PrinCiPais nomes da vitimologia Hans gross Hans Gross foi um jurista e criminólogo austríaco que teve importância decisiva no nasci- mento da Criminalística, disciplina que se dedica a elucidar os crimes. Além de pai da perícia criminal, Hans Gross é considerado precursor da Vitimologia em virtude de sua obraRaritä- tenbetrug, publicada em 1901, em que analisou a ingenuidade das vítimas de fraudes raras. BenjaminmendelsoHn O discurso de revalorização do poder da vítima se vericou de maneira pronunciada com Benjamin Mendelsohn, advogado israelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para des- crever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Considerado um dos pais da Vitimologia, Mendelsohn sustentou a autonomia cientíca desse saber. Para cuidar das vítimas, defendia Mendelsohn, é necessário ir além do Direito Penal, pois o arsenal jurídico é estranho a elas. Daí a importância de escapar das armadilhas jurídicas e daí, também, a defesa de uma Vitimologia geral (não exclusivamente jurídico-penal). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 7 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Mendelsohn argumentava ser impossível realizar justiça sem atentar para o papel da ví- tima. Para ele, o objetivo da Vitimologia deveria ser: menos vítimas em todos os domínios em que a sociedade está interessada, e na medida desse interesse. Não se deve restringir o domínio da Vitimologia às vítimas de delitos. A vítima da delinquência não é a única que deve despertar interesse na sociedade, e o seu sofrimento não é a única praga social pela qual a sociedade deve se interessar. Meldelsohn se valia amplamente do conceito de vitmidade (vic- timité): trata-se da capacidade de ser vítima de fatores endógenos ou exógenos, ou, dito de outromodo, da totalidade de características biopsicossociais comuns às diferentes categorias de vítimas que a sociedade tem interesse de prevenir e curar, quaisquer que sejam os fatores determinantes. A noção de vitimidade, acrescentava, não é o inverso da noção de criminalidade. A vitimida- de compreende uma esfera muito mais ampla, que inclui, por exemplo, as vítimas de acidentes de trânsito, de acidentes de trabalho, de vícios, de suicídios, do doenças laborais, dentre outras. Essa noção ampla de vitimidade, aliás, seria determinante para diferenciar o objeto da Vitimo- logia – vítima em seu conceito amplo – de um dos objetos da Criminologia – vítima de delitos. Assim como a Sociologia se ocupa de todos os problemas sociais; a Medicina, de todas as doenças; a Criminologia, de todos os delitos; a Vitimologia deveria se ocupar de todas as categorias de vítimas e todos os problemas de vitimidade, sem ignorar nenhum dos fatores determinantes que interessam à sociedade. Esses fatores, que determinam que alguém se torne vítima, provêm de seis espé- cies de meios: • Meio endógeno, bio-psíquico, da própria vítima, tais como negligência, desatenção, es- quecimento, falta de coordenação entre a percepção, o discernimento, a decisão e a reação muscular; • Meio natural, ísico, imune à infuência humana; • Meio natural ambientalmente modicado pela infuência humana; • Meio social, aí consideradas as ações antissociais individuais ou organizacionais; • Meio social político, em que se incluem os governos autoritários, ditatoriais, racistas, genocidas; • Meio motor, em que se encaixam as máquinas da modernidade que têm alto potencial vitimizador. Considerados esses atores, a Vitimologia deveria concentrar seus esorços na identica- ção de meios capazes de afastar o “complexo do perigo”, que equivale à soma de elementos objetivos, subjetivos ou mistos, permanentes ou temporários, aparentes ou velados, que de- terminam quais pessoas se tornarão vítimas. É necessário, portanto, analisar a periculosidade vitimal, que não é distribuída igualmente na população, já que algumas pessoas têm mais propensão a se tornar vítimas. A periculosidade vitimal diz respeito ao comportamento inapro- priado da vítima que de certo modo facilita, instiga ou provoca a ação do agressor. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 8 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Mendelsohn defendia que, caso a ação de prevenção vitimal falhasse, a Vitimologia deveria passar a se preocupar em reduzir ao mínimo a nocividade para as vítimas e em evitar a recidiva vitimal. Aliás, para Mendelsohn, um dos paradoxos da sociedade contemporânea é o fato de que quanto mais avançada uma sociedade, mais riscos ela implica. Assim, o complexo do peri- go avança rapidamente, commuitos riscos sendo criados para a população, enquanto osmeios de evitar os perigos estão sempre atrasados. A vitimidade, portanto, decorre de uma série de fa- tores e é um problema geral e não individual, que guarda conexão com a evolução da sociedade. Mendelsohn postulava a formulação de uma Vitimologia Clínica, um elemento vital da nova ciência, que diria respeito à criação, nos hospitais, de uma seção especial para onde seriam di- rigidas as vítimas de acidentes. Nesse setor, além demédicos, haveria sociólogos, psicólogos e outros prossionais habilitados a lidar com as questões relativas às vítimas. Ele também deen- dia a criação de um Centro de Vitimologia, que se ocuparia das questões vitimológicas que não fossem clínicas. Para Mendelsohn, portanto, a Vitimologia, além de ampla, devia ter efeitos prá- ticos, de livrar o ser humano do perigo. Se fosse útil e viável, a Vitimologia seria revolucionária1. Classifcação Vitimária deMendelsohn Sua tipologia das vítimas, apresentada na palestra “Um horizonte novo na ciência biopsi- cossocial”, pronunciada em um hospital de Bucareste, é bastante conhecida. Possui uma base aomesmo tempo etiológica e interacionista, já que procura compreender as causas de alguém se tornar vítima analisando a interação existente entre os integrantes da dupla penal (vítima e agressor). Foi desenvolvida, portanto, com base na correlação de culpabilidade entre a vítima e o vitimador (delinquente): quanto maior a culpabilidade de um, menor a culpabilidade do outro. Esse assunto é bastante cobrado nas provas!!! As categorias da classicação vitimária de Mendelsohn são: • Vítima totalmente inocente, que não tem “culpa” na infração penal, ou seja, não concorre de forma alguma para o evento, como ocorre no caso do infanticídio e das pessoas com mediana prudência. É também chamada de vítima ideal; • Vítima por ignorância, que é menos culpada que o delinquente, como, por exemplo, aquele que anda com a bolsa aberta um lugar perigoso, sendo imprudente. São também chamadas de vítima de menor culpabilidade; • Vítima tão culpada quanto o delinquente, que dá causa ao resultado, como, por exemplo, no caso da rixa (briga), da eutanásia, da dupla suicida, do aborto consentido e dos cri- mes de estelionato em que a vítima tenta se aproveitar de uma situação pretensamente muito vantajosa que lhe é apresentada. É também chamada de vítima voluntária; 1 MENDELSOHN, Benjamin. La victimologie et les besoins de la societe actuelle. In: Revue internationale de criminologie et de police technique, v. 26, n. 3, p. 267-276, jui./sep. 1973. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 9 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias • Vítima mais culpada que o delinquente, que o provoca, como, por exemplo, a vítima de um homicídio privilegiado praticado após injusta provocação. São também chamadas de vítima por provocação; • Vítima como única culpada, de que é exemplo a pessoa que se coloca em situação de completorisco, como o suicida ou um agressor que acaba sendo vítima de legítima defesa. São também chamadas de vítimas agressoras, simuladas, simuladoras, imagi- nárias ou pseudovítimas. Nessas hipóteses não se está diante de uma vítima real. Não se trata de uma pessoa que coopera com o ânimo criminoso de alguém: ao contrário, a pseudovítima é a única culpada pela situação. RecursoMnemônico Essa classicação é bastante cobrada em provas. Para ajudar na memorização, eu cons- truí uma tabelinha que ajuda a resolver as questões, que costumam mesclar e relacionar os itens da primeira coluna com os da segunda. A VÍTIMA É CULPADA NOMENCLATURA NÃO Ideal - Ignorância = Voluntária + Provocadora EXCLUSIVAMENTE Pseudo E para ajudar a memorizar, em aula eu sugiro que os alunos memorizem o começo das no- menclaturas que Mendelsohn atribui: Id, Ig, Vo, Provo, Pseudo. Isso ajuda a construir a tabela na hora da prova. Hans von Hentig Hans Von Hentig foi um psicólogo criminal alemão radicado nos Estados Unidos. No artigo Remarks on the Interaction of Perpretator and Victim, publicado em 1940, Hans von Hentig explica que, em muitos casos a vítima não contribui para o fenômeno criminal, mas que frequentemente pode ser observada umamutualidade na conexão entre agressor e vítima. Em clara conexão com os postulados positivistas do século XIX, e nitidamente inserido numa visão de corresponsabilização da vítima, ele defende que emmuitos casos a vítima ativamente leva o agressor à tentação. “Se há criminosos natos, é evidente que também existem vítimas natas, que se autolesionam e se autodestroem por meio de uma pessoa estranha maleável.” O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 10 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Ele analisa três grupos de crimes, sob o ponto de vista vitimológico: assassinatos, crimes se- xuais e estelionatos. No tocante aos crimes sexuais, Hentig assinala – em viés típico de uma cultura pautada por valores androcêntricos – que a sedução e o caráter depravado de certas vítimas são fun- damentais para compreender muitos casos de estupro e incesto (relação sexual com parente próximo). Em dois exemplos que nos soam absurdos, ele cita casos em que a lha ia dormir na cama do pai, sendo que em um desses casos a menina havia perdido a mãe recentemente. Por m, no que diz respeito aos crimes de estelionato e outras raudes, Hentig sublinha o caráter fundamental da cooperação da vítima: a pessoa enganada é tentada a agir em direção oposta aos seus interesses. Trata-se de um delito cooperativo, um jogo de conança, do qual raramente é vítima uma pessoa honesta. A vítima não apenas contribui amplamente para a consumação do crime com o seu comportamento como impede, em muitos casos, que o deli- to seja reportado e investigado, já que a demonstração de que estavam dispostas a entrar em negócios desonestos pode ser bastante prejudicial à alta reputação de certas vítimas. Em 1948, Hentig lançou o livro “O criminoso e sua vítima.” Para alguns, essa foi a primeira obra a tentar sistematizar o estudo da Vitimologia. Nela, adiantando um pouco os postulados interacionistas que seriam denitivamente incorporados à Criminologia na década de 1960, Hentig explica que a relação entre o agressor e a vítima é muito mais intrincada do que as dis- tinções simplistas do Direito Penal. São dois seres humanos, entre os quais pode se vericar uma rica gama de interações, atrações e repulsas. Para o Direito é muito clara a distinção entre vítima e agressor. O mesmo raciocínio não se aplica na Sociologia e na Psicologia, em que as duas categorias podem se fundir. Há uma relação de mutualidade entre vítima e agressor. A vítima forma e modela o criminoso. Em certo sentido, os animais predadores e suas presas se complementam. Para conhecer uma pessoa, temos que estar familiarizadas com o seu com- panheiro complementar. Há, no livro, uma classicação geral das vítimas e os tipos psicológicos de vítimas. Em ambas, como se verá a seguir, Hentig segue na ótica de corresponsabilização da vítima, com viés fortemente impregnado de uma visão androcêntrica de mundo. As classes gerais de vítimas, para Hentig, são: • A vítima jovem: a juventude é o período mais perigoso da vida. Por isso há tantos dispo- sitivos impondo o dever de cuidado dos pais sobre os lhos. Mas há algumas cções, sobretudo no tocante ao consentimento, que distorcem a realidade. As mulheres jovens são vítimas de crimes sexuais com mais frequência na lei do que na realidade. Mui- tas meninas não oferecem qualquer resistência ao ato sexual e tampouco tentam fugir, numa mistura de medo e curiosidade, castidade e desao mental. • A vítima mulher: o gênero feminino é outra forma de fraqueza reconhecida pela lei. Mas em muitos casos a mulher somente se torna vítima em circunstâncias excepcionais, como as trabalhadoras domésticas que engravidam dos seus patrões e, por isso, aca- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 11 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias bam sendo eliminadas; ou as idosas que, por ganância, são atraídas por estelionatários. E é incorreto falar de vítima quando tanto o agressor como a vítima estão envolvidos em um empreendimento criminal. • A vítima idosa: no idoso, há uma combinação de patrimônio acumulado, fraqueza física e debilidade mental. Na combinação de riqueza e fraqueza mora o perigo. Qualquer um que supere a desconança e a apreensão dos idosos pode se aproximar, para o bem ou para o mal. O homem idoso é presa fácil de delinquência sexual, já que as inibições desaparecem. • A vítima doente mental ou com perturbações mentais: nos dementes, loucos, viciados em drogas, alcoólatras o jogo de forças motivacionais não opera de maneira normal. Eles não têm noção do perigo e se colocam facilmente em situação de vítima. Há neles tendências suicidas, autoacusações e são comumente vítimas de furto, roubo, estupro e até mesmo assassinato. • A vítima imigrante, ignorante ou minoritária: imigrantes e ignorantes são vítimas poten- ciais de estelionatários. Imigrar é mais do que mudar de país. Relações humanas vitais cam prejudicadas. Há diculdades linguísticas e necessidade de reconstruir laços psi- cológicos. Leva alguns anos e algumas experiências dolorosas até que isso aconteça. Antes disso, o imigrante é facilmente vitimizado. A pessoa ignorante ou inocente, segun- do Hentig, parece ter nascido para ser vitimizado. O sucesso de tantos estelionatários somente pode ser explicado pela estupidez das suas vítimas, e não pelo brilhantismo dos criminosos. Essa estupidez psicológica émuito procurada pelos criminosos, porque se aproxima da infantilidade. Os gruposminoritários não recebem amesma proteção da lei do que as classes dominantes. Eles temem a exploração e o abuso e é por isso que membros do próprio grupo se aproximam deles commais facilidade. Assim, negros aca- bam sendo vítimas de outros negros. Além disso, os grupos minoritários são vítimas do próprio sistema de justiça criminal. Em um levantamento realizado em Virgínia, Estados Unidos, todos os negros indiciados por matar um branco receberam sentença de prisão de morte ou perpétua. Mas somente 5,7% dos negros indiciados por matarem outro negro receberam pena tão severa. A maioria (41,8%) dos negros que mataram negros recebeu pena inerior a 10 anos de prisão. A cor da vítima infuencia, portanto, enorme- mente, o desfecho do caso. Depois de apresentada essa classicação geral de vítimas, Hentig passaa apresentar os tipos psicológicos de vítimas, que são os seguintes: • O tipo depressivo: é dominado por um desejo subconsciente de ser aniquilado e possui um instinto de autopreservação débil. • O tipo ganancioso: é dominado por sua expectativa de obter dinheiro de maneira fácil, o que faz com que suspeitas e inibições sejam suprimidas. O desejo de ganho eclipsa O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 12 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias a inteligência, a experiência comercial e os impedimentos internos. Pessoas honestas são com menor frequência vítima de golpes, porque não querem especular ou ter lucro ácil. Asmeninas vítimas do tráco de pessoas não são transportadas drogadas, incons- cientes: elas são persuadidas por imagens de luxo, prazer, riqueza, aplausos e felicidade. São, portanto, vítimas da própria vaidade. • O tipo lascivo: está relacionado, sobretudo, com o homicídio de mulheres jovens e de meia idade, cuja sensualidade é uma fraqueza facilmente explorável. Masmuitas mulhe- res são cúmplices ou mesmo provocadoras de crimes sexuais. • O tipo solitário ou de coração partido: o desejo por companhia é natural e urgente no ser humano. Para quem está solitário, qualquer coisa é melhor do que car sozinho. É ácil se tornar presa nessa situação. É o caso de idosos, viúvas, crianças abandonadas ou que fugiram de seus lares, prostitutas sem rede familiar e em ostracismo social. • O tipo tormentoso: trata-se, por exemplo, de um pai alcóolatra ou psicótico que tortura esposa e lhos. O lho cresce e mata o pai. Ou da esposa de temperamento orte. Ela atormenta tanto a vida do marido que, ao nal, acaba sendo eliminada por ele. São, por- tanto, pessoas tiranas, que passam de algozes de um relacionamento abusivo a vítimas de assassinato, praticado pelo oprimido, num momento de rebelião e explosão. • O tipo bloqueado, isento ou lutador: trata-se de uma categoria ampla, que pode ser divi- dida nos seguintes subtipos: − O tipo bloqueado: é o indivíduo que se encontra em situação tão perdida que movi- mentos defensivos parecem impossíveis ou mais danosos que a lesão provocada pelo criminoso. É o caso do banqueiro inadimplente que, ao tentar salvar seu negó- cio, acaba entrando em negócios escusos, é enganado e tem as nanças ainda mais prejudicadas. Prossionais de prestígio, como advogados, banqueiros, médicos, empresários, padres, quando enganados, preferem muitas vezes engolir o orgulho a prestar uma queixa e assumir suas fraquezas É também o caso do criminoso ex- torquido pela polícia; ou de uma vítima de crime no momento de intimidade proibida, como nomotel com a amante; ou do preso que, estando em posse ilegal de dinheiro, é furtado dentro da prisão. − O tipo isento: é o indivíduo que poderia, a priori, ser vítima, mas que, por suas carac- terísticas e atitudes, é desqualicado, descartado. Hentig explica que essa situação se dá quando as situações e os seres humanos por alguma razão se repelem, e os resultados criminais não aparecem. Nesses casos, não há interação e intercâmbio de elementos causais. Como exemplo, ele cita que o ladrão católico normalmente não vai roubar um padre e que os ladrões em geral não roubam pessoas com deci- ência e policiais. − O tipo lutador: é o indivíduo que resiste, revida à violência. Raramente o criminoso insiste em uma vítima agressiva e inteligente. Pode-se, portanto, ter como resultado O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 13 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias um crime apenas tentado. E a vítima, nesses casos, tem a tendência de não reportar o delito. Mas há muitos casos em que a resistência da vítima pode agravar a situa- ção. Em crimes sexuais, aliás, a resistência aciona o impulso mórbido do agressor, acrescentando um estímulo novo, poderoso e perigoso. Consolidação da vitimologia Em 1973 ocorreu o 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém, Israel, presidi- do por Israel Drapkin Senderey, médico argentino-chileno. Foi o fundador do Instituo de Crimi- nologia do Chile e ajudou na formação de outras instituições de Criminologia em países latino- -americanos, como Venezuela, Costa Rica e México. Em 1959, mudou-se para Israel para criar o Instituto de Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade Hebraica de Jerusalém. Sua vinculação com a América Latina, no entanto, nunca cessou, já que ele visitava frequen- temente a região para dar cursos e palestras, com especial destaque para as vindas ao Brasil. Em 1976 ocorreu, em Boston, nos Estados Unidos, o 2º Simpósio Internacional. O 3º Sim- pósio ocorreu em Münster, na Alemanha, em 1979. Nessa ocasião, decidiu-se pela criação da Sociedade Mundial de Vitimologia. (World Society of Victimology). Desde então, os Simpósios Internacionais seguem acontecendo a cada três anos. Em 1991, o 7º Simpósio Internacional de Vitimologia foi realizado no Rio de Janeiro. A es- colha do Rio de Janeiro guardou relação com o sólido trabalho que vinha sendo realizado no País pela Sociedade Brasileira de Vitimologia (SBV), fundada sete anos antes, em 28 de julho de 1984, na mesma cidade. Na fundação da SBV, especialistas das áreas de Direito, Medicina, Psiquiatria, Psicologia, Sociologia e Serviço Social, além de outros estudiosos das ciências sociais, uniram-se para consolidar no Brasil os conhecimentos relacionados com a vitimologia. A SBV realiza estudos, pesquisas, seminários e congressos ligados à pesquisa vitimológi- ca e mantém contato com outros grupos nacionais e internacionais, sobre aspectos relevantes da Vitimologia. É, inclusive, membro da Sociedade Mundial de Vitimologia. Para Ester Kosovski, brasileira, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, orga- nizadora e autora de obras na área da Vitimologia e expoente da SBV, a vitimologia é um campo multidisciplinar por excelência e abrange vários níveis de atuação em diferentes contextos. Podemos dizer que repousa em um tripé: estudo e pesquisa; mudança da legislação e assistência e proteção à vítima. (...) Todo o arcabouço do sistema penal, a começar com a polícia, passando pelo Ministério Público, a Deensoria Pública, o Judiciário e nalmente a execução da pena é calcado quase que exclusiva- mente na perseguição ao criminoso (nem sempre bem sucedida) e na sua punição (quase sempre falha), deixando fora das preocupações do Estado a vítima, o lesado, o agredido, aquele que sofreu a ofensa e que deve requerer mais atenção2. 2 KOSOVSKI, Ester. Vitimologia e Direitos Humanos: uma boa parceria. Disponível em <http://sbvitimologia.blogspot.com. br/>. Acesso em 17 abr. 2018. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 14 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias A SBV tem sido muito importante na realização de colóquios, simpósios e palestras sobre Vitimologia no Brasil e no incentivo a iniciativas pragmáticas que transformem o cenário viti- mológico brasileiro. O Grupo Interdisciplinar de Estudos em Vitimologia, da Universidade Fede- ral do Rio de Janeiro, foi impulsionado pela SBV como importante local de pesquisas e debates sobre Vitimologia no meio acadêmico nacional. A criação e o funcionamento de centros de assistência à vítima em várias unidades da federação foram fomentados pela SBV, na tentativade prevenir o processo de vitimização e de auxiliar no processo de assistência às vítimas. Dentre os nomes de destaque da Vitimologia no Brasil podemos citar ainda: Edgard de Moura Bittencourt, com sua obra Vítima, Laércio Pellegrino, Heitor Piedade Júnior e Heber Soares Vargas. ContriBuições da vitimologia A Vitimologia, ao retirar a vítima do esquecimento penal e ao atribuir-lhe protagonismo, per- cebe e demonstra que estudar o ofendido, analisar sua contribuição para a dinâmica criminal e ouvir e atender suas necessidades é tarefa fundamental e complexa para as atuais ciências criminais. As principais contribuições da moderna Vitimologia podem ser agrupadas nos se- guintes eixos3: • Vítima e dinâmica criminal: a Vitimologia explica que nem sempre a vítima é aleatória, fungível, acidental ou irrelevante no iter criminis. A contribuição da vítima para a gênese e dinâmica criminal não é homogênea e uniforme, mas sim variável de acordo com diver- sos fatores, como a existência de interação prévia entre infrator e vítima; • Vítima e prevenção do delito: partindo-se da premissa de que o risco de vitimização (risco de ser vítima de um delito) não é distribuído igualmente na sociedade, admite-se a possibilidade de prevenção vitimária, que é a prevenção da delinquência voltada para a vítima em potencial. Como se sabe, por exemplo, que as principais vítimas de delitos sexuais são as mulheres, podem ser traçadas estratégias para diminuição desse risco diferenciado de vitimização. É uma prevenção complementar e não substitutiva da pre- venção criminal. Possui as vantagens de ser uma intervenção não-penal e de ser dese- nhada especicamente para grupos ou subgrupos que necessitam proteção especial (mulheres, negros, idosos, jovens, etc.); • Vítima como onte alternativa inormadora da criminalidade real: as estatísticas ociais somente fornecemdados sobre uma parcela da criminalidade: os delitos registrados, no- ticiados pelo sistema legal. Assim, medem mais a atividade das instâncias de controle social formal do que as oscilações reais das taxas de criminalidade. Por isso, possuem relevância central as pesquisas de vitimização, em que se pede diretamente à popula- ção que relate suas experiências como vítimas de delitos em certo espaço temporal. 3 GARCÍA-PABLOS deMolina. GOMES, Luiz Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos. 5 ed. São Paulo: RT, 2006, p. 76 e ss. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 15 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias São questionários estruturados, destinados a uma grande parcela da população, em que pergunta se o pesquisado foi vítima de delito, quantas vezes, em quais circunstâncias, com quais consequências e se houve, ou não, noticação do ato ao sistema legal de persecução penal. Essas pesquisas demonstram tanto valor quantitativo como qualita- tivo, já que quanticam e ornecem uma imagem rica e dinâmica da criminalidade real. • Vítima e medo do delito: a vítima desempenha papel fundamental no problema cada vez mais central do medo do delito. Aquele que se torna vítima de um delito passa por uma “experiência vitimária”, e é normal que experimente uma angústia que pode até se perpetuar, convertendo-se em profundo temor de reviver a situação. Mas a Vitimologia tem, cada vez mais, se preocupado não com omedo individual, e sim com omedo como estado de ânimo coletivo e não necessariamente associado a uma prévia experiência vitimária. Trata-se de um medo por vezes imaginário e sem fundamento com profundos efeitos nocivos: alteração de hábitos de vida; fomento de comportamentos pouco soli- dários em relação a outras vítimas; fortalecimento de uma política criminal drástica, de rigor desnecessário e pouco ecaz. • Vítima e política social: a Vitimologia preocupa-se com a ressocialização da vítima, que não reclama apenas compaixão, mas respeito aos seus direitos. E o dano que a vítima experimenta não se resume à lesão ao bem jurídico. Infelizmente, é comum que a vítima inspire desconança, receio e suspeitas. Por tudo isso, é necessário ormular progra- mas de reparação, assistência, compensação e tratamento das vítimas. • Vítima e sistema legal: a vítima tem em suas mãos a chave da movimentação legal, já que praticamente somente os delitos noticiados são perseguidos. A Vitimologia inves- tiga os fatores que contribuem para a decisão da vítima em não noticiar o delito, tais como o impacto psicológico (temor, abatimento, depressão); o sentimento de impotên- cia; o medo de represália; a relação pessoal da vítima como o vitimizador (também cha- mado de vitimário); o receio do descaso do sistema de controle penal; o pertencimento da vítima a grupos minoritários ou marginalizados, entre outros. outras ClassifiCações vitimárias Além da classicação das vítimas de Mendelsohn, outras classicações são, por vezes, cobradas em provas. Vou apresentar, portanto, outras categorias de vítimas apontadas pelo pensamento criminológico e vitimológico4: • Vítima nata: aquela que a apresenta, desde o nascimento, predisposição para ser vítima e que acaba tomando atitudes, conscientes ou não, para gurar nesse papel. Segundo Guaracy Moreira Filho, possuem temperamento agressivo e personalidade insuportável, precipitando a eclosão do crime. Em nítido viés preconceituoso, misógino e de culpabili- 4 SUMARIVA, Paulo. Criminologia: teoria e prática. 6 ed. Niterói/RJ: Impetus, 2019, p. 140-141; MOREIRA Filho, Guaracy. Viti- mologia: o papel da vítima na gênese do delito. 2 ed. São Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 2004, p. 163 e ss. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 16 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias zação da vítima, ele cita como exemplos as pessoas imprudentes ou prepotentes, como as que exibem objetos de valor nos veículos e nas ruas; ou as mulheres que vão praticar ginástica à noite em trajes sumários; e os homossexuais. • Vítima potencial ou latente: aquela que apresenta comportamento, temperamento ou estilo de vida que atrai o delinquente. É portadora de um impulso irresistível para ser ví- tima dos mesmos delitos, repetidas vezes. É o caso de prostitutas e usuários de drogas. • Vítima eventual, real ou inocente: aquela que é verdadeiramente vítima, ou seja, cuja conduta não contribuiu para a ocorrência do crime. Guaracy Moreira Filho cita alguns exemplos, tais como as vítimas de infanticídio, de abandono (de incapaz, intelectual, material), de maus-tratos, de extorsão mediante sequestro. • Vítima falsa ou simuladora: aquela que, agindo por vingança ou interesse pessoal, impu- ta falsamente a alguém a prática de um delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de crime algum. Ela simula um delito, se autovitimiza, para obter benefícios. • Vítima voluntária: aquela que concorda com o crime, como a vítima de eutanásia. • Vítima acidental: aquela que é vítima de si mesma, geralmente por inobservância do dever de cuidado, como negligência ou imprudência. • Vítima indefesa: aquela que se vê privada da ajuda do Estado. Tolera a lesão sofrida, pois sabe que perseguir o infrator será tarefa ainda mais custosa. É o caso das vítimas de corrupção policial. • Vítima imune: aquela que, por ser famosa ou por ocupar algum posto, cargo ou função de prestígio, os delinquentes evitam vitimar, diante da repercussão que o caso pode ga- nhar. É o caso de padres, jornalistas, personalidades, políticos etc. • Vítima atuante ou inconformada: aquela que busca determinadamente a punição dos autorese a indenização dos danos sofridos, exercendo plenamente a cidadania e co- municando diligentemente o fato criminoso às autoridades competentes. Essas vítimas se informam, pesquisam, constituem advogados, unem-se com pessoas que tiveram os mesmos problemas, fundam associações, tudo para fazer valer o seu direito ou até mudar a legislação penal. • Vítima omissa ou ilhada: aquela que se afasta das relações sociais e, por não participar da sociedade e viver isoladamente, deixa de relatar às autoridades competentes seus direitos violados. Para Guaracy Moreira Filho, são pessoas que desprezam a cidadania: não denunciam à autoridade pública quando agredidas ou subtraídas, ainda que sejam, com frequência, vítimas de furtos, roubos e atentados sexuais. • Vítima da Política Social: aquela que é vítima do Estado, da negligência do Poder Públi- co. Para Guaracy Moreira Filho, essa vítima aparece quando o Poder Público se organiza contra o povo, fenômeno denominado crime branco: inversão de prioridades no Gover- no, corrupção, ausência de políticas públicas voltadas para o indivíduo. Os exemplos mais comuns de vítima da política social seriam as crianças desnutridas, as pessoas analfabetas, as vítimas da seca, os presos em cárceres superlotados, a população sem assistência médica, as vítimas de enchentes, desabamentos, blecautes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 17 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Cifras da Criminalidade No momento histórico em que a Criminologia passou a dar mais atenção à vítima, tornou- -se possível conhecer melhor as reais taxas de criminalidade. As pesquisas de vitimização, em lugar de se basearem nas estatísticas ociais, perguntam às pessoas de um grupo social se elas foram vítimas de algum delito em certo marco temporal. Na prática, quando isso ocorre, a pergunta é feita diretamente às possíveis vítimas, por questionadores que não vinculam suas perguntas à atividade dos órgãos de persecução penal, sendo maior a chance de que as res- postas correspondam à realidade. As pesquisas de vitimização têm se revelado imprescindíveis, sobretudo por demonstrar que as taxas de subnoticação criminal – ou seja, de delitos que não são reportados às au- toridades ou que não são registrados adequadamente pelo Poder Público – são muito signi- cativas em uma série de delitos, como é o caso dos crimes sexuais, em que há vergonha e sentimento de humilhação; dos crimes de corrupção policial, em que há temor em denunciar o crime para colegas dos próprios agressores; dos crimes de maus tratos contra crianças, dentre outros. Quando se reconhece a importância das pesquisas de vitimização não se está, em nenhum momento, descartando a validade das estatísticas ociais baseadas em registros de delitos pelo Poder Público. Essas estatísticas possuem valor inquestionável para a métrica do proble- ma criminal. Mas os estudiosos e aplicadores dos saberes penais não podem, jamais, conside- rar esses registros como refexo el da realidade criminal de um dado grupo social. Cifra negra As taxas reais de criminalidade são, portanto, facilitadas pelos informes que as vítimas fornecem. Hámuitos crimes que não chegam ao conhecimento da polícia. Nos crimes sexuais, por exemplo, é bastante comum que, por vergonha e temor, se deixe de noticiar o caso às auto- ridades estatais encarregadas do controle social formal, sobretudo quando o delito é cometido por um parente. Deixando de haver notícia do crime, o delito não integra as estatísticas ociais. A essa diferença entre a criminalidade real – isto é, a totalidade de delitos praticados – e a cri- minalidade conhecida ou revelada, dá-se o nome de cifra negra, ou cifra oculta. Esses crimes, que ocorrem, mas não chegam ao conhecimento do poder estatal, integram o que se chama de “cifra negra” ou cifra oculta da criminalidade. Pesquisas revelam que a diferença entre a cifra negra dos crimes sexuais é altíssima: a diferença entre os crimes ocorridos e os comunicados à agência de controle social seria de aproximadamente 90%. Trata-se do chamado efeito de funil, também conhecido como mortalidade de casos crimi- nais. Isso é natural e a Criminologia reconhece que o processamento de todos os casos (“total enforcement”) levaria à falência do próprio sistema penal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 18 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias A propensão em relatar ou não um caso às instâncias de controle social está conectada à crença no sistema de justiça penal; à existência de uma situação vexatória para a vítima; ao grau de relacionamento da vítima com o agressor; à existência de apólice de seguro dando cobertura ao objeto do crime; ao montante envolvido no delito, entre outros fatores. Quando são muito signicativas as ciras negras, as estatísticas deixam de ser conáveis e o Poder Público encontra séria diculdade em equacionar os problemas, já que não conhece sua real dimensão. O maior prejudicado, nesse caso, é a própria sociedade. Cifra dourada Os crimes do colarinho branco possuem alta taxa de subnoticação, porque são delitos de diícil detecção. Há um nome especíco para essa dierença entre criminalidade real e conhe- cida dos poderosos: é a chamada cifra dourada. Tecnicamente, a cifra dourada equivale aos delitos cometidos pelos poderosos que não chegam ao conhecimento das instâncias de controle social formal, mas há algumas variações em torno desse conceito. Há quem, incorrendo em certa imprecisão, diga que a cifra dourada equivale a delitos do colarinho branco que cam impunes, mas desconhecimento da ocor- rência do crime e impunidade são realidades distintas. Já houve, ademais, oportunidades em que a Vunesp, alargando ainda mais a denição, considerou que o conceito de cira dourada equivale ao próprio conceito de crime do colarinho branco, independentemente de o delito ser conhecido pelas instâncias de controle social. Cifra Cinza A cifra cinza consiste nos crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém que não chegam a virar um processo penal. São casos, por exemplo, solucionados pelos pró- prios policiais em sua atividade rotineira; ou na própria delegacia de polícia; ou com a renúncia da vítima ao direito de queixa ou representação. A cifra cinza demonstra que as polícias têm papel conciliador de confitos e é, nesse aspecto, dotada de muito poder, pois exerce suas competências de tratar o fenômeno delitivo longe da supervisão direta das instâncias que seriam as intervenientes subsequentes do sistema de persecução, como Ministério Público, Defensoria Pública, Poder Judiciário. Cifra amarela A cifra amarela consiste nos casos em que as vítimas sofrem algum tipo de violência prati- cada por servidor público e deixam, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 19 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Cifra verde Trata-se de delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao conhecimen- to policial ou não são processados porque impossível tentar descobrir a autoria. Cifra rosa São os crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conhecimento das autoridades. ClassifiCações da vitimização Atualmente, aVitimologia aponta que existem dierentes maneiras de classicar a vitimização. vitimização direta x vitimização indireta Uma das possibilidades é diferenciar a vitimização direta da vitimização indireta. A vítima direta é aquela que, como o nome sugere, sofre diretamente os efeitos de um delito. Num fur- to, por exemplo, a vítima direta é a proprietária do bem. A vítima indireta é aquela que, por ter alguma relação com a vítima direta, acaba sofrendo indiretamente as consequências do crime. Imagine, por exemplo, uma mãe que leve diariamente seus lhos à escola de carro. Caso esse veículo seja objeto de furto, as crianças que usufruíam do bem podem ser consideradas víti- mas indiretas do crime. vitimização Primária, seCundária e terCiária Outra possibilidade de classicação ala em vitimização primária, secundária ou terciária. Para essa tipologia, considera-se: • Vitimização primária: é aquela em que o sujeito é atingido pela prática do crime ou de um fato traumático. No delito de furto, por exemplo, no momento em que tem seu patri- mônio diminuído, o ofendido está submetido ao processo de vitimização primária. • Vitimização secundária (sobrevitimização, revitimização): é aquela em que a vítima pri- mária é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, desrespeito à privacidade (procedimentos invasi- vos, perguntas sobre sua vida pessoal), comparecimento a inúmeros atos processuais, identicação dos suspeitos, procedimentos de perícia, etc. A vítima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel e que, por vezes, descona de seu relato ou a responsabiliza pelo delito so- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 20 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias rido. O sistema penal tradicional coisica a vítima, tratando-a como mero objeto e não como pessoa titular de direitos e merecedora de dignidade. No sistema tradicional de justiça criminal, portanto, a vítima é reicada (tratada como res, coisa). É o caso, por exemplo, da mulher que se dirige a uma delegacia para fazer boletim de ocorrência de estupro e se sente humilhada, ridicularizada, julgada em função dos procedimentos, dos comentários, ou da frieza dos policiais. Não há dúvidas, portanto, de que o sofrimento adicional imposto à vítima pela dinâmica de investigação e julgamento do delito congu- ram vitimização secundária. Falta consenso, todavia, no que diz respeito à total omissão estatal. Como se verá em seguida, a omissão completa do Estado também é conside- rada, por alguns autores, vitimização secundária, pois seria apenas um outro aspecto do mesmo fenômeno de descaso do Poder Público. Outros autores consideram que a omissão estatal – que vai além do mero sofrimento adicional do sistema de justiça cri- minal – congura vitimização terciária. • Vitimização terciária: trata-se de conceito, todavia, em fase de concretização, sobre o qual não há consenso. Vamos analisar três linhas de pensamento. − Para um primeiro grupo de autores, ocorre a vitimização terciária quando a vítima primária do crime é abandonada ou ridicularizada em seu meio social: pela comuni- dade, familiares, amigos etc. Há uma exaltação do criminoso e humilhação da vítima primária pelas instâncias informais de controle social. Para essa linha de pensamen- to, a alta de amparo dos órgãos estatais às vítimas conguraria vitimização secun- dária. Essa tem sido a linha adotada pela Vunesp e pela FCC. − Para um segundo grupo de autores, do qual faz parte Nestor Sampaio Penteado Filho, a vitimização terciária se verica igualmente com o abandono das vítimas, mas esse abandono pode ser praticado tanto pelas instâncias informais como pelas agências formais de controle social. Para esta corrente, a vitimização terciária con- siste na “falta de amparo dos órgãos públicos às vítimas; nesse contexto, a própria sociedade não acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra.” Nessa segunda visão, por- tanto, o descaso estatal pode ser desdobrado e visto como: vitimização secundária, se for o caso de uma humilhação, um tratamento insensível, um sofrimento adicio- nal em função da burocracia de apuração do delito; ou vitimização terciária, se for o caso de abandono da vítima pelo Estado. No tocante à postura do Estado, haveria então uma diferença de grau entre a vitimização secundária (sofrimentos adicionais típicos da burocracia, menos grave) e a terciária (abandono, omissão, mais grave). O mais importante é compreender que, para essa linha de pensamento, a vitimização terciária decorre da omissão, seja do Estado, seja da sociedade. − Para um terceiro grupo, do qual faz parte Shecaira, por exemplo, a vitimização ter- ciária não atinge a vítima primária do crime, mas sim o seu autor. Ela ocorre nas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 21 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias hipóteses em que o autor do ato delitivo acaba por receber um sofrimento excessivo, como tortura, apedrejamento, linchamento; ou quando ele responde a processos que não deveriam ter sido a ele imputados. Seria, portanto, a vitimização do vitimizador. Os dois primeiros conceitos de vitimização terciária são mais amplamente aceitos. Tanto a vitimização secundária como a vitimização terciária – seja como abandono da vítima somente pelos integrantes do meio social em que vive, seja como abandono da vítima também pelo Estado – podem ter como decorrência o aumento da subnoticação criminal. As vítimas podem optar por não registrar uma ocorrência diante do medo de serem ridicu- larizadas no grupo social; ou podem não conseguir ou desistir de noticiá-la, em virtude das diculdades ou do abandono estatal. Em qualquer dessas hipóteses, as ciras negras serão proundamente infadas. Heterovitimização Paulo Sumariva menciona outra categoria de vitimização: a heterovitimização. Trata-se da autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime. A vítima se sente culpada, se autorres- ponsabiliza, buscando em si mesma as razões para a ocorrência do delito. Como exemplo, podemos citar o mecanismo psicológico de a vítima de um roubo se sentir culpada pelo delito por ter transitado sozinha, em local pouco iluminado, no período noturno. vitimologia ClássiCa x vitimologia solidarista ou Humanitária Vitimologia Clássica foi um termo cunhado por Elena Larrauri para se referir às primeiras e perigosas tendências de transferir para a vítima a responsabilidade pela gênese criminal. Ha- via, nas primeiras formulações vitimológicas, a tendência de analisar os crimesmais comuns e de considerar, de certa maneira, a vítima como culpada pelo delito. A Vitimologia convencional estaria carregada de preconceitos, pré-julgamentos e tenderia à coculpabilização da vítima, congurando um saber que precipita a vitimização secundária. Com o passar do tempo, a tendência da Vitimologia foi de se inclinar para um direciona- mentomais humanitário ou solidarista, com a nítida preocupação de conferir à vítima um papel de destaque nos procedimentos de apuração de responsabilidades, de proteger seus interes- ses e sua dignidade, e de ressarcir seus prejuízos. Como exemplo de dispositivotípico da Vitimologia clássica, o Código Penal brasileiro, em seu art. 59, dispõe que o juiz, ao xar a pena, deve atentar para diversos atores, dentre os quais se encontra o comportamento da vítima. Eduardo Viana chama atenção do seu leitor para o item 50 da Exposição de Motivos da Parte Geral do Código Penal, segundo o qual para a dosimetria da pena, faz-se referência expressa ao comportamento da vítima porque ele deve ser erigido como fator criminógeno em alguns casos, como é o caso do pouco recato da vítima nos crimes contra os costumes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 22 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Algumas alterações legislativas são de suma importância do ponto de vista vitimológico, sobretudo no que diz respeito à passagem de uma Vitimologia Clássica, de corresponsabili- zação, para uma Vitimologia Humanitária, como veremos a seguir. Pouco a pouco, observa-se que paradigmas clássicos de revitimização são mitigados, e privilegia-se um modelo mais humanitário. lei n. 9.099/1995 A Lei n. 9.099/1995, Lei dos Juizados Especiais Criminais, marcou uma mudança paradig- mática no ordenamento jurídico brasileiro em direção à consideração da vítima na relação deli- tiva. Seu art. 62 dispõe expressamente que o processo perante o Juizado Especial orientar-se- -á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Heitor Piedade Júnior defende que esse ato normativo foi responsável por outorgar à víti- ma o status de personagem cidadã. “Anteriormente ao advento da referida lei, a vítima sofria um duplo processo de vitimização: a primária, consistente na violência sofrida pelo crime, e a vitimização secundária, que ocorria quando, na expressão de Raul Cervini, entrando em contato com o sistema policial ou judicial, (...) sofria o efeito sobrevitimizador do processo penal. A partir de uma nova visão social, à luz das modernas ciências do comportamento humano, a vítima pode pedir proteção ao poder público, pode falar em juízo, pode ouvir e ser ouvida, pode contribuir na busca da Justiça, como sujeito de direitos.” lei n. 11.106/2005 A Lei n. 11.106/2005 fez importantes alterações do ponto de vista vitimológico no Código Penal. Em primeiro lugar, retirou o termo “mulher honesta” do tipo penal de posse sexual me- diante fraude e atentado violento ao pudor mediante fraude, deixando claro que é irrelevante a conduta recatada prévia da vítima na conguração do tipo penal. Além disso, retirou, do rol de causas extintivas da punibilidade, algumas previsões que estavam em completo descompasso com a realidade do século XXI. Antes do advento da Lei, extinguiam a punibilidade o “casamen- to do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes”, e o “casamento da vítima com terceiro”, nos mesmos crimes, desde que cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeresse o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal. violênCia doméstiCa e feminiCídio Do ponto de vista dos processos de vitimização, a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher) é frequente- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 23 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias mente citada como exemplo de ato normativo que se preocupa com a diminuição dos efeitos da vitimização secundária. Seu art. 10-A, prevê, desde 2017, alguns dispositivos para, expres- samente, evitar a revitimização da depoente. Assim, passou a ser direito da mulher em situa- ção de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininter- rupto e prestado por servidores previamente capacitados, preferencialmente do sexo feminino. Devem ser evitadas sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. Por isso, o depoimento deve ser registrado em meio eletrônico ou magnético, e a degravação e a mídia devem integrar o inquérito. Nos crimes de eminicídio é muito comum que os lhos sejam vítimas indiretas, tanto pelo fato de perderem a mãe, como pelo fato de presenciarem o crime. A grande maioria dos crimes de feminicídio é cometida no local de residência da mulher e em muitos casos o delito é praticado na presença de outros moradores do lar. Foi por essa razão, aliás, que o legislador incluiu, em 2018, uma causa de aumento de pena – de 1/3 até a metade – para o feminicídio praticado na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vítima (Art. 121, §7º, inciso III, do Código Penal). lei n. 13.431/2017 – direitos da Criança e do adolesCente A Lei n. 13.431/17 estabeleceu o sistema de garantia de direitos da criança e do adoles- cente vítima ou testemunha de violência e alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90). Dispõe, expressamente, em seu art. 4º, inciso IV, que a revitimização da criança e do adolescente é um tipo de violência institucional que deve ser evitada. Para isso, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por meio de escuta especializada e depoimento especial, que serão realizados em local apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade. A escuta especiali- zada é uma entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitada ao estritamente ao necessário para o cumprimento de sua na- lidade. E o depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente perante autoridade policial ou judiciária. Sempre que possível, o depoimento será realizado uma única vez, e valerá como produção antecipada de prova judicial. vítimo-dogmátiCa Dá-se o nome vítimo-dogmática às implicações que a Vitimologia causou na dogmática penal, sobretudo a partir da Alemanha na década de 1990. A vitimo-dogmática analisa a con- tribuição da vítima para a ocorrência de um crime O essencial na discussão desse tema é o estudo da responsabilidade da vítima na experiência que sofreu e o consequente impacto, na dosimetria da pena, de sua eventual contribuição. O raciocínio é o seguinte: se a vítima renun- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 24 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias cia às medidas de autoproteção disponíveis e, consequentemente, abandona o bem jurídico, a responsabilidade penal do autor deve ser eximida ou atenuada. Essa discussão ganhou parti- cular importância nos crimes culposos, como nos casos em que se apura que a vítima de um acidente culposo de trânsito não estava fazendo uso de cinto de segurança. Ora, se ela mesma não estava protegendo sua vida e integridade física, é justo atribuir essa responsabilização ao vitimário que não agiu dolosamente? Para os adeptos de uma visão vítimo-dogmática moderada, ou fraca, o comportamento da vítima somente pode repercutir no âmbito da dosimetria da pena, como está previsto no art. 59 do Código Penal. Fazem parte desse grupo Thomas Hillemkamp e Winfried Hassemer. É a corrente majoritária. Para os adeptos de uma visãovítimo-dogmática radical, ou forte, não é adequado, sequer, impor pena se a vítima não necessita ou não merece proteção. A corresponsabilidade da víti- ma implica a exclusão do crime, via de regra pela atipicidade. Parte-se do princípio do Direito Penal como última ratio, ou seja, do princípio da subsidiariedade, de acordo com o qual a pena somente é legítima para condutas que violem bens jurídicos de uma vítima merecedora de proteção. Fazem parte desse grupo Bernd Schünemann e Claus Roxin, com seu funcionalismo penal, para o qual o efeito protetivo da norma encontra seu limite na autorresponsabilidade da vítima. Esse pensamento seria aplicável aos delitos não violentos e aos delitos de interação, como é o caso do estelionato, em que é necessário um determinado comportamento da vítima para sua consumação. Uma das críticas que se faz a essa visão é o fato de ela impor pesada carga de responsabilidade penal sobre a vítima, transferindo para ela os custos do crime. Por isso, tem sido apelidada de “blaming the victim” (culpando a vítima). desmaterialização da vítima No Direito Penal, os delitos com vítima indeterminada são denominados crimes vagos, ou ainda multivitimários ou de vítimas difusas. A coletividade é quem sofre os efeitos da prática delitiva. O sujeito passivo é a comunidade inteira, e não alguém dotado de personalidade jurídi- ca. É o caso, por exemplo, do crime de porte de arma de fogo e dos crimes de poluição. Atualmente, vivemos em sociedades de risco. O termo sociedade de risco foi cunhado por Ulrich Beck e diz respeito à sociedade pós-industrial que se preocupa enormemente com os perigos, tanto porque sabe que, como destruiu os recursos naturais, catástrofes ecológicas são uma realidade cada vez mais presente; como porque presencia o desmoronamento dos sistemas sociais. É uma sociedade em que há intenso desenvolvimento tecnológico, o traba- lho é precarizado e as instituições duram menos que as pessoas. Trata-se de uma sociedade em que grandes contingentes de pessoas são empurrados para o mercado informal ou para- lelo de trabalho, mas que, ao mesmo tempo, pune mais quem tenta se inserir nessa realidade, seja com trabalhos ocasionais, furtos, contrabandos e mercados negros. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 25 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Na sociedade de risco, a população está com medo, não sabe em que acreditar e sen- te uma necessidade de consumir segurança. Nessa sociedade, hipertecnológica e global, os riscos são desconhecidos, incontroláveis, ameaçam as gerações presentes e futuras e dão origem a uma sensação coletiva de insegurança. Surgem novas modalidades criminosas, de caráter supraindividual, como a econômica e a ambiental. As estruturas e conceitos básicos do Direito Penal clássico, de caráter individual, não oferecem boas respostas a esses medos coletivos. Nessa realidade contemporânea, existe uma tendência de desmaterialização da vítima e do bem jurídico. Os legisladores exacerbam a política criminal punitiva e criam tipos preventi- vos, em que a tutela penal é antecipada para um momento prévio, fornecendo um tratamento diferenciado e gravoso aos crimes novos e com vítimas difusas, tais como econômico-tributá- rios, ambientais e relativos a organizações criminosas. Verica-se uma expansão da proteção de bens jurídicos coletivos, vagos, imprecisos. A essa tendência, dá-se o nome de desmateria- lização, liquefação, espiritualização ou dinamização do bem jurídico ou da vítima. seletividade da vitimização A Vitimologia demonstra que o risco de vitimização é seletivo e diferencial. Alguns grupos populacionais e segmentos sociais são particularmente propensos à vitimização, seja ela pri- mária, secundária ou terciária. Fatores pessoais, sociais e situacionais atuam para desenhar um maior ou menor prognóstico de vitimização. Minorias e grupos marginalizados atraem uma parcela signicativa de delitos. No Brasil, isso é facilmente observável nos delitos violentos. Os jovens negros são as principais vítimas de homicídio. Segundo dados do Atlas da Violência 2020, do total das vítimas de homicídio em 2018, 75,7% eram negros. Entre eles, a taxa foi de 37,8 por 100 mil habitantes, enquanto entre os não-negros a taxa foi de 13,9. A chance de uma pessoa negra morrer de forma violenta no Brasil é 2,7maior que uma pessoa não-negra. E o homicídio foi a principal causa demortalidade de jovens, que são as pessoas de 15 a 29 anos. Fala-se, portanto, em uma juventude perdida. Os escassos recursos socioeconômicos das vítimas pobres potencializam, ademais, os eeitos da revitimização, já que lhes é mais custoso enrentar as diculdades para azer girar com eciência o sistema de justiça criminal. A população marginalizada, quando vítima, pos- sui reduzida capacidade de se fazer ouvir com credibilidade, de perseguir seus direitos. síndromes relaCionadas à vitimização síndrome de estoColmo A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico em que a vítima passa a ter simpatia ou mesmo sentimento de amor e amizade em relação ao vitimizador após longo período de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 26 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias intimidação. O termo foi cunhado pelo criminólogo e psiquiatra Nils Bejerot. Tem como origem um assalto a banco realizado em 1973 em Estocolmo, na Suécia. Quatro pessoas foram feitas reféns por cerca de uma semana. Durante as negociações, pediram que os criminosos fos- sem deixados em liberdade, deram pistas falsas e alegaram que a culpada pela situação era a polícia, que tinha efetuado os primeiros disparos. Ao serem liberadas, recusaram ajuda dos policiais e usaram os próprios corpos para proteger os criminosos. Posteriormente, uma das vítimas chegou a criar um fundo para ajudar os assaltantes com as despesas judiciais. Após 40 anos, uma das reféns ainda se comunicava com o outro criminoso. Na Síndrome de Estocolmo, a vítima procura evitar comportamentos que desagradem o vitimador e, aos poucos, passa a encarar com simpatia os atos gentis do agressor, a quem pode pensar que deve sua vida. É um afeto, portanto, decorrente do instinto de sobrevivência da vítima, que sente que, de alguma maneira, o agressor se importa com ela. Verica-se, com frequência, em casos de sequestro, cárcere privado e agressões domésticas. síndrome de lima ASíndrome de Lima é o outro aspecto domesmo fenômeno de afeição. Nela, os agressores desenvolvem sentimentos de simpatia e cumplicidade em relação às vítimas, e preocupam-se com o seu bem-estar. O nome se deve a um sequestro de centenas de pessoas realizado pelo Movimento Revolucionário Túpac Amaru. O fato ocorreu na Embaixada do Japão em Lima, capital do Peru, em 1996. Ao nal, não houve pedido de resgate: os reéns oram liberados por sentimentos de compaixão e afeto. No mesmo episódio de assalto a banco que deu origem ao termo Síndrome de Estocolmo, Jan Olsson, um dos raptores, armou em entrevistas subsequentes que não conseguiu matar os reféns porque acabou estreitando laço com eles. síndrome de londres Na Síndrome de Londres, as vítimas adotam postura de enfrentamento com os agressores. Ela é o oposto da Síndrome de Estocolmo. Trata-se de denominação surgida após sequestro realizado por terroristas na Embaixada do Irã em Londres, episódio conhecido como Opera- ção Nimrod. Entre os reféns, havia um funcionário iraniano, chefe de imprensa da Embaixada, chamado Abbas Lavasani, que adotou postura de embate e discussão com os sequestrado-res. Dizia, constantemente, que discordava de suas ideias, pois era crente devoto da Revolu- ção Iraniana. Na Síndrome de Londres, a vítima, também como estratégia de sobrevivência, adota postu- ra de desobediência e embate com o agressor, por quem nutre profundo ódio. Essemecanismo pode elevar as tensões entre vítima e vitmizador, vindo a ser fatal. No caso da Embaixada do Irã em Londres, Abbas Lavasani acabou sendo executado e jogado para fora do prédio como demonstração de força dos raptores. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 27 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias síndrome damulHer de Potifar A Síndrome da Mulher de Potifar diz respeito aos casos em que mulheres fazem falsa acu- sação de estupro ou outros abusos sexuais. Potifar é um personagem bíblico, retratado como um homem poderoso que possuía vários escravos. Sua esposa sentia-se atraída por José, o serviçal de conança de Potiar. Diante da recusa de José, a esposa de Potiar, sentindo-se humilhada e rejeitada, vingou-se, acusando-o falsamente de estupro. Essa situação é particularmente delicada, já que os delitos sexuais são comumente prati- cados na ausência de testemunhas, fazendo com que prova pericial e a palavra da dupla penal (agressor e vítima) ganhem extrema relevância na apuração dos fatos. Por isso, os operadores do sistema de justiça criminal podem ter em mente essa gura criminológica para apurar cui- dadosamente a verossimilhança da palavra da vítima. deClaração dos PrinCíPios BásiCos de justiça relativos às vítimas da Criminalidade e de aBuso de Poder Em sintonia com as tendências da Criminologia e da Vitimologia, a Organização das Na- ções Unidas adotou, em 1985, a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder. Antes disso, a preocupação da ONU sempre havia sido voltada para o delinquente. O texto da Declaração parte de um conceito amplo de vítima: são as pessoas que, individu- al ou coletivamente, tenham sofrido um prejuízo, nomeadamente um atentado à sua integrida- de física ou mental, um sofrimento de ordem moral, uma perda material, ou um grave atentado aos seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis penais em vigor num Estado membro, incluindo as que proíbem o abuso de poder. Uma pessoa pode ser considerada vítima quer o autor seja ou não identicado, preso, processado ou declarado culpado, e quaisquer que sejam os laços de parentesco deste com a vítima. O ter- mo vítima inclui também, conforme o caso, a família próxima ou as pessoas a cargo da vítima direta e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar assistência às vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização. Assim, trata-se, hoje em dia, no âmbito internacional, de uma Vitimologia denida em termos de direitos humanos, e não meramente de direito penal. Essa é a atual tendência da Vitimologia. A Declaração considera que as vítimas da criminalidade, as vítimas de abuso de poder e, frequentemente, as respectivas famílias, testemunhas e outras pessoas que acorrem em seu auxílio sofrem injustamente perdas, danos ou prejuízos. Além disso, podem ser submetidas a provações suplementares quando colaboram na perseguição dos delinquentes – é a chamada vitimização secundária. Daí a necessidade de se adotar de medidas que visem garantir o reco- nhecimento universal e ecaz dos direitos das vítimas da criminalidade e de abuso de poder. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 28 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias As vítimas devem ser tratadas com compaixão e respeito pela sua dignidade. Têm direito ao acesso às instâncias judiciárias e à obtenção de reparação através de procedimentos, o- ciais ou ociosos, que sejam rápidos, equitativos, de baixo custo e acessíveis. Os países devem tomar medidas para minimizar, tanto quanto possível, as diculdades encontradas pelas vítimas, proteger a sua vida privada e garantir a sua segurança, bem como a da sua família e a das suas testemunhas, preservando-as de manobras de intimidação e de represálias. Quando se revelem adequados, os meios extrajudiciários de solução de confitos, incluin- do a mediação, a arbitragem e as práticas de direito consuetudinário ou as práticas autócto- nes de justiça, devem ser utilizados, para facilitar a conciliação e obter a reparação em favor das vítimas. Os autores de crimes ou os terceiros responsáveis pelo seu comportamento devem, se necessário, reparar de forma equitativa o prejuízo causado às vítimas, às suas famílias ou às pessoas a seu cargo. Tal reparação deve incluir a restituição dos bens, uma indenização pelos prejuízos sofridos, o reembolso das despesas feitas como consequência da vitimização, a prestação de serviços e o restabelecimento dos direitos. Em todos os casos em que sejam causados graves danos ao ambiente, a restituição deve incluir, na medida do possível, a reabilitação do ambiente, a reposição das infraestruturas, a substituição dos equipamentos coletivos e o reembolso das despesas de reinstalação. Quando servidores públicos ou outras pessoas, agindo a título ocial ou quase ocial, te- nham cometido uma infração penal, as vítimas devem receber a restituição por parte do Es- tado cujos funcionários ou agentes sejam responsáveis pelos prejuízos sofridos. No caso em que o Governo sob cuja autoridade se vericou o ato ou a omissão na origem da vitimização já não exista, o Estado ou o Governo sucessor deve assegurar a restituição às vítimas. Quando não seja possível obter do delinquente ou de outras fontes uma indenização com- pleta, os Estados devem procurar assegurar uma indenização nanceira às vítimas que tenham sofrido um dano corporal ou um atentado importante à sua integridade física ou mental; ou à família, em particular às pessoas a cargo das vítimas que tenham falecido ou que tenham sido atingidas por incapacidade física ou mental como consequência da vitimização. Para tanto, será incentivado o estabelecimento, o reforço e a expansão de fundos nacionais de indeniza- ção às vítimas. A Declaração orienta que os funcionários dos serviços de polícia, de justiça e de saúde, tal como o dos serviços sociais e o de outros serviços interessados, devem receber uma forma- ção que os sensibilize para as necessidades das vítimas, bem como instruções que garantam uma ajuda pronta e adequada a elas. Alinhada com os ideais de direitos humanos, a Declaração da ONU pretende reduzir a viti- mização e solicita aos países signatários – dentre os quais se inclui o Brasil: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 29 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias • que tomem medidas nos domínios da assistência social, da saúde, incluindo a saúde mental, da educação e da economia, bem como medidas especiais de prevenção crimi- nal para reduzir a vitimização e promover a ajuda às vítimas em situação de carência; • que incentivem os esforços coletivos e a participação dos cidadãos na prevenção do crime; • que adaptem as respectivas legislações aos direitos humanos; • que reforcem os meios necessários à investigação, à persecução e à condenação dos culpados da prática de crimes; • que promovam a divulgaçãode inormações que permitam aos cidadãos a scalização da conduta dos servidores públicos e das empresas e a promoção de outros meios de acolher as preocupações dos cidadãos; • que haja o respeito de códigos de conduta e normas éticas por parte dos servidores públicos, incluindo o pessoal encarregado da aplicação das leis, o dos serviços peniten- ciários, o dos serviços médicos e sociais e o das forças armadas, bem como por parte do pessoal das empresas comerciais; • que proíbam as práticas e os procedimentos suscetíveis de favorecer os abusos, tais como o uso de locais secretos de detenção e a detenção em situação incomunicável; • que colaborem com os outros Estados, no quadro de acordos de auxílio judiciário e administrativo, em domínios como o da investigação e o da persecução penal dos delin- quentes, da sua extradição e da penhora dos seus bens para os ns de indenização às vítimas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 30 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias RESUMO Conceituação e Finalidade Vitimologia éoestudodas vítimas.O termo foi cunhadoem1947porBenjaminMendelsohn. Vítima pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, que sofra uma desventura, uma ofensa, uma lesão (física, psíquica, econômica, etc.) decorrente de um crime. Para alguns, aVitimologia éumaciência. Paraoutros, um ramodaCriminologia. Dedica-se a: • compreender o papel fundamental que a vítima desempenha no fenômeno criminal; • defender programas de intervenção em crises, ressarcimento do dano e assistência mé- dica, psicológica e jurídica; • descobrir das taxas reais de criminalidade; • mudar a legislação naquilo que for necessário; • retirar a vítima do papel meramente testemunhal. Evolução Histórica Idade de ouro da vítima: desde os primórdios da civilização até o m da Alta Idade Média. Possibilidade de composição e de autotutela. Lei de talião: “olho por olho, dente por dente”. Desenvolveu-se o processo penal acusatório, em que as funções de acusar, julgar e defender estavam em mãos distintas. Neutralização do poder da vítima: da Baixa Idade Média (século XII) até século XVII. Pro- cesso inquisitivo: concentra as unções de acusar e julgar nas mãos do juiz e diculta a impar- cialidade do magistrado. A vítima perdeu o poder de reação ao fato delituoso, que passou para as mãos da administração pública. Revalorização do poder da vítima: do século XVIII até os dias atuais. Percebe-se que a víti- ma havia sido esquecida pelo processo criminal e que é necessário recuperar certa parcela de seu protagonismo. Um dos problemas é a pressão que as vítimas ou seus parentes exercem para que haja leis e punições extremamente severas. Principais Nomes da Vitimologia Hans Gross: jurista e criminólogo austríaco considerado precursor da Vitimologia em virtu- de de sua obra Raritätenbetrug, publicada em 1901, em que analisou a ingenuidade das vítimas de fraudes raras. Benjamin Mendelsohn: advogado israelita, utilizou o termo Vitimologia em 1947 para des- crever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Sustentou a autonomia cientíca da Vitimologia. Deesa de uma Vitimologia geral (não exclusivamente jurídico-penal). Não se deve restringir o domínio da Vitimologia às vítimas de delitos: compre- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 31 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias ende uma esfera muito mais ampla, que inclui as vítimas de acidentes de trânsito, de acidentes de trabalho, de vícios, de suicídios, do doenças laborais, dentre outras. Fatores que determi- nam que alguém se torne vítima provêm de seis espécies de meios: • Meio endógeno, bio-psíquico, da própria vítima; • Meio natural, ísico, imune à infuência humana; • Meio natural ambientalmente modicado pela infuência humana; • Meio social (ações antissociais); • Meio social político (governos autoritários, ditatoriais, racistas, genocidas); • Meio motor (máquinas da modernidade). A periculosidade vitimal não é distribuída igualmente na população: algumas pessoas têm mais propensão a se tornar vítimas em função de seu comportamento inapropriado que faci- lita, instiga ou provoca a ação do agressor. Necessário se preocupar com a prevenção vitimal. Caso ela falhasse, a Vitimologia deveria atuar para reduzir ao mínimo a nocividade para as vítimas e para evitar a recidiva vitimal. A vitimidade é um problema geral e não individual, que guarda conexão com a evolução da sociedade. Paradoxo da sociedade contemporânea: quan- to mais avançada uma sociedade, mais riscos ela implica. Defesa da Vitimologia Clínica: criação, nos hospitais, de uma seção especial para onde seriam dirigidas as vítimas de acidentes, com médicos, sociólogos, psicólogos e outros pros- sionais habilitados. Classicação vitimária conorme Mendelsohn: Vítima totalmente inocente (ou ideal): não concorre de forma alguma para o evento. Ex.: infanticídio. • Vítima menos culpada que o delinquente (ou por ignorância): é imprudente. Ex.: andar com a bolsa aberta um lugar perigoso. • Vítima tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária): dá causa ao resultado. Ex.: rixa. • Vítima mais culpada que o delinquente (ou por provocação): provoca o delinquente. Ex.: homicídio privilegiado praticado após injusta provocação. • Vítima exclusivamente culpada (ou agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima): Ex.: suicida; agressor vítima de legítima defesa. Hans Von Hentig: “O criminoso e sua vítima”, 1948. Psicólogo criminal alemão radicado nos Estados Unidos. Há mutualidade na conexão entre agressor e vítima. Visão de correspon- sabilização da vítima: a vítima ativamente leva o agressor à tentação. “Se há criminosos natos, é evidente que também existem vítimas natas”. Classes gerais de vítimas, para Hentig: • A vítima jovem: a juventude é o período mais perigoso da vida. Mas algumas cções distorcem a realidade. Mulheres jovens muitas vezes consentem com o ato sexual. • A vítima mulher: gênero feminino é forma de fraqueza reconhecida pela lei. Em muitos casos a mulher é responsável por sua vitimização, como as trabalhadoras domésticas que engravidam dos seus patrões e acabam sendo eliminadas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 32 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias • A vítima idosa: no idoso, há uma combinação de patrimônio acumulado, fraqueza física e debilidade mental. Qualquer um que supere a desconança e a apreensão dos idosos pode se aproximar, para o bem ou para o mal. • A vítima doente mental ou com perturbações mentais: dementes, loucos, viciados em drogas, alcoólatras não têm noção do perigo e se colocam facilmente em situação de vítima. • A vítima imigrante, ignorante ou minoritária: imigrantes e ignorantes são vítimas poten- ciais de estelionatários. A estupidez psicológica é muito procurada pelos criminosos, porque se aproxima da infantilidade. Os grupos minoritários não recebem a mesma pro- teção da lei do que as classes dominantes. Além disso, são vítimas do próprio sistema de justiça criminal. A cor da vítima infuencia enormemente no desecho do caso. Tipos psicológicos de vítimas para Hentig: • O tipo depressivo: dominado por um desejo subconsciente de ser aniquilado. Possui instinto de autopreservação débil.• O tipo ganancioso: dominado por sua expectativa de obter dinheiro demaneira fácil. São vítimas da própria ganância ou vaidade. • O tipo lascivo: mulheres jovens e de meia idade cuja sensualidade é uma fraqueza facil- mente explorável. • O tipo solitário ou de coração partido: para quem está solitário, qualquer coisa é melhor do que car sozinho. É o caso de idosos, viúvas, crianças abandonadas ou que ugiram de seus lares, prostitutas sem rede familiar. • O tipo tormentoso: pessoas tiranas, que passam de algozes de um relacionamento abu- sivo a vítimas de assassinato, praticado pelo oprimido, num momento de rebelião e ex- plosão. Ex.: pai que tortura os lhos e depois é por eles assassinado. • O tipo bloqueado, isento ou lutador: − O tipo bloqueado: é o indivíduo que se encontra em situação tão perdida que movi- mentos defensivos parecem impossíveis ou mais danosos que a lesão provocada pelo criminoso. Ex.: criminoso extorquido pela polícia. − O tipo isento: indivíduo que poderia ser vítima, mas que, por suas características e atitudes, é desqualicado, descartado. Ex.: o ladrão católico normalmente não vai roubar um padre. − O tipo lutador: é o indivíduo que resiste, revida à violência. Consolidação da Vitimologia 1973: 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém, Israel, presidido por Israel Drapkin Senderey, médico argentino-chileno. 1984: Fundação da Sociedade Brasileira de Vitimologia (SBV). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 33 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 1991: 7º Simpósio Internacional de Vitimologia foi realizado no Rio de Janeiro. Alguns nomes de destaque da Vitimologia no Brasil: Ester Kosovski, Edgard de Moura Bit- tencourt, Laércio Pellegrino, Heitor Piedade Júnior e Heber Soares Vargas. Contribuições da Vitimologia • Vítima e dinâmica criminal: nem sempre a vítima é aleatória, fungível, acidental ou irre- levante no iter criminis. • Vítima e prevenção do delito: prevenção vitimária é a prevenção da delinquência voltada para a vítima em potencial. É uma prevenção complementar e não substitutiva da pre- venção criminal. • Vítima como fonte alternativa informadora da criminalidade real: possuem relevância central as pesquisas de vitimização, em que se pede diretamente à população que relate suas experiências como vítimas de delitos em certo espaço temporal. • Vítima e medo do delito: Vitimologia preocupa-se com o medo como estado de ânimo coletivo e não necessariamente associado a uma prévia experiência vitimária. • Vítima e política social: a Vitimologia preocupa-se com a ressocialização da vítima, que não reclama apenas compaixão, mas respeito aos seus direitos. • Vítima e sistema legal: a vítima tem em suas mãos a chave da movimentação legal, já que praticamente somente os delitos noticiados são perseguidos. Outras Classifcações Vitimárias • Vítima nata: aquela que a apresenta, desde o nascimento, predisposição para ser vítima. • Vítima potencial ou latente: aquela que apresenta comportamento, temperamento ou estilo de vida que atrai o delinquente. • Vítima eventual, real ou inocente: aquela que é verdadeiramente vítima, ou seja, cuja conduta não contribuiu para a ocorrência do crime. • Vítima falsa ou simuladora: aquela que imputa falsamente a alguém a prática de um delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de crime algum. • Vítima voluntária: aquela que concorda com o crime, como a vítima de eutanásia. • Vítima acidental: aquela que é vítima de si mesma, geralmente por inobservância do dever de cuidado, como negligência ou imprudência. • Vítima indefesa: aquela que tolera a lesão sofrida, pois sabe que perseguir o infrator será tarefa ainda mais custosa. • Vítima imune: aquela que, por ser famosa ou por ocupar algum posto, cargo ou função de prestígio, os delinquentes evitam vitimar. • Vítima atuante ou inconformada: aquela que busca determinadamente a punição dos autores e a indenização dos danos sofridos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 34 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias • Vítima omissa ou ilhada: aquela que se afasta das relações sociais e, por não participar da sociedade e viver isoladamente, deixa de relatar às autoridades competentes seus direitos violados. • Vítima da Política Social: aquela que é vítima do Estado, da negligência do Poder Público. Cifras da Criminalidade Nas pesquisas de vitimização, pergunta-se às pessoas de um grupo social se elas foram vítimas de algum delito em certo marco temporal. São importantes porque as taxas de subno- ticação criminal são muito signicativas em uma série de delitos, como é o caso dos crimes sexuais e dos crimes de corrupção policial. Cifra negra: diferença entre a criminalidade real – isto é, a totalidade de delitos praticados – e a criminalidade conhecida ou revelada. Cifra dourada: criminalidade do colarinho branco que não chega ao conhecimento das ins- tâncias de controle social formal. Cifra cinza: crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, mas que não che- gam a virar um processo penal. Cifra amarela: casos em que as vítimas sofrem algum tipo de violência praticada por servi- dor público e deixam, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração. Cifra verde: delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao conhecimen- to policial ou não são processados porque impossível tentar descobrir a autoria. Cifrarosa: crimesdecaráterhomofóbicoquenãochegamaoconhecimentodasautoridades. Classifcação da Vitimização Vitimização direta x Vitimização indireta: vítima direta é aquela que sofre diretamente os efeitos de um delito. A vítima indireta é aquela que, por ter alguma relação com a vítima direta, acaba sofrendo indiretamente as consequências do crime. Vitimização Primária, Secundária e Terciária: vitimização primária é aquela em que o su- jeito é atingido pela prática do crime ou de um fato traumático. Vitimização secundária (sobre- vitimização, revitimização) é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuaçãomeramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. Sobre o conceito de vitimização terciária não há consenso. Para alguns, ocorre a vitimização terciária quando a vítima primária do crime é abandonada ou ridicularizada em seu meio so- cial (Vunesp e FCC). Para outros (Nestor Sampaio Penteado Filho), a vitimização terciária se verica igualmente com o abandono das vítimas, mas esse abandono pode ser praticado tanto pelas instâncias informais como pelas agências formais de controle social. Para um terceiro grupo(Shecaira), a vitimização terciária não atinge a vítima primária do crime, mas sim o seu autor, que recebe um sofrimento excessivo, como tortura, apedrejamento, linchamento, ou res- ponde a processos que não deveriam ter sido a ele imputados. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 35 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Heterovitimização: autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime. Vitimologia Clássica x Vitimologia Solidarista ou Humanitária Vitimologia Clássica: termo cunhado por Elena Larrauri. Tendências de transferir para a vítima a responsabilidade pela gênese criminal. Vitimologia carregada de preconceitos,pré-jul- gamentos e tenderia à coculpabilização da vítima. Vitimologia humanitária ou solidarista: nítida preocupação de conferir à vítima um papel de destaque nos procedimentos de apuração de responsabilidades, de proteger seus interes- ses e sua dignidade, e de ressarcir seus prejuízos. Alterações legislativas nesse sentido: • Lei n. 9.099/1995: mudança paradigmática no ordenamento jurídico brasileiro em dire- ção à consideração da vítima na relação delitiva. Processo deve objetivar, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima. • Lei n. 11.106/05: retirou o termo “mulher honesta” de alguns tipos penais. Retirou, do rol de causas extintivas da punibilidade, algumas previsões como o casamento do agente com a vítima ou com terceiro nos crimes contra os costumes. • Violência Doméstica: a Lei Maria da Penha: contém dispositivos para, expressamente, evitar a revitimização da depoente, como atendimento policial e pericial especializado, e a determinação para que sejam evitadas sucessivas inquirições sobre o mesmo fato. Nos casos de eminicídio, é muito comum que os lhos sejam vítimas indiretas, tanto pelo fato de perderem a mãe, como pelo fato de presenciarem o crime. O legislador incluiu, em 2018, uma causa de aumento de pena – de 1/3 até a metade – para o femi- nicídio praticado na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vítima (Art. 121, §7º, inciso III, do Código Penal). • Lei n. 13.431/17 (Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente: dispõe, expressa- mente, que a revitimização da criança e do adolescente é um tipo de violência institucio- nal que deve ser evitada, e disciplina a escuta especializada e o depoimento especial. Vítimo-dogmática: implicações que a Vitimologia causou na dogmática penal, sobretudo a partir da Alemanha na década de 1990. Analisa a contribuição da vítima para a ocorrência de um crime e o consequente impacto na dosimetria da pena. Se a vítima renuncia às medidas de autoproteção disponíveis e, consequentemente, abandona o bem jurídico, a responsabilidade penal do autor deve ser eximida ou atenuada. Visão vítimo-dogmáticamoderada, ou fraca: o comportamento da vítima somente pode re- percutir no âmbito da dosimetria da pena. É a corrente majoritária (Art. 59 do CP; Hillemkamp; Hassemer). Visão vítimo-dogmática radical, ou forte: não é adequado, sequer, impor pena se a vítima não necessita ou não merece proteção. A corresponsabilidade da vítima implica a exclusão do crime, pela atipicidade (Schünemann, Roxin). É criticada por impor pesada carga de responsa- bilidade penal sobre a vítima: “blaming the victim” (culpando a vítima). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 36 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Desmaterialização da vítima: Atualmente, vivemos em sociedades de risco: sociedade pós-industrial, altamente tecnológica e global, que destruiu os recursos naturais e presencia o desmoronamento dos sistemas sociais. População sente medo e necessidade de consumir segurança. Riscos são desconhecidos e incontroláveis. Surgem novas modalidades crimino- sas, de caráter supraindividual, como a econômica e a ambiental. Tendência de desmateriali- zação (liquefação, espiritualização ou dinamização) do bem jurídico ou da vítima. Política cri- minal punitiva com tipos preventivos, expansão da proteção de bens jurídicos coletivos, vagos. Seletividade da vitimização: o risco de vitimização é seletivo e diferencial. Minorias e gru- pos marginalizados atraem uma parcela signicativa de delitos. No Brasil, os jovens negros são as principais vítimas de homicídio. Os escassos recursos socioeconômicos das vítimas pobres potencializam os efeitos da revitimização. Síndromes Relacionadas à Vitimização • Síndrome de Estocolmo: a vítima passa a ter simpatia ou mesmo sentimento de amor e amizade em relação ao vitimizador após longo período de intimidação. É um afeto de- corrente do instinto de sobrevivência da vítima. Comum em casos de sequestro, cárcere privado e agressões domésticas. • Síndrome de Lima: agressor desenvolve sentimentos de simpatia e cumplicidade em relação às vítimas, e preocupam-se com o seu bem-estar. • Síndrome de Londres: a vítima adota postura de enfrentamento com os agressores. • Síndrome da Mulher de Potifar: casos em que mulheres fazem falsa acusação de estu- pro ou outros abusos sexuais. Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminali- dade e de Abuso de Poder ONU, 1985: Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Crimina- lidade e de Abuso de Poder. Conceito amplo de vítima: são as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um prejuízo, nomeadamente um atentado à sua integridade física oumental, um sofrimento de ordemmoral, uma perda material, ou um grave atentado aos seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis penais em vigor num Estado mem- bro, incluindo as que proíbem o abuso de poder. O conceito de vítima inclui também a família próxima ou as pessoas a cargo da vítima direta e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar assistência às vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização. Vítimas devem ser tratadas com compaixão e respeito pela sua dignidade. Têm direito ao acesso às instâncias judiciárias e à obtenção de reparação através de procedimentos rápidos, equitativos, de baixo custo e acessíveis. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 37 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Meios extrajudiciários de solução de confitos (mediação, arbitragem) podemser utilizados. Quando não seja possível obter do delinquente uma indenização completa, os Estados devem procurar assegurar uma indenização nanceira às vítimas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 38 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias MAPASMENTAIS O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 39 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 40 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 41 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 42 de 96www.grancursosonline.com.brVitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 43 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias QUESTÕESDE CONCURSO 001. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) Na classica- ção de Benjamin Mendelsohn, a vítima imaginária é considerada uma vítima a) mais culpada que o infrator. b) voluntária ou tão culpada quanto o infrator. c) completamente inocente ou ideal. d) unicamente culpada. e) de culpabilidade menor ou por ignorância. 002. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Na questão, assinale a alternati- va contendo a informação que preenche corretamente a lacuna. A _______ é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime contra si, buscando razões que, possivelmente, tornaram-na responsável pelo delito. a) sobrevitimização b) vitimização primária c) vitimização secundária d) vitimização terciária e) heterovitimização 003. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) As vítimas podem ser classica- das da seguinte maneira: vítima completamente inocente ou vítima ideal; vítima de culpabili- dade menor ou por ignorância; vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator; vítima mais culpada que o infrator e vítima unicamente culpada. No estudo da vitimologia, essa classicação é atribuída a a) Benjamin Mendelsohn. b) Enrico Ferri. c) Cesare Bonesana. d) Cesare Lombroso. e) Raffaele Garofalo. 004. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às classicações de víti- mas, apresentadas por Benjamin Mendelsohn, em relação aos estudos de vitimologia, a) vítima resistente é aquela que concorre para a produção do resultado. b) vítima ideal é aquela que contribui, de alguma forma, para o resultado danoso. c) vítima como única culpada pode ser exemplicada pelo indivíduo embriagado que atravessa avenida movimentada vindo a falecer atropelado. d) vítima por ignorância é aquela que não tem nenhuma participação no evento criminoso. e) vítima completamente inocente é aquela cuja participação ativa é imprescindível para a ca- racterização do crime. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 44 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 005. (NUCEPE/2018/PC-PI DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Sobre a Vitimologia, assinale a alternativa CORRETA. a) De acordo com a classicação das vítimas, ormulada por Mendelsohn, a vítima simuladora é aquela que voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo criminoso do agente. b) É denominada terciária a vitimização que corresponde aos danos causados à vítima em decorrência do crime. c) De acordo com a ONU, apenas são consideradas vítimas as pessoas que, individual ou co- letivamente, tenham sofrido lesões físicas ou mentais, por atos ou omissões que representem violações às leis penais, incluídas as leis referentes ao abuso criminoso do poder. d) O surgimento da Vitimologia ocorreu no início do século XVIII, com os estudos pioneiros de Hans Von Hentig, seguido por Mendelsohn. e) É denominada secundária a vitimização causada pelas instâncias formais de controle so- cial, no decorrer do processo de registro e apuração do crime. 006. (VUNESP/2017/DPE-RO DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Considerando o estudo da Criminologia, assinale a alternativa correta. a) Giovanni Falcone foi o primeiro nome do estudo da Criminologia Crítica no Brasil. b) Cifra negra refere-se à falta de diversidade da literatura criminal. c) A Escola Clássica nasceu na Suíça, no nal do séc. XX. d) Enrico Ferri é um expoente da teoria do Etiquetamento. e) Raffaele Garofalo está ligado à Escola Criminal Positiva. 007. (MPE-SC/2016/MPE-SC PROMOTOR DE JUSTIÇA) Enquanto a criminologia pode ser identicada como a ciência que se dedica ao estudo do crime, do criminoso e dos atores da criminalidade, a vitimologia tem por objeto o estudo da vítima e de suas peculiaridades, sendo considerada por alguns autores como ciência autônoma. 008. (VUNESP/2015/PC-PE DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Quando a vítima, em decorrên- cia do crime sorido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos ociais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito de direitos, caracteriza a) vitimização estatal ou ocial. b) vitimização secundária. c) vitimização terciária. d) vitimização quaternária. e) vitimização primária. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 45 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 009. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A sobrevitimização, ou revitimização, também é conhecida na doutrina por vitimização a) secundária. b) primária. c) quaternária. d) quintenária. e) terciária. 010. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Assinale a alternati- va que contém os nomes dos precursores da vitimologia do século XX. a) Hans von Hentig e Benjamin Mendelsohn. b) Cesare Bonesana e Raffaele Garofalo. c) Émile Durkheim e Cesare Lombroso. d) Francesco Carrara e Enrico Ferri. e) Michel Foucault e John Locke. 011. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os primeiros estudos sobre a vitimologia datam de 1901, tendo como estudioso do assunto a) Hans Gross. b) Enrico Ferri. c) Francesco Carrara. d) Adolphe Quetelet. e) Cesare Bonesana. 012. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Em 1973, houve o 1º Simpó- sio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém/Israel, sob a supervisão do famoso criminó- logo chileno______________. Os estudos impulsionaram a atenção comportamental, buscando traçarem pers de vítimas potenciais, com a interação do direito penal, da psicologia e da psiquiatria. A alternativa que completa corretamente a lacuna é: a) Osvaldo Loro b) Diego Ventura c) Cláudio Mensura d) Israel Drapkin e) Ibrain Neto 013. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Os estudos de vitimologia são relativamente recentes em matéria criminológica. Embora seja possível citar referências históricas, tiveram grande impulso e ganharam corpo somente após O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 46 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias a) o extermínio de judeus na Segunda Grande Guerra. b) a abolição da escravatura na América do Sul. c) a independência tardia dos países africanos, ex-colônias europeias. d) a grande depressão iniciada nos Estados Unidos da América após a crise de 1929. e) a exposição das fragilidades humanitárias da Europa Oriental após a queda do Muro de Berlim. 014. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Um dos primeiros autores a classi- car as vítimas de um crime foi Benjamin Mendelsohn, que levou em conta a participação das vítimas no delito. Segundo esse autor, as vítimas classicam-se em __________; vítimas menos culpadas que os criminosos; __________; vítimasmais culpadas que os criminosos e __________. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto. a) vítimas inocentes … vítimas inimputáveis … vítimas culpadas b) vítimas primárias… vítimas secundárias … vítimas terciárias c) vítimas ideais … vítimas tão culpadas quanto os criminosos … vítimas como únicas culpadas d) vítimas tão participativas quanto os criminosos … vítimas passivas … vítimas colaborativas quanto aos criminosos e) vítimas passivas em relação ao criminoso … vítimas prestativas … vítimas ativas em relação aos criminosos 015. (VUNESP/2014/PC-SP/Escrivão de Polícia) “Vítima inocente, vítima provocadora e vítima agressora, simuladora ou imaginária”. Essa oi uma das primeiras classicações, de orma sintetizada, que levou em conta a participação ou provocação das vítimas nos crimes. O autor dessa classicação oi: a) Francesco Carrara b) Giovanni Carmignani c) Cesare Lombroso. d) Benjamin Mendelsohn e) Cesare Beccaria 016. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) Entende-se por vitimização secundária ou sobrevitimização aquela a) provocada pelo cometimento do crime e pela conduta violadora dos direitos da vítima, pro- porcionando danos materiais e morais, por ocasião do delito. b) que não concorreu, de forma alguma, para a ocorrência do crime. c) que, de modo voluntário ou imprudente, colabora com o ânimo criminoso do agente. d) que ocorre no meio social em que vive a vítima e é causada pela família, por grupo de amigos etc. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 47 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias e) causada pelos órgãos formais de controle social, ao longo do processo de registro e apu- ração do delito, mediante o sofrimento adicional gerado pelo funcionamento do sistema de persecução criminal. 017. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A falta de amparo dos órgãos públicos às vítimas, a omissão do Estado e da sociedade proporcionam, muitas vezes, o não registro do crime, ocorrendo o que se chama de “cifra negra” (quantidade de cri- mes que não chegam ao conhecimento do Estado). O fenômeno mencionado é conhecido por vitimização. a) quintenária. b) terciária. c) quaternária. d) secundária e) primária. 018. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADORDEPOLÍCIA)ÉconsideradoopaidaVitimologia: a) Cesare Lombroso. b) Raffaele Garofalo. c) Émile Durkheim. d) Benjamin Mendelsohn. e) Cesare Bonesana. 019. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Entende(m)-se por vitimiza- ção terciária a) os danos materiais e morais diretamente causados pelo delito, em face da vítima. b) a conduta de terceiros ou de eventos oriundos da natureza. c) o aborrecimento e o temor causados pela necessidade de comparecer aos órgãos encarre- gados de persecução criminal para o formal registro da ocorrência bem como para a indicação de seu algoz. d) a discriminação que a vítima recebe de seus familiares, amigos e colegas de trabalho, em forma de segregação e humilhação, por conta do delito por ela sofrido. e) a sobrevitimização, como o suicídio ou a autolesão. 020. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Assinale a alternativa correta, a respeito da Vitimologia. a)Ocomportamento da vítima emnada contribui para a ocorrência do crime contra si praticado. b) A Vitimologia estuda o papel da vítima no episódio danoso, o modo pelo qual participa, bem como sua contribuição na ocorrência do delito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 48 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias c) A Vitimologia nasceu como ramo das ciências jurídicas, por conta das observações fei- tas pelos estudiosos a respeito do comportamento da vítima perante o ordenamento jurídi- co em vigor. d) A Vitimologia surgiu, como ramo da Criminologia, em 1876, por meio da obra “O Homem Delinquente”, de Cesare Lombroso. e)O comportamento da vítima sempre contribui para a ocorrência do crime contra si praticado. 021. (FAPEMS/2017/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA) Dentro da criminologia, tem-se a ver- tente da vitimologia, que estuda de forma ampla os aspectos da vítima na criminalidade, e é dividida em primária, segundária e terciária. Da análise dessa divisão, pode-se armar que a vitimização terciária ocorre, quando a) a vítima tem três ou mais antecedentes. b) a vítima é parente em terceiro grau do ofensor. c) um terceiro participa da ação criminosa. d) a vítima é abandonada pelo estado e estigmatizada pela sociedade. e) duas ou mais pessoas cometem o crime. 022. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Nos crimes de extorsão mediante sequestro, por exemplo, pode ocorrer a chamada Síndrome de Estocolmo, que consiste a) na doença que os sequestradores sofrem. b) na identicação aetiva da vítima com o criminoso, pelo próprio instinto de sobrevivência. c) em uma teoria que os órgãos públicos utilizam para reduzir a criminalidade. d) no arrependimento do criminoso em razão do descontrole emocional e) no trauma que a vítima adquire em razão do sofrimento. 023. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Quando ocorre a falta de amparo da família, dos colegas de trabalho e dos amigos, e a própria sociedade não acolhe a vítima, incentivando-a a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra ne- gra, está-se diante da vitimização a) caracterizada. b) secundária. c) descaracterizada. d) primária. e) terciária. 024. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A reparação dos danos e a indeni- zação dos prejuízos à vítima são vistas pela doutrina como: a) uma importante tendência político-criminal observada na Lei n.º 9.099/95. b) um problema que cabe apenas ao Direito Civil tratar. 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(VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O indivíduo que é lesado por um estelionatário, o qual aplica-lhe o clássico golpe do “bilhete premiado”, é considerado, de acor- do com a classicação proposta por Mendelsohn, vítima. a) exclusivamente culpada. b) inocente. c) tão culpada quanto o criminoso. d) menos culpada do que o criminoso. e) mais culpada do que o criminoso. 027. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O estudo da contribuição da ví- tima na ocorrência de um crime, e a infuência dessa participação na dosimetria da pena, é denominado: a) vitimodogmática. b) perigosidade criminal. c) infortunística. d) círculo restaurativo. e) iter victimae 028. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entendese por vitimi- zação terciária. a) o sofrimento causado pela posterior perseguição da vítima pelo autor do crime. b) os prejuízos causados pelo crime praticado contra a vítima c) aquela oriunda dos familiares e do círculo de relações sociais da vítima, que a segregam, excluem e até humilham, em virtude do crime por ela sofrido. d) o sofrimento causado pelos órgãos públicos encarregados da persecução criminal.e) aquela denominada “terceirização da vitimização”, isto é, advinda de terceiros, estranhos ao círculo de familiares e amigos da vítima O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 50 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 029. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA) O comportamento inadequado da vítima que de certo modo facilita, instiga ou provoca a ação de seu verdugo é denominado a) vitimização terciária. b) vitimização secundária. c) periculosidade vitimal. d) vitimização primária. e) vitimologia. 030. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O estudo da vitimologia atual, ba- seada numa tendência política criminal eciente, privilegia a) a assistência social ao delinquente, bem como um atendimento eciente do poder público. b) a assistência psicológica à vítima e tratamento adequado ao delinquente, para sua recuperação. c) uma pena que recupere o delinquente, sociabilizando-o, com trabalho e educação. d) uma punição exemplar para o delinquente, de forma que se cumpra a função retributi- va da pena. e) a reparação dos danos e indenização dos prejuízos da vítima. 031. (FCC/2012/DPE-PR DEFENSOR PÚBLICO) Considere os acontecimentos abaixo. I – No dia 16 de outubro, após um dia exaustivo de trabalho, quando chegava em sua casa, às 23:00 horas, em um bairro afastado da cidade, Maria foi estuprada. Naquela mesma data, fora acionada a polícia, quando então foi lavrado boletim de ocorrência e tomadas as providências médico-legais, que constatou as lesões sofridas. II – Após o fato, Maria passou a perceber que seus vizinhos, que já sabiam do ocorrido, a olha- vam de forma sarcástica, como se ela tivesse dado causa ao fato e até tomou conhecimento de comentários maldosos, tais como: “também com as roupas que usa (...)”, “também como anda, rebolando para cima e para baixo” e etc., o que a deixou profundamente magoada, humi- lhada e indignada. III – Em novembro, fora à Delegacia de Polícia prestar informações, quando relatou o ocorrido, relembrando todo o drama vivido. Em dezembro fora ao fórum da Comarca, onde mais uma vez, Maria foi questionada sobre os fatos, revivendo mais uma vez o trauma do ocorrido. Os acontecimentos I, II e III relatam, respectivamente processos de vitimização: a) primária, secundária e terciária. b) primária, terciária e secundária. c) secundária, primária e terciária. d) terciária, primária e secundária. e) secundária, terciária e primária. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 51 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 032. (FCC/2009/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) A expressão ‘cifra negra’ ou oculta, refere-se a) às descriminantes putativas, nos casos em que não há tipo culposo do crime cometido. b) ao fracasso do autor na empreitada em que a maioria tem êxito. c) à porcentagem de presos que não voltam da saída temporária do semi-aberto. d) à porcentagem de crimes não solucionados ou punidos porque, num sistema seletivo, não caíram sob a égide da polícia ou da justiça ou da administração carcerária, porque nos presí- dios ‘não estão todos os que são’. e) à porcentagem de criminalização da pobreza e à globalização, pelas quais o centro exerce seu controle sobre a periferia, cominando penas e criando fatos típicos de acordo com seus interesses econômicos, determinando estigmatização das minorias. 033. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende-se por ci- fras negras a) as ocorrências criminais não registradas nos órgãos policiais responsáveis, em prejuízo do interesse da sociedade. b) somente os delitos praticados pelos criminosos de colarinho branco, em prejuízo da co- letividade. c) os crimes hediondos praticados com violência ou grave ameaça. d) os crimes de menor potencial ofensivo praticados sem violência ou grave ameaça. e) apenas os crimes praticados por policiais, que não são apurados, por temor de represália. 034. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alterna- tiva correta no que diz respeito à classicação dos tipos de vítimas segundo Hans Von Hentig. a) Vítima com ânsia de viver – denomina-se assim aquela que, sob o pretexto de que a per- secução judicial lhe causaria maiores danos do que o próprio sofrimento resultante da ação criminosa, acaba deixando de processar o autor do delito. São vistos tais comportamentos geralmente nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens. b) Vítima imune – é considerada dessa forma a pessoa que, em decorrência de seu cargo, função, ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive, acredita que não está sujeita a qualquer tipo de ação delituosa que possa transformá-la em vítima. Um exemplo é o padre. c) Vítima falsa – é taxada dessa forma a vítima que, pela cobiça, pelo anseio de se enriquecer de maneira rápida ou fácil, acaba sendo ludibriada por estelionatários ou vigaristas. d) Vítima que se converte em autor – denomina-se assim a vítima que, por não aceitar ser agredida pelo autor, reage e passa a agredi-lo da mesma forma, sempre em sua defesa ou em defesa de outrem, ou também no caso de cumprimento do dever. Nessa situação, há sempre a disposição da vítima em lutar com o autor. e) Vítima da natureza – denomina-se assim a pessoa que possui uma tendência natural de se tornar vítima. Isso pode decorrer da personalidade deprimida, desenreada, libertina ou afita da pessoa, sendo que esses tipos de personalidade podem de algum modo contribuir com o criminoso. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 52 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 035. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Do ponto de vista vi- timológico, vítima falsa é aquela que: a) consente com a prática do delito. b) tolera a lesão sofrida pelo temor de perseguição por seu algoz. c) se autovitimiza com o m de obter beneícios para si. d) detém predisposição permanente e inconsciente para se tornar vítima. e) deixa de comunicar o crime sofrido às autoridades competentes. 036. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) Buscam incansavelmente a repara- ção judicial pelos danos sofridos ou a punição dos autores, comunicando o fato criminoso às autoridades públicas. Trata-se de vítimas a) incansáveis. b) desatentas. c) conscientes. d) persistentes. e) atuantes. 037. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os estudos vitimológicos permitem estudar a criminalidade real, por meio dos registros efetuados pela própria vítima. A falta desses registros gera a(o) chamada(o) a) gráco incompleto. b) estatística branca. c) cifra negra. d) ponto obscuro. e) incongruência estatística. 038. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA) Os “crimes de colarinho branco” são deli- tos conhecidos na Criminologia por a) crimes contra a dignidade social. b) crimes de menor potencial ofensivo. c) cifras cinza. d) cifras amarelas. e) cifras douradas. 039. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Uma das primeiras classica- ções, de forma sintética, da vítima em grupos, quanto à sua participação ou provocação no crime foi: vítima inocente, vítima provocadora e vítima agressora, simuladora ou imaginária. Essa classicação é atribuída a: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquertítulo, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 53 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias a) Cesare Lombroso. b) Hans von Hentig. c) Benjamin Mendelsohn. d) Kurt Schneider. e) Hans Gross. 040. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) De acordo com Benjamin Men- delsohn, as vítimas são classicadas em: a) vítimas primárias, vítimas secundárias e vítimas terciárias. b) vítimas ideais, vítimas menos culpadas que os criminosos, vítimas tão culpadas quanto os criminosos, vítimas mais culpadas que os criminosos e vítimas como únicas culpadas. c) vítimas desatentas, vítimas desinformadas, vítimas descuidadas, vítimas inocentes, vítimas provocativas e vítimas participativas. d) vítimas perfeitas, vítimas participativas, vítimas concorrentes, vítimas imperfeitas e vítimas contumazes. e) vítimas inocentes, vítimas conscientes e vítimas culpadas. 041. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) A expressão “cifra negra”, em Criminologia, corresponde ao número de a) erros judiciais (decisões judiciais incompatíveis com a realidade dos fatos). b) crimes ocorridos e não reportados à autoridade. c) criminosos reincidentes. d) prisões efetuadas injustamente. 042. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Para a Vitimologia, a vítima agressora, simuladora ou imaginária também é conhecida por: a) vítima inocente. b) vítima menos culpada que o criminoso. c) vítima tão culpada quanto o criminoso. d) pseudovítima ou vítima totalmente culpada. e) vítima ideal 043. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSOPISTA POLICIAL) A vitimologia é uma ciência que se ocupa do estudo da vítima e da vitimização, dessa orma, a classicação das vítimas em “vítima ideal ou inocente; provocadora; e, agressora ou imaginária” foi proposta por: a) Israel Drapkin. b) Edwin Sutherland. c) Hans Von Hentig. d) Hans Gross. e) Benjamin Mendelsohn. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 54 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 044. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A criminologia moderna estuda o fenômeno da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa seara, a expressão “cifra dourada” designa. a) o total de delitos registrados e de conhecimento do poder público que são elucidados. b) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas; trata-se de um subtipo da “cira negra”, a exemplo do crime de sonegação scal c) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao ser elucida- do, permite ao poder público planejar melhor suas ações e alterar a legislação d) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º 9.099/95, a exemplo do delito de perturbação do sossego alheio e) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao conheci- mento do poder público por falta de registro, e, portanto, não são elucidados 045. (CEBRASPE/2018/PC-SE DELEGADO DE POLÍCIA) Texto 1A9-II No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a vio- lência doméstica contra a mulher, e a incorporação do eminicídio ao Código Penal refetiu o reconhecimento de conduta criminosa reiterada relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra mulheres é superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser resultado de uma subnoticação desse tipo de violência. Internet: (com adaptações). Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia. De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os co- municados às agências de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em con- sonância com os dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II), que indica a ocorrência de subnoticação nos casos de estupros praticados em Sergipe. Esse enômeno, de apenas uma parcela dos crimes reais ser registrada ocialmente pelo Estado, é o que a criminologia chama de cifra negra da criminalidade. 046. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) São conhecidas por __________os crimes que não são registrados em órgãos ociais encarregados de sua repressão, em decor- rência de omissão das vítimas, por temor de represália. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. a) estatísticas azuis b) estatísticas brancas c) cifras douradas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 55 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias d) cifras negras e) cifras cinza 047. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES DELEGADO DE POLÍCIA) Uma inormação conável e contrastada sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é imprescindível, tanto para ormular um diagnóstico cientíco, como para desenhar os oportunos programas de pre- venção. Assinale a alternativa correta: a) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e econômico. b) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin- quentes. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e econômico. c) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin- quentes. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucida- dos dos crimes de rua. d) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos de- linquentes. A cifra negra corresponde à violência policial, cujos índices não são levados ao conhecimento das corregedorias. e) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucida- dos dos crimes de rua. 048. “A vítima do delito experimentou um secular e deliberado abandono. Desfrutou do máxi- mo protagonismo [...] durante a época da justiça privada, sendo depois drasticamente “neu- tralizada” pelo sistema legal moderno [...]” (MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio, 2008, p. 73). A Vitimologia impulsionou um processo de revisão cientíca do papel da vítima no enômeno delitivo. Leia as armativas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema. a) A vitimologia ocupa-se, sobretudo, do estudo sobre os riscos de vitimização, dos danos que sofrem as vítimas como consequência do delito assim como da posterior intervenção do sis- tema legal, dentre outros temas. b) A criminologia tradicional desconsiderou o estudo da vítima por considerá-la mero objeto neutro e passivo, tendo polarizado em torno do delinquenteas investigações sobre o delito, sua etiologia e prevenção. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 56 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias c) Os pioneiros da vitimologia compartilhavam uma análise etiológica e interacionista, sendo que suas tipologias ponderavam sobre o maior ou menor grau de contribuição da vítima para sua própria vitimização. d) A Psicologia Social destacou-se comomarco referencial teórico às investigações vitimológi- cas, fornecendo modelos teóricos adequados à interpretação e explicação dos dados. e) O redescobrimento da vítima e os estudos cientícos decorrentes se deram a partir da 1ª (Primeira) Guerra Mundial em atendimento daqueles que soreram com os eeitos dos confi- tos e combates. 049. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES DELEGADO DE POLÍCIA) A dor causada à vítima, ao ter que reviver a cena do crime, ao ter que declarar ao juiz o sentimento de humilhação experi- mentado, quando os advogados do acusado culpam a vítima, argumentando que foi ela própria que, com sua conduta, provocou o delito. Os traumas que podem ser causados pelo examemé- dico-forense, pelo interrogatório policial ou pelo reencontro com o agressor em juízo, e outros, são exemplos da chamada vitimização. a) indireta. b) secundária. c) primária. d) terciária. e) direta. 050. (CEBRASPE/2019/DPE-DF DEFENSOR PÚBLICO) A criminologia classica como vitimi- zação secundária a coisicação, pelas eseras de controle ormal do delito, da pessoa oendi- da, ao tratá-la como mero objeto e com desdém durante a persecução criminal. 051. (Cebraspe/2018/PC-SE Delegado de Polícia) Texto 1A9-I: Sentença Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha) Processo n.º: XXXXXXX Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de dro- gas, lhe fez ameaça de morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a co- municação do fato e o pedido de medida protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público. Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez, cha- mar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que azer. Enm, enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, cará nesse ramerrão sem m — agressão, reclamação na polícia, alta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima deesa, muito mais ecaz que qualquer medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 57 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia. A sentença transcrita (texto 1A9-I) exemplica o que a teoria criminológica descreve como re- vitimização ou vitimização secundária, que se expressa como o atendimento negligente, o des- crédito na palavra da vítima, o descaso com seu sofrimento físico e(ou) mental, o desrespeito à sua privacidade, o constrangimento e a responsabilização da vítima pela violência sofrida. 052. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos estudos desenvolvidos no âmbito da vitimologia. a) Os estudos, as teorias e as classicações desenvolvidos no âmbito da vitimologia demons- tram que a conduta da vítima não pode ser indicada como fator que, de algum modo, contribui para a prática do crime. b) Uma das grandes contribuições do atual estágio de desenvolvimento da vitimologia foi de- monstrar que o ênomeno da subnoticação é um mito e praticamente insignicante em ter- mos quantitativos. c) O aumento do número de crimes investigados e processados pode ocasionar uma maior vitimização secundária. d) O preconceito posterior à prática do crime que recai sobre a vítima, em crimes sexuais, por parte da sociedade em geral e que contribui para a subnoticação deste tipo de crime é deno- minado de vitimização primária. e) Pesquisas de vitimização devem, paulatinamente, substituir os indicadores criminais base- ados em registros de crimes. 053. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à vitimologia. a) Na década de 80 do século XX, a ONU promulgou um dos principais diplomas internacionais no que diz respeito aos direitos das vítimas. b) Vitimização terciária é denida como o resultado dos obstáculos e sorimentos vivencia- dos pela vítima, em decorrência dos procedimentos legais da persecução penal desenvolvida pelo Estado. c) No Brasil, a vitimologia é sistematizada por autores nacionais a partir da década de 30 do século XX, ajudando a nortear a elaboração do Código Penal de 1940. d) Vitimização secundária é denida como o resultado da agressão infigida à vítima pelo au- tor do crime. e) O termo “vitimologia” foi cunhado na década de 20 do século XX, ao término da primeira guerra mundial. 054. (VUNESP/2018/PC-BA DELEGADO DE POLÍCIA) No que diz respeito aos estudos de- senvolvidos no âmbito da vitimologia, assinale a alternativa correta. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 58 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias a) O linchamento do autor de um crime por populares em uma rua pode ser classicado como uma vitimização secundária e terciária. b) A chamada da vítima na fase processual da persecução penal para ser ouvida sobre o crime, por inúmeras vezes, é denominada de vitimização secundária. c) A longa espera da vítima de um crime em uma delegacia de polícia para o registro do crime é denominada de vitimização terciária. d) A vítima só passa a ter um contorno sistemático em sua abordagem criminológica a partir do m da primeira guerra mundial, na segunda década do século XX. e) As pesquisas de vitimização têm por objetivo principal mensurar a vitimização secundária. 055. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) O afeiçoamento da vítima em relação ao criminoso sequestrador, interagindo com ele pelo próprio instinto de sobrevivência, é chamado, pela Criminologia, de: a) complexo de Asperger. b) síndrome de Tourette. c) síndrome de Burnout. d) complexo de inferioridade. e) síndrome de Estocolmo. 056. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR) Um indivíduo que, ao abrir a porta de seu veí- culo automotor, a m de sair do estacionamento de um shopping center, é surpreendido por bandido armado que estava homiziado em local próximo, aguardando a primeira pessoa a quem pudesse roubar, é a) tão culpado quanto o criminoso. b) vítima ideal. c) mais culpado que o criminoso. d) exclusivamente culpado. e) vítima de culpabilidade menor. 057. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) As pessoas que apresentam predis- posição permanente e inconsciente para se tornarem vítimas, atraindo os criminosos, como por exemplo prostitutas e usuários de drogas, são chamadas de a) vítimas omissas. b) vítimas falsas. c) pseudovítimas. d) vítimas latentes. e) vítimas atuantes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgaçãoou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 59 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 058. (MPE-GO/2014/MPE-GO PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O Procurador de Jus- tiça Rogério Greco preconiza que “no que diz respeito às ciências criminais propriamente ditas, serve a criminologia como mais um instrumento de análise do comportamento delitivo, das suas origens, dos motivos pelos quais se delinque, quem determina o que se punir, quando punir, como punir, bem como se pretende, com ela, buscar soluções que evitem ou mesmo diminuam o cometimento das infrações penais”. No contexto da seara criminológica, aponte a alternativa incorreta: a) Stalking é um termo que designa a forma de violência na qual o sujeito ativo invade repetida- mente a esfera de privacidade da vítima, empregando táticas de perseguição e meios diversos de atuação, resultando dano à sua integridade psicológica e emocional, restrição à sua liber- dade de locomoção ou lesão à sua reputação, congurando, deste modo, uma modalidade de assédio moral. b) A teoria de anomia, a teoria da associação diferencial e a escola de Chicago são consideras teorias de consenso. c) A gura criminológica conhecida como “síndrome da mulher de potiar” pode ser utilizada como técnica de aferição da credibilidade da palavra da vítima nos crimes de conotação sexual. d) A “síndrome de Londres” se evidencia quando a vítima, como instinto defensivo, passa a apresentar um comportamento excessivamente lamurioso, demasiadamente submisso e com pedido contínuo de misericórdia. 059. (FCC/2015/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) Sobre a relação entre sistema penal e pobre- za é correto armar que a) a vertente criminológica do confito identica a pobreza como principal causa da criminali- dade e defende maior investimento social para reduzir as taxas de crimes. b) tal qual o processo de criminalização, a vitimização também é um processo seletivo que tem como alvo preferencial os mais pobres. c) por se tratar de uma questão de saúde, a internação das pessoas com transtorno mental pe- las medidas de segurança não se dá de maneira seletiva como no processo de criminalização. d) o surgimento da prisão como forma de punição por excelência nos séculos XVIII e XIX teve como fulcro a substituição de penas cruéis, mas somente nas últimas duas décadas passou a ser um mecanismo de controle social da pobreza. e) o efetivo respeito ao garantismo penal é capaz de reverter o caráter seletivo do sistema pe- nal brasileiro e sua consequente gestão autoritária da miséria. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 60 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias GABARITO 1. d 2. e 3. a 4. c 5. e 6. e 7. C 8. b 9. a 10. a 11. a 12. d 13. a 14. c 15. d 16. e 17. d 18. d 19. d 20. b 21. d 22. b 23. e 24. a 25. b 26. c 27. a 28. c 29. c 30. e 31. b 32. d 33. a 34. b 35. c 36. e 37. c 38. e 39. c 40. b 41. b 42. d 43. e 44. b 45. C 46. d 47. e 48. e 49. b 50. C 51. C 52. c 53. a 54. b 55. e 56. b 57. d 58. d 59. b O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 61 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias GABARITO COMENTADO 001. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) Na classica- ção de Benjamin Mendelsohn, a vítima imaginária é considerada uma vítima a) mais culpada que o infrator. b) voluntária ou tão culpada quanto o infrator. c) completamente inocente ou ideal. d) unicamente culpada. e) de culpabilidade menor ou por ignorância. Na classicação de Mendelsohn, a vítima imaginária encaixa-se na categoria de vítima como única culpada. São também chamadas de vítimas agressoras, simuladas ou pseudovítimas. Os exemplos comumente citados são o do suicida ou de um agressor que acaba sendo vítima de legítima defesa. Nessas hipóteses não se está diante de uma vítima real. Letra d. 002. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Na questão, assinale a alternati- va contendo a informação que preenche corretamente a lacuna. A _______ é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime contra si, buscando razões que, possivelmente, tornaram-na responsável pelo delito. a) sobrevitimização b) vitimização primária c) vitimização secundária d) vitimização terciária e) heterovitimização A heterovitimização é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime. A vítima se sente culpada, se autorresponsabiliza, buscando em si mesma as razões para a ocorrência do delito. Letra e. 003. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) As vítimas podem ser classica- das da seguinte maneira: vítima completamente inocente ou vítima ideal; vítima de culpabili- dade menor ou por ignorância; vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator; vítima mais culpada que o infrator e vítima unicamente culpada. No estudo da vitimologia, essa classicação é atribuída a O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 62 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias a) Benjamin Mendelsohn. b) Enrico Ferri. c) Cesare Bonesana. d) Cesare Lombroso. e) Raffaele Garofalo. Benjamin Mendelsohn foi um advogado israelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para descrever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Segundo sua classicação, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária); mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada. Nas letras B, D e E constam autores positivistas, preocupados com o delinquente, e não com a vítima. Na letra C, Cesare Bonesana, ou Marquês de Beccaria, lia-se à escola clássica, que dava enoque ao crime, e não à vítima. Letra a. 004. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às classicações de víti- mas, apresentadas por Benjamin Mendelsohn, em relação aos estudos de vitimologia, a) vítima resistente é aquela que concorre para a produção do resultado. b) vítima ideal é aquela que contribui, de alguma forma, para o resultado danoso. c) vítima como única culpada pode ser exemplicada pelo indivíduo embriagado que atravessa avenida movimentada vindo a falecer atropelado. d) vítima por ignorância é aquela que não tem nenhuma participação no evento criminoso. e) vítima completamente inocente é aquela cuja participação ativa é imprescindível para a ca- racterização do crime. A pessoa embriagada que atravessa uma rua movimentada se colocou (ainda que sem ter consciência) em situação de completo risco. Por isso, a melhor classicação para esse caso é de vítima como única culpada. Na letra A, a vítima que concorre para a produção do delito pode ser a vítima por ignorância, a vítima tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária), a vítima mais culpada que o delinquente ou a vítima como única culpada. Mendelsohn não emprega o termo vítima resistente. Na letra B, a vítima ideal é a vítima totalmente inocente. Na letra D, a vítima por ignorância é a vítima menos culpada que o delinquente, mas que age de maneira imprudente e participa, portanto, do evento criminoso. Na letra E, a vítima completamente ino- cente é a vítima ideal, que não concorre de formaalguma para o evento criminoso. Letra c. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 63 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 005. (NUCEPE/2018/PC-PI DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Sobre a Vitimologia, assinale a alternativa CORRETA. a) De acordo com a classicação das vítimas, ormulada por Mendelsohn, a vítima simuladora é aquela que voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo criminoso do agente. b) É denominada terciária a vitimização que corresponde aos danos causados à vítima em decorrência do crime. c) De acordo com a ONU, apenas são consideradas vítimas as pessoas que, individual ou co- letivamente, tenham sofrido lesões físicas ou mentais, por atos ou omissões que representem violações às leis penais, incluídas as leis referentes ao abuso criminoso do poder. d) O surgimento da Vitimologia ocorreu no início do século XVIII, com os estudos pioneiros de Hans Von Hentig, seguido por Mendelsohn. e) É denominada secundária a vitimização causada pelas instâncias formais de controle so- cial, no decorrer do processo de registro e apuração do crime. A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de- sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân- cias de controle social formal. Na letra A, a vítima simuladora é aquela que se coloca em situ- ação de completo risco. Também é chamada de vítima como única culpada. Ela não colabora com o ânimo criminoso de um agente. Ao contrário, ela mesma é a única culpada pelo resulta- do delitivo. Na letra C, a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder, da ONU, parte do conceito de um conceito amplo de vítima: são as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um prejuízo, nomeadamente um atentado à sua integridade física oumental, um sofrimento de ordemmoral, uma perdama- terial, ou um grave atentado aos seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis penais em vigor num Estado membro, incluindo as que proíbem o abuso de poder. O termo vítima inclui também a família próxima ou as pessoas a cargo da vítima direta e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar assistên- cia às vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização. Na letra D, o surgimento da Vitimologia se deu com os estudos de Hans von Hentig e Benjamin Mendelsohn, mas isso ocorreu no século XX, sobretudo a partir da 2ª Guerra Mundial. Letra e. 006. (VUNESP/2017/DPE-RO DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Considerando o estudo da Criminologia, assinale a alternativa correta. a) Giovanni Falcone foi o primeiro nome do estudo da Criminologia Crítica no Brasil. b) Cifra negra refere-se à falta de diversidade da literatura criminal. c) A Escola Clássica nasceu na Suíça, no nal do séc. XX. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 64 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias d) Enrico Ferri é um expoente da teoria do Etiquetamento. e) Raffaele Garofalo está ligado à Escola Criminal Positiva. Raffaele Garofalo é um dos principais expoentes da Escola Positivista da Criminologia. Na letra A, Giovanni Falcone oi um juiz italiano especializado em processos contra a máa Cosa Nostra e que foi, inclusive, assassinado a mando dessa organização em 1992. Na letra B, cifra negra é a diferença entre a taxa real de criminalidade e a parcela de infrações penais que per- manece desconhecida das estatísticas ociais. Na letra C, a Escola Clássica nasceu na Itália, no século XVIII. E na letra D, Enrico Ferri é um expoente do positivismo criminológico. Letra e. 007. (MPE-SC/2016/MPE-SC PROMOTOR DE JUSTIÇA) Enquanto a criminologia pode ser identicada como a ciência que se dedica ao estudo do crime, do criminoso e dos atores da criminalidade, a vitimologia tem por objeto o estudo da vítima e de suas peculiaridades, sendo considerada por alguns autores como ciência autônoma. A Criminologia é uma ciência que se dedica ao estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social. Em seu bojo, são cabíveis análises sobre os fatores da criminalidade. Já a Vitimologia se dedica ao estudo da vítima. Alguns autores defendem que a Vitimologia é uma ciência autônoma. Esse é o caso de Benjamin Meldensohn. Outros autores argumentam que é um ramo da Criminologia. De todos os modos, dedica-se a jogar luz sobre o papel fundamen- tal que a vítima desempenha no fenômeno criminal. Analisa a contribuição do ofendido como causa ou condição do evento delituoso. Preocupa-se com a vítima, buscando restaurar o seu papel no cenário criminal. Certo. 008. (VUNESP/2015/PC-PE DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Quando a vítima, em decorrên- cia do crime sorido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos ociais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito de direitos, caracteriza a) vitimização estatal ou ocial. b) vitimização secundária. c) vitimização terciária. d) vitimização quaternária. e) vitimização primária. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 65 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de- sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân- cias de controle social formal. A vítima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel. Letra b. 009. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A sobrevitimização, ou revitimização, também é conhecida na doutrina por vitimização a) secundária. b) primária. c) quaternária. d) quintenária. e) terciária. A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de- sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân- cias de controle social formal. Também é conhecida como sobrevitimização ou revitimização. Letra a. 010. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Assinale a alternati- va que contém os nomes dos precursores da vitimologia do século XX. a) Hans von Hentig e Benjamin Mendelsohn. b) Cesare Bonesana e Raffaele Garofalo. c) Émile Durkheim e Cesare Lombroso. d) Francesco Carrara e Enrico Ferri. e) Michel Foucault e John Locke. Benjamin Mendelsohn é considerado o pai da vitimologia em função da conferência “Um ho- rizonte novo na ciência biopsicossocial” de 1947. Hans Von Henting publicou a obra “O crimi- noso e sua vítima” em 1948. Letra a. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.66 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 011. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os primeiros estudos sobre a vitimologia datam de 1901, tendo como estudioso do assunto a) Hans Gross. b) Enrico Ferri. c) Francesco Carrara. d) Adolphe Quetelet. e) Cesare Bonesana. Em 1901, Hans Gross, jurista austríaco, analisou a ingenuidade das vítimas de fraude em traba- lho considerado pioneiro na área da Vitimologia. Letra a. 012. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Em 1973, houve o 1º Simpó- sio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém/Israel, sob a supervisão do famoso criminó- logo chileno______________. Os estudos impulsionaram a atenção comportamental, buscando traçarem pers de vítimas potenciais, com a interação do direito penal, da psicologia e da psiquiatria. A alternativa que completa corretamente a lacuna é: a) Osvaldo Loro b) Diego Ventura c) Cláudio Mensura d) Israel Drapkin e) Ibrain Neto Em 1973 ocorreu o 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém, Israel, presidido por Israel Drapkin, médico argentino-chileno que é nome de destaque na Vitimologia latino- -americana. Letra d. 013. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) Os estudos de vitimologia são relativamente recentes em matéria criminológica. Embora seja possível citar referências históricas, tiveram grande impulso e ganharam corpo somente após a) o extermínio de judeus na Segunda Grande Guerra. b) a abolição da escravatura na América do Sul. c) a independência tardia dos países africanos, ex-colônias europeias. d) a grande depressão iniciada nos Estados Unidos da América após a crise de 1929. e) a exposição das fragilidades humanitárias da Europa Oriental após a queda do Muro de Berlim. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 67 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias Benjamin Mendelsohn é considerado o pai da Vitimologia. Advogado israelita, utiliza o termo Vitimologia em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, para descrever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Letra a. 014. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Um dos primeiros autores a classi- car as vítimas de um crime foi Benjamin Mendelsohn, que levou em conta a participação das vítimas no delito. Segundo esse autor, as vítimas classicam-se em __________; vítimas menos culpadas que os criminosos; __________; vítimasmais culpadas que os criminosos e __________. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto. a) vítimas inocentes … vítimas inimputáveis … vítimas culpadas b) vítimas primárias … vítimas secundárias … vítimas terciárias c) vítimas ideais … vítimas tão culpadas quanto os criminosos … vítimas como únicas culpadas d) vítimas tão participativas quanto os criminosos … vítimas passivas … vítimas colaborativas quanto aos criminosos e) vítimas passivas em relação ao criminoso … vítimas prestativas … vítimas ativas em relação aos criminosos Benjamin Mendelsohn foi um advogado israelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para descrever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Segun- do sua classicação, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária); mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada. Letra c. 015. (VUNESP/2014/PC-SP/Escrivão de Polícia) “Vítima inocente, vítima provocadora e vítima agressora, simuladora ou imaginária”. Essa oi uma das primeiras classicações, de orma sintetizada, que levou em conta a participação ou provocação das vítimas nos crimes. O autor dessa classicação oi: a) Francesco Carrara b) Giovanni Carmignani c) Cesare Lombroso. d) Benjamin Mendelsohn e) Cesare Beccaria O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 68 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias A classicação de vítimas resumida no enunciado é de Benjamin Mendelsohn, advogado is- raelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para descrever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Segundo sua classicação, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima). Letra d. 016. (VUNESP/2014/PC-SP/PERITO CRIMINAL) Entende-se por vitimização secundária ou sobrevitimização aquela a) provocada pelo cometimento do crime e pela conduta violadora dos direitos da vítima, pro- porcionando danos materiais e morais, por ocasião do delito. b) que não concorreu, de forma alguma, para a ocorrência do crime. c) que, de modo voluntário ou imprudente, colabora com o ânimo criminoso do agente. d) que ocorre no meio social em que vive a vítima e é causada pela família, por grupo de amigos etc. e) causada pelos órgãos formais de controle social, ao longo do processo de registro e apu- ração do delito, mediante o sofrimento adicional gerado pelo funcionamento do sistema de persecução criminal. Vitimização secundária, também chamada de sobrevitimização ou revitimização, é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais im- postos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal. A ví- tima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel. Letra e. 017. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A falta de amparo dos órgãos públicos às vítimas, a omissão do Estado e da sociedade proporcionam, muitas vezes, o não registro do crime, ocorrendo o que se chama de “cifra negra” (quantidade de cri- mes que não chegam ao conhecimento do Estado). O fenômeno mencionado é conhecido por vitimização. a) quintenária. b) terciária. c) quaternária. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 69 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias d) secundária e) primária. Questão bastante polêmica. Vitimização secundária é aquela em que a vítima de um delito é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operado- res do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal. A vítima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel. A vitimização secundária também é conhecida como sobrevitimização ou revitimização. Não há dúvidas, portanto, de que o sofrimento adicional imposto à vítima pela dinâmica de investi- gação e julgamento do delito conguram vitimização secundária. Falta consenso, todavia, no que diz respeito à total omissão estatal. Para alguns autores, a omissão completa do Estado também é considerada vitimização secundária, pois seria apenas um outro aspecto domesmo fenômeno de descaso do Poder Público. Outros autores consideram que a omissão estatal – que vaialém do mero sorimento adicional do sistema de justiça criminal – congura vitimiza- ção terciária. A VUNESP considerou correta a letra D. Com isso, pode-se, primeiramente, enten- der que a banca partiu da visão segundo a qual tanto a falta de amparo estatal (insensibilidade com os custos adicionais da dinâmica do inquérito e processo criminal) como a omissão com- pleta do Estado congurariam vitimização secundária. Ocorre que consta, ainda, do enunciado, uma menção à omissão da sociedade, e usualmente a VUNESP considera que o desamparo que a vítima encontra no meio social (amília, comunidade, amigos) congura outro tipo de vitimização: a vitimização terciária. Essa noção de vitimização terciária foi, aliás, cobrada pela banca em outras provas aplicadas no mesmo ano e no ano seguinte. Além disso, há no enun- ciado uma menção à cifra negra, que pode ser decorrência tanto do processo de vitimização secundária como do de vitimização terciária, a depender do conceito adotado. Ou seja, trata-se de questão que contempla, em um mesmo enunciado, diversos aspectos e possibilidades de conceituação de vitimização. A questão parece ter sido retirada da obra de Nestor Penteado Filho, usualmente adotada pela VUNESP, e onde se lê que a vitimização terciária consiste na “falta de amparo dos órgãos públicos às vítimas; nesse contexto, a própria sociedade não acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra.” Partindo-se desse conceito, a alternativa correta seria letra B, mas não foi assim que a banca se posicionou. Em resumo trata-se de questão que poderia – e deveria – ter sido anulada, diante da miscelânea de conceitos em um mesmo enunciado. Letra d. 018. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADORDEPOLÍCIA)ÉconsideradoopaidaVitimologia: a) Cesare Lombroso. b) Raffaele Garofalo. 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(VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Entende(m)-se por vitimiza- ção terciária a) os danos materiais e morais diretamente causados pelo delito, em face da vítima. b) a conduta de terceiros ou de eventos oriundos da natureza. c) o aborrecimento e o temor causados pela necessidade de comparecer aos órgãos encarre- gados de persecução criminal para o formal registro da ocorrência bem como para a indicação de seu algoz. d) a discriminação que a vítima recebe de seus familiares, amigos e colegas de trabalho, em forma de segregação e humilhação, por conta do delito por ela sofrido. e) a sobrevitimização, como o suicídio ou a autolesão. O conceito de vitimização terciária encontra-se, todavia, em fase de concretização. Para alguns autores, ocorre a vitimização terciária quando a vítima primária do crime é ridicularizada ou discriminada pela sociedade, familiares e amigos. Há uma exaltação do criminoso e humilha- ção da vítima primária pelas instâncias informais de controle social. Esse é o conceito usual- mente adotado pela Vunesp. Letra d. 020. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Assinale a alternativa correta, a respeito da Vitimologia. a)Ocomportamento da vítima emnada contribui para a ocorrência do crime contra si praticado. b) A Vitimologia estuda o papel da vítima no episódio danoso, o modo pelo qual participa, bem como sua contribuição na ocorrência do delito. c) A Vitimologia nasceu como ramo das ciências jurídicas, por conta das observações fei- tas pelos estudiosos a respeito do comportamento da vítima perante o ordenamento jurídi- co em vigor. d) A Vitimologia surgiu, como ramo da Criminologia, em 1876, por meio da obra “O Homem Delinquente”, de Cesare Lombroso. e)O comportamento da vítima sempre contribui para a ocorrência do crime contra si praticado. 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Na letra D, a Vítima nasceu como ramo da Criminologia a partir das formulações de Benjamin Mendelsohn, no contexto pós Segunda Guerra Mundial. Na letra E, o comportamen- to da vítima pode ou não contribuir para a ocorrência do crime. Tanto é assim que na própria classicação de Mendelsohn está prevista a categoria de vítima totalmente inocente, também chamada de vítima ideal, que não tem “culpa” na infração penal, ou seja, não concorre de forma alguma para o evento. Letra b. 021. (FAPEMS/2017/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA) Dentro da criminologia, tem-se a ver- tente da vitimologia, que estuda de forma ampla os aspectos da vítima na criminalidade, e é dividida em primária, segundária e terciária. Da análise dessa divisão, pode-se armar que a vitimização terciária ocorre, quando a) a vítima tem três ou mais antecedentes. b) a vítima é parente em terceiro grau do ofensor. c) um terceiro participa da ação criminosa. d) a vítima é abandonada pelo estado e estigmatizada pela sociedade. e) duas ou mais pessoas cometem o crime. A questão adotou o conceito de vitimização terciária de Nestor Sampaio Penteado Filho. Para ele, a vitimização terciária consiste na “falta de amparo dos órgãos públicos às vítimas; nesse contexto, a própria sociedade não acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra”. Letra d. 022. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Nos crimes de extorsão mediante sequestro, por exemplo, pode ocorrer a chamada Síndrome de Estocolmo, que consiste a) na doença que os sequestradores sofrem. b) na identicação aetiva da vítima com o criminoso, pelo próprio instinto de sobrevivência. c) em uma teoria que os órgãos públicos utilizam para reduzir a criminalidade. d) no arrependimento do criminoso em razão do descontrole emocional e) no trauma que a vítima adquire em razão do sofrimento. 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(VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Quando ocorre a falta de amparo da família, dos colegas de trabalho e dos amigos, e a própria sociedade não acolhe a vítima, incentivando-a a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra ne- gra, está-se diante da vitimização a) caracterizada. b) secundária. c) descaracterizada. d) primária. e) terciária. O conceito de vitimização terciária está, todavia, em fase de concretização, não havendo con- senso sobre o signicado do termo. Para alguns autores, ocorre a vitimização terciária quan- do a vítima do crime é abandonada ou ridicularizada em seu meio social: pela comunidade, familiares, amigos etc. Há uma exaltação do criminoso e humilhação da vítima primária pe- las instâncias informais de controle social. Como decorrência da vitimização terciária pode haver o aumento da subnoticação criminal, ou seja, da cira negra. As vítimas podem, por exemplo, optar por não registrar uma ocorrência diante do medo de serem ridicularizadas no grupo social. Esse conceito de vitimização terciária tem sido o mais frequentemente adotado pela Vunesp. Letra e. 024. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A reparação dos danos e a indeni- zação dos prejuízos à vítima são vistas pela doutrina como: a) uma importante tendência político-criminal observada na Lei n.º 9.099/95. b) um problema que cabe apenas ao Direito Civil tratar. c) uma teoria que vê a vítima como uma parte autossuciente no crime. d) algo obsoleto, que não cabe mais sua discussão. e) um fato que serve exclusivamente como base para cálculo da pena do criminoso. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 73 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias A Lei n. 9.099/1995, Lei dos Juizados Especiais Criminais, marcou uma mudança paradigmáti- ca no ordenamento jurídico brasileiro em direção à consideração da vítima na relação delitiva. Seu art. 62 dispõe expressamente que o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Letra a. 025. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A autorrecriminação da vítima pela ocorrência de um crime, por meio da busca por causas que, eventualmente, tornaram-na responsável pelo delito, é denominada. a) homovitimização. b) heterovitimização c) vitimização primária. d) vitimização secundária e) vitimização terciária Heterovitimização é o nome que se dá à autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime. A vítima se sente culpada, se autorresponsabiliza, buscando em si mesma as razões para a ocorrência do delito. Letra b. 026. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O indivíduo que é lesado por um estelionatário, o qual aplica-lhe o clássico golpe do “bilhete premiado”, é considerado, de acor- do com a classicação proposta por Mendelsohn, vítima. a) exclusivamente culpada. b) inocente. c) tão culpada quanto o criminoso. d) menos culpada do que o criminoso. e) mais culpada do que o criminoso. Na classicação de Benjamin Mendelsohn, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima). A vítima tão culpada quanto o delinquente é aquela O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 74 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias que dá causa ao resultado, como, por exemplo, no caso da rixa (briga), da eutanásia, da dupla suicida, do aborto consentido e dos crimes de estelionato em que a vítima tenta se aproveitar de uma situação pretensamente muito vantajosa que lhe é apresentada. O golpe do bilhete premiado se encaixa nesse último exemplo de vítima tão culpada quanto o delinquente. Letra c. 027. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O estudo da contribuição da ví- tima na ocorrência de um crime, e a infuência dessa participação na dosimetria da pena, é denominado: a) vitimodogmática. b) perigosidade criminal. c) infortunística. d) círculo restaurativo. e) iter victimae Dá-se o nome vítimo-dogmática às implicações que a Vitimologia causou na dogmática penal, sobretudo a partir da Alemanha na década de 1990. A vitimo-dogmática analisa a contribuição da vítima para a ocorrência de um crime O essencial na discussão desse tema é o estudo da responsabilidade da vítima na experiência que sofreu e o consequente impacto, na dosimetria da pena, de sua eventual contribuição. Letra a. 028. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entendese por vitimi- zação terciária. a) o sofrimento causado pela posterior perseguição da vítima pelo autor do crime. b) os prejuízos causados pelo crime praticado contra a vítima c) aquela oriunda dos familiares e do círculo de relações sociais da vítima, que a segregam, excluem e até humilham, em virtude do crime por ela sofrido. d) o sofrimento causado pelos órgãos públicos encarregados da persecução criminal. e) aquela denominada “terceirização da vitimização”, isto é, advinda de terceiros, estranhos ao círculo de familiares e amigos da vítima Não há, todavia, consenso sobre o conceito de vitimização terciária. Para a linha de pensa- mento adotada pela Vunesp, ocorre a vitimização terciária quando a vítima primária do crime é abandonada ou ridicularizada em seu meio social: pela comunidade, familiares, amigos etc. Há uma exaltação do criminoso e humilhação da vítima primária pelas instâncias informais de controle social. Letra c. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 75 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 029. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA) O comportamento inadequado da vítima que de certo modo facilita, instiga ou provoca a ação de seu verdugo é denominado a) vitimização terciária. b) vitimização secundária. c) periculosidade vitimal. d) vitimização primária. e) vitimologia. A periculosidade vitimal diz respeito ao comportamento inapropriado da vítima que de certo modo facilita, instiga ou provoca a ação do agressor. Assim, a periculosidade vitimal não é distribuída igualmente na população, já que algumas pessoas têm mais propensão a se tor- nar vítimas. A Vitimologia deve concentrar seus esorços na identicação de meios capazes de afastar o “complexo do perigo”, que equivale à soma de elementos que determinam quais pessoas se tornarão vítimas. Letra c. 030. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O estudo da vitimologia atual, ba- seada numa tendência política criminal eciente, privilegia a) a assistência social ao delinquente, bem como um atendimento eciente do poder público. b) a assistência psicológica à vítima e tratamento adequado ao delinquente, para sua recuperação. c) uma pena que recupere o delinquente, sociabilizando-o, com trabalho e educação. d) uma punição exemplar para o delinquente, de forma que se cumpra a função retributi- va da pena. e) a reparação dos danos e indenização dos prejuízos da vítima. Nas primeiras formulações vitimológicas, havia a tendência de analisar os crimes mais co- muns e de considerar,de certa maneira, a vítima como culpada pelo delito. Era uma Vitimolo- gia carregada de preconceitos, pré-julgamentos e que tenderia à coculpabilização da vítima. Atualmente, a tendência da Vitimologia é de adotar um direcionamento mais humanitário ou solidarista, com a nítida preocupação de conferir à vítima um papel de destaque nos procedi- mentos de apuração de responsabilidades, de proteger seus interesses e sua dignidade, e de ressarcir seus prejuízos. Letra e. 031. (FCC/2012/DPE-PR DEFENSOR PÚBLICO) Considere os acontecimentos abaixo. I – No dia 16 de outubro, após um dia exaustivo de trabalho, quando chegava em sua casa, às 23:00 horas, em um bairro afastado da cidade, Maria foi estuprada. Naquela mesma data, fora O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 76 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias acionada a polícia, quando então foi lavrado boletim de ocorrência e tomadas as providências médico-legais, que constatou as lesões sofridas. II – Após o fato, Maria passou a perceber que seus vizinhos, que já sabiam do ocorrido, a olha- vam de forma sarcástica, como se ela tivesse dado causa ao fato e até tomou conhecimento de comentários maldosos, tais como: “também com as roupas que usa (...)”, “também como anda, rebolando para cima e para baixo” e etc., o que a deixou profundamente magoada, humi- lhada e indignada. III – Em novembro, fora à Delegacia de Polícia prestar informações, quando relatou o ocorrido, relembrando todo o drama vivido. Em dezembro fora ao fórum da Comarca, onde mais uma vez, Maria foi questionada sobre os fatos, revivendo mais uma vez o trauma do ocorrido. Os acontecimentos I, II e III relatam, respectivamente processos de vitimização: a) primária, secundária e terciária. b) primária, terciária e secundária. c) secundária, primária e terciária. d) terciária, primária e secundária. e) secundária, terciária e primária. No item I, o foco principal é o abuso sexual sofrido por Maria. Nesse momento ela passou por um processo de vitimização primária, que é aquela em que é aquela em que o sujeito é atingido pela prática do crime ou de um fato traumático. No item II, o foco principal é a humilhação por que passou Maria em seu meio social. Nesse momento, ela foi alvo de vitimização terciária, que, em uma de suas acepções, diz respeito ao processo de ridicularização que a vítima primá- ria do crime sofre em seu meio social. Há uma exaltação do criminoso e humilhação da vítima primária pelas instâncias informais de controle social. No utem III, o foco principal está no fato de Maria ter que reviver o trauma, relatando os fatos mais de uma vez. Trata-se, nesse ponto, de um processo de vitimização secundária: a vítima primária é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuaçãomeramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. Trata-se dos custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân- cias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, comparecimento a inúmeros atos processuais, identicação dos suspeitos, perícia, etc. O sistema penal coisi- ca a vítima, tratando-a como mero objeto e não como pessoa titular de direitos e merecedora de dignidade. Letra b. 032. (FCC/2009/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) A expressão ‘cifra negra’ ou oculta, refere-se a) às descriminantes putativas, nos casos em que não há tipo culposo do crime cometido. b) ao fracasso do autor na empreitada em que a maioria tem êxito. c) à porcentagem de presos que não voltam da saída temporária do semi-aberto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 77 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias d) à porcentagem de crimes não solucionados ou punidos porque, num sistema seletivo, não caíram sob a égide da polícia ou da justiça ou da administração carcerária, porque nos presí- dios ‘não estão todos os que são’. e) à porcentagem de criminalização da pobreza e à globalização, pelas quais o centro exerce seu controle sobre a periferia, cominando penas e criando fatos típicos de acordo com seus interesses econômicos, determinando estigmatização das minorias. A cifra negra diz respeito à parcela de crimes que não chegam ao conhecimento da polícia, da justiça ou da administração carcerária e que, portanto, não são solucionados ou punidos. Tra- ta-se, portanto, da diferença entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida. Ela se deve a vários fatores, dentre os quais se encontra a seletividade do sistema penal, que direciona sua engrenagem para a parcela mais marginalizada da população. Assim, nem todas as pessoas que praticam atos denidos como crimes caem nos ltros do controle social ormal. Letra d. 033. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Entende-se por ci- fras negras a) as ocorrências criminais não registradas nos órgãos policiais responsáveis, em prejuízo do interesse da sociedade. b) somente os delitos praticados pelos criminosos de colarinho branco, em prejuízo da co- letividade. c) os crimes hediondos praticados com violência ou grave ameaça. d) os crimes de menor potencial ofensivo praticados sem violência ou grave ameaça. e) apenas os crimes praticados por policiais, que não são apurados, por temor de represália. As cifras negras dizem respeito aos crimes que deixam de ser reportados às instâncias poli- ciais, dando margem à subnoticação criminal. Quando as ciras negras são muito signicati- vas, as estatísticas deixam de ser conáveis e o Poder Público encontra séria diculdade em equacionar os problemas, já que não conhece sua real dimensão. O maior prejudicado, nesse caso, é a própria sociedade. Há outras duas alternativas na questão que dizem respeito a cifras criminológicas. Na letra B, os crimes dos poderosos, também conhecidos como delitos do co- larinho branco, quando cam impunes, conguram a chamada cira dourada. Na letra E, temos um exemplo de cifra amarela, que corresponde aos casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração. Nas letras C e D, como não é mencionada a diferença entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida, não há sequer que se falar em cifras. Letra a. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 78 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 034. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alterna- tiva correta no que diz respeito à classicação dos tipos de vítimas segundo Hans Von Hentig. a) Vítima com ânsia de viver – denomina-se assim aquela que, sob o pretexto de que a per- secução judicial lhe causaria maiores danos do que o próprio sofrimento resultante da ação criminosa, acaba deixando de processar o autor do delito. São vistos tais comportamentos geralmente nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens. b) Vítima imune – é considerada dessa forma a pessoa que, em decorrência de seu cargo, função, ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive, acredita que não está sujeita a qualquer tipo de ação delituosa que possa transformá-la em vítima. Um exemplo é o padre. c) Vítima falsa – é taxada dessa forma a vítima que, pela cobiça, pelo anseio de se enriquecer de maneira rápidaou fácil, acaba sendo ludibriada por estelionatários ou vigaristas. d) Vítima que se converte em autor – denomina-se assim a vítima que, por não aceitar ser agredida pelo autor, reage e passa a agredi-lo da mesma forma, sempre em sua defesa ou em defesa de outrem, ou também no caso de cumprimento do dever. Nessa situação, há sempre a disposição da vítima em lutar com o autor. e) Vítima da natureza – denomina-se assim a pessoa que possui uma tendência natural de se tornar vítima. Isso pode decorrer da personalidade deprimida, desenreada, libertina ou afita da pessoa, sendo que esses tipos de personalidade podem de algum modo contribuir com o criminoso. Vítima imune é aquela que, por ser famosa ou por ocupar algum posto, cargo ou função de prestígio, os delinquentes evitam vitimar, diante da repercussão que o caso pode ganhar. É o caso de padres, jornalistas, personalidades, políticos etc. Na letra A, a vítima que deixa de processar o autor de delito por saber que a perseguição do agressor seria mais infrutífera ou danosa à própria vítima é denominada vítima indefesa. Na letra C, vítima falsa é aquela que, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa falsamente a alguém a prática de um crime contra si, mesmo não tendo sido vítima de delito algum. A vítima de estelionato pode ser, na classicação de Mendelsohn, catalogada como vítima tão culpada como o criminoso. Na letra D estão descritas situações de legítima defesa e estrito cumprimento do dever legal, que são causas de exclusão da ilicitude, não sendo possível dizer que a vítima se transformou em autor de um delito. Ademais, vítima que se converte em autor não é uma classicação consagrada na Vitimologia. Na letra E, a pessoa que possui uma tendência natural de se tornar vítima é denominada vítima nata. Letra b. 035. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Do ponto de vista vi- timológico, vítima falsa é aquela que: a) consente com a prática do delito. b) tolera a lesão sofrida pelo temor de perseguição por seu algoz. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 79 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias c) se autovitimiza com o m de obter beneícios para si. d) detém predisposição permanente e inconsciente para se tornar vítima. e) deixa de comunicar o crime sofrido às autoridades competentes. A vítima falsa ou simuladora é aquela que, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa falsamente a alguém a prática de um delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de crime algum. Ela simula um delito, se autovitimiza, para obter benefícios. Na letra A está descrita a vítima voluntária. Na letra B, a vítima indefesa. Na letra D, a vítima nata. E na letra E, a vítima omissa ou ilhada. Letra c. 036. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) Buscam incansavelmente a repara- ção judicial pelos danos sofridos ou a punição dos autores, comunicando o fato criminoso às autoridades públicas. Trata-se de vítimas a) incansáveis. b) desatentas. c) conscientes. d) persistentes. e) atuantes. Vítima atuante ou inconformada é aquela que busca determinadamente a punição dos autores e a indenização dos danos sofridos, comunicando diligentemente o fato criminoso às autori- dades competentes. Letra e. 037. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os estudos vitimológicos permitem estudar a criminalidade real, por meio dos registros efetuados pela própria vítima. A falta desses registros gera a(o) chamada(o) a) gráco incompleto. b) estatística branca. c) cifra negra. d) ponto obscuro. e) incongruência estatística. O conceito de ciras negras reere-se à parcela de crimes que não integra as contagens ociais. Trata-se da diferença entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida. São os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Por isso as esta- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 80 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias tísticas criminais não refetem a criminalidade real, mas apenas uma parte dela, restando uma cifra negra, oculta, difícil de decifrar. As pesquisas de vitimização, ou seja, realizadas com a po- pulação em geral questionando se foram vítimas de algum crime, procuram suprir essa lacuna. Letra c. 038. (VUNESP/2013/PC-SP/AGENTE DE POLÍCIA) Os “crimes de colarinho branco” são deli- tos conhecidos na Criminologia por a) crimes contra a dignidade social. b) crimes de menor potencial ofensivo. c) cifras cinza. d) cifras amarelas. e) cifras douradas. Em Criminologia, as cifras são usadas para expressar uma parcela de criminalidade que, pelas mais variadas razões, não chegam ao conhecimento das autoridades ou não são apuradas, em consequência do efeito funil da seleção quantitativa. As cifras douradas correspondem aos crimes dos poderosos praticados no contexto laboral, também conhecidos como delitos do colarinho branco, que cam impunes. A alternativa E não ala da dierença entre criminalidade real e criminalidade conhecida, mas é a que melhor se encaixa na questão, já que os crimes de colarinho de branco não são crimes contra a dignidade (em geral são crimes de aspecto econômico, contra a ordem nanceira, contra a relação de consumo, etc.); não são crimes de menor potencial ofensivo, pois são dotados de penas altas, dada a gravidade da conduta e o número de pessoas que podem ser lesadas; não estão necessariamente relacionados à cifra cinza, que consiste nos crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém que não chegam a virar um processo penal; não estão relacionados com à cifra amarela, que diz respeito aos casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração; e, por m, os crimes de colarinho branco estão, necessariamente, ligados ao conceito de ci- fra dourada. Letra e. 039. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Uma das primeiras classica- ções, de forma sintética, da vítima em grupos, quanto à sua participação ou provocação no crime foi: vítima inocente, vítima provocadora e vítima agressora, simuladora ou imaginária. Essa classicação é atribuída a: a) Cesare Lombroso. b) Hans von Hentig. c) Benjamin Mendelsohn. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 81 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias d) Kurt Schneider. e) Hans Gross. A classicação constante do enunciado é de Benjamin Meldensohn, advogado israelita que se ocupou da Vitimologia na pós Segunda Guerra Mundial. Para ele, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima). Letra c. 040. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) De acordo com Benjamin Men- delsohn, as vítimas são classicadas em: a) vítimas primárias, vítimas secundárias e vítimas terciárias. b) vítimas ideais, vítimas menos culpadas que os criminosos, vítimas tão culpadas quanto os criminosos, vítimas mais culpadas que os criminosos e vítimas como únicas culpadas. c) vítimas desatentas, vítimas desinformadas, vítimas descuidadas, vítimasinocentes, vítimas provocativas e vítimas participativas. d) vítimas perfeitas, vítimas participativas, vítimas concorrentes, vítimas imperfeitas e vítimas contumazes. e) vítimas inocentes, vítimas conscientes e vítimas culpadas. Na classicação do advogado israelita Benjamin Meldensohn, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima). Letra b. 041. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) A expressão “cifra negra”, em Criminologia, corresponde ao número de a) erros judiciais (decisões judiciais incompatíveis com a realidade dos fatos). b) crimes ocorridos e não reportados à autoridade. c) criminosos reincidentes. d) prisões efetuadas injustamente. Crimes que ocorrem, mas não chegam ao conhecimento do poder estatal, integram o que se chama de “cira negra” ou cira oculta da criminalidade, que também pode ser denida como a O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 82 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias diferença entre a criminalidade real – isto é, a totalidade de delitos praticados – e a criminali- dade conhecida ou revelada. Letra b. 042. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Para a Vitimologia, a vítima agressora, simuladora ou imaginária também é conhecida por: a) vítima inocente. b) vítima menos culpada que o criminoso. c) vítima tão culpada quanto o criminoso. d) pseudovítima ou vítima totalmente culpada. e) vítima ideal Na classicação das vítimas de Benjamin Mendelsohn, que leva em conta a participação ou provocação da vítima, temos: a) vítimas ideais (completamente inocentes); b) vítimas menos culpadas que os criminosos (ou vítimas por ignorância); c) vítimas tão culpadas quanto os cri- minosos; d) vítimas mais culpadas que os criminosos (vítimas por provocação que dão causa ao delito); e) vítimas como únicas culpadas (vítimas agressoras, simuladas, simuladoras, ima- ginárias ou pseudovítimas). Letra d. 043. (VUNESP/2013/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSOPISTA POLICIAL) A vitimologia é uma ciência que se ocupa do estudo da vítima e da vitimização, dessa orma, a classicação das vítimas em “vítima ideal ou inocente; provocadora; e, agressora ou imaginária” foi proposta por: a) Israel Drapkin. b) Edwin Sutherland. c) Hans Von Hentig. d) Hans Gross. e) Benjamin Mendelsohn. Na classicação do advogado israelita Benjamin Meldensohn, a vítima pode ser: totalmente inocente (ou ideal); menos culpada que o delinquente (ou vítima por ignorância); tão culpada quanto o delinquente; mais culpada que o delinquente (ou provocadora); e única culpada (ou agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima). Ele sintetiza essa classicação em três grupos: o da vítima inocente (que não concorre de forma alguma para o crime); o da vítima provocadora (que contribui com o ânimo criminoso); e o da vítima agressora. Letra e. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 83 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 044. (VUNESP/2014/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A criminologia moderna estuda o fenômeno da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa seara, a expressão “cifra dourada” designa. a) o total de delitos registrados e de conhecimento do poder público que são elucidados. b) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas; trata-se de um subtipo da “cira negra”, a exemplo do crime de sonegação scal c) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao ser elucida- do, permite ao poder público planejar melhor suas ações e alterar a legislação d) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º 9.099/95, a exemplo do delito de perturbação do sossego alheio e) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao conheci- mento do poder público por falta de registro, e, portanto, não são elucidados A cira dourada diz respeito delitos cometidos pelos poderosos que cam impunes. Quando alguém dos altos estratos sociais comete um crime contra o sistema nanceiro ou um crime tributário, por exemplo, é possível que que sem punição porque o sistema penal é desenhado para selecionar a criminalidade de rua, cometida pelos pobres. A sonegação scal é um exem- plo de criminalidade da elite que, em muitos casos, ca impune e integra a cira dourada. A cifra dourada é um subtipo da cifra negra, que é, de maneira mais genérica, a diferença entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida. Letra b. 045. (CEBRASPE/2018/PC-SE DELEGADO DE POLÍCIA) Texto 1A9-II No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a vio- lência doméstica contra a mulher, e a incorporação do eminicídio ao Código Penal refetiu o reconhecimento de conduta criminosa reiterada relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra mulheres é superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser resultado de uma subnoticação desse tipo de violência. Internet: (com adaptações). Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia. De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os co- municados às agências de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em con- sonância com os dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II), que indica a ocorrência de subnoticação nos casos de estupros praticados em Sergipe. Esse O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 84 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias enômeno, de apenas uma parcela dos crimes reais ser registrada ocialmente pelo Estado, é o que a criminologia chama de cifra negra da criminalidade. A cira negra corresponde àquela parcela de crimes que não integra as contagens ociais. São os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Os crimes sexuais apresentam altíssimas taxas de subnoticação. Acredita-se que a dierença entre os crimes sexuais praticados e aqueles que são comunicados é de 90%. Por isso as esta- tísticas criminais não refetem a criminalidade real, mas apenas uma parte dela, restando uma cifra negra, oculta, difícil de decifrar. As pesquisas de vitimização, ou seja, realizadas com a po- pulação em geral questionando se foram vítimas de algum crime, procuram suprir essa lacuna. Certo. 046. (VUNESP/2013/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) São conhecidas por __________os crimes que não são registrados em órgãos ociais encarregados de sua repressão, em decor- rência de omissão das vítimas, por temor de represália. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. a) estatísticas azuis b) estatísticas brancas c) cifras douradas d) cifras negras e) cifras cinza A ciranegra corresponde àquela parcela de crimes que não integra as contagens ociais. São os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. A omissão das vítimas, por temor de represália, é um dos motivos que estão na base das cifras negras. Outros motivos podem levar à subnoticação, como a revitimização, a descrença no aparato repressivo, a falta de recursos ou de tempo, a sensação de vergonha e humilhação no meio social, o desconhecimento do modo de funcionamento das instâncias de controle social etc. Letra d. 047. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) Uma inormação conável e contrastada sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é imprescindível, tanto para ormular um diagnóstico cientíco, como para desenhar os oportunos programas de pre- venção. Assinale a alternativa correta: a) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 85 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias do Estado. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e econômico. b) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin- quentes. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e econômico. c) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin- quentes. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucida- dos dos crimes de rua. d) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos de- linquentes. A cifra negra corresponde à violência policial, cujos índices não são levados ao conhecimento das corregedorias. e) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucida- dos dos crimes de rua. A questão versava sobre o conceito de cifra negra, que é aquela parcela de crimes que não in- tegra as contagens ociais. São os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Tecnicamente, cifra negra não diz respeito somente aos crimes de rua, mas a todos tipos de crime. Analisando as demais alternativas, no entanto, ca claro que a letra E contém a melhor resposta. Na letra A, a ausência de registro de práticas antissociais do poder político e econômico é a cifra dourada, um subtipo da cifra negra. Nas letras B, C e D, a criminalidade real é a totalidade de delitos cometidos e não a parcela de crimes que chegou ao conhecimento do Estado. Letra e. 048. “A vítima do delito experimentou um secular e deliberado abandono. Desfrutou do máxi- mo protagonismo [...] durante a época da justiça privada, sendo depois drasticamente “neu- tralizada” pelo sistema legal moderno [...]” (MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio, 2008, p. 73). A Vitimologia impulsionou um processo de revisão cientíca do papel da vítima no enômeno delitivo. Leia as armativas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema. a) A vitimologia ocupa-se, sobretudo, do estudo sobre os riscos de vitimização, dos danos que sofrem as vítimas como consequência do delito assim como da posterior intervenção do sis- tema legal, dentre outros temas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 86 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias b) A criminologia tradicional desconsiderou o estudo da vítima por considerá-la mero objeto neutro e passivo, tendo polarizado em torno do delinquente as investigações sobre o delito, sua etiologia e prevenção. c) Os pioneiros da vitimologia compartilhavam uma análise etiológica e interacionista, sendo que suas tipologias ponderavam sobre o maior ou menor grau de contribuição da vítima para sua própria vitimização. d) A Psicologia Social destacou-se comomarco referencial teórico às investigações vitimológi- cas, fornecendo modelos teóricos adequados à interpretação e explicação dos dados. e) O redescobrimento da vítima e os estudos cientícos decorrentes se deram a partir da 1ª (Primeira) Guerra Mundial em atendimento daqueles que soreram com os eeitos dos confi- tos e combates. O redescobrimento da vítima teve lugar a partir da 2ª Guerra Mundial, em especial com os es- tudos de Benjamin Mendelsohn, advogado israelita que utilizou o termo Vitimologia em 1947 para descrever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Letra e. 049. (INSTITUTO ACESSO/2019/PC-ES DELEGADO DE POLÍCIA) A dor causada à vítima, ao ter que reviver a cena do crime, ao ter que declarar ao juiz o sentimento de humilhação experi- mentado, quando os advogados do acusado culpam a vítima, argumentando que foi ela própria que, com sua conduta, provocou o delito. Os traumas que podem ser causados pelo examemé- dico-forense, pelo interrogatório policial ou pelo reencontro com o agressor em juízo, e outros, são exemplos da chamada vitimização. a) indireta. b) secundária. c) primária. d) terciária. e) direta. A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de- sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân- cias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, comparecimento a inúmeros atos processuais, identicação dos suspeitos, perícia etc. A vítima se sente mal- tratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel e que, por vezes, descona de seu relato ou a responsabiliza pelo delito sorido. O O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 87 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias sistema penal coisica a vítima, tratando-a como mero objeto e não como pessoa titular de direitos e merecedora de dignidade. Letra b. 050. (CEBRASPE/2019/DPE-DF DEFENSOR PÚBLICO) A criminologia classica como vitimi- zação secundária a coisicação, pelas eseras de controle ormal do delito, da pessoa oendi- da, ao tratá-la como mero objeto e com desdém durante a persecução criminal. A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de- sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân- cias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, comparecimento a inúmeros atos processuais, identicação dos suspeitos, perícia, etc. A vítima se sente mal- tratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensaum tratamento condizente com seu papel e que, por vezes, descona de seu relato ou a responsabiliza pelo delito sorido. O sistema penal coisica a vítima, tratando-a como mero objeto e não como pessoa titular de direitos e merecedora de dignidade. Certo. 051. (Cebraspe/2018/PC-SE Delegado de Polícia) Texto 1A9-I: Sentença Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha) Processo n.º: XXXXXXX Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de dro- gas, lhe fez ameaça de morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a co- municação do fato e o pedido de medida protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público. Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez, cha- mar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que azer. Enm, enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, cará nesse ramerrão sem m — agressão, reclamação na polícia, alta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima deesa, muito mais ecaz que qualquer medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP. Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia. A sentença transcrita (texto 1A9-I) exemplica o que a teoria criminológica descreve como re- vitimização ou vitimização secundária, que se expressa como o atendimento negligente, o des- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 88 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias crédito na palavra da vítima, o descaso com seu sofrimento físico e(ou) mental, o desrespeito à sua privacidade, o constrangimento e a responsabilização da vítima pela violência sofrida. A sentença trasncrita traz exemplo de vitimização secundária, também conhecida como revi- timização ou sobrevitimização. Na vitimização secundária a vítima primária é objeto da insen- sibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimen- to, desrespeito à privacidade (procedimentos invasivos, perguntas sobre sua vida pessoal), comparecimento a inúmeros atos processuais, identicação dos suspeitos, procedimentos de perícia etc. A vítima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel e que, por vezes, descona de seu relato ou a respon- sabiliza pelo delito sorido. O sistema penal coisica a vítima, tratando-a como mero objeto e não como pessoa titular de direitos e merecedora de dignidade. Certo. 052. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos estudos desenvolvidos no âmbito da vitimologia. a) Os estudos, as teorias e as classicações desenvolvidos no âmbito da vitimologia demons- tram que a conduta da vítima não pode ser indicada como fator que, de algum modo, contribui para a prática do crime. b) Uma das grandes contribuições do atual estágio de desenvolvimento da vitimologia foi de- monstrar que o ênomeno da subnoticação é um mito e praticamente insignicante em ter- mos quantitativos. c) O aumento do número de crimes investigados e processados pode ocasionar uma maior vitimização secundária. d) O preconceito posterior à prática do crime que recai sobre a vítima, em crimes sexuais, por parte da sociedade em geral e que contribui para a subnoticação deste tipo de crime é deno- minado de vitimização primária. e) Pesquisas de vitimização devem, paulatinamente, substituir os indicadores criminais base- ados em registros de crimes. A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal es- tatal. São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, desrespeito à privacidade (procedimentos invasivos, perguntas sobre sua vida pessoal), comparecimento O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 89 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias a inúmeros atos processuais, identicação dos suspeitos, procedimentos de perícia etc. O aumento do número de crimes investigados pode, portanto, ocasionar maior vitimização se- cundária. Na letra A, a Vitimologia joga luz sobre o papel fundamental que a vítima desempe- nha no fenômeno criminal, analisando, por exemplo, a contribuição do ofendido como causa ou condição do evento delituoso. Na letra B, uma das grades contribuições da Vitimologia é a demonstração de imprescindibilidade das pesquisas de vitimização. Em lugar de se basearem nas estatísticas ociais, essas pesquisas perguntam às pessoas de um grupo social se elas foram vítimas de algum delito em certo marco temporal. Os resultados têm demonstrado que as taxas de subnoticação criminal – ou seja, de delitos que não são reportados às autorida- des ou que não são registrados adequadamente pelo Poder Público – são muito signicativas em uma série de delitos, como é o caso dos crimes sexuais. Na letra B, o fenômeno descrito se denomina vitimização terciária, em que a vítima primária do crime é abandonada ou ridicu- larizada em seu meio social: pela comunidade, familiares, amigos etc. Há uma exaltação do criminoso e humilhação da vítima primária pelas instâncias informais de controle social, me- canismo que pode levar à subnoticação criminal. Na letra E, o reconhecimento da importância das pesquisas de vitimização não implica seu emprego em substituição aos indicadores aos indicadores criminais baseados em registros de crimes. As estatísticas ociais baseadas em crimes registrados devem seguir existindo, com a ressalva de que não refetem elmente a realidade criminal de um dado grupo social. Letra c. 053. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à vitimologia. a) Na década de 80 do século XX, a ONU promulgou um dos principais diplomas internacionais no que diz respeito aos direitos das vítimas. b) Vitimização terciária é denida como o resultado dos obstáculos e sorimentos vivencia- dos pela vítima, em decorrência dos procedimentos legais da persecução penal desenvolvida pelo Estado. c) No Brasil, a vitimologia é sistematizada por autores nacionais a partir da década de 30 do século XX, ajudando a nortear a elaboração do Código Penal de 1940. d) Vitimização secundária é denida como o resultado da agressão infigida à vítima pelo au- tor do crime. e) O termo “vitimologia” foi cunhado na década de 20 do século XX, ao término da primeira guerra mundial. A Organização das Nações Unidas adotou, em 1985, a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder, um dos principais diplo- mas internacionais no que diz respeito aos direitos das vítimas. Na letra B, os obstáculos e O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-seaos infratores à responsabilização civil e criminal. 90 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias sofrimentos vivenciados pela vítima em decorrência da atuação do controle social formal for- mam a vitimização secundária. Na letra C, a Vitimologia passa a ser sistematizada no Brasil sobretudo na década de 1980, com a fundação da Sociedade Brasileira de Vitimologia (SBV), no Rio de Janeiro, em 1984. Na letra D, a agressão infigida à vítima pelo autor do crime é denominada vitimização primária. Na letra E, o termo Vitimologia foi cunhado por Benjamin Mendelsohn, egresso do campo de concentração nazista, no contexto de término da Segunda Guerra Mundial. Letra a. 054. (VUNESP/2018/PC-BA DELEGADO DE POLÍCIA) No que diz respeito aos estudos de- senvolvidos no âmbito da vitimologia, assinale a alternativa correta. a) O linchamento do autor de um crime por populares em uma rua pode ser classicado como uma vitimização secundária e terciária. b) A chamada da vítima na fase processual da persecução penal para ser ouvida sobre o crime, por inúmeras vezes, é denominada de vitimização secundária. c) A longa espera da vítima de um crime em uma delegacia de polícia para o registro do crime é denominada de vitimização terciária. d) A vítima só passa a ter um contorno sistemático em sua abordagem criminológica a partir do m da primeira guerra mundial, na segunda década do século XX. e) As pesquisas de vitimização têm por objetivo principal mensurar a vitimização secundária. Vitimização secundária é aquela em que a vítima é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal. São os custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal: espera em delegacia, tomada de depoimento, desrespeito à privacidade (procedimen- tos invasivos, perguntas sobre sua vida pessoal), comparecimento a inúmeros atos proces- suais, identicação dos suspeitos, procedimentos de perícia etc. Na letra A, o linchamento do autor de um crime é um exemplo de vitimização terciária, na concepção de Sérgio Salomão Shecaira, para quem a vitimização terciária não atinge a vítima primária do crime, mas sim o seu autor. Ela ocorre nas hipóteses em que o autor do ato delitivo acaba por receber um sofri- mento excessivo, como tortura, apedrejamento, linchamento. Seria, portanto, a vitimização do vitimizador. O linchamento não é exemplo de vitimização secundária, que é aquela consistente em sofrimentos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instâncias de controle social formal. Na letra C há outro exemplo de vitimização secundária. Na letra D, a vítima passa a ter contorno sistemático a partir do m da Segunda Guerra Mundial. Na letra E, as pesquisas de vitimização têm por objetivo principal conhecer e mensurar a criminalidade real, e isso relaciona-se com a vitimização primária, que é aquela em que o sujeito é atingido pela prática de um crime. Letra b. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 91 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias 055. (VUNESP/2013/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) O afeiçoamento da vítima em relação ao criminoso sequestrador, interagindo com ele pelo próprio instinto de sobrevivência, é chamado, pela Criminologia, de: a) complexo de Asperger. b) síndrome de Tourette. c) síndrome de Burnout. d) complexo de inferioridade. e) síndrome de Estocolmo. A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico em que a vítima passa a ter simpatia ou mesmo sentimento de amor e amizade em relação ao vitimizador após longo período de inti- midação. A vítima procura evitar comportamentos que desagradem o vitimador e, aos poucos, passa a encarar com simpatia os atos gentis do agressor, a quem pode pensar que deve sua vida. É um afeto, portanto, decorrente do instinto de sobrevivência da vítima, que sente que, de alguma maneira, o agressor se importa com ela. Letra e. 056. (VUNESP/2013/PC-SP/INVESTIGADOR) Um indivíduo que, ao abrir a porta de seu veí- culo automotor, a m de sair do estacionamento de um shopping center, é surpreendido por bandido armado que estava homiziado em local próximo, aguardando a primeira pessoa a quem pudesse roubar, é a) tão culpado quanto o criminoso. b) vítima ideal. c) mais culpado que o criminoso. d) exclusivamente culpado. e) vítima de culpabilidade menor. A vítima ideal é, na classicação de Mendelsohn, a vítima totalmente inocente, que não tem “culpa” na infração penal, ou seja, não concorre de forma alguma para o evento, como ocorre no caso do enunciado. Na letra A, a vítima tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária, é aquela que dá causa ao resultado, como, por exemplo, no caso da rixa (briga), da eutanásia, da dupla suicida, do aborto consentido e dos crimes de estelionato em que a vítima tenta se aproveitar de uma situação pretensamente muito vantajosa que lhe é apresentada. Na letra C, a vítima mais culpada que o delinquente (ou vítima por provocação) é aquela que o provoca o agressor, como, por exemplo, a vítima de um homicídio privilegiado praticado após injusta provocação. Na letra D, a vítima como única culpada (vítima agressora, simulada, simuladora, imaginária ou pseudovítima) é aquela que se coloca em situação de completo risco, como um O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 92 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias agressor que acaba sendo vítima de legítima defesa. Na letra E, a vítima de culpabilidade me- nor (ou vítima por ignorância), é menos culpada que o delinquente, como, por exemplo, aquele que anda com a bolsa aberta um lugar perigoso, sendo imprudente. Letra b. 057. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) As pessoas que apresentam predis- posição permanente e inconsciente para se tornarem vítimas, atraindo os criminosos, como por exemplo prostitutas e usuários de drogas, são chamadas de a) vítimas omissas. b) vítimas falsas. c) pseudovítimas. d) vítimas latentes. e) vítimas atuantes. Vítima latente ou potencial é aquela que aquela que apresenta comportamento, temperamento ou estilo de vida que atrai o delinquente. Possui, portanto, predisposição para se tornar vítima, atraindo criminosos, como é o caso de prostitutas e usuários de drogas. Na letra A, vítima omissa é aquela que se afasta das relações sociais e, por não participar da sociedade e viver isoladamente, deixa de relatar às autoridades competentes seus direitos violados. Na letra B, vítima falsa ou simuladora é aquela que, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa falsamente a alguém a prática de um delito contra si, mesmo não tendo sido vítima de crime algum. Na letra C, pseudovítima é a vítima exclusivamente culpada, de que é exemplo a pessoa que se coloca em situação de completo risco, como agressor que acaba sendo vítima de legíti- ma defesa. Na letra E, a vítima atuante ou inconformada é aquela que busca determinadamen- te a punição dos autores e a indenização dos danos sofridos, comunicando diligentemente o fato criminoso às autoridades competentes. Letra d. 058. (MPE-GO/2014/MPE-GO PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O Procurador de Jus- tiça Rogério Greco preconiza que “no que diz respeito às ciências criminais propriamente ditas, serve a criminologia como mais um instrumento de análise do comportamento delitivo, das suas origens, dos motivos pelos quais se delinque, quem determina o que se punir, quando punir, como punir, bem como se pretende, com ela,buscar soluções que evitem ou mesmo diminuam o cometimento das infrações penais”. No contexto da seara criminológica, aponte a alternativa incorreta: a) Stalking é um termo que designa a forma de violência na qual o sujeito ativo invade repetida- mente a esfera de privacidade da vítima, empregando táticas de perseguição e meios diversos de atuação, resultando dano à sua integridade psicológica e emocional, restrição à sua liber- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 93 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias dade de locomoção ou lesão à sua reputação, congurando, deste modo, uma modalidade de assédio moral. b) A teoria de anomia, a teoria da associação diferencial e a escola de Chicago são consideras teorias de consenso. c) A gura criminológica conhecida como “síndrome da mulher de potiar” pode ser utilizada como técnica de aferição da credibilidade da palavra da vítima nos crimes de conotação sexual. d) A “síndrome de Londres” se evidencia quando a vítima, como instinto defensivo, passa a apresentar um comportamento excessivamente lamurioso, demasiadamente submisso e com pedido contínuo de misericórdia. Na Síndrome de Londres, as vítimas adotam postura de enfrentamento com os agressores. Como estratégia de sobrevivência, a vítima adota postura de desobediência e embate com o agressor, por quem nutre profundo ódio. Esse mecanismo pode elevar as tensões entre vítima e vitmizador, vindo a ser fatal. Na letra A, stalking é a perseguição persistente descrita, e con- gura espécie de assédio moral, porém mais grave, revestindo-se de ilicitude penal. No Brasil, pode congurar a contravenção de perturbação da tranquilidade. Na letra B, a teoria da anomia, a teoria da associação diferencial e a escola de Chicago são teorias do consenso, pois partem do pressuposto de existência de objetivos comuns a todos os cidadãos, que aceitam as regras vigentes. Na letra C, a Síndrome da Mulher de Potifar diz respeito aos casos em que mulheres fazem falsa acusação de estupro ou outros abusos sexuais. Essa situação é particularmente delicada, já que os delitos sexuais são comumente praticados na ausência de testemunhas, fazendo com que prova pericial e a palavra da dupla penal (agressor e vítima) ganhem extre- ma relevância na apuração dos fatos. Por isso, os operadores do sistema de justiça criminal podem ter emmente essa gura criminológica para apurar cuidadosamente a verossimilhança da palavra da vítima. Letra d. 059. (FCC/2015/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO) Sobre a relação entre sistema penal e pobre- za é correto armar que a) a vertente criminológica do confito identica a pobreza como principal causa da criminali- dade e defende maior investimento social para reduzir as taxas de crimes. b) tal qual o processo de criminalização, a vitimização também é um processo seletivo que tem como alvo preferencial os mais pobres. c) por se tratar de uma questão de saúde, a internação das pessoas com transtorno mental pe- las medidas de segurança não se dá de maneira seletiva como no processo de criminalização. d) o surgimento da prisão como forma de punição por excelência nos séculos XVIII e XIX teve como fulcro a substituição de penas cruéis, mas somente nas últimas duas décadas passou a ser um mecanismo de controle social da pobreza. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 94 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias e) o efetivo respeito ao garantismo penal é capaz de reverter o caráter seletivo do sistema pe- nal brasileiro e sua consequente gestão autoritária da miséria. A Vitimologia demonstra que o risco de vitimização é seletivo e diferencial. Alguns grupos populacionais e segmentos sociais são particularmente propensos à vitimização. Minorias e grupos marginalizados atraem uma parcela signicativa de delitos. No Brasil, isso é acilmente observável nos delitos violentos. Os jovens negros são as principais vítimas de homicídio. Os escassos recursos socioeconômicos das vítimas pobres potencializam, ademais, os efeitos da revitimização, já que lhes é mais custoso enrentar as diculdades para azer girar com eciência o sistema de justiça criminal. Na letra A, a criminologia do confito abandona o pa- radigma etiológico, e não fala mais em causas da criminalidade. Defende-se, de fato, o maior investimento social, mas não porque a pobreza é causa dos delitos, e sim porque os marginali- zados formam a clientela preferencial do sistema de persecução penal. Na letra C, a aplicação de medida de segurança segue a mesma discricionariedade e seletividade das demais medi- das penais, sendo direcionada preferencialmente aos despossuídos sociais. Na letra D, o erra reside na referência às última duas décadas. De fato, com as reformas humanistas, a partir do século XVIII, os suplícios (penas desproporcionais, bárbaras e ostentosas) dão lugar a penas proporcionais. E no século XIX tem lugar o movimento de transformar a detenção na forma essencial de castigo. Foucault explica que a reforma pretensamente “humanista” não pretende punir menos, mas sim punir melhor. Quando o emprego da prisão se dissemina, ainda que não sejam empregados castigos violentos e sangrentos, trata-se, novamente, do corpo do conde- nado: da sua utilidade, da sua docilidade, da sua submissão. O poder disciplinar ganha força, sobretudo quando se verica a acumulação de capital e as grandes explosões demográcas da virada do século XIX para o século XX. Para Loïc Wacquant, uma das maiores transfor- mações políticas do último meio século (1950-2000) é a erupção do Estado penal nos EUA e suas repercussões em outras sociedades neoliberais. Na letra E, o garantismo penal não tem a pretensão de reverter o caráter seletivo do sistema penal. Reconhece-se a seletividade como intrínseca ao sistema. O que se busca é fornecer garantias para os cidadãos capturados pelas engrenagens penais. Letra b. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 95 de 96www.grancursosonline.com.br Vitimologia CRIMINOLOGIA Mariana Barrerias REFERÊNCIAS GARCÍA-PABLOS de Molina. GOMES, Luiz Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos. 5 ed. São Paulo: RT, 2006. HENTIG, Hans Von. The Criminal & His Victim: studies in the Sociobiology of Crime. [s.l.]: Ar- chon Books, 1967. HENTIG, Hans Von. Remarks on the Interaction of Perpetrator and Victim. In: Journal of Crimi- nal Law and Criminology (1931-1951). 31(3):303-309; Northwestern University Press, 1940. KOSOVSKI, Ester. Vitimologia e Direitos Humanos: uma boa parceria. Disponível em <http:// sbvitimologia.blogspot.com.br/>. Acesso em 17 abr. 2018. KOSOVSKI, Ester; SÉGUIN, Elida. Temas de Vitimologia. 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Mariana Barreiras Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência, Direito Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN - Legislação de Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora Técnica da Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de Promotoria do Ministério Público do Estado de SãoPaulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito Penal e Criminologia na Faculdade deDireito daUSP, dentro doProgramadeAperfeiçoamento do Ensino. Foimembro de diversas coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado pesquisas do Laboratório de Iniciação Cientíca. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da atualidade” e autora de artigos nos temas de Direito Penal e Criminologia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.