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Fundamentos da Economia - Tema 01 a 10

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RobeRt H . FRank
ben S . beRnanke
QuaRta ed ição
economia
PRincÍPioS de
Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052
F828p Frank, Robert H.
 Princípios de economia / Robert H. Frank, Ben S. Bernanke,
 Louis D. Johnston ; tradução: Heloisa Fontoura, Monica Stefani ;
 revisão técnica: Giácomo Balbinotto Neto, Ronald Otto Hillbrecht.
 – 4. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2012.
 xliv, 892 p. : il. ; 28 cm. 
 ISBN 978-85-8055-096-2
 1. Economia. I. Bernanke, Ben S. II. Johnston, Louis D.
 III. Título.
CDU 330
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Após ler este capítulo, você conseguirá:
 1. Definir concorrência imperfeita e descrever como ela se diferencia da con-
corrência perfeita.
 2. Definir poder de mercado e mostrar como isso afeta a curva de demanda da 
empresa.
 3. Explicar como os custos iniciais afetam as economias de escala e o poder de 
mercado.
 4. Entender e utilizar os conceitos de custo marginal e receita marginal para 
encontrar o nível de produção e de preço que maximize o lucro de um mo-
nopolista.
 5. Mostrar como o monopólio altera o excedente do consumidor, o excedente 
do produtor e o excedente econômico total relativo à concorrência perfeita.
 6. Descrever a discriminação de preços e seus efeitos.
 7. Discutir políticas públicas geralmente aplicadas aos monopólios naturais.
Alguns anos atrás, os estudantes em todos os Estados Unidos ficaram obce-cados pelo jogo Magic. Para jogá-lo, você precisa de um baralho de Magic 
Cards, fornecido apenas pelos criadores do jogo. Diferentemente de outros jogos 
de cartas comuns, que podem ser comprados na maioria das lojas por apenas 
um ou dois dólares, um baralho de Magic Cards é vendido por mais de $10. 
E como os Magic Cards não têm um custo de produção maior que o de cartas 
normais, seus produtores obtêm um enorme lucro econômico.
Em um mercado perfeitamente competitivo, os empreendedores enxerga-
riam este lucro econômico como dinheiro na mesa. Isso faria com que ofereces-
sem os Magic Cards a preços levemente inferiores, de modo que, enfim, os bara-
lhos fossem vendidos por um valor próximo de seu custo de produção, como os 
jogos de cartas comuns. Entretanto, os Magic Cards estão no mercado há anos, e 
isso não aconteceu. A razão é que as cartas são protegidas por direitos autorais, 
o que significa que os criadores do jogo receberam do governo uma licença ex-
clusiva para vendê-las.
MONOPÓLIO, 
OLIGOPÓLIO E 
CONCORRÊNCIA 
MONOPOLÍSTICA
CAPÍTULO 9
234 PARTE III IMPERFEIÇÕES DE MERCADO
O proprietário de um direito autoral é o exemplo de uma empresa imperfeita-
mente competitiva, ou formadora de preços, isto é, uma empresa com pelo menos 
alguma liberdade para estabelecer seu próprio preço. A empresa competitiva, ao con-
trário, é uma tomadora de preços, ou seja, não tem influência sobre o preço de seu 
produto.
Neste capítulo abordamos como os mercados atendidos por empresas imperfeita-
mente competitivas diferem daqueles servidos por empresas perfeitamente competiti-
vas. Uma diferença marcante é a capacidade da empresa imperfeitamente competitiva, 
sob certas circunstâncias, de cobrar mais do que seu custo de produção. Contudo, se 
o produtor dos Magic Cards pudesse cobrar o preço que desejasse, por que cobraria 
apenas $10? Por que não $100, ou até mesmo $1 mil? Veremos que, embora essa 
empresa possa ser a única vendedora de seu produto, sua liberdade de precificação 
está longe de ser absoluta. Também veremos como algumas empresas imperfeitamente 
competitivas conseguem obter lucro econômico, mesmo no longo prazo e sem prote-
ções governamentais, como direitos autorais. Finalmente, analisaremos por que a mão 
invisível de Adam Smith não está em evidência em um mundo atendido por empresas 
imperfeitamente competitivas.
CONCORRÊNCIA IMPERFEITA
O mercado perfeitamente competitivo é um ideal; os mercados reais que encontramos 
na vida diária diferem desse ideal em graus variados. Os livros de economia em geral 
distinguem três tipos de estruturas de mercado imperfeitamente competitivas. As clas-
sificações são um pouco arbitrárias, mas são bastante úteis na análise dos mercados 
do mundo real.
DIFERENTES FORMAS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA
O monopólio puro está muito distante do ideal perfeitamente competitivo, um mer-
cado no qual uma só empresa é a única vendedora de um produto único. O produtor 
de Magic Cards é um monopolista puro, assim como muitos fornecedores de energia 
elétrica. Se os moradores de Miami não comprarem sua eletricidade da Florida Power 
and Light Company, simplesmente ficarão sem eletricidade. No meio desses dois ex-
tremos há diferentes tipos de concorrência imperfeita. Aqui vamos nos concentrar em 
dois deles: concorrência monopolística e oligopólio.
Concorrência monopol íst ica
Lembre-se do capítulo sobre oferta perfeitamente competitiva que, em uma indústria 
perfeitamente competitiva, muitas empresas normalmente vendem produtos que são 
basicamente substitutos perfeitos dos outros. Em contrapartida, a concorrência mono-
polística é uma estrutura industrial na qual muitas empresas rivais vendem produtos 
parecidos, mas não são substitutos perfeitos. Os produtos rivais podem ser semelhan-
tes em muitos aspectos, mas, aos olhos de alguns consumidores, sempre há ao menos 
alguma característica que diferencia um produto do outro. A concorrência monopo-
lística tem em comum com a concorrência perfeita o fato de que não existem barreiras 
significativas que impeçam as empresas de entrar ou sair do mercado.
Os postos de gasolina locais são um exemplo de uma indústria monopolistica-
mente competitiva. A gasolina vendida por diferentes postos pode ser praticamente 
idêntica em termos químicos, mas a especial localização de um posto é uma carac-
terística que importa para muitos consumidores. As lojas de conveniência são outro 
exemplo. Embora a maioria dos produtos encontrados nas prateleiras de qualquer loja 
seja também oferecida pela maioria das outras, as listas de produtos de diferentes lojas 
não são idênticas. Algumas alugam DVDs,por exemplo, e outras não. E ainda mais im-
portante do que no caso dos postos de gasolina, a localização das lojas de conveniência 
é uma característica de diferenciação importante.
Lembre-se de que se uma empresa perfeitamente competitiva cobrasse apenas um 
pouco mais do que o preço corrente de mercado para seu produto, ela nada venderia. 
empresa formadora de 
preço ou imperfeitamente 
competitiva companhia 
que tem, pelo menos, alguma 
liberdade para estabelecer 
seu próprio preço
monopólio puro único 
fornecedor de um produto 
sem substituto próximo
concorrência monopolística 
estrutura industrial na qual 
muitas empresas fabricam 
produtos levemente 
diferenciados que são 
substitutos próximos, mas 
não perfeitos
Por que um baralho de 
Magic Cards é vendido 
por cerca de 10 vezes 
o preço dos baralhos 
comuns, embora não 
custe mais para ser 
produzido?
235CAPÍTULO 9 MONOPÓLIO, OLIGOPÓLIO E CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA
A situação é diferente para a empresa monopolisticamente competitiva. O fato de que 
seu produto não é um substituto perfeito para os de suas rivais significa que ela pode 
cobrar um preço levemente superior e não perder todos os seus clientes.
Entretanto, isso não significa que empresas monopolisticamente competitivas vão 
obter lucros econômicos positivos no longo prazo. Ao contrário, uma vez que novas 
empresas podem entrar livremente no mercado, uma indústria monopolisticamente 
competitiva é igual a uma indústria perfeitamente competitiva neste quesito. Se as 
atuais empresas monopolisticamente competitivas estivessem obtendo lucros econô-
micos positivos com os preços correntes, as novas empresas teriam um incentivo para 
entrar no setor. Haveria pressões negativas sobre os preços, pois um número maior de 
empresas competiria por um grupo limitado de potenciais consumidores.1 Contanto 
que se mantivessem os lucros econômicos positivos, a entrada continuaria e os preços 
cairiam ainda mais.Ao contrário, se as empresas em uma indústria monopolistica-
mente competitiva estivessem inicialmente sofrendo perdas econômicas, algumas delas 
começariam a sair do setor. Contanto que se mantivessem as perdas econômicas, a 
saída e as consequentes pressões positivas sobre os preços continuariam. Assim, no 
equilíbrio de longo prazo, as empresas monopolisticamente competitivas são, neste as-
pecto, essencialmente iguais às perfeitamente competitivas: todas esperam obter lucro 
econômico zero.
Embora as empresas monopolisticamente competitivas tenham liberdade para 
variar os preços de seus produtos no curto prazo, a precificação não é a decisão es-
tratégica mais importante que elas enfrentam. Uma questão muito mais importante é 
como diferenciar seus produtos daqueles das empresas rivais existentes. Um produto 
deve ser feito para se parecer o máximo possível com o produto de uma rival? Ou o 
objetivo é fazê-lo o mais diferente possível? Ou a empresa deve buscar algo no meio 
termo? Analisaremos essas questões no próximo capítulo, quando iremos nos concen-
trar nesse tipo de tomada de decisões estratégicas.
Oligopól io
Entre a concorrência perfeita e o monopólio puro existe o oligopólio, uma estrutura 
na qual todo o mercado é atendido por um pequeno número de grandes empresas. 
Vantagens de custos associadas a grandes empresas são uma das principais razões para 
o monopólio puro, como analisaremos agora. Normalmente o oligopólio também é 
consequência das vantagens de custo que impossibilitam as pequenas empresas de 
competir efetivamente.
Em alguns casos, os oligopolistas vendem produtos não diferenciados. No mer-
cado de serviços de telefonia celular, por exemplo, os produtos da AT&T, da Verizon e 
da Sprint são totalmente idênticos. A indústria de cimento é outro exemplo de oligopó-
lio que vende um produto absolutamente não diferenciado. Nesses casos, as decisões 
estratégicas mais importantes enfrentadas pelas empresas envolvem mais precificação 
e propaganda do que características específicas de seu produto. Discutiremos essas 
decisões no próximo capítulo.
Em outros casos, como as indústrias automobilística e de tabaco, os oligopolistas 
são mais concorrentes monopolísticos do que monopolistas puros, no sentido de que 
as diferenças nas características de seus produtos têm um efeito significativo sobre a 
demanda do consumidor. Muitos antigos compradores da Ford, por exemplo, jamais 
poderiam pensar em comprar um Chevrolet, e poucos fumantes trocaram de Camel 
para Marlboro. Assim como os oligopolistas que fabricam produtos não diferencia-
dos, a precificação e a propaganda são decisões estratégicas importantes nessas indús-
trias, bem como as relacionadas às características específicas do produto.
Uma vez que as vantagens de custo associadas a grandes companhias são normal-
mente tão importantes nos oligopólios, não há possibilidade de que a entrada e a saída 
oligopólio estrutura 
industrial na qual um 
pequeno número de grandes 
empresas fabrica produtos 
que são substitutos 
próximos ou perfeitos
1 Veja Edward Chamberlin, The Theory of Monopolistic Competition (Cambridge, MA: Harvard 
University Press, first edition, 1933, 8th, 1962) and Joan Robinson, The Economics of Imperfect 
Competition (London: Macmillan, first edition, 1933, second edition, 1969).
236 PARTE III IMPERFEIÇÕES DE MERCADO
levarão o lucro econômico para zero. Considere, por exemplo, um oligopólio atendido 
por duas empresas, cada uma delas obtendo lucro econômico. Uma nova empresa deve 
entrar nesse mercado? Possivelmente, mas também pode acontecer que uma terceira 
empresa, suficientemente grande para atingir as vantagens de custo das duas existen-
tes, inunde efetivamente o mercado, baixando tanto os preços que as três sofreriam 
perdas econômicas. Não existe garantia, no entanto, de que um oligopolista obterá um 
lucro econômico positivo.
Como veremos na próxima seção, a característica essencial que diferencia as em-
presas imperfeitamente competitivas das perfeitamente competitivas é a mesma em 
cada um dos três casos. Assim, neste capítulo, usaremos o termo monopolista para nos 
referirmos a qualquer um dos três tipos de empresas imperfeitamente competitivas. 
No próximo capítulo, consideraremos mais detalhadamente as decisões estratégicas 
enfrentadas pelos oligopolistas e pelas empresas monopolisticamente competitivas.
RECAPITULANDO CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA E 
OLIGOPÓLIO
A concorrência monopolística é a estrutura industrial na qual um grande núme-
ro de pequenas empresas oferecem produtos similares em muitos aspectos, mas 
que não são substitutos perfeitos aos olhos de alguns consumidores. As indústrias 
monopolisticamente competitivas se assemelham às indústrias perfeitamente com-
petitivas, pois a entrada e a saída fazem os lucros econômicos tenderem a zero no 
longo prazo.
O oligopólio é uma estrutura industrial na qual um pequeno número de gran-
des empresas atende todo o mercado. Vantagens de custos associadas a operações 
de grande escala tendem a ser importantes. Os oligopolistas podem produzir tanto 
produtos padronizados quanto diferenciados.
A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE EMPRESAS PERFEITAMENTE E 
IMPERFEITAMENTE COMPETITIVAS
Em cursos avançados de economia, os professores geralmente dão muita atenção à 
análise de diferenças sutis no comportamento de diversos tipos de empresas imperfei-
tamente competitivas. Muito mais importante para nossos objetivos, no entanto, é fo-
calizar a única característica comum que diferencia todas as empresas imperfeitamente 
competitivas de suas contrapartes perfeitamente competitivas: isto é, enquanto a em-
presa perfeitamente competitiva se depara com uma curva de demanda perfeitamente 
elástica para seu produto, a empresa imperfeitamente competitiva se depara com uma 
curva de demanda com inclinação negativa.
Na indústria perfeitamente competitiva, as curvas de oferta e de demanda 
cruzam-se para determinar o preço de equilíbrio de mercado. A esse preço, a em-
presa perfeitamente competitiva pode vender quantas unidades desejar. Ela não 
tem incentivos para cobrar mais do que o preço de mercado, pois, se fizer isso, 
nada venderá. Nem possui incentivos para cobrar menos do que o preço de 
mercado, porque pode vender quantas unidades desejar ao preço de mercado. 
A curva de demanda da empresa perfeitamente competitiva será, portanto, uma 
linha horizontal no preço de mercado, como vimos nos Capítulos 6 e 8.
Em contrapartida, se um posto de gasolina local – um concorrente imper-
feito – cobrasse alguns centavos a mais do que seu rival por um litro de gaso-
lina, alguns de seus clientes o abandonariam. Contudo, outros permaneceriam, talvez 
porque estejam dispostos a pagar um pouco mais para continuar abastecendo em um 
local mais conveniente. Assim, uma empresa imperfeitamente competitiva se depara 
com uma curva de demanda negativamente inclinada. A Figura 9.1 representa a dife-
rença entre as curvas de demanda com que se deparam as companhias perfeitamente 
competitivas e as imperfeitamente competitivas.
Se o posto Sunoco das 
ruas State e Meadow 
aumentasse seus preços 
em três centavos por 
litro, todos os seus 
clientes comprariam em 
outro posto?
237CAPÍTULO 9 MONOPÓLIO, OLIGOPÓLIO E CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA
CINCO FONTES DE PODER DE MERCADO
Diz-se que as empresas que se deparam com curvas de demanda negativamente incli-
nadas desfrutam de poder de mercado, um termo que se refere à sua capacidade de es-
tabelecer os preços de seus produtos. Um equívoco comum é pensar que uma empresa 
com poder de mercado pode vender qualquer quantidade ao preço que desejar. Ela não 
pode. Tudo o que ela pode fazer é estabelecer uma combinação preço-quantidade ao 
longo de sua curva de demanda. Se a empresa optar por aumentar seu preço, deve se 
preparar para vendas reduzidas.
Por que algumas empresas têm poder de mercado enquanto outras não? Como o 
poder de mercado muitas vezes traz consigo a capacidade de cobrar um preço acima 
docusto de produção, esse poder tende a surgir de fatores que limitam a competição. 
Na prática, os cinco fatores que conferem esse poder são: controle exclusivo sobre in-
sumos, patentes e direitos autorais, licenças governamentais ou franquias, economias 
de escala e economias de rede.
CONTROLE EXCLUSIVO SOBRE INSUMOS IMPORTANTES
Se uma única empresa controla um insumo essencial à produção de um determinado 
produto, esta terá poder de mercado. Por exemplo, à medida que alguns inquilinos 
estão dispostos a pagar um prêmio por um espaço de escritório no prédio mais alto 
da cidade de Chicaco, nos Estados Unidos, o Willis Tower, o proprietário desse prédio 
possui poder de mercado.
PATENTES E DIREITOS AUTORAIS
As patentes dão aos inventores ou desenvolvedores de novos produtos o direito exclu-
sivo de vender esses produtos por um determinado período de tempo. Ao isolar esses 
vendedores da concorrência por algum tempo, as patentes permitem que os inovadores 
cobrem preços mais altos para recuperar seus custos de desenvolvimento do produto. 
As companhias farmacêuticas, por exemplo, gastam milhões de dólares em pesquisa, 
na expectativa de descobrir novos remédios para doenças graves. Os remédios que elas 
descobrem ficam isolados da concorrência por um intervalo de tempo – atualmente 20 
anos, nos Estados Unidos – por meio de patentes governamentais. Durante a vida da pa-
tente, apenas seu proprietário pode vender o remédio legalmente. Esta proteção permite 
que o detentor da patente estabeleça um preço acima do custo marginal de produção 
para recuperar o custo de pesquisa do remédio. Da mesma forma, os direitos autorais 
protegem os autores de filmes, software, músicas, livros e outros trabalhos publicados.
LICENÇAS GOVERNAMENTAIS OU FRANQUIAS
A Yosemite Concession Services Corporation possui uma licença exclusiva do governo 
norte-americano para operar as atividades de alojamento e concessão no Yosemite 
poder de mercado 
capacidade da empresa de 
aumentar o preço de um 
bem sem perder todas as 
suas vendas
$/
un
id
ad
e 
de
 p
ro
du
çã
o
Empresa perfeitamente
competitiva
P
re
ço
Quantidade
(b)
D
0Quantidade
(a)
Preço de
mercado
D
0
Empresa imperfeitamente
competitiva
Figura 9.1
As curvas de demanda 
com que se deparam 
empresas perfeitamente 
e imperfeitamente 
competitivas.
(a) A curva de demanda com 
que se depara uma empresa 
perfeitamente competitiva 
é perfeitamente elástica no 
preço de mercado.
(b) A curva de demanda com 
que se depara uma empresa 
imperfeitamente competitiva 
é negativamente inclinada.
Conteúdo:
ECONOMIA
Daniele Fernandes
da Silva
Princípios básicos 
da economia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 n Reconhecer as diferentes áreas de conhecimento no estudo das 
 Ciências Econômicas.
 n Identi� car os precursores da Teoria Econômica.
 n Relacionar as funções do Estado na economia e sociedade.
Introdução
O estudo das ciências econômicas constitui-se um corpo unitário, mas 
passível de uma divisão entre as principais áreas do conhecimento, 
como a macroeconomia, a microeconomia, o desenvolvimento 
econômico e a economia internacional. Neste texto, você irá estu-
dar os principais teóricos responsáveis pela evolução do pensamento 
econômico, relacionando aspectos da vida política, social e econômica 
dos indivíduos, assim como compreender o papel do Estado nesses 
aspectos. 
Corpo de estudo das Ciências Econômicas
As Ciências Econômicas estão presentes no cotidiano dos indivíduos sem 
que eles a notem. Desde a decisão sobre o que comprar com o orçamento 
familiar até as notícias a respeito da política estão relacionadas à econo-
mia. Portanto, acaba-se por tomar decisões econômicas sem que se tenha 
um estudo aprofundado nessa área. Isso não signifi ca, contudo, que essas 
decisões e opiniões a respeito da política sejam adequadas, uma vez que é 
necessário aprofundar o conhecimento técnico dessa área, conhecida por 
sua complexidade. O estudo das Ciências Econômicas constitui-se de um 
corpo unitário de conhecimento da realidade, passível de uma divisão, 
Economia_U1_C01.indd 1 25/07/2017 18:21:48
principalmente por razões didáticas, entre quatro principais áreas: a micro-
economia, a macroeconomia, o desenvolvimento econômico e a economia 
internacional, veja a seguir:
 n Microeconomia: é o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do 
comportamento das unidades de consumo (indivíduos e famílias), assim 
como das empresas em relação à produção e à formação de preços dos 
diversos bens, serviços e fatores produtivos, tomando-se como base a 
demanda e a oferta de mercado. Os preços representam os sinais para 
o uso eficiente dos recursos que são escassos na sociedade.
 n Macroeconomia: estuda o comportamento do sistema econômico por 
um reduzido número de fatores, como a produção ou produto total 
de uma economia (Produto Interno Bruto [PIB] e Produto Nacional 
Bruto[PNB]), o nível de emprego e poupança, o investimento, o consumo 
e o nível geral dos preços. Os principais objetivos da macroeconomia 
estão relacionados ao crescimento do produto e do consumo, no ele-
vado nível de oferta de empregos, na inflação reduzida e controlada 
e no comércio internacional vantajoso. Também estuda as condições 
de equilíbrio entre a renda e a despesa nacionais, objetivadas pelas 
políticas econômicas de intervenção.
 n Desenvolvimento econômico: é a subárea responsável pelo estudo 
do processo de acumulação dos recursos escassos e da geração de 
tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços para a 
sociedade. O maior objetivo é que a riqueza gerada em uma nação seja 
distribuída entre os membros da sociedade, promovendo igualmente 
níveis satisfatórios de bem-estar.
 n Economia internacional: trata das condições de equilíbrio do comér-
cio externo, ou seja, entre as importações e as exportações, além dos 
fluxos de capital.
Existem, ainda, algumas terminologias próprias da área econômica de 
fundamental importância para o seu conhecimento, uma vez que tratam de 
assuntos que envolvem o dia a dia dos indivíduos em qualquer sociedade, 
assim como a sua interação. Entre esses termos podem ser citados os seguintes:
 n Agentes econômicos: são os próprios indivíduos, as instituições ou 
conjunto de instituições que, através das suas decisões e ações, es-
tabelecem relações econômicas entre si e intervêm em um circuito 
econômico. Cada agente econômico intervém nesse circuito de forma 
Princípios básicos da economia2
Economia_U1_C01.indd 2 25/07/2017 18:21:49
diferente, seja através da produção de bens ou serviços, pelo consumo 
ou pelo investimento. São considerados agentes econômicos:
 ■ Estado: responsável pela tomada de decisões de consumo e de in-
vestimento, mas relacionados à política econômica, representando 
as necessidades comuns dos indivíduos de uma sociedade. 
 ■ Famílias: tomam decisões sobre o consumo de bens e/ou serviços 
e de poupança, que estão condicionados aos rendimentos auferidos, 
assim como sobre a demanda por trabalho.
 ■ Empresas: também tomam decisões sobre investimento e de pro-
dução, bem como da oferta de trabalho.
 ■ Instituições financeiras: tomam decisões a respeito de seus serviços 
de intermediação financeira, tendo como contrapartida os juros e os 
prêmios (no caso dos seguros).
 ■ Exterior: suas decisões são acerca da troca de bens, serviços e 
capitais. 
Tipos de economias
Em uma economia fechada, sem a realização de trocas comerciais com o 
exterior, as relações econômicas se dão entre as instituições fi nanceiras, o 
Estado, as famílias e as empresas. Caso seja uma economia fechada, sem a 
intervenção do governo, o circuito econômico é formado apenas pelas ins-
tituições fi nanceiras, as empresas e as famílias. Em uma economia aberta, 
com governo, agora havendo transações comerciais com o exterior, o circuito 
econômico é maior, incluindo também o exterior. Na Figura 1, você pode 
observar a representaçãodo chamado Fluxo Circular da Renda em uma eco-
nomia fechada e sem governo.
3Princípios básicos da economia
Economia_U1_C01.indd 3 25/07/2017 18:21:49
Figura 1. Fluxo circular da renda em economia fechada e sem governo.
Conforme demonstra a Figura 1, as famílias oferecem os seus fatores de 
produção no mercado de fatores de produção, e eles são demandados pelas 
empresas para a produção de bens e serviços. Com o valor da venda desses 
bens e serviços pelas empresas, as famílias são remuneradas pela utilização de 
sua mão de obra física ou intelectual, seus imóveis ou terras, tecnologia, etc. 
Estas, por sua vez, decidem a parte de suas rendas que será gasta na aquisição 
de bens e serviços produzidos pelas empresas e a parte que será poupada 
junto às instituições financeiras. Com o dinheiro da poupança das famílias, as 
instituições financeiras dispõem de recursos para emprestar para as empresas. 
A troca física de fatores de produção e de bens e serviços é chamada de fluxo 
real, enquanto a troca monetária (gasto das famílias e remuneração dos fatores 
de produção pelas empresas) se constitui em fluxo monetário.
Quando se inclui o governo nesse fluxo, ele realiza seus gastos em serviços 
públicos para os demais agentes econômicos, utilizando os recursos dos tributos 
(taxas e impostos) pagos pelos mesmos. Abrindo essa economia para o comér-
cio exterior, ou seja, quando se trata de uma economia aberta, o exterior (ou 
resto do mundo) exporta os seus produtos para o país em questão, recebendo 
divisas por essa transação, mas também importa bens e serviços, tendo que 
Princípios básicos da economia4
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pagar por essa aquisição. O saldo entre as exportações e as importações se 
chama saldo comercial, que pode ser positivo ou negativo. 
Precursores da Teoria Econômica
Há aproximadamente 400 anos a.C. foi possível identifi car algumas referências 
à economia entre os primeiros fi lósofos da Grécia antiga. Aristóteles (384 
a.C.), foi um dos precursores da antiguidade, por meio de seus estudos sobre 
a administração privada e fi nanças públicas. Também Xenofonte (440-335 
a.C.), que cunhou o termo economia (oiko = casa; nomos = lei), no sentido de 
gestão dos bens privados, em que um casal deveria dividir as atribuições e 
responsabilidades perante a sua família. Neste caso, o homem tinha o dever 
sobre a propriedade, gerando patrimônio e bens, ao passo que a mulher teria o 
dever sobre o governo do lar, administrando a riqueza trazida pelo homem. Já 
Platão (427-347 a.C.) afi rmava que “[...] disfarçavelmente violento e ganancioso, 
o homem é levado pelo desejo de ter sempre mais (poder, glória, conforto, 
prazeres e vantagens, por exemplo) [...]” (PLATÃO apud FÉLIX, 2014).
Contudo, na antiguidade os estudos não apresentavam um padrão homo-
gêneo ou sistemático das relações econômicas, não havendo contribuições 
consistentes para o surgimento da Teoria Econômica. Assim, a atividade 
econômica do homem era tratada e estudada como parte integrante da filosofia 
social, moral e ética, devendo-se orientar pelos princípios gerais da ética, 
justiça e igualdade.
Foi apenas entre os séculos XV e XVIII, na era mercantilista, que a econo-
mia começou a dar os seus primeiros passos em termos de reconhecimento de 
campo científico. Nessa época, as preocupações se davam sobre a acumulação 
de riquezas em uma nação e o fortalecimento do Estado, ou seja, fomentar o 
comércio exterior seria o caminho para entesourar riquezas, mas restringindo 
as importações por meio de políticas protecionistas.
O acúmulo de metais (ouro e prata) adquiriu grande importância no período mercanti-
lista, pois considerava-se que o governo de um país seria mais forte e poderoso quanto 
maior fosse seu estoque desses metais. Surgem, portanto, relatos mais elaborados 
sobre a moeda, utilizada como dinheiro, instrumento de troca e medida de valores.
5Princípios básicos da economia
Economia_U1_C01.indd 5 25/07/2017 18:21:51
Nessa época, era grande a importância do Estado nos assuntos econômicos, 
defendendo o maior intervencionismo, mediante à implementação de novas 
indústrias, o controle do consumo interno de determinados produtos, propor-
cionando melhoria da infraestrutura e promovendo a colonização de novos 
territórios (monopólio) como forma de garantir o acesso a matérias-primas, 
bem como o escoamento de produtos manufaturados.
Era Clássica
No século XVIII, como reação ao mercantilismo, surgiu a primeira escola 
econômica. Foram os chamados fi siocratas que, na França, desenvolveram 
seus trabalhos originando a Teoria Econômica. O termo fi siocracia, signifi ca 
“governo da natureza”, ou seja, se considera a terra como a única fonte de 
riqueza. Deste modo, contradizendo os mercantilistas, os fi siocratas defendiam 
que a riqueza das nações era gerada pelo valor das terras agrícolas ou pelos 
produtos dessas terras, isto é, a importância destes era tamanha que deveriam 
ter os seus preços elevados. No mesmo sentido, o trabalho produtivo, relacio-
nado à lavoura, à pesca e à mineração, era a fonte de riqueza. 
O principal marco da fisiocracia foi o fato da intervenção estatal ser des-
necessária, contradizendo, mais uma vez, a crença dos mercantilistas. Essa 
dispensabilidade do estado devia-se a consideração da supremacia da lei da 
natureza, e tudo o que fosse contra esta seria derrotado. Portanto, acreditava-
-se em uma ordem natural que fazia com que o universo fosse regido por leis 
naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela providência divina 
para a felicidade dos homens. Para os fisiocratas, toda a vida permanece 
dependente da produtividade do solo bruto e a capacidade do meio ambiente 
natural se renovar. 
Os pensadores dessa época representam a Teoria Econômica Clássica. O 
principal deles, o professor Adam Smith, foi considerado o “pai” da economia, 
sendo reconhecido como tal após a publicação de seu livro A Riqueza das 
Nações em 1776, no qual defendia o liberalismo, ou seja, a livre concorrência e 
a desnecessidade do governo nas questões econômicas, o que ficou conhecido 
por laissez-faire, ou “deixar-fazer”, em francês. 
Outro importante pensador clássico a ser citado é David Ricardo, que, 
por meio de suas teorias de determinação do valor de renda da terra e das 
vantagens comparativas relacionadas ao comércio internacional, explica o 
porquê de as nações negociarem entre si.
Princípios básicos da economia6
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Era Neoclássica
Após a era Clássica, o pensamento econômico evoluiu para as teorias Neoclás-
sicas, iniciadas em meados da década 1870 e estendendo-se até as primeiras 
décadas do século XX. Esses estudos privilegiavam aspectos microeconômicos, 
pois defendiam o Estado mínimo, devido à crença de autorregulação dos 
mercados, deixando de lado questões macroeconômicas ou políticas. Deste 
modo, as contribuições da era neoclássica se deram pelos estudos de redução 
de custos, da utilidade marginal (capacidade de satisfazer as necessidades 
humanas), a lei da oferta e da demanda, a formação de preços, entre outros. 
As teorias Neoclássicas são utilizadas até os dias atuais e serviram como base e inspiração 
para a criação de outras posteriormente, no campo da microeconomia, como a análise 
do comportamento do consumidor (desejo de maximizar da utilidade/satisfação do 
consumo) e do comportamento do empresário (desejo de maximizar o lucro). 
A evolução da teoria microeconômica passou a considerar também res-
trições de fatores de produção e orçamentárias nas decisões de consumo 
e produção, desenvolveu conceitos de receitas e custos marginais (Teoria 
Marginalista), bem como a Teoria Quantitativa da Moeda, que relaciona a 
quantidade de dinheiro aos níveis de atividade econômica e de preços.
Dentre os teóricos neoclássicos, destaca-se Léon Walras, com sua Teoria 
Geral do Equilíbrio (dos preços), Willian Jevons, com a Teoria da Utilidade 
Marginal e Alfred Marshall,com a publicação do livro Princípios de econo-
mia, em 1890. Este último, utilizava métodos matemáticos para investigação 
e explicação dos fenômenos econômicos, introduziu o fator tempo para a 
análise do valor e incluiu as necessidades humanas diversas para o valor de 
uma mercadoria (utilidade marginal). 
Era Keynesiana
Na década de 1920, a Teoria Econômica apresentou uma nova fase, a Era Keyne-
siana. A teoria Keynesiana surgiu a partir da publicação do livro Teoria geral do 
emprego, dos juros e da moeda, de John Maynard Keynes, em 1936. O motivo 
7Princípios básicos da economia
Economia_U1_C01.indd 7 25/07/2017 18:21:51
dessa mudança na evolução do pensamento econômico foi a Grande Depressão 
(1930), que devastava a economia mundial. A causa dessa turbulência foi a quebra 
da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, provocando alto nível de desemprego 
nos Estados Unidos e na Europa. Criticou-se, então, a realidade econômica dos prin-
cipais países, pois a Teoria Econômica, até então vigente, defendia o autoequilíbrio, 
enquanto essa crise estava levando um tempo signifi cativo para se fi nalizar. Foi, 
portanto, a publicação de Keynes que revelou algumas combinações de políticas 
econômicas que seriam a solução para tirar o mundo daquele contexto econômico.
Para Keynes, um dos fatores responsáveis pelo volume de emprego é o nível 
de produção nacional de uma economia, determinado pela demanda agregada 
ou efetiva de bens e serviços. Assim, torna-se necessária a intervenção do 
Estado por meio de políticas expansionistas (aumento de gastos públicos, 
redução de tributos e da taxa de juros da economia), ou seja, não existem forças 
autorregulatórias. A recuperação das economias se deu após a implementação 
dessas políticas, resultando no fim da crença no laissez-faire, de Adam Smith.
Após esse período novas abordagens e teorias econômicas foram criadas, 
inspiradas nas diversas citadas ao longo desse tópico. Entre as principais 
questões tratadas nesses estudos e que são levantadas até os dias atuais está 
o nível de intervenção do Estado nas economias, sem que alguma conclusão 
concreta se tenha chegado.
Funções do Estado
As ações do Estado na economia e na sociedade têm como principal objetivo a 
promoção do bem-estar da população. Nesse sentido, torna-se importante o papel do 
direito no estabelecimento de normas que regulam as relações entre os indivíduos 
e grupos, bem como entre governos, indivíduos e organizações internacionais.
A evolução e o surgimento da sociedade civil exigiram a promoção e a 
ampliação dos direitos naturais do homem à vida, à liberdade e à propriedade. 
No Brasil, as normas constitucionais foram criadas, com base nesses princípios, 
visando promover o bem-estar geral da sociedade. Essas normas encontram-se 
na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988).
Você pode notar a forte presença do direito nos assuntos econômicos, po-
dendo ainda observar tal relação ao analisar os princípios gerais da atividade 
econômica, da política urbana, agrícola e fundiária, o Sistema Financeiro 
Nacional e as políticas monetárias de crédito, cambial e de comércio exterior. 
Além da intervenção do governo na promoção do bem-estar da sociedade, 
existem preocupações em outras esferas que têm tomado cada vez mais espaço 
Princípios básicos da economia8
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no meio político e jurídico, que são a criação de normas jurídicas de proteção 
a natureza, em relação à fauna, à flora e aos mananciais, assim como ao meio 
ambiente de modo geral. O Protocolo de Quioto e a regulamentação do mer-
cado de carbono são exemplos dessas questões. Outras normas, com relação à 
ação negativa do homem em quanto ao meio ambiente podem ser lembradas, 
como as punições fiscais a empresas que não realizam de forma adequada e 
sustentável o descarte de material tóxico na natureza.
De modo geral, o intuito das normas jurídicas é regular as atividades econômicas, no 
sentido de tornar os mercados mais eficientes (função alocativa), e buscar melhor 
qualidade de vida para a população como um todo (função distributiva). Assim, 
temos as funções básicas do governo na economia e na sociedade, que são: a função 
alocativa, a função distributiva e a função estabilizadora.
Função alocativa
A função alocativa está relacionada ao fornecimento de bens e serviços não 
oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado. Esses bens são chamados 
de bens públicos, que têm como principal característica a não exclusão de 
alguns indivíduos de seu consumo, ou seja, qualquer indivíduo tem o direito 
de usufruir deles, mesmo que não tenha realizado contribuição fi nanceira para 
sua criação. Ninguém pode ter qualquer vantagem sobre o outro na utilização 
desse bem, que é de direito de todos.
O princípio da exclusão está relacionado, por exemplo, a um indivíduo A 
que adquire um bem com o seu dinheiro e tem o direito de consumi-lo quando e 
onde quiser, ao passo que um indivíduo B, que não pagou pelo mesmo bem, não 
tem o mesmo direito de consumi-lo, ou seja, é excluído desse consumo. Nesse 
caso, o consumo de um bem é considerado rival (ou de consumo excludente), 
pois o consumo realizado por um agente exclui automaticamente o consumo 
por outros indivíduos (o consumo de um shop, por exemplo). Já o consumo 
de um bem não rival (ou que não satisfaz o princípio da exclusão) acontece 
quando o consumo de um bem por um indivíduo não diminui a quantidade 
a ser consumida pelos demais. Um poste de luz em uma via pública é um 
exemplo de bem de consumo não rival.
9Princípios básicos da economia
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Função distributiva
A função distributiva está relacionada ao governo atuando como um agente 
redistribuidor de renda, veja alguns exemplos dessa ação:
 n Aplicação de uma política fiscal de tributos, utilizando a regra do 
imposto de renda progressivo, em que a alíquota cresce na medida em 
que o salário aumenta (até chegar a um teto). Isto representa a retirada 
de recursos dos segmentos mais ricos da sociedade (pessoas, setores, 
regiões), transferindo-os para os segmentos menos favorecidos, por 
meio de políticas sociais.
 n No caso brasileiro, o estabelecimento de determinados impostos em 
níveis inferiores em estados com menor desenvolvimento econômico, 
atraindo investidores para essas regiões e criando empregos e renda. 
Ainda pode ocorrer por meio da combinação de impostos sobre pro-
dutos adquiridos por pessoas mais ricas, com subsídios para produtos 
adquiridos por consumidores de baixa renda.
 n Na redistribuição setorial ou regional por meio de uma política de gastos 
públicos e subsídios para os segmentos menos favorecidos.
Função estabilizadora
A função estabilizadora compreende a intervenção do Estado na economia, 
por meio de medidas fi scais e monetárias que infl uenciem o comportamento 
dos preços e emprego, pois são variáveis importantes para o crescimento 
econômico e que não adquirem estabilidade de forma automática.
Por exemplo, em uma economia com a inflação mais elevada do que os 
níveis desejados pelo governo, este pode intervir aumentando a taxa de juros 
básica da economia, sinalizando para as instituições financeiras que sigam 
esse comportamento, de modo a encarecer os empréstimos para as famílias e 
empresas com o intui de reduzir o consumo e os investimentos, assim como 
a sua pressão sobre o nível geral de preços. O objetivo, neste caso, é um nível 
inflacionário mais baixo.
Crescimento da participação do setor público na 
economia
A partir do início do século XX, após a Grande Depressão de 1929, os go-
vernos, de modo geral, passam a regular com maior intensidade a atividade 
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econômica de seus países. Passou a ser colocado em dúvida o papel da “mão 
invisível” de Adam Smith, na condução dos mercados ao seu ponto de equi-
líbrio, resolvendo os problemas fundamentais da economia: O que e quanto? 
Como? Epara quem produzir?
O governo deixou de desempenhar as suas funções tradicionais, como 
a justiça e a segurança, para realizar a oferta de bens públicos, como a ele-
tricidade, o saneamento, as rodovias, as ferrovias, os portos, entre outros, 
proporcionando, desse modo, melhores condições de infraestrutura para a 
atuação e o desenvolvimento das indústrias no mercado. 
Passou-se a observar uma crescente participação do Estado na produção nacio-
nal e o aumento de leis que buscavam a regulamentação da atividade econômica.
Além do acontecimento da Grande Depressão, que levou a chamada re-
volução keynesiana, Vasconcellos e Garcia (2014) citam outros motivos que 
levaram a crescente intervenção do estado na economia:
 n As falhas de mercado (caracterizadas pelo poder de monopólios e oli-
gopólios, as assimetrias de informações e as externalidades).
 n O desemprego.
 n O crescimento da renda per capita (que leva ao aumento da demanda 
por bens e serviços públicos, como o lazer, a educação superior, os 
serviços médicos, entre outros).
 n As mudanças tecnológicas (invenção do motor de combustão que aumen-
tou a demanda por rodovias e infraestrutura, o que repercute também 
sobre o crescimento de outros setores da economia).
 n As mudanças populacionais (o aumento populacional leva a aumentos 
dos gastos do governo em educação, saúde e outros).
 n Os efeitos da guerra (aumentando a participação do Estado na economia).
 n Os fatores políticos e sociais (em que novos grupos sociais passam a ter 
maior presença política, demandando novos empreendimentos públicos).
 n Mudanças da Previdência Social (com o passar do tempo essa institui-
ção passou a ser um instrumento de distribuição de renda, elevando a 
participação do Estado no mecanismo previdenciário).
Além desses elementos, os autores citam que o desenvolvimento dos mer-
cados financeiros e do comércio internacional, tornaram mais complexas 
as relações econômicas, adicionando elementos de incerteza e especulação 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2014). Isso exigiu o alargamento das funções 
públicas do Estado, no sentido de promover a estabilidade econômica, o cres-
cimento do produto e do bem-estar da população.
11Princípios básicos da economia
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1. No início do Pensamento 
Econômico, esta matéria fez parte da 
Filosofia, Moral e Ética. Mas, com o 
passar do tempo, foi se adaptando às 
necessidades e às novas realidades 
de cada país, formando cada vez 
mais o seu próprio corpo teórico. 
Foi na época dos descobrimentos, 
século XVI, o motor para as primeiras 
considerações propriamente 
econômicas. Com relação aos 
teóricos do Pensamento Econômico, 
marque a alternativa correta: 
a) A maior preocupação da Era 
Mercantilista era como fortalecer 
um país e acumular riquezas.
b) Na era Clássica, o Estado 
deveria regular o mercado 
até este encontrar o seu 
nível de equilíbrio.
c) Para os fisiocratas, é o acúmulo 
de materiais preciosos que 
gera a riqueza de uma nação.
d) Através da especialização 
do trabalho, os funcionários 
perdem as suas capacidades 
de dinamismo e criatividade, 
prejudicando a produtividade e 
geração de lucro dos capitalistas.
e) Uma das principais características 
do Mercantilismo foi a 
participação minimalista do 
Estado nas economias.
2. Agentes econômicos são todos os 
indivíduos, instituições ou conjunto 
de instituições que, através das 
suas decisões e ações, tomadas 
racionalmente, intervêm num 
circuito econômico. Com relação a 
quem são esses agentes econômicos 
e a relação entre os mesmos, 
marque a opção certa: 
a) O Estado toma decisões de 
consumo, de investimento 
e de política econômica.
b) As instituições financeiras tomam 
decisões sobre o consumo de 
bens e serviços e de poupança 
mediante os rendimentos 
auferidos, assim como sobre 
a demanda por trabalho.
c) As famílias tomam decisões 
sobre investimento, sobre 
produção e a oferta de trabalho.
d) As empresas tomam decisões 
a respeito de seus serviços de 
intermediação financeira, tendo 
como contrapartida os juros e os 
prêmios (no caso dos seguros).
e) O Estado toma as suas 
decisões acerca da troca de 
bens, serviços e capitais.
3. Na década de 1920, a teoria 
econômica apresentou uma nova 
fase, a “era Keynesiana”. A respeito 
desse período, marque a opção certa:
a) A teoria Keynesiana surgiu a 
partir da publicação do livro 
“A Riqueza das Nações”, de 
Adam Smith, em 1936.
b) O motivo da mudança de fase 
do pensamento econômico 
foi a Grande Depressão (1930), 
que devastava a economia 
mundial, que demorava para 
retornar ao equilíbrio.
c) Para Keynes, um dos fatores 
responsáveis pelo volume 
de emprego é o excesso de 
oferta em uma economia, 
provocando sobreacumulação 
produtiva de bens e serviços 
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e, consequentemente, crise.
d) Para Keynes, torna-se necessária 
a intervenção do Estado, através 
de políticas contracionistas 
(redução de gastos públicos, 
aumento de tributos e da taxa de 
juros da economia), ou seja, não 
existem forças autorregulatórias.
e) A recuperação das economias 
se deu após a eliminação da 
atuação do Estado na economia, 
corroborando o sucesso na 
crença do “laissez-faire” de 
seu antecessor, Adam Smith.
4. Com relação às funções econômicas 
do Estado, escolha a opção certa:
a) A função estabilizadora está 
associada ao fornecimento 
de bens e serviços não 
oferecidos adequadamente 
pelo sistema de mercado.
b) A função alocativa é quando 
o governo funciona como um 
agente redistribuidor de renda, 
na medida em que, por meio 
da tributação, retira recursos 
dos segmentos mais ricos da 
sociedade (pessoas, setores, 
regiões) e os transfere para os 
segmentos menos favorecidos.
c) A função estabilizadora está 
relacionada à intervenção do 
Estado na economia, de modo 
a alterar o comportamento 
dos preços e dos empregos.
d) A função alocativa está 
relacionada à intervenção do 
Estado na economia, de modo 
a alterar o comportamento 
dos preços e dos empregos.
e) A função distributiva está 
associada ao fornecimento 
de bens e serviços não 
oferecidos adequadamente 
pelo sistema de mercado.
5. Para que o Estado possa cumprir suas 
funções com a sociedade, precisa 
arrecadar recursos e a principal 
fonte de arrecadação é através dos 
tributos. Com relação aos impostos 
que são recolhidos na economia 
brasileira, é correto afirmar que:
a) O IRPF (Imposto de Renda 
Pessoa Física), o IPVA (Imposto 
Sobre a Propriedade de Veículos 
Automotores) e o IPTU (Imposto 
Predial e Territorial Urbano) são 
exemplos de impostos indiretos.
b) Os impostos diretos incidem 
sobre as transações com 
mercadorias e serviços.
c) Nos impostos indiretos, as 
empresas sempre arcam 
com o seu ônus.
d) O ICMS – Imposto Sobre a 
Circulação de Mercadorias e 
Serviços, o IPI – Imposto Sobre 
Produtos Industrializados 
e o ISS – Imposto Sobre a 
Prestação de Serviços são 
exemplos de impostos diretos.
e) Os impostos diretos 
incidem sobre a renda e 
sobre o patrimônio.
13Princípios básicos da economia
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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 18 maio 2017.
FÉLIX, L. Platão: o mito do anel de Giges. Carta Forense, São Paulo, 02 jun. 2014. Dis-
ponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/platao---o-mito-
-do-anel-de-giges/13766>. Acesso em: 05 jun. 2017.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014.
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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
ECONOMIA
POLÍTICA 
Filipe Prado Macedo da SilvaNoções de microeconomia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Definir o objeto de estudo da microeconomia.
 Analisar o comportamento da demanda: a teoria do consumidor.
 Analisar o comportamento da oferta: a teoria da firma e as estruturas 
de mercado.
Introdução
A microeconomia é o ramo da economia que se concentra no compor-
tamento das unidades individuais, como os consumidores, as empresas, 
os proprietários de fatores de produção e os governos. Basicamente, a 
teoria microeconômica tem dois lados analíticos: o da demanda e o da 
oferta. Enquanto o comportamento microeconômico da demanda é 
analisado a partir da teoria do consumidor, o comportamento da oferta 
é estudado a partir da teoria da firma e da teoria dos mercados. Em todos 
os casos, a microeconomia apresenta uma perspectiva microscópica dos 
fenômenos econômicos, ou seja, uma análise parcial deles.
Neste capítulo, você vai conhecer o objeto de estudo da microe-
conomia. Além disso, vai compreender o que é o comportamento da 
demanda e o que é o comportamento da oferta.
Objeto de estudo da microeconomia
A microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento das 
unidades individuais, como os consumidores, as empresas, os proprietários 
de fatores de produção e os governos. Em outras palavras, a microeconomia 
se ocupa da forma como as unidades individuais que compõem a economia 
— consumidores privados, empresas, trabalhadores, produtores de bens e 
serviços, etc. — agem e reagem umas sobre as outras (SANDRONI, 2005).
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Assim, a microeconomia se preocupa em estudar como e por que os agentes 
econômicos capitalistas agem de determinadas formas. Entre inúmeras per-
guntas, a microeconomia procura respostas para as seguintes questões: o que 
determina o preço dos bens e serviços em uma economia? O que determina o 
quanto de cada mercadoria será produzido? O que determina a maneira pela 
qual uma família gasta a sua renda?
Para Vasconcellos (2009), deve ser observado que a microeconomia 
não tem seu foco na empresa, portanto não deve ser confundida com a 
administração. O foco da microeconomia está no mercado no qual as em-
presas e os consumidores interagem, analisando os fatores econômicos que 
determinam tanto o comportamento da demanda quanto o da oferta. Logo, 
a microeconomia apresenta uma perspectiva “microscópica” dos fenômenos 
econômicos, ou seja, uma análise parcial desses fenômenos.
Enquanto a microeconomia se preocupa mais com uma análise parcial, 
a macroeconomia foca nos grandes agregados econômicos dentro de uma 
análise global. É importante você notar que, antes do início do século XX, 
a economia era uma ciência exclusivamente microeconômica (SANDRONI, 
2005). A divisão da economia em dois grandes ramos — microeconomia 
e macroeconomia — apareceu no início da década de 1930. Apesar de es-
ses dois grandes ramos da economia caminharem por canais distintos, a 
separação é muito frágil. Afinal, os fenômenos econômicos requerem o 
inter-relacionamento das teorias que se inserem em ambos os ramos.
Fundamentalmente, a análise microeconômica pode ser dividida em cinco 
grandes categorias:
1. a teoria da demanda/procura;
2. a teoria da oferta;
3. a análise das estruturas de mercado;
4. a teoria do equilíbrio geral e do bem-estar;
5. as imperfeições de mercado (as externalidades, os bens públicos e as 
informações assimétricas).
Dentro da teoria da demanda/procura aparecem:
a) a teoria do consumidor (que é a demanda individual);
b) a demanda de mercado.
Noções de microeconomia2
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Já na teoria da oferta surgem:
a) a oferta individual — com a teoria da produção e a teoria dos custos 
da produção;
b) a oferta de mercado.
E, por fim, na análise das estruturas de mercado há:
a) a análise do mercado de bens e serviços;
b) a análise do mercado de insumos e de fatores de produção (dê uma 
olhada na Figura 1, a seguir).
Figura 1. Grandes categorias da teoria microeconômica.
Fonte: Vasconcellos (2009, p. 30).
Teoria da
demanda/
procura
Teoria do
consumidor
(demanda 
individual)
Demanda
de mercado
Teoria da
oferta
Análise das
estruturas
de mercado
Teoria do
equilíbrio
geral e do
bem-estar
Imperfeições
de mercado:
externalidades,
bens públicos,
informação
assimétricaOferta
individual
Oferta de
mercado
Teoria da
produção
Teoria dos
custos da
produção
Mercado
de bens e
serviços
Mercado de
insumos e
fatores de
produção
Teoria microeconômica
Demanda Oferta Mercado
Em resumo, a teoria microeconômica se assenta em três pilares: a demanda, 
a oferta e o mercado. Nesse contexto, a análise microeconômica acontece em 
dois mercados: o mercado de bens e serviços, e o mercado dos serviços dos 
fatores de produção (terra, trabalho e capital).
3Noções de microeconomia
C06_Nocoes_microeconomia.indd 3 13/03/2018 15:10:42
Na prática, é da relação entre a demanda e a oferta nos dois mercados que surge a 
preocupação fundamental da microeconomia: a formação dos preços. É por isso que 
a microeconomia pode ser chamada também de teoria de preços.
Já para Pindyck e Rubinfeld (1999), a microeconomia se assenta em dois 
grandes grupos: compradores (demandantes) e vendedores (ofertantes). É a 
partir da interação entre esses dois grupos que surgem os mercados. Nesse 
sentido, o mercado é um grupo de compradores e vendedores que, por meio 
das suas reais ou potenciais interações, determina o preço de um produto ou 
conjunto de produtos. 
É importante você notar que o mercado não é a mesma coisa que a indústria: a indústria 
é um conjunto de empresas que vendem o mesmo produto ou produtos correlatos. 
Assim, uma indústria corresponde apenas a um dos grupos (o lado dos vendedores) 
que compõem um mercado.
Características da microeconomia
O estudo da microeconomia caracteriza-se por, pelo menos, quatro axiomas ou 
princípios teóricos que servem de base para todas as cinco grandes categorias 
apresentadas anteriormente. Em outras palavras, trata-se de características 
que permeiam todas as análises microeconômicas.
Análise dedutiva ou teórica: a microeconomia se caracteriza como um 
ramo da economia de natureza dedutiva ou teórica. Esse caráter dedutivo 
decorre da complexidade e entrelaçamento de infl uências que subjazem às 
situações reais que são objeto de estudo. Ou seja, a análise microeconômica 
trabalha com muitas variáveis que não podem ser observadas ou mensuradas. 
Noções de microeconomia4
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É o caso, por exemplo, do grau de utilidade que os consumidores desfrutam 
ao dispor de certos bens ou serviços. Logo, a microeconomia lança mão de 
modelos teóricos, ou seja, de construções teóricas compostas por uma série 
de hipóteses, a partir das quais as conclusões são elaboradas. Assim, a partir 
da situação do mundo real, são selecionadas as variáveis mais signifi cativas 
do fenômeno que se estuda, permitindo que a complexidade do mundo seja 
teoricamente manipulável (SANDRONI, 2005).
Condição coeteris paribus: o estudo da microeconomia se baseia muito na 
condição coeteris paribus. Coeteris paribus é uma expressão em latim que 
signifi ca “tudo o mais permanecendo constante”. Assim, a análise micro-
econômica, para poder analisar um mercado isoladamente, supõe todos os 
demais mercados constantes. Ou seja, supõe que o mercado em estudo não 
afeta nem é afetado pelos demais. Por exemplo, ao se adotar essa condição, 
verifi ca-se como a demanda — ou até mesmo a oferta — é infl uenciada pelo 
preço, permanecendo os demais fatores (hábitos, renda, entre outros) constantes 
(VASCONCELLOS, 2009). A condição coeteris paribus pode ser chamada 
também de análise de equilíbrio parcial.
Análise estático-comparativa: a microeconomia tende a confrontar duas ou 
mais situações de equilíbrio, sem se preocupar com o período intermediário entre 
essas situações inicial e fi nal.De acordo com Carrera-Fernandez (2009), a análise 
estático-comparativa é a técnica que analisa as consequências de variações nos 
parâmetros econômicos da demanda e da oferta sobre o equilíbrio de mercado.
Visão positiva/científi ca: a microeconomia se enquadra dentro do ramo da 
ciência positiva. Isso implica a ausência de juízo de valor ou conotação ética 
nas teorias microeconômicas, que se mantêm exclusivamente descritivas 
(CARRERA-FERNANDEZ, 2009; SANDRONI, 2005).
Comportamento da demanda: 
a teoria do consumidor
A teoria do consumidor é uma peça fundamental da chamada teoria econô-
mica neoclássica. Para Carrera-Fernandez (2009), a teoria do consumidor 
talvez seja a mais importante das teorias econômicas da microeconomia. 
Consequentemente, é uma teoria muito criticada devido aos seus postulados 
teóricos de comportamento.
5Noções de microeconomia
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Assim, a teoria neoclássica do consumidor está fundamentada no prin-
cípio da racionalidade e postula um comportamento otimizador por parte 
dos consumidores. Em outras palavras, todos os consumidores estão sempre 
buscando o máximo com o mínimo de esforço”. Logo, a teoria do consumidor 
desconsidera consumidores irracionais, até porque seria impossível montar uma 
teoria dos consumidores irracionais, já que não há padrão de comportamento 
para realizar uma modelagem teórica.
É daí que a teoria do consumidor fundamenta dois postulados de 
comportamento: 
  maximização da utilidade; 
  minimização do gasto ou custo. 
O primeiro — maximização da utilidade — refere-se ao fato de que o 
consumidor escolhe o consumo de cada mercadoria de modo a maximizar a 
sua satisfação ou utilidade, estando condicionado ao seu conjunto de possibi-
lidade de consumo, limitado pela sua capacidade orçamentária (CARRERA-
-FERNANDEZ, 2009). Já o segundo postulado refere-se ao fato de que o 
consumidor escolhe as quantidades das mercadorias a serem consumidas de 
modo a minimizar o seu gasto ou custo, estando limitado a atingir certo nível 
de utilidade(CARRERA-FERNANDEZ, 2009).
É importante você saber que, na teoria do consumidor, o conceito de mercadoria é 
amplo. Ele envolve qualquer bem ou serviço que de alguma forma pode ser consumido 
ou gerar um fluxo de serviços de consumo. Nesse grupo de mercadorias, podem ser 
incluídas também aquelas que desagradam os consumidores e, logo, são fonte de 
insatisfação e “desutilidade”. Por exemplo, a poluição e o tempo dedicado ao trabalho 
são bons exemplos de mercadorias que desagradam grande parte dos consumidores.
Ao lado dos dois postulados de comportamento, a teoria do consumidor 
apresenta ainda dois pressupostos básicos: 
  informação completa;
  existência de uma função de utilidade.
Noções de microeconomia6
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A informação completa é o pressuposto de que o consumidor possui 
perfeito conhecimento de todas as mercadorias, bem como da forma pela 
qual esses bens e serviços atendem às suas necessidades. Nessa situação, 
o consumidor conhece também todos os preços das mercadorias, bem 
como sua renda. Esse pressuposto é utilizado no sentido de garantir que 
todos os consumidores tomarão as melhores decisões, ou seja, não faltam 
informações sobre o mercado (CARRERA-FERNANDEZ, 2009; SAN-
DRONI, 2005).
Já o pressuposto da existência de uma função de utilidade revela que os 
consumidores derivam satisfação dos bens e serviços consumidos de acordo 
com uma função de preferência ou uma função de utilidade — que, na análise 
microeconômica, é representada graficamente e matematicamente. Assim, a 
existência de uma função de utilidade é um pressuposto mais amplo que a 
existência de preferências. Isso significa dizer que o pressuposto de que os 
consumidores têm preferências não é suficiente para garantir a existência de 
uma função de utilidade. Mas, ao se pressupor que os consumidores têm uma 
função de utilidade, pode-se afirmar que eles têm, de fato, preferências. Essa 
questão é fundamental para compreender a teoria do consumidor.
A ideia de que os consumidores estão sempre buscando o máximo com o mínimo 
de esforço é a lei do interesse pessoal ou princípio hedonístico. O hedonismo deriva 
do grego hedone, que significa prazer. Na economia, foi um princípio introduzido por 
John Stuart Mill, em que cada um dos indivíduos procura o bem e a riqueza e evita 
o mal e a miséria. Logo, o bem e a riqueza são tratados como valores superiores, 
alinhados ao critério quantitativo da aritmética dos prazeres. Em suma, é a doutrina 
que considera o prazer como a essência da felicidade e como suprema norma moral. 
Preferências
Em termos gerais, a utilidade é um conceito subjetivo que se modifi ca de 
consumidor para consumidor e, por conseguinte, não pode ser quantifi cada. 
Vários economistas marginalistas, no princípio das bases da teoria do consu-
midor, imaginaram que a utilidade pudesse ser mensurada do mesmo modo que 
qualquer conceito objetivo, como a temperatura, o peso, o volume e a altura.
7Noções de microeconomia
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Atualmente, para a moderna teoria do consumidor, a utilidade é um con-
ceito estritamente ordinal, ou seja, necessita apenas ser ordenado. Em outras 
palavras, tudo que é requerido na moderna teoria do consumidor é que o 
consumidor seja capaz de ordenar as várias cestas de bens. Dessa maneira, 
quando confrontados com duas ou mais cestas de bens, os consumidores 
podem ordená-las de acordo com as suas preferências.
Por exemplo, com apenas duas cestas de bens, é possível encontrar três 
situações mutuamente excludentes que podem ocorrer: 
  a cesta A é preferida à cesta B; 
  a cesta A não é preferida à cesta B; 
  a cesta A é indiferente à cesta B. 
Nesse contexto, apenas uma situação pode ser escolhida de cada vez, de 
modo que qualquer mudança na escolha é um indicativo de que houve altera-
ção nas preferências dos consumidores. Logo, as três situações mutuamente 
excludentes podem ser visualizadas também a partir da função utilidade, em 
que (CARRERA-FERNANDEZ, 2009):
1. utilidade de A > utilidade de B;
2. utilidade de A < utilidade de B;
3. utilidade de A = utilidade de B.
Nessa análise, as preferências são consideradas completas, de modo que o 
consumidor é capaz de mostrar as suas preferências entre quaisquer das duas 
cestas de bens. Na prática, isso implica que a função de utilidade é contínua. 
Assim, não existem vazios no ordenamento das preferências dos consumi-
dores. Além do mais, leva-se em conta que as preferências são transitivas. 
Ou seja, com uma terceira cesta de bens, pode-se estabelecer a propriedade 
da transitividade das preferências da seguinte forma: se a cesta A é preferida 
à cesta B, e se a cesta B é preferida à cesta C, então a cesta A é preferida à 
cesta C. Conforme Carrera-Fernandez (2009), a propriedade da transitividade 
é importante porque possibilita que o consumidor revele as suas preferências 
entre múltiplas cestas de mercadorias de forma consistente.
É a partir daí que se define a função de utilidade como a relação do espaço 
de quantidades de bens e serviços para o conjunto real que preserva o ordena-
mento das preferências do consumidor” (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). 
Assim, para simplificar a compreensão das preferências, a teoria do consumidor 
faz uso da análise gráfica, de modo a decompor a função de utilidade.
Noções de microeconomia8
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Na teoria do consumidor, a curva de indiferença é o instrumento gráfico 
que serve para ilustrar como são as preferências do consumidor. Ou seja, a 
curva de indiferença é o lugar geométrico de pontos que mostram diferentes 
combinações de bens que dão ao consumidor o mesmo nível de utilidade 
(CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Na Figura 2a, você pode ver, na curva 
de indiferença, U0, várias combinações entre batatas e carne. Por exemplo, 
as cestas de bens A, B e C (na curva U0) possuemdiferentes combinações 
entre batatas e carne, mas o mesmo nível de utilidade ou bem-estar para o 
consumidor (VASCONCELLOS, 2009). Em outras palavras, é indiferente 
para ele consumir 2 kg de carne e 8 kg de batatas (cesta de bens A), ou 3 kg 
de carne e 5 kg de batatas (cesta de bens B), ou então 5 kg de carne e 3 kg de 
batatas (cesta de bens C).
Figura 2. Curva de indiferença e mapa de indiferença.
Fonte: Vasconcellos (2009, p. 34–35).
Nesse contexto, a curva de indiferença apresenta duas características básicas:
  inclinação negativa, em que, para manter o mesmo nível de bem-estar, 
ao aumentar o consumo de um bem determinado, é necessário reduzir 
o consumo de outro bem, substituindo-o; 
  convexidade em relação à origem, em que a taxa marginal de subs-
tituição — que é a taxa de intercâmbio de um bem por outro — vai 
diminuindo à medida que aumenta o consumo de um bem e diminui 
o do outro bem. 
Isso é devido à lei da utilidade marginal decrescente, em que, à medida 
que o consumo de um bem aumenta, o consumidor vai saturando-se dele e 
logo reduz o seu interesse (ou a sua preferência) em consumir mais desse bem.
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Assim, cada curva de indiferença representa determinado nível de utili-
dade. Por isso, quanto mais alta a curva de indiferença, maior a satisfação 
que o consumidor pode obter no consumo dos dois bens (como, no exemplo, 
batatas e carne). Na Figura 2b, você pode ver um mapa de indiferença com 
três curvas de indiferença: U0, U1 e U2. Logo, a curva de indiferença mais 
desejada/satisfatória é a curva mais alta (U2), que é a com maior consumo dos 
dois bens (VASCONCELLOS, 2009). 
Os limites da escolha: o conjunto de oportunidades
Para defi nir o conjunto de possibilidade de escolha do consumidor, supõe-se 
que ele não possa consumir quantidades negativas de qualquer bem ou serviço. 
Também se presume que possui uma renda nominal, bem como que enfrenta 
preços constantes para todos os bens e serviços. Desse modo, existem limites 
da escolha do consumidor, ou seja, existe uma restrição orçamentária.
Os limites da escolha do consumidor estão restritos à sua possibilidade 
de consumo, o que significa dizer que o seu gasto total não pode exceder a 
sua renda nominal (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Assim, o conjunto de 
oportunidades de escolha é o conjunto de todas as cestas de bens e serviços 
que podem ser compradas com a renda do consumidor.
Nesse sentido, define-se a reta orçamentária como as combinações máximas 
possíveis de bens e serviços, dados a renda do consumidor e os preços dos bens. 
Em outras palavras, essa reta representa um menu — conjunto de oportunidades 
de escolha — de opções que o consumidor poderá comprar. Na Figura 3a, esse 
menu se refere a todos os pontos abaixo da reta orçamentária (RO).
Figura 3. Reta orçamentária e alternativas de equilíbrio do consumidor.
Fonte: Vasconcellos (2009, p. 35–36).
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Como explica Vasconcellos (2009), a RO representa pontos em que o 
consumidor gasta toda a sua renda na compra dos dois bens — no exemplo, 
batatas e carne. Abaixo da RO, o consumidor está gastando menos do que 
poderia. Já acima da RO, o consumidor não tem condições de adquirir os 
bens ou serviços com a renda de que dispõe e dados os preços de mercado.
Por conseguinte, se o consumidor deseja maximizar seu nível de utilidade, 
deverá buscar alcançar — dada sua restrição orçamentária — a curva de 
indiferença mais alta. Em termos práticos, o consumidor maximizará sua 
utilidade quando sua reta orçamentária tangenciar sua curva de indiferença, 
como você pode ver na Figura 3b. Por exemplo, na Figura 3b o consumidor que 
tem a RO0 maximizará a sua utilidade na curva de indiferença U0 (PINDYCK; 
RUBINFELD, 1999).
Esse ponto de tangenciamento — como, no exemplo, RO0 e U0 — representa 
o equilíbrio do consumidor, no sentido de que, uma vez alcançado esse ponto, 
não haverá incentivos para que o consumidor execute uma realocação de sua 
renda gasta no consumo dos dois bens (VASCONCELLOS, 2009). Ainda na 
Figura 3b, se a renda do consumidor aumenta, ou, alternativamente, se os 
preços dos bens e serviços reduzem, a RO se eleva — por exemplo, de RO0 
para RO1 —, permitindo que o consumidor atinja níveis maiores de satisfação.
Em síntese, na Figura 3b, você pode observar as várias alternativas de 
equilíbrio do consumidor. Nesse sentido, há um mapa de possibilidades de 
tangenciamento entre a reta orçamentária e a curva de indiferença, dados 
as rendas do consumidor e os preços dos bens e serviços. Assim, você pode 
perceber que o mapa de equilíbrio do consumidor é dinâmico, não estático.
Comportamento da oferta: a teoria 
da firma e as estruturas de mercado
Uma parte da teoria microeconômica se dedica a explicar e prever os com-
portamentos da oferta a partir da compreensão do funcionamento da fi rma, 
em especial no que se refere à produção, aos custos e ao lucro. De acordo 
com Vasconcellos (2009), a teoria da fi rma trata justamente do problema da 
produção, dos custos de produção e dos rendimentos (lucros) da fi rma. Logo, 
a teoria da fi rma pode ser dividida em teoria da produção, teoria dos custos 
e teoria do lucro.
Além disso, a microeconomia se dedica ao estudo dos tipos de estruturas 
de mercado, ou seja, se dedica à forma como os mercados se estruturam do 
ponto de vista econômico. É importante você se lembrar de que as firmas e 
11Noções de microeconomia
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a competição entre elas acontecem nos mercados. Pelo menos seis tipos de 
mercados são relevantes (SANDRONI, 2005; VASCONCELLOS, 2009):
  concorrência perfeita;
  concorrência monopolista;
  monopólio;
  oligopólio; 
  monopsônio;
  oligopsônio.
Teoria da firma: produção, custos e lucro
A teoria da fi rma se assenta no intuito de entender a racionalidade do com-
portamento da oferta de um bem ou serviço. Lembre-se de que o grande 
objetivo da fi rma que opera na economia capitalista é a maximização dos 
lucros. Daí que o primeiro dilema das fi rmas é a escolha do processo de 
produção — e as escolhas das relações tecnológicas, das quantidades a 
serem produzidas e das quantidades de insumos a serem usados na produção 
(VASCONCELLOS, 2009).
Teoria da produção: a produção é o processo pelo qual uma fi rma transforma 
os fatores de produção adquiridos em bens ou serviços para a comercialização 
no mercado. Assim, a teoria da produção refere-se aos conceitos e princípios 
que norteiam a análise de preços e o emprego dos fatores de produção. Ela é 
a base para a análise dos custos e da oferta dos bens produzidos.
É fundamental você compreender que a firma — da teoria microeconômica — é a 
unidade técnica que produz bens e serviços. Já os fatores de produção — mão de obra, 
capital físico, área ou terra e matérias-primas — são os bens e serviços intermediários 
que, combinados, suscitam outros bens e serviços finais. Em outras palavras, a firma 
é uma intermediária: compra insumos (inputs), combina-os segundo um processo de 
produção escolhido e vende os bens e serviços (outputs) nos mercados.
Noções de microeconomia12
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O processo de produção pode ser intensivo em um dos fatores de pro-
dução. Ou seja, pode depender quase exclusivamente de um dos fatores de 
produção, que também passa a ter relevância na estrutura total de custos. 
Fundamentalmente, existem três possibilidades em um processo de produção 
(VASCONCELLOS, 2009): 
1. mão de obra intensivo, em que a mão de obra é indispensável para a 
produção;
2. capital intensivo, em que máquinas, equipamentos e instalações são 
altamente relevantes;
3. terra intensivo, em que a área ou a terra é o insumo primordial para 
que a produção aconteça.
Em suma, a produção pode depender em maior quantidade de algum dos 
fatores de produção.
Além disso, a escolhado processo de produção depende da sua eficiência. 
A eficiência pode, por um lado, ser avaliada do ponto de vista tecnológico 
— processo que permite produzir uma mesma quantidade de produto usando 
menor quantidade física de fatores de produção. De outro lado, ela pode ser 
avaliada do ponto de vista econômico — processo que permite produzir uma 
mesma quantidade de produto com menor custo de produção.
Na teoria da produção, um dos conceitos mais relevantes é o da função de 
produção. Logo, a função de produção é a relação técnica entre a quantidade 
física de fatores de produção e a quantidade física de produto em determi-
nado período de tempo. Em outras palavras, a quantidade de produto está em 
função ( f ) da quantidade de fatores de produção (mão de obra, capital físico 
e matérias-primas utilizadas).
É importante você observar que o conceito de função de produção não deve ser 
confundido com o conceito de função de oferta. Este é um conceito econômico que 
relaciona a produção com os preços dos fatores de produção.
13Noções de microeconomia
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Soma-se a tudo isso a questão do prazo e a distinção entre fatores de 
produção fixos e variáveis. Segundo Vasconcellos (2009), os fatores de 
produção fixos são aqueles que permanecem inalterados quando a firma 
aumenta ou diminui a produção. Enquanto isso, os fatores de produção 
variáveis se alteram com a mudança da quantidade produzida pela firma. 
Por exemplo, são fatores de produção fixos o capital físico e as instalações 
da empresa. E são fatores de produção variáveis a mão de obra e as matérias-
-primas usadas. Com relação ao prazo, define-se curto prazo o período no 
qual existe pelo menos um fator de produção fixo. Já no longo prazo todos 
os fatores de produção variam.
Teoria dos custos: todas as fi rmas na teoria microeconômica têm como 
objetivo maximizar os lucros por meio de sua atividade produtiva, ou seja, 
combinar de maneira efi ciente os fatores de produção. É nesse caso que os 
estudos dos custos das fi rmas tornam-se de fundamental importância para 
a economia. Assim, a quantidade empregada de cada fator de produção, 
multiplicada pelo seu preço de mercado, constituirá os custos da empresa, 
originando o custo total de produção (PINDYCK; RUBINFELD, 1999).
Em outras palavras, o custo total de produção é o total das despesas 
realizadas pela firma com a utilização da combinação mais econômica dos 
fatores por meio da qual é obtida uma determinada quantidade de bens ou 
serviços (VASCONCELLOS, 2009). Dessa forma, os custos totais de produ-
ção podem ser divididos em custos fixos e custos variáveis. Os custos fixos 
são aqueles que não dependem da quantidade produzida. Eles são decorrentes 
dos fatores de produção fixos. Já os custos variáveis de produção são aqueles 
que dependem da quantidade produzida, logo serão maiores quanto maior 
a produção e vice-versa.
Na microeconomia, os custos também são analisados a partir do prazo 
— curto e longo prazo. Nesse caso, os custos de produção no curto prazo 
são afetados apenas pelos fatores de produção variáveis. Logo, você pode 
notar que os custos no curto prazo dependem diretamente do nível de 
produção estabelecido pela firma. Já os custos de produção no longo prazo 
são afetados por todos os fatores de produção, já que, nesse caso, não há 
fatores de produção fixos e logo não existem custos fixos de produção. Em 
outras palavras, no longo prazo todos os custos são variáveis (CARRERA-
-FERNANDEZ, 2009).
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Além dos custos totais, fixos e variáveis, a teoria microeconômica se interessa também 
por outras análises de custos. Nesse contexto, a microeconomia analisa ainda os 
custos médios e os custos marginais. Os custos médios se referem aos custos totais 
divididos pelas quantidades produzidas. Ou seja, constituem o custo unitário da 
produção (ou o custo por unidade). Existe também o custo variável médio, que é 
o custo variável dividido pela quantidade, e o custo fixo médio, que é o custo fixo 
dividido pela quantidade. Já os custos marginais referem-se às variações dos custos 
em resposta às variações na quantidade produzida.
Lucro: a teoria da fi rma postula um comportamento otimizador por parte 
dessa unidade produtiva. Em outras palavras, o propósito maior da fi rma é a 
maximização do lucro. A maximização do lucro ocorre quando a fi rma escolhe 
o nível de utilização de insumos e, portanto, o nível de produção, de modo a 
maximizar o seu lucro, condicionado à tecnologia disponível e dados os preços 
dos insumos e do produto (CARRERA-FERNANDEZ, 2009).
De acordo com Carrera-Fernandez (2009), o postulado de maximização 
do lucro é mais amplo que o de minimização do custo. Em termos práticos, o 
autor defende que, ao se postular que a firma maximiza lucros, isso implica 
que ela estará minimizando o seu custo de produção. Porém, o inverso não é 
verdadeiro: se a firma minimiza os custos, isso não quer necessariamente dizer 
que ela esteja maximizando o lucro (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Quando 
analisado sob o ponto de vista econômico, o lucro da firma pode ser definido 
pela diferença entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Vale lembrar que 
a receita total é o resultado da multiplicação do preço do produto pelo nível de 
produção. Já o custo total é a soma do gasto com todos os fatores de produção.
Estruturas de mercado
Como você sabe, na economia os mercados podem ser estruturados de manei-
ras diferentes. Dois fatores básicos diferenciam a competição dos mercados 
(VASCONCELLOS, 2009):
  o número de firmas produtoras operando no mercado;
  a homogeneidade ou a diferenciação existente entre os produtos das 
firmas.
15Noções de microeconomia
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É a partir desses dois fatores básicos que podem ser classificados, pelo 
menos, quatro tipos de mercados de bens e serviços:
1. concorrência perfeita;
2. concorrência monopolista;
3. monopólio;
4. oligopólio.
Além disso, são classificados mais dois mercados de insumos e fatores 
de produção:
1. monopsônio;
2. oligopsônio.
A seguir, você pode ver mais detalhadamente as características gerais 
de cada uma dessas estruturas de mercado e compreender como funciona o 
processo de determinação de preço e quantidade produzida.
Concorrência perfeita: é uma estrutura de mercado que visa a revelar 
qual deveria ser o funcionamento ideal de uma economia, servindo de base 
comparativa para as demais estruturas de mercado. Apesar de ser uma cons-
trução teórica, existem algumas situações que se aproximam da concorrência 
perfeita, como o mercado das commodities agrícolas ou de uma feira livre. 
Nesse sentido, a concorrência perfeita é uma situação de mercado assinalada 
pela existência de um grande número de compradores e vendedores que são 
tão pequenos que nenhum deles, de maneira isolada, é capaz de determinar 
o preço de mercado. Em outras palavras, tanto os produtores como os con-
sumidores são tomadores de preços.
Além disso, na concorrência perfeita, os produtos são homogêneos, não 
existindo diferenças entre eles. Logo, todos os produtos nesse mercado são 
perfeitos substitutos entre si. Ou seja, o consumidor comprará de qualquer 
firma, sendo indiferente a qualquer tipo de vendedor. Soma-se a isso, na 
concorrência perfeita, a inexistência de barreiras legais e econômicas tanto 
para a entrada como para a saída de firmas do mercado. Também há, tanto 
para compradores como para vendedores, informações perfeitas acerca do 
funcionamento do mercado. Ou seja, é um mercado com grande transparência 
nos preços, custos e lucros (PINDYCK; RUBINFELD, 1999).
Noções de microeconomia16
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Concorrência monopolista: é a estrutura de mercado que contém ele-
mentos da concorrência perfeita e do monopólio. Fica em uma posição 
intermediária entre as duas estruturas citadas.

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