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RobeRt H . FRank ben S . beRnanke QuaRta ed ição economia PRincÍPioS de Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 F828p Frank, Robert H. Princípios de economia / Robert H. Frank, Ben S. Bernanke, Louis D. Johnston ; tradução: Heloisa Fontoura, Monica Stefani ; revisão técnica: Giácomo Balbinotto Neto, Ronald Otto Hillbrecht. – 4. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2012. xliv, 892 p. : il. ; 28 cm. ISBN 978-85-8055-096-2 1. Economia. I. Bernanke, Ben S. II. Johnston, Louis D. III. Título. CDU 330 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Após ler este capítulo, você conseguirá: 1. Definir concorrência imperfeita e descrever como ela se diferencia da con- corrência perfeita. 2. Definir poder de mercado e mostrar como isso afeta a curva de demanda da empresa. 3. Explicar como os custos iniciais afetam as economias de escala e o poder de mercado. 4. Entender e utilizar os conceitos de custo marginal e receita marginal para encontrar o nível de produção e de preço que maximize o lucro de um mo- nopolista. 5. Mostrar como o monopólio altera o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente econômico total relativo à concorrência perfeita. 6. Descrever a discriminação de preços e seus efeitos. 7. Discutir políticas públicas geralmente aplicadas aos monopólios naturais. Alguns anos atrás, os estudantes em todos os Estados Unidos ficaram obce-cados pelo jogo Magic. Para jogá-lo, você precisa de um baralho de Magic Cards, fornecido apenas pelos criadores do jogo. Diferentemente de outros jogos de cartas comuns, que podem ser comprados na maioria das lojas por apenas um ou dois dólares, um baralho de Magic Cards é vendido por mais de $10. E como os Magic Cards não têm um custo de produção maior que o de cartas normais, seus produtores obtêm um enorme lucro econômico. Em um mercado perfeitamente competitivo, os empreendedores enxerga- riam este lucro econômico como dinheiro na mesa. Isso faria com que ofereces- sem os Magic Cards a preços levemente inferiores, de modo que, enfim, os bara- lhos fossem vendidos por um valor próximo de seu custo de produção, como os jogos de cartas comuns. Entretanto, os Magic Cards estão no mercado há anos, e isso não aconteceu. A razão é que as cartas são protegidas por direitos autorais, o que significa que os criadores do jogo receberam do governo uma licença ex- clusiva para vendê-las. MONOPÓLIO, OLIGOPÓLIO E CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA CAPÍTULO 9 234 PARTE III IMPERFEIÇÕES DE MERCADO O proprietário de um direito autoral é o exemplo de uma empresa imperfeita- mente competitiva, ou formadora de preços, isto é, uma empresa com pelo menos alguma liberdade para estabelecer seu próprio preço. A empresa competitiva, ao con- trário, é uma tomadora de preços, ou seja, não tem influência sobre o preço de seu produto. Neste capítulo abordamos como os mercados atendidos por empresas imperfeita- mente competitivas diferem daqueles servidos por empresas perfeitamente competiti- vas. Uma diferença marcante é a capacidade da empresa imperfeitamente competitiva, sob certas circunstâncias, de cobrar mais do que seu custo de produção. Contudo, se o produtor dos Magic Cards pudesse cobrar o preço que desejasse, por que cobraria apenas $10? Por que não $100, ou até mesmo $1 mil? Veremos que, embora essa empresa possa ser a única vendedora de seu produto, sua liberdade de precificação está longe de ser absoluta. Também veremos como algumas empresas imperfeitamente competitivas conseguem obter lucro econômico, mesmo no longo prazo e sem prote- ções governamentais, como direitos autorais. Finalmente, analisaremos por que a mão invisível de Adam Smith não está em evidência em um mundo atendido por empresas imperfeitamente competitivas. CONCORRÊNCIA IMPERFEITA O mercado perfeitamente competitivo é um ideal; os mercados reais que encontramos na vida diária diferem desse ideal em graus variados. Os livros de economia em geral distinguem três tipos de estruturas de mercado imperfeitamente competitivas. As clas- sificações são um pouco arbitrárias, mas são bastante úteis na análise dos mercados do mundo real. DIFERENTES FORMAS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA O monopólio puro está muito distante do ideal perfeitamente competitivo, um mer- cado no qual uma só empresa é a única vendedora de um produto único. O produtor de Magic Cards é um monopolista puro, assim como muitos fornecedores de energia elétrica. Se os moradores de Miami não comprarem sua eletricidade da Florida Power and Light Company, simplesmente ficarão sem eletricidade. No meio desses dois ex- tremos há diferentes tipos de concorrência imperfeita. Aqui vamos nos concentrar em dois deles: concorrência monopolística e oligopólio. Concorrência monopol íst ica Lembre-se do capítulo sobre oferta perfeitamente competitiva que, em uma indústria perfeitamente competitiva, muitas empresas normalmente vendem produtos que são basicamente substitutos perfeitos dos outros. Em contrapartida, a concorrência mono- polística é uma estrutura industrial na qual muitas empresas rivais vendem produtos parecidos, mas não são substitutos perfeitos. Os produtos rivais podem ser semelhan- tes em muitos aspectos, mas, aos olhos de alguns consumidores, sempre há ao menos alguma característica que diferencia um produto do outro. A concorrência monopo- lística tem em comum com a concorrência perfeita o fato de que não existem barreiras significativas que impeçam as empresas de entrar ou sair do mercado. Os postos de gasolina locais são um exemplo de uma indústria monopolistica- mente competitiva. A gasolina vendida por diferentes postos pode ser praticamente idêntica em termos químicos, mas a especial localização de um posto é uma carac- terística que importa para muitos consumidores. As lojas de conveniência são outro exemplo. Embora a maioria dos produtos encontrados nas prateleiras de qualquer loja seja também oferecida pela maioria das outras, as listas de produtos de diferentes lojas não são idênticas. Algumas alugam DVDs,por exemplo, e outras não. E ainda mais im- portante do que no caso dos postos de gasolina, a localização das lojas de conveniência é uma característica de diferenciação importante. Lembre-se de que se uma empresa perfeitamente competitiva cobrasse apenas um pouco mais do que o preço corrente de mercado para seu produto, ela nada venderia. empresa formadora de preço ou imperfeitamente competitiva companhia que tem, pelo menos, alguma liberdade para estabelecer seu próprio preço monopólio puro único fornecedor de um produto sem substituto próximo concorrência monopolística estrutura industrial na qual muitas empresas fabricam produtos levemente diferenciados que são substitutos próximos, mas não perfeitos Por que um baralho de Magic Cards é vendido por cerca de 10 vezes o preço dos baralhos comuns, embora não custe mais para ser produzido? 235CAPÍTULO 9 MONOPÓLIO, OLIGOPÓLIO E CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA A situação é diferente para a empresa monopolisticamente competitiva. O fato de que seu produto não é um substituto perfeito para os de suas rivais significa que ela pode cobrar um preço levemente superior e não perder todos os seus clientes. Entretanto, isso não significa que empresas monopolisticamente competitivas vão obter lucros econômicos positivos no longo prazo. Ao contrário, uma vez que novas empresas podem entrar livremente no mercado, uma indústria monopolisticamente competitiva é igual a uma indústria perfeitamente competitiva neste quesito. Se as atuais empresas monopolisticamente competitivas estivessem obtendo lucros econô- micos positivos com os preços correntes, as novas empresas teriam um incentivo para entrar no setor. Haveria pressões negativas sobre os preços, pois um número maior de empresas competiria por um grupo limitado de potenciais consumidores.1 Contanto que se mantivessem os lucros econômicos positivos, a entrada continuaria e os preços cairiam ainda mais.Ao contrário, se as empresas em uma indústria monopolistica- mente competitiva estivessem inicialmente sofrendo perdas econômicas, algumas delas começariam a sair do setor. Contanto que se mantivessem as perdas econômicas, a saída e as consequentes pressões positivas sobre os preços continuariam. Assim, no equilíbrio de longo prazo, as empresas monopolisticamente competitivas são, neste as- pecto, essencialmente iguais às perfeitamente competitivas: todas esperam obter lucro econômico zero. Embora as empresas monopolisticamente competitivas tenham liberdade para variar os preços de seus produtos no curto prazo, a precificação não é a decisão es- tratégica mais importante que elas enfrentam. Uma questão muito mais importante é como diferenciar seus produtos daqueles das empresas rivais existentes. Um produto deve ser feito para se parecer o máximo possível com o produto de uma rival? Ou o objetivo é fazê-lo o mais diferente possível? Ou a empresa deve buscar algo no meio termo? Analisaremos essas questões no próximo capítulo, quando iremos nos concen- trar nesse tipo de tomada de decisões estratégicas. Oligopól io Entre a concorrência perfeita e o monopólio puro existe o oligopólio, uma estrutura na qual todo o mercado é atendido por um pequeno número de grandes empresas. Vantagens de custos associadas a grandes empresas são uma das principais razões para o monopólio puro, como analisaremos agora. Normalmente o oligopólio também é consequência das vantagens de custo que impossibilitam as pequenas empresas de competir efetivamente. Em alguns casos, os oligopolistas vendem produtos não diferenciados. No mer- cado de serviços de telefonia celular, por exemplo, os produtos da AT&T, da Verizon e da Sprint são totalmente idênticos. A indústria de cimento é outro exemplo de oligopó- lio que vende um produto absolutamente não diferenciado. Nesses casos, as decisões estratégicas mais importantes enfrentadas pelas empresas envolvem mais precificação e propaganda do que características específicas de seu produto. Discutiremos essas decisões no próximo capítulo. Em outros casos, como as indústrias automobilística e de tabaco, os oligopolistas são mais concorrentes monopolísticos do que monopolistas puros, no sentido de que as diferenças nas características de seus produtos têm um efeito significativo sobre a demanda do consumidor. Muitos antigos compradores da Ford, por exemplo, jamais poderiam pensar em comprar um Chevrolet, e poucos fumantes trocaram de Camel para Marlboro. Assim como os oligopolistas que fabricam produtos não diferencia- dos, a precificação e a propaganda são decisões estratégicas importantes nessas indús- trias, bem como as relacionadas às características específicas do produto. Uma vez que as vantagens de custo associadas a grandes companhias são normal- mente tão importantes nos oligopólios, não há possibilidade de que a entrada e a saída oligopólio estrutura industrial na qual um pequeno número de grandes empresas fabrica produtos que são substitutos próximos ou perfeitos 1 Veja Edward Chamberlin, The Theory of Monopolistic Competition (Cambridge, MA: Harvard University Press, first edition, 1933, 8th, 1962) and Joan Robinson, The Economics of Imperfect Competition (London: Macmillan, first edition, 1933, second edition, 1969). 236 PARTE III IMPERFEIÇÕES DE MERCADO levarão o lucro econômico para zero. Considere, por exemplo, um oligopólio atendido por duas empresas, cada uma delas obtendo lucro econômico. Uma nova empresa deve entrar nesse mercado? Possivelmente, mas também pode acontecer que uma terceira empresa, suficientemente grande para atingir as vantagens de custo das duas existen- tes, inunde efetivamente o mercado, baixando tanto os preços que as três sofreriam perdas econômicas. Não existe garantia, no entanto, de que um oligopolista obterá um lucro econômico positivo. Como veremos na próxima seção, a característica essencial que diferencia as em- presas imperfeitamente competitivas das perfeitamente competitivas é a mesma em cada um dos três casos. Assim, neste capítulo, usaremos o termo monopolista para nos referirmos a qualquer um dos três tipos de empresas imperfeitamente competitivas. No próximo capítulo, consideraremos mais detalhadamente as decisões estratégicas enfrentadas pelos oligopolistas e pelas empresas monopolisticamente competitivas. RECAPITULANDO CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA E OLIGOPÓLIO A concorrência monopolística é a estrutura industrial na qual um grande núme- ro de pequenas empresas oferecem produtos similares em muitos aspectos, mas que não são substitutos perfeitos aos olhos de alguns consumidores. As indústrias monopolisticamente competitivas se assemelham às indústrias perfeitamente com- petitivas, pois a entrada e a saída fazem os lucros econômicos tenderem a zero no longo prazo. O oligopólio é uma estrutura industrial na qual um pequeno número de gran- des empresas atende todo o mercado. Vantagens de custos associadas a operações de grande escala tendem a ser importantes. Os oligopolistas podem produzir tanto produtos padronizados quanto diferenciados. A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE EMPRESAS PERFEITAMENTE E IMPERFEITAMENTE COMPETITIVAS Em cursos avançados de economia, os professores geralmente dão muita atenção à análise de diferenças sutis no comportamento de diversos tipos de empresas imperfei- tamente competitivas. Muito mais importante para nossos objetivos, no entanto, é fo- calizar a única característica comum que diferencia todas as empresas imperfeitamente competitivas de suas contrapartes perfeitamente competitivas: isto é, enquanto a em- presa perfeitamente competitiva se depara com uma curva de demanda perfeitamente elástica para seu produto, a empresa imperfeitamente competitiva se depara com uma curva de demanda com inclinação negativa. Na indústria perfeitamente competitiva, as curvas de oferta e de demanda cruzam-se para determinar o preço de equilíbrio de mercado. A esse preço, a em- presa perfeitamente competitiva pode vender quantas unidades desejar. Ela não tem incentivos para cobrar mais do que o preço de mercado, pois, se fizer isso, nada venderá. Nem possui incentivos para cobrar menos do que o preço de mercado, porque pode vender quantas unidades desejar ao preço de mercado. A curva de demanda da empresa perfeitamente competitiva será, portanto, uma linha horizontal no preço de mercado, como vimos nos Capítulos 6 e 8. Em contrapartida, se um posto de gasolina local – um concorrente imper- feito – cobrasse alguns centavos a mais do que seu rival por um litro de gaso- lina, alguns de seus clientes o abandonariam. Contudo, outros permaneceriam, talvez porque estejam dispostos a pagar um pouco mais para continuar abastecendo em um local mais conveniente. Assim, uma empresa imperfeitamente competitiva se depara com uma curva de demanda negativamente inclinada. A Figura 9.1 representa a dife- rença entre as curvas de demanda com que se deparam as companhias perfeitamente competitivas e as imperfeitamente competitivas. Se o posto Sunoco das ruas State e Meadow aumentasse seus preços em três centavos por litro, todos os seus clientes comprariam em outro posto? 237CAPÍTULO 9 MONOPÓLIO, OLIGOPÓLIO E CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA CINCO FONTES DE PODER DE MERCADO Diz-se que as empresas que se deparam com curvas de demanda negativamente incli- nadas desfrutam de poder de mercado, um termo que se refere à sua capacidade de es- tabelecer os preços de seus produtos. Um equívoco comum é pensar que uma empresa com poder de mercado pode vender qualquer quantidade ao preço que desejar. Ela não pode. Tudo o que ela pode fazer é estabelecer uma combinação preço-quantidade ao longo de sua curva de demanda. Se a empresa optar por aumentar seu preço, deve se preparar para vendas reduzidas. Por que algumas empresas têm poder de mercado enquanto outras não? Como o poder de mercado muitas vezes traz consigo a capacidade de cobrar um preço acima docusto de produção, esse poder tende a surgir de fatores que limitam a competição. Na prática, os cinco fatores que conferem esse poder são: controle exclusivo sobre in- sumos, patentes e direitos autorais, licenças governamentais ou franquias, economias de escala e economias de rede. CONTROLE EXCLUSIVO SOBRE INSUMOS IMPORTANTES Se uma única empresa controla um insumo essencial à produção de um determinado produto, esta terá poder de mercado. Por exemplo, à medida que alguns inquilinos estão dispostos a pagar um prêmio por um espaço de escritório no prédio mais alto da cidade de Chicaco, nos Estados Unidos, o Willis Tower, o proprietário desse prédio possui poder de mercado. PATENTES E DIREITOS AUTORAIS As patentes dão aos inventores ou desenvolvedores de novos produtos o direito exclu- sivo de vender esses produtos por um determinado período de tempo. Ao isolar esses vendedores da concorrência por algum tempo, as patentes permitem que os inovadores cobrem preços mais altos para recuperar seus custos de desenvolvimento do produto. As companhias farmacêuticas, por exemplo, gastam milhões de dólares em pesquisa, na expectativa de descobrir novos remédios para doenças graves. Os remédios que elas descobrem ficam isolados da concorrência por um intervalo de tempo – atualmente 20 anos, nos Estados Unidos – por meio de patentes governamentais. Durante a vida da pa- tente, apenas seu proprietário pode vender o remédio legalmente. Esta proteção permite que o detentor da patente estabeleça um preço acima do custo marginal de produção para recuperar o custo de pesquisa do remédio. Da mesma forma, os direitos autorais protegem os autores de filmes, software, músicas, livros e outros trabalhos publicados. LICENÇAS GOVERNAMENTAIS OU FRANQUIAS A Yosemite Concession Services Corporation possui uma licença exclusiva do governo norte-americano para operar as atividades de alojamento e concessão no Yosemite poder de mercado capacidade da empresa de aumentar o preço de um bem sem perder todas as suas vendas $/ un id ad e de p ro du çã o Empresa perfeitamente competitiva P re ço Quantidade (b) D 0Quantidade (a) Preço de mercado D 0 Empresa imperfeitamente competitiva Figura 9.1 As curvas de demanda com que se deparam empresas perfeitamente e imperfeitamente competitivas. (a) A curva de demanda com que se depara uma empresa perfeitamente competitiva é perfeitamente elástica no preço de mercado. (b) A curva de demanda com que se depara uma empresa imperfeitamente competitiva é negativamente inclinada. Conteúdo: ECONOMIA Daniele Fernandes da Silva Princípios básicos da economia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: n Reconhecer as diferentes áreas de conhecimento no estudo das Ciências Econômicas. n Identi� car os precursores da Teoria Econômica. n Relacionar as funções do Estado na economia e sociedade. Introdução O estudo das ciências econômicas constitui-se um corpo unitário, mas passível de uma divisão entre as principais áreas do conhecimento, como a macroeconomia, a microeconomia, o desenvolvimento econômico e a economia internacional. Neste texto, você irá estu- dar os principais teóricos responsáveis pela evolução do pensamento econômico, relacionando aspectos da vida política, social e econômica dos indivíduos, assim como compreender o papel do Estado nesses aspectos. Corpo de estudo das Ciências Econômicas As Ciências Econômicas estão presentes no cotidiano dos indivíduos sem que eles a notem. Desde a decisão sobre o que comprar com o orçamento familiar até as notícias a respeito da política estão relacionadas à econo- mia. Portanto, acaba-se por tomar decisões econômicas sem que se tenha um estudo aprofundado nessa área. Isso não signifi ca, contudo, que essas decisões e opiniões a respeito da política sejam adequadas, uma vez que é necessário aprofundar o conhecimento técnico dessa área, conhecida por sua complexidade. O estudo das Ciências Econômicas constitui-se de um corpo unitário de conhecimento da realidade, passível de uma divisão, Economia_U1_C01.indd 1 25/07/2017 18:21:48 principalmente por razões didáticas, entre quatro principais áreas: a micro- economia, a macroeconomia, o desenvolvimento econômico e a economia internacional, veja a seguir: n Microeconomia: é o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo (indivíduos e famílias), assim como das empresas em relação à produção e à formação de preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos, tomando-se como base a demanda e a oferta de mercado. Os preços representam os sinais para o uso eficiente dos recursos que são escassos na sociedade. n Macroeconomia: estuda o comportamento do sistema econômico por um reduzido número de fatores, como a produção ou produto total de uma economia (Produto Interno Bruto [PIB] e Produto Nacional Bruto[PNB]), o nível de emprego e poupança, o investimento, o consumo e o nível geral dos preços. Os principais objetivos da macroeconomia estão relacionados ao crescimento do produto e do consumo, no ele- vado nível de oferta de empregos, na inflação reduzida e controlada e no comércio internacional vantajoso. Também estuda as condições de equilíbrio entre a renda e a despesa nacionais, objetivadas pelas políticas econômicas de intervenção. n Desenvolvimento econômico: é a subárea responsável pelo estudo do processo de acumulação dos recursos escassos e da geração de tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços para a sociedade. O maior objetivo é que a riqueza gerada em uma nação seja distribuída entre os membros da sociedade, promovendo igualmente níveis satisfatórios de bem-estar. n Economia internacional: trata das condições de equilíbrio do comér- cio externo, ou seja, entre as importações e as exportações, além dos fluxos de capital. Existem, ainda, algumas terminologias próprias da área econômica de fundamental importância para o seu conhecimento, uma vez que tratam de assuntos que envolvem o dia a dia dos indivíduos em qualquer sociedade, assim como a sua interação. Entre esses termos podem ser citados os seguintes: n Agentes econômicos: são os próprios indivíduos, as instituições ou conjunto de instituições que, através das suas decisões e ações, es- tabelecem relações econômicas entre si e intervêm em um circuito econômico. Cada agente econômico intervém nesse circuito de forma Princípios básicos da economia2 Economia_U1_C01.indd 2 25/07/2017 18:21:49 diferente, seja através da produção de bens ou serviços, pelo consumo ou pelo investimento. São considerados agentes econômicos: ■ Estado: responsável pela tomada de decisões de consumo e de in- vestimento, mas relacionados à política econômica, representando as necessidades comuns dos indivíduos de uma sociedade. ■ Famílias: tomam decisões sobre o consumo de bens e/ou serviços e de poupança, que estão condicionados aos rendimentos auferidos, assim como sobre a demanda por trabalho. ■ Empresas: também tomam decisões sobre investimento e de pro- dução, bem como da oferta de trabalho. ■ Instituições financeiras: tomam decisões a respeito de seus serviços de intermediação financeira, tendo como contrapartida os juros e os prêmios (no caso dos seguros). ■ Exterior: suas decisões são acerca da troca de bens, serviços e capitais. Tipos de economias Em uma economia fechada, sem a realização de trocas comerciais com o exterior, as relações econômicas se dão entre as instituições fi nanceiras, o Estado, as famílias e as empresas. Caso seja uma economia fechada, sem a intervenção do governo, o circuito econômico é formado apenas pelas ins- tituições fi nanceiras, as empresas e as famílias. Em uma economia aberta, com governo, agora havendo transações comerciais com o exterior, o circuito econômico é maior, incluindo também o exterior. Na Figura 1, você pode observar a representaçãodo chamado Fluxo Circular da Renda em uma eco- nomia fechada e sem governo. 3Princípios básicos da economia Economia_U1_C01.indd 3 25/07/2017 18:21:49 Figura 1. Fluxo circular da renda em economia fechada e sem governo. Conforme demonstra a Figura 1, as famílias oferecem os seus fatores de produção no mercado de fatores de produção, e eles são demandados pelas empresas para a produção de bens e serviços. Com o valor da venda desses bens e serviços pelas empresas, as famílias são remuneradas pela utilização de sua mão de obra física ou intelectual, seus imóveis ou terras, tecnologia, etc. Estas, por sua vez, decidem a parte de suas rendas que será gasta na aquisição de bens e serviços produzidos pelas empresas e a parte que será poupada junto às instituições financeiras. Com o dinheiro da poupança das famílias, as instituições financeiras dispõem de recursos para emprestar para as empresas. A troca física de fatores de produção e de bens e serviços é chamada de fluxo real, enquanto a troca monetária (gasto das famílias e remuneração dos fatores de produção pelas empresas) se constitui em fluxo monetário. Quando se inclui o governo nesse fluxo, ele realiza seus gastos em serviços públicos para os demais agentes econômicos, utilizando os recursos dos tributos (taxas e impostos) pagos pelos mesmos. Abrindo essa economia para o comér- cio exterior, ou seja, quando se trata de uma economia aberta, o exterior (ou resto do mundo) exporta os seus produtos para o país em questão, recebendo divisas por essa transação, mas também importa bens e serviços, tendo que Princípios básicos da economia4 Economia_U1_C01.indd 4 25/07/2017 18:21:49 pagar por essa aquisição. O saldo entre as exportações e as importações se chama saldo comercial, que pode ser positivo ou negativo. Precursores da Teoria Econômica Há aproximadamente 400 anos a.C. foi possível identifi car algumas referências à economia entre os primeiros fi lósofos da Grécia antiga. Aristóteles (384 a.C.), foi um dos precursores da antiguidade, por meio de seus estudos sobre a administração privada e fi nanças públicas. Também Xenofonte (440-335 a.C.), que cunhou o termo economia (oiko = casa; nomos = lei), no sentido de gestão dos bens privados, em que um casal deveria dividir as atribuições e responsabilidades perante a sua família. Neste caso, o homem tinha o dever sobre a propriedade, gerando patrimônio e bens, ao passo que a mulher teria o dever sobre o governo do lar, administrando a riqueza trazida pelo homem. Já Platão (427-347 a.C.) afi rmava que “[...] disfarçavelmente violento e ganancioso, o homem é levado pelo desejo de ter sempre mais (poder, glória, conforto, prazeres e vantagens, por exemplo) [...]” (PLATÃO apud FÉLIX, 2014). Contudo, na antiguidade os estudos não apresentavam um padrão homo- gêneo ou sistemático das relações econômicas, não havendo contribuições consistentes para o surgimento da Teoria Econômica. Assim, a atividade econômica do homem era tratada e estudada como parte integrante da filosofia social, moral e ética, devendo-se orientar pelos princípios gerais da ética, justiça e igualdade. Foi apenas entre os séculos XV e XVIII, na era mercantilista, que a econo- mia começou a dar os seus primeiros passos em termos de reconhecimento de campo científico. Nessa época, as preocupações se davam sobre a acumulação de riquezas em uma nação e o fortalecimento do Estado, ou seja, fomentar o comércio exterior seria o caminho para entesourar riquezas, mas restringindo as importações por meio de políticas protecionistas. O acúmulo de metais (ouro e prata) adquiriu grande importância no período mercanti- lista, pois considerava-se que o governo de um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque desses metais. Surgem, portanto, relatos mais elaborados sobre a moeda, utilizada como dinheiro, instrumento de troca e medida de valores. 5Princípios básicos da economia Economia_U1_C01.indd 5 25/07/2017 18:21:51 Nessa época, era grande a importância do Estado nos assuntos econômicos, defendendo o maior intervencionismo, mediante à implementação de novas indústrias, o controle do consumo interno de determinados produtos, propor- cionando melhoria da infraestrutura e promovendo a colonização de novos territórios (monopólio) como forma de garantir o acesso a matérias-primas, bem como o escoamento de produtos manufaturados. Era Clássica No século XVIII, como reação ao mercantilismo, surgiu a primeira escola econômica. Foram os chamados fi siocratas que, na França, desenvolveram seus trabalhos originando a Teoria Econômica. O termo fi siocracia, signifi ca “governo da natureza”, ou seja, se considera a terra como a única fonte de riqueza. Deste modo, contradizendo os mercantilistas, os fi siocratas defendiam que a riqueza das nações era gerada pelo valor das terras agrícolas ou pelos produtos dessas terras, isto é, a importância destes era tamanha que deveriam ter os seus preços elevados. No mesmo sentido, o trabalho produtivo, relacio- nado à lavoura, à pesca e à mineração, era a fonte de riqueza. O principal marco da fisiocracia foi o fato da intervenção estatal ser des- necessária, contradizendo, mais uma vez, a crença dos mercantilistas. Essa dispensabilidade do estado devia-se a consideração da supremacia da lei da natureza, e tudo o que fosse contra esta seria derrotado. Portanto, acreditava- -se em uma ordem natural que fazia com que o universo fosse regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela providência divina para a felicidade dos homens. Para os fisiocratas, toda a vida permanece dependente da produtividade do solo bruto e a capacidade do meio ambiente natural se renovar. Os pensadores dessa época representam a Teoria Econômica Clássica. O principal deles, o professor Adam Smith, foi considerado o “pai” da economia, sendo reconhecido como tal após a publicação de seu livro A Riqueza das Nações em 1776, no qual defendia o liberalismo, ou seja, a livre concorrência e a desnecessidade do governo nas questões econômicas, o que ficou conhecido por laissez-faire, ou “deixar-fazer”, em francês. Outro importante pensador clássico a ser citado é David Ricardo, que, por meio de suas teorias de determinação do valor de renda da terra e das vantagens comparativas relacionadas ao comércio internacional, explica o porquê de as nações negociarem entre si. Princípios básicos da economia6 Economia_U1_C01.indd 6 25/07/2017 18:21:51 Era Neoclássica Após a era Clássica, o pensamento econômico evoluiu para as teorias Neoclás- sicas, iniciadas em meados da década 1870 e estendendo-se até as primeiras décadas do século XX. Esses estudos privilegiavam aspectos microeconômicos, pois defendiam o Estado mínimo, devido à crença de autorregulação dos mercados, deixando de lado questões macroeconômicas ou políticas. Deste modo, as contribuições da era neoclássica se deram pelos estudos de redução de custos, da utilidade marginal (capacidade de satisfazer as necessidades humanas), a lei da oferta e da demanda, a formação de preços, entre outros. As teorias Neoclássicas são utilizadas até os dias atuais e serviram como base e inspiração para a criação de outras posteriormente, no campo da microeconomia, como a análise do comportamento do consumidor (desejo de maximizar da utilidade/satisfação do consumo) e do comportamento do empresário (desejo de maximizar o lucro). A evolução da teoria microeconômica passou a considerar também res- trições de fatores de produção e orçamentárias nas decisões de consumo e produção, desenvolveu conceitos de receitas e custos marginais (Teoria Marginalista), bem como a Teoria Quantitativa da Moeda, que relaciona a quantidade de dinheiro aos níveis de atividade econômica e de preços. Dentre os teóricos neoclássicos, destaca-se Léon Walras, com sua Teoria Geral do Equilíbrio (dos preços), Willian Jevons, com a Teoria da Utilidade Marginal e Alfred Marshall,com a publicação do livro Princípios de econo- mia, em 1890. Este último, utilizava métodos matemáticos para investigação e explicação dos fenômenos econômicos, introduziu o fator tempo para a análise do valor e incluiu as necessidades humanas diversas para o valor de uma mercadoria (utilidade marginal). Era Keynesiana Na década de 1920, a Teoria Econômica apresentou uma nova fase, a Era Keyne- siana. A teoria Keynesiana surgiu a partir da publicação do livro Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, de John Maynard Keynes, em 1936. O motivo 7Princípios básicos da economia Economia_U1_C01.indd 7 25/07/2017 18:21:51 dessa mudança na evolução do pensamento econômico foi a Grande Depressão (1930), que devastava a economia mundial. A causa dessa turbulência foi a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, provocando alto nível de desemprego nos Estados Unidos e na Europa. Criticou-se, então, a realidade econômica dos prin- cipais países, pois a Teoria Econômica, até então vigente, defendia o autoequilíbrio, enquanto essa crise estava levando um tempo signifi cativo para se fi nalizar. Foi, portanto, a publicação de Keynes que revelou algumas combinações de políticas econômicas que seriam a solução para tirar o mundo daquele contexto econômico. Para Keynes, um dos fatores responsáveis pelo volume de emprego é o nível de produção nacional de uma economia, determinado pela demanda agregada ou efetiva de bens e serviços. Assim, torna-se necessária a intervenção do Estado por meio de políticas expansionistas (aumento de gastos públicos, redução de tributos e da taxa de juros da economia), ou seja, não existem forças autorregulatórias. A recuperação das economias se deu após a implementação dessas políticas, resultando no fim da crença no laissez-faire, de Adam Smith. Após esse período novas abordagens e teorias econômicas foram criadas, inspiradas nas diversas citadas ao longo desse tópico. Entre as principais questões tratadas nesses estudos e que são levantadas até os dias atuais está o nível de intervenção do Estado nas economias, sem que alguma conclusão concreta se tenha chegado. Funções do Estado As ações do Estado na economia e na sociedade têm como principal objetivo a promoção do bem-estar da população. Nesse sentido, torna-se importante o papel do direito no estabelecimento de normas que regulam as relações entre os indivíduos e grupos, bem como entre governos, indivíduos e organizações internacionais. A evolução e o surgimento da sociedade civil exigiram a promoção e a ampliação dos direitos naturais do homem à vida, à liberdade e à propriedade. No Brasil, as normas constitucionais foram criadas, com base nesses princípios, visando promover o bem-estar geral da sociedade. Essas normas encontram-se na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Você pode notar a forte presença do direito nos assuntos econômicos, po- dendo ainda observar tal relação ao analisar os princípios gerais da atividade econômica, da política urbana, agrícola e fundiária, o Sistema Financeiro Nacional e as políticas monetárias de crédito, cambial e de comércio exterior. Além da intervenção do governo na promoção do bem-estar da sociedade, existem preocupações em outras esferas que têm tomado cada vez mais espaço Princípios básicos da economia8 Economia_U1_C01.indd 8 25/07/2017 18:21:52 no meio político e jurídico, que são a criação de normas jurídicas de proteção a natureza, em relação à fauna, à flora e aos mananciais, assim como ao meio ambiente de modo geral. O Protocolo de Quioto e a regulamentação do mer- cado de carbono são exemplos dessas questões. Outras normas, com relação à ação negativa do homem em quanto ao meio ambiente podem ser lembradas, como as punições fiscais a empresas que não realizam de forma adequada e sustentável o descarte de material tóxico na natureza. De modo geral, o intuito das normas jurídicas é regular as atividades econômicas, no sentido de tornar os mercados mais eficientes (função alocativa), e buscar melhor qualidade de vida para a população como um todo (função distributiva). Assim, temos as funções básicas do governo na economia e na sociedade, que são: a função alocativa, a função distributiva e a função estabilizadora. Função alocativa A função alocativa está relacionada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado. Esses bens são chamados de bens públicos, que têm como principal característica a não exclusão de alguns indivíduos de seu consumo, ou seja, qualquer indivíduo tem o direito de usufruir deles, mesmo que não tenha realizado contribuição fi nanceira para sua criação. Ninguém pode ter qualquer vantagem sobre o outro na utilização desse bem, que é de direito de todos. O princípio da exclusão está relacionado, por exemplo, a um indivíduo A que adquire um bem com o seu dinheiro e tem o direito de consumi-lo quando e onde quiser, ao passo que um indivíduo B, que não pagou pelo mesmo bem, não tem o mesmo direito de consumi-lo, ou seja, é excluído desse consumo. Nesse caso, o consumo de um bem é considerado rival (ou de consumo excludente), pois o consumo realizado por um agente exclui automaticamente o consumo por outros indivíduos (o consumo de um shop, por exemplo). Já o consumo de um bem não rival (ou que não satisfaz o princípio da exclusão) acontece quando o consumo de um bem por um indivíduo não diminui a quantidade a ser consumida pelos demais. Um poste de luz em uma via pública é um exemplo de bem de consumo não rival. 9Princípios básicos da economia Economia_U1_C01.indd 9 25/07/2017 18:21:52 Função distributiva A função distributiva está relacionada ao governo atuando como um agente redistribuidor de renda, veja alguns exemplos dessa ação: n Aplicação de uma política fiscal de tributos, utilizando a regra do imposto de renda progressivo, em que a alíquota cresce na medida em que o salário aumenta (até chegar a um teto). Isto representa a retirada de recursos dos segmentos mais ricos da sociedade (pessoas, setores, regiões), transferindo-os para os segmentos menos favorecidos, por meio de políticas sociais. n No caso brasileiro, o estabelecimento de determinados impostos em níveis inferiores em estados com menor desenvolvimento econômico, atraindo investidores para essas regiões e criando empregos e renda. Ainda pode ocorrer por meio da combinação de impostos sobre pro- dutos adquiridos por pessoas mais ricas, com subsídios para produtos adquiridos por consumidores de baixa renda. n Na redistribuição setorial ou regional por meio de uma política de gastos públicos e subsídios para os segmentos menos favorecidos. Função estabilizadora A função estabilizadora compreende a intervenção do Estado na economia, por meio de medidas fi scais e monetárias que infl uenciem o comportamento dos preços e emprego, pois são variáveis importantes para o crescimento econômico e que não adquirem estabilidade de forma automática. Por exemplo, em uma economia com a inflação mais elevada do que os níveis desejados pelo governo, este pode intervir aumentando a taxa de juros básica da economia, sinalizando para as instituições financeiras que sigam esse comportamento, de modo a encarecer os empréstimos para as famílias e empresas com o intui de reduzir o consumo e os investimentos, assim como a sua pressão sobre o nível geral de preços. O objetivo, neste caso, é um nível inflacionário mais baixo. Crescimento da participação do setor público na economia A partir do início do século XX, após a Grande Depressão de 1929, os go- vernos, de modo geral, passam a regular com maior intensidade a atividade Princípios básicos da economia10 Economia_U1_C01.indd 10 25/07/2017 18:21:52 econômica de seus países. Passou a ser colocado em dúvida o papel da “mão invisível” de Adam Smith, na condução dos mercados ao seu ponto de equi- líbrio, resolvendo os problemas fundamentais da economia: O que e quanto? Como? Epara quem produzir? O governo deixou de desempenhar as suas funções tradicionais, como a justiça e a segurança, para realizar a oferta de bens públicos, como a ele- tricidade, o saneamento, as rodovias, as ferrovias, os portos, entre outros, proporcionando, desse modo, melhores condições de infraestrutura para a atuação e o desenvolvimento das indústrias no mercado. Passou-se a observar uma crescente participação do Estado na produção nacio- nal e o aumento de leis que buscavam a regulamentação da atividade econômica. Além do acontecimento da Grande Depressão, que levou a chamada re- volução keynesiana, Vasconcellos e Garcia (2014) citam outros motivos que levaram a crescente intervenção do estado na economia: n As falhas de mercado (caracterizadas pelo poder de monopólios e oli- gopólios, as assimetrias de informações e as externalidades). n O desemprego. n O crescimento da renda per capita (que leva ao aumento da demanda por bens e serviços públicos, como o lazer, a educação superior, os serviços médicos, entre outros). n As mudanças tecnológicas (invenção do motor de combustão que aumen- tou a demanda por rodovias e infraestrutura, o que repercute também sobre o crescimento de outros setores da economia). n As mudanças populacionais (o aumento populacional leva a aumentos dos gastos do governo em educação, saúde e outros). n Os efeitos da guerra (aumentando a participação do Estado na economia). n Os fatores políticos e sociais (em que novos grupos sociais passam a ter maior presença política, demandando novos empreendimentos públicos). n Mudanças da Previdência Social (com o passar do tempo essa institui- ção passou a ser um instrumento de distribuição de renda, elevando a participação do Estado no mecanismo previdenciário). Além desses elementos, os autores citam que o desenvolvimento dos mer- cados financeiros e do comércio internacional, tornaram mais complexas as relações econômicas, adicionando elementos de incerteza e especulação (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014). Isso exigiu o alargamento das funções públicas do Estado, no sentido de promover a estabilidade econômica, o cres- cimento do produto e do bem-estar da população. 11Princípios básicos da economia Economia_U1_C01.indd 11 25/07/2017 18:21:52 1. No início do Pensamento Econômico, esta matéria fez parte da Filosofia, Moral e Ética. Mas, com o passar do tempo, foi se adaptando às necessidades e às novas realidades de cada país, formando cada vez mais o seu próprio corpo teórico. Foi na época dos descobrimentos, século XVI, o motor para as primeiras considerações propriamente econômicas. Com relação aos teóricos do Pensamento Econômico, marque a alternativa correta: a) A maior preocupação da Era Mercantilista era como fortalecer um país e acumular riquezas. b) Na era Clássica, o Estado deveria regular o mercado até este encontrar o seu nível de equilíbrio. c) Para os fisiocratas, é o acúmulo de materiais preciosos que gera a riqueza de uma nação. d) Através da especialização do trabalho, os funcionários perdem as suas capacidades de dinamismo e criatividade, prejudicando a produtividade e geração de lucro dos capitalistas. e) Uma das principais características do Mercantilismo foi a participação minimalista do Estado nas economias. 2. Agentes econômicos são todos os indivíduos, instituições ou conjunto de instituições que, através das suas decisões e ações, tomadas racionalmente, intervêm num circuito econômico. Com relação a quem são esses agentes econômicos e a relação entre os mesmos, marque a opção certa: a) O Estado toma decisões de consumo, de investimento e de política econômica. b) As instituições financeiras tomam decisões sobre o consumo de bens e serviços e de poupança mediante os rendimentos auferidos, assim como sobre a demanda por trabalho. c) As famílias tomam decisões sobre investimento, sobre produção e a oferta de trabalho. d) As empresas tomam decisões a respeito de seus serviços de intermediação financeira, tendo como contrapartida os juros e os prêmios (no caso dos seguros). e) O Estado toma as suas decisões acerca da troca de bens, serviços e capitais. 3. Na década de 1920, a teoria econômica apresentou uma nova fase, a “era Keynesiana”. A respeito desse período, marque a opção certa: a) A teoria Keynesiana surgiu a partir da publicação do livro “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith, em 1936. b) O motivo da mudança de fase do pensamento econômico foi a Grande Depressão (1930), que devastava a economia mundial, que demorava para retornar ao equilíbrio. c) Para Keynes, um dos fatores responsáveis pelo volume de emprego é o excesso de oferta em uma economia, provocando sobreacumulação produtiva de bens e serviços Princípios básicos da economia12 Economia_U1_C01.indd 12 25/07/2017 18:21:52 e, consequentemente, crise. d) Para Keynes, torna-se necessária a intervenção do Estado, através de políticas contracionistas (redução de gastos públicos, aumento de tributos e da taxa de juros da economia), ou seja, não existem forças autorregulatórias. e) A recuperação das economias se deu após a eliminação da atuação do Estado na economia, corroborando o sucesso na crença do “laissez-faire” de seu antecessor, Adam Smith. 4. Com relação às funções econômicas do Estado, escolha a opção certa: a) A função estabilizadora está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado. b) A função alocativa é quando o governo funciona como um agente redistribuidor de renda, na medida em que, por meio da tributação, retira recursos dos segmentos mais ricos da sociedade (pessoas, setores, regiões) e os transfere para os segmentos menos favorecidos. c) A função estabilizadora está relacionada à intervenção do Estado na economia, de modo a alterar o comportamento dos preços e dos empregos. d) A função alocativa está relacionada à intervenção do Estado na economia, de modo a alterar o comportamento dos preços e dos empregos. e) A função distributiva está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado. 5. Para que o Estado possa cumprir suas funções com a sociedade, precisa arrecadar recursos e a principal fonte de arrecadação é através dos tributos. Com relação aos impostos que são recolhidos na economia brasileira, é correto afirmar que: a) O IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física), o IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) são exemplos de impostos indiretos. b) Os impostos diretos incidem sobre as transações com mercadorias e serviços. c) Nos impostos indiretos, as empresas sempre arcam com o seu ônus. d) O ICMS – Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, o IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados e o ISS – Imposto Sobre a Prestação de Serviços são exemplos de impostos diretos. e) Os impostos diretos incidem sobre a renda e sobre o patrimônio. 13Princípios básicos da economia Economia_U1_C01.indd 13 25/07/2017 18:21:53 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 18 maio 2017. FÉLIX, L. Platão: o mito do anel de Giges. Carta Forense, São Paulo, 02 jun. 2014. Dis- ponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/platao---o-mito- -do-anel-de-giges/13766>. Acesso em: 05 jun. 2017. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. Princípios básicos da economia14 Economia_U1_C01.indd 14 25/07/2017 18:21:54 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: ECONOMIA POLÍTICA Filipe Prado Macedo da SilvaNoções de microeconomia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o objeto de estudo da microeconomia. Analisar o comportamento da demanda: a teoria do consumidor. Analisar o comportamento da oferta: a teoria da firma e as estruturas de mercado. Introdução A microeconomia é o ramo da economia que se concentra no compor- tamento das unidades individuais, como os consumidores, as empresas, os proprietários de fatores de produção e os governos. Basicamente, a teoria microeconômica tem dois lados analíticos: o da demanda e o da oferta. Enquanto o comportamento microeconômico da demanda é analisado a partir da teoria do consumidor, o comportamento da oferta é estudado a partir da teoria da firma e da teoria dos mercados. Em todos os casos, a microeconomia apresenta uma perspectiva microscópica dos fenômenos econômicos, ou seja, uma análise parcial deles. Neste capítulo, você vai conhecer o objeto de estudo da microe- conomia. Além disso, vai compreender o que é o comportamento da demanda e o que é o comportamento da oferta. Objeto de estudo da microeconomia A microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento das unidades individuais, como os consumidores, as empresas, os proprietários de fatores de produção e os governos. Em outras palavras, a microeconomia se ocupa da forma como as unidades individuais que compõem a economia — consumidores privados, empresas, trabalhadores, produtores de bens e serviços, etc. — agem e reagem umas sobre as outras (SANDRONI, 2005). C06_Nocoes_microeconomia.indd 1 13/03/2018 15:10:42 Assim, a microeconomia se preocupa em estudar como e por que os agentes econômicos capitalistas agem de determinadas formas. Entre inúmeras per- guntas, a microeconomia procura respostas para as seguintes questões: o que determina o preço dos bens e serviços em uma economia? O que determina o quanto de cada mercadoria será produzido? O que determina a maneira pela qual uma família gasta a sua renda? Para Vasconcellos (2009), deve ser observado que a microeconomia não tem seu foco na empresa, portanto não deve ser confundida com a administração. O foco da microeconomia está no mercado no qual as em- presas e os consumidores interagem, analisando os fatores econômicos que determinam tanto o comportamento da demanda quanto o da oferta. Logo, a microeconomia apresenta uma perspectiva “microscópica” dos fenômenos econômicos, ou seja, uma análise parcial desses fenômenos. Enquanto a microeconomia se preocupa mais com uma análise parcial, a macroeconomia foca nos grandes agregados econômicos dentro de uma análise global. É importante você notar que, antes do início do século XX, a economia era uma ciência exclusivamente microeconômica (SANDRONI, 2005). A divisão da economia em dois grandes ramos — microeconomia e macroeconomia — apareceu no início da década de 1930. Apesar de es- ses dois grandes ramos da economia caminharem por canais distintos, a separação é muito frágil. Afinal, os fenômenos econômicos requerem o inter-relacionamento das teorias que se inserem em ambos os ramos. Fundamentalmente, a análise microeconômica pode ser dividida em cinco grandes categorias: 1. a teoria da demanda/procura; 2. a teoria da oferta; 3. a análise das estruturas de mercado; 4. a teoria do equilíbrio geral e do bem-estar; 5. as imperfeições de mercado (as externalidades, os bens públicos e as informações assimétricas). Dentro da teoria da demanda/procura aparecem: a) a teoria do consumidor (que é a demanda individual); b) a demanda de mercado. Noções de microeconomia2 C06_Nocoes_microeconomia.indd 2 13/03/2018 15:10:42 Já na teoria da oferta surgem: a) a oferta individual — com a teoria da produção e a teoria dos custos da produção; b) a oferta de mercado. E, por fim, na análise das estruturas de mercado há: a) a análise do mercado de bens e serviços; b) a análise do mercado de insumos e de fatores de produção (dê uma olhada na Figura 1, a seguir). Figura 1. Grandes categorias da teoria microeconômica. Fonte: Vasconcellos (2009, p. 30). Teoria da demanda/ procura Teoria do consumidor (demanda individual) Demanda de mercado Teoria da oferta Análise das estruturas de mercado Teoria do equilíbrio geral e do bem-estar Imperfeições de mercado: externalidades, bens públicos, informação assimétricaOferta individual Oferta de mercado Teoria da produção Teoria dos custos da produção Mercado de bens e serviços Mercado de insumos e fatores de produção Teoria microeconômica Demanda Oferta Mercado Em resumo, a teoria microeconômica se assenta em três pilares: a demanda, a oferta e o mercado. Nesse contexto, a análise microeconômica acontece em dois mercados: o mercado de bens e serviços, e o mercado dos serviços dos fatores de produção (terra, trabalho e capital). 3Noções de microeconomia C06_Nocoes_microeconomia.indd 3 13/03/2018 15:10:42 Na prática, é da relação entre a demanda e a oferta nos dois mercados que surge a preocupação fundamental da microeconomia: a formação dos preços. É por isso que a microeconomia pode ser chamada também de teoria de preços. Já para Pindyck e Rubinfeld (1999), a microeconomia se assenta em dois grandes grupos: compradores (demandantes) e vendedores (ofertantes). É a partir da interação entre esses dois grupos que surgem os mercados. Nesse sentido, o mercado é um grupo de compradores e vendedores que, por meio das suas reais ou potenciais interações, determina o preço de um produto ou conjunto de produtos. É importante você notar que o mercado não é a mesma coisa que a indústria: a indústria é um conjunto de empresas que vendem o mesmo produto ou produtos correlatos. Assim, uma indústria corresponde apenas a um dos grupos (o lado dos vendedores) que compõem um mercado. Características da microeconomia O estudo da microeconomia caracteriza-se por, pelo menos, quatro axiomas ou princípios teóricos que servem de base para todas as cinco grandes categorias apresentadas anteriormente. Em outras palavras, trata-se de características que permeiam todas as análises microeconômicas. Análise dedutiva ou teórica: a microeconomia se caracteriza como um ramo da economia de natureza dedutiva ou teórica. Esse caráter dedutivo decorre da complexidade e entrelaçamento de infl uências que subjazem às situações reais que são objeto de estudo. Ou seja, a análise microeconômica trabalha com muitas variáveis que não podem ser observadas ou mensuradas. Noções de microeconomia4 C06_Nocoes_microeconomia.indd 4 13/03/2018 15:10:43 É o caso, por exemplo, do grau de utilidade que os consumidores desfrutam ao dispor de certos bens ou serviços. Logo, a microeconomia lança mão de modelos teóricos, ou seja, de construções teóricas compostas por uma série de hipóteses, a partir das quais as conclusões são elaboradas. Assim, a partir da situação do mundo real, são selecionadas as variáveis mais signifi cativas do fenômeno que se estuda, permitindo que a complexidade do mundo seja teoricamente manipulável (SANDRONI, 2005). Condição coeteris paribus: o estudo da microeconomia se baseia muito na condição coeteris paribus. Coeteris paribus é uma expressão em latim que signifi ca “tudo o mais permanecendo constante”. Assim, a análise micro- econômica, para poder analisar um mercado isoladamente, supõe todos os demais mercados constantes. Ou seja, supõe que o mercado em estudo não afeta nem é afetado pelos demais. Por exemplo, ao se adotar essa condição, verifi ca-se como a demanda — ou até mesmo a oferta — é infl uenciada pelo preço, permanecendo os demais fatores (hábitos, renda, entre outros) constantes (VASCONCELLOS, 2009). A condição coeteris paribus pode ser chamada também de análise de equilíbrio parcial. Análise estático-comparativa: a microeconomia tende a confrontar duas ou mais situações de equilíbrio, sem se preocupar com o período intermediário entre essas situações inicial e fi nal.De acordo com Carrera-Fernandez (2009), a análise estático-comparativa é a técnica que analisa as consequências de variações nos parâmetros econômicos da demanda e da oferta sobre o equilíbrio de mercado. Visão positiva/científi ca: a microeconomia se enquadra dentro do ramo da ciência positiva. Isso implica a ausência de juízo de valor ou conotação ética nas teorias microeconômicas, que se mantêm exclusivamente descritivas (CARRERA-FERNANDEZ, 2009; SANDRONI, 2005). Comportamento da demanda: a teoria do consumidor A teoria do consumidor é uma peça fundamental da chamada teoria econô- mica neoclássica. Para Carrera-Fernandez (2009), a teoria do consumidor talvez seja a mais importante das teorias econômicas da microeconomia. Consequentemente, é uma teoria muito criticada devido aos seus postulados teóricos de comportamento. 5Noções de microeconomia C06_Nocoes_microeconomia.indd 5 13/03/2018 15:10:43 Assim, a teoria neoclássica do consumidor está fundamentada no prin- cípio da racionalidade e postula um comportamento otimizador por parte dos consumidores. Em outras palavras, todos os consumidores estão sempre buscando o máximo com o mínimo de esforço”. Logo, a teoria do consumidor desconsidera consumidores irracionais, até porque seria impossível montar uma teoria dos consumidores irracionais, já que não há padrão de comportamento para realizar uma modelagem teórica. É daí que a teoria do consumidor fundamenta dois postulados de comportamento: maximização da utilidade; minimização do gasto ou custo. O primeiro — maximização da utilidade — refere-se ao fato de que o consumidor escolhe o consumo de cada mercadoria de modo a maximizar a sua satisfação ou utilidade, estando condicionado ao seu conjunto de possibi- lidade de consumo, limitado pela sua capacidade orçamentária (CARRERA- -FERNANDEZ, 2009). Já o segundo postulado refere-se ao fato de que o consumidor escolhe as quantidades das mercadorias a serem consumidas de modo a minimizar o seu gasto ou custo, estando limitado a atingir certo nível de utilidade(CARRERA-FERNANDEZ, 2009). É importante você saber que, na teoria do consumidor, o conceito de mercadoria é amplo. Ele envolve qualquer bem ou serviço que de alguma forma pode ser consumido ou gerar um fluxo de serviços de consumo. Nesse grupo de mercadorias, podem ser incluídas também aquelas que desagradam os consumidores e, logo, são fonte de insatisfação e “desutilidade”. Por exemplo, a poluição e o tempo dedicado ao trabalho são bons exemplos de mercadorias que desagradam grande parte dos consumidores. Ao lado dos dois postulados de comportamento, a teoria do consumidor apresenta ainda dois pressupostos básicos: informação completa; existência de uma função de utilidade. Noções de microeconomia6 C06_Nocoes_microeconomia.indd 6 13/03/2018 15:10:43 A informação completa é o pressuposto de que o consumidor possui perfeito conhecimento de todas as mercadorias, bem como da forma pela qual esses bens e serviços atendem às suas necessidades. Nessa situação, o consumidor conhece também todos os preços das mercadorias, bem como sua renda. Esse pressuposto é utilizado no sentido de garantir que todos os consumidores tomarão as melhores decisões, ou seja, não faltam informações sobre o mercado (CARRERA-FERNANDEZ, 2009; SAN- DRONI, 2005). Já o pressuposto da existência de uma função de utilidade revela que os consumidores derivam satisfação dos bens e serviços consumidos de acordo com uma função de preferência ou uma função de utilidade — que, na análise microeconômica, é representada graficamente e matematicamente. Assim, a existência de uma função de utilidade é um pressuposto mais amplo que a existência de preferências. Isso significa dizer que o pressuposto de que os consumidores têm preferências não é suficiente para garantir a existência de uma função de utilidade. Mas, ao se pressupor que os consumidores têm uma função de utilidade, pode-se afirmar que eles têm, de fato, preferências. Essa questão é fundamental para compreender a teoria do consumidor. A ideia de que os consumidores estão sempre buscando o máximo com o mínimo de esforço é a lei do interesse pessoal ou princípio hedonístico. O hedonismo deriva do grego hedone, que significa prazer. Na economia, foi um princípio introduzido por John Stuart Mill, em que cada um dos indivíduos procura o bem e a riqueza e evita o mal e a miséria. Logo, o bem e a riqueza são tratados como valores superiores, alinhados ao critério quantitativo da aritmética dos prazeres. Em suma, é a doutrina que considera o prazer como a essência da felicidade e como suprema norma moral. Preferências Em termos gerais, a utilidade é um conceito subjetivo que se modifi ca de consumidor para consumidor e, por conseguinte, não pode ser quantifi cada. Vários economistas marginalistas, no princípio das bases da teoria do consu- midor, imaginaram que a utilidade pudesse ser mensurada do mesmo modo que qualquer conceito objetivo, como a temperatura, o peso, o volume e a altura. 7Noções de microeconomia C06_Nocoes_microeconomia.indd 7 13/03/2018 15:10:43 Atualmente, para a moderna teoria do consumidor, a utilidade é um con- ceito estritamente ordinal, ou seja, necessita apenas ser ordenado. Em outras palavras, tudo que é requerido na moderna teoria do consumidor é que o consumidor seja capaz de ordenar as várias cestas de bens. Dessa maneira, quando confrontados com duas ou mais cestas de bens, os consumidores podem ordená-las de acordo com as suas preferências. Por exemplo, com apenas duas cestas de bens, é possível encontrar três situações mutuamente excludentes que podem ocorrer: a cesta A é preferida à cesta B; a cesta A não é preferida à cesta B; a cesta A é indiferente à cesta B. Nesse contexto, apenas uma situação pode ser escolhida de cada vez, de modo que qualquer mudança na escolha é um indicativo de que houve altera- ção nas preferências dos consumidores. Logo, as três situações mutuamente excludentes podem ser visualizadas também a partir da função utilidade, em que (CARRERA-FERNANDEZ, 2009): 1. utilidade de A > utilidade de B; 2. utilidade de A < utilidade de B; 3. utilidade de A = utilidade de B. Nessa análise, as preferências são consideradas completas, de modo que o consumidor é capaz de mostrar as suas preferências entre quaisquer das duas cestas de bens. Na prática, isso implica que a função de utilidade é contínua. Assim, não existem vazios no ordenamento das preferências dos consumi- dores. Além do mais, leva-se em conta que as preferências são transitivas. Ou seja, com uma terceira cesta de bens, pode-se estabelecer a propriedade da transitividade das preferências da seguinte forma: se a cesta A é preferida à cesta B, e se a cesta B é preferida à cesta C, então a cesta A é preferida à cesta C. Conforme Carrera-Fernandez (2009), a propriedade da transitividade é importante porque possibilita que o consumidor revele as suas preferências entre múltiplas cestas de mercadorias de forma consistente. É a partir daí que se define a função de utilidade como a relação do espaço de quantidades de bens e serviços para o conjunto real que preserva o ordena- mento das preferências do consumidor” (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Assim, para simplificar a compreensão das preferências, a teoria do consumidor faz uso da análise gráfica, de modo a decompor a função de utilidade. Noções de microeconomia8 C06_Nocoes_microeconomia.indd 8 13/03/2018 15:10:43 Na teoria do consumidor, a curva de indiferença é o instrumento gráfico que serve para ilustrar como são as preferências do consumidor. Ou seja, a curva de indiferença é o lugar geométrico de pontos que mostram diferentes combinações de bens que dão ao consumidor o mesmo nível de utilidade (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Na Figura 2a, você pode ver, na curva de indiferença, U0, várias combinações entre batatas e carne. Por exemplo, as cestas de bens A, B e C (na curva U0) possuemdiferentes combinações entre batatas e carne, mas o mesmo nível de utilidade ou bem-estar para o consumidor (VASCONCELLOS, 2009). Em outras palavras, é indiferente para ele consumir 2 kg de carne e 8 kg de batatas (cesta de bens A), ou 3 kg de carne e 5 kg de batatas (cesta de bens B), ou então 5 kg de carne e 3 kg de batatas (cesta de bens C). Figura 2. Curva de indiferença e mapa de indiferença. Fonte: Vasconcellos (2009, p. 34–35). Nesse contexto, a curva de indiferença apresenta duas características básicas: inclinação negativa, em que, para manter o mesmo nível de bem-estar, ao aumentar o consumo de um bem determinado, é necessário reduzir o consumo de outro bem, substituindo-o; convexidade em relação à origem, em que a taxa marginal de subs- tituição — que é a taxa de intercâmbio de um bem por outro — vai diminuindo à medida que aumenta o consumo de um bem e diminui o do outro bem. Isso é devido à lei da utilidade marginal decrescente, em que, à medida que o consumo de um bem aumenta, o consumidor vai saturando-se dele e logo reduz o seu interesse (ou a sua preferência) em consumir mais desse bem. 9Noções de microeconomia C06_Nocoes_microeconomia.indd 9 13/03/2018 15:10:44 Assim, cada curva de indiferença representa determinado nível de utili- dade. Por isso, quanto mais alta a curva de indiferença, maior a satisfação que o consumidor pode obter no consumo dos dois bens (como, no exemplo, batatas e carne). Na Figura 2b, você pode ver um mapa de indiferença com três curvas de indiferença: U0, U1 e U2. Logo, a curva de indiferença mais desejada/satisfatória é a curva mais alta (U2), que é a com maior consumo dos dois bens (VASCONCELLOS, 2009). Os limites da escolha: o conjunto de oportunidades Para defi nir o conjunto de possibilidade de escolha do consumidor, supõe-se que ele não possa consumir quantidades negativas de qualquer bem ou serviço. Também se presume que possui uma renda nominal, bem como que enfrenta preços constantes para todos os bens e serviços. Desse modo, existem limites da escolha do consumidor, ou seja, existe uma restrição orçamentária. Os limites da escolha do consumidor estão restritos à sua possibilidade de consumo, o que significa dizer que o seu gasto total não pode exceder a sua renda nominal (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Assim, o conjunto de oportunidades de escolha é o conjunto de todas as cestas de bens e serviços que podem ser compradas com a renda do consumidor. Nesse sentido, define-se a reta orçamentária como as combinações máximas possíveis de bens e serviços, dados a renda do consumidor e os preços dos bens. Em outras palavras, essa reta representa um menu — conjunto de oportunidades de escolha — de opções que o consumidor poderá comprar. Na Figura 3a, esse menu se refere a todos os pontos abaixo da reta orçamentária (RO). Figura 3. Reta orçamentária e alternativas de equilíbrio do consumidor. Fonte: Vasconcellos (2009, p. 35–36). Noções de microeconomia10 C06_Nocoes_microeconomia.indd 10 13/03/2018 15:10:44 Como explica Vasconcellos (2009), a RO representa pontos em que o consumidor gasta toda a sua renda na compra dos dois bens — no exemplo, batatas e carne. Abaixo da RO, o consumidor está gastando menos do que poderia. Já acima da RO, o consumidor não tem condições de adquirir os bens ou serviços com a renda de que dispõe e dados os preços de mercado. Por conseguinte, se o consumidor deseja maximizar seu nível de utilidade, deverá buscar alcançar — dada sua restrição orçamentária — a curva de indiferença mais alta. Em termos práticos, o consumidor maximizará sua utilidade quando sua reta orçamentária tangenciar sua curva de indiferença, como você pode ver na Figura 3b. Por exemplo, na Figura 3b o consumidor que tem a RO0 maximizará a sua utilidade na curva de indiferença U0 (PINDYCK; RUBINFELD, 1999). Esse ponto de tangenciamento — como, no exemplo, RO0 e U0 — representa o equilíbrio do consumidor, no sentido de que, uma vez alcançado esse ponto, não haverá incentivos para que o consumidor execute uma realocação de sua renda gasta no consumo dos dois bens (VASCONCELLOS, 2009). Ainda na Figura 3b, se a renda do consumidor aumenta, ou, alternativamente, se os preços dos bens e serviços reduzem, a RO se eleva — por exemplo, de RO0 para RO1 —, permitindo que o consumidor atinja níveis maiores de satisfação. Em síntese, na Figura 3b, você pode observar as várias alternativas de equilíbrio do consumidor. Nesse sentido, há um mapa de possibilidades de tangenciamento entre a reta orçamentária e a curva de indiferença, dados as rendas do consumidor e os preços dos bens e serviços. Assim, você pode perceber que o mapa de equilíbrio do consumidor é dinâmico, não estático. Comportamento da oferta: a teoria da firma e as estruturas de mercado Uma parte da teoria microeconômica se dedica a explicar e prever os com- portamentos da oferta a partir da compreensão do funcionamento da fi rma, em especial no que se refere à produção, aos custos e ao lucro. De acordo com Vasconcellos (2009), a teoria da fi rma trata justamente do problema da produção, dos custos de produção e dos rendimentos (lucros) da fi rma. Logo, a teoria da fi rma pode ser dividida em teoria da produção, teoria dos custos e teoria do lucro. Além disso, a microeconomia se dedica ao estudo dos tipos de estruturas de mercado, ou seja, se dedica à forma como os mercados se estruturam do ponto de vista econômico. É importante você se lembrar de que as firmas e 11Noções de microeconomia C06_Nocoes_microeconomia.indd 11 13/03/2018 15:10:44 a competição entre elas acontecem nos mercados. Pelo menos seis tipos de mercados são relevantes (SANDRONI, 2005; VASCONCELLOS, 2009): concorrência perfeita; concorrência monopolista; monopólio; oligopólio; monopsônio; oligopsônio. Teoria da firma: produção, custos e lucro A teoria da fi rma se assenta no intuito de entender a racionalidade do com- portamento da oferta de um bem ou serviço. Lembre-se de que o grande objetivo da fi rma que opera na economia capitalista é a maximização dos lucros. Daí que o primeiro dilema das fi rmas é a escolha do processo de produção — e as escolhas das relações tecnológicas, das quantidades a serem produzidas e das quantidades de insumos a serem usados na produção (VASCONCELLOS, 2009). Teoria da produção: a produção é o processo pelo qual uma fi rma transforma os fatores de produção adquiridos em bens ou serviços para a comercialização no mercado. Assim, a teoria da produção refere-se aos conceitos e princípios que norteiam a análise de preços e o emprego dos fatores de produção. Ela é a base para a análise dos custos e da oferta dos bens produzidos. É fundamental você compreender que a firma — da teoria microeconômica — é a unidade técnica que produz bens e serviços. Já os fatores de produção — mão de obra, capital físico, área ou terra e matérias-primas — são os bens e serviços intermediários que, combinados, suscitam outros bens e serviços finais. Em outras palavras, a firma é uma intermediária: compra insumos (inputs), combina-os segundo um processo de produção escolhido e vende os bens e serviços (outputs) nos mercados. Noções de microeconomia12 C06_Nocoes_microeconomia.indd 12 13/03/2018 15:10:44 O processo de produção pode ser intensivo em um dos fatores de pro- dução. Ou seja, pode depender quase exclusivamente de um dos fatores de produção, que também passa a ter relevância na estrutura total de custos. Fundamentalmente, existem três possibilidades em um processo de produção (VASCONCELLOS, 2009): 1. mão de obra intensivo, em que a mão de obra é indispensável para a produção; 2. capital intensivo, em que máquinas, equipamentos e instalações são altamente relevantes; 3. terra intensivo, em que a área ou a terra é o insumo primordial para que a produção aconteça. Em suma, a produção pode depender em maior quantidade de algum dos fatores de produção. Além disso, a escolhado processo de produção depende da sua eficiência. A eficiência pode, por um lado, ser avaliada do ponto de vista tecnológico — processo que permite produzir uma mesma quantidade de produto usando menor quantidade física de fatores de produção. De outro lado, ela pode ser avaliada do ponto de vista econômico — processo que permite produzir uma mesma quantidade de produto com menor custo de produção. Na teoria da produção, um dos conceitos mais relevantes é o da função de produção. Logo, a função de produção é a relação técnica entre a quantidade física de fatores de produção e a quantidade física de produto em determi- nado período de tempo. Em outras palavras, a quantidade de produto está em função ( f ) da quantidade de fatores de produção (mão de obra, capital físico e matérias-primas utilizadas). É importante você observar que o conceito de função de produção não deve ser confundido com o conceito de função de oferta. Este é um conceito econômico que relaciona a produção com os preços dos fatores de produção. 13Noções de microeconomia C06_Nocoes_microeconomia.indd 13 13/03/2018 15:10:44 Soma-se a tudo isso a questão do prazo e a distinção entre fatores de produção fixos e variáveis. Segundo Vasconcellos (2009), os fatores de produção fixos são aqueles que permanecem inalterados quando a firma aumenta ou diminui a produção. Enquanto isso, os fatores de produção variáveis se alteram com a mudança da quantidade produzida pela firma. Por exemplo, são fatores de produção fixos o capital físico e as instalações da empresa. E são fatores de produção variáveis a mão de obra e as matérias- -primas usadas. Com relação ao prazo, define-se curto prazo o período no qual existe pelo menos um fator de produção fixo. Já no longo prazo todos os fatores de produção variam. Teoria dos custos: todas as fi rmas na teoria microeconômica têm como objetivo maximizar os lucros por meio de sua atividade produtiva, ou seja, combinar de maneira efi ciente os fatores de produção. É nesse caso que os estudos dos custos das fi rmas tornam-se de fundamental importância para a economia. Assim, a quantidade empregada de cada fator de produção, multiplicada pelo seu preço de mercado, constituirá os custos da empresa, originando o custo total de produção (PINDYCK; RUBINFELD, 1999). Em outras palavras, o custo total de produção é o total das despesas realizadas pela firma com a utilização da combinação mais econômica dos fatores por meio da qual é obtida uma determinada quantidade de bens ou serviços (VASCONCELLOS, 2009). Dessa forma, os custos totais de produ- ção podem ser divididos em custos fixos e custos variáveis. Os custos fixos são aqueles que não dependem da quantidade produzida. Eles são decorrentes dos fatores de produção fixos. Já os custos variáveis de produção são aqueles que dependem da quantidade produzida, logo serão maiores quanto maior a produção e vice-versa. Na microeconomia, os custos também são analisados a partir do prazo — curto e longo prazo. Nesse caso, os custos de produção no curto prazo são afetados apenas pelos fatores de produção variáveis. Logo, você pode notar que os custos no curto prazo dependem diretamente do nível de produção estabelecido pela firma. Já os custos de produção no longo prazo são afetados por todos os fatores de produção, já que, nesse caso, não há fatores de produção fixos e logo não existem custos fixos de produção. Em outras palavras, no longo prazo todos os custos são variáveis (CARRERA- -FERNANDEZ, 2009). Noções de microeconomia14 C06_Nocoes_microeconomia.indd 14 13/03/2018 15:10:44 Além dos custos totais, fixos e variáveis, a teoria microeconômica se interessa também por outras análises de custos. Nesse contexto, a microeconomia analisa ainda os custos médios e os custos marginais. Os custos médios se referem aos custos totais divididos pelas quantidades produzidas. Ou seja, constituem o custo unitário da produção (ou o custo por unidade). Existe também o custo variável médio, que é o custo variável dividido pela quantidade, e o custo fixo médio, que é o custo fixo dividido pela quantidade. Já os custos marginais referem-se às variações dos custos em resposta às variações na quantidade produzida. Lucro: a teoria da fi rma postula um comportamento otimizador por parte dessa unidade produtiva. Em outras palavras, o propósito maior da fi rma é a maximização do lucro. A maximização do lucro ocorre quando a fi rma escolhe o nível de utilização de insumos e, portanto, o nível de produção, de modo a maximizar o seu lucro, condicionado à tecnologia disponível e dados os preços dos insumos e do produto (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). De acordo com Carrera-Fernandez (2009), o postulado de maximização do lucro é mais amplo que o de minimização do custo. Em termos práticos, o autor defende que, ao se postular que a firma maximiza lucros, isso implica que ela estará minimizando o seu custo de produção. Porém, o inverso não é verdadeiro: se a firma minimiza os custos, isso não quer necessariamente dizer que ela esteja maximizando o lucro (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Quando analisado sob o ponto de vista econômico, o lucro da firma pode ser definido pela diferença entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Vale lembrar que a receita total é o resultado da multiplicação do preço do produto pelo nível de produção. Já o custo total é a soma do gasto com todos os fatores de produção. Estruturas de mercado Como você sabe, na economia os mercados podem ser estruturados de manei- ras diferentes. Dois fatores básicos diferenciam a competição dos mercados (VASCONCELLOS, 2009): o número de firmas produtoras operando no mercado; a homogeneidade ou a diferenciação existente entre os produtos das firmas. 15Noções de microeconomia C06_Nocoes_microeconomia.indd 15 13/03/2018 15:10:44 É a partir desses dois fatores básicos que podem ser classificados, pelo menos, quatro tipos de mercados de bens e serviços: 1. concorrência perfeita; 2. concorrência monopolista; 3. monopólio; 4. oligopólio. Além disso, são classificados mais dois mercados de insumos e fatores de produção: 1. monopsônio; 2. oligopsônio. A seguir, você pode ver mais detalhadamente as características gerais de cada uma dessas estruturas de mercado e compreender como funciona o processo de determinação de preço e quantidade produzida. Concorrência perfeita: é uma estrutura de mercado que visa a revelar qual deveria ser o funcionamento ideal de uma economia, servindo de base comparativa para as demais estruturas de mercado. Apesar de ser uma cons- trução teórica, existem algumas situações que se aproximam da concorrência perfeita, como o mercado das commodities agrícolas ou de uma feira livre. Nesse sentido, a concorrência perfeita é uma situação de mercado assinalada pela existência de um grande número de compradores e vendedores que são tão pequenos que nenhum deles, de maneira isolada, é capaz de determinar o preço de mercado. Em outras palavras, tanto os produtores como os con- sumidores são tomadores de preços. Além disso, na concorrência perfeita, os produtos são homogêneos, não existindo diferenças entre eles. Logo, todos os produtos nesse mercado são perfeitos substitutos entre si. Ou seja, o consumidor comprará de qualquer firma, sendo indiferente a qualquer tipo de vendedor. Soma-se a isso, na concorrência perfeita, a inexistência de barreiras legais e econômicas tanto para a entrada como para a saída de firmas do mercado. Também há, tanto para compradores como para vendedores, informações perfeitas acerca do funcionamento do mercado. Ou seja, é um mercado com grande transparência nos preços, custos e lucros (PINDYCK; RUBINFELD, 1999). Noções de microeconomia16 C06_Nocoes_microeconomia.indd 16 13/03/2018 15:10:45 Concorrência monopolista: é a estrutura de mercado que contém ele- mentos da concorrência perfeita e do monopólio. Fica em uma posição intermediária entre as duas estruturas citadas.
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