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Unidade II TEMAS EMERGENTES DE SOCIOLOGIA Profa. Jane Almeida Serão tematizados os conflitos socioambientais, e a crise hídrica, como um dos epifenômenos contemporâneos da crise ambiental. Serão apresentadas, formas contemporâneas de organização e lutas sociais, diante deste cenário onde as novas tecnologias e “antigas táticas” de organização coletiva se unem no fenômeno denominado, Jornadas de Junho em 2013, no Brasil e no mundo. Estas, de alguma forma, dialogam com os temas aqui apresentados para análise e reflexão de temas emergentes da sociologia, como: liberdades sexuais, fim das opressões, direitos humanos, educação, trabalho, meio ambiente, dentre outros. Por fim, as Perspectivas teóricas da sociologia na contemporaneidade. Objetivo da Unidade II A relação homem-natureza: para o desenvolvimento da técnica, ou melhor, da tecnologia, as demais forças produtivas (homem e natureza) sofreram processos de franca degradação, seja pelo desemprego e condições de trabalho superexplorado, seja pela destruição do solo, rios e florestas. A grande questão é que, com o advento do capitalismo e sua consolidação, o homem se separa da natureza ao mesmo tempo que uma determinada classe ou grupo se apropria dela, inclusive como meio de produção. O homem se aliena do processo de trabalho e da natureza, que passam a ser controlados pelo capitalista. Conflitos socioambientais: os recursos naturais frente aos desafios contemporâneos Século XX: o Clube de Roma foi uma iniciativa dos empresários para estudar os recursos naturais de modo a constatar os limites do crescimento econômico. Associa-se a crise ambiental ao efeito estufa, aumento da temperatura na Terra, redução da biodiversidade, tsunamis, enchentes, contaminação do solo, rios e mares, desastres ambientais, uso de energias não renováveis, dentre outros. Logo, de modo hegemônico, aponta-se que a saída para tudo isso é o desenvolvimento sustentável. Conflitos socioambientais: os recursos naturais frente aos desafios contemporâneos Em 1972, a Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, organizada pela ONU, em Estocolmo, retoma o debate de modo a apresentar estratégias nas quais a relação entre desenvolvimento e sustentabilidade fossem asseguradas. Criada em 1980 pela ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento assume a tarefa de organizar as recomendações para os países. Em 1987, no Relatório Brundtland, propõe sanar todos os efeitos colaterais do desenvolvimento econômico ao meio ambiente. Evidencia que os países “subdesenvolvidos” têm limites em crescer economicamente, devido aos limites ambientas postos, revelando os limites concretos para a utilização dos recursos naturais. Desenvolvimento sustentável: uma realidade possível? Assim, é possível identificar o desenvolvimento sustentável como uma ideologia. Ideologia, aqui, não como falsa consciência, mas como um conjunto de ideias capazes de expressar uma determinada visão social de mundo. Essa ideologia, por sua vez, tem como objetivo unificar os interesses dos trabalhadores, empresários e Estados em defesa da sustentabilidade ambiental (FREITAS; NUNES; NÉLSIS, 2012). A possibilidade concreta da discussão sobre a sustentabilidade passa, necessariamente, pela discussão sobre este modelo de sociedade: a sociedade, suas engrenagens e seu processo de produção e reprodução das relações sociais de produção. Desenvolvimento sustentável: uma realidade possível? Em que momento histórico surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável e qual seu significado? a) Em 1992, na Eco-92, no Rio de Janeiro, e significa a necessidade de separar o desenvolvimento capitalista do meio ambiente, isolar os dois espaços. b) Em 1870, no Clube de Roma, e apresentam a necessidade de superar a natureza de modo sustentável. c) Em 1870, na ONU, em Paris, e significa garantir o fim da emissão de gás carbônico CO2. d) Em 1992, no Rio de Janeiro, e significa garantir um desenvolvimento capitalista com qualidade de vida. e) Em 1987, a bordo do Relatório Brundtland, e entendem a necessidade de construir uma relação saudável entre desenvolvimento capitalista e proteção do meio ambiente. Interatividade Em que momento histórico surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável e qual seu significado? a) Em 1992, na Eco-92, no Rio de Janeiro, e significa a necessidade de separar o desenvolvimento capitalista do meio ambiente, isolar os dois espaços. b) Em 1870, no Clube de Roma, e apresentam a necessidade de superar a natureza de modo sustentável. c) Em 1870, na ONU, em Paris, e significa garantir o fim da emissão de gás carbônico CO2. d) Em 1992, no Rio de Janeiro, e significa garantir um desenvolvimento capitalista com qualidade de vida. e) Em 1987, a bordo do Relatório Brundtland, e entendem a necessidade de construir uma relação saudável entre desenvolvimento capitalista e proteção do meio ambiente. Resposta A crise hídrica é uma das facetas mais contemporâneas da crise ambiental. No início do século XXI, o que era uma ameaça, tornou-se uma realidade. Segundo a Unesco, as perspectivas até 2025 são que 4 bilhões de pessoas não terão acesso à água potável, o que seria equivalente à metade da população mundial. Em 2015, essa crise atingiu seu ápice nos grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro e outras regiões. A crise hídrica: uma das facetas contemporâneas da crise ambiental A mercantilização da água é apresentada como solução para a crise hídrica: para as empresas multinacionais, a solução é a conscientização sobre o “valor econômico da água”. Isso significa dizer que o direito ao uso da água é garantido pelo pagamento da tarifa a partir do valor que o hidrômetro apresenta. As empresas defendem uma fixação do preço com um valor específico capaz de limitar o uso racional da água, mas o Estado e os governos deveriam ser os responsáveis por criar leis que estimulassem o uso equilibrado. De acordo com Gomes (2013), o processo histórico de transformação de água em mercadoria exigiu que governos e empresas fizessem intensas propagandas ideológicas nos grandes veículos de comunicação e reformas na legislação. A crise hídrica: uma das facetas contemporâneas da crise ambiental Aqueles que defendem a água como direito humano fundamental se baseiam em dados que apontam outra direção para explicar as razões da escassez. Segundo a fonte Water in Crisis (1993), em 1980, o consumo mundial de água foi de 1953 km3. Do total, 2% foram para uso doméstico e 91% destinados a atividades agrícolas e industriais. Os dados indicam que focar o problema no consumidor doméstico é errado, pois não é este o centro do problema. Gomes (2013) revela que a fabricação de um automóvel consome, em média, 400 mil litros de água. Logo, não fabricar um carro equivaleria a uma economia de 30 mil “banhos rápidos”, como sugerido em diversas propagandas, o que individualiza o problema e justifica a fixação do preço da água. A crise hídrica: uma das facetas contemporâneas da crise ambiental A segunda década dos anos 2000 foi capaz de retomar fenômenos semelhantes aos ocorridos no final dos anos de 1970 e meados dos anos de 1980, no quais as ruas e manifestações massivas se tornaram palco de demandas por mais direitos, democracia e liberdade. As Jornadas de Junho de 2013: as manifestações que ocorreram nesse período, no Brasil, foram capazes de reconfigurar o papel das ruas na luta por direitos. Assim, a discussão sociológica contemporânea produziu debates teóricos acerca desse fenômeno, ainda não fechado no que se refere ao ciclo histórico, mas que apresenta elementos fundamentais para a reconfiguração das lutas e de suas formas de organização. A ação dos movimentos sociais Maria da GlóriaGohn, em Manifestações de Junho de 2013 no Brasil e as Praças dos Indignados no Mundo, faz um importante levantamento dos dados históricos e jornalísticos do período, revelando elementos para análise acerca dos movimentos sociais presentes e suas demandas. A ação dos movimentos sociais Os gastos altíssimos com estádios da Copa de 2014 e com a Copa das Confederações que acontecia em junho de 2013; megaeventos como uso do dinheiro público contrastando com a má qualidade dos serviços públicos, especialmente nos transportes, educação, saúde e segurança pública. Outros agravantes são: a persistência dos índices de desigualdade social, inflação, denúncia de corrupção, clientelismo político, a PEC 37 (...) assim como sentimento de impunidade nas histórias de corrupção, o sistema político arcaico, a criminalização dos movimentos sociais – especialmente rurais e indígenas, o projeto de lei que tramitava no Congresso sobre a “cura gay”, a condução de importantes postos políticos com passado marcado por denúncias, etc. (GOHN, 2014, p. 21). A ação dos movimentos sociais “Os gastos altíssimos com estádios da Copa de 2014 e com a Copa das Confederações que acontecia em junho de 2013; megaeventos como uso do dinheiro público contrastando com a má qualidade dos serviços públicos, especialmente nos transportes, educação, saúde e segurança pública. Outros agravantes são: a persistência dos índices de desigualdade social, inflação, denúncia de corrupção, clientelismo político, a PEC 37 (....) assim como sentimento de impunidade nas histórias de corrupção, o sistema político arcaico, a criminalização dos movimentos sociais – especialmente rurais e indígenas, o projeto de lei que tramitava no Congresso sobre a “cura gay”, a condução de importantes postos políticos com passado marcado por denúncias, etc.” (GOHN, 2014:21 in.: “Junho de 2013 no Brasil e as praças dos indignados no mundo”). A autora se refere a qual fenômeno histórico? Interatividade a) A copa do mundo de 2014. b) As manifestações de junho de 2013 no Brasil. c) As olimpíadas de 2016. d) As lutas sociais pelo impeachment. e) Aos movimentos da luta por moradia urbana. Interatividade “Os gastos altíssimos com estádios da Copa de 2014 e com a Copa das Confederações que acontecia em junho de 2013; megaeventos como uso do dinheiro público contrastando com a má qualidade dos serviços públicos, especialmente nos transportes, educação, saúde e segurança pública. Outros agravantes são: a persistência dos índices de desigualdade social, inflação, denúncia de corrupção, clientelismo político, a PEC 37 (....) assim como sentimento de impunidade nas histórias de corrupção, o sistema político arcaico, a criminalização dos movimentos sociais – especialmente rurais e indígenas, o projeto de lei que tramitava no Congresso sobre a “cura gay”, a condução de importantes postos políticos com passado marcado por denúncias, etc.” (GOHN, 2014:21 in.: “Junho de 2013 no Brasil e as praças dos indignados no mundo”). A autora se refere a qual fenômeno histórico? Resposta a) A copa do mundo de 2014. b) As manifestações de junho de 2013 no Brasil. c) As olimpíadas de 2016. d) As lutas sociais pelo impeachment. e) Aos movimentos da luta por moradia urbana. Resposta Gohn (2014) divide em três momentos o processo de lutas iniciado em São Paulo e que se alastrou para todo o País. O primeiro momento, a autora configura como desqualificação e descaso: manifestações tímidas contra o aumento da tarifa dos transportes lideradas pelo Movimento Passe Livre – MPL; considerados vândalos, jovens, sem foco e direção das ações. Houve um franco processo de “criminalização dos movimentos” (GOHN, 2014, p. 22), em que os governantes e a mídia buscavam causar dúvidas sobre a demanda real do movimento e provocar no telespectador, quase sempre, dúvidas em relação aos conflitos. Jornadas de junho: novas formas de luta? O segundo momento foi de violência, revolta popular e susto pelo movimento de massa. Houve uma grande violência por parte da polícia militar, dezenas de feridos e 192 detenções. A ação gerou revolta da opinião pública. Imagens que se assemelhavam aos momentos de repressão do regime militar serviram para que, nos atos seguintes, milhares de pessoas fossem às ruas em várias cidades do país. Segundo Gohn (2014), as manifestações passaram a ser quase diárias, ganhando destaque na imprensa internacional. As pautas começam a se ampliar e outras reivindicações se somam ao aumento das tarifas dos transportes: demanda por uma educação pública, fim da violência política, contra a militarização da polícia, fim da corrupção e transparência. Para Gohn (2014), o grupo Anonymous ganha destaque no ativismo digital. Jornadas de junho: novas formas de luta? O terceiro momento foi a vitória da demanda básica. Com a ampliação dos protestos e das reivindicações, as manifestações tomam o corpo de jornada e provocam um recuo dos governantes que anunciam o cancelamento do aumento das tarifas em São Paulo. A juventude cumpriu um papel de destaque nas lutas contra o aumento do transporte, na construção e utilização de novas ferramentas de mobilização, como as redes sociais. Todavia, o processo se massificou e trouxe novos sujeitos às ruas, sobretudo com a pauta anticorrupção, que reforçou um discurso contra as instituições e, portanto, contrário a partidos, sobretudo os partidos tradicionais. Jornadas de junho: novas formas de luta? Os atos foram construídos sobre outros formatos. Sem carro de som, microfones e tampouco sem uma direção claramente definida previamente. Longos trajetos revelaram que a rua assumiu um papel central como locus de ação e atuação. Jograus coletivos, músicas e intervenções artísticas foram utilizadas como ferramentas de expressão. Redes sociais. Novos formatos Estratégias de atuação, presente nos movimentos antiglobalização dos anos 1990, foram recuperadas. Os black blocks partem de uma concepção de intervenção e ação direta sobre os símbolos da “exploração e opressão”, uma intervenção estética que defende a depredação como forma de denúncia e protesto. Essas ações, apesar de minoritárias, estiveram presentes nas Jornadas de Junho. Novas estratégias Algumas perspectivas teóricas presentes na contemporaneidade, serão apresentadas com o objetivo de provocar reflexões e curiosidade científica para aprofundamento analítico sobre elas. Pós-estruturalismo francês. Culturalistas ingleses, que objetivavam construir um instrumental de análise com vistas à superação do marxismo, centralmente, mas de outras teorias modernas de análise que influenciaram a sociologia. Sociologia pública. Uma breve recuperação da teoria marxista, seus fundamentos e algumas indicações contemporâneas sobre a vitalidade analítica. Perspectivas teóricas da sociologia Os estudos culturais surgem na Inglaterra, mais precisamente na Universidade de Birmingham, através do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (sigla em inglês, CCCS). Impulsionados, segundo Escosteguy (2004), pela alteração dos valores tradicionais da cultura operaria inglesa pós-guerra, foram três os textos e autores fundadores: Richard Hoggart, “Os Usos da Literatura” (1957): recupera a história da cultura do século XX, apontando a cultura popular como também de resistência, não apenas como reprodução dos valores dominantes. Culturalistas ingleses Raymond Williams, “Cultura e Sociedade” (1958): identifica a cultura comum, ordinária, o modo de vida, dotado de intencionalidade e lógica interna, como qualquer outro modo de vida. E. P. Thompson, “A Formação da Classe Operária Inglesa” (1963): entende a cultura como realidade prática e “instrumento” das lutas entre modos de vida distintos. Um campo de estudo onde diversas disciplinas se interseccionamnos estudos de aspectos culturais da sociedade contemporânea. Culturalistas ingleses Os estudos culturais, desde sua fundação até os dias atuais, passaram por fases e momentos específicos da sua construção como campo de conhecimento. A cultura assume uma autonomia relativa em relação à esfera econômica da sociedade: ela não é dependente das relações econômicas, nem seu reflexo, mas tem influência e sofre consequências das relações político-econômicas. Nos anos seguintes, os estudos culturais entram em um processo de “relaxamento” político. Contudo, é um campo rico de debates e variações internas, que possui um núcleo fundador originário que ainda se faz presente, além de inúmeros trabalhos e análises sociológicas contemporâneas. Culturalistas ingleses Stuart Hall objetiva revelar como o conceito de identidade associado à ideia de existência de um sujeito universal necessita ser historicizado e recontextualizado. O autor entende a construção do sujeito iluminista como uma ficção, não encontrável na realidade. Todavia, através do recurso da problematização do mundo, compreende outras conexões. Por meio da teoria da articulação, ele propõe a articulação da estrutura, do concreto, com a comunicação simbólica; articula as perspectivas econômicas e sociais. Assim, a identidade, num contexto de globalização do mundo pós-colonial, está sujeita a uma historicização radical por ser compreendida como um conceito estratégico e posicional. Culturalistas ingleses: Stuart Hall – historicização radical do sujeito O descentramento do sujeito não é a sua destruição. Trata-se de um processo de construção do sujeito, nunca completo, mas condicional, o que Hall denomina “jogo da différance”. Processo constante, agonístico, de luta com as regras normativas ou regulatórias com as quais se confrontam e pelos quais regulam a si mesmo, fazendo-lhes resistência, negociando-as, ou acomodando-as (Hall, 2000: 126). Regulação normativa. Objetiva desconstruir as normas, destruir essa leitura da identidade e apresentar o sujeito como um processo em constante construção, não findável. Culturalistas ingleses: Stuart Hall – historicização radical do sujeito Tem como questão central o estudo sobre a natureza da modernidade, objetivando caracterizar o que vem depois dela. O processo contemporâneo determina sociedade pós-industrial, localizada na alta modernidade, onde identifica a erosão dos laços sociais e, portanto, das crenças tradicionais. A predominância da globalização, do desenraizamento, do risco, da reflexibilidade e da predominância dos experts, identificando uma natureza frágil e arbitrária do mundo social. Sua teoria da estruturação objetiva equilibrar o agir voluntário individual (criatividade cultural) com o determinismo estrutural, em que a relação entre estrutura e agência é criada a partir das ações individuais coordenadas. Trata-se de valorização da capacidade do indivíduo. Anthony Giddens: o teórico da terceira via Os estudos culturais partem de uma nova perceptiva sobre a cultura e o sujeito cultural. Tem como referência os seguintes autores fundadores: a) Karl Marx e Marx Weber. b) Richard Hoggart, Raymond Williams e E. P. Thompson. c) Emile Durkheim e Raymond Williams. d) E. P. Thompson e Karl Marx. e) Max Weber e E. Hobsbawn. Interatividade Os estudos culturais partem de uma nova perceptiva sobre a cultura e o sujeito cultural. Tem como referência os seguintes autores fundadores: a) Karl Marx e Marx Weber. b) Richard Hoggart, Raymond Williams e E. P. Thompson. c) Emile Durkheim e Raymond Williams. d) E. P. Thompson e Karl Marx. e) Max Weber e E. Hobsbawn. Resposta Michel Foucault, Jacques Derrida e Roland Barthes: França. EUA: Michel Peters foi um importante estudioso sobre o tema e apresentou uma perspectiva histórica do campo em seu livro “Pós-estruturalismo e a Filosofia da Diferença”. O pós-estruturalismo tem como foco a crítica ao estruturalismo. Esse método foi fundado pelos linguistas e depois desenvolvido no conjunto das ciências humanas, buscando superar os estruturalistas. Para os pós-estruturalistas, os processos não devem estar associados a uma estrutura a priori. Caberia analisar e interpretar símbolos a partir de uma perspectiva história, aberta, não inflexível à estrutura O pós-estruturalismo francês: a radicalização histórica Ou seja, os pós-estruturalistas fundam uma perspectiva de análise que objetiva romper com as leituras rígidas e pouco flexíveis dos estruturalistas. Para eles, não só é possível mudar a estrutura, como ela, por si só, é histórica e flexível. Essa corrente de análise acaba por desprezar as narrativas que partem da leitura da totalidade, da relação estrutura e história, não inflexível e rígida, como a dos estruturalistas. Não deixa de ser uma forma de interpretar a complexidade do mundo moderno e a inexistência de alternativas totais de solução ou de contraposição à existente. A fluidez e a fragmentação reinam nessa perspectiva. O pós-estruturalismo francês: a radicalização histórica Michel Foucault: sujeito e poder. A preocupação de Foucault tem como centro a ideia de subjetivação: o sujeito é fundado e refundado a cada instante pela história; não existe sujeito neutro. O mundo moderno cria regras penosas para os indivíduos através do uso reservado de privilégios de liberdade. Nesse cenário, Foucault indica que as estratégias de poder atuam no centro de instituições, escolares, hospitais, prisão, dentre outros similares. Michel Foucault: sujeito e poder Esses espaços são locus privilegiados de controle e de exercício do micropoder, denominado biopoder. Assim, o corpo também se localiza como espaço de resistência. Para Foucault, o poder é exercido em todos os níveis e não apenas pelo Estado. O micropoder, fragmentado, e, por isso, mais eficaz em alguma medida, objetiva centralmente o controle do corpo, o que se faz pelas instituições sociais, centralmente. Michel Foucault: sujeito e poder A sociologia pública de Michel Borawoy. Segundo Burawoy (2009), a sociologia pública põe a sociologia em diálogo com o público: (...) entendido como pessoas que estão elas próprias em conversação. Isso envolve, portanto, uma dupla conversação (...) O que todos os livros têm em comum. Eles foram escritos por sociólogos, foram lidos fora da academia e se tornaram veículos de uma discussão pública sobre a natureza da sociedade”. (BURAWOY, 2009, p. 24). A sociologia pública Michael Burawoy apresenta onze teses em defesa da sociologia: o movimento da tesoura; a multiplicidade das sociologias públicas; a divisão do trabalho sociológico; a elaboração da complexidade interna; localizando o sociólogo; modelo normativo e suas patologias; a disciplina como um campo de poder; história e hierarquia; provincializando a sociologia americana; guiando as disciplinas; sociólogos como companheiros. A sociologia pública Ruy Braga (2009), por sua vez, faz uma leitura da aproximação entre a sociologia pública e o marxismo. Ruy Braga, ao apresentar elementos do marxismo para a discussão, situa-se no campo dos que se definem como “marxismo aberto”. Uma forma de se opor a leituras vulgares, ou mesmo mecânicas e economicistas que alguns autores fizeram da teoria marxista, indicando que o adjetivo aberto revela que não há teleologia da história, não há previsão do processo histórico e, sim, análise de perspectiva que nunca está fechada, mas aberta aos processos de luta social, contradição e possíveis sínteses. A sociologia pública Pierre Bourdieu assume papel central na construção da sociologia pública; seu diálogo com o marxismo, assim como os pontos e diferenciações, são inegáveis. Tanto a sociologia pública, quanto o marxismo, partem da premissada inexistência de uma “essência humana”; em contraposição, apresentam os elementos históricos e sociais da construção do homem e, portanto, da relação social. A sociologia pública objetiva evidenciar o invisível, deixar público o privado, para auxiliar a grande massa a pensar e organizar sua intervenção política. De acordo com Braga (2009), é preciso pensar a relação entre sociologia pública e marxismo, uma aliança mutuamente proveitosa. Possivelmente, uma sociologia pública marxista. A sociologia pública Florestan Fernandes foi membro da primeira geração de intelectuais na Universidade de São Paulo – USP. A tarefa de institucionalizar a sociologia pública, assim como garantir sua autonomia, foi levada ao centro das preocupações de Fernandes, o que se alinha à formulação radical do papel do intelectual, requisito para a crítica racional e mudança social. Florestan estabelece um percurso interessante iniciado pelos estudos da sociedade Tupinambá, um olhar generoso para os processos educacionais, passando pelo folclore e outras reflexões. Apesar da preocupação com o social e o coletivo, suas referências estavam bem envolvidas com as correntes funcionalistas, a exemplo de Durkheim, ou mesmo de nomes importantes para a institucionalização sociológica, como Karl Mannheim. Florestan Fernandes: um representante da sociologia pública brasileira Como bem aponta Braga (2009), nossa estrutura social denuncia sermos um dos países com maior desigualdade social. O País é um terreno propício para a construção de uma sociologia crítica e reflexiva. Somado a isso, está o fato de existir um certo “fazer sociológico militante”, que dialoga fortemente com a sociologia pública, a exemplo de Florestan Fernandes. Florestan Fernandes: um representante da sociologia pública brasileira Entretanto, os dilemas sociais, sobretudo os dilemas sociais brasileiros, começam a tomar o centro de suas produções. Para além das pesquisas já realizadas, a discussão sobre a condição do negro no Brasil e a participação na Campanha em Defesa da Escola Pública, nos anos de 1960, provocam o que alguns convencionaram chamar de “ruptura epistemológica” com o período anterior, fazendo com que Florestan se debruçasse sob as obras de Marx, Engels e Lenin para suas reflexões e pesquisa. Florestan Fernandes: um representante da sociologia pública brasileira Em síntese, apesar de embrionário, o debate sobre a sociologia pública se faz bastante fértil no Brasil, já que possui como referência um dos maiores sociólogos da história. Michel Lowy (2003), em “As aventuras de Karl Max contra o Barão de Munchhausen”, faz um estudo sobre o percurso com base na sociologia do conhecimento, do positivismo ao marxismo, passando inclusive por várias leituras do marxismo. Chama atenção para o marxismo historicista com base nas obras de A. Gramsci e Lukacs, que se colocaram historicamente contrários ao marxismo economicista e vulgar, possibilitando um referencial de análise capaz de revitalizar o marxismo, o que Ruy Braga denomina marxismo aberto, não teleológico. Sociologia pública e marxismo Defina Sociologia Pública: a) A sociologia pública põe a sociologia em diálogo com o público, possibilita a circulação de ideias para além da academia, provocando uma dupla conversação. b) A sociologia pública se define como sendo uma sociologia que estuda somente as instituições públicas. c) A sociologia pública se realiza apenas fora das instituições universitárias. d) A sociologia pública entende que a sociologia deve se distanciar do público, garantindo o distanciamento necessário para a análise científica. e) A sociologia pública se realiza apenas em universidades públicas. Interatividade Defina Sociologia Pública: a) A sociologia pública põe a sociologia em diálogo com o público, possibilita a circulação de ideias para além da academia, provocando uma dupla conversação. b) A sociologia pública se define como sendo uma sociologia que estuda somente as instituições públicas. c) A sociologia pública se realiza apenas fora das instituições universitárias. d) A sociologia pública entende que a sociologia deve se distanciar do público, garantindo o distanciamento necessário para a análise científica. e) A sociologia pública se realiza apenas em universidades públicas. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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