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Construtivismo não é método para a alfabetização, diz pesquisadora

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03/09/2022 18:40 Construtivismo não é método para a alfabetização, diz pesquisadora
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Construtivismo não é método para a alfabetização,
diz pesquisadora
terça-feira 25 de abril de 2006. 
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O debate acerca da polêmica sobre a melhor orientação para a alfabetização no país, reacendido este ano - depois
que Fernando Haddad, Ministro da Educação, propôs a revisão dos Parâmetros Curriculares da Língua
Portuguesa-, tem se acirrado entre os defensores dos atuais parâmetros, embasados por ideais construtivistas, e os
pregadores do método fônico de alfabetização.
“O construtivismo não é um método, é um conceito”, afirma Silvia de Mattos Gasparian Colello, do Grupo de
Estudos e Pesquisas sobre Alfabetização e Letramento (GEAL), da USP, acerca da polêmica sobre a melhor
orientação para a alfabetização no país. O debate, reacendido este ano - depois que Fernando Haddad, Ministro da
Educação, propôs a revisão dos Parâmetros Curriculares da Língua Portuguesa (PCN)-, tem se acirrado entre os
defensores dos atuais parâmetros, embasados por ideais construtivistas, e os pregadores do método fônico de
alfabetização. Para Silvia Colello, que faz parte do primeiro grupo, o problema da educação no Brasil não pode ser
resolvido com métodos infalíveis e a língua escrita não pode ser concebida apenas como um código. Assim como o
construtivismo, a alfabetização deve ser vista de maneira mais ampla e complexa, como um “sistema de
implementação da linguagem”, diz a pesquisadora.
No método fônico, a alfabetização se dá através da associação entre símbolo e som. Para que a criança se torne
capaz de decifrar milhares de palavras, ela aprende a reconhecer o som de cada letra. De outra forma, ela teria que
memorizar visualmente todo o léxico, algo ineficiente do ponto de vista dos defensores do método fônico. O método
parte da regra para a exceção.
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Por outro lado, a orientação construtivista apóia-se na familiarização das crianças com textos inteiros e condizentes
com a realidade dos alunos (como o nome de cada um, por exemplo). Diferentemente do reconhecimento de frases
descontextualizadas como “Ivo viu a uva”, a alfabetização não implica apenas decifrar um código. Para alfabetizar, a
criança deve ser levada a participar da linguagem escrita. Para isso, é necessário um diagnóstico prévio que aponte
qual é a relação do sujeito com o texto. Assim, podem-se definir estratégias e exercícios que façam o aluno ler e
escrever.
Para Sílvia Colello, os PCN não devem subestimar as crianças e nem reduzir o ensino àquela relação unívoca em
que o professor ensina e o aluno silencia. Rodeadas por estímulos visuais e sonoros, televisões, computadores e
videogames, seria equivocado crer que elas se interessariam e se reconheceriam verbalmente com frases como “o
boi bebe e baba”.
Segundo a professora, é interessante notar que os defensores do método fônico no Brasil são psicólogos, em sua
maioria. “Eles não lidam com a língua enquanto sistema em implementação. Eles estão preocupados em encontrar
uma metodologia que seja objetiva e controlada, para ensinar a ler e a escrever. Mas só isso não é suficiente hoje
em dia”, afirma. De acordo com Colello, pode-se até ensinar a criança a ler e a escrever, mas se anulará o gosto
que ela poderia vir a ter pela leitura.
O grande argumento contra os parâmetros construtivistas é o péssimo desempenho do Brasil em diversas avaliações
nacionais e internacionais, como no Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) e em avaliações da OCDE
(Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e da Unesco (Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura) desde que o conceito foi incorporado nos PCNs, em 1996.
Ao reiterar que o construtivismo não é um método, mas um conceito por trás dos pressupostos da alfabetização,
Silvia Colello alfineta: "Não sou ingênua a ponto de dizer que o construtivismo vai salvar a educação brasileira. Mas,
parece que muitas pessoas o interpretaram assim: ’Ah, que bom! Chegou um novo método [salvador]!’" Para ela, o
problema do ensino no Brasil tem muitas determinações, entre elas a falta de investimento em formação dos
professores. Além disso, a pesquisadora afirma que o construtivismo não entrou efetivamente na grande maioria das
escolas, apesar de todas se dizerem construtivistas.
Já os defensores do método fônico, ao contrário, acreditam que o problema da alfabetização no Brasil é justamente
o uso do "método" construtivista, e nessa avaliação, desconsideram o contexto econômico e social do país.
Em entrevista à Folha de São Paulo, falando sobre a péssima posição do Brasil em nível de leitura entre 32 países,
Fernando Capovilla, do Departamento de Psicologia Experimental da USP, explicita sua desconsideração à
degradação social como um dos fatores de piora do ensino: "Há quem atribua [o mau resultado] ao
subdesenvolvimento, à violência urbana, blábláblá. Bobagem”. Fernando Capovilla, por e-mail, afirmou que os
PCNs em alfabetização são estritamente cumpridos por parte dos professores e são rigidamente fiscalizados pelas
secretarias de educação, ao contrário do que diz Silvia Colello.
Exemplos de atividades
No contrutivismo, que trabalha com textos inteiros
e reais
Livro dos Desertos - A professora propõe um tema:
“Vamos estudar o deserto?” Como os bichos e as
plantas conseguem viver no deserto? Onde estão os
desertos? Todos estão no mesmo lugar? Eles [os
alunos] vão trabalhando com resoluções de problemas.
Aí, a professora mostra jornais com matérias e mapas
da corrida Paris-Dakar, por exemplo. Os alunos são
levados a discutir a trajetória, os tipos de acidentes que
No método fônico, que associa letras a sons
Jogo de percurso - Cada criança retira, em sua vez, um
pequeno cartaz de uma caixa de papelão. No cartaz há
uma figura desenhada (pode ser um animal como camelo,
um veículo como trem, um brinquedo como boneca, e
assim por diante). A professora pergunta ao grupo qual o
nome da figura. No grupo, uma criança pode saltar à
frente é gritar. “É um camelo!”. As demais, naturalmente,
repetem o nome do animal na figura. A professora então
pergunta quantos sons tem essa palavra e pede para
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aconteciam no deserto, como os competidores se
alimentavam, enfim, depois que eleschegam a alguma
conclusão, a professora pede para que escrevam o que
eles aprenderam sobre o tema. As crianças dizem “Mas
eu não sei escrever, professora!”. Ela, então, incentiva:
“Escreva do jeito que você sabe! Peça ajuda ao seu
amigo!” “Eu quero escrever que no deserto não tem
chuva.” Sem o compromisso do certo e do errado, as
crianças são alfabetizadas. Depois de escritos vários
textos (sobre as plantas, os bichos do deserto, etc), os
trabalhos são compilados em uma espiral, a criança
aprende a escrever escrevendo o Livro dos Desertos.
(por Silvia de Mattos Gasparian Colello, do Grupo de
Estudos e Pesquisas sobre Alfabetização e Letramento
da USP)
contarem todos juntos /c/ /a/ /m/ /e/ /l/ /o/ dizem eles (no
método fônico as crianças não pronunciam os nomes das
letras, mas sim seus sons!). “Então, vamos contar quantos
sons tem essa palavra?”, estimula a professora. Enquanto
pronuncia os sons todos de novo, ela vai mostrando os
dedos um a um. Nesse ponto uma criança do grupo (uma
qualquer, já que sempre é espontâneo e voluntário) salta à
frente e diz: “Tem 6, professora! Tem 6 sonzinhos!”. Isso,
diz a professora. E pronuncia, enquanto conta com os
dedos. “Então, pessoal, quantas casas o Júnior vai
andar?” “Seis casas!”, gritam todos. (por Fernando César
Capovilla, professor associado em psicologia experimental
humana do Instituto de Psicologia da USP, via e-mail)
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