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Transformações Históricas Contemporâneas

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TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS CONTEMPORÂNEAS
Unidade III
7 O MUNDO PÓS‑CONTEMPORÂNEO E OS NOVOS DESAFIOS
Finalmente, chegamos ao tema Transformações Históricas Contemporâneas. Essas transformações, 
que começaram a ser esboçadas por volta do século XII, vêm apresentando efeitos no mundo atual. 
Como diria Karl Marx (1980), a vida material determina a vida social e política do indivíduo, e as forças 
de produção de uma sociedade determinam a vida do indivíduo na sociedade. Por isso, concentramos 
esforços até aqui em nosso material para demonstrar como se desenvolveu o sistema capitalista, uma 
vez que ele criou condições fundamentais para a compreensão do mundo moderno.
Analisamos as etapas do desenvolvimento capitalista iniciado com o chamado pré‑capitalismo, 
ou seja, a passagem do feudalismo para o capitalismo e a emergência da economia mercantil. Vimos 
o capitalismo comercial caracterizado pela acumulação de capital, que seria utilizado no capitalismo 
industrial, e por fim iremos analisar como o capitalismo financeiro ou monopolista se delineou em finais 
do século XX até nossos dias.
Devido a esse sistema econômico, o mundo assistiu ao surgimento de outras bases sociais, 
representadas pela burguesia e pelo proletariado, e testemunhou guerras e conflitos, bem como o 
avanço tecnológico, a riqueza e a pobreza. O mundo continua o mesmo daquele que foi rascunhado no 
século XVIII, com ricos e pobres transformados hoje em dia em países ricos e países pobres.
Anteriormente, vimos como a burguesia disputou o poder político a fim de diminuir o poder real 
(revoluções burguesas), como ela competiu por mercados externos (imperialismo), como os países 
europeus se hostilizaram (Primeira e Segunda Guerra Mundial) e como o mundo se tornou polarizado, 
obrigando os países mais dependentes a ficarem sujeitos às suas regras (Guerra Fria).
O modo de vida das pessoas, seus hábitos e costumes foram influenciados pelos valores estabelecidos 
pela Nova Ordem Mundial, determinada, antes de tudo, pela economia industrializada. Os novos desafios 
do mundo contemporâneo estão situados nos resultados da política econômica empregada nos países: 
fome, desequilíbrios ambientais, falta de infraestrutura nas cidades, racismo e preconceito, epidemias, 
guerras, xenofobia etc., como será demonstrado adiante.
7.1 Internacionalização do capital: a passagem da sociedade nacional 
para a global
Já no final da Segunda Guerra Mundial, a hegemonia americana veio acompanhada de uma mudança 
em seu padrão monetário, como forma de manter a fase do capitalismo financeiro ou monopolista. Os 
Estados Unidos, durante a Guerra Fria, tornaram o dólar uma moeda forte, por meio do Bretton Woods 
(1944), sistema monetário que convertia as moedas mundiais em dólar, que, por sua vez, era convertido 
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em ouro. Todas as moedas tinham o seu valor ligado ao dólar, e este representava determinada quantidade 
de ouro. Dessa forma, os americanos tomariam as rédeas da economia mundial, e seus aliados do bloco 
capitalista ficaram dependentes dessa variação da moeda.
Outro fator importante foi a criação, pelos americanos, do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 
1944, e do Banco Mundial, que permitia aos países depositar determinadas quantias de dinheiro e retirar 
quando precisassem. O FMI passou a ajudar os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, tornando‑os 
dependentes dos empréstimos e endividados, pois deveriam pagar os juros do que foi emprestado.
Muitos países que se originaram com a descolonização da Ásia e da África contaram com a ajuda 
norte‑americana, e com isso fortaleciam cada vez mais a hegemonia dos Estados Unidos. Com essa 
expansão do capital, cerca de 60% da riqueza mundial já se encontravam em poder dos Estados Unidos, 
o que provocou o desmoronamento do regime soviético e do bloco socialista.
Os soviéticos tentaram, em vão, recuperar sua economia e manter sua influência entre seus aliados 
com algumas reformas políticas na década de 1970: a Perestroika e a Glasnost, efetivadas por Mikhail 
Gorbatchev. Os russos e aliados passavam por uma grave crise econômica, em parte causada pela 
falta de concorrência e produtos. Assim, Gorbatchev executou um plano de reestruturação econômica 
(Perestroika) e reformas e abertura políticas (Glasnost).
Com o tempo, as repúblicas soviéticas tornaram‑se independentes. Muitos países do Leste Europeu, 
como a Hungria, a Polônia e a Tchecoslováquia, se emanciparam a partir da década de 1990. Em 9 de 
novembro de 1989, com a crise do sistema socialista, houve a queda do muro de Berlim, unificando a 
Alemanha, e a transformação da União Soviética. Russos e americanos fizeram acordos de desarmamento.
Os Estados Unidos saíram vencedores da Guerra Fria e assumiram novamente sua hegemonia do 
ponto de vista econômico. A Era do Capital retorna com nova roupagem, agora de forma bastante 
internacionalizada. As relações econômicas e sociais se intensificaram em escala mundial. O mundo 
passou a se manter sob a lógica do sistema capitalista.
O efeito global provocou o enfraquecimento do Estado‑nação, ou seja, aquela organização 
institucional, política e administrativa em que predominava soberania e autarquia do governante. Aqui, 
esse fenômeno se realiza de diversas formas, principalmente devido à transnacionalização da economia, 
que enfraquece o poder do Estado.
É comum atribuirmos o surgimento do Estado‑nação a partir do século XV à formação do absolutismo 
na Europa e ao apoio da burguesia para garantir suas necessidades de comércio. O mercantilismo 
consolidou a aliança entre rei e burguesia, pois ela interessava a ambos e ocasionou muitas divergências 
entre o rei e a Igreja.
Se antes, no século XIX, a experiência eurocêntrica do Estado‑nação se fortaleceu com o 
desenvolvimento do nacionalismo europeu no contexto linguístico, territorial, cultural, histórico e até 
religioso, agora, com a mundialização da economia, o Estado‑nação se debilitou. Curiosamente, os 
Estados nacionais se constituíram no âmbito da industrialização e da divisão do espaço geográfico para 
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protegerem seus mercados dos competidores, mas hoje em dia as fronteiras econômicas estão mais 
vulneráveis diante da soberania nacional.
A ideologia dos Estados Nacionais se sustentou na identidade, no nacionalismo e no patriotismo 
como meio de solidificar o sentimento patriótico na população, muitas vezes para legitimar uma 
ideologia ou com a intenção de fortalecer a economia e a sociedade nacional. Isso ocorreu na 
monarquia de dom Pedro II, no Brasil.
Com o final da Guerra Fria, as novas configurações territoriais e a descolonização desenvolveram um 
tipo de sociedade muitas vezes plurinacional, mas que em outras nem chegavam a se transformar em 
Estados. Em muitos casos, as categorias nacionais desenvolveram sociedades distintas umas das outras, 
em que se preservaram suas identidades culturais, embora estas estejam gradualmente desaparecendo 
com o processo de homogeneização mundial.
Em termos de autoridade política, os Estados nacionais se caracterizavam pelo poder de coerção, que 
garantiria a soberania dos territórios nacionais. Porém, hoje em dia as relações internacionais transcendem 
o poder estatal, deixando‑o, muitas vezes, como atores coadjuvantes do sistema internacional, ou até 
mesmo vulneráveis a esse sistema, como ocorre nos países subdesenvolvidos. Dessa forma, os países 
desenvolvidos ditam as regras, e os subdesenvolvidos as seguem, devido à dependência econômica.
Para cada Estado, existe uma sociedade, e hoje em dia ela fica subjugada às configurações do mundo 
global, isto é, à sociedade global. Preservadas as suas particularidades históricas, como bandeira,hino, 
língua e antepassados históricos, a sociedade nacional permanece, muitas vezes, com seus regionalismos 
e força original diante do mundo fragmentado e mundializado.
 Saiba mais
Sobre o tema, leia a obra a seguir, especialmente o texto entre as páginas 
53 e 72:
IANNI, O. Teorias da globalização. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2006.
Leia também a seguinte publicação, com atenção maior ao trecho entre 
as páginas 11 e 22:
SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1997.
7.2 Globalização e mundialização
O fenômeno da globalização iniciou‑se por volta da década de 1970 e intensificou‑se na década seguinte. 
Caracteriza‑se por um conjunto de transformações que ocorrem no âmbito econômico e no político.
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Podemos conceber o significado de globalização de várias maneiras. Grosso modo, podemos defini‑la 
como uma etapa da internacionalização do capital. Isso ocorre de diversas formas: o produtor pode escolher 
onde comprar sua matéria‑prima, em geral onde ela é mais barata; pode instalar sua fábrica fora de seu país 
de origem (empresas multinacionais e transnacionais); e pode também vender sua mercadoria onde desejar.
Segundo Octavio Ianni (2006, p. 15‑6), a globalização pode ser dividida em três estágios, que se 
iniciariam com a acumulação de capital (mercantilismo), com o processo industrial (capitalismo) e, 
atualmente, com o capitalismo planetário (comandado pelos Estados Unidos), caracterizado pela 
revolução tecnológica, pela expansão da comunicação de massa e pela ocidentalização do Oriente.
A fábrica global, como muitos autores, inclusive Ianni, denominam um dos aspectos da globalização, 
refere‑se à integração entre capital, mercado e forças produtivas, dando uma dimensão diferenciada à 
divisão internacional do trabalho de acordo com a reprodução do capital. Já a aldeia global relaciona‑se 
com a integração dos mercados pelas grandes corporações internacionais. A revolução tecnológica facilita a 
integração, isto é, países mais avançados tecnologicamente têm mais chances de produzir mais e distribuir 
sua mercadoria com maior rapidez do que os países menos desenvolvidos (IANNI, 2006, p. 53‑72).
Há que se diferenciar as empresas multinacionais das transacionais. A primeira caracteriza‑se por 
empresas que mantêm filiais em todo o mundo, sendo dirigidas por uma matriz com sede no seu país 
de origem. Já as empresas transnacionais seguem um modelo independente da matriz, isto é, as filiais 
situadas em outros países, apesar de se originarem da marca matriz, não seguem os ditames desta, de 
onde se originaram. Hoje em dia, as transnacionais caracterizam o mundo globalizado por terem certa 
autonomia nas decisões que envolvem a mobilidade do capital industrial.
Para Manuel Castells (2000), a informatização, a automação e o desenvolvimento das 
telecomunicações são fatores primordiais para explicar a globalização. De acordo com o autor, a 
revolução tecnológica transformou radicalmente a configuração dos processos produtivos, assim 
como as novas formas de se conceber e integrar a sociedade em rede. Para ele (CASTELLS, 2000, 
p. 19‑21), a realidade social da “sociedade em rede” é configurada pelas fontes de informações que 
dessa forma transformam as relações pessoais e de trabalho.
O acesso aos meios de comunicação de massa possibilitou ao indivíduo receber a informação em tempo 
real, com mais rapidez, massificando atitudes e hábitos. Os meios de comunicação de massa desempenham 
o papel de estimular o indivíduo ao consumo, já que a produção de mercadorias se desenvolve rapidamente.
Na sociedade antiga e medieval, predominavam hábitos mais simples e comunitários. Já a sociedade 
moderna é citadina, e o aumento populacional nas cidades (onde se localizavam as fábricas) as 
transformou em um meio massificado. Com isso, as relações sociais também se massificaram: surgiram 
os partidos, os clubes, as associações, os sindicatos, dentre outros.
No aspecto econômico, uma das características da sociedade moderna está no fato de que as pessoas 
são cada vez mais especializadas e aperfeiçoadas. A técnica domina, resultando em uma produção em 
larga escala. Na sociedade moderna, surge também a especialização nos papéis sociais, bem como as 
relações contratuais; já no campo político, surge a democracia.
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Como característica essencial, a sociedade de massa dispõe de grandes organizações sociais que 
dominam e alienam o indivíduo. A conversão da cultura em mercadoria, a chamada indústria cultural, 
também atua como sistema de subordinação do indivíduo: ela se utiliza das tecnologias comunicacionais 
e de informação, tais como a televisão, a internet etc. como meio para orientar o consumo dos bens 
culturais – por exemplo, a moda e o lazer.
Como resultado, os meios de comunicação de massa se transformam em uma estratégia para difundir 
ideologias, principalmente a do consumo, ficando à mercê da indústria cultural, das organizações 
comunicacionais, bem como das novas tecnologias.
Novos registros linguísticos surgiram com a comunicação mediada da internet, bem como um novo 
tipo de escrita falada e um modo de escrever oralizado. Novas maneiras de se expressar com o “outro”, 
através de diálogos e multidiálogos, caracterizam o mundo na sua globalidade.
Características gerais do mundo globalizado:
• Hegemonia do capital financeiro.
• Desterritorialização e redimensionamento dos espaços e do tempo.
• Universalidade.
• Multinacional x transnacional.
• Comunidades transnacionais de consumidores.
• Fábrica global: expansão das relações capitalistas, reprodução do capital em escala mundial, 
relações interpessoais.
• A economia nacional torna‑se província da economia global.
• Pluralismo descentralizado, diversidade.
• Centralidade x descentralização.
• Padronização x segmentação.
• Na economia: grandes fusões.
• Fragmentação.
• Homogeneização.
• Tecnificação das relações sociais.
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• Cidadãos do mundo.
• Tecnologias da inteligência: conhecimento por simulação.
• Difusão dos meios de comunicação de massa.
• Predominância de simulacro, falsidade e imaginário.
• Convivência entre cultura erudita, cultura popular e massificação.
• Cultura internacional popular: memória coletiva feita com fragmentos de diferentes nações.
• Aldeia global: a globalização invade espaços, integração do planeta a partir dos meios de 
comunicação.
• Comunidade localizada espacialmente.
• Máxima: pensar global, agir local.
• Identidade cultural regional mais tradicional.
• Manutenção das identidades regionais em um mercado global.
• Interligação das regiões do mundo realizada por satélite e telefonia.
O termo mundialização se relaciona com as atividades econômicas vinculadas à extensão 
geográfica, bem como globalização, que está mais relacionada com as estratégias de mercado. 
Porém, a universalidade garantida pelo poder econômico também se reflete na cultura, como 
mencionado anteriormente. A mundialização promove interações das culturas, consolidadas por 
meio da sociedade‑mundo.
A identidade cultural na pós‑modernidade é caracterizada por uma identidade híbrida que vive 
sob o signo da mundialização, principalmente da cultura. Na sociedade pós‑moderna, sobrevive o 
indivíduo que tende a assumir várias identidades em ambientes distintos e culturalmente diversos. 
Segundo Renato Ortiz (1994b, p. 165), a mundialização diz respeito às identidades sociais que estão 
vinculadas à cultura nacional e regional, “moldadas pelas indústrias culturais globalizadas”.
 Observação
A indústria cultural, ao difundir símbolos a todo o momento, 
transforma‑os em mercadoria, que é absorvida pelas identidades, 
transformando‑asem híbridas.
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O ser humano que vive nas grandes cidades é absorvido pela grande quantidade de símbolos 
reforçados pelas culturas nacionais, que constroem sentidos a fim de serem enfatizados na memória, no 
patrimônio cultural e no passado histórico de uma nação, reforçando assim a nacionalidade.
Influenciado pelos símbolos da indústria cultural, o homem da pós‑modernidade também busca a 
valorização da identidade regional, tentando conciliá‑la com os valores da globalização. O problema 
está no fato de ele não ter isso muito nítido: sente‑se um cidadão global com necessidades locais. 
Envolvido nos símbolos culturais veiculados pelas mídias e nas referências do passado, esse ser fica 
dividido em relação à sua identidade cultural e vive um conflito devido à sua identidade fragmentada, 
buscando valores do passado e vivendo em um mundo global.
A identidade cultural de um povo caracteriza‑se por um contínuo ininterrupto de símbolos e 
significados comuns ao grupo social, absorvidos no passado histórico, mas que são constantemente 
afetados pelos novos modelos adquiridos no mundo globalizado. Além disso, há uma verdadeira gama 
de identidades culturais na pós‑modernidade, tornando conflituosos o global e o local, uma vez que 
não é possível absorver todas as influências externas e a variedade de elementos culturais, o que torna 
as identidades menos fixas.
Entretanto, é possível que, na contemporaneidade, o ser humano seja o verdadeiro agente das 
mudanças que propõe, não se fixando a paradigmas nem vivenciando realidades que coloquem sua 
identidade cultural em situação de risco, como sugerem alguns teóricos.
Renato Ortiz observa que, na concepção do mapa cultural de uma sociedade, ou seja, do espaço 
ocupado por unidades distintas, dinamizadas pelo movimento de cada uma dessas partes, ocorrem 
adaptações, já que elas apresentam certa dinamização. A mundialização promove a desterritorialização 
dos personagens ícones dos seus lugares de origem, como o autor cita. A Madonna não é mais americana, 
é cidadã do mundo, ela está em todas as partes do globo.
Com o processo de mundialização, no início do século XX, e o desenvolvimento da produção em 
escala industrial, aspectos da cultura local se adaptaram aos produtos importados e desenvolveram 
traços culturais próprios, como podemos observar na culinária, por exemplo: não podemos encontrar a 
“italianidade” nas pizzas Hut ou a “americanização” nos alimentos do McDonald’s (ORTIZ, 1994b)
A comida representa simbolicamente os modos dominantes de uma sociedade: os hábitos 
alimentares se moldam no espaço e podem ser incorporados de outras regiões ou desenvolvidos no 
seio da tradição local, já que, segundo Ortiz, a cultura é forjada a partir do choque ou da assimilação 
cultural de outras localidades, do território, da nação, da cidade ou do bairro.
No mundo atual, a cultura em consonância com o capitalismo mundial e com a globalização passeia 
pelas contradições e complexidades regionais particularizadas segundo o território e a sua história.
Do ponto de vista dos mercados mundiais mais hegemônicos, podemos perceber que, no mundo 
global, alguns países têm uma predominância cultural sobre os outros, isto é, uma cultura que é 
exportada e deve ser admirada ou adotada por todos.
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Nos Estados Unidos, por exemplo, a exclusividade linguística e os valores culturais são valorizados 
como algo muitas vezes excepcional. A indústria cultural americana é representada pelo cinema, pela 
música, pela americanização dos alimentos – como o McDonald’s –, dentre outras manifestações cujos 
símbolos são disseminados e consumidos pelo mundo, colocando o indivíduo em um status social.
A mundialização nos trouxe a percepção de que não somos apenas cidadãos locais, mas também 
pertencemos ao mundo. Nós consumimos e temos hábitos mundiais, e muitas informações nos chegam 
em tempo real. Ao mesmo tempo, a globalização auxiliou, por meio dos mecanismos informacionais, 
o contato com pessoas do mundo inteiro, e como consequência há o contato cultural com nações e 
nacionalidades, antes não ocorrido. As redes sociais são um exemplo disso: por meio delas, podemos nos 
conectar com os cidadãos do mundo.
 Saiba mais
Leia a obra a seguir:
CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os 
negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar 2003.
7.3 Neoliberalismo: o velho no novo, Estados liberais, empresas transnacionais
O neoliberalismo, tal como conhecemos hoje, é um fenômeno que surgiu por volta de 1970, 
através da Escola Monetarista de Chicago, de Milton Friedman, como estratégia para solucionar 
a crise capitalista causada pelo aumento do petróleo. Antes, já havia ocorrido uma manifestação 
do inglês Friedrich Hayek, que havia escrito em seu livro O Caminho da Servidão, de 1944, sobre 
o quanto o Estado, previdenciário, paternalista e dedicado ao bem‑estar social, atrapalhava a 
concorrência e o desenvolvimento econômico.
O escopo do pensamento neoliberal nos remete às ideias do pensamento liberal e do conservador 
do século XIX, em que os pensadores franceses e ingleses defendiam o “laissez‑faire, laissez aller, 
laissez passer”, ou “deixe fazer, deixe ir, deixe passar”, máxima que representava o livre‑comércio ou 
livre‑mercado sem interferência estatal.
Posteriormente, a doutrina neoliberal ressurgiu fortalecida pelas ideias de Hayek para solucionar 
as altas taxas de inflação e o baixo nível de crescimento econômico. Assim, formou‑se um ideário 
que fortalecia as grandes potências econômicas, minimizando o poder e a interferência do Estado na 
economia (Estado Mínimo).
A doutrina neoliberal era contrária às ideias do programa do New Deal, propostas pelo presidente 
norte‑americano Roosevelt, inspirado em John Keynes. Devido à crise capitalista de 1929, o Estado 
interferiu enfaticamente na economia a fim de solucionar a crise. Aqui, o liberalismo clássico perdeu 
seu valor (HOLANDA, 2001).
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O neoliberalismo é uma releitura do liberalismo econômico, surgido no século XVIII com o fim do 
mercantilismo. A autonomia dos negócios da burguesia foi defendida pelos teóricos François Quesnay e 
Adam Smith, que em seu livro A Riqueza das Nações defendia que as atividades industriais e comerciais 
deveriam desfrutar de liberdade para crescer, sem a intervenção do Estado, além da livre‑concorrência. 
Assim, toda a sociedade se beneficiaria.
As características neoliberais são efeitos da globalização e estão relacionadas à intervenção mínima 
do Estado nos assuntos econômicos, que deverá atuar na manutenção da lei e da ordem, executando 
políticas de desburocratização que facilitem o funcionamento das atividades econômicas. Sem a 
intervenção estatal, o mercado se reorganiza por si só.
Sem o poder estatal, o indivíduo adquire maior poder para desenvolver seus negócios. Dessa forma, 
pode‑se atribuir ao neoliberalismo certa característica individualista, e a ação do Estado na ajuda aos 
mais necessitados e os gastos sociais ficam em segundo plano para privilegiar méritos individuais. Os 
neoliberais acreditam que a desigualdade social seja benéfica para regular o mercado.
Segundo essa doutrina, o Estado deve ser forte apenas para controlar as privatizações das empresas 
estatais, já que a base da economia deve ser formada por empresas privadas. O Estado deve, ainda, 
diminuir sua função social, controlando os sindicatos, bem como minimizando a assistência social 
e investimentos nos setores de saúde, que geram muitos gastos. Estes deveriam ser utilizados para 
socorrer empresas com desequilíbrios financeiros (SANTOS, 2000).
Como ênfase na globalização, o neoliberalismo tornou‑seum meio de os países mais ricos se 
imporem aos mais pobres, pois estes últimos continuavam a ser dependentes e tornavam‑se facilmente 
endividados. Muitos dos países subdesenvolvidos abriram suas portas para a entrada de empresas 
multinacionais, que, para gerar emprego, não pagavam impostos ao Estado. Além disso, as políticas 
sociais ficaram em segundo plano, provando que os modelos neoliberais não são compatíveis com 
muitos dos países latino‑americanos, africanos e asiáticos.
Os defensores do neoliberalismo creem que esse modelo promova o desenvolvimento econômico e, 
por conseguinte, o social, tornando a sociedade mais competitiva e proporcionando o desenvolvimento 
tecnológico. Os críticos do neoliberalismo argumentam que esse modelo econômico privilegia apenas 
empresas multinacionais, aumenta o desemprego, diminui salários e agrava a desigualdade social.
Os grandes governos neoliberais foram os de Margaret Thatcher (Reino Unido), Helmut Kohl (Alemanha) 
e Ronald Reagan, George Bush e George W. Bush (Estados Unidos). No Chile, o ditador Augusto Pinochet 
desenvolveu o neoliberalismo depois que Milton Friedman foi para o pais, em 1970, e alguns de seus 
alunos chilenos da Universidade de Chicago ganharam cargos de poder no governo do ditador. No Brasil, 
os governos neoliberais foram de Fernando Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso.
As empresas transnacionais que desenvolvem atividades em mais de dois países são favorecidas com 
o aparato neoliberal, pois funcionam com maior autonomia. Em geral, elas são instaladas em países que 
estão se desenvolvendo e estabelecem critérios para isso, como empregar mão de obra barata e com 
determinado grau de escolaridade em locais onde exista infraestrutura adequada, principalmente em 
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terrenos que são ofertados com baixos impostos ou isenção deles. Uma parte dos lucros é destinada para 
novas instalações ou até mesmo para projetos sociais e ambientais, e a outra parte vai para suas matrizes.
O lucro dessas empresas é enorme, pois estão protegidas pelo aparato tecnológico e pelo volume 
não só das vendas globais, mas também das regionais. Elas subsistem devido aos custos operacionais 
serem mais baixos, assim como os salários.
Entretanto, um dos benefícios dessas empresas relaciona‑se com a exploração dos recursos naturais 
autorizada pelo Estado. Com tecnologia de ponta, as empresas transnacionais impedem que empresas 
menores entrem no mercado no qual estão situadas. Recentemente, no Brasil, presenciamos uma grande 
destruição ambiental ocasionada pelo rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração da 
multinacional Samarco, empresa mineradora controlada pela anglo‑australiana BHP Billiton, fundada 
em 1977 em uma joint venture com a Companhia Vale do Rio Doce, anteriormente estatal.
Uma vez instaladas em outro território, essas empresas têm proteção do Estado, que disponibiliza 
recursos e regulamentação para que maximizem seus lucros. Muitas dessas empresas não têm 
transparência e atuam de forma ilícita, fazendo que o Estado lhes dê concessões para exercer o controle 
dos bens de produção.
 Lembrete
O capitalismo neoliberal danificou as bases da democracia liberal 
representativa, pois nesse sistema o Estado e a sociedade civil se submetem 
à economia de mercado. O século XX, quando o neoliberalismo se formou, 
minou as conquistas democráticas do século XIX.
7.4 O capitalismo liberal: Consenso de Washington
De perfil neoliberal, o encontro que aconteceu em 1989 nos Estados Unidos, chamado de 
Consenso de Washington pelo economista John Williamson, teve como finalidade a ampliação do 
neoliberalismo na América Latina. Convocado pelo Institute for International Economics, o encontro, 
notadamente neoliberal e aceito por todos os países, com exceção de Peru e Brasil, tinha como premissa 
o desenvolvimento dos países latino‑americanos, com apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) e 
do Banco Mundial, para realizar empréstimos.
O FMI e o Banco Mundial, criados em 1944 na Conferência de Bretton Woods, tinham a intenção de 
tutelar o sistema monetário internacional, auxiliando os governos na reconstrução pós‑guerra. As duas 
instituições se tornaram fundamentais nas décadas de 1970 e 1980 para fazer o neoliberalismo avançar 
pelo mundo.
A ajuda a esses países viria se o Estado cortasse gastos públicos, reduzindo custos com funcionários, 
eliminasse suas dívidas e principalmente realizasse uma reforma fiscal e tributária, com a intenção de 
desonerar as empresas privadas dos impostos. Para reduzir custos, o Estado deveria privatizar empresas 
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estatais, que gastavam muito com a folha de pagamento. Isso daria uma brecha para as empresas 
privadas diminuírem salários como bem conviesse.
A parte fundamental para o sucesso do desenvolvimento dos países latino‑americanos, de acordo 
com o Consenso, seria a abertura econômica desses países para investimentos estrangeiros, liberando o 
comércio exterior e a diminuição do protecionismo alfandegário.
A maioria dos países latinos estava endividada e acatou as normas do acordo. Outros não tiveram 
opção, pois desejavam incrementar sua economia. A maior parte sofreu pressão do governo americano, 
que oferecia saídas através do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird). O Brasil não aceitou de 
imediato as medidas, mas aplicou‑as em grande escala na década de 1990.
O Consenso de Washington foi amplamente defendido no governo Reagan, por meio da ajuda das 
agências internacionais, e vigorosamente apoiado pelas elites políticas e intelectuais, que viam o acordo 
como sinal de modernidade. Porém, no Brasil:
Os princípios neoliberais consolidados no Consenso de Washington batem 
de frente com alguns dos pressupostos do modelo de desenvolvimento 
brasileiro e da política econômica externa que lhe dava apoio, em particular 
com a liberdade de ação que o Brasil desejava manter para prosseguir em seu 
processo de industrialização, mediante reserva de mercado para indústrias 
de capital nacional no campo da informática, assim como pela exclusão 
do patenteamento na área químico‑farmacêutica. O Brasil tampouco se 
dispunha a aceitar restrições ao pleno desenvolvimento tecnológico no setor 
nuclear e aeroespacial. Golpeado pela crise da dívida externa e pela forma 
como esta foi tratada, o Brasil, graças a sua base industrial e ao esforço 
feito pela Petrobras para aumentar substancialmente a produção nacional 
de petróleo, conseguiria acumular substanciais saldos de balanço comercial, 
criando condições para honrar o serviço daquela dívida. Em consequência, 
só lograria fazê‑lo à custa do equilíbrio das contas públicas. Sucessivas 
cartas de intenção ao FMI foram assinadas sem que o país pudesse cumprir 
as metas acordadas em matéria fiscal e monetária. Para dominar a inflação 
resultante desse descontrole, gerado em sua maior parte pelo serviço da 
dívida externa e interna, sucessivos planos, heterodoxos e ortodoxos, foram 
tentados sem êxito, produzindo um sentimento generalizado de frustração 
que abalaria a confiança na ação do Estado (BATISTA, 1994, p. 27).
O acordo demonstrava uma nítida visão economicista dos problemas sociais que impreterivelmente 
levariam não só a problemas nessa área, mas também à miséria, já que as massas populares ficariam 
desprotegidas pelo Estado e pelas políticas públicas:
O Consenso de Washington não tratou tampouco de questões sociais 
como educação, saúde, distribuição da renda e eliminação da pobreza. Não 
porque as veja como questões a serem objeto de ação numa segunda etapa. 
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As reformas sociais, tal qual as políticas, seriam vistas como decorrência 
natural da liberalização econômica, isto é, deverãoemergir exclusivamente 
do livre jogo das forças da oferta e da procura num mercado inteiramente 
autorregulável, sem qualquer rigidez no que se refere tanto a bens quanto ao 
trabalho. Um mercado, enfim, cuja plena instituição constituiria o objetivo 
único das reformas (BATISTA, 1994, p. 11).
A proposta de abertura econômica não considerava as diferenças econômicas e do desenvolvimento 
existentes em cada país: as medidas eram homogêneas para países heterogêneos. Além disso, o Estado 
poderia entrar em falência a qualquer instante em decorrência da gestão dos organismos internacionais. 
Podemos observar com o Consenso de Washington a nítida imposição da hegemonia norte‑americana, 
novamente, diante da América Latina.
 Saiba mais
Leia o documento na íntegra:
BATISTA, P. N. Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas 
latino‑americanos. São Paulo: FAU‑USP, 1994. Disponível em: <http://www.
usp.br/fau/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aup0270/4dossie/
nogueira94/nog94‑cons‑washn.pdf>. Acesso em: 5 maio 2016.
7.4.1 Wall Street
A história de Wall Street – rua da região de Manhattan, em Nova York, lugar onde estão concentrados 
os maiores bancos e bolsas de valores dos Estados Unidos – remonta ao processo de colonização daquela 
região, disputada por holandeses (Nova York foi a antiga Nova Amsterdã), indígenas e britânicos.
Esse famoso distrito financeiro norte‑americano foi palco de grandes disputas desde 1640, quando 
os holandeses, que fundaram Nova Amsterdã, construíram uma muralha a fim de barrar os ataques 
das populações indígenas. A partir de 1664, os ingleses invadiram Nova Amsterdã e expulsaram os 
holandeses, fundando Nova York. Já naquela época, a região era encontro de vários comerciantes e 
pessoas que negociavam mercadorias. A partir de 1792, 24 acionistas negociaram regras e taxas com a 
Bolsa de Nova York, o chamado Tratado de Buttonwood (árvore local), transformando a rua em um local 
de extrema especulação. A muralha foi destruída em 1699.
Nessa rua, os americanos experimentaram, em 1929, a ruína, com a quebra da Bolsa de Nova York 
e a desestruturação da bolsa americana. Após a Segunda Guerra, Wall Street recuperou seu status 
nos negócios. É fato que o especulador é rotulado como o indivíduo que “compra na baixa e vende na 
alta” e que ele sempre é bem‑sucedido nos negócios, porém os mercados capitalistas são oscilantes 
e dependem das flutuações, dos acontecimentos mundiais e da dinâmica social que envolve guerras, 
governos depostos, políticas governamentais e também os riscos existentes no mercado.
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O especulador depende do aumento dos preços; estes atraem investidores e intensificam a 
especulação. Os mercados reagem, e uma bolha especulativa é criada, isto é, o valor real de um produto 
é diferente do preço que o investidor deseja pagar por ele. Isso forma uma bolha. Esse comportamento 
está ligado à dinâmica do sistema financeiro e relaciona‑se aos ativos supervalorizados.
Na década de 1990, a crise dos países periféricos provocou uma fuga de capitais para os Estados 
Unidos, provocando uma explosão acionária em Wall Street com um ciclo de fusões entre os grandes 
bancos, que se tornaram megainstituições. Isso favorecia a especulação e os recém‑enriquecidos yuppies, 
os novos hippies, que ganhavam dinheiro jogando na Bolsa de Valores.
Como parte constitutiva do sistema capitalista, a especulação imobiliária e financeira é criada a 
partir de uma euforia financeira: o lucro do especulador advém do prejuízo de alguém. Muitas fraudes 
foram cometidas em Wall Street. Algumas foram devidamente retratadas pelo cinema americano, como 
é o caso do especulador Jordan Belfort, considerado gênio do mercado financeiro, que dirigiu a empresa 
Stratton Oakmont e praticava fraudes de seguro e, principalmente, corrupção. Essa história foi contada 
no filme de Martin Scorsese O Lobo de Wall Street.
Cinco filmes inspirados em Wall Street
A Grande Aposta (2015). Título original: The Big Short. Diretor: Adam McKay. O filme 
conta a história de quatro personagens que decidiram apostar para ganhar com a bolha no 
mercado imobiliário. Antecipavam que os títulos de dívida garantidos por estas hipotecas de 
alto risco iriam afundar. E acertaram. O sub‑prime provocou a maior crise financeira desde 
a Grande Depressão.
O Lobo de Wall Street (2013). Título original: The Wolf of Wall Street. Diretor: Martin 
Scorsese. O conhecido filme de Martin Scorsese é inspirado na história de Jordan Belford. 
Leonardo Di Caprio interpreta o papel do ambicioso corretor, relatando a sua ascensão, os 
seus excessos, esquemas e a queda no mundo louco de Wall Street.
Grande Demais para Quebrar (2011). Título original: Too Big to Fail. Diretor: Curtis 
Hanson. Do pedido de ajuda do Lehman Brothers, a Warren Buffett, até à intervenção de 
Washington, o filme Too Big To Fail conta a história do colapso do banco que era “demasiado 
grande para cair” e da crise financeira de 2008, centrado no ponto de vista do secretário do 
Tesouro norte‑americano Henry Paulson.
Wall Street: o Dinheiro Nunca Dorme (2010). Título original: Wall Street: Money Never 
Sleeps. Diretor: Oliver Stone. A sequência do filme Wall Street conta a história de Gordon 
Geeko, já reformado, depois de ter cumprido pena de prisão, por fraude e abuso de 
informação privilegiada. Geeko procura reconciliar‑se com a filha, com o apoio do genro. 
Passaram‑se 20 anos depois do primeiro filme, com a crise de 2008 como cenário.
Wall Street (1987). Título original: Wall Street. Diretor: Oliver Stone. No clássico Wall 
Street, Oliver Stone procurou retratar o setor financeiro na década de 1980. Buddy Fox, 
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interpretado por Charlie Sheen, é um ambicioso jovem corretor na bolsa, que se envolve com 
o especulador milionário Gordon Gekko (protagonizado por Michael Douglas), aproveitando 
informações privilegiadas para alcançar o sucesso e estilo de vida que desejava.
Fonte: Cinco... (2016).
7.4.2 A Inglaterra de Margaret Thatcher
Margaret Thatcher foi o ícone do neoliberalismo inglês. Em 1950, especializou‑se em direito tributário; 
em 1959, foi eleita para a Câmara dos Comuns; posteriormente, tornou‑se secretária de Estado para 
Assuntos Sociais. Nas eleições de 1979, tornou‑se a única mulher a ser eleita primeira‑ministra no Reino 
Unido e na Europa. Ela foi reeleita por três mandatos seguidos.
Thatcher era chamada de “A Dama de Ferro”, pois governou o Reino Unido com bastante autoridade, 
rigidez e personalidade. As características de seu governo estavam em consonância com a doutrina 
neoliberal que predominava no mundo na década de 1970. Ela conseguiu bons indicadores econômicos, 
valorizando a libra e controlando a inflação. Porém, isso aumentou o desemprego, o que causou grande 
descontentamento e reação da população.
Externamente, Thatcher se envolveu, em 1982, na Guerra das Malvinas, o que favoreceu a sua 
popularidade. Apoiou o apartheid na África do Sul e o regime do ditador chileno Augusto Pinochet.
A Guerra das Malvinas foi um conflito militar entre Reino Unido e Argentina que se deu em 1982, 
no qual os argentinos invadiram as Ilhas Malvinas, situadas a 464 km da costa argentina. Ocorre 
que os britânicos colonizaram o arquipélago em 1982, chamado pelos ingleses de Ilhas Falklands. A 
invasão argentina se deveu ao fato de os argentinos reivindicarem para si o direito sobre as ilhas, que 
anteriormente pertenciam à Espanha.
A questão política por trás da invasão situava‑se no fato de que o ditador argentino Galtieri teve 
a intenção de aumentar sua popularidade provocando o patriotismo nos argentinos. Thatcher, que 
também apresentava baixa popularidade, investiu pesadamente no combate, provando a superioridade 
militar inglesa sobre os argentinos. Com a vitória dos ingleses,os argentinos suspenderam as relações 
diplomáticas com o governo inglês, reatando apenas em 1990.
Outra questão enfrentada por Thatcher foi a questão do apartheid praticado na África do Sul. Em 1910, a 
África do Sul tornou‑se possessão britânica como parte do neocolonialismo europeu. Em 1912, foi formado o 
Congresso Nacional Africano (CNA), liderado por Nelson Mandela, em oposição ao domínio inglês.
Nelson Mandela, chefe da tribo Thembu, da etnia xhosa, foi preparado para assumir a liderança 
contra o regime do apartheid, oficializado em 1948, que era um regime de segregação racial no qual 
os negros nativos tinham pouquíssimos benefícios em relação aos brancos colonizadores, vivendo em 
zonas residenciais determinadas, e que não permitia que houvesse casamentos inter‑raciais. O Banco da 
Inglaterra custeava esse regime de segregação. Por desobedecer às leis do apartheid, Mandela foi preso 
em 1952.
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Segundo consta, a premiê britânica não aplicaria sanções econômicas à África do Sul e ao governo de 
Pieter Botha, que atuou de forma sangrenta na contenção dos protestos, desde que libertasse Mandela, 
pois os ingleses tinham interesses financeiros naquele país, assim como outras nações. Depois de muitos 
protestos, Mandela foi solto em 1989 após a queda de Botha.
O governo chileno de Augusto Pinochet teve Thatcher como uma das suas principais aliadas, juntamente 
com Ronald Reagan (presidente dos Estados Unidos), Henry Kissinger (secretário de Estado norte‑americano) 
e Milton Friedman (pensador neoliberal). Em 1982, Pinochet apoiou a Inglaterra na Guerra das Malvinas 
em detrimento de seus vizinhos latino‑americanos. Em troca, obteria apoio no processo de execução do 
neoliberalismo em seu país, o que provaria o antagonismo de seu governo, que perseguia e torturava opositores.
A desregulamentação da economia, as privatizações, o corte dos benefícios sociais, a contração 
do poder dos sindicatos e a diminuição do papel do Estado foram amplamente praticados no governo 
Thatcher na década de 1980. Juntamente com Ronald Reagan, presidente norte‑americano, Thatcher 
foi opositora do regime soviético, apoiando as reformas políticas de Mikhail Gorbatchev, o que culminou 
na queda do regime comunista.
Com sua liderança forte, ela não conseguiu impedir as greves dos trabalhadores, uma vez que o 
Reino Unido passava nos finais da década de 1970 por uma crise inflacionária, alta taxa de desemprego 
e aumento dos impostos. Além disso, o mundo passava por um forte aumento do preço do petróleo. 
Para isso, Thatcher privatizou empresas, estabilizou a economia e controlou os sindicatos, aumentando 
sua popularidade, principalmente no segundo mandato.
Como os sindicatos ingleses eram muito fortes, Thatcher se desgastou com a tentativa de minar o poder 
deles. A greve dos mineiros da região de Yorkshire, em 1984, provocou um grande impacto no governo da 
primeira‑ministra, já que se havia cogitado o fechamento daquelas minas de carvão. A greve durou um ano.
Margaret Thatcher se recusou a aceitar a inclusão do Reino Unido à Zona do Euro, provocando uma 
racha com o Partido Conservador. Em 1990, ela renunciou ao cargo e se retirou da vida pública em 2002.
 Saiba mais
Assista ao filme:
A DAMA de Ferro. Dir. Phyllida Lloyd. Reino Unido: Pathé, 2012. 
104 minutos.
7.4.3 Os Tigres Asiáticos
Os países do Leste Asiático – Taiwan (Formosa), Coreia do Sul, Cingapura e Hong Kong – utilizaram, 
na década de 1980, o modelo neoliberal em seus países. Embora esses países não formassem um bloco 
econômico institucionalizado, eles mantinham a dinâmica grupal para facilitar o livre‑comércio. São os 
chamados Tigres Asiáticos, nome inspirado no tigre ou dragão lendário.
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Com a queda do comunismo e a abertura comercial dos países socialistas, esses países tiveram um 
grande crescimento econômico ao aplicar estratégias para atrair multinacionais através de isenções de 
impostos e incentivos fiscais, permitindo que elas investissem em seus países. Para isso, eles disponibilizavam 
mão de obra barata, o que interessava às grandes empresas que buscavam baratear custos.
O Japão foi um país que também se valeu da captação dos recursos externos para incentivar sua 
produção interna, que ficou muito debilitada com o Pós‑Guerra. Esse país se utilizou justamente 
do capital americano para incrementar sua economia, investindo massivamente na educação e na 
infraestrutura, principalmente a de transportes, para impulsionar a economia local.
A economia neoliberal trouxe tanto benefícios quanto problemas. O aspecto negativo encontrado nesse 
modelo de desenvolvimento é que os países ficam dependentes dos mercados externos. Para isso, muitas dessas 
nações elevaram suas tarifas das mercadorias internas, com a intenção de aumentar o excedente para exportação. 
Esses países consomem menos de seus produtos para que eles possam ser exportados em grande quantidade.
O modelo adotado pelos Tigres Asiáticos foi o modelo industrial voltado para o mercado externo, 
aproveitando o capital recebido dos Estados Unidos para criarem uma poupança que foi investida nos 
setores de ponta, a fim de desenvolverem infraestrutura básica, como transporte, educação, energia e 
qualificação em mão de obra. Eles estão entre os maiores exportadores de bicicletas, relógios, eletrônicos, 
tênis, brinquedos, cosméticos, máquinas industriais etc. (VIZENTINI; RODRIGUES, 2000).
Atualmente, podemos perceber que as empresas capitalistas que migraram para esses países asiáticos 
se transformaram em conglomerados controlados por grandes famílias, como as empresas sul‑coreanas 
Hyundai, LG, Daewoo e Samsung. Em 1997, após o colapso da Daewoo, foram reveladas algumas fragilidades 
da economia sul‑coreana, que passou por reformas governamentais, incluindo auxílio às pessoas que 
estavam endividadas no comércio interno, o que demonstra alguns paradoxos do modelo neoliberal.
No caso de Hong Kong, a 30ª economia mundial e o 11º maior centro bancário do mundo, o país 
possui uma economia menos restrita, com uma política mais voltada para a estabilidade da moeda e para 
o mercado externo. Taiwan é outro país que tem um crescimento do PIB, a 4% ao ano, demonstrando 
que, apesar da crise internacional, ainda tem um bom desempenho nesse modelo.
 Saiba mais
Leia as obras a seguir:
FERREIRA, E. A. C. O mundo contemporâneo: as grandes mudanças 
geopolíticas e econômicas ocorridas após a Segunda Guerra Mundial. São 
Paulo: Núcleo, 1993.
VIZENTINI, P. F.; RODRIGUES, G. O Dragão Chinês e os Tigres Asiáticos. 
Porto Alegre: Novo Século, 2000.
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8 RELAÇÕES INTERNACIONAIS E GEOPOLÍTICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por grandes transformações sociais, políticas e 
econômicas que configuraram um novo cenário político internacional de acordo com as características 
geográficas em que se encontravam.
A Geopolítica é uma ciência humana que estuda as relações entre Estado e Geografia. Ela considera 
que o Estado exerce poder de acordo com as suas características geográficas, como recursos naturais, 
contingente populacional e território.
Após a guerra, houve fragmentações territoriais de acordo com os interesses políticos das potências 
vencedoras, como estratégias nacionais e político‑ideológicas. Conforme foi mencionado anteriormente, 
a Guerra Fria dividiu o mundo entre a Otan (Estados Unidos) e o Pacto de Varsóvia (União Soviética), 
cada qual obtendo uma zona de influência.
Após a descolonização da África e da Ásia e o final da Guerra Fria, surgiram novas fronteiras 
políticas e centros de decisões. Hoje, assistimos a uma nova divisão internacional do trabalho,com a 
industrialização dos países chamados de Terceiro Mundo, como é o caso de Brasil, México, Argentina e 
países dos Tigres Asiáticos, como Coreia do Sul (FERREIRA, 1993, p. 10).
A industrialização desses países causou um intenso processo de urbanização e aumento populacional 
que resultou na reorganização dos espaços locais, regionais e nacionais, na explosão demográfica e na 
procura por novas oportunidades, o que fez surgir os grandes centros metropolitanos, como São Paulo, 
Cidade do México, Buenos Aires, Calcutá etc.
Outro resultado dessa nova configuração geopolítica mundial encontra‑se no processo de 
terceirização, ou seja, o aumento da população vinculado ao setor terciário ou setor de serviços da 
economia, como comércio, bancos, transportes etc.
O novo espaço global de inter‑relações (FERREIRA, 1993, p. 10) deu continuidade à 
interdependência das nações, e esses espaços continuaram subordinados à lógica da acumulação 
mundial, da produção e do consumo. Como consequência, o fruto dessa sujeição pode ser percebido 
na estagnação, na especulação financeira, na carestia, nos déficits públicos, na desigualdade social, 
dentre outros problemas.
Novas concentrações industriais, como Sudeste do Brasil, Pretória e Johanesburgo (África do Sul), 
Ásia (China e Coreia do Sul), região de Buenos Aires (Argentina), sudeste da Austrália e Oceania se 
transformaram de acordo com o sucesso das suas políticas internacionais e de diplomacia.
As novas configurações do pós‑guerra:
• Os países do Primeiro Mundo, ou seja, nações capitalistas desenvolvidas do hemisfério Norte – 
Estados Unidos, Canadá, países da Europa Ocidental (Inglaterra e Alemanha), Noruega, Suécia, 
Dinamarca, Japão e Austrália – representam por volta de 20 das 160 nações do mundo, sendo 
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responsáveis por dois terços da produção industrial mundial e por aproximadamente 60% da 
produção econômica. Apresentam alto índice de desenvolvimento social. Destaca‑se o Grupo dos 
Sete: Estados Unidos, Alemanha, Japão, Canadá, França, Inglaterra e Itália. A China, anteriormente 
considerada um país emergente, está entre as nações com alto índice industrial hoje em dia.
• O Segundo Mundo era formado pelos países que anteriormente eram socialistas, como Rússia 
(ex‑União Soviética) e aqueles do Leste Europeu, como República Tcheca, que representavam 20% 
da produção industrial. São as consideradas economias de transição.
• Terceiro Mundo ou Emergentes são as nações industrializadas que apresentam problemas 
sociais e econômicos. Localizam‑se na América, Ásia e África e representam 10% da 
produção industrial do mundo. Brasil, Índia, China e Rússia – esta última, hoje considerada 
emergente – são os países que têm notáveis índices industriais. Nações como Afeganistão, 
Serra Leoa, Albânia e Haiti, países pobres com baixo índice de desenvolvimento humano, são 
considerados subdesenvolvidos.
A China, país comandado pelo Partido Comunista chinês, confrontou‑se com a matriz soviética 
desde a sua transformação em República Popular da China, em 1949. Quando houve a revolução em 
seu país, a maior parte da população se encontrava no campo. O socialismo chinês tem características 
próprias baseadas nas tradições de seu país e no desenvolvimento de suas forças produtivas.
A partir da década de 1970, a China passou a modificar suas estruturas, transformando a economia 
em uma economia socialista de mercado a partir da década de 1990, tendo a intenção de articular 
antes de tudo a produção de excedentes no campo e a produção industrial. Atualmente, a China é 
um país em desenvolvimento, com poder de países de Primeiro Mundo, devido ao fato de seu PIB ser 
alto, cerca de 7,5% ao ano. É a segunda maior economia do mundo, ficando atrás apenas dos Estados 
Unidos, e é o maior produtor de alimentos como o arroz e o milho.
A entrada da China no mundo globalizado se deu com a mecanização agrícola, os investimentos 
na educação, em infraestrutura e nas áreas de petróleo e carvão mineral, o controle governamental 
de salários e as regras trabalhistas. Muitas transnacionais estão situadas nesse país devido aos 
baixos salários, que são controlados pelo governo e se constituem em uma das mais baixas 
remunerações do mundo.
Esse país participa de blocos econômicos como a Asian Pacific Economic Cooperation (Apec), 
do qual fazem parte Estados Unidos e Japão, e o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e África 
do Sul. Apesar desse grande avanço industrial, a China atravessa alguns problemas, como uma grande 
poluição do ar, devido à utilização em massa de combustíveis fósseis.
O mundo não desenvolvido não é homogêneo. Existem discrepâncias entre os Estados 
componentes. Em geral, o crescimento econômico desses países não auxiliou na superação dos 
seus problemas estruturais, muitas vezes ocasionados por diferenças históricas e culturais. Os 
maiores problemas encontrados são alta taxa de natalidade e mortalidade infantil, analfabetismo 
e baixa expectativa de vida, assim como problemas de infraestrutura, como saneamento, energia, 
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moradia, atendimento médico e educação. Outros fatores de subdesenvolvimento apresentam‑se 
na concentração da propriedade de terra, nos desequilíbrios inter‑regionais, nas guerras tribais, 
na grande dependência econômica do exterior e na defasagem tecnológica.
Hoje em dia, estruturaram‑se uma maior interdependência das nações e a nova divisão 
internacional do trabalho, demandando maior desigualdade socioeconômica entre as nações. 
Entende‑se economia mundial como aquela que é caracterizada pela internacionalização das 
relações de produção capitalistas que obedecem à hierarquia das grandes potências mais ricas do 
planeta. Esse processo se acirrou com a crise do petróleo, em 1973, quando o preço do barril do 
petróleo subiu bruscamente.
Essa crise foi provocada quando os países do Oriente Médio produtores de petróleo diminuíram a 
produção a fim de economizar essa fonte não renovável. Tal controle provocou grande preocupação 
dos países capitalistas, principalmente daqueles que utilizavam muito desse combustível, como os 
Estados Unidos. Com a Guerra do Yom Kippur, em território palestino, onde hoje se situa Israel, 
marcada pelo confronto entre judeus e muçulmanos, os países árabes organizaram um boicote 
contra as nações que apoiavam os israelenses, resultando na saída de países que estavam ao lado 
de Israel no conflito.
Outra crise de grandes proporções ocorreu em 1979, quando os iranianos pretendiam depor o xá 
Reza Pahlevi, que acabou saindo do poder. O Irã foi então dominado pelos xiitas e pelo seu chefe 
supremo, o aiatolá Khomeini (Revolução Islâmica), que acabaram por elevar absurdamente os preços do 
petróleo extraído de seu território.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) foi formada a partir do convênio 
de Bagdá entre os países produtores e os exportadores de petróleo: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia 
Saudita, Venezuela e, posteriormente, Líbia, Argélia, Gabão, Nigéria, Catar, Emirados Árabes 
Unidos, Indonésia e Equador, com a intenção de coordenar e unificar políticas petroleiras. Eles 
correspondem a 27% da produção mundial.
Esse grupo foi formado para diminuir o poder do cartel norte‑americano das Sete Irmãs, oligopólio 
gerado após a fragmentação da transnacional que dominava o mercado petrolífero mundial, Standard 
Oil Company, formada por:
• Royal Dutch Shell. Atualmente chamada simplesmente de Shell.
• Anglo‑Persian Oil Company (Apoc). Mais tarde, British Petroleum Amoco, ou BP Amoco. 
Atualmente é conhecida pelas iniciais BP.
• Standard Oil of New Jersey (Esso). Exxon, que se fundiu com a Mobil, atualmente, ExxonMobil.
• Standard Oil of New York (Socony). Mais tarde, Mobil, que se fundiu com a Exxon, formando a 
ExxonMobil.
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• Texaco. Posteriormente, fundiu‑se com a Chevron, formando a Chevron Texaco de 2001 até 2005, 
quando o nome da companhia voltou a ser apenas Texaco.
• Standard Oil of California (Socal). Posteriormente, formou a Chevron, que incorporou a Gulf 
Oil e posteriormente se fundiu com a Texaco.
• Gulf Oil. Absorvida pela Chevron, posteriormente, Chevron Texaco.
Posteriormente, o grupo foi formado por Esso, Texaco, Socony e Socal (americanas) e Shell 
(anglo‑britânica).
Porém, a Opep e as grandes companhias petrolíferas representadas pelas Sete Irmãs não chegaram 
a um acordo sobre o controle das reservas mundiais, já que o cartel impunha baixos preços ao petróleo 
dos países produtores enquanto tinha lucros exorbitantes.
Hoje em dia, o cartel petrolífero americano, formado apenas por ExxonMobil, Chevron Texaco, Shell 
e BP, ainda controla o refino e a distribuição do produto em seu país, mas não tem domínio sobre as 
maiores reservas petrolíferas mundiais, que foram nacionalizadas pelos países que dispõem do produto. 
Antes, esses países não tinham direitos sobre seus recursos naturais.
Em 1991, iniciou‑se a Guerra do Golfo, quando o Kuwait foi invadido pelo Iraque e os Estados 
Unidos intervieram no conflito, expulsando os iraquianos do Kuwait. Ao saírem do país, os iraquianos 
incendiaram os poços de petróleo, derramando o óleo no Golfo Pérsico, o que causou um grande 
desastre ambiental.
Saddam Hussein, o ditador iraquiano, alegou que o Kuwait estava prejudicando o seu país por estar 
vendendo o petróleo a um preço mais baixo, além de afirmar que perdeu terras para o Kuwait. Uma 
indenização sugerida pelo Iraque não foi aceita pelo Kuwait.
A ONU interveio, condenando a ocupação, e autorizou uma invasão ao Iraque coordenada por um 
grupo de países composto por França, Inglaterra, Síria, Egito e Arábia Saudita. Os Estados Unidos, sob o 
governo de George Bush (pai), deslocaram tropas e aviões para a região. A guerra foi rápida, terminando 
com a derrota do Iraque.
O Iraque sofreu sanções econômicas e, posteriormente, Saddam Hussein foi capturado pelos 
norte‑americanos sob o governo George Bush (filho), sendo julgado e enforcado em 2003 por um 
tribunal internacional.
A utilização sustentada de combustíveis fósseis (não renováveis) e biocombustíveis, bem como 
de energia renovável, eólica (vento), solar (sol), geotérmica (calor interno da terra) e nuclear 
(utiliza‑se de materiais radioativos), tem atuado para fortalecer as tentativas de substituição do 
petróleo. Um novo paradigma surge em relação à energia renovável: ela é originária de fontes 
naturais e não se esgota, como o petróleo.
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Apesar de as energias renováveis serem mais utilizadas como fontes de energia, e não para transportes, 
elas se constituem em boas oportunidades de não se poluir o ambiente. Entretanto, esse tipo de energia ainda 
apresenta alto custo, onerando o país sem recursos. Algumas dessas fontes, como a eólica, já são utilizadas nos 
Estados Unidos (1%) e no Brasil (PIMENTEL, 2011, p. 70‑9). A energia hidrelétrica é utilizada por cerca de 16% 
dos países do mundo. No Brasil, a hidroeletricidade é bastante utilizada devido ao potencial hídrico existente e à 
natureza limpa. Porém, alguns danos são encontrados na construção das usinas, que causa impactos ambientais.
O biocombustível se constitui na única energia renovável capaz de substituir o petróleo como 
combustível (PIMENTEL, 2011, p. 84‑90). O etanol e o biodiesel constituem alternativas comprovadas 
para o mercado de veículos automotivos.
Em 1975, desenvolveu‑se no Brasil o Proálcool, isto é, o incremento para produção de álcool através 
da cana‑de‑açúcar. O Brasil avançou muito em tecnologia e aperfeiçoamento nesse setor, o que facilitou 
o desenvolvimento da tecnologia de carros flex, isto é, o carro que utiliza dois tipos de combustível: 
gasolina e álcool.
Os americanos fabricam o etanol a partir do cultivo do milho. Porém, ele não é tão competitivo 
quanto o álcool de cana, pois o país depende da viabilidade da produção do milho, e, além disso, o 
etanol é mais eficiente energeticamente.
Há também o biodiesel, biocombustível para motores a diesel, aproveitado a partir de gorduras 
animais e óleos vegetais, mais utilizado pelos europeus (cerca de 75%) e pelos norte americanos.
Na atual configuração, o mundo também está dividido em blocos econômicos com interesse em 
comum e com o objetivo de fortalecer as relações internacionais entre eles. Dos blocos econômicos 
existentes, podemos destacar o Acordo de Livre‑Comércio das Américas (Alca), o Acordo de Livre‑Comércio 
da América do Norte (Nafta), a União Europeia, a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), o 
Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec).
 Observação
As sete maiores companhias petrolíferas do mundo, apontadas por 
executivos do setor que foram consultados pelo jornal Financial Times, são 
(NAKAGAWA, 2014):
1) Aramco (Arábia Saudita); 2) Gazprom (Rússia); 3) CNPC (China); 4) 
Nioc (Irã); 5) PDVSA (Venezuela); 6) Petrobras (Brasil); e 7) Petronas (Malásia).
8.1 O mundo pós‑contemporâneo: anos dourados e anos difíceis no Brasil, 
da década de 1950 à de 1980
Após o suicídio de Vargas, subiu ao poder o vice, Café Filho. O país estava comovido devido à morte 
de Vargas, e seus adversários políticos estavam em desvantagem, principalmente Carlos Lacerda e os 
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militares, que desejavam um golpe. As eleições presidenciais continuavam marcadas para o ano de 1955 
e foram vencidas pelo mineiro Juscelino Kubitschek, do Partido Social‑Democrata (PSD).
Juscelino governou de 1956 a 1961. Apesar de enfrentar uma ameaça de golpe militar, ele conseguiu 
implantar um modelo de desenvolvimento amparado pelas indústrias de base já instaladas no governo 
Vargas. Foi implantado o Plano de Metas, com a intenção de substituir as importações e fortalecer 
a produção nacional, como Vargas já havia iniciado. Os grandes objetivos do plano eram energia, 
transporte, educação, alimentação e indústria de base.
Juscelino mandou construir uma nova capital no Centro‑Oeste, Brasília, um projeto ambicionado, 
mas considerado utópico desde a época de Jose Bonifácio de Andrada e Silva, que já o havia cogitado. 
A mão de obra empregada foi a dos imigrantes nordestinos, os chamados candangos, que após a 
construção ficaram habitando, desempregados, o entorno de Brasília.
As metas econômicas de Juscelino foram cumpridas, com a elevação da produção de aço e das 
indústrias mecânicas, elétricas e de comunicações, o equipamento de transportes etc. A produção cresceu 
100% e a renda per capita aumentou 4% ao ano. Apesar disso, os empréstimos externos concedidos 
para a implementação industrial favoreceram o aumento da inflação (CALDEIRA, 1997).
O governo JK foi marcado pelo nacional‑desenvolvimentismo e pela política econômica que 
combinava o Estado, a empresa privada nacional e o capital externo para promover o desenvolvimento. 
Ele abriu as portas para a implantação de indústrias automobilísticas, como Volkswagen, GM e Ford, 
que foram concentradas no novo parque industrial, no ABC Paulista. As consequências dessa política 
foram benéficas, pois elevou‑se a geração de empregos ligados à área da metalúrgica. Entretanto, um 
aspecto não favorável foi a criação da civilização do automóvel, que dependeria do petróleo e de 
políticas de transportes rodoviários e de rodovias, cuja conservação e extensão eram mais caras do 
que a ferroviária (FAUSTO, 2002, p. 427‑9).
No final do governo JK, houve muitos problemas ligados à inflação e ao déficit orçamentário devido 
a dissonâncias com o mercado externo: o governo pagava muito pelo que importavae ganhava pouco 
pelo que exportava.
Apesar do otimismo industrial da Era JK, havia muitos pontos negativos, e isso favoreceu a eleição 
de Jânio Quadros, da União Democrática Nacional (UDN). Jânio, eleito com com 48% dos votos, assumiu 
o poder com um quadro inflacionário grande. A vice‑presidência foi para João Goulart (Jango), que era 
o oposto de Jânio. Houve até manifestos contra Jango comandados pelo líder udenista Carlos Lacerda, 
inimigo contumaz de Vargas.
Jânio realizou uma política distinta da de JK, acabando com os subsídios para alguns produtos e 
desvalorizando a moeda. Proibiu coisas desnecessárias para o cargo que ocupava, como a briga de galo, 
o biquíni e o lança‑perfume. Ele esteve em Cuba em 1960, o que desagradou os americanos, pois o Brasil 
era alinhado aos Estados Unidos e dependia de empréstimos norte‑americanos. O não alinhamento e a 
política externa independente foram a marca registrada de seu governo.
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A base política de apoio a Jânio se tornou oposição, e o presidente renunciou em 25 de agosto de 1961, 
depois de oito meses de governo. O vice, Jango, do PTB, deveria assumir, mas no momento da renúncia ele 
estava na China. Ele só assumiu em 7 de setembro. Antes, o Congresso Nacional articulou uma fórmula para 
diminuir os poderes do novo presidente, aprovando o parlamentarismo através de uma emenda constitucional.
O governo Jango trouxe reação dos conservadores e da oposição, que desejava colocar um freio no 
crescimento, melhorar o desempenho da arrecadação e diminuir os gastos com o governo. Essas medidas 
eram impopulares e não agradavam a Jango. Além disso, os empresários estrangeiros preocupados com 
a queda da remessa de lucros deixaram de apoiar o governo.
O Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, proposto por Jango e elaborado por Celso 
Furtado, que era desenvolvimentista, pretendia reduzir as desigualdades sociais através de reformas na 
educação e das reformas agrária, eleitoral e tributária. Apesar de ter adotado uma política econômica 
bastante conservadora em relação ao capital estrangeiro e de seguir as orientações do FMI, Jango era 
suscetível aos movimentos sociais, o que provocou reação das elites.
Em 1963, o presidencialismo voltou após um plebiscito, retornando os poderes presidenciais a Jango. 
Surgiram novos atores no interior dos movimentos sociais, como as Ligas Camponesas e os estudantes 
da UNE, que pressionavam por ações governamentais.
Em um grande comício realizado em 1964 na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, apoiado pelos 
trabalhadores, Jango anunciou as reformas políticas e econômicas. Uma semana depois, setores 
conservadores da Igreja Católica, juntamente com a burguesia industrial, a imprensa e as elites rurais, 
realizaram A Marcha da Família com Deus para a Liberdade, uma manifestação contra o governo.
Em março de 1964, um golpe militar depôs Jango, que partiu para Porto Alegre e posteriormente se 
exilou no Uruguai. Ranieri Mazilli, do PSD, assumiu interinamente, e em 9 de abril o marechal Castelo 
Branco, através do Ato Institucional nº 1, tomou o poder, inaugurando um longo regime militar.
8.1.1 A Ditadura Militar no Brasil
Desde a época de Vargas, as Forças Armadas estavam adquirindo fundamental importância no 
quadro político brasileiro. Uma nova doutrina já vinha sido delineada pelos militares com a Guerra Fria, e 
houve alinhamento com os Estados Unidos. Quando Fidel Castro assumiu o poder em Cuba, os militares 
temiam que o comunismo fosse implantado no Brasil (FAUSTO, 2002, p. 452)
Em 1949, foi criada a Escola Superior de Guerra (ESG), que teve assistência de americanos e franceses, 
bem como treinamento dos primeiros, que permaneceram no Brasil até 1960. Esse treinamento consistia 
em fortalecer a segurança nacional, embora os americanos desejassem manter uma estratégia para 
problemas no âmbito político. Com isso, o grupo militar, desde o final da Segunda Guerra, vinha 
sedimentando uma aliança com os militares americanos.
Os militares que participaram do golpe de 1964, como os generais Golbery do Couto e Silva e 
Humberto de Alencar Castelo Branco, tinham a intenção de intervir no processo político nacional, a 
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fim de defender o país contra os inimigos externos, que desejavam a implantação do comunismo no 
Brasil. Essa estratégia de defesa nacional era acobertada pelo pensamento de direita que predominou 
no cenário político da época, ou seja, dependência externa, principalmente americana.
É fato que a década de 1960 foi marcada pelo surgimento de vários movimentos sociais, camponeses, 
operários e estudantis, que caminhariam até a luta armada para defender seus interesses. Isso era 
fortemente combatido pelas elites agrárias e industriais que tinham apoio das Forças Armadas.
Castelo Branco foi o general escolhido pela Escola Superior de Guerra (ESG) para governar o Brasil. 
Como foi um golpe, uma nova emenda, o Ato Institucional nº 1, foi outorgado pelos militares para que 
o general pudesse assumir o poder. Para vice de Castelo foi escolhido José Maria Alkmin, do PSD, que, 
embora apoiasse as manobras militares, foi cassado alguns dias depois.
Uma nova estrutura legislativa foi desenvolvida para sustentar a repressão e a supressão das 
liberdades individuais. Para isso, o Congresso aboliu o voto secreto, instituiu eleições indiretas para 
presidente e definiu a duração do mandato presidencial de 6 anos. Depois disso, cassações de mandatos 
dos deputados das três instâncias, suspensões de direitos políticos e intervenções federais nos estados 
foram as primeiras medidas dos militares.
Durante o período, foram outorgados 17 atos institucionais. Todos apresentavam perseguições ao 
cidadão, como o fim das liberdades individuais, investigação sumária, suspensão dos direitos políticos, 
cassações, estado de sítio e suspensão do direito de ir e vir.
O AI‑5, editado em 1968, decretava o fim do habeas corpus, ou seja, o fim do direito do indivíduo 
de responder em liberdade pelos seus atos até que fique comprovada a sua culpa, assim como a 
disseminação da tortura, da prisão e da violência física contra os indivíduos. O indivíduo que fosse pego 
realizando algum ato subversivo era imediatamente incluído na Lei de Segurança Nacional e ficaria 
subjugado ao Estado, sem direitos.
Nesse período, ocorreram muitas perseguições e prisões, principalmente em universidades, mídias 
e órgãos públicos. Os partidos foram extintos através da outorga do bipartidarismo, sendo autorizados 
apenas dois partidos: Aliança Renovadora Nacional (Arena) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB). 
Eles eram controlados pelo governo e não representavam oposição. Os outros partidos, como PSB e PCB, 
atuaram na clandestinidade.
Em 1967, foi aprovada a nova Constituição, que institucionalizava o Governo Militar. Nesse ano, 
assumiu a presidência Artur da Costa e Silva, com forte oposição da população. Ocorreram greves, 
principalmente da União Nacional dos Estudantes (UNE), greve operária em Osasco (SP) e Contagem 
(MG) e a Passeata dos Cem Mil, na Cinelândia (RJ), contra o regime.
Nesse período, formou‑se uma guerrilha urbana e rural formada por jovens da esquerda que 
atuavam na clandestinidade. Quando pegos, os suspeitos sofriam torturas, que muitas vezes os levavam 
à morte, pelos órgãos de repressão, como os Destacamentos de Operações e Informações e os Centros 
de Operações de Defesa Interna (DOI‑CODIs), no Rio e em São Paulo, os Dops, existentes em todos os 
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estados, e o Serviço Nacional de Investigação (SNI). Muitos desses mortos pelo regime militar eram 
enterrados como indigentes em covas rasas. O aparato repressivo incluía as trêsarmas – Exército, 
Marinha e Aeronáutica –, a Polícia Civil e a Militar e a Guarda Civil.
Costa e Silva (1967‑1969) se afastou em 1969 por problemas de saúde, e uma junta militar formada 
pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio Souza Melo 
(Aeronáutica) assumiu o poder. Esse período foi marcado pelo sequestro do embaixador americano 
Charles Elbrick pelos grupos de esquerda Movimento Revolucionário‑8 (MR‑8) e Aliança Libertadora 
Nacional (ALN), que exigiam a libertação de 15 presos políticos em troca da soltura do embaixador. 
Nesse mesmo ano, o líder da ALN, Carlos Marighella, foi morto pelo Exército.
Em 1969, assumiu o general Emílio Garrastazu Médici (1969‑1974). Nesse período, conhecido como 
Anos de Chumbo, a repressão se radicalizou. Muitos artistas, intelectuais, músicos e escritores foram 
perseguidos e presos. A maioria deles se exilou do país rumo à Europa: Chico Buarque, Caetano Veloso, 
Gilberto Gil, Ferreira Gullar, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Oscar Niemeyer, Glauber Rocha, 
Augusto Boal, Fernando Gabeira, Leonel Brizola, dentre outros.
O governo militar era altamente censor. Os artistas tiveram suas músicas censuradas, e muitos 
jornais foram fechados, pois não seguiam a cartilha do governo. Os programas televisivos e de rádio 
eram censurados. Os jornais foram censurados, e seus editores, perseguidos. Nesse período, a Guerrilha 
do Araguaia, um grupo rural de guerrilha, surgiu, mas foi duramente reprimida.
O governo Médici caracterizou‑se pelo milagre econômico, isto é, pelo período de crescimento 
econômico alcançado com empréstimos externos e investimentos internos, principalmente na área de 
infraestrutura. Com a construção de obras faraônicas, isto é, construções que lembrassem magistralmente 
os feitos dos militares, como a Ponte Rio‑Niterói e a Rodovia Transamazônica, o governo empregou 
muita mão de obra. O custo dessas obras foi alto e gerou uma grande dívida externa, que foi paga nos 
próximos governos.
Nesse período, a industrialização criou um ritmo próprio, no qual aumentavam cada vez mais os 
bens duráveis, como geladeiras e automóveis, e diminuíam os produtos não duráveis, como roupas e 
alimentos. São Paulo e Rio de Janeiro tornaram‑se polos industriais, atraindo milhares de imigrantes. O 
custo social pela substituição de importações gerou uma crise com a falta de modernização no campo 
e a elevação dos preços internos dos produtos industrializados.
Durante o regime militar, as altas taxas de crescimento (10%) eram fruto de uma reorganização no 
sistema financeiro, beneficiando, sobretudo, o crescimento do comércio mundial e a abertura comercial 
e financeira ao exterior. Contudo, com o agravamento das questões sociais, isto é, a desigualdade social 
criada pelo aumento da concentração de renda nas mãos da classe média, acirraram‑se as contradições 
políticas e econômicas do governo, que dependia do capital externo.
O governo de Ernesto Geisel (1974‑1979) foi marcado pela transição militar em direção à democracia, 
sendo agravado pelo fim do milagre econômico e pela crise mundial do petróleo. Apesar disso, Geisel 
sofreu oposição dos militares “linha‑dura”, que passaram a promover ataques contra os grupos de 
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esquerda. Foi no seu governo que em 1975 ocorreram a prisão e o assassinato do jornalista da TV 
Cultura Vladimir Herzog. O jornalista foi morto nas dependências do DOI‑Codi, em São Paulo, e seu 
corpo foi encontrado como se ele tivesse cometido suícidio com uma teresa, corda feita de lençóis. A 
farsa simulada provocou surpresa na população. Nesse mesmo ano, o operário Manuel Fiel Filho foi 
encontrado morto na mesma situação.
O próximo governo, de João Baptista Figueiredo (1979‑1985), foi marcado pelo aceleramento 
do processo de redemocratização. Em 1978, o MDB ganha as eleições para o Congresso. Artistas e 
intelectuais voltam do exílio. Cartas‑bombas foram colocadas na OAB e em órgãos da imprensa. Em 
1981, uma bomba explodiu no Centro de Convenções do Riocentro, matando um oficial do Exército. 
Em 1979, ocorre o retorno do pluripartidarismo; assim, os partidos, antes na clandestinidade, 
voltaram a participar da cena política do país. Também foram criados outros partidos, como o Partido 
Democrático Trabalhista (PDT), em 1979, e o Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980.
Em 1984, vários opositores do governo participaram do movimento Diretas Já, reunindo milhares de 
pessoas no Brasil inteiro; só em São Paulo, o movimento reuniu 1,3 milhão de pessoas. Esse movimento 
baseou‑se na Emenda Dante de Oliveira, que era favorável às eleições diretas para o próximo presidente, 
mas que não fora aprovada pelo Congresso; assim, as eleições continuavam indiretas. Os militares apoiaram 
Paulo Maluf, do PDS; já o PMDB lançou a candidatura de Tancredo Neves, que foi o ministro da Justiça 
de Getúlio Vargas. Um racha interno no PDS apoiou Tancredo, que acabou vencendo as eleições. Porém, 
Tancredo faleceu antes de tomar posse, e seu vice, José Sarney, assumiu a presidência, apoiado pelo PDS.
 Saiba mais
Na página a seguir, você pode ver uma lista de filmes sobre a Ditadura 
Militar no Brasil:
FILMES sobre a Ditadura Militar. [s.d.]. Disponível em: <http://www.
suapesquisa.com/ditadura/filmes.htm>. Acesso em: 10 maio 2016.
8.1.2 Da década de 1980 à de 1990: quadro recessivo
O primeiro presidente civil a governar pelo voto indireto foi o maranhense José Sarney (1985‑1990). 
Sarney lançou o Plano Cruzado a fim de controlar a qualquer custo a inflação, que vinha ocorrendo 
desde o final do governo militar e chegava a 235% ao ano. O Plano Cruzado, proposto por Denílson 
Funaro, atuou no congelamento dos preços e salários e teve como características a explosão do consumo 
e o desestímulo à poupança, bem como ao abastecimento. A falta de produtos passou a ocorrer, e 
os comerciantes começaram a cobrar o ágio, isto é, um valor a mais sobre determinada mercadoria, 
principalmente sobre a carne. Nesse período, trocou‑se o Cruzeiro pelo Cruzado.
Apesar dos problemas decorrentes desse plano, o governo o manteve até as eleições de 1986, 
a fim de manter a sua popularidade. Com os problemas causados pelo Plano Cruzado, surgiram o 
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Plano Cruzado II (1986) e o Plano Bresser (1987), que tiveram como objetivo controlar os gastos 
públicos e a inflação.
No governo Sarney, em 1988, foi promulgada a nova Constituição brasileira, que previa a cidadania 
participativa e defendia os direitos dos trabalhadores. Depois da última constituição ditatorial, essa nova 
carta provava ser a mais social e democrática de todas as constituições brasileiras. Houve um plebiscito 
entre a população para decidir entre parlamentarismo e presidencialismo, vencendo este último.
A Constituição de 1988 determinou carga horária máxima de 44 horas semanais, licença‑maternidade, 
liberdade sindical, direito a greve etc. Foram aprovadas várias leis que se referiam a vários segmentos da 
sociedade, como adolescente, criança, família, idoso, indígena, assim como meio ambiente, tecnologia, 
ciência, desporto, previdência, assistência e seguridade social, educação e cultura.
A população ficou frustrada com esses problemas e elegeu Fernando Collor de Mello, do PTB das 
Alagoas. A década de 1980 foi marcada pela pobreza, criminalidade e desilusão do povo brasileiro, com 
aumento significativo das favelas, carestia e desemprego.
O governo Collor (1990‑1992) elegeu‑se com 50% dos votos, contra 42% de Luiz Inácio Lula da 
Silva, com um discurso anticorrupção e de modernização do Brasil. Foi o primeiro governo a ser eleito 
por voto popular após mais de vinte e cinco anos de regime militar. Sua campanha eleitoral apresentava 
um candidato extremamente moderno e honesto. Ele empossou a economista Zélia Cardoso

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