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UCV: Mecanismos de agressão e defesa Tutoria: SP3: Sufoco Descrever a morfologia, estrutura, classificação, replicação e patogênese das bactérias Morfologia e classificação: As bactérias são classificadas de acordo com a sua morfologia em três grupos: cocos, bacilos e espiroquetas. Os cocos são esféricos (bolinhas), os bacilos parecem bastonete (palitinho), e as espiroquetas são espiraladas (onduladas). Além de suas formas características, o arranjo das bactérias é importante, alguns cocos organizam-se em diplococos (pares), alguns em estreptococos (cadeias) e outros em estafilococos (cacho de uva). Os bacilos apresentam poucos arranjos ou agrupamentos, podendo aparecer aos pares, (diplobacilos), ou em cadeias (estreptobacilos) As espiroquetas podem ser bactérias com formato helicoidal e rígidas (espirilos) ou bactérias com formato helicoidal e flexíveis (espiroquetas). Já os vibriões são bactérias que apresentam formato de vírgula. Além disso, as bactérias variam em tamanho, de 0,2 a 5 μm. A forma de uma bactéria é determinada por sua parede celular rígida. Os arranjos são determinados pela orientação e pelo grau de ligação das bactérias no momento da divisão celular. Morfologia: Classificação: Gram-positivas: possui a camada de peptideoglicano bem espessa com multicamadas; algumas possuem fibras compostas por ácido teicoico; não possui uma camada externa e nem endotoxinas Gram-negativas: possui camada de peptideoglicano mais fina de camada única; não possuem fibras de ácido teicoco; possuem uma camada externa complexa de polissacarídeos, lipoproteínas e fosfolipídeos; possuem endotoxinas (LPS) Replicação: Existem duas grandes consequências para a transferência de DNA: a disseminação da resistência a antibióticos de uma bactéria para outra por meio da conjugação; e o fato de que diversas exotoxinas importantes são codificadas por bacteriófagos e são transferidas por meio da transdução. Conjugação: é o “acasalamento” de duas células bacterianas, durante o qual o DNA é transferido da célula doadora à receptora, esse processo é controlado por um plasmídeo F (fertilidade -fator F), que carreia os genes das proteínas necessárias à conjugação. O “acasalamento” se inicia quando o pilus da bactéria doadora que transporta o fator F (F+) se liga a um receptor na superfície de uma bactéria receptora que não contém um fator F (F– ), resultando em uma conexão direta entre os citoplasmas das células doadora e receptora. Após uma clivagem enzimática do DNA do fator F, uma fita é transferida através da ponte conjugal para a célula receptora. O processo é completado pela síntese da fita complementar, originando um plasmídeo de fita dupla com o fator F, tanto na célula doadora quanto na receptora. A célula receptora torna-se uma célula F + masculina capaz de transmitir o plasmídeo (apenas o fator F foi transferido, e não o cromossomo bacteriano). Porém algumas células F + apresentam seu plasmídeo F integrado ao genoma bacteriano e, portanto, adquirem a capacidade de transferir o cromossomo para outra célula. Essas células são denominadas células Hfr (alta frequência de recombinação), então a fita simples de DNA que entra na célula recipiente F– contém um pedaço do fator F na extremidade inicial, seguido pelo cromossomo bacteriano e, por fim, pelo restante do fator F. A maioria dos acasalamentos resulta na transferência de apenas uma porção do cromossomo do doador, uma vez que a ligação entre células pode se romper, então o DNA recém- adquirido pode recombinar-se com o DNA receptor, tornando-se um componente estável de seu material genético. Transdução: consiste na transferência de DNA celular por meio de um vírus bacteriano (bacteriófago, fago), assim durante o crescimento do vírus no interior da célula, uma porção do DNA bacteriano é incorporada na partícula viral, sendo transferido para a célula receptora durante a infecção. No interior da célula receptora, o DNA do fago pode integrar-se ao DNA celular e a célula pode adquirir uma nova característica (conversão lisogênica). Esse processo pode transformar um organismo não patogênico em patogênico. Existem dois tipos de transdução: generalizada e especializada. Generalizado: ocorre quando o vírus carreia um segmento derivado de qualquer região do cromossomo bacteriano. Isso ocorre porque o DNA celular é fragmentado após a infecção pelo fago e porções do DNA celular de mesmo tamanho do DNA viral são incorporadas à partícula viral. Especializado: ocorre quando o DNA do vírus bacteriano, que foi integrado ao DNA celular, é excisado e carreia uma porção do DNA celular adjacente. Uma vez que a maioria dos fagos lisogênicos se integra em locais específicos no DNA bacteriano, os genes celulares adjacentes transduzidos geralmente são específicos daquele vírus. Transformação: é a transferência do próprio DNA de uma célula a outra. Isso ocorre por um dos dois métodos seguintes: na natureza bactérias em processo de morte podem liberar seu DNA, o qual pode ser captado por células receptoras; em laboratório um pesquisador pode extrair DNA de um tipo bacteriano e introduzir em bactérias geneticamente distintas. Transposons: são segmentos de DNA que se deslocam prontamente de um local a outro, por meio da replicação de seu DNA e da inserção de uma nova cópia em outro local (transposição replicativa),ou por serem excisados de um local sem replicação e, então, inseridos em um novo local (transposição direta). Eles podem codificar enzimas de resistência a fármacos, toxinas ou uma variedade de enzimas envolvidas no metabolismo, bem como causar mutações no gene onde são inseridos, ou alterar a expressão de genes próximos. Esporulação: Os endosporos consistem em células desidratadas e resistentes que são formadas na membrana celular bacteriana. Possuem paredes espessas e camadas adicionadas. Para liberação do endosporo a célula sofre lise e morre, o endosporo pode permanecer dormente por muito tempo. Lesões físicas ou químicas na superfície do endosporo desencadeia a germinação que consiste no retorno ao metabolismo bacteriano. Cissiparidade: É um processo onde a bactéria duplica o seu material genético e a célula se divide em duas células idênticas. Ciclo de crescimento (in vitro): As bactérias reproduzem-se por fissão binária, processo em que uma célula parental se divide, originando duas células-filhas. Pelo fato de uma célula origina duas células-filhas, é referido que as bactérias realizam crescimento exponencial (crescimento logarítmico). O tempo de duplicação varia não somente em relação à espécie, mas também de acordo com a quantidade de nutrientes, temperatura, pH e outros fatores ambientais. 1. A primeira corresponde à fase lag, durante a qual ocorre intensa atividade metabólica; contudo, as células não se dividem. Essa fase pode durar de alguns minutos a muitas horas. 2. A fase log (logarítmica) é a fase em que se observa rápida divisão celular. Fármacos são eficazes no período em que as células produzem peptideoglicano, isto é, quando estão em divisão. A fase log também é conhecida como a fase exponencial. 3. A fase estacionária ocorre quando a depleção de nutrientes ou os produtos tóxicos causam uma diminuição no crescimento até que o número de células novas produzidas equilibra-se com o número de células que morrem, resultando em um estado de equilíbrio. 4. A fase final corresponde à fase de morte, caracterizada por um declínio no número de bactérias viáveis Patogênese: Bactérias provocam doenças por meio de dois mecanismos principais: produção de toxina; e invasão e inflamação. Muitas infecções bacterianas são transmissíveis ou comunicantes, algumas infecções resultam em um estado latente, após o qual a reativação da multiplicação do microrganismo e a posterior recorrência dossintomas pode ser observadas. A maioria das infecções bacterianas é adquirida de fontes externas, algumas infecções bacterianas, entretanto, são causadas por membros da microbiota normal e não dependem da transmissão direta, anterior ao início da infecção. Uma sequência generalizada dos estágios de uma infecção pode ser: Fonte externa como fonte de transmissão pela porta de entrada; Evasão das defesas primárias do hospedeiro, como a pele e o ácido gástrico;Aderência às membranas mucosas, frequentemente pelos pili bacterianos; Colonização por meio da multiplicação da bactéria no local de aderência; Manifestações clínicas da doença oriundas da produção de toxinas ou da invasão acompanhada pelo processo inflamatório; Respostas do hospedeiro, imunidade inespecífica e específica; Progressão ou resolução da doença. Transmissão: o entendimento do modo de transmissão das bactérias e de outros agentes infecciosos é extremamente importante sob a perspectiva da saúde pública, uma vez que interromper a cadeia de transmissão representa uma excelente maneira de prevenir doenças infecciosas. O modo de transmissão de inúmeras doenças infecciosas ocorre entre seres humanos, mas doenças infecciosas também são adquiridas de fontes não humanas, como o solo, a água e os animais. Os patógenos são normalmente eliminados dos pacientes pelos tratos respiratório e gastrintestinal; a transmissão ao novo hospedeiro, portanto, ocorre normalmente por meio de aerossóis respiratórios ou contaminação fecal de fontes de alimento e água. Microrganismos também podem ser transmitidos por contato sexual, urina, contato cutâneo, transfusão sanguínea, seringas contaminadas ou picada de artrópodos. Bactérias, vírus e outros microrganismos também podem ser transmitidos da mãe para a prole pela transmissão vertical através da placenta, pelo contato com o canal vaginal durante o parto e pela amamentação. Aderência às superfícies celulares: Algumas bactérias têm pili ou produzem cápsulas ou glicocálices que as permitem aderir às superfícies de células humanas, aumentando sua capacidade de causar doença. Após a adesão, as bactérias frequentemente formam uma matriz protetora (biofilme) constituída por diversos tipos de polissacarídeos e proteínas. Os biofilmes formam-se especialmente em corpos estranhos, como próteses de articulações, válvulas cardíacas e cateteres endovenosos, mas também podem ocorrer em estruturas nativas, como válvulas cardíacas naturais, eles protegem as bactérias tanto de antibióticos quanto das defesas imunes do hospedeiro, como anticorpos e neutrófilos e retardam a cura da ferida (processos infecciosos crônicos) Invasão, inflamação e sobrevivência intracelular: Um dos principais mecanismos pelo qual bactérias provocam doença é a invasão do tecido seguida de inflamação. Diversas enzimas secretadas por bactérias invasivas desempenham papéis na patogênese, entre as mais importantes encontram-se as seguintes: Colagenase e hialuronidase (degradam o colágeno e o ácido hialurônico)que permitem a bactéria se disseminar por meio do tecido subcutâneo; Coagulase que acelera a formação do coágulo de fibrina a partir do fibrinogênio (protege a bactéria da fagocitose por isolar a área infectada e por envolver o microrganismo em uma camada de fibrina); Proteases de imunoglobulina que propicia uma melhor aderência às membranas mucosas. Além dessas enzimas, inúmeros fatores de virulência contribuem para o processo de invasão, por meio da limitação dos mecanismos de defesa do hospedeiro como: a cápsula externa à parede celular que impede que os fagócitos possam se aderir à bactéria; proteínas de parede celular dos cocos Gram-positivos, com propriedades antifagocitárias; leucocidinas, toxinas formadoras de poros que degradam a membrana celular de neutrófilos e macrófagos. Bactérias podem causar dois tipos de inflamação: piogênica e granulomatosa. Pirogênica (produtora de pus): os neutrófilos constituem as células predominantes. Granulomatosa: os macrófagos e as células T auxiliares predominam. Em que os antígenos bacterianos estimulam a resposta imune celular, resultando na sensibilização de linfócitos T e na atividade de macrófagos, a fagocitose por macrófagos resulta na eliminação da maioria das bactérias, embora algumas sobrevivam e desenvolvem-se no próprio macrófago presente no granuloma.A sobrevivência intracelular é um atributo importante de certas bactérias, uma vez que aumenta a sua capacidade de provocar doença, essas bactérias são denominadas patógenos “intracelulares” e comumente provocam lesões granulomatosas. A localização intracelular oferece um nicho protetor contra anticorpos e neutrófilos que funcionam extracelularmente. As bactérias intracelulares têm inúmeros mecanismos diferentes que as permitem sobreviver e crescer dentro de células como: inibição da fusão do fagossomo com o lisossomo (evitar as enzimas de degradação); inibição da acidificação do fagossomo (diminuir a atividade das enzimas de degradação); e escape do fagossomo para o citoplasma, onde não há enzimas de degradação. A invasão celular por bactérias depende da interação de proteínas de superfície bacterianas específicas, denominadas invasinas, com receptores celulares específicos pertencentes à família das integrinas de adesão transmembrana. O movimento das bactérias para dentro da célula é uma função desempenhada por microfilamentos de actina. Uma vez dentro das células, essas bactérias residem geralmente no interior de vacúolos celulares, como fagossomos. Virulência: As “Yops” (proteínas de membrana externa de Yersinia) agem principalmente após a invasão da célula humana pelo microrganismo. Os efeitos mais importantes são a inibição da fagocitose por neutrófilos e macrófagos e a inibição da produção de citocinas por macrófagos (TNF). Os genes que codificam muitos dos fatores de virulência nas bactérias estão agrupados em ilhas de patogenicidade localizadas no cromossomo bacteriano ou em plasmídeos, essas regiões grandes do genoma bacteriano foram transferidas como blocos por meio da conjugação e transdução. Após a colonização e a multiplicação das bactérias na porta de entrada, elas podem invadir a corrente sanguínea e disseminar-se para outras partes do corpo, os receptores de superfície celular capazes de interagir com ligantes bacterianos determinam os órgãos afetados. As bactérias patogênicas caracterizam-se por sua capacidade de disseminação, aderência e persistência, bem como invasão de células e tecidos do hospedeiro, toxigenicidade e capacidade de escapar ou sobreviver ao sistema imunológico do hospedeiro. A resistência a antimicrobianos e a desinfetantes também pode contribuir para a virulência ou para capacidade do microrganismo em causar doença. Muitas infecções causadas por bactérias geralmente tidas como patógenos são inaparentes ou assintomáticas. Ocorrerá doença se as bactérias ou reações imunológicas à sua presença prejudicarem o hospedeiro. As bactérias patogênicas primárias: são aquelas que demonstram uma capacidade acrescida para causar doença, na medida em que o contato direto com o hospedeiro saudável é suficiente para produzir doenças. As bactérias patogênicas oportunistas são aquelas que vivem como comensais ou parasitas, mas que geralmente não produzem doenças, a menos que tenham oportunidade para o fazer. Isto é, se existir algum compromisso ou debilidade das barreiras anatómicas, resistência dos tecidos ou imunidade do hospedeiro. Defesa: Pode ser feita através de evasinas, (proteínas que vão possibilitar a bactéria a escapar do sistema imunológico do hospedeiro). Algumas dessas defesas são: encapsulamento; crescimento intracelular; mascaramento antigênico; produção de proteases e destruição do fagócito A cápsula é um mecanismo importante, pois além de proteger a bactéria contra as respostasimunes, ela é um pouco escorregadia, tornando difícil a sua captura pelos macrófagos, impedindo assim a fagocitose. Outro mecanismo é pela parede celular, onde está a proteína M em determinadas bactérias, que impede a fagocitose e torna o micro-organismo resistente ao calor e a acidez. Ela ajuda esse micro-organismo a driblar alguma condição, como se fosse desfavorável para o crescimento dele no indivíduo. E a presença do ácido micólico, nas micobactérias, que depois que o organismo for fagocitado, vai impedir que ele seja digerido dentro do fagócito, podendo até se proliferar dentro dele. A bactéria consegue alterar constantemente os seus antígenos de superfície, não dando tempo para o hospedeiro fazer o reconhecimento, e isso é chamado de mascaramento antigênico. Discutir a resposta imune contra bactérias extracelulares Imunidade inata: Pele e membranas mucosas: A pele corresponde à primeira linha de defesa contra vários organismos, e os ácidos graxos secretados pelas glândulas sebáceas cutâneas possuem ação antibacteriana e antifúngica. O baixo pH da pele (entre 3 e 5), decorrente desses ácidos graxos, também exerce um efeito antimicrobiano, e embora muitos organismos vivam sobre a pele ou nela como membros da microbiota normal, eles são inofensivos desde que não penetrem no corpo. A membrana mucosa do trato respiratório, revestida por cílios e recoberta por muco age com a movimentação coordenada dos cílios que conduz o muco até o nariz e a boca, onde as bactérias capturadas podem ser expelidas. Esse aparato mucociliar, o elevador ciliar, pode ser danificado pelo álcool, pelo fumo e por vírus; o dano predispõe o hospedeiro a infecções bacterianas. Outros mecanismos de proteção do trato respiratório envolvem os macrófagos alveolares, a lisozima das lágrimas e o muco, pelos do nariz, e o reflexo de tosse que impede a aspiração para os pulmões. A proteção inespecífica do trato gastrointestinal inclui as enzimas hidrolíticas da saliva, o ácido estomacal, assim como várias enzimas degradativas e macrófagos do intestino delgado. A vagina da mulher adulta encontra-se protegida pelo pH baixo gerado pelos lactobacilos, membros da microbiota normal. Defensinas são peptídeos com alta carga positiva (catiônicos) presentes no trato gastrointestinal e respiratório que criam poros nas membranas das bactérias, promovendo sua morte. As bactérias da microbiota normal da pele, da parte nasal da faringe, do cólon e da vagina ocupam esses nichos ecológicos, impedindo a multiplicação de patógenos nesses locais. Resposta inflamatória e fagocitose: A presença de corpos estranhos, como bactérias, no interior do organismo provoca uma resposta inflamatória protetora, caracterizada pelos achados clínicos de vermelhidão, edema, calor e dor no local da infecção. Esses sinais são decorrentes do maior fluxo sanguíneo, da maior permeabilidade capilar e do extravasamento de líquidos e células para os espaços teciduais. A maior permeabilidade deve-se à histamina, às prostaglandinas e aos leucotrienos, assim como aos componentes do complemento, C3a e C5a. Os neutrófilos são predominantes em infecções piogênicas agudas, ao passo que os macrófagos são mais prevalentes em infecções crônicas ou granulomatosas. Os macrófagos realizam duas funções: são fagocitários e produzem citocinas pró- inflamatórias, o fator de necrose tumoral (TNF) e a interleucina 1 (IL-1). A importância da resposta inflamatória na limitação da infecção é enfatizada pela capacidade de os agentes anti-inflamatórios, como os corticosteróides, reduzirem a resistência à infecção. Proteínas de resposta de fase aguda se ligam à superfície das bactérias e intensificam a ativação da via alternativa do complemento, sendo a interleucina 6 (IL-6) é o principal indutor da resposta de fase aguda, e também corresponde a uma citocina pró- inflamatória. Os neutrófilos e os macrófagos são atraídos ao local de infecção por quimiocinas produzidas por células teciduais da área infectada, por células endoteliais locais e por neutrófilos e macrófagos residentes. Como parte da resposta inflamatória, as bactérias são fagocitadas por neutrófilos polimorfonucleares e macrófagos. A quantidade de proteínas ICAM do endotélio é aumentada pelos mediadores inflamatórios, como IL-1 e TNF, que são produzidos por macrófagos em resposta à presença das bactérias e então garante a adesão seletiva dos PMNs ao local da infecção. A permeabilidade aumentada dos capilares permite a diapedese dos PMNs pela parede capilar a fim de alcançarem as bactérias. As bactérias são ingeridas pela invaginação da membrana celular do PMN ao redor das bactérias, formando um fagossomo. Essa ingestão é aumentada pela ligação de IgG ou do componente C3b à superfície das bactérias em um processo chamado de oponização. A morte do organismo no interior do fagossomo é um processo que ocorre em duas etapas, consistindo em degranulação seguida pela produção de hipoclorito. O mecanismo dependente de oxigênio mais importante envolve a produção da molécula bactericida, íon hipoclorito que danifica as paredes celulares, mas pode também reagir com o peróxido de hidrogênio, originando oxigênio singleto, que danifica as células ao reagir com as ligações duplas dos ácidos graxos dos lipídeos de membrana. Os mecanismos independentes de oxigênio são importantes em condições anaeróbias. Esses mecanismos envolvem: a lactoferrina; a lisozima; as proteínas catiônicas; e o pH baixo. Imunidade adaptativa: Os anticorpos protegem contra os organismos por uma variedade de mecanismos – neutralização de toxinas, lise de bactérias na presença do complemento, opsonização das bactérias para facilitar a fagocitose e interferência na adesão de bactérias e vírus às superfícies celulares. Como os anticorpos, especialmente a IgG, aumentam lentamente até um nível protetor, acredita-se que eles não desempenhem um papel importante no combate à infecção primária no local inicial da infecção, mas atuariam protegendo contra a disseminação hematogênica do organismo para locais distantes no corpo e contra uma segunda infecção por esse organismo em algum momento futuro. As células T medeiam uma variedade de reações, incluindo a destruição citotóxica de bactérias e células infectadas por vírus, ativação de antígenos e hipersensibilidade tardia. As células T, especialmente as do tipo Th-1 e macrófagos, também são a principal defesa do organismo contra micobactérias, como M. tuberculosis, e fungos que causam doenças sistêmicas, as células T também auxiliam as células B na produção de anticorpos contra vários antígenos. Imunidade inata: Ativação do complemento: Os peptideoglicanos na parede celular das bactérias Gram-positivas e o LPS em bactérias Gram-negativas ativam o complemento da via alternativa. Um resultado da ativação do complemento é opsonização (C3B) e fagocitose aumentada de bactérias, ou MAC são meios de facilitação à fagocitose e a lise. O complexo de ataque à membrana gerado pela ativação do complemento leva à lise de bactérias, os subprodutos do complemento estimulam a resposta inflamatória, recrutando e ativando os leucócitos. Fagocitose: Fagócitos (neutrófilos e macrófagos) utilizam receptores de superfície para reconhecer as bactérias extracelulares, e eles utilizam receptores Fc e receptores de complemento para reconhecer bactérias opsonizadas com anticorpos e proteínas do complemento, respectivamente. Os produtos microbianos ativam receptores do tipo Toll (TLRs) e vários sensores citoplasmáticos em fagócitos e em outras células. Imunidade adaptativa: Imunidade humoral (anticorpo), opsonização (C3B), neutralização de toxinas, ativação do sistema complemento pela via clássica. A resposta imune adaptativa a microrganismos extracelulares tais como bactérias e suas toxinas, consiste na produção de anticorpos e na ativação das células T auxiliaresCD4 +. Os anticorpos neutralizam e eliminam os microrganismos e toxinas por vários mecanismos. As células T auxiliares produzem citocinas que estimulam a inflamação, a ativação dos macrófagos e as respostas de células B Conceitue a microbiota normal e nos casos de infecção urogenital Microbiota normal: A microbiota é estabelecida imediatamente após o nascimento e consiste em uma parte necessária e normal do desenvolvimento humano. Nos primeiros anos de vida, as nossas comunidades microbianas amadurecem e se tornam relativamente estáveis, a menos que sejam perturbadas, como no tratamento com antibióticos. Uma vez estabelecidos, os membros do microbioma são considerados residentes permanentes dos sítios corporais associados, como pele, orofaringe, cólon e vagina A microbiota vaginal de mulheres adultas contém principalmente espécies de Lactobacillus que são responsáveis pela produção do ácido láctico, que mantém baixo o pH vaginal da mulher adulta. Antes da puberdade e após a menopausa, quando os níveis de estrogênio (acúmulo de glicogênio) são baixos, os lactobacilos são raros e o pH vaginal é alto. Os lactobacilos parecem ser capazes de prevenir o crescimento de patógenos potenciais, uma vez que sua supressão pelo uso de antibióticos pode levar ao crescimento exagerado de C. albicans resultando em vaginite por Candida. A vagina situa-se próxima ao ânus, podendo ser colonizada por membros da microbiota fecal. Por exemplo, mulheres propensas a infecções recorrentes do trato urinário albergam organismos como E. coli e Enterobacter no intróito. Cerca de 15 a 20% das mulheres em idade fértil apresentam estreptococos do grupo B na vagina, causador de sepse e meningite em recém-nascidos, sendo adquirido durante a passagem pelo canal do parto. Em aproximadamente 5% das mulheres, a vagina é colonizada por S. aureus, implicando uma predisposição à síndrome do choque tóxico. Em indivíduos sadios, a urina, quando na bexiga, é estéril, contudo, durante a passagem pelas porções mais distais da uretra, a urina sofre contaminação por S. epidermidis, coliformes, difteroides e estreptococos não hemolíticos. A região ao redor da uretra feminina e de homens não circuncidados contém secreções que apresentam Mycobacterium smegmatis, um organismo álcool-ácido-resistente. A pele que reveste o trato urogenital corresponde ao local de Staphylococcus saprophyticus, uma causa de infecções do trato urinário em mulheres. Fatores predisponentes para as infecções de vias urinárias: As ITU podem ser encontradas em todas as faixas etárias. A bacteriúria pode variar de 0.1 a 1,9% dos neonatos a termo, alcançando 10% nos prematuros, sendo a incidência maior nos meninos até os três meses de idade. A partir dos três meses, as meninas passam a ser mais acometidas e as infecções principalmente nos pré-escolares estão associadas a anormalidades congênitas. Nessa faixa etária, o risco para a menina é de cerca de 4,5% e para o menino de 0,5%. As pacientes do sexo feminino com bacteriúria assintomática apresentam um risco de até 50% desenvolverem infecção sintomática quando iniciam a atividade sexual ou durante a gravidez. Na fase adulta até os 65 anos, a ITU em homens é extremamente baixa (menos de 0,1%), frequentemente associada com anormalidades anatômicas ou doença da próstata como também à instrumentação das vias urinárias. Idosos (acima de 65 anos) apresentam prevalência de ITU com menores diferenças entre os sexos. Os fatores responsáveis pela incidência elevada de ITU nos idosos incluem: doença de base associada; doenças ou condições que dificultam o esvaziamento normal da bexiga (ex: cistocele e hipertrofia prostática); instrumentação das vias urinárias; manejo da incontinência urinária com cateter vesical; diminuição da atividade bactericida da secreção prostática; diminuição do glicogênio vaginal e aumento do pH vaginal. Em mulher pós- menopausa as infecções recorrentes, com três ou mais culturas positivas e sintomáticas em um ano, ou dois episódios de ITU em seis meses, tem como fator predisponente a cistocele, incontinência e aumento do volume de urina residual. Os fatores de risco do desenvolvimento de uma infecção do trato urinário em mulheres incluem: Relações sexuais; Diafragma e uso de espermicida; Uso de antibióticos; Novo parceiro sexual no último ano; História de infecções do trato urinário em parentes de 1º grau do sexo feminino; História de infecções do trato urinário recorrentes; primeira infecção do trato urinário em idade precoce; e gravidez. Os fatores de risco de ITU em homens incluem: Hiperplasia prostática benigna com obstrução (>50 anos); outras causas de obstrução do trato urinário; Instrumentação recente ou cateteres de demora; Anormalidades estruturais, como divertículos vesicais; Doenças neurológicas que interferem na micção normal; Comprometimento cognitivo, incontinência fecal ou urinária Os principais fatores são: uso de cateteres vesical; práticas sexuais desprotegidas; infecção genital prévia; (resistência); resistência a antibióticos; falta ou excesso de higiene nas áreas perianal e vaginal; anatomia da uretra; hiperglicemia; alterações hormonais; aumento da idade; urina com pH alcalino; infecção genital; diabetes mellitus e a hiperglicemia; estase urinária; uso de fralda em crinaças Ademais mulheres são mais suscetíveis pois a anatomia feminina da uretra é mais encurtada em relação a uretra masculina, e sofrem muitas alterações hormonais durante a gravidez.(Estrogênio facilita deposição de glicogênio, resultando na abundância de lactobacilos, diminuindo o ph vaginal.) Estrogênio aumenta a deposição de glicogênio que é substrato para os lactobacilos que estão na microbiota normal. Os lactobacilos por meio de fermentação aumentam o ácido lático que gera um pH baixo. Entre as mulheres pós-menopáusicas, existe uma maior incidência de colonização vaginal por bactérias gram-negativas e bacteriúria. Estas tendências estão correlacionadas às alterações no ambiente vaginal que acompanham a menopausa: desaparecimento dos lactobacilos previamente predominantes da microflora vaginal e aumento do pH, por diminuição drástica da concentração de estrogênio. Alterações da concentração de estrogênio são fatores de predisposição a ITUs pois o aumento de estrogênio aumenta a deposição de glicogênio vaginal, usado pelos lactobacilos como substrato para a fermentação (processo anaeróbio - ácido lático), gerando assim diminuição de pH. Mulheres são mais suscetíveis pois a anatomia feminina da uretra é mais encurtada em relação a uretra masculina. Quando percorro conduto maior, a chance da urina lavar o conduto é maior. Sinais e Sintomas: Nem sempre uma pessoa com infecção urinária apresenta sintomas, mas quando surgem, os mais comuns são: Dor para urinar; sangue na urina; febre; vontade constante de urinar; corrimento uretral; náuseas e vômitos; dor lombar; mau cheiro na urina; desorientação e alterações do estado de consciência; perda involuntária de urina.
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