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PROBLEMAS AMBIENTAIS TENDÊNCIAS GLOBAIS aula 3

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AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMAS AMBIENTAIS – 
TENDÊNCIAS GLOBAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Aline Bisinella Ianoski 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
O ar é composto por uma mistura natural de gases e vapor de água, que é 
vital para a manutenção dos seres vivos. Porém, atividades antrópicas têm 
provocado mudanças ambientais significativas. Entre os séculos XVIII e XIX, com 
a Revolução Industrial, houve aumento na emissão de gases poluentes, o que 
alterou a composição do ar, colocando em risco a saúde dos seres vivos. Isso 
ocorre porque esses poluentes causam mudanças nas condições ambientais 
(temperatura da terra, umidade etc.) e na qualidade do ar (com a presença de 
substâncias indesejáveis, níveis de substâncias além de limites estabelecidos 
etc.). 
Ao final desta aula, você deverá capaz de reconhecer os principais 
poluentes atmosféricos, identificar os principais problemas relacionados à 
poluição atmosférica, compreender as causas e as consequências da poluição 
atmosférica e conhecer as alternativas para a sua mitigação. 
TEMA 1 – A ATMOSFERA 
É preciso relembrar que a atmosfera é a camada de gases que envolve a 
Terra e que esses gases estão continuamente em movimento. Ela é composta por 
vários níveis: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera (camada 
mais distante da superfície terrestre). 
Cada nível da atmosfera possui uma composição de gases, sendo 
constituída principalmente por nitrogênio (78%), oxigênio (21%), argônio (0,9%), 
dióxido de carbono (0,03%), vapor de água e traços de outros gases, como 
monóxido de carbono, ozônio, sulfeto de hidrogênio, óxidos de nitrogênio e 
enxofre (Tabela 1). Cada componente tem sua função e garante a manutenção 
da vida na Terra. 
Tabela 1 – Compostos gasosos da atmosfera 
Constituinte 
Composição 
(%, v/v) 
Constituinte 
Composição 
(ppb, v/v) 
Constituinte 
Composição 
(ppb, v/v) 
N2 78,1 Kr 1000 NH3 6 
O2 20,9 H2 500 SO2 2 
Ar 0,934 N2O 300 CH3Cl 0,5 
 
 
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CO2 0,033 CO 100 C2H4 0,2 
Ne 0,002 Xe 90 CCl4 0,1 
He 0,0005 O3 40 CCl3F 0,1 
CH4 0,0002 NO2+NO 10-0,001 
Fonte: Reeve, 1999, citado por Cónsul et al., 2004. 
1.1 Gás nitrogênio 
O nitrogênio (N) está disponível no ar na forma de nitrogênio atmosférico 
(N2) e é fundamental para o crescimento vegetal. Para que o nitrogênio seja 
assimilado pelas plantas, precisa ser transformado em amônia (NH3). A 
transformação pode ocorrer de forma física, quando faíscas elétricas e 
relâmpagos entram em contato com o nitrogênio e o transformam, ou biológica, 
quando microrganismos convertem o nitrogênio atmosférico em amônia e em íons 
amônia (NH4+) (Pereira, 2010). Muitos agricultores realizam a suplementação de 
nitrogênio nas plantas adicionando compostos como ureia, nitrato de amônio e 
nitrato de cálcio, tamanha a importância desse elemento para o desenvolvimento 
das plantas. 
1.2 Oxigênio 
O oxigênio elementar (O) é um gás muito reativo, que pode ser 
encontrado na forma livre ou combinada. Praticamente incapaz de permanecer no 
ar em sua forma livre, é energizado e transformado em oxigênio (O2) e alótropo 
ozônio (O3), ambos importantes para a sobrevivência na Terra. 
O oxigênio é fundamental para a respiração dos seres vivos aeróbicos, que 
por meio da respiração celular obtêm energia. O ozônio é o único gás capaz de 
impedir a entrada na superfície terrestre da radiação ultravioleta do tipo B (UVB) 
emitida pelo Sol, que é nociva aos seres vivos. 
1.3 Dióxido de carbono 
O dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2) é fundamental para a vida 
dos vegetais, pois por meio dele ocorre a fotossíntese, processo que transforma 
a água, a radiação solar e o dióxido de carbono em energia. 
O gás também é importante para a manutenção da vida na Terra porque 
juntamente com o vapor de água, ocorre o fenômeno natural chamado efeito 
 
 
4 
estufa, que é responsável por manter o calor que vem do Sol dentro da Terra, 
garantindo assim que a temperatura média do planeta seja ideal para a 
sobrevivência das espécies. 
TEMA 2 – POLUENTES ATMOSFÉRICOS 
A composição atmosférica pode ser alterada pela entrada de substâncias 
capazes de causar danos materiais à fauna e à flora, denominadas poluentes 
atmosféricos. Esses poluentes podem ser gases ou partículas sólidas (poeiras, 
pó e fumos) gerados em processos naturais e/ou antrópicos que, devido à 
dinâmica do ar, podem impactar em nível local e global a qualidade do ar e os 
ecossistemas. 
Os poluentes naturais são lançados na atmosfera durante processos 
naturais, como queimadas e atividades vulcânicas. Os poluentes antrópicos são 
resultado de atividades humanas, como queima de combustíveis fósseis, 
emissões industriais, evaporação de substâncias etc. A interação entre todos os 
poluentes define o nível de qualidade do ar e serve como referência para avaliar 
os efeitos adversos deles para os seres vivos. 
As quantidades e os tipos de gases emitidos vêm sofrendo alterações ao 
longo da história, e são reflexo principalmente das atividades humanas. Um marco 
importante no que diz respeito ao aumento das emissões aconteceu na Europa, 
entre os séculos XVIII e XIX, durante a Revolução Industrial, período de transição 
entre o processo de produção artesanal para o sistema mecanizado, que gerou 
aumento por demanda energética, na época oriunda principalmente de 
combustíveis fósseis. A queima desses combustíveis culminou no aumento dos 
níveis de emissão de poluentes e em uma onda de doenças respiratórias. A 
urbanização e a industrialização têm impactado a qualidade do ar, especialmente 
devido a utilização de veículos movidos a combustíveis fósseis, redução das áreas 
verdes e falta de planejamento dos centros urbanos. 
Os poluentes, quando lançados diretamente por uma fonte de emissão, são 
denominados primários, porém, existem poluentes que são formados por reações 
de transformações entre poluentes primários, os quais são chamados de 
poluentes secundários. Eles também são classificados de acordo com sua 
composição, como vemos no Quadro 1. 
 
 
5 
Quadro 1 – Grupos de poluentes 
Grupo Poluentes 
Compostos 
de enxofre 
Dióxido de enxofre (SO2); trióxido de enxofre (SO3); compostos 
reduzidos de enxofre: sulfeto de hidrogênio (H2S), metil 
mercaptana (CH3SH), dimetil sulfeto [(CH3)2S], dimetil dissulfeto 
[(CH3)2S2] 
Compostos 
de nitrogênio 
Óxido de nitrogênio (NO); dióxido de nitrogênio (NO2); amônia 
(NH3); ácido nítrico (HNO3); nitratos 
Compostos 
orgânicos 
Hidrocarbonetos álcoois; aldeídos; cetonas; ácidos orgânicos 
Monóxido de 
carbono 
Monóxido de carbono (CO) 
Compostos 
halogenados 
Ácido clorídrico (HCl); Ácido fluorídrico (HF); cloretos; fluoretos 
Metais 
pesados 
Chumbo (Pb); cádmio (Cd); arsênio (As); níquel (Ni) 
Material 
particulado 
Mistura de compostos no estado sólido ou no líquido 
Oxidantes 
fotoquímicos 
Ozônio (O3); formaldeído; acroleína; nitrato de peroxiacetila 
(PAN) 
Fonte: Adaptado de CETESB, S.d. 
A qualidade do ar é avaliada por meio da presença de alguns compostos, 
que foram definidos universalmente, em função da frequência de ocorrência e de 
efeitos adversos causados. São eles: dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, 
compostos orgânicos voláteis, monóxido de carbono, compostos halogenados, 
chumbo, material particulado (partículas totais em suspensão, partículas inaláveis, 
partículas inaláveis finas, fumaça) e oxidantes fotoquímicos (CETESB, S.d.). 
2.1 Dióxido de enxofre (SO2) 
O dióxido de enxofre, também conhecido como anidrido sulfuroso, é um 
gás incolor, inodoro, que pode ser emitido por fontes naturais, como erupções 
 
 
6 
vulcânicas e descargas elétricas na atmosfera, ou fontes antrópicas, como a 
queima de combustíveis fósseis. A presença desse poluente pode causar 
branqueamento das folhas e morte dos tecidos dos vegetais (Botkin; Keller, 2011). 
Esse poluente podese combinar com o oxigênio do ar e na presença de 
umidade formar o ácido sulfúrico, que contribui para a formação da chuva ácida, 
um dos fenômenos responsáveis pela acidificação dos ambientes aquáticos, 
terrestres, destruição de plantas e construções. 
2.2 Óxidos de nitrogênio (NOx) 
Os óxidos de nitrogênio são: o óxido nítrico (NO), óxido nitroso (N2O) e o 
dióxido de nitrogênio (NO2). Sua emissão ocorre durante processos naturais como 
a queima de biomassa (incêndios florestais), atividades vulcânicas e bactérias, ou 
processos de origem antropogênica como a queima de combustíveis fósseis em 
instalações fixas ou veículos (Cónsul et al., 2004). 
O óxido nitroso é o óxido de nitrogênio com maior abundância na 
atmosfera, e é gerado pelas bactérias do gênero Rhizobium sp., que fixam o 
nitrogênio, sendo essenciais para o ciclo do nutriente. Além disso, o composto é 
formado durante a queima de combustíveis fósseis. 
O óxido nítrico é introduzido no ambiente pelos gases do escapamento de 
veículos devido à alta temperatura (Cónsul et al., 2004). O NO não oferece tantos 
riscos, porém, é oxidado facilmente no ambiente, devido à presença do ozônio, 
formando o dióxido de nitrogênio. Assim, o impacto das emissões de NO está 
associado à destruição da camada de ozônio e à formação do poluente 
secundário, o NO2. Ele corresponde a 95% das emissões de óxidos de nitrogênio. 
O dióxido de nitrogênio é o gás mais perigoso desse grupo porque é 
tóxico ao homem. Pode apresentar coloração marrom-avermelhado e possui 
cheiro forte (Botkin; Keller, 2011). Esse gás reage com todas as partes do corpo 
que forem expostas a ele, provocando lesões e intoxicações graves, podendo 
causar edemas pulmonares, hemorragias e levar à morte. O dióxido de nitrogênio 
por si só apesenta vários efeitos maléficos, porém, ainda pode reagir com radicais 
hidróxido, principalmente da água, dando origem ao ácido nítrico, contribuindo 
para a formação da chuva ácida. O tempo de residência desse poluente é de um 
dia, por isso é encontrado sempre próximo à fonte geradora. 
 
 
7 
2.3 Compostos orgânicos voláteis (COVs) 
Os compostos orgânicos voláteis possuem alta pressão de vapor sob as 
condições normais, vaporizando significativamente, e também entram na 
atmosfera pela queima incompleta dos combustíveis. São exemplos de COVs: 
cloreto de metileno, tricloroetileno, o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos e os 
hidrocarbonetos, todos precursores do ozônio. 
Os hidrocarbonetos são um exemplo de COVs, sendo formados pela 
combinação de carbono e hidrogênio. Podem ser oriundos de origem natural ou 
das atividades humanas. As principais fontes antrópicas são os processos de 
evaporação e queima de combustíveis. Dentre os principais hidrocarbonetos 
altamente poluentes está o gás metano (CH4), que é incolor e inodoro. É emitido 
durante processos de extração de combustíveis, digestão de animais herbívoros 
e decomposição de lixo, por exemplo. Esse gás contribui para o efeito estufa, que 
causa o aquecimento da Terra. 
2.4 Monóxido de carbono (CO) 
O monóxido de carbono é um gás inodoro, incolor e inflamável. É 
produzido pela queima incompleta de combustíveis fósseis, ou seja, combustão 
que não ocorre em condições ideais. A maior fonte de emissão desse composto 
são os veículos automotores. O poluente possui afinidade com a hemoglobina do 
sangue e, assim, substitui o oxigênio do sangue. As baixas concentrações de 
oxigênio geram fadiga, podendo causar a morte (MMA, S.d.(a)). 
2.5 Compostos halogenados 
Os compostos halogenados são representados por cloro, flúor e bromo. 
Dentre esses compostos, destacam-se: os hidrobromofluorcarbonos (HBFCs), os 
tetracloretos de carbono (CTC), os clorofluorcarbonetos (CFCs) e os 
hidroclorofluorcarbono (HCF). Destes, os dois últimos são os mais estudados. 
Os clorofluorcarbonetos (CFCs) são compostos que foram usados por 
mais de cinco décadas (Torrico, 2012) como propelente em aerossóis, solvente 
para limpeza de elementos de precisão e eletrônicos, mistura com óxido de etileno 
como esterilizante, agente expansor na fabricação de espumas de poliuretano e 
gás refrigerante em geladeiras e equipamentos de ar-condicionado. O composto 
destrói a camada de ozônio, por isso a sua produção foi proibida em 1999. 
 
 
8 
Sugestão de leitura 
Para saber mais sobre as substâncias que prejudicam a camada de ozônio, 
leia o artigo Substâncias destruidoras da camada de ozônio, disponível no portal 
do Ministério do Meio Ambiente (MMA): 
<https://www.mma.gov.br/informma/item/581-subst%C3%A2ncias-destruidoras-
da-camada-de-oz%C3%B4nio>. 
Os hidrofluorcarbonetos (HFC) foram desenvolvidos como a alternativa 
de mercado para os CFCs, pois apresentam menor potencial de destruição da 
camada de ozônio, sendo amplamente utilizados em extintores. O prazo para a 
eliminação do uso do HFC – mesmo causando menos poluição que o CFC – é 
2040. 
2.6 Material particulado (MP) 
O material particulado não consiste em uma espécie química definida, mas 
em uma mistura de partículas nos estados sólido e líquido que está na atmosfera 
em suspensão. Esses materiais possuem diferentes dimensões, sendo 
classificados de acordo com seu diâmetro (CETESB, S.d.): 
 partículas totais em suspensão (PTS): diâmetro aerodinâmico é menor 
ou igual a 50 µm. A fumaça está associada a esse grupo; 
 partículas inaláveis (MP10): aerodinâmico é menor ou igual a 10 µm; 
 partículas inaláveis finas (MP2,5): aerodinâmico é menor ou igual a 2,5 
µm. 
A principal fonte de emissão desses compostos é a queima de 
combustíveis fósseis. Esse poluente é prejudicial à saúde humana porque pode 
contribuir para o desenvolvimento de câncer respiratório e outras doenças 
pulmonares. 
2.7 Oxidantes fotoquímicos 
Os oxidantes fotoquímicos são poluentes secundários, formados pela 
interação entre os compostos orgânicos voláteis, óxidos de nitrogênio e radiação 
solar, gerando a chamada névoa fotoquímica ou smog fotoquímico. O principal 
produto oriundo da reação é o ozônio, sendo utilizado como indicador da presença 
de oxidantes no ar. 
 
 
9 
O ozônio é um poluente secundário, ou seja, não é emitido diretamente 
por algum processo, porém, é formado na atmosfera a partir de outros poluentes. 
Sua presença é desejada e normal na estratosfera, pois absorve a radiação solar 
e permite que a Terra fique aquecida; porém, seu excesso pode intensificar a 
absorção do calor, gerando um aquecimento além do normal. Esse poluente é 
produzido indiretamente durante a queimas de combustíveis fosseis, atividades 
de pecuária e agricultura. O ozônio, quando está na troposfera (próximo ao solo, 
a 25 km de altitude), é denominado ozônio troposférico ou ainda mau ozônio, 
pois apresenta toxidade aos seres vivos. Nas plantas, por exemplo, ele pode 
provocar o aparecimento de manchas, pontilhados ou branqueamento em suas 
folhas (Botkin; Keller, 2011). 
TEMA 3 – PRINCIPAIS FENÔMENOS CAUSADOS PELOS POLUENTES 
Alguns poluentes causam fenômenos prejudiciais ao homem e à natureza, 
que atingem escalas locais e globais. Entre eles, podemos citar a chuva ácida, a 
destruição da camada de ozônio e o aquecimento global. 
3.1 Chuva ácida 
As chuvas consideradas normais são ligeiramente ácidas, com pH em torno 
de 5,6. Porém, quando a chuva possui pH inferior a esse valor (lembre-se: pH 1 
é altamente ácido e 7, neutro) é considerada uma chuva ácida (Botkin; Keller, 
2011). Existem dois compostos que contribuem para a formação desse tipo de 
chuva: o dióxido de enxofre (ver item 2.1) e os óxidos de nitrogênio (ver item 2.2). 
Ambos os gases sofrem reações químicas na atmosfera com o oxigênio e o vapor 
de água, sendo transformados em ácido sulfúrico e ácido nítrico, e pela ação dos 
ventos são levados e depositados de forma ácida. A precipitação pode ser úmida, 
na forma de chuva, neve e neblina, ou seca, quando as partículas de sulfato e 
nitrato são depositadassobre a superfície (Botkin; Keller, 2011; Galdino, 2015). 
A deposição ácida é prejudicial para os ecossistemas florestais, causando 
a destruição de florestas, e para os sistemas lacustres, pois altera o pH das águas, 
danificando espécies aquáticas, limitando seu crescimento e podendo causar sua 
morte. Além disso, a alteração do pH da água possibilita que compostos 
importantes para a sobrevivência nesses ambientes sejam dissolvidos, impedindo 
que ciclos ocorram; por exemplo: as algas não se desenvolvem, os animais que 
 
 
10 
se alimentam das algas não possuem mais alimento, e por não possuírem mais 
alimento têm seu número reduzido, o que impacta a cadeia alimentar (Botkin; 
Keller, 2011). 
A geologia e os padrões climáticos alteram o impacto da chuva ácida no 
local. Áreas em que o solo não consegue amortecer a entrada das gotas da chuva 
são mais impactadas por esse tipo de fenômeno. Já áreas em que o solo possui 
em sua composição tamponadores naturais, como o carbonato de cálcio, sofrem 
menos impacto, pois o carbonato de cálcio reage com o ácido e o neutraliza, 
eliminando o efeito nocivo da chuva. 
As construções também sofrem alterações com a deposição ácida: 
materiais de aço, cimento, plásticos, tintas e rochas, especialmente o calcário, o 
arenito e o mármore, são desgastados por ela. 
3.2 Depleção da camada de ozônio 
A camada de ozônio, ou escudo de ozônio, fica na estratosfera. Essa 
camada protege o planeta da radiação solar, impedindo que os raios UVB, nocivos 
à fauna e à flora, atinjam a superfície terrestre. Sem essa camada, a vida no 
planeta estaria ameaçada. 
É nessa camada que 90% do ozônio da atmosfera está concentrado. A 
concentração do composto varia no globo terrestre, estando mais concentrado a 
30 km próximo à linha do equador e 15 km nas regiões polares (Botkin; Keller, 
2011). Ela absorve a maior parte da radiação ultravioleta emitida pelo sol (Figura 
1). 
 
 
11 
Figura 1 – Raios ultravioleta e a camada de ozônio 
 
Crédito: Siberian Art/Shutterstock. 
A radiação ultravioleta é dividida em três tipos: UVA, UVB e UVC. 
 UVA: possui o maior comprimento de onda e é a menos energética. Pode 
causar danos às células. O ozônio atmosférico não tem ação sobre essa 
radiação, ou seja, ela atinge a superfície da Terra; 
 UVB: possui comprimento de onda intermediário, sendo nociva para as 
células. Grande parte dessa radiação é absorvida pelo ozônio atmosférico, 
único gás conhecido capaz de absorvê-la; 
 UVC: possui o menor comprimento de onda, e é a mais energética. É 
absorvida na atmosfera. 
Algumas substâncias apresentam potencial para destruir o ozônio. Entre 
elas, os clorofluorcarbonetos (CFCs), que permitem que os raios UVB 
ultrapassem a estratosfera e atinjam a troposfera. A radiação UVC quebra o CFC 
liberando o cloro (eq. 1), que reage com o O3 (eq. 2). 
CH3Cl (g) → CH3 (g) + Cl(g) (eq. 1) 
Cl(g) + O3 → ClO(g) + O2 (g) (eq. 2) 
 
 
12 
O óxido de cloro (ClO) reage novamente com os átomos livres de oxigênio, 
formando átomos de cloro que reagirão com o oxigênio e assim sucessivamente 
(eq. 3). A reação é crítica, já que o CFC pode permanecer na troposfera por cem 
anos. Ela ocorre de forma rápida; um átomo de cloro é capaz de destruir 
aproximadamente 100 mil de moléculas de O3. 
ClO(g) + O (g) → Cl(g) + O2(g) (eq. 3) 
3.3 Efeito estufa e aquecimento global 
A Terra possui em seu entorno uma camada de gases, os quais são 
conhecidos como gases do efeito estufa. Dentre eles, podemos citar dióxido de 
carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), vapor de água (H2O), dióxido de 
enxofre (SO2) e metano (CH4). Os raios solares, quando atingem a atmosfera, são 
em parte absorvidos pelos gases do efeito estufa e em parte refletidos para o 
espaço. Os raios que ultrapassam essa camada de gases e atingem a superfície 
terrestre aquecem e irradiam o calor, como vemos na Figura 2. Se os gases do 
efeito estufa não existissem, o calor não seria retido, e a Terra seria muito fria, 
dificultando a vida. 
Figura 2 – Efeito estufa 
 
Crédito: Siberian Art/Shutterstock. 
Devido às atividades antrópicas, a emissão de gases do efeito estufa vem 
aumentando, especialmente devido à queima de combustíveis fósseis, causando 
 
 
13 
o aumento do calor retido, intensificando o efeito estufa, contribuindo para o 
aquecimento global. O CO2 é o principal produto da combustão e sua emissão 
contribui para intensificação do fenômeno efeito estufa. 
A temperatura média global da superfície tem se elevado 0,2°C por década 
nos últimos trinta anos (Hansen, 2006). Um aquecimento adicional de 0,2°C por 
década está projetado para os próximos vinte anos. Estima-se que em 2030 a 
concentração de gases do efeito estufa seja o dobro da encontrada na época da 
revolução industrial, e a temperatura se elevará de 1 a 2°C. 
Isso é o suficiente para causar impactos como derretimento das geleiras, 
extinção de espécies e desertificação. 
TEMA 4 – ALTERNATIVAS PARA A REDUÇÃO DA EMISSÃO DE POLUENTES 
Existe uma visão otimista quanto à melhoria da qualidade do ar, porque no 
passado não eram conhecidas as fontes de emissão, as formas de remoção e os 
efeitos dos poluentes sobre a fauna e a flora. Além disso, existe uma tendência 
cada vez mais forte no que diz respeito a regulamentações, o que torna o tema 
cada vez mais discutido e importante. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (Nações Unidas, 2018), 
para que o risco à saúde causado pelos poluentes atmosféricos seja reduzido, é 
necessário acelerar a transição para o uso de tecnologias limpas e melhorar o 
planejamento das cidades. 
O planejamento adequado das cidades permite considerar os tipos 
predominantes de ventos na região e as condições de dispersão dos poluentes, 
protegendo a população de seus efeitos maléficos. 
4.1. Redução na fonte 
A prevenção da poluição na fonte deve ser umas das premissas de 
qualquer atividade. Caso isso não seja possível, alternativas para a redução da 
geração devem ser avaliadas. A implementação de medidas de controle para 
retenção dos poluentes, apesar de serem capazes de tratar o ar, apenas 
transferem o poluente do meio gasoso para o sólido ou líquido, ou seja, o poluente 
ainda existe. O princípio fundamental da redução na fonte é que compostos que 
não entram no processo obviamente não serão eliminados como poluentes, e 
aqueles que forem utilizados serão eliminados. Logo, para a remoção de 
 
 
14 
poluentes na fonte, devem ser substituídas as matérias-primas, eliminados os 
desperdícios, melhorada a tecnologia do processo e ajustados os controles do 
processo (Fernandes, 2003). 
Caso a remoção e a redução na fonte não sejam viabilizadas, entre as 
medidas de controle mais utilizadas estão (Fernandes, 2003): 
 para o controle de particulados: câmara de sedimentação gravitacional, 
multiciclones e precipitadores eletrostáticos; 
 para a coleta de gases e vapores: condensadores, absorvedores, 
adsorvedores e incineradores. 
4.2. Energias renováveis 
O uso de combustíveis fósseis é um dos principais causadores da poluição 
atmosférica. Substituir esses combustíveis por outros menos poluentes é uma 
alternativa para a redução das emissões, especialmente dos gases de efeito 
estufa, e para a melhoria da qualidade do ar, pois os combustíveis fósseis são 
responsáveis por emitir muitos poluentes. 
Dados de 2016, disponibilizados pela Agência Internacional de Energia 
(International Energy Agency, IEA, 2016), revelam que mais de 80% da energia 
mundial utilizada provém de combustíveis fósseis como o petróleo e seus 
derivados, o carvão e o gás natural (Figura 3). 
Figura 3 – Matriz energética mundial de 2016 
 
Fonte: adaptado de IEA, 2016. 
 
 
15 
O relatório de 2016 publicado pela IEA ainda aponta que mais de 60% de 
toda a energia elétrica produzida no mundo, naquele ano, foi obtida pelo uso de 
combustíveis fósseis (Figura4). 
Figura 4 – Matriz elétrica mundial de 2016 
 
Fonte: adaptado de IEA, 2016. 
Esses dois cenários (figuras 3 e 4) demonstram que a utilização de 
combustíveis fósseis em nossa matriz energética é elevada, e que mudanças 
precisam ser feitas para que as energias renováveis sejam desenvolvidas, 
popularizadas e estimuladas. 
Em termos de produção de energia elétrica, existem várias tecnologias 
desenvolvidas que permitem que a energia seja gerada a partir de recursos 
naturais renováveis. Entre elas, as energias solar, geotérmica, eólica, hidráulica, 
das marés e da biomassa. 
Além da produção de energia elétrica, o transporte também se caracteriza 
como grande consumidor de combustíveis fósseis. Os veículos são grandes 
consumidores desses combustíveis, como a gasolina, o diesel e o gás natural, 
todos derivados do petróleo. Eles possuem um catalizador, que corresponde a um 
equipamento que auxilia a reduzir as emissões e transforma os compostos da 
queima em substâncias menos perigosas. Porém, nem todos os poluentes são 
removidos. Uma alternativa para esse cenário é a utilização de veículos movidos 
a etanol, eletricidade e bioetanol. 
O etanol é produzido pela fermentação da cana de açúcar. A queima do 
etanol, quando comparada à da gasolina, produz em média 25% a menos de 
 
 
16 
monóxido de carbono e 35% a menos de monóxido de nitrogênio (Fernandes, 
2018). Porém, os veículos do tipo Flex acabam sendo regulados para queima com 
gasolina, tornando o motor menos eficiente quando utilizado o etanol (Cordeiro, 
2011). 
Os carros elétricos são interessantes, visto que a emissão de poluentes é 
zero. Porém, vale ressaltar que a eletricidade utilizada para o carregar o veículo 
também precisa ser obtida de fontes renováveis, como energia hidroelétrica, solar, 
eólica ou geotérmica. Caso contrário, a poluição pela queima de combustíveis 
fósseis continua sendo gerada. 
O bioetanol é a alternativa para o diesel, sendo produzido com óleos 
vegetais. O combustível, quando queimado e comparado ao diesel, tem as 
emissões de monóxido de carbono, sulfatos, hidrocarbonetos aromáticos 
policíclicos e material particulado reduzidos. O biodiesel pode ser misturado em 
até 20% ao diesel convencional, sem necessidade de nenhuma adaptação no 
motor, ação que contribui para a redução das emissões. A utilização de 100% de 
biodiesel requer a realização de adaptações no motor (Udaeta et al., 2004). 
Além da substituição da fonte energética, a nova tendência é a busca por 
equipamentos mais eficientes, que consumam menos energia e ofereçam o 
mesmo resultado. 
TEMA 5 – ESTUDO DE CASO 
Uma escola de ensino fundamental, com aproximadamente seiscentos 
alunos, realizou um inventário anual de suas emissões de gases do efeito estufa. 
Com o objetivo de reduzir suas emissões no ano seguinte, decidiu realizar um 
projeto intitulado Minimize as emissões. Descreva as ações que podem ser 
tomadas para reduzir as emissões, considerando que a escola possui: 
 serviço de transporte (leva e traz) para os alunos, com uma frota composta 
por mais de vinte ônibus escolares movidos a diesel; 
 frota interna com quinze veículos movidos a gasolina; 
 salas climatizadas; 
 refeitório com cozinha industrial, em que são preparadas diariamente mais 
de mil refeições. 
Considerando que a principal fonte de emissões é de combustíveis fósseis, 
a escola pode trabalhar em projetos relacionados à redução e à substituição dos 
 
 
17 
combustíveis fósseis, nesse caso de diesel, gasolina e gás liquefeito de petróleo 
(GLP). 
Para o serviço de leva e traz, a escola pode saturar os ônibus com alunos, 
ou seja, evitar que assentos fiquem desocupados durante os trajetos. Além disso, 
pode desenhar rotas de coleta e entrega de alunos de maneira a reduzir os 
deslocamentos, diminuindo o consumo de combustíveis e as emissões. A escola 
ainda pode optar por substituir os veículos a diesel por outros a biodiesel. 
A frota interna pode ter seu combustível substituído por etanol. Os carros 
podem também ser substituídos por modelos mais econômicos, capazes de rodar 
mais quilômetros com etanol gastando menos combustível. 
As salas climatizadas exigem manutenções em seus sistemas de 
refrigeração; para tanto, durante as manutenções, os gases que seriam 
eliminados poderiam ser capturados e reutilizados. 
O refeitório também pode passar por mudanças: a escola pode adquirir 
equipamentos elétricos, como o forno inteligente, que evita o consumo de GLP. 
Considerando que a eletricidade seja obtida de fonte renovável, o uso de energia 
elétrica é mais favorável que o consumo de combustíveis fósseis. 
 
 
 
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