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AULA - Teoria da Norma jurídica Revisado

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TEORIA DA NORMA E 
DO ORDENAMENTO 
JURÍDICO
PROF. ARISTÓTELES VELOSO
BACHAREL EM CIÊNCIAS SOCIAIS, ESPECIALISTA EM SAÚDE PÚBLICA, MESTRE EM SOCIOLOGIA E 
DOUTOR EM SOCIOLOGIA.
ORDENAMENTO JURÍDICO
• O conceito de ordenamento jurídico, desse modo, seria o contexto de 
produção normativa. E englobaria, portanto, não apenas as 
regras jurídicas por si, mas também as técnicas de produção e de 
integração das normas jurídicas de diferentes áreas do Direito.
• Além de mediar as condutas, o ordenamento jurídico “regula também o 
modo pelo qual se devem produzir as regras. Costuma-se dizer que 
o ordenamento jurídico regula a própria produção normativa
ORDENAMENTO JURÍDICO
• as normas de conduta produzidas pelo sistema encontram mecanismos 
próprios e decorrentes desse mesmo sistema, para alteração, modificação e 
extinção; o sistema é auto regulável no tocante à gênese, manutenção e 
convivência das próprias normas.
• Recebe o nome de ordenamento jurídico todo o conjunto de leis de 
um estado, e que reúne constituição, leis, emendas, decretos, resoluções, 
medidas provisórias, etc. No caso do Brasil, o ordenamento 
jurídico nacional tem origem na tradição romano-germânica ou civilista 
(civil Law).
FONTES DO DIREITO
• Fontes naturais: relações sociais / experiência.
• Fontes formais: Common Law / Civil Law
QUEM LEMBRA?
NORMAS JURÍDICAS - CONCEITO
• Elementos essenciais de composição do Direito, cujo objetivo é sistematizar e 
descrever comandos e/ou preceitos que reflitam a ordem jurídica em vigor;
• Instrumentos que prescrevem condutas exigidas pelo Estado, de maneira a 
esclarecer ao agente como e quando agir;
• Padrões de coordenação social que visam tornar possível a convivência do 
homem em sociedade, fixando pautas do comportamento interindividual;
• Diferem-se das demais normas pelo fato de serem prescritas pelo Estado e 
extraídas do ordenamento jurídico que estiver em vigor; 
“Conhecer o Direito é conhecer as normas jurídicas em seu 
encadeamento lógico e sistemático. As normas e regras 
jurídicas estão para o Direito de um povo, assim como as 
células para um organismo vivo.”
Paulo Nader
ESTRUTURA DAS NORMAS JURÍDICAS
• A Norma Jurídica revela uma relação de autoridade protagonizada pelo 
Estado que impõe ou prescreve condições (é proibido, é permitido, é 
obrigatório) e descreve suas consequências.
• O texto normativo, através de suas leis e artigos, simplifica essa relação 
apresentando três elementos essenciais:
(1) Caráter Vinculante – força do Estado.
(2) Hipótese Normativa – Comportamento, o fato que está sendo regulado 
pelo Estado.
(3) Consequência Jurídica
ESTRUTURA DAS NORMAS JURÍDICAS
(1) CARÁTER VINCULANTE: a autoridade decorrente do Estado impõe o 
dever ser ao texto normativo que vincula a consequência a uma hipótese, 
estabelecendo que se ocorrer o previsto na hipótese, a consequência 
deve ser concretizada; 
(2) HIPÓTESE NORMATIVA: descrição de fatos ou atos jurídicos que podem 
vir a ocorrer;
(3) CONSEQUÊNCIA JURÍDICA: resultado previsto pela norma jurídica para o 
ato ou fato descrito na hipótese.
• Para Hans Kelsen, não há normas jurídicas desprovidas de sanção, pois é o 
elemento fundamental que estabelece punições a comportamentos que não 
ocorrerem conforme previsto pela norma. (ou seja, sanção é parte da norma 
jurídica)
• As normas meramente interpretativas, segundo Kelsen, também são 
jurídicas mas referem-se a outras que possuem sanção, e são denominadas 
normas dependentes.
TIPOS DE SANÇÃO
• SANÇÃO PUNITIVA (OU NEGATIVA) : impõe ao destinatário uma 
pena/castigo, visando desestimular uma reincidência da ação que 
contrariou os parâmetros da normal jurídica. 
• Art 121. Matar alguém: 
• Pena – reclusão, de seis a vinte anos
• SANÇÃO PREMIAL (OU POSITIVA) : confere um benefício ao destinatário, 
estimulando a motivação para observância da norma jurídica.
ASPECTOS TEMPORAIS DA SANÇÃO
• COERÇÃO : elemento intrínseco da sanção que age de forma preventiva de 
maneira a evitar que o destinatário pratique o ato em desconformidade com 
o que a norma jurídica estabelece. (age antes do ato proibido acontecer -
possibilidade do uso da força) 
• COAÇÃO : elemento intrínseco da sanção que age posterior e 
repressivamente ao ato praticado em desconformidade com o que a norma 
jurídica estabelece. (age depois do ato proibido – efetivo uso da força)
TIPOS BÁSICOS DE NORMAS JURÍDICAS
• NORMAS DE ORGANIZAÇÃO : tem como fim a organização do:
• (1) Estado, estruturando e regulando o funcionamento de seus órgãos; 
• (2) dos poderes, fixando e distribuindo capacidades e competências; 
• (3) do Direito, disciplinando a identificação, a modificação e a aplicação das 
normas jurídicas. 
TIPOS BÁSICOS DE NORMAS JURÍDICAS
• A norma exprime um juízo categórico, ou seja, constata que algo existe e 
estabelece uma consequência que deve ser respeitada
• Fórmula: A deve ser B (não há tom hipotético, mas sim concreto – exemplo 
Artigo 2º da Constituição Federal).
• Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
TIPOS BÁSICOS DE NORMAS JURÍDICAS
• NORMAS DE CONDUTA : visa única e exclusivamente disciplinar o 
comportamento dos indivíduos e grupos sociais. 
• Sua estrutura revela um juízo hipotético, prevendo uma situação que pode 
ocorrer ou não e, ao mesmo tempo, estabelecendo uma consequência que 
deve sucedê-la.
• Fórmula: Se A, deve ser B (exemplo: artigo 73 do Código Civil dispõe que, 
se uma pessoa não possuir residência habitual - hipótese normativa - deve 
ser considerado seu domicílio o lugar em que for encontrada -
consequência jurídica). 
Devido à diversidade de comportamentos e a 
própria dinâmica da sociedade, nem sempre as 
normas jurídicas (fontes do direito) conseguem 
ser aplicadas à todas as situações... 
O que acontece nos casos em que as normas não 
atendem à determinada situação? 
LACUNAS - CONCEITO
• Espaços no ordenamento jurídico que não foram preenchidos por normas 
em razão da natural limitação do Direito em acompanhar a evolução social, 
ou simplesmente por omissão voluntária ou involuntária do legislador;
• As lacunas próprias ocorrem na hipótese de ausência de uma norma que 
sirva à determinado caso em concreto;
• As lacunas impróprias ocorrem quando embora haja uma norma que 
abranja de forma geral determinado caso em concreto, esta não preenche 
completamente o que o caso requer;
LACUNAS: 
CONCEITO.
• Lacuna normativa: ausência 
de norma prevista para um 
determinado caso concreto.
• Lacuna ontológica: 
presença de norma para o 
caso concreto, mas que não 
tenha eficácia social.
• Lacuna axiológica: presença 
de norma para o caso 
concreto, mas cuja aplicação 
seja insatisfatória ou injusta.
INTEGRAÇÃO NORMATIVA
• Identificadas as lacunas (ausência de normas) para resolver determinado 
caso em concreto, este não deve ficar em aberto, forçando o Direito a 
encontrar uma solução;
• Princípio da Vedação do Não Julgamento (Non Linquet);
• A integração normativa é a maneira de buscar solução para preencher 
lacunas através de outros meios normativos, utilizados como 
métodos/formas de integração;
FORMAS DE INTEGRAÇÃO NORMATIVA
• ANALOGIA;
• COSTUMES;
• PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO;
• OUTRAS HIPÓTESES.
ANALOGIA
• Casos parecidos devem ser julgados de maneira semelhante, ou seja, 
aplicar à hipótese não prevista especialmente em lei dispositivo relativo a 
caso semelhante;
• Exemplo: No caso “A” foi aplicada a regra jurídica "B"; mas em no caso “C”, 
onde a lei é omissa, por ser similar ao caso "A", foi solucionado aplicando-
se a mesma regra "B";
• OBS: No Direito Penal e Tributário, a analogia só pode ser aplicada se for em 
benefício da parte.
COSTUMES
• Prática reiterada no tempo que se subtende obrigatória por ausência de 
previsão normativa;
• É composto por um elemento objetivo (reiteração no tempo) e um elemento 
subjetivo (obrigatoriedade social).
• Exemplo: Ex.: cheque pré-datado / pós-datado(Súmula 370 do STJ). Quem 
deposita antes da data determinada, age em abuso de direito (espécie de 
ato ilícito). “Quando a lei for omissa e não for possível preencher a lacuna 
pela analogia, poderá o magistrado dirimir o conflito através dos usos e 
costumes de um determinado lugar“.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
• Os princípios são vetores valorativos de onde surge a base do ordenamento 
jurídico. É o alicerce do Direito que irradia diferentes normas, compondo-o 
e servindo de critério para a sua exata compreensão;
• No passado, não tinham força de norma jurídica, eram orientações morais 
ou políticas, sugestões, ideias de direção. Com o passar do tempo e com a 
evolução do Direito, os princípios foram reconhecidos como verdadeiras 
normas com eficácia jurídica e aplicabilidade direta e imediata. 
• Exemplo: Princípio da Liberdade, Princípio da Igualdade, Princípio da 
Legalidade...;
INTERPRETAÇÃO DA 
NORMA JURÍDICA
“interpretação” significa determinar o sentido e o alcance da norma jurídica.
INTERPRETAÇÃO
QUANTO AO SUJEITO:
• a) doutrinária - que assume caráter de atividade científica, ajudando a 
própria lei a evoluir; 
• b) autêntica – praticada pelo próprio poder que legisla, impondo-se como 
lei nova, que reproduz ou explica a lei anterior, ou seja, declara de maneira 
formal e obrigatória como deve ser compreendida a lei anterior;
• c) judicial – realizada pelo judiciário quando da aplicação da lei
INTERPRETAÇÃO, QUANTO AO MODO:
• a) gramatical ou filológica – é a que toma por base o significado das palavras da lei e sua função 
gramatical, constituindo-se como o primeiro passo para se interpretar, não podendo ser o único 
método aplicado, pois não considera a unidade que constitui o ordenamento jurídico e sua 
adequação à realidade social; 
• b) lógico-sistemática – que leva em consideração o sistema em que se insere o texto e procura 
estabelecer a concatenação entre este e os demais elementos da própria lei, do respectivo ramo do 
direito ou do ordenamento jurídico geral, supondo a unidade e coerência do sistema jurídico; 
• c) histórica – que se baseia na investigação dos antecedentes da norma, seja do processo 
legislativo, desde o projeto de lei, justificativa, exposição de motivos, emendas, discussão etc, seja 
dos antecedentes históricos (leis anteriores) e condições que a precederam, além do estudo da 
legislação comparada, averiguando se há influência direta ou indireta do direito estrangeiro; 
• d) sociológica – que se baseia na adaptação do sentido da lei às realidades e necessidades sociais 
(art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil – “Na aplicação da lei o Juiz atenderá aos fins sociais a 
que ela se dirige e às exigências do bem comum”
INTERPRETAÇÃO, QUANTO AO RESULTADO:
• a) declarativa – que se limita a declarar o pensamento expresso na lei;
• b) extensiva – que amplia o alcance da norma para além dos seus 
termos, partindo do pressuposto de que o legislador escreveu menos do 
que queria dizer; 
• c) restritiva - que parte do pressuposto de que o legislador escreveu mais 
do que realmente pretendia, diminuindo o alcance da lei.
HIERARQUIA DAS NORMAS
• No direito existe uma rígida construção do ordenamento jurídico, de modo que as 
normas jurídicas estarão dispostas em grau hierárquico estático. A construção normativa 
do sistema será feita por um conjunto de normas, onde umas serão superiores e outras 
inferiores.
• A norma já nasce com sua disposição no escalonamento previamente definida, 
independentemente de seu conteúdo material. 
• Esse critério é formal, posto que é a forma de produção da norma que vai determinar a 
posição da norma dentro do sistema hierárquico, se superior ou inferior às demais.
HIERARQUIA DAS 
NORMAS
• O ordenamento jurídico de um determinado Estado consiste em um sistema 
unitário de normas em perfeita harmonia umas com as outras, formando um todo 
coerente. 
• Assim, de acordo com a teoria do escalonamento das normas, elaborada por 
Kelsen, pode-se afirmar que o núcleo da unidade de um ordenamento jurídico é 
que as normas desse ordenamento não estão todas no mesmo plano. 
• Bobbio (1999:49), adotando os ensinamento de Kelsen, pondera que “há normas 
superiores e normas inferiores. As inferiores dependem das superiores. Subindo 
das normas inferiores àquelas que se encontram mais acima, chega-se a uma 
norma suprema, que não depende de nenhuma outra norma superior, e sobre a 
qual repousa a unidade do ordenamento. Essa norma suprema é a norma 
fundamental.”
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S • vamos encontrar em seu ápice a norma suprema, fundamental, da qual todas as 
outras normas dependem e retiram sua eficácia e validade.
• a norma suprema, ou seja, a norma que dá legitimidade ao comando normativo e da 
qual todo o ordenamento jurídico depende.
• Mais uma vez, recorrendo-se aos ensinamentos de Bobbio (1999 : 58/59), extrai-se 
que “dado o poder constituinte como poder último, devemos pressupor, portanto, 
uma norma que atribua ao poder constituinte a faculdade de produzir normas 
jurídicas: essa norma é a norma fundamental.” 
• Nesse sentido, tal norma pode ser formulada da seguinte maneira: 
• “O poder constituinte está autorizado a estabelecer normas obrigatórias para 
toda a coletividade.”
HIERARQUIA DAS 
NORMAS
• Nos regimes políticos 
baseados na federação, 
as leis se distinguem em 
federais, estaduais e 
municipais. 
HIERARQUIA DAS NORMAS
• Assim, num ordenamento jurídico pode-se verificar a existência de um sistema 
escalonado de normas seguindo uma dada hierarquia, na qual as normas inferiores 
devem estar em conformidade com as normas superiores, e esta conformidade se 
traduz em dois princípios: o da constitucionalidade e o da legalidade”.
• Pelo princípio da constitucionalidade, todas as normas inferiores devem estar em 
conformidade com a Constituição Federal. 
• E o princípio da legalidade determina que os atos executivos e judiciais devam 
estar em conformidade com a lei, enquanto estas devam subordinar-se entre si.
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• Assim, e de acordo com os doutrinadores já mencionados, pode-se concluir 
que existe uma hierarquia entre as normas, que podem ser assim 
escalonadas:
• Norma fundamental;
• Constituição Federal;
• Lei; (Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória, 
Decreto Legislativo e Resolução);
• Decretos Regulamentadores do Poder Executivo;
• Outros diplomas dotados de menor extensão de eficácia e mais tênue 
intensidade normativa.

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