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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
Títulos de Crédito
Livro Eletrônico
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Títulos de Crédito
DIREITO CIVIL
Renato Borelli
Sumário
Apresentação .....................................................................................................................................................................3
Títulos de Crédito .............................................................................................................................................................4
1. Títulos de Crédito .........................................................................................................................................................4
1.1. Aspectos Introdutórios: Noções Básicas, Legislação e Evolução Histórica .........................4
1.2. Conceito .........................................................................................................................................................................5
1.3. Função dos Títulos de Créditos .......................................................................................................................7
1.4. Princípios do Direito Cambiário .......................................................................................................................8
1.4. Natureza da Obrigação Cambial ................................................................................................................... 10
1.5. Classificação dos Títulos de Crédito ..........................................................................................................12
1.6. A Informática e o Futuro do Direito Cambiário .....................................................................................14
1.7. Rigor Cambiário ......................................................................................................................................................14
1.8. Títulos de Crédito em Espécie ........................................................................................................................15
1.9. Títulos de Crédito e Financiamento Rural, Industrial, Comercial e Imobiliário ................36
1.10. Protesto ...................................................................................................................................................................38
1.11. Ação Cambial ...........................................................................................................................................................51
Questões de Concurso ...............................................................................................................................................52
Gabarito ..............................................................................................................................................................................68
Gabarito Comentado ................................................................................................................................................... 69
Referências ......................................................................................................................................................................113
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Títulos de Crédito
DIREITO CIVIL
Renato Borelli
ApresentAção
Hoje trataremos dos aspectos que permeiam o denominado Direito Cambial (ou Cambiá-
rio), que tem por objeto o estudo dos Títulos de Crédito.
Dito disso, desejo a vocês uma boa leitura e sucesso nos estudos!
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Títulos de Crédito
DIREITO CIVIL
Renato Borelli
TÍTULOS DE CRÉDITO
1. títulos de Crédito
1.1. AspeCtos introdutórios: noções BásiCAs, legislAção e evolução 
HistóriCA
Em poucas palavras, os títulos de crédito podem ser entendidos como instrumentos co-
merciais criados pelo homem para tornar as trocas de bens, mercadorias, produtos e créditos 
mais rápidas e seguras1.
Segundo o nosso Código Civil2, adotando o conceito criado pelo jurista italiano Cesare 
Vivante, os títulos de crédito são documentos necessários ao exercício dos direitos literais e 
autônomos neles contidos, e que somente produzem efeitos quando preenchidos os requisitos 
previstos em lei.
E por falar em legislação aplicável, devemos nos atentar, de início, aos diferentes diplomas 
legais que têm incidência sobre a matéria, de acordo com a espécie do título de crédito com o 
qual estejamos lidando, a saber:
• Letras de câmbio e notas promissórias – Decreto n. 57.663/1966 (Lei Uniforme de Gene-
bra — LUG);
• Cheques – Lei n. 7.357/1985; e
• Duplicatas – Lei n. 5.474/1968.
Diante disso, pergunta-se: Mas e as regras do Código Civil, não devem ser observadas?
Pois bem, as regras trazidas pelo Código Civil de 2002 devem sim ser observadas, porém, a 
sua aplicação aos títulos de crédito possui caráter subsidiário, conforme o disposto no próprio 
art. 903 da nossa Lei Civil3.
Dito isso, devemos prosseguir para entender que os títulos cambiais representam obriga-
ções de natureza eminentemente pecuniária. Não se confundem com a obrigação em si. Nes-
se contexto, as obrigações representadas em um título de crédito ou têm origem extracambial, 
como é o caso daquelas originadas a partir da celebração de contratos, ou têm origem exclu-
sivamente cambial, como na obrigação de um avalista, por exemplo.
O credor de uma obrigação representada por um título de crédito tem direitos, de conteúdo 
operacional, diversos daqueles que teria se a mesma obrigação não se encontrasse represen-
tada por um título de crédito. Isso porque, além do título crédito possibilitar uma negociação 
1 RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. p. 530.
2 “Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz 
efeito quando preencha os requisitos da lei.”
3 “Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.”
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Títulos de Crédito
DIREITO CIVIL
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mais fácil do crédito decorrente da obrigação representada – isto é, do crédito “nele contido” –, 
sua cobrança judicial é mais eficiente e célere.
A essas circunstâncias especiais costuma a doutrina se referir como os atributos dos títu-
los de crédito, denominados, respectivamente, de negociabilidade (que se traduz na facilidade 
de negociação) e executividade (relacionada à maior eficiência na cobrança).
Dessa forma, portanto, há um regime jurídico-cambial próprio no Direito brasileiro, o qual 
estabelece regras que dão à pessoa que detém inicialmente o crédito (ou para quem o crédito 
é transferido) maiores garantias do que as do regime civil convencional.
Entretanto, para termos uma noção completa de como o assunto é disciplinado hoje no 
ordenamento jurídico pátrio, necessário retomarmoso desenvolvimento histórico dos títulos 
de crédito. Nesse sentido, ainda que a origem do direito cambial se remeta à Idade Média, dou-
trinária e didaticamente, entende-se que quatro foram, ou são as fases do Direito Cambiário:
i. Período Italiano – Até 1650: mercadores das cidades italianas, diante da necessidade de 
operarem com moedas diferentes em praças diversas, deram origem às letras de câmbio;
ii. Período Francês – De 1650 até 1848: Surge a figura do endosso e as letras de câmbio 
deixam de ser instrumentos de pagamento para se tornarem instrumentos de crédito;
iii. Período Germânico – De 1848 até 1930: São codificadas as normas disciplinadoras das 
letras cambial, separando-as das normas de direito comum; É criada, a partir disso, uma prote-
ção especial ao terceiro adquirente de boa-fé, como forma de garantir a circulação do título; e
iv. Período Uniforme – São aprovadas, em 1930, as leis uniformes genebrinas sobre letras de 
câmbio e notas promissórias, e, em 1931, sobre cheques.
1.2. ConCeito
Como vimos, o nosso Código Civil adotou um conceito de título de crédito muito próxi-
mo à literalidade daquele inaugurado pelo italiano Cesare Vivante, para o qual estes se apre-
sentam como “documentos necessários para o exercício do direito literal e autônomo neles 
mencionados”.
Dizemos “muito próximo” tendo em vista uma pequena diferença semântica existente entre 
os termos “contido”, adotado pelo Código Civil, e “mencionado”, utilizado por Vivante. Diferen-
ça essa que se apresenta suficientemente relevante para suscitar críticas e comentários por 
parcela da doutrina, para quem houve equívoco quando da adoção do termo “contido” visto que 
o título não “contém” propriamente um crédito, mas tão somente o “menciona”.
Prosseguindo, impende ressaltarmos, mais uma vez, que as disposições constantes do 
CC/2002 não se aplicam às seguintes espécies de títulos de crédito: letras de câmbio, notas 
promissórias, cheques e duplicatas. Isso porque, como dito, o artigo 903 da Lei Civil afirma que 
que estão ressalvadas as leis especiais. As regras do CC/2002, desse modo, são supletivas 
às leis especiais, isto é, só têm aplicação no silêncio de tais legislações específicas. Exemplo: 
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Títulos de Crédito
DIREITO CIVIL
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O aval parcial, segundo o Código Civil, não é possível. Todavia, existem leis especiais que o 
permitem. Logo, não incidirá, para esses casos, a regência do CC/2002.
Entendemos, de outro lado, que as normas contidas no CC/2002 são naturalmente 
aplicáveis:
a) aos títulos de crédito cuja legislação de regência não determine a aplicação subsidiária da 
legislação sobre as letras de câmbio e notas promissórias, ou de qualquer outra lei sobre deter-
minado título;
b) aos títulos nominados, quando a lei de regência for silente sobre determinada matéria, como, 
por exemplo, título escritural (art. 889, § 3º, do CC/2002).
Comentando o art. 903 do CC/2002, já mencionado, Gustavo Tepedino afirma que há duas 
possibilidades para interpretação de tal artigo:
1) A primeira delas leva a crer que o Código pretendeu regular os chamados títulos de crédito 
atípicos ou inominados, isto é, aqueles que não encontram regulamentação expressa em leis, de 
modo que fixou requisitos mínimos dos títulos de crédito (na realidade, quis o autor referir-se aos 
títulos não regulados, na conceituação de Fábio Ulhoa Coelho);
2) A segunda pretende nos dizer que o a Lei Civil quis estabelecer uma teoria geral dos títulos 
de crédito, de modo que, quando não forem aplicáveis normas constantes de legislações espe-
ciais, incidirão as suas próprias regras. A crítica acerca de tal interpretação está em observar 
que quase todas as matérias que o CC/2002 regula já se encontram previstas também em leis 
especiais; regulou de forma contraditória, porém em relação à proibição quanto ao aval parcial, 
por exemplo.
Fabio Ulhoa Coelho, por sua vez, sustenta que as normas sobre títulos de crédito encontra-
das no CC/2002 se aplicam apenas aos títulos que não possuírem na lei específica a definição 
das regras pertinentes. É o que o autor denomina de título de crédito não regulado. Observa, 
contudo, que não há atualmente no direito brasileiro nenhum título de crédito sob tal condição.
Para alguns tecnólogos (continua Fabio Ulhoa Coelho), encontra-se no artigo 903 do Códi-
go Civil a disciplina dos títulos de crédito atípicos ou inominados. Ocorre que referidos títulos 
são aqueles comumente criados por particulares, independentemente de específica previsão 
em lei. A maior dificuldade que a tese da introdução dos títulos atípicos no direito positivo na-
cional enfrenta, portanto, é a da identificação desses títulos e, via de consequência, da aferição 
de sua validade jurídica.
Nesse contexto, como saber, diante de uma declaração de vontade de pagar quantia líquida, 
se o instrumento que a materializa é um título de crédito atípico ou um contrato atípico?
Pois bem, a resposta está na identificação da chamada cláusula cambiária, que, como 
veremos adiante, trata-se de um elemento que identifica um documento como um título de 
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crédito, nomeando-o; para os títulos de crédito inominados, porém, é evidente que não se pode 
estabelecer uma formalidade equivalente, porque eles costumam surgir de hábitos informais 
na prática cotidiana dos negócios.
O CC/2002 não introduziu, nesse aspecto, a disciplina dos títulos de crédito inominados. 
Eles continuam regidos pelas respectivas normas consuetudinárias, ou seja, pelos costumes.
Antes de avançarmos, devemos destacar que as normas do CC/2002 sobre títulos de cré-
dito se diferem das especiais, como as aplicáveis às letras de cambito, nos seguintes pontos:
1) proibição das cláusulas de juros, “não à ordem”, e exoneração de despesas;
2) admissibilidade de títulos ao portador, se autorizado pela lei específica;
3) não-vinculação do endossante ao pagamento do título como regra;
4) não cabimento de aval parcial;
5) títulos nominativos, que são os emitidos em favor de pessoa cujo nome conste do registro 
do emitente (art. 921), não se cuidando de identificação do credor no próprio título, como ocorre 
com a letra de cambio, mas sim em assentamentos externos à cártula.
1.3. Função dos títulos de Créditos
A função primordial dos títulos de crédito é a de permitir a mobilidade de um crédito. Sua 
finalidade é, portanto, a circulação.
O título de crédito só é verdadeiramente tal quando possível a sua circulação. Fora daí, ele 
deve ser visto mais como documento, do que como título propriamente dito. Essa visão, aliás, 
tem sido acolhida, inclusive, pela própria jurisprudência, que não mais aceita o documento 
formal como meio de o credor se beneficiar de uma situação de abstração ou de autonomia.
Assim é que, em muitos casos, demonstrado que o título foi criado não para atender à sua 
função primordial de circulação e mobilização de um crédito, tem-se deixado de aplicar certos 
princípios favoráveis ao credor.
São conhecidos acórdãos que veem em notas promissórias emitidas unicamente como 
garantia de certos contratos de financiamento, ou de abertura de crédito, não mais um títu-
lo abstrato, mas um documento representativo de um direito, para cujo exercício se impõe a 
demonstraçãoda origem do débito. Por exemplo: as notas promissórias emitidas em branco 
pelos titulares de contas com cheque especial, modalidade do contrato de abertura de crédito.
Nesses casos, a cártula é preenchida pela própria instituição financeira (ainda que tal práti-
ca seja vedada, vide Súmula 604 do Superior Tribunal de Justiça), englobando todos os débitos 
constantes da conta, com os encargos contratuais. Ao executar apenas o título, o banco, em 
verdade, não está se utilizando do mesmo em sua função, mas como forma de impedir ou 
dificultar ao extremo a defesa do executado, pois se executasse o contrato teria de anexar os 
demonstrativos contábeis.
4 É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste.
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Por tal motivo, muitos comercialistas não veem como incorretas decisões que não aceitam 
o título para execução nessas condições, de modo a exigir a comprovação da origem dos dé-
bitos mediante a anexação do contrato e dos demonstrativos contábeis.
1.4. prinCípios do direito CAmBiário
Segundo a melhor doutrina são princípios do direito cambiário a cartularidade, a literalida-
de e a autonomia, que se subdivide na abstração e na inoponibilidade de exceções a terceiros 
de boa-fé. Vejamos cada um deles:
• Cartularidade (ou documentalidade)
Cártula é sinônimo de documento, isto é, de um título, de um direito textualmente registra-
do em meio físico. Nesse cenário, pode-se afirmar que o exercício dos direitos representados 
por um título de crédito pressupõe a sua posse. Quem não se encontra com o título em sua 
posse, não se presume credor.
Com efeito, o princípio da cartularidade é uma garantia de que o sujeito que postula a sa-
tisfação do crédito é mesmo o seu titular, isto é, é uma garantia de que o próprio credor não 
negociou previamente o crédito dele constante. Aqui, vale destacar que cópias reprográficas, 
ainda que autênticas (ou autenticadas) não conferem a mesma garantia que o título original.
Um exemplo da aplicação do princípio da cartularidade, portanto, é a exigência da exibição 
do original do título na petição inicial de uma ação de execução. Aqui, vale um jargão muito pre-
sentes nos livros que remetem à história dos títulos cambiais, segundo o qual “o que importa 
é a cártula!”
Antes de seguirmos adiante, devemos observar que, mais recentemente, algumas exce-
ções ao princípio da cartularidade têm ganhado força no ordenamento jurídico contemporâ-
neo, reflexos da globalização e da evolução dos instrumentos de comércio ao redor do mundo:
a) Nos negócios mercantis, diante da necessidade de maior informalidade, tem se aceitado 
como possível execução de um crédito representado por duplicatas, em alguns casos, mesmo 
sem apresentação da cártula respectiva;
b) No que se refere à informatização, tem se observado a disseminação de títulos de crédito 
não cartularizados. Nesse aspecto, o Código Civil, ainda que tenha sido editado em 2002, já 
admitia, desde a sua promulgação, o título de crédito virtual, vide o § 3º do art. 889, segundo 
o qual “o título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio téc-
nico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos 
previstos neste artigo”.
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• Literalidade
Pela literalidade, somente produzem efeitos jurídico-cambiais os atos lançados no próprio 
título de crédito. A quitação da obrigação, do crédito respectivo, deve, necessariamente, estar 
representada por meio de uma manifestação de vontade escrita no corpo do título. Atos do-
cumentados em instrumentos apartados, ainda que válidos e eficazes entre os sujeitos direta-
mente envolvidos (p. ex. o aval concedido fora do título, que pode ser tido como fiança), não 
produzirão efeitos perante o portador da cártula.
Todavia, também há exceções nesse contexto, tais como as relacionadas à quitação de 
duplicatas, que pode ser dada em documento em separado.
• Autonomia
Quando um único título representa mais de uma obrigação (do emitente, do avalista, do en-
dossante, dentre outros) a eventual invalidade de qualquer delas não prejudica as demais. As-
sim, por exemplo, a obrigação de um avalista subsiste ainda que seja nula a obrigação do ava-
lizado, salvo se a nulidade decorrer de um vício de forma, na medida em que o avalista não tem 
a mesma obrigação do avalizado, mas sim uma obrigação autônoma, com existência própria.
As implicações do princípio da autonomia representam a garantia efetiva de circulabilidade 
do título de crédito. De modo que o terceiro descontador não precisa investigar as condições 
em que o crédito foi transacionado.
Tal princípio, para sua melhor compreensão, é didaticamente desdobrado em dois subprin-
cípios, a saber:
−	 Abstração
Segundo o princípio da abstração, o título de crédito se desvincula da relação fundamental 
que lhe deu origem. Se houve algum vício na causa que originou o título, não haverá prejuízo às 
obrigações nele constantes. A abstração, nesse contexto, somente se verifica quando o título 
de fato circula para um terceiro de boa-fé, que não tem ciência de eventuais defeitos existentes 
no negócio que o originou.
Nada obstante, deve-se observar que as relações causal e cartular não se confundem, 
embora coexistam harmonicamente. Isso porque, a criação do título de crédito não implica no-
vação no que se refere à relação causal (obrigacional), vez que esta não se extingue. A relação 
causal enseja uma ação extracambiária (ações de cobrança, p. ex.), ao passo que a relação 
cartular enseja uma ação cambiária.
Outrossim, devemos ressaltar que, ainda que todos os títulos de crédito sejam autônomos, 
nem todos são verdadeiramente abstratos. Explico: Determinados títulos de crédito podem 
resultar de uma qualquer causa, isto é, de um fato jurídico determinado, ainda que dele se 
libertem após a sua criação. Todavia, isso não ocorre com os chamados títulos causais (dupli-
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cata, por exemplo), os quais, embora também possam ser colocados em circulação, mantêm 
vínculos intrínsecos com a causa que lhes deu origem.
−	 Inoponibilidade de Exceções a Terceiros de Boa-fé
Pela inoponibilidade, o executado em virtude de um título de crédito não pode alegar maté-
ria de defesa estranha à sua relação direta com o exequente, salvo comprovada má-fé. Ou seja, 
não poderá lhe opor exceções pessoais (que tinha contra o antigo credor), salvo se o terceiro 
se tratar de um adquirente de má-fé.
Portanto, não pode ser oposto, pelo executado, um vício da relação causal contra o terceiro 
de boa-fé. Se o título não circular, ele está preso à relação causal, ainda que possa ser oposto 
um vício formal.
1.4. nAturezA dA oBrigAção CAmBiAl
A obrigação cambial (ou cambiária) resulta de uma declaraçãounilateral de vontade por 
parte do subscritor do título e não de um contrato celebrado com o beneficiário.
Outrossim, para a Lei que rege as relações cambiárias, os devedores de um título de crédito 
são solidários entre si.
Nesse sentido, o artigo 47 da Lei Uniforme de Genebra — LUG nos ensina que:
“Os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra são todos solidariamente respon-
sáveis para com o portador. O portador tem o direito de acionar todas estas pessoas individualmen-
te, sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigaram. A ação intentada contra um 
dos coobrigados não impede acionar os outros, mesmo os posteriores àquele que for acionado em 
primeiro lugar.”
Assim, temos que o devedor solidário que paga ao credor a totalidade da dívida poderá 
exigir, em regresso, dos demais devedores a quota-parte cabível a cada um.
Nada obstante, há de se observar, na obrigação cambial, a existência de uma hierarquia 
entre os devedores de um mesmo título. Em relação a cada espécie de título, a lei de regência 
escolhe um dos devedores em cadeia para figurar na situação jurídica de devedor principal, 
reservando aos demais a de codevedores. Na mesma linha de compreensão, mesmo os co-
devedores só têm o direito de cobrar os codevedores que lhes antecedem, e assim por diante.
Várias teorias tentam explicar a natureza dos títulos de crédito como, por exemplo, as teo-
rias contratualistas, para as quais existem contratos entre os envolvidos na relação cambiária, 
e as contrapostas teorias da declaração unilateral de vontade, segundo as quais a fonte da 
obrigação cambiária reside na mera declaração unilateral de vontade de quem apõem sua as-
sinatura no título. Vejamos algumas delas:
Teoria do Contrato com Incerta Pessoa: Essa teoria, adotada por Savigny e seguida por 
Jolly, Goldschmidt e Unger, enuncia que ao emitir um título de crédito, se contrata com alguém 
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que não se sabe quem é, só o vindo a saber no momento da apresentação do título, ou seja, 
quando se verificar a sua exigibilidade. Nesse momento, e apenas a parti dele, é que se desco-
bre quem é o credor do título. Parte Savigny da ideia de que quem emite o título geralmente o 
faz em massa, estando a posse de fato sempre unida à presunção de propriedade.
Teoria do Germe: Enunciada pelo famoso jurista Von Ihering, se baseia na premissa se-
gundo a qual o título seria como um germe que surge nas mãos do devedor, mas que se forma 
quando circula, sendo que esse era o momento da sua concepção. O título só tem sentido se 
posto em circulação, é esse o seu objetivo, sua razão. O credor é, pois, o último portador. Ru-
bens Requião, ao comentar a teoria do germe, afirma que:
“A declaração de vontade do emissor produz imediatamente um vínculo passivo da obrigação, po-
rém não o direito de crédito correspondente; durante a circulação este existe em germe, em poten-
cial, não pertence, porém, ao patrimônio de ninguém. Amadurece quando deixa de circular. Vivante 
a classificou como artificiosa, e pergunta: os milhões de títulos nas Bolsas, objeto do comércio, não 
existem?”
Teoria da Personificação do Título: Formulada por Schweppe e Bekker, declara que o título 
é bastante em si, como se ele mesmo fosse o credor. Quando se assina um título, o devedor 
passa para ele um pouco de si, de sua personalidade, credibilidade e imagem. Como o título 
personifica o credor, quem vai pagá-lo, paga a ele mesmo, ou seja, quando se paga o título é 
porque se quer resgatá-lo, não importando nas mãos de quem ele esteja. A pessoa se reinte-
gra com a aquisição do título que emitiu. Essa teoria foi contestada sob o argumento de que 
não pode haver crédito sem credor, uma vez que as coisas materiais não podem ser sujeitos 
de direitos.
Teoria da Promessa Unilateral: Segundo essa teoria, que tem como precursores Einnert e 
Kuntze, o devedor, ao emitir a cártula, promete sozinho, unilateralmente. Essa teoria inspirou 
um pouco do pensamento moderno, no sentido de que o título não é simples documento pro-
batório, tendo em vista que:
a) é veículo de promessa;
b) a promessa de pagamento é abstrata; independe da relação fundamental;
c) não se trata de um contrato, mas de uma promessa unilateral.
Mesmo assim, surgiu a dúvida se o título seria válido quando é emitido ou quando é criado, 
pois ele poderia ser extorquido.
Apresentadas os diversos (e curiosos) pensamentos desenvolvidos sobre o assunto ao 
longo da história, agora veremos as teorias mais expressivas para o estudo dos títulos de cré-
dito na atualidade:
Teoria da Emissão: Abraçada por Stobbe e Windscheid, preconiza que o emitente do títu-
lo se desvincula do mesmo quando o põe em circulação. Só após o abandono voluntário da 
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posse, seja por ato unilateral, seja por tradição, é que nasce a obrigação do subscritor. Sem 
emissão voluntária não se forma o vínculo.
Teoria da Criação: Formulada por Siegel e Kuntze, defende que o direito deriva da criação 
do título. A vontade do devedor já não importa para tal efeito obrigacional. É o título que cria a 
dívida. Observa Rubens Requião que “a consequência da teoria da criação é severa e grave. O 
título roubado ou perdido, antes da emissão, mas após a criação, leva consigo a obrigação do 
subscritor”.
Teoria do duplo sentido da vontade: Segundo Vivante, autor desta teoria, há dois mundos, 
que não se comunicam: o mundo dos contratos e o mundo dos títulos. O devedor fica no meio 
dos dois. Não se pode trazer o fato de um contratante ter deixado de cumprir sua obrigação 
(no mundo dos contratos) para não pagar aquele que lhe apresentou o título (no mundo dos 
títulos). Assim, em relação ao seu credor, o devedor do título se obriga por uma relação contra-
tual, motivo por que contra ele mantém intactas as defesas pessoais que o direito comum lhe 
assegura; em relação a terceiros, o fundamento da obrigação está na sua firma (do emissor), 
que expressa sua vontade unilateral de obrigar-se, e essa manifestação não deve defraudar as 
esperanças que desperta em sua circulação.
Para o Direito brasileiro... O Código Civil brasileiro incluiu os títulos ao portador entre as 
obrigações por declaração unilateral de vontade.
Resta saber, aqui, se foi adotada a subteoria da emissão (que exige, para o aperfeiçoa-
mento do vínculo cambiário, que o título saia voluntariamente das mãos do subscritor) ou da 
criação (segundo a qual obrigação cambiária do sacador nasce a partir do momento em que 
este apõe sua assinatura no título).
Pois bem, o art. 896 do CC/2002 reza que “o título de crédito não pode ser reivindicado 
do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua 
circulação.”
Portanto, vemos que essa norma claramente adota a teoria da criação, visto que conside-
ra legitimado o portador do título, ainda que tenha sido posto em circulação sem ou contra a 
vontade do emitente, dispondo, assim, da mesma maneira que o artigo 26 da Lei Uniforme de 
Genebra — LUG.
1.5. ClAssiFiCAção dos títulos de Crédito
No que se refere à classificação didática dos títulos de crédito, as mais repetidas pela dou-
trina são as seguintes:
a) Quanto ao Modelo:
• Livre: podem dispor dosrequisitos da melhor forma que aprovem. Ex.: nota promissória 
no caderno.
• Vinculado: além dos requisitos, existe uma padronização a respeito da forma de sua 
emissão (padrão normativamente estabelecido). Ex.: cheque, duplicata.
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b) Quanto à Estrutura:
• Ordem de Pagamento: ordem dada por uma pessoa (sacador) para que outro (sacado) 
pague ao beneficiário (tomador). Ex.: letra de câmbio.
• Promessa de Pagamento: relação direta entre o emitente e o beneficiário. Ex.: nota pro-
missória.
c) Quanto à hipótese de emissão:
• Causal: somente pode ser emitido para documentar determinadas operações. Duplicata 
(prestação de serviço e compra e venda).
• Não-Causal (ou abstratos): pode ser emitido por qualquer causa. Ex.: cheque.
d) Quanto à Circulação:
• Ao Portador: transmitidos por mera tradição;
• Nominativo: à ordem (transmitidos por endosso) ou não à ordem (transmitidos por ces-
são de crédito);
Em uma classificação mais moderna, tem-se que os títulos de crédito podem ser, também, 
ao portador, nominais ou nominativos.
No Brasil, todavia, não se admite mais o título ao portador, exceto se houver previsão ex-
pressa em lei especial (p. ex., artigo 69 da Lei n. 9.069/1995, que autoriza tal hipótese para 
cheques de até R$ 100,00 [cem reais]).
Ponto Especial: Títulos cambiais versus Títulos Cambiariformes
Títulos cambiais, genuínos, são a letra de câmbio e a nota promissória.
Todos os demais títulos de créditos, tais como o cheque e a duplicata, são considerados 
apenas assemelhados ou, como prefere a doutrina encabeçada por Pontes de Miranda, “cam-
biariformes”.
Devemos observar, pois, que as regras aplicáveis às letras de câmbio e às notas promis-
sórias incidem também sobre os títulos cambiariformes, em tudo o que lhes for adequado, 
inclusive quanto à ação de execução.
No Direito brasileiro, são leis especiais que regulam, via de regra, os títulos de crédito, 
algumas usadas em larga escala, outros sem tanta observância nas práticas comerciais. Po-
dem ser mencionados: a letra de câmbio; a nota promissória; o cheque; a duplicata; os títulos 
de crédito rural (nota promissória rural, duplicata rural, cédula rural pignoratícia, cédula rural 
hipotecária, cédula rural pignoratícia e hipotecária e nota de crédito rural); os títulos de crédito 
industrial (cédula de crédito industrial e nota de crédito industrial); as debêntures; os warrants; 
o conhecimento de transportes; as ações; os títulos da dívida pública; a letra imobiliária; e a 
cédula hipotecária. Vemos, assim, que alguns destes são civis e outros, empresariais.
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1.6. A inFormátiCA e o Futuro do direito CAmBiário
No mundo atual, diante de todas as inovações tecnológicas que observamos dia após dia, 
temos que os meios eletrônicos e magnéticos vêm substituindo paulatina e decisivamente os 
meios físicos, como o papel, enquanto suporte no qual se apõem informações. Os registros 
de concessões, cobranças e cumprimentos de créditos comerciais não ficam, por evidente, à 
margem desse processo, ao qual se refere a doutrina pela noção de desmaterialização do título 
de crédito.
É certo que as informações arquivadas em banco de dados magnéticos são a base para a 
expedição de alguns documentos (em papel) relativos à operação, como, por exemplo: quando 
os bancos emitem documentos de quitação de dívida; quando os cartórios de protesto geram 
intimação ao devedor e lavram o instrumento de protesto.
Contudo, há de se atentar ao fato de que nenhum desses papeis constitui um título de cré-
dito, tal qual estudamos até o momento.
Diante desse quadro, vale a pena conferir se são compatíveis os princípios do direito cam-
biário com o processo de desmaterialização do título de crédito.
Quanto ao princípio da cartularidade, por exemplo, se o documento nem sequer é emitido 
(em meio físico), não há sentido algum em se condicionar a cobrança do crédito corresponden-
te à posse de um papel inexistente.
O princípio da literalidade, de igual modo, também não encontra guarida em tal processo 
evolutivo, na medida em que a inexistência de um papel faz com que não se possa limitar fisi-
camente os atos da eficácia cambial do título.
O princípio da autonomia das obrigações cambiais, por fim, é um dos que se apresentam 
compatíveis com a desmaterialização dos títulos de crédito, visto que é a partir dele que o di-
reito poderá reconstruir a disciplina da ágil circulação do crédito, quando não existirem mais 
registros da concessão deste em papel.
1.7. rigor CAmBiário
A Lei enumera os requisitos que devem constar de cada uma das espécies de títulos de 
créditos. Portanto, para valerem como tal, os títulos de crédito devem obedecer a certos requi-
sitos legais.
Sobre o tema, a Súmula 387 do Supremo Tribunal Federal dispõe que “a cambial emitida 
ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da 
cobrança ou do protesto”.
Segundo o art. 891 do Código Civil, por sua vez, temos que “o título de crédito, incompleto 
ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados”.
Assim, é de se ver que o Novo Código Civil adotou o princípio da liberdade de criação e 
emissão de títulos atípicos ou inominados, resultantes da criatividade da praxe empresarial, 
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com base no princípio da livre iniciativa, pedra angular da ordem econômica (CF/1988, artigos 
1º e 170), visando a atender às necessidades econômicas e jurídicas do futuro, tendo em vista 
a origem consuetudinária de toda a atividade mercantil.
Adiante, passaremos à análise das espécies de título de crédito mais importantes para 
provas de Concursos Públicos e Exames afins.
1.8. títulos de Crédito em espéCie
1.8.1. Letra de Câmbio
A letra de câmbio é um título de crédito clássico e que comporta todas as características 
que vimos até então. É mais utilizada em negócios internacionais (comércio exterior), na medi-
da em que, no âmbito interno, é usualmente substituída pela duplicata. Está prevista no Decre-
to n. 57.663/1966 (que regulamente a Lei Uniforme de Genebra — LUG).
Segundo André Luiz Santa Cruz Ramos, “a letra de câmbio é considerada pelos doutrina-
dores como o título mais apropriado para servir de referência no estudo da teoria geral dos atos 
cambiários, em razão de sua estrutura permitir, com mais facilidade, o exame dos aspectos mais 
relevantes relacionados à constituição e à exigibilidade do crédito cambial”5.
Aqui, devemos destacar a importância de uma leitura atenta ao que consta do anexo I da 
LUG (em vigor), sendo que o anexo II estabelece as reservas do que não vige no Brasil, hipótese 
em que deve ser aplicado o Decreto n. 2.044/1908.
Trata-se de uma ordem dada, por escrito, a uma pessoa, para que pague a um beneficiário 
indicado, ou a outrem à ordem deste,uma determinada importância em dinheiro.
Nesse ponto, outras expressões legais (institutos) também merecem ser analisadas (os).
Por saque, entende-se a própria criação da letra de câmbio. O aceite, por seu turno, é o ato 
que vincula o sacado, em momento posterior ao da vinculação do sacador. É, pois, o ato formal 
segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da ordem que lhe é 
dada (vide art. 28). Diz-se, então. Que o aceite é formalizado apenas com a assinatura do sacado 
no título (vide art.25).
Quando o sacado aceita pagar o título, dizemos que ele passa a ser o devedor principal, 
denominando-o, a partir de então, de aceitante. Com efeito, o sacador continua sendo devedor, 
porém não mais o principal.
Quanto ao aceite propriamente, temos que este pode ser parcial ou total. O aceite parcial 
equivale, em verdade, a uma recusa parcial, e pode ser tanto limitativo (do valor constante do 
título) quanto modificativo (de alguns requisitos, tais como o dia de pagamento ou a condição 
deste a alguma ato ou fato).
5 RAMOS, André Luiz Santa Cruz – Direito empresarial/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
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Devemos observar que a recusa do aceite pelo sacado, gera, para a Letra de Câmbio, o seu 
vencimento antecipado. Aqui, tem-se que o tomador do título poderá cobrá-lo integralmente do 
devedor originário (sacador), mesmo que o aceite tenha sido parcial.
Todavia, não poderá o credor, diante do aceite parcial, submeter-se a quaisquer condições, 
restando ao sacador cobrar do sacado, nos termos do seu aceite. Ou seja, o credor não tem 
que ficar submetido a condições impostas pelo sacado.
Ainda segundo a LUG, a recusa do aceite deve ser comprovada por meio de protesto do 
título respectivo (vide art.14).
Agora vejamos alguns aspectos importantes no que se refere ao aceite:
Aceite por procuração – cláusula-mandato – Segundo dispõe o art. 51, inciso VIII, do Códi-
go de Defesa do Consumidor, são nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais 
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que “imponham representante para concluir 
ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor”.
Como vimos, o ato de submeter a letra ao reconhecimento do sacado chama-se apresen-
tação. Se o sacado a reconhece, assinando a letra, torna-se aceitante, obrigado principal pelo 
pagamento.
O sacado somente irá assinar a letra se houver uma relação jurídica entre ele e o sacador.
Vencida a letra, a apresentação não se faz mais para o aceite, mas simplesmente para o 
pagamento, se o portador não decaiu de seus direitos.
A recusa total ou parcial do aceite acarreta o vencimento antecipado da letra, provado pelo 
protesto (art. 43 da LUG). Neste caso, o portador do título pode se voltar contra o sacador, é 
dizer, contra o emitente da letra.
O sacador, destarte, ao emiti-la, pode proibir a apresentação do título para aceite. Nesse 
caso, se o portador não pode apresentá-la para aceite (e, consequentemente, não pode protes-
tar por falta de aceite), fica afastada a possibilidade de vencimento antecipado.
A letra sacada à vista se vence no ato em que o portador a apresenta ao sacado.
Ao sacado é lícito, todavia, pedir ao portador ou detentor que a letra lhe seja reapresentada 
uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação.
Limitação do aceite – O aceite, em princípio, é puro e simples, mas admite que o sacado o 
limite a uma parte da importância sacada. Assim, se o sacado aceita uma letra pela metade de 
seu valor, a limitação resulta em recusa do aceite, mas o aceitante se vincula cambiariamente 
ao pagamento da importância reduzida. É o aceite parcial do qual tratamos há pouco, sendo 
certo que o sacador deverá suportar o pagamento pelo saldo não aceito.
Cancelamento do aceite – A Lei Uniforme admite, também, o cancelamento do aceite, an-
tes da restituição da letra, o que é considerado, então, aceite recusado.
Aceite por intervenção – Em certas condições, a lei permite, ainda, que um estranho à rela-
ção cambiária nela intervenha, para firmar o aceite pelo sacado.
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Aqui, vale esclarecer qual a utilidade da intervenção: é que a recusa do aceite pelo sacado 
pode criar embaraçosas situações para o sacador e os endossadores, pois o portador, em con-
sequência da recusa do aceite pelo sacado, tem o direito de usar do regresso contra o sacador 
ou endossantes, exigindo deles o pagamento da letra, antes mesmo do vencimento.
Prorrogação do prazo de apresentação para aceite – Por fim, podemos afirmar que a de-
cadência ou perda de certos direitos cambiários decorrem da não apresentação ou da tar-
dia apresentação da letra. A Lei Uniforme admite, assim, que, havendo caso fortuito ou força 
maior, possa ser prorrogado o prazo de apresentação para aceite. Cessado o caso fortuito ou 
a força maior, o portador deve apresentar sem demora a letra para aceite, ou para pagamento.
Elementos pessoais da Letra de Câmbio
• SACADOR – É o eminente da letra de câmbio, isto é, quem dá a ordem de pagamento;
• SACADO – É aquele que recebe a ordem de pagamento;
• TOMADOR – É o beneficiário da ordem de pagamento.
Requisitos da Letra de Câmbio
A letra de câmbio é um título de crédito de modelo livre, isto é, pode ser emitida em qualquer 
papel, de todos os tamanhos, porquanto não há modelo de padronização previsto na legislação 
de regência. Basta, portanto, o cumprimento dos requisitos legais para a transformação de um 
simples papel em letra de câmbio. Os requisitos ou elementos da letra de câmbio estão arrola-
dos no artigo 1º da Lei Uniforme de Genebra:
“Artigo 1º – A letra contém:
1 – A palavra “letra” inserta no próprio texto do título é expressa na língua empregada para a redação 
desse título;
2 – O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
3 – O nome daquele que deve pagar (sacado);
4 – A época do pagamento;
5 – A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;
6 – O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga;
7 – A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
8 – A assinatura de quem passa a letra (sacador).”
A doutrina, diante do texto legal em análise, divide os requisitos acima em essenciais e não 
essenciais.
Formas de vencimento da Letra de Câmbio
Segundo o artigo 33 da LUG, temos as seguintes formas de vencimento das Letras 
de Câmbio:
a) à vista: Vencimento a partir da “vista”, isto é, da apresentação;
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b) a dia certo: Vencimento no dia que consta no título, que já está ali fixado;
c) a tempo certo da data (DO SAQUE): Vencimento contado a partir do saque (emissão);
d) a tempo certo da vista (DO ACEITE): Vencimento de acordo com o aceite como marco inicial;
A letra de câmbio deve ser apresentadapara pagamento no dia do seu vencimento. Se for 
apresentada depois do vencimento ocorrerão as seguintes consequências (Decreto não está 
vigendo nesse sentido):
Protesto extemporâneo – dois dias úteis seguintes ao pagamento. Para execução dos 
coobrigados é necessário o protesto do título. Se o protesto não for feito nesse prazo, o credor 
perde o direito de cobrança em relação aos coobrigados, na verdade, hoje em dia, o protesto 
assumiu um papel muito maior de meio de coerção extrajudicial. Mas, juridicamente a sua fi-
nalidade é permitir a cobrança principal não precisa de protesto.
Artigo 70, da lei uniforme, estabelece três prazos prescricionais:
a) 03 anos contra o devedor principal, o aceitante e seu analista; senão houver aceite, será o 
sacador. Prazo contado do vencimento da letra.
b) 01 ano contra o sacador, endossantes e avalistas, contando do protesto.
c) 06 meses para o regresso entre endossantes e sacador, contados de quando foi efetuado o 
pagamento.
Endosso da Letra de Câmbio
O endosso é o ato unilateral de vontade de transferência dos direitos referentes aos títulos 
de crédito à ordem (artigo 14, primeiro parágrafo, da LUG). Não obstante, a transferência por 
endosso só é completa quando há a tradição do título (vide artigo 910, § 2º, do CC/2002).
É entendido como ato cambiário que opera a transferência e vinculação dos direitos ineren-
tes ao título de crédito. Nesse sentido, vale dizer que não existe endosso parcial.
O endosso deve sempre constar do título (em nome da cartularidade – vide art. 13 da LUG). 
O local próprio apropriado é, pois, o verso do título, não precisando de indicação do ato. Se 
feito na frente, todavia, deverá constar como endosso.
As partes envolvidas no endosso são as seguintes:
• ENDOSSANTE – aquele que transfere por endosso;
• ENDOSSATÁRIO – aquele que recebe o título por endosso;
Outrossim, devemos observar que o endosso pode ser em preto (indicando a pessoa a 
quem é transferido o título) ou em branco (não indicando a pessoa a quem é transferido o título).
Acerca da responsabilidade do endossante, temos que o endossante é responsável pelo 
aceite e pagamento do título, salvo se registrar que endosso é sem garantia – art. 15, da 
Lei Uniforme.
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Títulos de Crédito
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Na jurisprudência, o Superior Tribunal de Justiça, apreciando a temática, já editou as Sú-
mulas 475 e 476, que dispõem, respectivamente, que:
JURISPRUDÊNCIA
“Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe 
por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, 
ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas.”; e que
“O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decor-
rentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário.”
Com efeito, o endosso vincula o endossante ao pagamento do título de crédito, pois ele 
também vincula o endossante ao pagamento; existe uma solidariedade cambial, que consiste 
no fato de quem paga poder cobrar tudo do devedor principal, não participação da obrigação.
Outras espécies de endosso são:
Endosso pleno – transferência e vínculo;
Endosso sem garantia – transferência, mas sem o vínculo do pagamento, que consta no título: 
“pague-se sem garantia”;
Endossos impróprios:
Endosso caução – títulos de crédito dados em garantia a outro negócio. Não há a transferência 
do crédito. Trata-se de garantia. “Pague-se em garantia”;
Endosso mandato – quando o credor não tem disponibilidade para exigir o crédito, então ele 
transfere para outra pessoa a titularidade para receber em seu nome: “Pague-se por procura-
ção”; o mandatário somente irá receber o valor e passar para o credor. Não há transferência do 
crédito. O endossatário-mandatário não tem legitimidade para ingressar em juízo cobrando o 
crédito;
O protesto, aqui, é ato necessário para garantir o direito de regresso contra os endossantes e 
seus avalistas.
Prosseguindo, temos que o endosso é o meio pelo qual se processa a transferência do 
título de um credor para outro.
Segundo o art. 893 do CC/2002, “a transferência do título de crédito implica a de todos os 
direitos que lhe são inerentes”. Não se confunde, pois, com a cessão de crédito, tendo em vista 
apresentarem as seguintes distinções:
a) o endosso é ato unilateral de declaração de vontade, enquanto a cessão é um contrato bila-
teral;
b) a nulidade de um endosso não afeta os endossos posteriores; na cessão, a nulidade de uma 
acarreta a das posteriores;
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Títulos de Crédito
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c) o endossatário não pode opor exceção senão diretamente contra o endossante que lhe trans-
feriu o título; na cessão, o devedor pode opor ao cessionário a mesma defesa que teria contra 
o cedente (de acordo com o art. 294 do Código Civil, o devedor pode opor tanto ao cessionário 
como ao cedente as exceções que lhe competirem no momento em que tiver conhecimento da 
cessão).
Aval da Letra de Câmbio
O aval se trata de uma obrigação cambiária assumida por alguém no intuito de garantir 
o pagamento de título de crédito nas mesmas condições de outro obrigado. É, pois, um ato 
cambial de garantia, que pode ser total ou parcial (art. 30). Somente se verifica no âmbito dos 
títulos de crédito; em contratos, a garantia é a fiança.
As partes envolvidas podem ser assim definidas:
AVALISTA – aquele que oferece a garantia.
AVALIZADO – aquele que recebe a garantia, é o devedor original do título de crédito.
Semelhantemente ao que ocorre no endosso, aqui também pode-se indicar a quem é dada 
a garantia – aval em preto (identifica o avalizado) – ou não – aval em branco (não identifica 
o avalizado). O aval em branco deve ser lançado na frente do título e é oferecido em favor do 
sacador (art. 31).
O local apropriado é na frente (no anverso) da Letra de Câmbio. Se feito no verso, o aval 
deverá ser identificado como tal. Sendo feito em branco na frente do título, o sacador é o ava-
lizado. Para avalizar o sacado, deve ser em preto.
O avalista responde da mesma forma que o avalizado (art. 32).
Características do aval
a. Equivalência – o avalista é obrigado nos mesmos termos que o avalizado (exceto se o 
aval for parcial). Não há benefício de ordem e pode ser acionado isoladamente.
b. Autonomia – a obrigação do avalista independe da obrigação do avalizado. Mesmo que 
a relação do avalizado for nula, a do avalista permanece, mesmo que a do avalizado não.
Ponto Especial: Aval versus Fiança
AVAL FIANÇA
É autônomo. A obrigação do avalista persiste 
mesmo com a nulidade do avalizado.
É acessória. A nulidade da obrigação do 
afiançado abrange a obrigação do fiador.
Não há benefício de ordem. Há benefício de ordem (fiador indica bens livres e desembaraçados do afiançado).
Não era necessária a outorga uxória. Com 
o novo CC/2002 exige a outorga, exceto se 
houver o regime de separação de bens.
Antes existia a necessidade de outorga 
uxória. Com o novo CC/2002 permanece a 
exigência da outorga uxória.
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Segundo o art. 897 do CC/2002, o pagamento de título de crédito, que contenha obrigação 
de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.
Outrossim, conforme a Súmula 26 do Superior Tribunal de Justiça, “o avalista do título de 
crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando 
no contrato figurar como devedor solidário”.
O aval é a garantia de pagamento da letra de câmbio, dada por um terceiro ou mesmo por 
um de seus signatários. O aval é materialmente autônomo, mas formalmente dependente.
O avalista, se executado, não pode se opor ao pagamento, fundado em matéria atinente à 
origem do título. Recorde-se que nenhum obrigado pode opor ao exequente as exceções pes-
soais de outro devedor. O Supremo Tribunal Federal já afirmou que
JURISPRUDÊNCIA
“não cabe ao avalista defender-se com exceções próprias do avalizado, esclarecendo que 
sua defesa, quando não se funda em defeito formal do título, ou em falta de requisito para 
o exercício da ação, somente pode assentar em direito pessoal seu” (RE n. 67.378, in RTJ 
57/474).
Observe-se, ainda, a seguinte ementa, constante da Revista dos Tribunais:
“Execução proposta contra o avalista – Pagamento parcial da dívida alegado em embargos – Ex-
ceção respeitante às condições objetivas e materiais do direito de crédito – Oposição admissível, 
eis que equiparado ao coobrigado – Incomunicabilidade apenas das que respeitem à pessoa do 
avalizado. (...) Se isso lhe fosse vedado [ao avalista], ficaria em posição inferior ao do avalizado”.
Mulher casada e embargos de terceiro em defesa de sua meação – aval prestado pelo ma-
rido: a meação da mulher não responde pela dívida contraída pelo marido, salvo se avalizada 
era a empresa deste e se o empréstimo reverteu em benefício da família.
Da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, extraímos que
JURISPRUDÊNCIA
“não é necessária prévia autorização do cônjuge para que a pessoa preste aval em títulos 
de crédito típicos” (cf. REsp 1.526.560/MG, 3ª Turma, da relatoria do min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, DJ 16/03/2017 – Info 604; REsp 1.633.399/SP, 4ª Turma, da relatoria do 
min. Luis Felipe Salomão, DJ 10/11/2016).
Ademais, quanto ao aval prestado com infringência do contrato social, o STJ também já 
decidiu que é válido
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JURISPRUDÊNCIA
“perante terceiros de boa fé. (...) A proibição de prestar aval, estabelecida no contrato, é 
válida somente entre sócios e obrigados, não sendo oponível a terceiros de boa-fé”.
Aval antecipado – o aval pode anteceder o aceite ou o endosso, ainda não lançados no títu-
lo. A respeito do aval aposto antes do aceite, cumpre salientar que a recusa total ou parcial do 
aceite nenhuma influência exercerá sobre a responsabilidade do avalista, que independente-
mente do aceite assumiu a obrigação de garantir o pagamento do título. Diferentemente ocorre 
com o avalista antecipado de endosso: se o endosso não se realizar, nenhuma obrigação se 
originou para o avalista do endossante.
Pagamento da Letra de Câmbio
A letra de câmbio é uma obrigação quérable por natureza, pois o devedor, no dia do venci-
mento, não sabe nas mãos de quem e onde se encontra o título. O portador deve ir ao devedor 
apresentar o título para pagamento.
A Lei Uniforme dispõe que a letra deve ser apresentada para pagamento no dia do venci-
mento ou em um dos dois dias subsequentes. O Brasil, todavia, usou da reserva, razão pela 
qual, em relação às letras pagáveis em seu território, deverá o portador fazer a apresentação 
no próprio dia do vencimento.
Tal regra, evidentemente, não se aplica às letras à vista, as quais podem ser apresentadas 
em qualquer momento, no prazo de um ano.
Efeitos da não-apresentação – O portador que não apresentar a letra para pagamento, seja 
qual for a modalidade de prazo de vencimento, na época determinada, perde, em consequên-
cia, o direito de regresso contra o sacador, endossadores e respectivos avalistas. Expirado o 
prazo de apresentação para pagamento, o portador somente terá direito de ação contra o acei-
tante (e respectivo avalista).
Em consequência de o título ser documento essencial para o exercício do direito, a sua 
posse em mãos do devedor presume o pagamento. Tal presunção, contudo, admite prova em 
contrário (pode ser que haja o título sido roubado ou extraviado).
O portador não pode recusar o pagamento que se lhe queira efetuar, seja total ou parcial, se 
for oferecido no dia do vencimento (no direito civil, o credor pode recusar o pagamento parcial). 
Art. 902, § 1º, CC: no vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial.
O pagamento antecipado, seja total ou parcial, pode ser recusado. Art. 902 CC: não é o cre-
dor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título, e aquele que o paga, antes 
do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento.
Verificação dos endossos – Aquele que paga a letra é obrigado a verificar a regularidade 
da sucessão dos endossos, mas não a assinatura dos endossantes. A cadeia de endossos em 
preto deve estar perfeita, com as assinaturas dos endossantes se encadeando, um a um.
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Supremo Tribunal Federal – Somente se caracteriza a recusa do pagamento de título cam-
bial pela sua apresentação ao devedor, demonstrada pelo protesto. Até este momento, o de-
vedor não é culpado pelo atraso na liquidação da dívida (até porque pode nem saber quem é o 
portador do título). Não se olvide que a cambial é um título de apresentação.
Lugar do pagamento – Na falta de menção no título, prevalece o lugar que constar ao lado 
do nome do sacado.
Aquele que paga a letra antes do respectivo vencimento fica responsável pela validade des-
se pagamento. Assim é porque pode ocorrer que o título tenha sido extraviado, e se encontre 
na posse ilegítima do portador. Art. 902 CC: não é o credor obrigado a receber o pagamento 
antes do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela 
validade do pagamento.
O credor pode fazer uma oposição ao pagamento, nos casos em que o título estiver na pos-
se ilegítima de outra pessoa. Esta oposição deve ser dirigida ao devedor por carta registrada.
Quanto aos efeitos do pagamento, há que se distinguir duas situações:
a) o pagamento efetuado pelo aceitante (obrigado principal) ou pelos respectivos avalistas 
desonera da responsabilidade cambial todos os coobrigados;
b) o pagamento feito pelo sacador, endossantes ou respectivos avalistas desonera da res-
ponsabilidade apenas os coobrigados posteriores.
Pagamento por intervenção: o que paga por intervenção (a intervenção é sempre voluntá-
ria) fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra.
Se a apresentação da letra ou o seu protesto não puderem ser feitos dentro dos prazos indi-
cados por motivo insuperável (caso fortuito ou força maior), esses prazos serão prorrogados. 
É a mesma regra da apresentação para aceite.
1.8.2. Nota Promissória
De início, no que se refere ao estudo da nota promissória, temos que, por estar previstana mesma legislação da letra de câmbio, há uma série de regras comuns a ambas. Contudo, 
deve-se observar que a nota promissória, diferentemente da letra de câmbio, constitui-se em 
promessa de pagamento, e não em uma ordem.
Sobre os seus elementos constitutivos, devemos observar que emitente ou subscritor é o 
próprio devedor, o qual, quando emite a nota, se obriga ao seu pagamento. O beneficiário, por 
outro lado, é o credor, isto é, a pessoa favorecida na promessa de pagamento
Na promissória, como o próprio devedor já se submete diretamente ao pagamento do título 
no momento de sua emissão, não se faz necessário o aceite.
Legislação aplicável à Nota Promissória
É o Decreto n. 57.663/1966 – Lei Uniforme de Genebra – LUG.
Conceito de Nota Promissória
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A Nota Promissória é uma promessa de pagamento de certa quantia em dinheiro feita, por 
escrito, por uma pessoa, em favor de outra ou à sua ordem.
Segundo André Luiz Santa Cruz Ramos,
“a nota promissória se estrutura como uma promessa de pagamento, razão pela qual sua emissão 
dá origem a duas situações jurídicas distintas: a do sacador ou promitente (chamado na Lei Unifor-
me de subscritor), que emite a nota e promete pagar determinada quantia a alguém; e a do tomador, 
em favor de quem a nota é emitida e que receberá a importância prometida”.
Aplicação das regras da Letra de Câmbio à Nota Promissória
Segundo o artigo 77 do anexo I da Lei Uniforme relativa às Letras de Câmbio e Notas Pro-
missórias (a nossa LUG), temos que são aplicáveis às Notas Promissórias, na parte em que não 
sejam contrárias à natureza deste título, as disposições relativas às letras e concernentes a:
“Endosso (Artigos 11º a 20º);
Vencimento (artigos 33º a 37º);
Pagamento (artigos 38 a 42º);
Direito de ação por falta de pagamento (artigos 43º a 50º e 52º a 54º);
Pagamento por intervenção (artigos 55 e 59º a 63º);
Cópias (artigos 67º e 68º);
Alterações (artigo 69º);
Prescrição (artigos 70º e 71º);
Dias feriados, contagem de prazos e interdição de dias de perdão (artigos 72º a 74º);”
A LUG continua as suas disposições para estabelecer também que:
“São igualmente aplicáveis às Notas Promissórias as disposições relativas às letras pagáveis no 
domicílio de terceiro ou numa localidade diversa da do domicílio do sacado (artigos 4º e 27), a es-
tipulação de juros (artigo 5º), as divergências das indicações da quantia a pagar (artigo 6º), as con-
sequências da aposição de uma assinatura nas condições indicadas no artigo 7º, as da assinatura 
de uma pessoa que age sem poderes ou excedendo os seus poderes (artigo 8º) e a letra em branco 
(artigo 10º).”
Quanto ao Aval (ato de garantia cambial), há uma ressalva no sentido de que no caso de 
este ser escrito na própria cártula ou em folha anexa, se não houver indicação da “pessoa por 
quem é dado, entender-se-á ser pelo subscritor da Nota Promissória.”
Aqui, vale lembrar que quem presta o aval é o avalista, e quem é garantido é o avalizado. Os 
dois são equiparados, pois, respondem da mesma forma, ou seja, não há benefício de ordem. 
Pelo que tanto um quanto outro podem ser cobrados indistintamente.
Com efeito, sendo as duas obrigações distintas, mesmo que haja nulidade na relação ju-
rídica do avalizado em relação ao credor, tal fato não implicará na nulidade da obrigação do 
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avalista, visto que, como dito, são obrigações autônomas. As exceções pessoais do avalizado, 
também não alcançam o avalista.
Somente o devedor pode ser avalizado. Na Nota Promissória, são devedores o emitente e 
os endossantes.
Vencimento e pagamento da Nota Promissória
O vencimento e o pagamento da Nota Promissória seguem as mesmas regras da letra 
câmbio, retirada somente a existência do vencimento “até certo termo da vista”, pois, não 
existe aceite.
O prazo do protesto também é de 2 (dois) dias úteis, subsequentes ao vencimento, visando 
a garantir a possibilidade de cobrança dos coobrigados.
Ademais, os prazos prescricionais da nota promissória também são os mesmos da letra de 
câmbio, com as diferenças de que, no lugar do aceitante, deve figurar o eminente e de que não 
há a figura do sacado. Como vimos, os prazos são os seguintes:
a) 03 anos contra o devedor principal, o eminente e seu avalista, a partir do vencimento da pro-
missória
b) 01 ano contra endossantes e seus avalistas, contado do protesto.
c) 06 meses para regresso entre endossante, contados de quando foi efetuado o pagamento.
Para finalizarmos, não se pode deixar de mencionar a Súmula 504 do STJ, segundo a qual
“o prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força 
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título”.
1.8.3. Duplicata
A Duplicata é o título príncipe do direito brasileiro, além de ser muito utilizada em substitui-
ção à letra de câmbio. É um título causal, o qual somente pode ser emitido para contratos de 
compra e venda (por empresários) e de prestação de serviços.
Trata-se de uma ordem de pagamento, sempre vinculada ao contrato a ela subjacente, isto 
é, que motivou a sua emissão.
Em tal espécie de título de crédito, há a figura do sacador (emitente, ou vendedor, nos con-
tratos convencionais), isto é, aquele que emite a duplicata; há, também, a figura do sacado (ou 
seja, do comprador), que é aquele que paga para o beneficiário, que é o próprio vendedor.
Assim, temos que:
SACADO  é o devedor;
BENEFICIÁRIO  é credor;
SACADOR  é credor;
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Trata-se, em suma, de uma criação brasileira. O motivo real da implantação das duplicatas 
de fatura foi o interesse tributário do Governo (à época em que o imposto sobre vendas mer-
cantis cabia à União). Era um título de emissão obrigatória, porquanto constituía o veículo de 
arrecadação e fiscalização do imposto. Hoje, sua emissão é uma faculdade do credor, sendo, 
na maioria dos casos, substituível por boletos ou Guias de Recolhimento.
É um título emitido juntamente a uma fatura.
A fatura não é, evidentemente, título representativo de mercadorias, mas é o documento do 
contrato de compra e venda mercantil, que enseja a emissão da duplicata, esta sim um título 
de crédito. O Prof. Waldemar Ferreira se refere à duplicata como “título de crédito, representa-
tivo da venda de mercadorias efetivamente entregues”.
A rigor, segundo o 2º do at. 2 da Lei n. 5.474/1968, temos que “uma só duplicata não pode 
corresponder a mais de uma fatura”.
Nada obstante, a jurisprudência já se posicionou favoravelmente à “possibilidade de emis-
são de duplicata com base em mais de uma nota fiscal”, desde que parciais, isto é, corres-
pondentes a vendas parceladas (cf. STJ., REsp 1.356.541/MG, Terceira Turma, da relatoria do 
ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/04/2016 – Info 581).
Por fim, ressalta-seque não se admite a emissão de nova duplicata apenas para fins de 
correção monetária e de juros de mora.
Legislação aplicável
É a Lei n. 5.474/1968 (alterada pelo Decreto-lei n. 436/1969).
Características da Duplicata
É um título causal. Emerge de uma compra e venda mercantil ou prestação de serviço. Tra-
ta-se de uma ordem de pagamento e de um título de modelo vinculado.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça, além do meio físico, a duplicata é admitida, tam-
bém, em forma virtual, senão vejamos:
JURISPRUDÊNCIA
“As duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação eletrô-
nica podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é 
imprescindível para o ajuizamento da execução, conforme previsto no art. 8º, parágrafo 
único, da Lei n. 9.492/1997.”
(EREsp 1.024.691-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgados em 22/8/2012)
Elementos pessoais
a) SACADOR – quem dá a ordem de pagamento/aquele que vende a mercadoria ou serviço;
b) SACADO – quem recebe a ordem de pagamento/aquele que compra a mercadoria 
ou serviço;
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A Duplicata e o Princípio da Cartularidade
O regramento da duplicata em alguns momentos não age em observância ao princípio da 
cartularidade.
Isso porque, após a emissão da duplicata pelo sacador/vendedor, ela deveria ser remetida 
para o sacado/comprador para o lançamento do aceite. Nesse sentido, vale conferir as regras 
no art. 6º e seguintes da Lei das Duplicatas6.
Esse procedimento gera um risco para o sacador/vendedor, pois a duplicata pode extra-
viar ou não ser devolvida pelo sacado/comprador. Ocorrendo uma dessas hipóteses, ficaria o 
sacador/vendedor impossibilitado de fazer a cobrança, por não possuir o título, se a Lei das 
Duplicatas não tivesse criado alternativas para substituí-la.
Em caso de perda ou extravio da duplicata, poderá o sacador/vendedor, então, emitir uma 
espécie de título denominado triplicata, visando à substituí-la (art. 23 da Lei das Duplicatas).
Em caso de retenção da duplicata pelo sacado/comprador, poderá ser protestado o título 
por simples indicações do portador do título.
O aceite e a recusa
O aceite na duplicata é obrigatório, por tratar-se de título causal. Nesse contexto, o aceite 
só poderá ser recusado de acordo com os artigos 8º e 21:
a) Defeito na mercadoria
b) Mercadoria entregue diferentemente do que foi acertado
c) Avaria
d) Divergência nos prazos e nos preços ajustados.
6 Art. 6º A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo vendedor ou por seus representantes, por intermédio de 
instituições financeiras, procuradores ou, correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao comprador na praça ou no 
lugar de seu estabelecimento, podendo os intermediários devolvê-la, depois de assinada, ou conservá-la em seu poder até o 
momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes cometeu o encargo.
 § 1º O prazo para remessa da duplicata será de 30 (trinta) dias, contado da data de sua emissão.
 § 2º Se a remessa for feita por intermédio de representantes instituições financeiras, procuradores ou correspondentes estes 
deverão apresentar o título, ao comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na praça de paga-
mento.
 Art. 7º A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) 
dias, contado da data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as 
razões da falta do aceite.
 § 1º Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até 
a data do vencimento, desde que comunique, por escrito, à apresentante o aceite e a retenção.
 § 2º – A comunicação de que trata o parágrafo anterior substituirá, quando necessário, no ato do protesto ou na execução 
judicial, a duplicata a que se refere. (Redação dada pela Lei n. 6.458, de 1º.11.1977)
 Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:
 I – avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco;
 II – vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados;
 III – divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
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Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode ser discrimina-
do em três categorias:
a) aceite ordinário – aquele em que o sacado lança sua assinatura no título;
b) aceite por comunicação – aquele em que o sacado retém o título e expressa o aceite em 
carta/comunicado apartado;
c) aceite por presunção – caracteriza aceite presumido quando o sacado/comprador recebe a 
mercadoria e não reclama e quando o título é protestado, sem que haja obstáculo – art. 15 da 
Lei das Duplicatas.
Princípio do suprimento do aceite – Ainda que não haja aceite, o título pode ser utiliza-
do para ação executiva (constituindo-se em título executivo, portanto) nas seguintes hipóte-
ses legais:
a) quando o sacado, recebendo a duplicata, a retém com o consentimento do credor, tendo 
comunicado por escrito que a aceitou e a reteve (esta comunicação seria o título executivo);
b) quando a duplicata ou triplicata não aceita, mas protestada, vem acompanhada de qualquer 
documento comprobatório da remessa ou da entrega da mercadoria (artigo 15). O título execu-
tivo seria a duplicada acompanhada da prova da remessa ou entrega da mercadoria;
c) quando a duplicata ou triplicata não é aceita nem devolvida, mas o protesto (por falta de 
aceite ou de devolução) é tirado mediante indicações do credor, o qual deve provar que o deve-
dor recebeu o título. Neste caso, como na situação de ‘b’, deve-se comprovar a remessa ou 
entrega da mercadoria. O título executivo seria o instrumento do protesto tirado mediante indi-
cações, acompanhado da prova de remessa ou entrega da mercadoria.
Observe-se que há um abrandamento do princípio da cartularidade.
Se a duplicata não é aceita, mas o credor não dispõe de prova da remessa ou entrega da 
mercadoria, deverá mover ação de cobrança (ação de rito ordinário, pois não poderá se valer 
de ação executiva).
Vale dizer, para finalizar que, segundo o STJ,
JURISPRUDÊNCIA
“o aceite lançado em separado à duplicata não possui nenhuma eficácia cambiária, mas 
o documento que o contém poderá servir como prova da existência do vínculo contra-
tual subjacente ao título, amparando eventual ação monitória ou ordinária” (cf. STJ, REsp 
1.334.464/RS, Terceira Turma, da relatoria do ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado 
em 15/3/2016 – Info 580).
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O protesto da Duplicata
O Protesto, na Duplicata, tem a mesma finalidade que dos outros títulos de crédito, ou seja, 
possibilitar a cobrança em desfavor dos demais coobrigados.

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