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Livro Indicadores de qualidade e softwares em nutrição

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INDICADORES DE QUALIDADE 
E SOFTWARES EM NUTRIÇÃO
W
BA
07
05
_v
1.
0
22 
Dayse Kellen de Sousa Santos
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019
Indicadores de qualidade e softwares em nutrição
1ª edição
33 3
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Helena Dória Ribeiro de Andrade Previato
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Santos, Dayse Kellen de Sousa
S237i Indicadores de qualidade e softwares em nutrição/ Dayse 
 Kellen de Sousa Santos, – Londrina: 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019.
110 p.
 
ISBN 978-85-522-1627-8
 
1. Nutrição. 2. Qualidade. I. Santos, Dayse Kellen de
Sousa. Título. 
CDD 613
Thamiris Mantovani CRB: 8/9491
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
44 
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5
Princípios epidemiológicos de indicadores 
do processo saúde-doença 6
Indicadores de saúde em nutrição ambulatorial 25
Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral 43
Epidemiologia nutricional 55
Gestão de cuidados nutricionais 73
Organização de banco de dados em nutrição clínica e hospitalar 89
Principais softwares em nutrição clínica 100
INDICADORES DE QUALIDADE 
E SOFTWARES EM NUTRIÇÃO
55 5
Apresentação da disciplina
Prezado aluno, na disciplina Indicadores de Qualidade e Softwares 
em Nutrição, você aprenderá sobre a importância e os objetivos dos 
indicadores de qualidade em nutrição clínica e sobre as principais 
plataformas dos softwares disponíveis para uso do nutricionista 
atualmente. Os objetivos dos conteúdos apresentados são proporcionar 
a você o conhecimento dos diferentes indicadores de qualidade que 
poderão ser utilizados na nutrição clínica, ambulatorial e hospitalar, 
bem como os mais utilizados e atuais dentre eles.
O processo de globalização da nossa sociedade trouxe, além de 
mudanças no estilo de vida, muitos avanços no campo da nutrição 
clínica, trazendo, assim, benefícios para o atendimento nutricional, 
beneficiando não somente o paciente, mas o profissional também, 
que agora possui auxilio para cálculos de dietas e banco de dados com 
informações da composição nutricional de alimentos, entre outros.
Dentre os avanços tecnológicos abordados, podemos citar também 
a utilização de softwares e organização de banco de dados em 
nutrição clínica e a abordagem sobre as plataformas dos principais 
softwares utilizados em nutrição clínica. Convido você para participar 
desse estudo que, com certeza, será muito produtivo e contribuirá 
para o seu crescimento profissional, tornando-o mais competitivo ao 
mercado atual. 
Bons estudos! 
666 
Princípios epidemiológicos 
de indicadores do processo 
saúde-doença
Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos
Objetivos
• Conhecer os princípios epidemiológicos que 
envolvem o processo saúde-doença.
• Compreender os indicadores do processo 
saúde-doença.
• Conhecer as características dos indicadores 
do processo saúde-doença.
77 7
1. Princípios epidemiológicos
A epidemiologia estuda os diferentes fatores que geram a ocorrência e 
o alastramento de doenças, bem como os meios necessários para sua 
prevenção. É definida como o estudo da frequência, da distribuição e 
dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em 
populações específicas e a aplicação desses estudos no controle dos 
problemas de saúde (LAST, 1998). Ainda, poderá ser definida de maneira 
simples, como o estudo das doenças nas populações.
A epidemiologia permite o conhecimento de informações necessárias 
às decisões que deverão ser tomadas para direcionar as ações rumo à 
saúde de uma determinada população em um período de tempo, frente 
a uma determinada patologia. Podemos citar como a empregabilidade 
e a importância da epidemiologia, por exemplo, a ocorrência de 
microcefalia em demanda exacerbada ocorrida em 2015, quando a 
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco notificou e solicitou apoio 
do Ministério da Saúde para complementar as investigações iniciais de 
26 casos de microcefalia recebidas de diversos serviços de saúde nas 
semanas anteriores à notificação (BRASIL, 2016). 
Então, verificou-se que as crianças nascidas com essa patologia tiveram 
suas mães infectadas pelo Zika Vírus durante a gestação em uma região 
tropical do Brasil. Desse modo, a epidemiologia atua investigando o agente 
causador da doença, seus mecanismos de interação com o ser humano, 
a fisiopatologia da doença, as consequências da interação entre o agente 
causador e o indivíduo, e quais as taxas, ou seja, números de pessoas 
afetadas com aquela patologia e/ou que vieram a óbito por sua ocorrência. 
Bem como quais as ações em saúde que deverão ser adotadas para 
evitar novos casos. Dessa maneira, foram elaboradas as orientações do 
Ministério da Saúde para os casos de microcefalia relacionados ao Zika 
Vírus. Em 2016, o Ministério da Saúde criou o Protocolo de Vigilância 
e Resposta à Ocorrência de Microcefalia e/ou Alterações do Sistema 
Nervoso Central (SNC).
88 
Para instruir a população e os profissionais de saúde frente a 
determinadas patologias, são necessários dados, informações e 
indicadores conforme descrito abaixo:
• Dados: são os valores ainda não trabalhados.
• Informações: são a tradução dos dados após serem trabalhados. 
Trata-se da relação dos dados com as ocorrências. 
• Indicadores: são associações de informações que permitem 
comparar os níveis de saúde entre diferentes populações no 
decorrer de um período (MORAES, 1994).
Figura 1 – Dinâmica do ciclo de geração de 
indicadores, dados, informações e ações em saúde
Fonte: adaptada de Moraes (1994). 
Na coleta de dados, é necessário perceber quais deverão 
prioritariamente ser tabulados e analisados frente ao que se pretende 
propor de intervenção. Deve-se fazer a cobertura mais abrangente 
possível do problema de saúde investigado. É, ainda, necessário 
considerar que há casos sintomáticos e assintomáticos, sendo que casos 
sintomáticos poderão ser uma quantidade inferior à que se apresenta 
ao serviço de saúde para tratamento, e poderá haver uma quantidade 
ainda inferior que será diagnosticada assertivamente, e desta, poderá 
ser que uma quantidade inferior seja notificada.
99 9
Desse modo, o que será coletado como diagnóstico informado poderá 
ser inferior ao que realmente está ocorrendo na população. Sendo 
assim, são definidas como subnotificações os casos não notificados, e 
como sub-registro, os casos não registrados.
Os levantamentos de dados podem ser ocasionais, contínuos ou 
periódicos (BERQUÓ et al., 1981), como descrito a seguir:
• Levantamento de dados contínuos: quando os dados são 
registrados conforme sua ocorrência, por exemplo, óbitos 
e nascimentos.
• Levantamento de dados periódicos: é quando, periodicamente, 
se coleta determinado dado, por exemplo, a cada dez anos, 
a cada dois anos.• Levantamento de dados ocasionais: não apresentam 
periodicidade definida.
O Sistema Único de Saúde do Brasil conta com sistemas de informações 
específicos, gerenciados pelo próprio Ministério da Saúde, dentre eles: 
• Sistema de informação sobre mortalidade (SIM).
• Sistema de informação sobre nascidos vivos (SINASC).
• Sistema de informação sobre agravos de notificação 
obrigatória (SINAN).
• Sistema de informação sobre serviços e atendimento 
ambulatoriais (SIA).
• Sistema de informação sobre internações hospitalares (SIH).
• Sistema de informação sobre a atenção básica (SISAB). 
(BRASIL, 2011).
1010 
No Brasil, atualmente há dois modelos de assistência em saúde, que 
são denominados modelo médico assistencial hospitalocêntrico e o 
modelo sanitarista.
O modelo médico assistencial hospitalocêntrico se caracteriza pelo foco 
no biologicismo e na medicalização dos agravos de saúde, ou seja, na 
medicina curativa (FOUCAULT, 2008). Enquanto o modelo sanitarista 
enaltece a importância das condições de vida da população, sendo estas 
condições o fator determinante para os agravos de saúde, deste modo, 
é preferivel a prevenção da saúde do que unicamente o enfrentamento 
das doenças. Para isso são criados programas e campanhas visando 
atender às necessidades de saúde coletiva (PAIM, 2008).
Tabela 1 – Modelos de atenção no Brasil e suas características
Modelo Sujeito Objeto Meios de trabalho
Formas de 
organização
Sanitarista Sanitarista e auxiliares
Modelos de 
transmissão e
fatores de risco
Tecnologia sanitária 
(educação em 
saúde, imunização, 
controle 
de vetores)
Campanhas 
sanitárias, 
programas 
especiais e sistemas 
de vigilância
Médico-
assistencial Médico Doenças e doentes Tecnologia médica 
Sistemas de 
vigilância 
Rede de serviços de 
saúde e hospitais
Fonte: adaptada de Teixeira e Vilasbôas (2016). 
Na assistência em saúde do modelo sanitarista, são incluídos programas 
como, por exemplo, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
(PACS) e a Estratégia de Saúde da Família (ESF) – conhecido antigamente 
como Programa Saúde da Família (PSF) (TEIXEIRA; VILASBÔAS, 2014).
1111 11
A atuação da epidemiologia se fundamenta nas causas das doenças e 
seu enfrentamento, sendo que as causas podem ser explicadas por três 
modelos explicativos da ocorrência das doenças, são eles: (1) o modelo 
ecológico, (2) a rede de causas e (3) o modelo sistêmico.
1. O modelo ecológico defende que, caso a interação entre o 
homem e o meio ambiente não ocorra de maneira equilibrada, 
ocorre um desequilíbrio que resultará em doenças.
2. A rede de causas defende que a doença acontece devido a 
múltiplas causas. 
3. O modelo sistêmico defende que o adoecimento envolve todas as 
dimensões do indivíduo, desde uma explicação biológica quanto 
uma explicação social, conforme explana Medronho et al. (2008).
Figura 2 – Proposta de Medronho et al. sobre o modelo sistêmico, 
frente à causa das doenças
Fonte: adaptada de Medronho et al. (2008).
1212 
Figura 3 – Modelo sistêmico para diarreias e desnutrição
Fonte: Rouquayrol e Filho (2003). 
Considerando o modelo sistêmico na explicação da causa das doenças, 
passou-se a perceber os determinantes sociais de saúde (DSS), 
compreendendo-se, assim, que as doenças não ocorrem simplesmente 
ao acaso, mas que o meio e as condições em que o indivíduo vive 
contribuem para o seu adoecimento.
Em 1986, realizou-se no Brasil a VIII Conferência Nacional de 
Saúde, em que se definiu saúde como resultante das condições de 
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, 
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a 
serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas 
de organização social da produção, as quais podem gerar grandes 
desigualdades nos níveis de vida (FIGUEIREDO, 2011). 
Dentre os aspectos que determinam o processo saúde-adoecimento, 
podem ser citados a violência, o desemprego, o subemprego, a falta de 
saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade 
1313 13
de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, falta de 
qualidade do ar e da água. Esses são fatores que devem ser analisados 
e considerados quando se busca perceber a vulnerabilidade de uma 
comunidade a fim de promover saúde (FIGUEIREDO, 2011). 
A Comissão Nacional de Determinantes Sociais de Saúde (BRASIL, 1986) 
define os DSS como os fatores sociais, econômicos, culturais, étnico-
raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de 
problemas de saúde e seus fatores de risco na população. 
Considerando esses determinantes, fica claro que diversos índices, 
entre eles o de morbimortalidade, estão relacionados às classes 
socioeconômicas, de modo que as pessoas de menor nível social 
apresentam piores condições de saúde. Cabe ao indivíduo, como ser 
social, entender essas definições e então estabelecer sua visão de 
saúde frente aos determinantes sociais que o cerca. Além de que, 
empoderado desse entendimento, o sujeito poderá, então, requerer 
promoção de saúde como uma das estratégias de produção de saúde, 
ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demais 
políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, 
que contribui na construção de ações que possibilitam responder às 
necessidades sociais em saúde (BRASIL, 2006).
1.1 Epidemias, pandemias, endemias e surtos
Define-se como endemia a presença habitual de uma doença em 
determinada área geográfica (GORDIS, 2010). Já epidemia é definida 
como a ocorrência excessiva de casos esperados de uma determinada 
doença em determinado período e área geográfica.
Se as condições proporcionarem a propagação de agentes infecciosos 
no ambiente e se associarem a pessoas vulneráveis a determinado 
adoecimento, então ocorrerá uma pandemia. Essa terminologia 
refere-se a uma epidemia de grandes magnitude geográfica 
(CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017).
1414 
O surto é definido pela ocorrência de uma epidemia restrita a um 
espaço geográfico limitado, onde os casos estão correlacionados, 
acometendo uma área pequena em termos geográficos ou uma 
população institucionalizada, como, respectivamente, bairros ou asilos 
(CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017).
Figura 4 – Etapas de investigação de epidemia ou surto
Fonte: adaptada de Brasil (2009). 
É necessário lembrar que os casos de doenças definidas como 
autóctones apresentam essa terminologia por serem originados no 
mesmo local em que ocorreram. Já os casos alóctones são importados 
de outras localidades. Por exemplo, uma pessoa infectada pelo vírus 
H1N1 adquirido na Itália vem para o Brasil e aqui é diagnosticada, então 
será notificado ao sistema de saúde e definido como um caso alóctone.
1.2 Indicadores de saúde
Os indicadores de saúde objetivam expor a situação de saúde dos 
indivíduos e das populações. A vigilância da situação de saúde 
desenvolve ações de monitoramento contínuo do país/estado/região/
município/território por meio de estudos e análises que traduzam 
o comportamento dos principais indicadores de saúde, priorizando 
questões relevantes e contribuindo para um planejamento de saúde 
mais abrangente e adequado (BRASIL, 2010).
1515 15
A qualidade de um indicador pode ser aferida por sua validade e 
confiabilidade, sendo a validade a capacidade de medir o que se pretende, 
e a confiabilidade, a capacidade de reproduzir os mesmos resultados 
quando aplicados em condições similares (MEDRONHO et al., 2008).
Na validade de um indicador, devem ser determinadas sua 
sensibilidade e especificidade. Sensibilidade é a capacidade de 
identificar o que está sendo analisado e outros aspectos, enquanto 
especificidade é a capacidade de identificar somente o que está sendo 
analisado (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). Outras características 
dos indicadores são:
• Custo-efetividade: característica que um indicador expressa 
quando seus resultados justificam o tempo e o recurso que lhe 
foram empregados. 
• Mensurabilidade: capacidade de um indicadorde saúde se 
basear em dados de fácil acesso.
• Relevância: capacidade de um indicador se saúde atender às 
prioridades em saúde.
Entre os exemplos de indicadores sociais, econômicos e demográficos, 
podemos citar as avaliações do estado nutricional e as taxas de 
mortalidade.
As medidas a serem utilizadas para avaliar o nível de saúde de 
um povo deve permitir comparação entre diferentes populações 
simultaneamente para então se obter os resultados dos determinantes 
e condicionantes do estado de saúde (LAURENTI et al., 2005).
Os indicadores podem ser agrupados em três categorias, a saber: 
(1) os que traduzem diretamente a saúde, (2) os que refletem as 
condições do meio e (3) os que avaliam os recursos materiais e 
humanos relacionados às atividades de saúde. A Tabela 2 expõe as 
diferentes características desses indicadores.
1616 
Os indicadores socioeconômicos, por exemplo, avaliam a distribuição 
dos fatores que determinam o estado de saúde conforme o perfil 
econômico e social de um determinado povo, residente em uma 
determinada área, enquanto que os indicadores demográficos indicam 
as características da área demográfica analisada.
Tabela 2 – Tipos de agrupamento de indicadores
Indicadores que traduzem 
diretamente a saúde
Indicadores que 
se referem às 
condições do meio
Indicadores que 
avaliam os recursos 
materiais e humanos 
Razão de mortalidade 
proporcional, coeficiente geral 
de mortalidade, esperança 
de vida ao nascer, coeficiente 
de mortalidade infantil e 
coeficiente de mortalidade 
por doenças transmissíveis. 
Índice de abastecimento 
de água, rede de 
esgotos, contaminações 
ambientais por poluentes.
Índices relativos à rede 
de unidades de saúde 
para a atenção básica, 
profissionais de saúde 
e leitos hospitalares.
Fonte: adaptada de Laurenti et al. (2005). 
A Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa) preconiza 
o agrupamento de indicadores em seis subconjuntos temáticos: 
demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores 
de risco, recursos e cobertura (RIPSA, 2008). Sendo que a produção 
dos indicadores é realizada pela instituição que é responsável pelo 
fornecimento dos dados brutos junto ao Datasus, que é o sistema 
de informações do Sistema Único de Saúde, responsável por coleta, 
processamento e disseminação de informações relacionadas à saúde.
As matrizes de dados se caracterizam por sua denominação, 
conceituação, método de cálculo, categorias de análise e fontes de 
dados (RIPSA, 2008). O subconjunto que abrange os indicadores 
de mortalidade compreende as medidas de morbidades que são 
importantes para estabelecimento dos indicadores de saúde frente aos 
dados epidemiológicos das populações. Infelizmente, é um dado difícil 
de ser avaliado devido a subnotificações e, para sua mensuração, são 
necessárias medidas de prevalência e incidência.
1717 17
A incidência permite inferir o risco coletivo de adoecer, ou seja, alta 
incidência significa alto risco de adoecer (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 
2017). Em outras palavras, ela mensura a ocorrência do surgimento de 
novos casos de uma doença e pode ser obtida pela equação: 
A prevalência representa a proporção de indivíduos de uma população 
que é acometida por uma determinada doença, e isso inclui tanto os 
preexistentes quanto os casos novos. Pode ser definida pela equação: 
A “constante” utilizada nessas fórmulas são valores fixos que facilitam a 
interpretação dos dados. Geralmente são: 10, 100, 1.000, sendo que os 
dados serão expostos da seguinte maneira: 
“A prevalência da doença X na comunidade Y é de 1,36 indivíduos a 
cada 100 moradores, ou seja, na comunidade de 100 moradores, a 
prevalência é de 1,36 indivíduo doente com a doença X.” Com base 
nesses conceitos entendemos que:
Prevalência = incidência x duração da doença
O conhecimento do número de nascidos vivos é imprescindível para a 
saúde pública, pois permite estabelecer inúmeros indicadores, como, 
por exemplo, os coeficientes de mortalidade materno-infantil, entre 
outros (BRASIL, 2009).
ASSIMILE
As medidas de mortalidade podem ser definidas por vários 
indicadores, são eles (BRASIL, 2009):
1818 
• Coeficiente de mortalidade geral.
• Coeficiente de mortalidade infantil.
• Coeficiente de mortalidade neonatal precoce.
• Coeficiente de mortalidade neonatal tardia.
• Coeficiente de mortalidade pós-natal.
• Coeficiente de mortalidade materna.
• Coeficientes de mortalidade específicos.
A taxa de mortalidade infantil é um indicador muito utilizado para 
averiguar as condições de vida de um povo, pois é considerada 
modificável com ações efetivas do sistema de saúde. 
No Brasil, os registros dos óbitos infantis são realizados no sistema 
de informação sobre mortalidade (SIM). A taxa de mortalidade é 
considerada alta quando há 50 óbitos por mil ou mais nascidos vivos; é 
considerada mortalidade infantil moderada quando há de 20 a 49 óbitos 
por mil ou mais nascidos vivos; e considera-se mortalidade infantil baixa 
quando há menos de 20 óbitos por mil ou mais nascidos vivos.
Se a criança morrer com idade menor que 27 dias de vida, deverá ser 
considerada mortalidade neonatal, no entanto, se a criança morrer na 
idade entre 28 a 364 dias de vida será considerada mortalidade pós-
neonatal, sendo que o indicador de mortalidade pós-neonatal reflete 
o desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura ambiental, que 
condicionam a desnutrição infantil e as infecções a ela associadas 
(CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017).
1919 19
A mortalidade perinatal é um indicador que explicita o risco de óbito na 
primeira semana de vida ou o nascimento fetal sem sinais vitais. Pode 
ser expresso pela seguinte fórmula:
Quanto à cronologia, podemos definir a mortalidade, conforme 
a Tabela 3.
Tabela 3 – Características da definição da 
mortalidade materna com base cronológica
Mortalidade Características 
Mortalidade 
infantil perinatal
Morte fetal entre 22 semanas de idade 
gestacional e 7 dias de nascido.
Mortalidade 
infantil precoce
Óbito fetal no período do 
nascimento até 7 dias de nascido.
Mortalidade 
infantil tardia
Óbito fetal no período de 7 dias após 
o nascimento até 28 dias de nascido.
Mortalidade infantil 
pós- neonatal
Óbito infantil no período de 28 dias após 
o nascimento até 365 dias de nascido.
Mortalidade 
infantil neonatal
Inclui a morte infantil do nascimento 
até 28 dias de nascido.
Mortalidade infantil Compreende a morte infantil do nascimento até 364 dias de nascido.
Fonte: Brasil (2009, p. 15).
A mortalidade materna é caracterizada pela morte da mãe ocorrida 
até 42 dias após o término da gestação, devendo ser a causa de morte 
atribuída a gestação, parto e/ou puerpério frente ao número de nascidos 
vivos. Esse indicador reflete a atenção à saúde da mulher e relaciona-se 
à inadequada assistência pré-natal, de parto e puerpério.
2020 
PARA SABER MAIS
Os indicadores de morbidade e mortalidade são 
importantíssimos, porém também há outros indicadores 
que devem ser considerados no planejamento, 
monitoramento e na avaliação da situação de saúde, 
como, por exemplo, os indicadores relacionados a 
nutrição e crescimento, demográficos, socioeconômicos, 
relacionados à saúde ambiental e os relacionados aos 
serviços de saúde (PINHO, 2015). 
Mortalidade por causas específicas refere-se a óbitos com causas 
definidas e permite inferir condições de vida de uma população, dentre 
os quais se citam causas socioeconômicas, demográficas e de acesso a 
serviços de saúde com adequada qualidade (RIPSA, 2008).
TEORIA EM PRÁTICA
Você trabalha como nutricionista clínico e atualmente está 
gerenciando o setor de vigilância epidemiológica de sua 
cidade, no interior do Nordeste. Ao ter acesso aos veículos 
de notícias, você verifica que a mídia da sua cidade expõe 
em “grande número” as reportagens sobre indivíduos 
mortos com dengue, você, então, comunica ao setor de 
vigilância epidemiológica em saúde que verifiquem a 
prevalência de casos de dengue.
Considerando que a populaçãoda sua cidade se refere a 
20 mil pessoas e que foram registrados 200 casos de 
dengue, qual seria a prevalência de indivíduos com 
dengue na sua cidade?
2121 21
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Assinale a alternativa que NÃO corresponde a um 
indicador de mortalidade: 
a. Coeficiente de mortalidade geral.
b. Coeficiente de mortalidade neonatal precoce.
c. Coeficiente de mortalidade neonatal tardia.
d. Coeficiente de mortalidade pós-natal.
e. Coeficiente de mortalidade pós-natal tardio.
2. Considerando os conceitos de prevalência e incidência, 
qual é a medida que apresenta a proporção de 
indivíduos acometidos por determinada patologia e 
que se assemelha a uma fotografia do momento atual 
de saúde frente a uma determinada doença, em uma 
determinada população em um determinado período?
a. Prevalência.
b. Incidência.
c. Prevalência e Incidência.
d. Coeficiente de mortalidade geral.
e. Coeficiente de mortalidade neonatal precoce.
3. A Rede Interagencial de Informações para a Saúde 
(Ripsa) preconiza o uso de alguns agrupamentos de 
indicadores, exceto: 
2222 
a. Indicadores demográficos.
b. Indicadores socioeconômicos.
c. Indicadores de cobertura.
d. Indicadores situacionais. 
e. Indicadores de fatores de risco/fatores de proteção.
Referências bibliográficas
BERQUÓ, E. S.; SOUZA, J. M. P. de; GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. São Paulo, 
EPU,1981.
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde – Parte 1. 
Brasília: CONASS, 2011. 320 p. Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011, 5, I.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da 
Saúde. Distritos sanitários: concepção e organização do conceito de saúde e do 
processo saúde-doença. Brasília: Ministério da Saúde, 1986. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Diretrizes nacionais 
da vigilância em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política nacional 
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2424 
Gabarito
Questão 1 – Resposta E 
Resolução: Dentre as alternativas apresentadas, todas 
correspondem a um indicador de mortalidade, exceto o coeficiente 
de mortalidade pós-natal tardio. 
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
Questão 2 – Resposta A
Resolução: Prevalência considera tanto os casos antigos quanto os 
casos novos. Lembre-se de que prevalência representa tantos casos 
novos quanto casos preexistentes.
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
Questão 3 – Resposta D
Resolução: Lembre-se de que os indicadores de fatores de risco/
fatores de proteção incluem a prevalência do aleitamento materno 
como sendo fator de risco ou de proteção para determinadas 
doenças e, portanto, a prevalência de aleitamento materno faz 
parte dos indicadores dos fatores de risco/fatores de proteção.
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
2525 25
Indicadores de saúde em 
nutrição ambulatorial
Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos
Objetivos
• Conhecer os principais indicadores de saúde 
que são relevantes no âmbito da nutrição clínica 
ambulatorial.
• Compreender os indicadores de saúde que são 
abordados pela Rede Interagencial de Informações 
para a Saúde.
• Compreender a relevância e implicações dos 
indicadores de saúde na prática clínica ambulatorial.
2626 
1. Epidemiologia clínica
A epidemiologia clínica consiste na aplicabilidade dos conceitos 
epidemiológicos na prática clínica diária. Assim, é possível conhecer os 
tratamentos efetivos que deverão ser preconizados e os tratamentos 
ineficientes que deverão ser abandonados, bem como se essas práticas 
estão sendo realizadas ou invertidas. O objetivo da epidemiologia clínica 
é auxiliar na tomada de decisão do profissional em saúde.
Os temas centrais da epidemiologia clínica são: 
• Definições de normalidadee de anormalidade. 
• Acurácia dos testes diagnósticos.
• História natural e prognósticos das doenças. 
• Efetividade do tratamento. 
• Prevenção na prática clínica.
Normalidade e anormalidade consistem em definir na consulta 
ambulatorial o que participa do nível de normalidade e do nível de 
anormalidade, baseando-se em sinais e sintomas do paciente somado 
aos seus sinais clínicos. Conforme Bonita, Beaglehole e Kjellström 
(2010), o paciente poderá, dentro das definições de normalidade e de 
anormalidade, ser classificado como:
• Normal como comum: é a classificação que define em normal 
os valores que ocorrem com alta frequência. Um exemplo claro 
são os percentis, em que 95% acima da faixa são considerados 
normais enquanto os outros 5% abaixo da faixa são 
considerados anormais.
• Anormalidade associada com doença: é a classificação em que 
há um ponto de corte para o qual se enquadram os pacientes 
doentes em detrimento dos saudáveis, abrangendo os conceitos 
2727 27
de sensibilidade e especificidade. A sensibilidade é a capacidade 
de identificar os indivíduos doentes, e a especificidade é a 
capacidade de identificar não doentes.
• Anormal como tratável: é a classificação que abrange os 
indivíduos que serão definidos como doentes que, no entanto, 
terão tratamento, pois haverá avanços assistenciais disponíveis 
para o seu diagnóstico e tratamento.
Os testes envolvidos no diagnóstico do paciente devem apresentar 
acurácia avaliada por sua sensibilidade e especificidade, ou seja, pela 
sua capacidade de identificar os pacientes realmente doentes, tanto 
quanto identificar os pacientes saudáveis, respectivamente.
A história natural e prognósticos das doenças consistem no estado 
em que o paciente se encontra e no relato que ele irá expor sobre a 
instalação da doença e dos sintomas, além do que poderá ser verificado 
por exames clínicos e laboratoriais e que definirá o prognóstico baseado 
no desfecho de pacientes com a mesma doença em questão. Sendo 
assim, a informação epidemiológica é necessária para proporcionar 
informações sobre prognóstico e desfecho (BONITA; BEAGLEHOLE; 
KJELLSTRÖM, 2010, p. 138). 
A efetividade do tratamento pode ser caracterizada pela eficiência em 
um tratamento empregado frente a determinada patologia, em que se 
verificou a resolução da doença instalada.
ASSIMILE
A prevenção na prática clínica se refere a ações que o 
profissional de saúde deve ter para auxiliar na adesão de 
práticas de saúde por parte de seus pacientes. Desse modo, 
a prevenção na prática clínica pode incluir, por exemplo, 
2828 
o incentivo à adesão aos programas de imunização, o 
acompanhamento do g anho de peso do recém-nascido 
e o uso de curvas de padrão de crescimento 
(BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010).
2. Segurança alimentar e nutricional
Em 2010, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 
(Consea) produziu um material nomeado A segurança alimentar e 
nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil – 
Indicadores e monitoramento da constituição de 1988 aos dias atuais. 
Tal material aborda os principais indicadores que englobam saúde e 
nutrição no âmbito da produção de alimentos, sua disponibilidade e o 
reflexo dessa distribuição. Esse documento aborda os seguintes temas:
• Produção e disponibilidade de alimentos. 
• Renda e despesas com alimentação. 
• Acesso a alimentação adequada.
• Saúde e acesso a serviços de saúde.
• Educação.
A seguir, vamos conhecer alguns indicadores que devem ser 
considerados no atendimento clínico do nutricionista.
2.1 Produção e disponibilidade de alimentos
• Produção de alimentos: este indicador refere-se a extensão, em 
metragem, de áreasplantada no Brasil, bem como o consumo de 
agrotóxicos e agricultura familiar.
2929 29
• Disponibilidade interna dos alimentos para consumo humano: 
este indicador refere-se ao abastecimento do mercado 
doméstico, armazenamento e estoques em quantidades 
adequadas e suficientes.
• Volume comercializado de frutas e hortaliças por produto: este 
indicador refere-se às concentrações geográficas expressivas para 
algumas frutas e hortaliças por regiões brasileiras.
2.2 Renda e despesa das famílias com alimentação
• Rendimento domiciliar per capita: este indicador refere-se 
ao nível do rendimento per capita, por região, bem como as 
desigualdades que envolvem os diferentes tipos de raça.
• Nível da ocupação das pessoas de 10 anos ou mais de 
idade: este indicador refere-se às atividades ocupacionais 
desenvolvidas no mercado de trabalho por pessoas com 10 anos 
ou mais, e seu rendimento real médio.
• Desigualdade de renda: este indicador refere-se à 
concentração de renda.
• Percentual de gastos das famílias com alimentação: este 
indicador refere-se a quanto do salário é investido na 
alimentação, considerando as diferentes raças, renda média e 
preço de alguns grupos alimentares.
2.3 Acesso à alimentação adequada
• Percentual de macronutrientes no total de calorias na alimentação 
domiciliar: este indicador refere-se aos valores ingeridos de 
macronutrientes, incluindo gorduras em seus diferentes tipos.
3030 
• Disponibilidade de alimentos no domicílio: este indicador refere-
se a quais tipos de alimento estão fazendo parte do cardápio 
brasileiro, se mais processados ou in natura, tipos de carnes e 
frutas, verduras e legumes, bem como a relação dos tipos de 
consumo alimentares com a renda.
• Percentual de domicílios com insegurança alimentar no total 
de domicílios, por tipo de insegurança alimentar: este indicador 
refere-se aos domicílios nos quais não se tem acesso adequado 
à alimentação, que podem ser subdivididos em insegurança 
alimentar leve, moderada ou grave.
2.4 Saúde e acesso aos serviços de saúde
• Índices antropométricos para todas as etapas do curso da vida: 
este indicador refere-se aos níveis de desnutrição e obesidade 
conforme renda, idade, sexo, raça e etnia.
• Baixo peso ao nascer: este indicador refere-se ao peso de 
nascimento em relação a diferentes regiões, raça e etnia.
• Prevalência do aleitamento materno: este indicador refere-se à 
proporção de crianças em aleitamento materno, em diferentes 
regiões, bem como a introdução de leite não materno.
• Acesso ao pré-natal: este indicador refere-se ao percentual de 
gestantes que realizam pré-natal nas diferentes regiões do país e 
conforme as raças e etnias.
• Taxa de mortalidade infantil: este indicador refere-se aos números 
de recém-nascidos mortos até 1 ano de idade, bem como suas 
causas, avaliando, inclusive, sua etnia.
• Prevalência da anemia ferropriva: este indicador refere-se aos 
números de crianças com anemia por deficiência de ferro, ou 
mulheres em idade fértil, considerando as raças e etnias.
3131 31
• Monitoramento da fortificação das farinhas de trigo e de milho 
com ferro e ácido fólico: este indicador avalia a adequação da 
fortificação das farinhas de trigo, com ferro e ácido fólico, conforme 
preconizado pelo Ministério da Saúde e sendo esse monitoramento 
realizado pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
• Prevalência da hipovitaminose A: este indicador refere-se à 
ocorrência de hipovitaminose A nas diferentes regiões do Brasil.
• Monitoramento do teor de iodo no sal: este indicador avalia a 
adequação ao estabelecido na legislação.
• Alimento seguro: este indicador avalia se os alimentos estão 
com quantidade permissivas de agrotóxicos, antimicrobianos e 
antiparasitários ou se apresentam-se superior ao permitido.
• Saneamento básico: este indicador engloba o número de 
residências que recebem rede de abastecimento de água, esgoto e 
coleta de lixo, considerando as diferentes regiões do país.
2.5 Educação
• Anos de estudo: este indicador engloba o tempo de estudos 
realizados por diferentes sexos, raças e região.
• Analfabetismo: este indicador engloba a ausência de estudo 
formal realizado por diferentes sexos, raças, renda e região.
• Frequência à escola: este indicador engloba o registro de matrícula 
e frequênciaescolar considerando a idade.
O quadro abaixo faz parte do documento A segurança alimentar e 
nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil – 
Indicadores e monitoramento da constituição de 1988 aos dias atuais e 
expõe o estado nutricional de adolescentes e adultos em 2008-2009, no 
Brasil, com as respectivas fontes de coleta de dados.
3232 
Quadro 1 – Indicadores de saúde do Estado nutricional dos adolescentes 
e adultos, por região
Dimensão/ 
indicador Brasil
Região 
Norte
Região 
Nor-
deste
Região 
Centro- 
Oeste
Região 
Sudeste
Região 
Sul
Fonte/ 
ano
Estado nutricional de adolescentes – 10 até 19 anos
% de 
adoles-
centes com 
excesso 
de peso
Homens Homens Homens Homens Homens Homens Min. 
Saúde/
SISVAN e 
IBGE – POF 
-2008-2009
21,5 % 18,5% 15,9% 23,3% 24,4% 26,9%
Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres
19,4% 16,6% 17,1% 20,0% 20,8% 22,0%
Estado nutricional de Adultos – 20 ou mais
% de 
adultos 
com 
excesso 
de peso
Homens Homens Homens Homens Homens Homens
Min. Saúde 
/ SISVAN e 
IBGE – POF 
-2008-2009
50,1% 47,7% 42,9% 51,0% 52,4% 56,8%
Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres
48,0% 46,7% 46,0% 45,6% 48,5% 51,6%
% de 
adultos 
com 
obesidade
Homens Homens Homens Homens Homens Homens
12,5% 10,6% 9,9% 13,3% 13,0% 15,9%
Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres
16,9% 15,2% 15,2% 16,3% 17,5% 19,6%
Fonte: adaptada de Consea (2010).
O Quadro abaixo expõe alguns dos indicadores referentes a saúde 
e nutrição no Brasil, por região, com as respectivas fontes de 
coleta de dados.
Quadro 2 – Diversos Indicadores de saúde do Brasil, por região
Dimensão/ 
indicador Brasil
Região 
Norte
Região 
Nordeste
Região 
Centro- 
Oeste
Região 
Sudeste
Região 
Sul
Fonte/ 
ano
Baixo peso ao 
nascer (total) 8,20% 7,01% 7,47% 7,64% 9,17% 8,71%
Min. Saúde/
Sist.Inf de 
Nascidos 
Vivos – 2007
Baixo peso ao 
nascer a termo 4,50% 4,82% 4,43% 3,73% 4,62% 4,23%
Min. Saúde/
Sist.Inf de 
Nascidos 
Vivos – 2007
3333 33
Prevalência do 
aleitamento 
materno aos 6 
meses (indepen-
dente da criança 
estar recebendo 
outros líquidos)
78,00% 88,00% 77,00% 82,00% 73,00% 72,00%
Min. Saúde/
Pesq. Nac. De 
Aleitamen-
to Materno 
nas capitais 
Brasileiras e 
distrito fe-
deral – 2008
Prevalência do 
aleitamento ma-
terno exclusivo
9,00% 10,00% 8,00% 9,00 9,00% 10,00%
Min. Saúde/
Pesq. Nac. De 
Aleitamen-
to Materno 
nas capitais 
Brasileiras e 
distrito fe-
deral – 2008
Proporção 
de nascidos 
vivos com 7 ou 
mais consultas 
pré-natais
56,60% 31,57% 40,58% 62,48 69,90% 72,20%
Min. Saúde/
Sist.Inf de 
Nascidos 
Vivos – 2007
Taxa de morta-
lidade infantil 
(número de 
óbitos de meno-
res de 1 ano de 
idade, por mil 
nascidos vivos.)
20,70% 22,75% 29,76% 17,06 15,03% 13,34%
Min. Saúde/
Sist.Inf de 
Nascidos 
Vivos e Sist. 
De Inf. So-
bre Mortali-
dade – 2006
Prevalência 
da hipovita-
minose A em 
crianças < 5 anos
17,40% 10,70% 19,00% 11,80% 21,60% 9,90%
Min. Saúde/
Pesquisa Na-
cional sobre 
demografia e 
Saúde – 2006
Fonte: adaptada de Consea (2010).
O Quadro abaixo expõe os índices antropométricos de crianças com 
idade inferior a 5 anos de idade, no Brasil, por região, com as respectivas 
fontes de coleta de dados.
3434 
Quadro 3 – Indicadores antropométricos para crianças com idade 
inferior a 5 anos de idade, por região brasileira
Dimensão/ 
indicador Brasil
Região 
Norte
Região 
Nordeste
Região 
Centro- 
Oeste
Região 
Sudeste
Região 
Sul
Fonte/ 
ano
Índices antropométricos para todas as etapas do curso da vida
% de crianças < 
5 anos com 
baixo peso 
para idade
1,80% 3,30% 2,20% 1,60% 1,40% 1,90%
Min. Saúde / 
Pesquisa 
Nacional 
sobre 
demografia e 
saúde – 2006
% de crianças 
< 5 anos com 
déficit estrutu-
ral para idade
6,70% 14,70% 5,80% 5,50% 5,60% 8,50%
% de crianças 
< 5 anos com 
excesso de peso 
para idade
7,20% 6,20% 7,00% 7,50% 7,00% 9,40%
Fonte: adaptada de Consea (2010).
3. Indicadores
A Rede Interagencial de Informação para a Saúde (Ripsa), em 2008, 
elaborou um material nomeado Indicadores básicos para a saúde no 
Brasil, no qual abordou os indicadores predefinidos em categorias, a saber: 
demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores 
de risco, recursos e cobertura (RIPSA, 2008), sendo que a produção 
dos indicadores é realizada pela instituição que é responsável pelo 
fornecimento dos dados brutos junto ao Datasus.
3.1 Indicadores demográficos
Estes incluem: a população total, razão de sexos, taxa de crescimento 
da população, grau de urbanização, proporção de menores de 5 anos 
de idade na população, proporção de idosos na população, índice de 
envelhecimento, razão de dependência, taxa de fecundidade total, 
taxa específica de fecundidade, taxa bruta de natalidade, mortalidade 
3535 35
proporcional por idade, mortalidade proporcional por idade em 
menores de 1 ano de idade, taxa bruta de mortalidade, esperança de 
vida ao nascer e esperança de vida aos 60 anos de idade.
3.2 Indicadores de cobertura 
Incluem cobertura de planos de saúde, cobertura de redes de 
abastecimento de água, coleta de lixo e esgoto. Os indicadores 
socioeconômicos são os que incluem a taxa de analfabetismo, níveis de 
escolaridade, Produto Interno Bruto (PIB) per capita, razão de renda, 
proporção de pobres, taxa de desemprego e taxa de trabalho infantil.
3.3 Indicadores de mortalidade
Podemos citar a taxa de mortalidade infantil, neonatal precoce, neonatal 
tardia, pós-neonatal, perinatal, taxa de mortalidade em menores de 
5 anos, razão de mortalidade materna, mortalidade proporcional por 
grupos de causas, proporcional por causas mal definidas, proporcional 
por doença diarreica aguda em menores de 5 anos de idade, 
proporcional por infecção respiratória aguda em menores de 5 anos 
de idade. Os indicadores de taxa de mortalidade específica englobam 
as neoplasias malignas, acidentes do trabalho, diabetes mellitus, aids, 
afecções originadas no período perinatal e doenças transmissíveis.
3.4 Indicadores de morbidade e fatores de risco
Dentre outros, incluem: os indicadores de taxa de incidência de aids, 
taxa de incidência de dengue, taxa de incidência de neoplasias malignas, 
taxa de prevalência de diabetes mellitus, proporção de internações 
hospitalares (SUS) por grupos de causas, taxa de prevalência de 
pacientes em diálise (SUS), proporção de nascidos vivos de baixo peso ao 
nascer, taxa de prevalência de déficit ponderal para a idade em crianças 
menores de 5 anos de idade, taxa de prevalência de aleitamento 
materno, aleitamento materno exclusivo, taxa de prevalência de excesso 
de peso, de atividade física insuficiente, de hipertensão arterial.
3636 
3.5 Indicadores de recursos
Incluem, dentre outros, o número de profissionais de saúde por 
habitante, despesa familiar com saúde como proporção da renda 
familiar e número de concluintes de cursos de graduação em saúde.
4. Sistemas de informação
É necessário esclarecer que as informações que são disponibilizadas 
para uso na epidemiologia são alimentadas em banco de dados pelos 
sistemas de informação do Ministério da Saúde, como Sistema de 
Informações de Agravos de Notificação (Sinan), Sistema de Informações 
Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), e sistemas de informações para a 
gestão do trabalho em saúde.
Outros sistemas de informações de entidades públicas também 
são fornecedores de dados, dentre eles, podemos citar o Sistema 
Único de Benefícios da Previdência Social (SUB), Cadastro Nacional 
de Informações Sociais (CNIS) e Sistema Integrado de Administração 
Financeira do Governo Federal (SIAFI).
Aos censos originados no Sistema Estatístico Nacional, realizados pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são fontes de dados 
importantes em nível nacional, mas que também são interessantes na 
prática clínica para o conhecimento da região sociodemográfica na qual 
está inserido o atendimento nutricional. 
Os dados disponibilizados pelo IBGE também sãointeressantes para 
compreensão dos contextos sociais nos quais se pretende atuar em nível 
ambulatorial. O IBGE realizará pesquisas como a Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios (PNAD), Pesquisa de Assistência Médico-sanitária 
(AMS), Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e Pesquisa de Orçamentos 
Familiares (POF), que sabemos estarem relacionadas diretamente ao 
acesso à alimentação (POF, 2011). 
A figura abaixo expõe a prevalência da desnutrição infantil em alguns 
estados do Brasil em 1989, e permite a percepção das diferenças 
3737 37
socioeconômicas, relacionadas às questões sociais nas regiões norte e 
sul do país. Conforme a figura, podemos assimilar quais áreas da região 
norte e nordeste do país, em 1989, poderiam ser comparadas com áreas 
da África, onde havia altos índices de desnutrição.
Figura 1 – Prevalência da desnutrição infantil (BRASIL, 1989), 
referente ao percentual de crianças com altura < -2 Z.
Fonte: PNSN (1989), in Monteiro 1995.
A tabela abaixo expõe dados da POF, de 2008-2009, e confirma ainda a 
relação renda, alimentação e baixo peso/desnutrição.
Tabela 1 – Prevalência de déficit de altura nas crianças menores 
de 5 anos de idade, com base na distribuição de referência relativa 
a crianças de famílias com rendimento total e variação patrimonial 
mensal de mais de um salário mínimo per capita, segundo as classes 
de rendimento total e variação patrimonial mensal familiar per capita – 
Brasil – período 2008-2009
Classes de rendimento total e 
variação patrimonial mensal familiar 
per capita (salários mínimos)
Prevalência de déficit de altura 
nas crianças menores de 
5 anos de idade (%)
Até 1/4 8,2
Mais de 1/4 a 1/2 6,8
Mais de 1/2 a 1 6,2
Mais de 1 a 2 5,2
Mais de 2 a 53,8 3,8
Mais de 5 3,1
Fonte: BRASIL. IBGE, POF 2008-2009.
3838 
Outros censos e pesquisas também são fornecedores de dados que 
compõem o banco de informações no qual se baseiam os indicadores, 
dentre eles, a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS), 
estimativa da incidência de neoplasias malignas, inquérito de 
prevalência de aleitamento materno, inquérito de prevalência de 
diabetes mellitus e inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e 
morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis.
Prezado aluno, neste tema, nós tomamos conhecimento sobre quais 
são os indicadores nos quais devemos atentar para o atendimento 
nutricional no ambulatório, dentre eles, os dados antropométricos, de 
alimentação e comorbidade merecem especial atenção por parte do 
nutricionista ambulatorial, a fim de oferecer um atendimento efetivo ao 
paciente, compreendendo-o como um ser completo que interage com o 
meio no qual vive, sofrendo interferências deste.
TEORIA EM PRÁTICA
Você é nutricionista clínico no ambulatório de sua 
cidade, no interior do Pará, região amazônica, e recebe o 
paciente J. K. L., 56 anos, diabético, hipertenso, referindo 
ser encaminhado ao nutricionista, pois, após ser 
diagnosticado com dengue, perdeu muito peso. Relata 
que “tem muita gente aqui com dengue, e por isso as 
pessoas estão emagrecendo aqui na cidade”. Ao avaliar 
o encaminhamento médico, você verifica: “Encaminho 
ao nutricionista deste ambulatório o paciente, J. K. L., 
56 anos. Paciente apresenta redução ponderal de 10 kg 
após estar internado por 5 dias”. Verificando os exames 
laboratoriais, você identifica HDL de 96 mg/dl. Ao coletar o 
recordatório alimentar do paciente, ele refere o consumo 
de uma sardinha assada no jantar e almoço, pois seu 
3939 39
vizinho é pescador ribeirinho e traz para ele esse alimento, 
o qual ele ingere diariamente. Frente a essa realidade, 
quais indicadores de saúde você deverá considerar no 
atendimento ambulatorial desse paciente?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Qual seria o melhor indicador que você poderia 
preferir utilizar para verificar a incidência de dengue 
no seu município? 
a. Taxa de incidência de aids.
b. Taxa de incidência de neoplasias malignas.
c. Taxa de incidência de dengue.
d. Taxa de prevalência de diabete mellitus.
e. Taxa de incidência de doenças relacionadas 
ao trabalho.
2. Considerando que os tratamentos realizados pelos 
profissionais de saúde visam a resolubilidade das 
doenças, assinale as palavras que melhor preenchem 
as lacunas da afirmativa abaixo:
A __________ do tratamento pode ser caracterizada 
pela _________ de um tratamento empregado frente 
a determinada ____________, em que se verificou a 
___________ da doença outrora instalada.
4040 
a. Efetividade; eficiência; patologia; alteração.
b. Efetividade; eficiência; patologia; resolução. 
c. Eficiência; eficiência; patologia; alteração.
d. Eficiência; deficiência; patologia; alteração.
e. Eficiência; dificuldade; patologia; alteração.
3. A prevenção na prática clínica se refere a ações que o 
profissional de saúde deve ter para auxiliar na adesão 
de práticas de saúde por parte de seus pacientes. 
Fazem parte da prevenção na prática clínica as ações 
listadas abaixo, exceto: 
a. Incentivo à adesão aos programas de imunização.
b. Incentivo à adesão ao acompanhamento do ganho 
de peso do recém-nascido. 
c. Incentivo e o uso de curvas de padrão de crescimento 
preconizadas pelo Ministério da Saúde.
d. Orientações de práticas que promovem o adoecimento.
e. Orientações de incentivo ao aleitamento materno.
Referências bibliográficas
BONITA, R; BEAGLEHOLE, R; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. Tradução e 
revisão científica Juraci A. Cesar. 2.ed. São Paulo: Santos, 2010.
BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). 
A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação 
adequada no Brasil. Indicadores e Monitoramento – da Constituição de 1988 aos 
dias atuais. Brasília: Consea, 2010.
4141 41
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística – IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e 
Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo 
alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.150 p. Disponível em: https://
biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdf. Acesso em: 26 ago. 2019.
MONTEIRO, C. A. A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição no Brasil. 
Estud. av., São Paulo, v. 9, n. 24, p. 195-207, ago. 1995. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nr
m=iso. Acesso em: 26 ago. 2019. 
MONTEIRO C. A. et al. Causas e declínio da desnutrição infantil no Brasil, 1996-2007. 
Revista de Saúde Pública, São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de 
Saúde Pública, 2005, v. 43, n. 1, p. 35-43, 2009.
Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – Pnsn – Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística – Ibge – (1989). In MONTEIRO, C. A. A dimensão da pobreza, da fome 
e da desnutrição no Brasil. Estud. av., São Paulo, v. 9, n. 24, p. 195-207, ago. 1995. 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141995000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 fev. 2019. 
PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIO. IBGE, 2007. Disponível em: 
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/59/pnad_2007_v28_br.pdf. 
Acesso em 27 fev. 2020.
REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE – RIPSA. Indicadores 
básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização 
Pan-Americana da Saúde, 2008. 349 p.: il.
Gabarito
Questão 1 – Resposta C
Resolução: taxa de incidência de dengue. Lembre-se de que as 
taxas de incidência de dengue são indicadores que norteiam as 
ações em saúde frente a essa patologia.
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
Questão 2 – Resposta B
Resolução: a efetividade do tratamento pode ser caracterizada 
pela eficiência em um tratamento empregado frente a 
determinada patologia, em que se verificou a resolução da 
doença outrora instalada.
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdfhttps://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/59/pnad_2007_v28_br.pdf
4242 
Questão 3 – Resposta D 
Resolução: A prevenção na prática clínica pode incluir, por 
exemplo, o incentivo à adesão aos programas de imunização, o 
acompanhamento do ganho de peso do recém-nascido e o uso 
de curvas de padrão de crescimento, aleitamento materno, entre 
outros; Deste modo orientações de práticas que promovem o 
adoecimento, não fazem parte da prevenção na prática clínica.
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
4343 43
Indicadores de qualidade nas 
terapias enteral e parenteral
Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos
Objetivos
• Conhecer os indicadores de qualidade 
nas terapias enteral e parenteral.
• Compreender a importância dos indicadores de 
qualidade nas terapias enteral e parenteral.
• Assimilar os fatores necessários à implantação 
do uso de indicadores de qualidade nas terapias 
enteral e parenteral.
4444 
1. Indicadores de qualidade nas terapias enteral e 
parenteral
A terapia nutricional (TN) pode ser definida como um conjunto de 
métodos terapêuticos que objetivam a recuperação e/ou manutenção 
dos parâmetros nutricionais por meio da nutrição parenteral e/
ou enteral (PELTZ apud SÁ; MARSCHALL, 2015). A TN é amplamente 
utilizada no meio hospitalar. 
Devemos considerar que a TN previne e combate a desnutrição, 
podendo, inclusive, melhorar os parâmetros resultantes de complicações 
pós-operatórias, porém a TN poderá apresentar complicações e por isso 
deverá ser monitorada e avaliada continuamente (BARKER et al. apud 
SÁ; MARSCHALL, 2015), sendo que essa avaliação e esse monitoramento 
poderão ser realizados por meio de indicadores que expressarão a 
qualidade dos atendimentos que incluem a terapia nutricional e enteral. 
A qualidade de um atendimento em saúde refere-se a um atendimento 
efetivo que seja resolutivo e satisfatório do ponto de vista do paciente 
(OPAS, 1992). A verificação da qualidade da assistência em saúde almeja 
garantir uma assistência com o menor número de deficiências possível, 
utilizando, para isso, protocolos que organizam as ações da equipe 
envolvida no processo de geração de saúde, bem como fornecendo a 
esta equipe os conhecimentos científicos atuais (BRASIL, 2006). 
Na avaliação da qualidade de um serviço, o uso de indicadores é 
preconizado, porém, para sua utilização, é necessário que se adotem 
procedimentos para uma gestão efetiva (ABNPE; ABRAN, 2011). Dentre 
esses procedimentos, devemos citar:
• Construção e padronização de manuais de boas práticas: os 
manuais de boas práticas irão definir os procedimentos-padrão 
que deverão ser adotados para a realização das atividades 
referentes a nutrição enteral e parenteral.
4545 45
• Construção e domínio dos registros: os registros permitirão a 
melhor visualização das atividades realizadas pela equipe de saúde.
• Ações de prevenção e de correção: ações de prevenção deverão 
ser adotadas para evitar a ocorrência de fatores que possam 
desfavorecer a qualidade da terapia oferecida ao paciente, 
enquanto as ações de correção deverão ocorrer sempre que 
houver resultados desfavoráveis.
• Revisões e adaptações dos processos e objetivos do serviço 
de terapia nutricional: deverá haver adaptações e revisões dos 
processos já utilizados e dos objetivos dos serviços implantados.
Cada instituição apresenta um perfil especifico dos seus pacientes, e o 
perfil desses pacientes norteia as ações de avaliação de qualidade do 
serviço oferecido a este público, bem como os tipos de indicadores que 
serão preferidos. Alguns critérios deverão ser adotados para selecionar 
os indicadores que deveremos preferir utilizar. Dentre os critérios, 
devemos considerar (ABNPE; ABRAN, 2011):
• As necessidades conforme os aspectos da população avaliada. 
• A política da instituição. 
• O impacto da patologia analisada frente à saúde da população.
• Evidências científicas que exponham a necessidade daquele 
indicador.
As necessidades de saúde da população estudada deverão ser avaliadas, 
de modo que os indicadores analisados sejam relevantes a ela. Para isso, 
deve pesar o impacto da patologia analisada frente à saúde da população.
É interessante ressaltar que os indicadores que se pretendem utilizar 
permitam comparação com outas populações/instituições de vários níveis, 
tanto locais quanto regionais ou nacionais e até mesmo internacionais.
4646 
No âmbito da avaliação de qualidade da nutrição enteral e parenteral, 
alguns indicadores são amplamente utilizados. O quadro abaixo expõe 
alguns deles.
Quadro 1 – Exemplos de indicadores comumente utilizados
INDICADORES GERAIS
Porcentagem de avaliação nutricional nas primeiras 24 horas de internação
Número de pacientes com avaliação nutricional x 100/ número de internações
Prevalência de pacientes com déficit ou em risco nutricional
Número de pacientes com déficit ou em risco nutricional 
x 100 / número de pacientes internados
Porcentagem de pacientes com tempo de jejum inadequado 
antes do início da TN (maior que 72 horas)
Número de pacientes em jejum por período maior que 48 
horas x 100 / número de pacientes candidatos à TN
INDICADORES DE EFETIVIDADE
Porcentagem de pacientes em TN com estimativa do 
gasto energético e necessidades proteicas
Número de pacientes em TN com medida do gasto energético 
x 100 / número total de pacientes em TN
Porcentagem de pacientes em TN em catabolismo proteico
Número de pacientes em TN com diminuição da circunferência muscular do braço 
maior que 20% no período de sete dias x 100 / número total de pacientes em TN
Porcentagem de pacientes com volume de nutrição parenteral 
(NP) infundido maior que 70% do prescrito
Número de pacientes com volume de infusão da NP maior que 
70% x 100 / número total de pacientes recebendo NP
Porcentagem de pacientes com volume de nutrição enteral 
(NE) infundido maior que 70% do prescrito
Número de pacientes com volume de infusão da NE maior que 
70% x 100 / número total de pacientes recebendo NE
INDICADORES DE RESULTADOS
Incidência de diarreia
Número de pacientes com diarreia recebendo NE x 100 
/ número total de pacientes recebendo NE
Índice de infecção do cateter venoso central em pacientes sob TN parenteral
Número de ocorrência de infecção de cateter venoso central em pacientes sob 
TNP x 1000 / número de pacientes-dia com cateter venoso central para TNP
Incidência de perda de SNE em pacientes em TN enteral (saída inadvertida e obstrução)
Número de perdas de SNE x 100 / número de pacientes com sonda nasoentérica/dia
Fonte: adaptado de ABNPE e Abran (2011).
4747 47
PARA SABER MAIS
Em 2014, os autores Sá e Marshall, na publicação 
“Indicadores de qualidade em terapia nutricional como 
ferramenta para avaliação da assistência nutricional em 
pacientes hospitalizados”, abordaram os indicadores de 
qualidade em terapia nutricional (IQTN), por meio de 
uma revisão crítica de estudos sobre a aplicabilidade 
dos indicadores de qualidade para avaliação da TN. 
Os autores concluíram que há viabilidade na utilização 
de IQTN e evolução progressiva da eficácia dos métodos 
de qualidade na assistência nutricional a partir da sua 
empregabilidade (SÁ; MARSHALL, 2014). Esse estudo foi 
publicado no periódico científico Comunicação em Ciências 
da Saúde, que está sob a responsabilidade da Secretaria 
de Estado de Saúde do Distrito Federal, por meio da 
Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde 
(BVS, 2019). Nessa publicação, eles abordaram oestudo de 
Waitzberg, Mateos e Verotti em 2008, que elencou os dez 
IQTN considerados mais úteis, práticos, de fácil execução 
(simplicidade) e de baixo custo, que estão listados no 
Quadro 2, em ordem de importância.
Quadro 2 – Dez indicadores de qualidade em 
terapia nutricional (IQTN) considerados mais úteis, 
práticos, de fácil execução (simplicidade) e de baixo custo
Colocação Indicador
1º Frequência de realização de triagem nutricional em pacientes hospitalizados
2º Frequência de diarreia em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE)
3º Frequência de saída inadvertida de sonda de nutrição em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE)
4848 
4º Frequência de obstrução de sonda de nutrição em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE)
5º Frequência de jejum digestório por mais de 24 horas em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) ou oral (TNO)
6º Frequência de pacientes com disfunção da glicemia em terapia nutricional enteral e parenteral (TNE e TNP)
7º Frequência de medida ou estimativa do gasto energético e necessidades proteicas em pacientes em terapia nutricional
8º Frequência de infecção por cateter venoso central (CVC) em pacientes em terapia nutricional parenteral (TNP)
9º Frequência de conformidade de indicação da terapia nutricional enteral (TNE)
10º Frequência de aplicação de avaliação subjetiva global (ASG) em pacientes em terapia nutricional (TN).
Fonte: Waitzberg et al. apud Sá e Marschall (2014).
ASSIMILE
É imprescindível, que exista um guia de boas práticas 
padrão que seja adotado pela equipe de saúde que 
atua diretamente junto ao paciente e, portanto, é 
responsável direto pelos resultados de saúde, o que 
reflete nos indicadores. De posse do manual de boas 
práticas, deve-se elaborar e disponibilizar à equipe 
as fichas de registro dos indicadores para que sejam 
preenchidas por profissionais previamente definidos. 
Também é importante citar que os profissionais de 
contato direto com o paciente deverão ser conhecedores 
das planilhas de registros dos dados que alimentarão 
os bancos de dados, bem como dos seus resultados, 
pois assim compreenderão o que está sendo avaliado 
e, consequentemente, frente aos resultados, serão 
conscientizados das necessidades de determinadas ações 
em saúde, quer sejam de prevenção ou de correção.
4949 49
Sobre as instruções para implantação de indicadores em terapia 
nutricional, devemos considerar que, nas instituições de saúde, é 
necessário que se implantem os indicadores que se pretendem 
utilizar, sendo que o banco de dados para o levantamento destes 
deverão ser estruturados com as informações componentes de tal 
indicador. Esse banco deverá ser alimentado de forma confiável por 
profissionais da própria instituição.
Como resultado das implicações dos indicadores, devemos lançar metas, 
não só para desafiar a equipe, mas também para melhorar os padrões 
de saúde da instituição na qual se atua e até mesmo em nível local, 
regional, estadual, nacional e, por vezes, até internacional.
Os dados que deverão alimentar o banco de informações deverão, 
prioritariamente, ser coletados em períodos preestabelecidos e 
repetitivos, para se ter um melhor controle da situação atual do 
estabelecimento no qual se atua. Além de que essas informações, em 
períodos regulares, se aplicam para nortear as ações em saúde da 
equipe atuante.
Todo o material de implantação dos indicadores e o material de 
controle e de ações em saúde norteada pelos resultados dos 
indicadores deverão ser periodicamente ajustados, renovados, 
atualizados e revisados, lembrando que toda a equipe participante do 
levantamento dos indicadores deverá ser treinada, seja o pessoal de 
contato direto com o paciente, seja os coletadores de dados, ou seja, os 
alimentadores dos bancos.
Os profissionais que estarão envolvidos na elaboração dos indicadores 
de qualidade em terapia nutricional deverão considerar que, na 
elaboração destes, alguns itens serão componentes básicos, como: 
nome, objetivo, cálculo, definição de numerador e denominador, 
método, responsável, frequência, meta e referencial comparativo 
(ISOSAKI, 2015).
5050 
Quadro 3 – Exemplo de indicador de qualidade em terapia nutricional
Indicador Taxa de realização de anamnese alimentar inicial
Objetivo Identificar a frequência de realização de anamnese alimentar inicial em pacientes hospitalizados
Fórmula de cálculo (Nº de pacientes com anamnese alimentar em até 72 h de internação / nº total de internações no mês) x 100
Importância
A anamnese alimentar é uma importante 
ferramenta utilizada para o diagnóstico nutricional 
e o estabelecimento do plano terapêutico. Tem 
como objetivos avaliar a adequação quantitativa 
e qualitativa da ingestão alimentar às demandas 
nutricionais do paciente, direcionando para a 
introdução de terapia nutricional quando necessária
Unidade utilizada 
na fórmula Porcentagem
Numerador Nº de pacientes com anamnese alimentar inicial realizada em até 72 h de internação
Denominador Nº total de internações realizadas no mês na unidade
Fontes dos dados
Prontuário do paciente
Observação: serão computados a partir da data da 
anamnese alimentar inicial (registrada em prontuário), 
utilizando como ferramenta relatórios, sistemas 
informatizados e/ou impressos próprios da instituição
Periodicidade Mensal
Responsável 
pela informação Nutricionista
Meta ≥ 75%
Referencial comparativo Hospitais com características similares
Fonte: adaptado de Ilsi Brasil (2017, p. 12).
Os critérios a serem adotados para elaboração e avaliação de 
indicadores de qualidade de saúde nos serviços de terapia nutricional 
devem expor suas normas de maneira clara e objetiva. Um exemplo 
de indicador de qualidade em terapia nutricional poderá ser verificado 
abaixo. Esta produção faz parte da série de publicações da International 
Life Sciences Institute Brasil (Ilsi): Força-tarefa nutrição da criança (2017).
5151 51
TEORIA EM PRÁTICA
Após um longo processo seletivo, você assume a chefia do 
setor de nutrição enteral do hospital no qual trabalha há 
mais de dez anos. Então você resolve implantar indicadores 
de qualidade em terapia nutricional neste hospital. Quais 
os critérios que deverão ser adotados para selecionar os 
indicadores que você deverá preferir utilizar?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Assinale a sequência que melhor completa as lacunas: 
Os ____________ que estarão envolvidos na elaboração 
_____________ em terapia nutricional deverão considerar 
que, na elaboração destes, alguns itens serão 
______________, como por exemplo métodos e objetivos. 
a. Componentes básicos; dos profissionais; indicadores 
de qualidade.
b. Profissionais; dos indicadores de qualidade; 
componentes básicos.
c. Componentes básicos; dos nutricionistas; indicadores 
de qualidade.
d. Nutricionistas; dos indicadores de qualidade; 
componentes básicos.
e. Indicadores de qualidade; profissional; 
componentes básicos.
5252 
2. A terapia nutricional (TN) pode ser definida como um 
conjunto de métodos terapêuticos que objetivam: 
a. A recuperação da saúde de indivíduos saudáveis.
b. A manutenção da saúde de indivíduos saudáveis.
c. A recuperação e/ou manutenção dos parâmetros 
nutricionais.
d. A recuperação e/ou manutenção da saúde de 
indivíduos saudáveis.
e. A recuperação e/ou manutenção somente dos 
parâmetros antropométricos.
3. Como exemplo de indicador de qualidade em nutrição 
enteral e parenteral comumente utilizado, podemos citar 
os listados abaixo, exceto:
a. Porcentagem de avaliação nutricional nas primeiras 24 
horas de internação.
b. Incidência de aleitamento materno.
c. Frequência de jejum digestório por mais de 24 horas 
em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) ou 
oral (TNO).
d. Frequência de realização de triagem nutricional em 
pacientes hospitalizados.
e. Frequência de obstrução de sonda de nutrição em 
pacientes em terapia nutricional enteral (TNE).
5353 53
Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Avaliação paramelhoria da qualidade da estratégia 
saúde da família: documento técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
Biblioteca Virtual em saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: http://pesquisa.
bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435. Acesso em: 6 ago. 2019.
DONABEDIAN, A. Evaluación de la calidad de la atención médica. In: WHITE, K. 
L; FRANK, J. E. D. S. Investigaciones sobre servicios de salud: una antología. 
Washington: OPAS, 1992. p. 382-404.
INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE DO BRASIL – ILSI. Indicadores de 
qualidade em terapia nutricional pediátrica. ILSI Brasil: força-tarefa nutrição da 
criança. v. 2. São Paulo: Ilsi, 2017. (Série de publicações; v. 2).
ISOSAKI, M. Indicadores: conceitos, importância e aplicabilidade em nutrição 
hospitalar. In: ISOSAKI, M; GANDOLFO, A. S; JORGE, A. L; EVAZIAN, D; CASTANHEIRA, 
F. A; BITTAR, O. J. N. Indicadores de nutrição hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2015. 
SÁ, J. S. M. de; MARSCHALL, N. G. Indicadores de qualidade em terapia nutricional 
como ferramenta de monitoramento da assistência nutricional no paciente 
cirúrgico. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 2, n. 30, p. 100-105, 2015.
SÁ, J. S. M. de; MARSCHALL, N. G. Indicadores de qualidade em terapia nutricional 
como ferramenta para avaliação da assistência nutricional em pacientes 
hospitalizados. Comunicação em Ciências Saúde, v. 2, n. 25, p. 127-140, 2014.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL – SBNPE; 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA – Abran. Terapia nutricional: 
indicadores de qualidade. Projeto Diretrizes. São Paulo: 2011. Disponível em: 
https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_
qualidade.pdf. Acesso em: 27 fev. 2020.
Gabarito
Questão 1 – Resposta B
Resolução: lembre-se de que os componentes básicos que estarão 
envolvidos na elaboração dos indicadores de qualidade são, por 
exemplo, métodos e objetivos deste indicador.
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
Questão 2 – Resposta C
Resolução: a recuperação e/ou manutenção dos parâmetros 
nutricionais são objetivos da terapia nutricional.
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
http://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435
http://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435
https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_qualidade.pdf
https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_qualidade.pdf
5454 
Questão 3 – Resposta B
Resolução: a Incidência de aleitamento materno é um indicador de 
saúde, porém não é um indicador de qualidade em nutrição enteral 
e parenteral.
Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente!
5555 55
Epidemiologia nutricional
Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos
Objetivos
• Compreender os parâmetros da epidemiologia 
no âmbito da nutrição.
• Conhecer as doenças prevalentes atualmente e suas 
justificativas frente à epidemiologia nutricional.
• Conhecer as doenças prevalentes nas 
décadas passadas e suas justificativas frente à 
epidemiologia nutricional.
5656 
1. Epidemiologia aplicada à nutrição
A epidemiologia estuda os diferentes fatores que geram a ocorrência e 
o alastramento de doenças, bem como os meios necessários para sua 
prevenção. Define-se como o estudo da frequência, da distribuição e 
dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em 
específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos 
problemas de saúde (LAST, 1988). Poderá, ainda, ser definida de maneira 
simples, como o estudo das doenças nas populações.
A partir dos dados epidemiológicos é que serão definidos os indicadores, 
que permitirão nortear as ações em saúde que deverão ser adotadas 
a fim de fornecer um atendimento de qualidade, assertivo e resolutivo 
para o paciente. 
As informações geram os indicadores em saúde que norteiam as ações 
em saúde, frente a elas, serão obtidos os dados, que serão revisados, 
analisados e, posteriormente, nortearão nova coleta de informações.
Figura 1 – Dinâmica do ciclo de geração de 
indicadores, dados, informações e ações em saúde
Fonte: adaptada de Moraes (1994). 
Os padrões de morbimortalidade do povo brasileiro passaram por 
transições que podem ser classificadas em demográfica, nutricional e 
epidemiológica (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007). 
5757 57
A transição demográfica se refere ao maior número de pessoas com 60 
anos em detrimento ao número de nascimentos, ou pessoas com pouca 
idade, enquanto a transição nutricional pode ser caracterizada pelo 
aumento do número de indivíduos com índice de massa corporal acima 
do máximo adequado para sua altura. Desse modo, são classificadas 
em obesidade ou sobrepeso, sendo que o excesso de peso pode estar 
associado a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que refletem 
nos padrões de morbimortalidade atuais. 
O índice de massa corporal (IMC) é estabelecido pela razão entre peso 
e altura e pode ser definido pela fórmula: kg/m². O IMC deverá ser 
classificado conforme preconiza a OMS (2000).
Tabela 1 – Classificação do IMC
IMC (kg/m2) Classificação
< 16 Magreza grau III
16 a 16,9 Magreza grau II
17 a 18,4 Magreza grau I
18,5 a 24,9 Eutrofia
25 a 29,9 Pré-obeso
30 a 34,9 Obesidade grau I
35 a 39,9 Obesidade grau II
≥40 Obesidade grau III
Fonte: adaptada de OMS (2000).
Estudos epidemiológicos têm sido realizados para identificar fatores 
etiológicos que possam reduzir ou atenuar a carga produzida pelo 
envelhecimento da população, pelas alterações nutricionais e pela 
presença de DCNT (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007, p. 213).
A imagem abaixo expõe a evolução temporal da prevalência de 
obesidade (IMC > ou igual a 30 kg/m²) no nordeste e no sudeste do Brasil 
(em 1975, 1989 e 1996).
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Figura 2 – Evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC > ou 
igual a 30 kg/m²) no nordeste e no sudeste do Brasil (1975, 1989 e 1996)
Fonte: Batista e Rissin (2003).
Devemos refletir também sobre o fato de que a população urbana 
moderna teve ampla influência da indústria alimentar sobre o seu 
padrão de consumo de alimentos. Essa influência ocorreu devido ao 
desenvolvimento acelerado das redes de comercialização de alimentos, 
como, por exemplo, as redes fast-foods, além de que a globalização 
impõe a incorporação de hábitos e produtos de modo a substituir os 
alimentos que outrora eram presentes na alimentação habitual das 
populações. Esse fenômeno reflete intensamente sobre a dieta habitual 
dos indivíduos e, consequentemente, nos processos de alimentação e 
saúde (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007, p. 182).
A transição epidemiológica, neste contexto, se configura como a 
diminuição de mortes por doenças infecciosas, como malária ou 
sarampo, entre outras, em detrimento do aumento dos óbitos por 
DCNT, como as cardiovasculares, neoplasias, diabetes mellitus e 
doenças respiratórias crônicas. Frente a essa realidade, deve-se 
minimizar as consequências negativas da transição epidemiológica, 
transição demográfica e nutricional. A intervenção das ações de saúde 
deve se basear nos fatores que podem ser modificáveis. No conjunto de 
fatores que podem ser modificáveis, cita-se o perfil alimentar adotado. 
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Devemos considerar que o padrão alimentar é caracterizado como 
“o conjunto ou grupos de alimentos consumidos por uma dada 
população” (GARCIA, 1999). 
Para o melhor conhecimento desses grupos alimentares, poderemos 
utilizar os inquéritos de investigação do consumo alimentar, sendo 
destes o mais utilizado o questionário de frequência de consumo 
alimentar (QFA), por permitir agrupamento de grupos alimentares e o 
conhecimento de sua frequência de consumo.
O questionário de frequência alimentar (QFA) é amplamente utilizado 
em estudos prospectivos internacionais e nacionais. É considerado 
o mais prático e informativo método de avaliação dietética e de 
fundamental importância em estudos epidemiológicos que relacionam 
a dieta com a presença de doenças crônicas não transmissíveis

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