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INDICADORES DE QUALIDADE E SOFTWARES EM NUTRIÇÃO W BA 07 05 _v 1. 0 22 Dayse Kellen de Sousa Santos Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Indicadores de qualidade e softwares em nutrição 1ª edição 33 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Camila Braga de Oliveira Higa Revisor Helena Dória Ribeiro de Andrade Previato Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Santos, Dayse Kellen de Sousa S237i Indicadores de qualidade e softwares em nutrição/ Dayse Kellen de Sousa Santos, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 110 p. ISBN 978-85-522-1627-8 1. Nutrição. 2. Qualidade. I. Santos, Dayse Kellen de Sousa. Título. CDD 613 Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 44 SUMÁRIO Apresentação da disciplina 5 Princípios epidemiológicos de indicadores do processo saúde-doença 6 Indicadores de saúde em nutrição ambulatorial 25 Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral 43 Epidemiologia nutricional 55 Gestão de cuidados nutricionais 73 Organização de banco de dados em nutrição clínica e hospitalar 89 Principais softwares em nutrição clínica 100 INDICADORES DE QUALIDADE E SOFTWARES EM NUTRIÇÃO 55 5 Apresentação da disciplina Prezado aluno, na disciplina Indicadores de Qualidade e Softwares em Nutrição, você aprenderá sobre a importância e os objetivos dos indicadores de qualidade em nutrição clínica e sobre as principais plataformas dos softwares disponíveis para uso do nutricionista atualmente. Os objetivos dos conteúdos apresentados são proporcionar a você o conhecimento dos diferentes indicadores de qualidade que poderão ser utilizados na nutrição clínica, ambulatorial e hospitalar, bem como os mais utilizados e atuais dentre eles. O processo de globalização da nossa sociedade trouxe, além de mudanças no estilo de vida, muitos avanços no campo da nutrição clínica, trazendo, assim, benefícios para o atendimento nutricional, beneficiando não somente o paciente, mas o profissional também, que agora possui auxilio para cálculos de dietas e banco de dados com informações da composição nutricional de alimentos, entre outros. Dentre os avanços tecnológicos abordados, podemos citar também a utilização de softwares e organização de banco de dados em nutrição clínica e a abordagem sobre as plataformas dos principais softwares utilizados em nutrição clínica. Convido você para participar desse estudo que, com certeza, será muito produtivo e contribuirá para o seu crescimento profissional, tornando-o mais competitivo ao mercado atual. Bons estudos! 666 Princípios epidemiológicos de indicadores do processo saúde-doença Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer os princípios epidemiológicos que envolvem o processo saúde-doença. • Compreender os indicadores do processo saúde-doença. • Conhecer as características dos indicadores do processo saúde-doença. 77 7 1. Princípios epidemiológicos A epidemiologia estuda os diferentes fatores que geram a ocorrência e o alastramento de doenças, bem como os meios necessários para sua prevenção. É definida como o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em populações específicas e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde (LAST, 1998). Ainda, poderá ser definida de maneira simples, como o estudo das doenças nas populações. A epidemiologia permite o conhecimento de informações necessárias às decisões que deverão ser tomadas para direcionar as ações rumo à saúde de uma determinada população em um período de tempo, frente a uma determinada patologia. Podemos citar como a empregabilidade e a importância da epidemiologia, por exemplo, a ocorrência de microcefalia em demanda exacerbada ocorrida em 2015, quando a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco notificou e solicitou apoio do Ministério da Saúde para complementar as investigações iniciais de 26 casos de microcefalia recebidas de diversos serviços de saúde nas semanas anteriores à notificação (BRASIL, 2016). Então, verificou-se que as crianças nascidas com essa patologia tiveram suas mães infectadas pelo Zika Vírus durante a gestação em uma região tropical do Brasil. Desse modo, a epidemiologia atua investigando o agente causador da doença, seus mecanismos de interação com o ser humano, a fisiopatologia da doença, as consequências da interação entre o agente causador e o indivíduo, e quais as taxas, ou seja, números de pessoas afetadas com aquela patologia e/ou que vieram a óbito por sua ocorrência. Bem como quais as ações em saúde que deverão ser adotadas para evitar novos casos. Dessa maneira, foram elaboradas as orientações do Ministério da Saúde para os casos de microcefalia relacionados ao Zika Vírus. Em 2016, o Ministério da Saúde criou o Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia e/ou Alterações do Sistema Nervoso Central (SNC). 88 Para instruir a população e os profissionais de saúde frente a determinadas patologias, são necessários dados, informações e indicadores conforme descrito abaixo: • Dados: são os valores ainda não trabalhados. • Informações: são a tradução dos dados após serem trabalhados. Trata-se da relação dos dados com as ocorrências. • Indicadores: são associações de informações que permitem comparar os níveis de saúde entre diferentes populações no decorrer de um período (MORAES, 1994). Figura 1 – Dinâmica do ciclo de geração de indicadores, dados, informações e ações em saúde Fonte: adaptada de Moraes (1994). Na coleta de dados, é necessário perceber quais deverão prioritariamente ser tabulados e analisados frente ao que se pretende propor de intervenção. Deve-se fazer a cobertura mais abrangente possível do problema de saúde investigado. É, ainda, necessário considerar que há casos sintomáticos e assintomáticos, sendo que casos sintomáticos poderão ser uma quantidade inferior à que se apresenta ao serviço de saúde para tratamento, e poderá haver uma quantidade ainda inferior que será diagnosticada assertivamente, e desta, poderá ser que uma quantidade inferior seja notificada. 99 9 Desse modo, o que será coletado como diagnóstico informado poderá ser inferior ao que realmente está ocorrendo na população. Sendo assim, são definidas como subnotificações os casos não notificados, e como sub-registro, os casos não registrados. Os levantamentos de dados podem ser ocasionais, contínuos ou periódicos (BERQUÓ et al., 1981), como descrito a seguir: • Levantamento de dados contínuos: quando os dados são registrados conforme sua ocorrência, por exemplo, óbitos e nascimentos. • Levantamento de dados periódicos: é quando, periodicamente, se coleta determinado dado, por exemplo, a cada dez anos, a cada dois anos.• Levantamento de dados ocasionais: não apresentam periodicidade definida. O Sistema Único de Saúde do Brasil conta com sistemas de informações específicos, gerenciados pelo próprio Ministério da Saúde, dentre eles: • Sistema de informação sobre mortalidade (SIM). • Sistema de informação sobre nascidos vivos (SINASC). • Sistema de informação sobre agravos de notificação obrigatória (SINAN). • Sistema de informação sobre serviços e atendimento ambulatoriais (SIA). • Sistema de informação sobre internações hospitalares (SIH). • Sistema de informação sobre a atenção básica (SISAB). (BRASIL, 2011). 1010 No Brasil, atualmente há dois modelos de assistência em saúde, que são denominados modelo médico assistencial hospitalocêntrico e o modelo sanitarista. O modelo médico assistencial hospitalocêntrico se caracteriza pelo foco no biologicismo e na medicalização dos agravos de saúde, ou seja, na medicina curativa (FOUCAULT, 2008). Enquanto o modelo sanitarista enaltece a importância das condições de vida da população, sendo estas condições o fator determinante para os agravos de saúde, deste modo, é preferivel a prevenção da saúde do que unicamente o enfrentamento das doenças. Para isso são criados programas e campanhas visando atender às necessidades de saúde coletiva (PAIM, 2008). Tabela 1 – Modelos de atenção no Brasil e suas características Modelo Sujeito Objeto Meios de trabalho Formas de organização Sanitarista Sanitarista e auxiliares Modelos de transmissão e fatores de risco Tecnologia sanitária (educação em saúde, imunização, controle de vetores) Campanhas sanitárias, programas especiais e sistemas de vigilância Médico- assistencial Médico Doenças e doentes Tecnologia médica Sistemas de vigilância Rede de serviços de saúde e hospitais Fonte: adaptada de Teixeira e Vilasbôas (2016). Na assistência em saúde do modelo sanitarista, são incluídos programas como, por exemplo, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e a Estratégia de Saúde da Família (ESF) – conhecido antigamente como Programa Saúde da Família (PSF) (TEIXEIRA; VILASBÔAS, 2014). 1111 11 A atuação da epidemiologia se fundamenta nas causas das doenças e seu enfrentamento, sendo que as causas podem ser explicadas por três modelos explicativos da ocorrência das doenças, são eles: (1) o modelo ecológico, (2) a rede de causas e (3) o modelo sistêmico. 1. O modelo ecológico defende que, caso a interação entre o homem e o meio ambiente não ocorra de maneira equilibrada, ocorre um desequilíbrio que resultará em doenças. 2. A rede de causas defende que a doença acontece devido a múltiplas causas. 3. O modelo sistêmico defende que o adoecimento envolve todas as dimensões do indivíduo, desde uma explicação biológica quanto uma explicação social, conforme explana Medronho et al. (2008). Figura 2 – Proposta de Medronho et al. sobre o modelo sistêmico, frente à causa das doenças Fonte: adaptada de Medronho et al. (2008). 1212 Figura 3 – Modelo sistêmico para diarreias e desnutrição Fonte: Rouquayrol e Filho (2003). Considerando o modelo sistêmico na explicação da causa das doenças, passou-se a perceber os determinantes sociais de saúde (DSS), compreendendo-se, assim, que as doenças não ocorrem simplesmente ao acaso, mas que o meio e as condições em que o indivíduo vive contribuem para o seu adoecimento. Em 1986, realizou-se no Brasil a VIII Conferência Nacional de Saúde, em que se definiu saúde como resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida (FIGUEIREDO, 2011). Dentre os aspectos que determinam o processo saúde-adoecimento, podem ser citados a violência, o desemprego, o subemprego, a falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade 1313 13 de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, falta de qualidade do ar e da água. Esses são fatores que devem ser analisados e considerados quando se busca perceber a vulnerabilidade de uma comunidade a fim de promover saúde (FIGUEIREDO, 2011). A Comissão Nacional de Determinantes Sociais de Saúde (BRASIL, 1986) define os DSS como os fatores sociais, econômicos, culturais, étnico- raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Considerando esses determinantes, fica claro que diversos índices, entre eles o de morbimortalidade, estão relacionados às classes socioeconômicas, de modo que as pessoas de menor nível social apresentam piores condições de saúde. Cabe ao indivíduo, como ser social, entender essas definições e então estabelecer sua visão de saúde frente aos determinantes sociais que o cerca. Além de que, empoderado desse entendimento, o sujeito poderá, então, requerer promoção de saúde como uma das estratégias de produção de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, que contribui na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde (BRASIL, 2006). 1.1 Epidemias, pandemias, endemias e surtos Define-se como endemia a presença habitual de uma doença em determinada área geográfica (GORDIS, 2010). Já epidemia é definida como a ocorrência excessiva de casos esperados de uma determinada doença em determinado período e área geográfica. Se as condições proporcionarem a propagação de agentes infecciosos no ambiente e se associarem a pessoas vulneráveis a determinado adoecimento, então ocorrerá uma pandemia. Essa terminologia refere-se a uma epidemia de grandes magnitude geográfica (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). 1414 O surto é definido pela ocorrência de uma epidemia restrita a um espaço geográfico limitado, onde os casos estão correlacionados, acometendo uma área pequena em termos geográficos ou uma população institucionalizada, como, respectivamente, bairros ou asilos (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). Figura 4 – Etapas de investigação de epidemia ou surto Fonte: adaptada de Brasil (2009). É necessário lembrar que os casos de doenças definidas como autóctones apresentam essa terminologia por serem originados no mesmo local em que ocorreram. Já os casos alóctones são importados de outras localidades. Por exemplo, uma pessoa infectada pelo vírus H1N1 adquirido na Itália vem para o Brasil e aqui é diagnosticada, então será notificado ao sistema de saúde e definido como um caso alóctone. 1.2 Indicadores de saúde Os indicadores de saúde objetivam expor a situação de saúde dos indivíduos e das populações. A vigilância da situação de saúde desenvolve ações de monitoramento contínuo do país/estado/região/ município/território por meio de estudos e análises que traduzam o comportamento dos principais indicadores de saúde, priorizando questões relevantes e contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente e adequado (BRASIL, 2010). 1515 15 A qualidade de um indicador pode ser aferida por sua validade e confiabilidade, sendo a validade a capacidade de medir o que se pretende, e a confiabilidade, a capacidade de reproduzir os mesmos resultados quando aplicados em condições similares (MEDRONHO et al., 2008). Na validade de um indicador, devem ser determinadas sua sensibilidade e especificidade. Sensibilidade é a capacidade de identificar o que está sendo analisado e outros aspectos, enquanto especificidade é a capacidade de identificar somente o que está sendo analisado (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). Outras características dos indicadores são: • Custo-efetividade: característica que um indicador expressa quando seus resultados justificam o tempo e o recurso que lhe foram empregados. • Mensurabilidade: capacidade de um indicadorde saúde se basear em dados de fácil acesso. • Relevância: capacidade de um indicador se saúde atender às prioridades em saúde. Entre os exemplos de indicadores sociais, econômicos e demográficos, podemos citar as avaliações do estado nutricional e as taxas de mortalidade. As medidas a serem utilizadas para avaliar o nível de saúde de um povo deve permitir comparação entre diferentes populações simultaneamente para então se obter os resultados dos determinantes e condicionantes do estado de saúde (LAURENTI et al., 2005). Os indicadores podem ser agrupados em três categorias, a saber: (1) os que traduzem diretamente a saúde, (2) os que refletem as condições do meio e (3) os que avaliam os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de saúde. A Tabela 2 expõe as diferentes características desses indicadores. 1616 Os indicadores socioeconômicos, por exemplo, avaliam a distribuição dos fatores que determinam o estado de saúde conforme o perfil econômico e social de um determinado povo, residente em uma determinada área, enquanto que os indicadores demográficos indicam as características da área demográfica analisada. Tabela 2 – Tipos de agrupamento de indicadores Indicadores que traduzem diretamente a saúde Indicadores que se referem às condições do meio Indicadores que avaliam os recursos materiais e humanos Razão de mortalidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil e coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis. Índice de abastecimento de água, rede de esgotos, contaminações ambientais por poluentes. Índices relativos à rede de unidades de saúde para a atenção básica, profissionais de saúde e leitos hospitalares. Fonte: adaptada de Laurenti et al. (2005). A Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa) preconiza o agrupamento de indicadores em seis subconjuntos temáticos: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos e cobertura (RIPSA, 2008). Sendo que a produção dos indicadores é realizada pela instituição que é responsável pelo fornecimento dos dados brutos junto ao Datasus, que é o sistema de informações do Sistema Único de Saúde, responsável por coleta, processamento e disseminação de informações relacionadas à saúde. As matrizes de dados se caracterizam por sua denominação, conceituação, método de cálculo, categorias de análise e fontes de dados (RIPSA, 2008). O subconjunto que abrange os indicadores de mortalidade compreende as medidas de morbidades que são importantes para estabelecimento dos indicadores de saúde frente aos dados epidemiológicos das populações. Infelizmente, é um dado difícil de ser avaliado devido a subnotificações e, para sua mensuração, são necessárias medidas de prevalência e incidência. 1717 17 A incidência permite inferir o risco coletivo de adoecer, ou seja, alta incidência significa alto risco de adoecer (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). Em outras palavras, ela mensura a ocorrência do surgimento de novos casos de uma doença e pode ser obtida pela equação: A prevalência representa a proporção de indivíduos de uma população que é acometida por uma determinada doença, e isso inclui tanto os preexistentes quanto os casos novos. Pode ser definida pela equação: A “constante” utilizada nessas fórmulas são valores fixos que facilitam a interpretação dos dados. Geralmente são: 10, 100, 1.000, sendo que os dados serão expostos da seguinte maneira: “A prevalência da doença X na comunidade Y é de 1,36 indivíduos a cada 100 moradores, ou seja, na comunidade de 100 moradores, a prevalência é de 1,36 indivíduo doente com a doença X.” Com base nesses conceitos entendemos que: Prevalência = incidência x duração da doença O conhecimento do número de nascidos vivos é imprescindível para a saúde pública, pois permite estabelecer inúmeros indicadores, como, por exemplo, os coeficientes de mortalidade materno-infantil, entre outros (BRASIL, 2009). ASSIMILE As medidas de mortalidade podem ser definidas por vários indicadores, são eles (BRASIL, 2009): 1818 • Coeficiente de mortalidade geral. • Coeficiente de mortalidade infantil. • Coeficiente de mortalidade neonatal precoce. • Coeficiente de mortalidade neonatal tardia. • Coeficiente de mortalidade pós-natal. • Coeficiente de mortalidade materna. • Coeficientes de mortalidade específicos. A taxa de mortalidade infantil é um indicador muito utilizado para averiguar as condições de vida de um povo, pois é considerada modificável com ações efetivas do sistema de saúde. No Brasil, os registros dos óbitos infantis são realizados no sistema de informação sobre mortalidade (SIM). A taxa de mortalidade é considerada alta quando há 50 óbitos por mil ou mais nascidos vivos; é considerada mortalidade infantil moderada quando há de 20 a 49 óbitos por mil ou mais nascidos vivos; e considera-se mortalidade infantil baixa quando há menos de 20 óbitos por mil ou mais nascidos vivos. Se a criança morrer com idade menor que 27 dias de vida, deverá ser considerada mortalidade neonatal, no entanto, se a criança morrer na idade entre 28 a 364 dias de vida será considerada mortalidade pós- neonatal, sendo que o indicador de mortalidade pós-neonatal reflete o desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura ambiental, que condicionam a desnutrição infantil e as infecções a ela associadas (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). 1919 19 A mortalidade perinatal é um indicador que explicita o risco de óbito na primeira semana de vida ou o nascimento fetal sem sinais vitais. Pode ser expresso pela seguinte fórmula: Quanto à cronologia, podemos definir a mortalidade, conforme a Tabela 3. Tabela 3 – Características da definição da mortalidade materna com base cronológica Mortalidade Características Mortalidade infantil perinatal Morte fetal entre 22 semanas de idade gestacional e 7 dias de nascido. Mortalidade infantil precoce Óbito fetal no período do nascimento até 7 dias de nascido. Mortalidade infantil tardia Óbito fetal no período de 7 dias após o nascimento até 28 dias de nascido. Mortalidade infantil pós- neonatal Óbito infantil no período de 28 dias após o nascimento até 365 dias de nascido. Mortalidade infantil neonatal Inclui a morte infantil do nascimento até 28 dias de nascido. Mortalidade infantil Compreende a morte infantil do nascimento até 364 dias de nascido. Fonte: Brasil (2009, p. 15). A mortalidade materna é caracterizada pela morte da mãe ocorrida até 42 dias após o término da gestação, devendo ser a causa de morte atribuída a gestação, parto e/ou puerpério frente ao número de nascidos vivos. Esse indicador reflete a atenção à saúde da mulher e relaciona-se à inadequada assistência pré-natal, de parto e puerpério. 2020 PARA SABER MAIS Os indicadores de morbidade e mortalidade são importantíssimos, porém também há outros indicadores que devem ser considerados no planejamento, monitoramento e na avaliação da situação de saúde, como, por exemplo, os indicadores relacionados a nutrição e crescimento, demográficos, socioeconômicos, relacionados à saúde ambiental e os relacionados aos serviços de saúde (PINHO, 2015). Mortalidade por causas específicas refere-se a óbitos com causas definidas e permite inferir condições de vida de uma população, dentre os quais se citam causas socioeconômicas, demográficas e de acesso a serviços de saúde com adequada qualidade (RIPSA, 2008). TEORIA EM PRÁTICA Você trabalha como nutricionista clínico e atualmente está gerenciando o setor de vigilância epidemiológica de sua cidade, no interior do Nordeste. Ao ter acesso aos veículos de notícias, você verifica que a mídia da sua cidade expõe em “grande número” as reportagens sobre indivíduos mortos com dengue, você, então, comunica ao setor de vigilância epidemiológica em saúde que verifiquem a prevalência de casos de dengue. Considerando que a populaçãoda sua cidade se refere a 20 mil pessoas e que foram registrados 200 casos de dengue, qual seria a prevalência de indivíduos com dengue na sua cidade? 2121 21 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Assinale a alternativa que NÃO corresponde a um indicador de mortalidade: a. Coeficiente de mortalidade geral. b. Coeficiente de mortalidade neonatal precoce. c. Coeficiente de mortalidade neonatal tardia. d. Coeficiente de mortalidade pós-natal. e. Coeficiente de mortalidade pós-natal tardio. 2. Considerando os conceitos de prevalência e incidência, qual é a medida que apresenta a proporção de indivíduos acometidos por determinada patologia e que se assemelha a uma fotografia do momento atual de saúde frente a uma determinada doença, em uma determinada população em um determinado período? a. Prevalência. b. Incidência. c. Prevalência e Incidência. d. Coeficiente de mortalidade geral. e. Coeficiente de mortalidade neonatal precoce. 3. A Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa) preconiza o uso de alguns agrupamentos de indicadores, exceto: 2222 a. Indicadores demográficos. b. Indicadores socioeconômicos. c. Indicadores de cobertura. d. Indicadores situacionais. e. Indicadores de fatores de risco/fatores de proteção. Referências bibliográficas BERQUÓ, E. S.; SOUZA, J. M. P. de; GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. São Paulo, EPU,1981. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde – Parte 1. Brasília: CONASS, 2011. 320 p. 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Questão 2 – Resposta A Resolução: Prevalência considera tanto os casos antigos quanto os casos novos. Lembre-se de que prevalência representa tantos casos novos quanto casos preexistentes. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 3 – Resposta D Resolução: Lembre-se de que os indicadores de fatores de risco/ fatores de proteção incluem a prevalência do aleitamento materno como sendo fator de risco ou de proteção para determinadas doenças e, portanto, a prevalência de aleitamento materno faz parte dos indicadores dos fatores de risco/fatores de proteção. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 2525 25 Indicadores de saúde em nutrição ambulatorial Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer os principais indicadores de saúde que são relevantes no âmbito da nutrição clínica ambulatorial. • Compreender os indicadores de saúde que são abordados pela Rede Interagencial de Informações para a Saúde. • Compreender a relevância e implicações dos indicadores de saúde na prática clínica ambulatorial. 2626 1. Epidemiologia clínica A epidemiologia clínica consiste na aplicabilidade dos conceitos epidemiológicos na prática clínica diária. Assim, é possível conhecer os tratamentos efetivos que deverão ser preconizados e os tratamentos ineficientes que deverão ser abandonados, bem como se essas práticas estão sendo realizadas ou invertidas. O objetivo da epidemiologia clínica é auxiliar na tomada de decisão do profissional em saúde. Os temas centrais da epidemiologia clínica são: • Definições de normalidadee de anormalidade. • Acurácia dos testes diagnósticos. • História natural e prognósticos das doenças. • Efetividade do tratamento. • Prevenção na prática clínica. Normalidade e anormalidade consistem em definir na consulta ambulatorial o que participa do nível de normalidade e do nível de anormalidade, baseando-se em sinais e sintomas do paciente somado aos seus sinais clínicos. Conforme Bonita, Beaglehole e Kjellström (2010), o paciente poderá, dentro das definições de normalidade e de anormalidade, ser classificado como: • Normal como comum: é a classificação que define em normal os valores que ocorrem com alta frequência. Um exemplo claro são os percentis, em que 95% acima da faixa são considerados normais enquanto os outros 5% abaixo da faixa são considerados anormais. • Anormalidade associada com doença: é a classificação em que há um ponto de corte para o qual se enquadram os pacientes doentes em detrimento dos saudáveis, abrangendo os conceitos 2727 27 de sensibilidade e especificidade. A sensibilidade é a capacidade de identificar os indivíduos doentes, e a especificidade é a capacidade de identificar não doentes. • Anormal como tratável: é a classificação que abrange os indivíduos que serão definidos como doentes que, no entanto, terão tratamento, pois haverá avanços assistenciais disponíveis para o seu diagnóstico e tratamento. Os testes envolvidos no diagnóstico do paciente devem apresentar acurácia avaliada por sua sensibilidade e especificidade, ou seja, pela sua capacidade de identificar os pacientes realmente doentes, tanto quanto identificar os pacientes saudáveis, respectivamente. A história natural e prognósticos das doenças consistem no estado em que o paciente se encontra e no relato que ele irá expor sobre a instalação da doença e dos sintomas, além do que poderá ser verificado por exames clínicos e laboratoriais e que definirá o prognóstico baseado no desfecho de pacientes com a mesma doença em questão. Sendo assim, a informação epidemiológica é necessária para proporcionar informações sobre prognóstico e desfecho (BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010, p. 138). A efetividade do tratamento pode ser caracterizada pela eficiência em um tratamento empregado frente a determinada patologia, em que se verificou a resolução da doença instalada. ASSIMILE A prevenção na prática clínica se refere a ações que o profissional de saúde deve ter para auxiliar na adesão de práticas de saúde por parte de seus pacientes. Desse modo, a prevenção na prática clínica pode incluir, por exemplo, 2828 o incentivo à adesão aos programas de imunização, o acompanhamento do g anho de peso do recém-nascido e o uso de curvas de padrão de crescimento (BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010). 2. Segurança alimentar e nutricional Em 2010, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) produziu um material nomeado A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil – Indicadores e monitoramento da constituição de 1988 aos dias atuais. Tal material aborda os principais indicadores que englobam saúde e nutrição no âmbito da produção de alimentos, sua disponibilidade e o reflexo dessa distribuição. Esse documento aborda os seguintes temas: • Produção e disponibilidade de alimentos. • Renda e despesas com alimentação. • Acesso a alimentação adequada. • Saúde e acesso a serviços de saúde. • Educação. A seguir, vamos conhecer alguns indicadores que devem ser considerados no atendimento clínico do nutricionista. 2.1 Produção e disponibilidade de alimentos • Produção de alimentos: este indicador refere-se a extensão, em metragem, de áreasplantada no Brasil, bem como o consumo de agrotóxicos e agricultura familiar. 2929 29 • Disponibilidade interna dos alimentos para consumo humano: este indicador refere-se ao abastecimento do mercado doméstico, armazenamento e estoques em quantidades adequadas e suficientes. • Volume comercializado de frutas e hortaliças por produto: este indicador refere-se às concentrações geográficas expressivas para algumas frutas e hortaliças por regiões brasileiras. 2.2 Renda e despesa das famílias com alimentação • Rendimento domiciliar per capita: este indicador refere-se ao nível do rendimento per capita, por região, bem como as desigualdades que envolvem os diferentes tipos de raça. • Nível da ocupação das pessoas de 10 anos ou mais de idade: este indicador refere-se às atividades ocupacionais desenvolvidas no mercado de trabalho por pessoas com 10 anos ou mais, e seu rendimento real médio. • Desigualdade de renda: este indicador refere-se à concentração de renda. • Percentual de gastos das famílias com alimentação: este indicador refere-se a quanto do salário é investido na alimentação, considerando as diferentes raças, renda média e preço de alguns grupos alimentares. 2.3 Acesso à alimentação adequada • Percentual de macronutrientes no total de calorias na alimentação domiciliar: este indicador refere-se aos valores ingeridos de macronutrientes, incluindo gorduras em seus diferentes tipos. 3030 • Disponibilidade de alimentos no domicílio: este indicador refere- se a quais tipos de alimento estão fazendo parte do cardápio brasileiro, se mais processados ou in natura, tipos de carnes e frutas, verduras e legumes, bem como a relação dos tipos de consumo alimentares com a renda. • Percentual de domicílios com insegurança alimentar no total de domicílios, por tipo de insegurança alimentar: este indicador refere-se aos domicílios nos quais não se tem acesso adequado à alimentação, que podem ser subdivididos em insegurança alimentar leve, moderada ou grave. 2.4 Saúde e acesso aos serviços de saúde • Índices antropométricos para todas as etapas do curso da vida: este indicador refere-se aos níveis de desnutrição e obesidade conforme renda, idade, sexo, raça e etnia. • Baixo peso ao nascer: este indicador refere-se ao peso de nascimento em relação a diferentes regiões, raça e etnia. • Prevalência do aleitamento materno: este indicador refere-se à proporção de crianças em aleitamento materno, em diferentes regiões, bem como a introdução de leite não materno. • Acesso ao pré-natal: este indicador refere-se ao percentual de gestantes que realizam pré-natal nas diferentes regiões do país e conforme as raças e etnias. • Taxa de mortalidade infantil: este indicador refere-se aos números de recém-nascidos mortos até 1 ano de idade, bem como suas causas, avaliando, inclusive, sua etnia. • Prevalência da anemia ferropriva: este indicador refere-se aos números de crianças com anemia por deficiência de ferro, ou mulheres em idade fértil, considerando as raças e etnias. 3131 31 • Monitoramento da fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico: este indicador avalia a adequação da fortificação das farinhas de trigo, com ferro e ácido fólico, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde e sendo esse monitoramento realizado pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. • Prevalência da hipovitaminose A: este indicador refere-se à ocorrência de hipovitaminose A nas diferentes regiões do Brasil. • Monitoramento do teor de iodo no sal: este indicador avalia a adequação ao estabelecido na legislação. • Alimento seguro: este indicador avalia se os alimentos estão com quantidade permissivas de agrotóxicos, antimicrobianos e antiparasitários ou se apresentam-se superior ao permitido. • Saneamento básico: este indicador engloba o número de residências que recebem rede de abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo, considerando as diferentes regiões do país. 2.5 Educação • Anos de estudo: este indicador engloba o tempo de estudos realizados por diferentes sexos, raças e região. • Analfabetismo: este indicador engloba a ausência de estudo formal realizado por diferentes sexos, raças, renda e região. • Frequência à escola: este indicador engloba o registro de matrícula e frequênciaescolar considerando a idade. O quadro abaixo faz parte do documento A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil – Indicadores e monitoramento da constituição de 1988 aos dias atuais e expõe o estado nutricional de adolescentes e adultos em 2008-2009, no Brasil, com as respectivas fontes de coleta de dados. 3232 Quadro 1 – Indicadores de saúde do Estado nutricional dos adolescentes e adultos, por região Dimensão/ indicador Brasil Região Norte Região Nor- deste Região Centro- Oeste Região Sudeste Região Sul Fonte/ ano Estado nutricional de adolescentes – 10 até 19 anos % de adoles- centes com excesso de peso Homens Homens Homens Homens Homens Homens Min. Saúde/ SISVAN e IBGE – POF -2008-2009 21,5 % 18,5% 15,9% 23,3% 24,4% 26,9% Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres 19,4% 16,6% 17,1% 20,0% 20,8% 22,0% Estado nutricional de Adultos – 20 ou mais % de adultos com excesso de peso Homens Homens Homens Homens Homens Homens Min. Saúde / SISVAN e IBGE – POF -2008-2009 50,1% 47,7% 42,9% 51,0% 52,4% 56,8% Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres 48,0% 46,7% 46,0% 45,6% 48,5% 51,6% % de adultos com obesidade Homens Homens Homens Homens Homens Homens 12,5% 10,6% 9,9% 13,3% 13,0% 15,9% Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres 16,9% 15,2% 15,2% 16,3% 17,5% 19,6% Fonte: adaptada de Consea (2010). O Quadro abaixo expõe alguns dos indicadores referentes a saúde e nutrição no Brasil, por região, com as respectivas fontes de coleta de dados. Quadro 2 – Diversos Indicadores de saúde do Brasil, por região Dimensão/ indicador Brasil Região Norte Região Nordeste Região Centro- Oeste Região Sudeste Região Sul Fonte/ ano Baixo peso ao nascer (total) 8,20% 7,01% 7,47% 7,64% 9,17% 8,71% Min. Saúde/ Sist.Inf de Nascidos Vivos – 2007 Baixo peso ao nascer a termo 4,50% 4,82% 4,43% 3,73% 4,62% 4,23% Min. Saúde/ Sist.Inf de Nascidos Vivos – 2007 3333 33 Prevalência do aleitamento materno aos 6 meses (indepen- dente da criança estar recebendo outros líquidos) 78,00% 88,00% 77,00% 82,00% 73,00% 72,00% Min. Saúde/ Pesq. Nac. De Aleitamen- to Materno nas capitais Brasileiras e distrito fe- deral – 2008 Prevalência do aleitamento ma- terno exclusivo 9,00% 10,00% 8,00% 9,00 9,00% 10,00% Min. Saúde/ Pesq. Nac. De Aleitamen- to Materno nas capitais Brasileiras e distrito fe- deral – 2008 Proporção de nascidos vivos com 7 ou mais consultas pré-natais 56,60% 31,57% 40,58% 62,48 69,90% 72,20% Min. Saúde/ Sist.Inf de Nascidos Vivos – 2007 Taxa de morta- lidade infantil (número de óbitos de meno- res de 1 ano de idade, por mil nascidos vivos.) 20,70% 22,75% 29,76% 17,06 15,03% 13,34% Min. Saúde/ Sist.Inf de Nascidos Vivos e Sist. De Inf. So- bre Mortali- dade – 2006 Prevalência da hipovita- minose A em crianças < 5 anos 17,40% 10,70% 19,00% 11,80% 21,60% 9,90% Min. Saúde/ Pesquisa Na- cional sobre demografia e Saúde – 2006 Fonte: adaptada de Consea (2010). O Quadro abaixo expõe os índices antropométricos de crianças com idade inferior a 5 anos de idade, no Brasil, por região, com as respectivas fontes de coleta de dados. 3434 Quadro 3 – Indicadores antropométricos para crianças com idade inferior a 5 anos de idade, por região brasileira Dimensão/ indicador Brasil Região Norte Região Nordeste Região Centro- Oeste Região Sudeste Região Sul Fonte/ ano Índices antropométricos para todas as etapas do curso da vida % de crianças < 5 anos com baixo peso para idade 1,80% 3,30% 2,20% 1,60% 1,40% 1,90% Min. Saúde / Pesquisa Nacional sobre demografia e saúde – 2006 % de crianças < 5 anos com déficit estrutu- ral para idade 6,70% 14,70% 5,80% 5,50% 5,60% 8,50% % de crianças < 5 anos com excesso de peso para idade 7,20% 6,20% 7,00% 7,50% 7,00% 9,40% Fonte: adaptada de Consea (2010). 3. Indicadores A Rede Interagencial de Informação para a Saúde (Ripsa), em 2008, elaborou um material nomeado Indicadores básicos para a saúde no Brasil, no qual abordou os indicadores predefinidos em categorias, a saber: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos e cobertura (RIPSA, 2008), sendo que a produção dos indicadores é realizada pela instituição que é responsável pelo fornecimento dos dados brutos junto ao Datasus. 3.1 Indicadores demográficos Estes incluem: a população total, razão de sexos, taxa de crescimento da população, grau de urbanização, proporção de menores de 5 anos de idade na população, proporção de idosos na população, índice de envelhecimento, razão de dependência, taxa de fecundidade total, taxa específica de fecundidade, taxa bruta de natalidade, mortalidade 3535 35 proporcional por idade, mortalidade proporcional por idade em menores de 1 ano de idade, taxa bruta de mortalidade, esperança de vida ao nascer e esperança de vida aos 60 anos de idade. 3.2 Indicadores de cobertura Incluem cobertura de planos de saúde, cobertura de redes de abastecimento de água, coleta de lixo e esgoto. Os indicadores socioeconômicos são os que incluem a taxa de analfabetismo, níveis de escolaridade, Produto Interno Bruto (PIB) per capita, razão de renda, proporção de pobres, taxa de desemprego e taxa de trabalho infantil. 3.3 Indicadores de mortalidade Podemos citar a taxa de mortalidade infantil, neonatal precoce, neonatal tardia, pós-neonatal, perinatal, taxa de mortalidade em menores de 5 anos, razão de mortalidade materna, mortalidade proporcional por grupos de causas, proporcional por causas mal definidas, proporcional por doença diarreica aguda em menores de 5 anos de idade, proporcional por infecção respiratória aguda em menores de 5 anos de idade. Os indicadores de taxa de mortalidade específica englobam as neoplasias malignas, acidentes do trabalho, diabetes mellitus, aids, afecções originadas no período perinatal e doenças transmissíveis. 3.4 Indicadores de morbidade e fatores de risco Dentre outros, incluem: os indicadores de taxa de incidência de aids, taxa de incidência de dengue, taxa de incidência de neoplasias malignas, taxa de prevalência de diabetes mellitus, proporção de internações hospitalares (SUS) por grupos de causas, taxa de prevalência de pacientes em diálise (SUS), proporção de nascidos vivos de baixo peso ao nascer, taxa de prevalência de déficit ponderal para a idade em crianças menores de 5 anos de idade, taxa de prevalência de aleitamento materno, aleitamento materno exclusivo, taxa de prevalência de excesso de peso, de atividade física insuficiente, de hipertensão arterial. 3636 3.5 Indicadores de recursos Incluem, dentre outros, o número de profissionais de saúde por habitante, despesa familiar com saúde como proporção da renda familiar e número de concluintes de cursos de graduação em saúde. 4. Sistemas de informação É necessário esclarecer que as informações que são disponibilizadas para uso na epidemiologia são alimentadas em banco de dados pelos sistemas de informação do Ministério da Saúde, como Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), e sistemas de informações para a gestão do trabalho em saúde. Outros sistemas de informações de entidades públicas também são fornecedores de dados, dentre eles, podemos citar o Sistema Único de Benefícios da Previdência Social (SUB), Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) e Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Aos censos originados no Sistema Estatístico Nacional, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são fontes de dados importantes em nível nacional, mas que também são interessantes na prática clínica para o conhecimento da região sociodemográfica na qual está inserido o atendimento nutricional. Os dados disponibilizados pelo IBGE também sãointeressantes para compreensão dos contextos sociais nos quais se pretende atuar em nível ambulatorial. O IBGE realizará pesquisas como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), Pesquisa de Assistência Médico-sanitária (AMS), Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que sabemos estarem relacionadas diretamente ao acesso à alimentação (POF, 2011). A figura abaixo expõe a prevalência da desnutrição infantil em alguns estados do Brasil em 1989, e permite a percepção das diferenças 3737 37 socioeconômicas, relacionadas às questões sociais nas regiões norte e sul do país. Conforme a figura, podemos assimilar quais áreas da região norte e nordeste do país, em 1989, poderiam ser comparadas com áreas da África, onde havia altos índices de desnutrição. Figura 1 – Prevalência da desnutrição infantil (BRASIL, 1989), referente ao percentual de crianças com altura < -2 Z. Fonte: PNSN (1989), in Monteiro 1995. A tabela abaixo expõe dados da POF, de 2008-2009, e confirma ainda a relação renda, alimentação e baixo peso/desnutrição. Tabela 1 – Prevalência de déficit de altura nas crianças menores de 5 anos de idade, com base na distribuição de referência relativa a crianças de famílias com rendimento total e variação patrimonial mensal de mais de um salário mínimo per capita, segundo as classes de rendimento total e variação patrimonial mensal familiar per capita – Brasil – período 2008-2009 Classes de rendimento total e variação patrimonial mensal familiar per capita (salários mínimos) Prevalência de déficit de altura nas crianças menores de 5 anos de idade (%) Até 1/4 8,2 Mais de 1/4 a 1/2 6,8 Mais de 1/2 a 1 6,2 Mais de 1 a 2 5,2 Mais de 2 a 53,8 3,8 Mais de 5 3,1 Fonte: BRASIL. IBGE, POF 2008-2009. 3838 Outros censos e pesquisas também são fornecedores de dados que compõem o banco de informações no qual se baseiam os indicadores, dentre eles, a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS), estimativa da incidência de neoplasias malignas, inquérito de prevalência de aleitamento materno, inquérito de prevalência de diabetes mellitus e inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis. Prezado aluno, neste tema, nós tomamos conhecimento sobre quais são os indicadores nos quais devemos atentar para o atendimento nutricional no ambulatório, dentre eles, os dados antropométricos, de alimentação e comorbidade merecem especial atenção por parte do nutricionista ambulatorial, a fim de oferecer um atendimento efetivo ao paciente, compreendendo-o como um ser completo que interage com o meio no qual vive, sofrendo interferências deste. TEORIA EM PRÁTICA Você é nutricionista clínico no ambulatório de sua cidade, no interior do Pará, região amazônica, e recebe o paciente J. K. L., 56 anos, diabético, hipertenso, referindo ser encaminhado ao nutricionista, pois, após ser diagnosticado com dengue, perdeu muito peso. Relata que “tem muita gente aqui com dengue, e por isso as pessoas estão emagrecendo aqui na cidade”. Ao avaliar o encaminhamento médico, você verifica: “Encaminho ao nutricionista deste ambulatório o paciente, J. K. L., 56 anos. Paciente apresenta redução ponderal de 10 kg após estar internado por 5 dias”. Verificando os exames laboratoriais, você identifica HDL de 96 mg/dl. Ao coletar o recordatório alimentar do paciente, ele refere o consumo de uma sardinha assada no jantar e almoço, pois seu 3939 39 vizinho é pescador ribeirinho e traz para ele esse alimento, o qual ele ingere diariamente. Frente a essa realidade, quais indicadores de saúde você deverá considerar no atendimento ambulatorial desse paciente? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Qual seria o melhor indicador que você poderia preferir utilizar para verificar a incidência de dengue no seu município? a. Taxa de incidência de aids. b. Taxa de incidência de neoplasias malignas. c. Taxa de incidência de dengue. d. Taxa de prevalência de diabete mellitus. e. Taxa de incidência de doenças relacionadas ao trabalho. 2. Considerando que os tratamentos realizados pelos profissionais de saúde visam a resolubilidade das doenças, assinale as palavras que melhor preenchem as lacunas da afirmativa abaixo: A __________ do tratamento pode ser caracterizada pela _________ de um tratamento empregado frente a determinada ____________, em que se verificou a ___________ da doença outrora instalada. 4040 a. Efetividade; eficiência; patologia; alteração. b. Efetividade; eficiência; patologia; resolução. c. Eficiência; eficiência; patologia; alteração. d. Eficiência; deficiência; patologia; alteração. e. Eficiência; dificuldade; patologia; alteração. 3. A prevenção na prática clínica se refere a ações que o profissional de saúde deve ter para auxiliar na adesão de práticas de saúde por parte de seus pacientes. Fazem parte da prevenção na prática clínica as ações listadas abaixo, exceto: a. Incentivo à adesão aos programas de imunização. b. Incentivo à adesão ao acompanhamento do ganho de peso do recém-nascido. c. Incentivo e o uso de curvas de padrão de crescimento preconizadas pelo Ministério da Saúde. d. Orientações de práticas que promovem o adoecimento. e. Orientações de incentivo ao aleitamento materno. Referências bibliográficas BONITA, R; BEAGLEHOLE, R; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. Tradução e revisão científica Juraci A. Cesar. 2.ed. São Paulo: Santos, 2010. BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil. Indicadores e Monitoramento – da Constituição de 1988 aos dias atuais. Brasília: Consea, 2010. 4141 41 BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.150 p. Disponível em: https:// biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdf. Acesso em: 26 ago. 2019. MONTEIRO, C. A. A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição no Brasil. Estud. av., São Paulo, v. 9, n. 24, p. 195-207, ago. 1995. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nr m=iso. Acesso em: 26 ago. 2019. MONTEIRO C. A. et al. Causas e declínio da desnutrição infantil no Brasil, 1996-2007. Revista de Saúde Pública, São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, 2005, v. 43, n. 1, p. 35-43, 2009. Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – Pnsn – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Ibge – (1989). In MONTEIRO, C. A. A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição no Brasil. Estud. av., São Paulo, v. 9, n. 24, p. 195-207, ago. 1995. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40141995000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 fev. 2019. PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIO. IBGE, 2007. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/59/pnad_2007_v28_br.pdf. Acesso em 27 fev. 2020. REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE – RIPSA. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. 349 p.: il. Gabarito Questão 1 – Resposta C Resolução: taxa de incidência de dengue. Lembre-se de que as taxas de incidência de dengue são indicadores que norteiam as ações em saúde frente a essa patologia. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta B Resolução: a efetividade do tratamento pode ser caracterizada pela eficiência em um tratamento empregado frente a determinada patologia, em que se verificou a resolução da doença outrora instalada. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdfhttps://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/59/pnad_2007_v28_br.pdf 4242 Questão 3 – Resposta D Resolução: A prevenção na prática clínica pode incluir, por exemplo, o incentivo à adesão aos programas de imunização, o acompanhamento do ganho de peso do recém-nascido e o uso de curvas de padrão de crescimento, aleitamento materno, entre outros; Deste modo orientações de práticas que promovem o adoecimento, não fazem parte da prevenção na prática clínica. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 4343 43 Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer os indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral. • Compreender a importância dos indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral. • Assimilar os fatores necessários à implantação do uso de indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral. 4444 1. Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral A terapia nutricional (TN) pode ser definida como um conjunto de métodos terapêuticos que objetivam a recuperação e/ou manutenção dos parâmetros nutricionais por meio da nutrição parenteral e/ ou enteral (PELTZ apud SÁ; MARSCHALL, 2015). A TN é amplamente utilizada no meio hospitalar. Devemos considerar que a TN previne e combate a desnutrição, podendo, inclusive, melhorar os parâmetros resultantes de complicações pós-operatórias, porém a TN poderá apresentar complicações e por isso deverá ser monitorada e avaliada continuamente (BARKER et al. apud SÁ; MARSCHALL, 2015), sendo que essa avaliação e esse monitoramento poderão ser realizados por meio de indicadores que expressarão a qualidade dos atendimentos que incluem a terapia nutricional e enteral. A qualidade de um atendimento em saúde refere-se a um atendimento efetivo que seja resolutivo e satisfatório do ponto de vista do paciente (OPAS, 1992). A verificação da qualidade da assistência em saúde almeja garantir uma assistência com o menor número de deficiências possível, utilizando, para isso, protocolos que organizam as ações da equipe envolvida no processo de geração de saúde, bem como fornecendo a esta equipe os conhecimentos científicos atuais (BRASIL, 2006). Na avaliação da qualidade de um serviço, o uso de indicadores é preconizado, porém, para sua utilização, é necessário que se adotem procedimentos para uma gestão efetiva (ABNPE; ABRAN, 2011). Dentre esses procedimentos, devemos citar: • Construção e padronização de manuais de boas práticas: os manuais de boas práticas irão definir os procedimentos-padrão que deverão ser adotados para a realização das atividades referentes a nutrição enteral e parenteral. 4545 45 • Construção e domínio dos registros: os registros permitirão a melhor visualização das atividades realizadas pela equipe de saúde. • Ações de prevenção e de correção: ações de prevenção deverão ser adotadas para evitar a ocorrência de fatores que possam desfavorecer a qualidade da terapia oferecida ao paciente, enquanto as ações de correção deverão ocorrer sempre que houver resultados desfavoráveis. • Revisões e adaptações dos processos e objetivos do serviço de terapia nutricional: deverá haver adaptações e revisões dos processos já utilizados e dos objetivos dos serviços implantados. Cada instituição apresenta um perfil especifico dos seus pacientes, e o perfil desses pacientes norteia as ações de avaliação de qualidade do serviço oferecido a este público, bem como os tipos de indicadores que serão preferidos. Alguns critérios deverão ser adotados para selecionar os indicadores que deveremos preferir utilizar. Dentre os critérios, devemos considerar (ABNPE; ABRAN, 2011): • As necessidades conforme os aspectos da população avaliada. • A política da instituição. • O impacto da patologia analisada frente à saúde da população. • Evidências científicas que exponham a necessidade daquele indicador. As necessidades de saúde da população estudada deverão ser avaliadas, de modo que os indicadores analisados sejam relevantes a ela. Para isso, deve pesar o impacto da patologia analisada frente à saúde da população. É interessante ressaltar que os indicadores que se pretendem utilizar permitam comparação com outas populações/instituições de vários níveis, tanto locais quanto regionais ou nacionais e até mesmo internacionais. 4646 No âmbito da avaliação de qualidade da nutrição enteral e parenteral, alguns indicadores são amplamente utilizados. O quadro abaixo expõe alguns deles. Quadro 1 – Exemplos de indicadores comumente utilizados INDICADORES GERAIS Porcentagem de avaliação nutricional nas primeiras 24 horas de internação Número de pacientes com avaliação nutricional x 100/ número de internações Prevalência de pacientes com déficit ou em risco nutricional Número de pacientes com déficit ou em risco nutricional x 100 / número de pacientes internados Porcentagem de pacientes com tempo de jejum inadequado antes do início da TN (maior que 72 horas) Número de pacientes em jejum por período maior que 48 horas x 100 / número de pacientes candidatos à TN INDICADORES DE EFETIVIDADE Porcentagem de pacientes em TN com estimativa do gasto energético e necessidades proteicas Número de pacientes em TN com medida do gasto energético x 100 / número total de pacientes em TN Porcentagem de pacientes em TN em catabolismo proteico Número de pacientes em TN com diminuição da circunferência muscular do braço maior que 20% no período de sete dias x 100 / número total de pacientes em TN Porcentagem de pacientes com volume de nutrição parenteral (NP) infundido maior que 70% do prescrito Número de pacientes com volume de infusão da NP maior que 70% x 100 / número total de pacientes recebendo NP Porcentagem de pacientes com volume de nutrição enteral (NE) infundido maior que 70% do prescrito Número de pacientes com volume de infusão da NE maior que 70% x 100 / número total de pacientes recebendo NE INDICADORES DE RESULTADOS Incidência de diarreia Número de pacientes com diarreia recebendo NE x 100 / número total de pacientes recebendo NE Índice de infecção do cateter venoso central em pacientes sob TN parenteral Número de ocorrência de infecção de cateter venoso central em pacientes sob TNP x 1000 / número de pacientes-dia com cateter venoso central para TNP Incidência de perda de SNE em pacientes em TN enteral (saída inadvertida e obstrução) Número de perdas de SNE x 100 / número de pacientes com sonda nasoentérica/dia Fonte: adaptado de ABNPE e Abran (2011). 4747 47 PARA SABER MAIS Em 2014, os autores Sá e Marshall, na publicação “Indicadores de qualidade em terapia nutricional como ferramenta para avaliação da assistência nutricional em pacientes hospitalizados”, abordaram os indicadores de qualidade em terapia nutricional (IQTN), por meio de uma revisão crítica de estudos sobre a aplicabilidade dos indicadores de qualidade para avaliação da TN. Os autores concluíram que há viabilidade na utilização de IQTN e evolução progressiva da eficácia dos métodos de qualidade na assistência nutricional a partir da sua empregabilidade (SÁ; MARSHALL, 2014). Esse estudo foi publicado no periódico científico Comunicação em Ciências da Saúde, que está sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, por meio da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (BVS, 2019). Nessa publicação, eles abordaram oestudo de Waitzberg, Mateos e Verotti em 2008, que elencou os dez IQTN considerados mais úteis, práticos, de fácil execução (simplicidade) e de baixo custo, que estão listados no Quadro 2, em ordem de importância. Quadro 2 – Dez indicadores de qualidade em terapia nutricional (IQTN) considerados mais úteis, práticos, de fácil execução (simplicidade) e de baixo custo Colocação Indicador 1º Frequência de realização de triagem nutricional em pacientes hospitalizados 2º Frequência de diarreia em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) 3º Frequência de saída inadvertida de sonda de nutrição em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) 4848 4º Frequência de obstrução de sonda de nutrição em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) 5º Frequência de jejum digestório por mais de 24 horas em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) ou oral (TNO) 6º Frequência de pacientes com disfunção da glicemia em terapia nutricional enteral e parenteral (TNE e TNP) 7º Frequência de medida ou estimativa do gasto energético e necessidades proteicas em pacientes em terapia nutricional 8º Frequência de infecção por cateter venoso central (CVC) em pacientes em terapia nutricional parenteral (TNP) 9º Frequência de conformidade de indicação da terapia nutricional enteral (TNE) 10º Frequência de aplicação de avaliação subjetiva global (ASG) em pacientes em terapia nutricional (TN). Fonte: Waitzberg et al. apud Sá e Marschall (2014). ASSIMILE É imprescindível, que exista um guia de boas práticas padrão que seja adotado pela equipe de saúde que atua diretamente junto ao paciente e, portanto, é responsável direto pelos resultados de saúde, o que reflete nos indicadores. De posse do manual de boas práticas, deve-se elaborar e disponibilizar à equipe as fichas de registro dos indicadores para que sejam preenchidas por profissionais previamente definidos. Também é importante citar que os profissionais de contato direto com o paciente deverão ser conhecedores das planilhas de registros dos dados que alimentarão os bancos de dados, bem como dos seus resultados, pois assim compreenderão o que está sendo avaliado e, consequentemente, frente aos resultados, serão conscientizados das necessidades de determinadas ações em saúde, quer sejam de prevenção ou de correção. 4949 49 Sobre as instruções para implantação de indicadores em terapia nutricional, devemos considerar que, nas instituições de saúde, é necessário que se implantem os indicadores que se pretendem utilizar, sendo que o banco de dados para o levantamento destes deverão ser estruturados com as informações componentes de tal indicador. Esse banco deverá ser alimentado de forma confiável por profissionais da própria instituição. Como resultado das implicações dos indicadores, devemos lançar metas, não só para desafiar a equipe, mas também para melhorar os padrões de saúde da instituição na qual se atua e até mesmo em nível local, regional, estadual, nacional e, por vezes, até internacional. Os dados que deverão alimentar o banco de informações deverão, prioritariamente, ser coletados em períodos preestabelecidos e repetitivos, para se ter um melhor controle da situação atual do estabelecimento no qual se atua. Além de que essas informações, em períodos regulares, se aplicam para nortear as ações em saúde da equipe atuante. Todo o material de implantação dos indicadores e o material de controle e de ações em saúde norteada pelos resultados dos indicadores deverão ser periodicamente ajustados, renovados, atualizados e revisados, lembrando que toda a equipe participante do levantamento dos indicadores deverá ser treinada, seja o pessoal de contato direto com o paciente, seja os coletadores de dados, ou seja, os alimentadores dos bancos. Os profissionais que estarão envolvidos na elaboração dos indicadores de qualidade em terapia nutricional deverão considerar que, na elaboração destes, alguns itens serão componentes básicos, como: nome, objetivo, cálculo, definição de numerador e denominador, método, responsável, frequência, meta e referencial comparativo (ISOSAKI, 2015). 5050 Quadro 3 – Exemplo de indicador de qualidade em terapia nutricional Indicador Taxa de realização de anamnese alimentar inicial Objetivo Identificar a frequência de realização de anamnese alimentar inicial em pacientes hospitalizados Fórmula de cálculo (Nº de pacientes com anamnese alimentar em até 72 h de internação / nº total de internações no mês) x 100 Importância A anamnese alimentar é uma importante ferramenta utilizada para o diagnóstico nutricional e o estabelecimento do plano terapêutico. Tem como objetivos avaliar a adequação quantitativa e qualitativa da ingestão alimentar às demandas nutricionais do paciente, direcionando para a introdução de terapia nutricional quando necessária Unidade utilizada na fórmula Porcentagem Numerador Nº de pacientes com anamnese alimentar inicial realizada em até 72 h de internação Denominador Nº total de internações realizadas no mês na unidade Fontes dos dados Prontuário do paciente Observação: serão computados a partir da data da anamnese alimentar inicial (registrada em prontuário), utilizando como ferramenta relatórios, sistemas informatizados e/ou impressos próprios da instituição Periodicidade Mensal Responsável pela informação Nutricionista Meta ≥ 75% Referencial comparativo Hospitais com características similares Fonte: adaptado de Ilsi Brasil (2017, p. 12). Os critérios a serem adotados para elaboração e avaliação de indicadores de qualidade de saúde nos serviços de terapia nutricional devem expor suas normas de maneira clara e objetiva. Um exemplo de indicador de qualidade em terapia nutricional poderá ser verificado abaixo. Esta produção faz parte da série de publicações da International Life Sciences Institute Brasil (Ilsi): Força-tarefa nutrição da criança (2017). 5151 51 TEORIA EM PRÁTICA Após um longo processo seletivo, você assume a chefia do setor de nutrição enteral do hospital no qual trabalha há mais de dez anos. Então você resolve implantar indicadores de qualidade em terapia nutricional neste hospital. Quais os critérios que deverão ser adotados para selecionar os indicadores que você deverá preferir utilizar? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Assinale a sequência que melhor completa as lacunas: Os ____________ que estarão envolvidos na elaboração _____________ em terapia nutricional deverão considerar que, na elaboração destes, alguns itens serão ______________, como por exemplo métodos e objetivos. a. Componentes básicos; dos profissionais; indicadores de qualidade. b. Profissionais; dos indicadores de qualidade; componentes básicos. c. Componentes básicos; dos nutricionistas; indicadores de qualidade. d. Nutricionistas; dos indicadores de qualidade; componentes básicos. e. Indicadores de qualidade; profissional; componentes básicos. 5252 2. A terapia nutricional (TN) pode ser definida como um conjunto de métodos terapêuticos que objetivam: a. A recuperação da saúde de indivíduos saudáveis. b. A manutenção da saúde de indivíduos saudáveis. c. A recuperação e/ou manutenção dos parâmetros nutricionais. d. A recuperação e/ou manutenção da saúde de indivíduos saudáveis. e. A recuperação e/ou manutenção somente dos parâmetros antropométricos. 3. Como exemplo de indicador de qualidade em nutrição enteral e parenteral comumente utilizado, podemos citar os listados abaixo, exceto: a. Porcentagem de avaliação nutricional nas primeiras 24 horas de internação. b. Incidência de aleitamento materno. c. Frequência de jejum digestório por mais de 24 horas em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) ou oral (TNO). d. Frequência de realização de triagem nutricional em pacientes hospitalizados. e. Frequência de obstrução de sonda de nutrição em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE). 5353 53 Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Avaliação paramelhoria da qualidade da estratégia saúde da família: documento técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Biblioteca Virtual em saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: http://pesquisa. bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435. Acesso em: 6 ago. 2019. DONABEDIAN, A. Evaluación de la calidad de la atención médica. In: WHITE, K. L; FRANK, J. E. D. S. Investigaciones sobre servicios de salud: una antología. Washington: OPAS, 1992. p. 382-404. INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE DO BRASIL – ILSI. Indicadores de qualidade em terapia nutricional pediátrica. ILSI Brasil: força-tarefa nutrição da criança. v. 2. São Paulo: Ilsi, 2017. (Série de publicações; v. 2). ISOSAKI, M. Indicadores: conceitos, importância e aplicabilidade em nutrição hospitalar. In: ISOSAKI, M; GANDOLFO, A. S; JORGE, A. L; EVAZIAN, D; CASTANHEIRA, F. A; BITTAR, O. J. N. Indicadores de nutrição hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2015. SÁ, J. S. M. de; MARSCHALL, N. G. Indicadores de qualidade em terapia nutricional como ferramenta de monitoramento da assistência nutricional no paciente cirúrgico. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 2, n. 30, p. 100-105, 2015. SÁ, J. S. M. de; MARSCHALL, N. G. Indicadores de qualidade em terapia nutricional como ferramenta para avaliação da assistência nutricional em pacientes hospitalizados. Comunicação em Ciências Saúde, v. 2, n. 25, p. 127-140, 2014. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL – SBNPE; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA – Abran. Terapia nutricional: indicadores de qualidade. Projeto Diretrizes. São Paulo: 2011. Disponível em: https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_ qualidade.pdf. Acesso em: 27 fev. 2020. Gabarito Questão 1 – Resposta B Resolução: lembre-se de que os componentes básicos que estarão envolvidos na elaboração dos indicadores de qualidade são, por exemplo, métodos e objetivos deste indicador. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta C Resolução: a recuperação e/ou manutenção dos parâmetros nutricionais são objetivos da terapia nutricional. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! http://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435 http://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435 https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_qualidade.pdf https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_qualidade.pdf 5454 Questão 3 – Resposta B Resolução: a Incidência de aleitamento materno é um indicador de saúde, porém não é um indicador de qualidade em nutrição enteral e parenteral. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 5555 55 Epidemiologia nutricional Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Compreender os parâmetros da epidemiologia no âmbito da nutrição. • Conhecer as doenças prevalentes atualmente e suas justificativas frente à epidemiologia nutricional. • Conhecer as doenças prevalentes nas décadas passadas e suas justificativas frente à epidemiologia nutricional. 5656 1. Epidemiologia aplicada à nutrição A epidemiologia estuda os diferentes fatores que geram a ocorrência e o alastramento de doenças, bem como os meios necessários para sua prevenção. Define-se como o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde (LAST, 1988). Poderá, ainda, ser definida de maneira simples, como o estudo das doenças nas populações. A partir dos dados epidemiológicos é que serão definidos os indicadores, que permitirão nortear as ações em saúde que deverão ser adotadas a fim de fornecer um atendimento de qualidade, assertivo e resolutivo para o paciente. As informações geram os indicadores em saúde que norteiam as ações em saúde, frente a elas, serão obtidos os dados, que serão revisados, analisados e, posteriormente, nortearão nova coleta de informações. Figura 1 – Dinâmica do ciclo de geração de indicadores, dados, informações e ações em saúde Fonte: adaptada de Moraes (1994). Os padrões de morbimortalidade do povo brasileiro passaram por transições que podem ser classificadas em demográfica, nutricional e epidemiológica (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007). 5757 57 A transição demográfica se refere ao maior número de pessoas com 60 anos em detrimento ao número de nascimentos, ou pessoas com pouca idade, enquanto a transição nutricional pode ser caracterizada pelo aumento do número de indivíduos com índice de massa corporal acima do máximo adequado para sua altura. Desse modo, são classificadas em obesidade ou sobrepeso, sendo que o excesso de peso pode estar associado a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que refletem nos padrões de morbimortalidade atuais. O índice de massa corporal (IMC) é estabelecido pela razão entre peso e altura e pode ser definido pela fórmula: kg/m². O IMC deverá ser classificado conforme preconiza a OMS (2000). Tabela 1 – Classificação do IMC IMC (kg/m2) Classificação < 16 Magreza grau III 16 a 16,9 Magreza grau II 17 a 18,4 Magreza grau I 18,5 a 24,9 Eutrofia 25 a 29,9 Pré-obeso 30 a 34,9 Obesidade grau I 35 a 39,9 Obesidade grau II ≥40 Obesidade grau III Fonte: adaptada de OMS (2000). Estudos epidemiológicos têm sido realizados para identificar fatores etiológicos que possam reduzir ou atenuar a carga produzida pelo envelhecimento da população, pelas alterações nutricionais e pela presença de DCNT (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007, p. 213). A imagem abaixo expõe a evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC > ou igual a 30 kg/m²) no nordeste e no sudeste do Brasil (em 1975, 1989 e 1996). 5858 Figura 2 – Evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC > ou igual a 30 kg/m²) no nordeste e no sudeste do Brasil (1975, 1989 e 1996) Fonte: Batista e Rissin (2003). Devemos refletir também sobre o fato de que a população urbana moderna teve ampla influência da indústria alimentar sobre o seu padrão de consumo de alimentos. Essa influência ocorreu devido ao desenvolvimento acelerado das redes de comercialização de alimentos, como, por exemplo, as redes fast-foods, além de que a globalização impõe a incorporação de hábitos e produtos de modo a substituir os alimentos que outrora eram presentes na alimentação habitual das populações. Esse fenômeno reflete intensamente sobre a dieta habitual dos indivíduos e, consequentemente, nos processos de alimentação e saúde (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007, p. 182). A transição epidemiológica, neste contexto, se configura como a diminuição de mortes por doenças infecciosas, como malária ou sarampo, entre outras, em detrimento do aumento dos óbitos por DCNT, como as cardiovasculares, neoplasias, diabetes mellitus e doenças respiratórias crônicas. Frente a essa realidade, deve-se minimizar as consequências negativas da transição epidemiológica, transição demográfica e nutricional. A intervenção das ações de saúde deve se basear nos fatores que podem ser modificáveis. No conjunto de fatores que podem ser modificáveis, cita-se o perfil alimentar adotado. 5959 59 Devemos considerar que o padrão alimentar é caracterizado como “o conjunto ou grupos de alimentos consumidos por uma dada população” (GARCIA, 1999). Para o melhor conhecimento desses grupos alimentares, poderemos utilizar os inquéritos de investigação do consumo alimentar, sendo destes o mais utilizado o questionário de frequência de consumo alimentar (QFA), por permitir agrupamento de grupos alimentares e o conhecimento de sua frequência de consumo. O questionário de frequência alimentar (QFA) é amplamente utilizado em estudos prospectivos internacionais e nacionais. É considerado o mais prático e informativo método de avaliação dietética e de fundamental importância em estudos epidemiológicos que relacionam a dieta com a presença de doenças crônicas não transmissíveis
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