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ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL E FUNCIONAL DO HOSPITAL AULA 4 Prof. Cristiano Caveião A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 2 CONVERSA INICIAL A estrutura organizacional dos estabelecimentos hospitalares está relacionada com o modelo com que o trabalho ocorre. É necessário que ela esteja alinhada para que haja autonomia e flexibilidade, o que permitirá: governança, apoio à gestão, controle e fiscalização. Cada um desses três componentes pertence à estrutura básica de um hospital, compondo assim as áreas que permitirão, conjuntamente, a assistência ao usuário. Importante conceituar brevemente cada uma dessas estruturas: A estrutura de governança é representada pelas gerências dos serviços. A estrutura de controle e fiscalização é atribuição dos serviços de auditoria e conselho consultivo; serve como consultoria. A estrutura de apoio à gestão engloba as áreas que fornecerão subsídios para a tomada de decisão. Além da estrutura de apoio à gestão, para que o hospital possa funcionar plenamente é necessário que existam delimitadas as funções administrativas e assistenciais dos profissionais que nele atuam. Nesta aula abordaremos todos esses pontos relacionados às estruturas de apoio à gestão, as funções voltadas para a assistência e também para as atividades de gestão. TEMA 1 – ESTRUTURAS DE APOIO À GESTÃO Na estrutura do hospital, os serviços de apoio à gestão subsidiam a administração geral, nos seus processos decisórios, com informações para a gestão propriamente dita. Cada hospital possui uma nomenclatura diferente e as mais variadas estruturas para estabelecer como funciona esse apoio. Comumente, encontram-se no organograma do hospital os seguintes setores/estruturas de apoio à gestão: Assessoria jurídica; Assessoria de planejamento; Ouvidoria; Gestão da informação; Comissões: obrigatórias e acessórias. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 3 A seguir, vamos conhecer um pouco das atividades realizadas por cada um dos setores/estruturas de apoio à gestão, para sua melhor compreensão. As comissões obrigatórias e acessórias serão abordadas no Tema 2, em virtude da amplitude do assunto. 1.1 Assessoria/departamento jurídico Com o crescimento dos serviços hospitalares, torna-se necessário o fortalecimento de seus departamentos jurídicos, pois essas instituições tornam- se estruturas organizacionais corporativas. Assim, busca-se maior eficiência e qualidade na sua prestação de serviços destinados aos clientes e a sua viabilidade financeira. A atuação dos departamentos jurídicos nos hospitais abrange a análise de todos os documentos relacionados à rotina hospitalar, a elaboração de contratos, a defesa da instituição e também a atuação em medidas judiciais. Como o setor encontra-se inserido no estabelecimento hospitalar, os profissionais que nele atuam conhecem toda a rotina e as particularidades do serviço, favorecendo assim o planejamento de ações preventivas. Em cada estabelecimento de saúde, a assessoria jurídica posiciona-se em relação às questões específicas a ela submetidas. Cabe ao setor também participar precocemente de situações que possam apresentar consequências jurídicas, orientando o profissional que está envolvido com o caso. Assim, o hospital poderá ter uma previsibilidade de processos futuros que poderão comprometê-lo. Essa área necessita estar ligada diretamente à direção do hospital; assim, o processo de tomada de decisões jurídicas abrange toda a instituição. É uma peça que constituirá a segurança jurídica efetiva para a redução de passivos judiciais processuais e ocultos. A sua atuação ocorre na área consultiva e judicial. Na primeira, trata-se de realização de análise prévia, para avaliação das condições gerais pretendidas, para que não haja prejuízos e de considerável monta para a instituição hospitalar. Na segunda, para identificação da demanda de riscos em relação a valores, formação de precedentes, análise de viabilidade da propositura de demandas, imunidades, recuperação de crédito, redução de gastos (tributários e fiscais), revisão de contratos na área civil, controle e acompanhamento de ações judiciais. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 4 1.2 Assessoria de planejamento A assessoria de planejamento é um órgão ligado à direção geral e é responsável pela análise institucional, levantando subsídios para que possa ocorrer uma tomada de decisão dos gestores. Esse setor possui algumas atribuições que podem apresentar variabilidade, de um hospital para o outro. As mais comuns são: Assessorar a direção na elaboração, implementação, monitoramento e avaliação de um planejamento; Coordenar a elaboração de planejamento estratégico; Melhorar processos organizacionais; Melhorar e monitorar indicadores e metas; Auxiliar na elaboração de relatórios e documentos relacionados ao desempenho do hospital. Nos hospitais públicos, a assessoria de planejamento possui como principal tarefa o acompanhamento das metas constantes no contrato de gestão estabelecido com o gestor municipal e também a elaboração de matriz de indicadores que possam apoiar tecnicamente a gestão, subsidiando assim o compartilhamento de informações entre todos os setores do hospital. 1.3 Ouvidoria Ouvidoria ou serviço de atendimento ao usuário é o órgão de apoio estratégico e especializado do hospital que objetiva atender e solucionar os problemas dos usuários ou clientes em relação ao atendimento recebido por eles. Refere-se a um espaço institucional em que o cliente ou usuário do serviço pode comunicar-se com a gestão. A ouvidoria, nos hospitais, funciona como um elo entre o cliente e a gestão, pois é possível analisar cada um dos casos a ela relatados, aperfeiçoando cada vez mais o serviço. O seu papel principal é promover mudanças por meio da gestão, gerando satisfação das necessidades do cliente, transformando e melhorando assim a qualidade de um serviço. É considerada também um canal de denúncias, sugestões, dúvidas, elogios, insatisfações e reclamações de clientes e seus familiares. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 5 Ainda que auxiliar em ações externas e internas do hospital, não possui amplo reconhecimento. É importante que haja um plano para a divulgação dos serviços oferecidos pela ouvidoria, incentivando o cliente a se comunicar com ela como um meio de aperfeiçoamento do serviço prestado. A ouvidoria apresenta um papel diferenciado em relação a qualquer outro canal de comunicação no hospital. Ela recebe, avalia e encaminha as demandas, sempre respeitando e observando o interesse do cliente/usuário, resolvendo a situação em menor prazo possível e de modo objetivo, resguardando a confidencialidade da demanda. Com base nas situações atendidas/recebidas pela ouvidoria, a gestão poderá proporcionar estratégias de melhoria do serviço, por isso ela é considerada uma estrutura de apoio à gestão. O papel das ouvidorias é solucionar situações em que o usuário ou cliente já recorreu aos serviços habituais e não conseguiu solução. Cabe ressaltar que o setor público segue as normativas do Ministério da Saúde e o setor privado estabelece suas próprias políticas gerenciais para as ouvidorias. 1.4 Gestão da informação As tecnologias de informação estão presentes no ambiente hospitalar e, para poder gerir e tomar decisões baseadas em informações, é necessário que se utilize um sistema de informação, sendo este um recurso primordial. Com a utilização de um sistema, o serviço poderá selecionar dados pertinentes e transformá-los na informaçãonecessária, auxiliando assim todos os processos que se relacionam com planejamento, financiamento, administração, previsão e avaliação da instituição hospitalar. As informações a serem registradas nos sistemas informatizados dos hospitais precisam ser verdadeiras e exatas. Denota-se que, nesses ambientes, existe uma elevada falta de registro das informações, dados incompletos, o que ocasiona a não utilização do sistema de informações, prejudicando o software gerencial. Por exemplo: a comparação entre a eficiência, a eficácia e a qualidade associada à diminuição dos casos de óbitos (efetividade) só poderá ser mensurada se existir um sistema de informação adequado e que permita comparar a situação inicial com a situação de saúde resultante da execução de um determinado plano de atenção à saúde. Existem dois tipos de sistema de informação: A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 6 1. Sistema de apoio à gerência (subsistema de informações gerenciais, de apoio às decisões e de informações executivas); 2. Sistema de apoio à operação (subsistema de processamento de transações, controle de processos e colaboração empresarial). O sistema de apoio à gerência fornece ao gestor os produtos resultantes de informações que respaldam as decisões. Já o sistema de apoio à operação proporciona uma variedade de produtos para uso externo e interno; requer processamento das informações para que possam ser trabalhadas com sua base de dados. Portanto, os sistemas de informações hospitalares têm como objetivo gerenciar todos os processos que estão envolvidos no ambiente hospitalar, automatizando os atendimentos, o gerenciamento e consequentemente o controle de todas as ações assistenciais e administrativas do hospital. TEMA 2 – ESTRUTURAS DE APOIO À GESTÃO: COMISSÕES OBRIGATÓRIAS Nos ambientes hospitalares, existem várias comissões que possuem o seu funcionamento normatizados por meio de resoluções, portarias e outros documentos de força legal. Para que ocorra a eficiência e a eficácia dessas comissões, é importante que suas reuniões ocorram periodicamente e que haja planejamento de suas ações e melhorias. As comissões, obrigatórias ou não, fortalecem o processo de melhoria assistencial e garantem a sustentabilidade institucional. Segundo a Portaria Interministerial n. 2.400/2007, que estabelece os requisitos para a certificação de unidades hospitalares como hospitais de ensino, item VIII, devem ser constituídas e manter-se em permanente funcionamento comissões assessoras, obrigatórias e pertinentes às instituições hospitalares (Brasil, 2007). No Quadro 1 serão apresentadas as comissões obrigatórias e um breve descritivo a seu respeito. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 7 Quadro 1 – Comissões obrigatórias COMISSÃO DESCRIÇÃO Comissão de Documentação Médica e Estatística Formula diretrizes para a organização do prontuário e dos documentos que ele deve conter. Orienta a sua forma de preenchimento e a qualidade das informações nele contidas. Elabora relatórios estatísticos qualitativos e quantitativos sobre o funcionamento do hospital Comissão de Ética Comissão destinada a ações educativas, consultiva de averiguação relacionada ao exercício ético-profissional na assistência e administração. Cada categoria profissional apresenta uma comissão de ética distinta, nos ambientes hospitalares Comissão de Ética em Pesquisa (própria ou da instituição de ensino superior – IES à qual o hospital for vinculado) Analisa protocolos de pesquisas que serão realizadas no hospital Comissão de Mortalidade Materna e de Mortalidade Neonatal (em hospitais que possuam maternidade) Elucida as circunstâncias que levam aos óbitos maternos, fetais ou neonatais, propondo melhorias na qualidade da assistência à saúde para reduzir a mortalidade materna e perinatal Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Elabora, implementa, cuida da manutenção e da avaliação do programa de controle de infecção hospitalar, além de coordenar as atividades de investigação, prevenção e controle para reduzir a incidência e a gravidade das infecções relacionas à assistência Comissão Interna de Prevenção de Acidentes Comissão composta de empregados e empregadores, promove a segurança e saúde do trabalhador Comissão de Óbitos Controla a qualidade nos hospitais, para conhecimento das causas da morte e contribuição para a melhoria da assistência à saúde Comissão de Revisão de Prontuários Estabelece normas para estruturar, monitorar e avaliar a qualidade e promoção de ações para melhoria do prontuário do paciente Comissão de Transplantes e Captação de Órgãos (em hospitais que possuam unidades de tratamento intensivo) Atua na identificação para captação de órgãos de potenciais doadores e realiza a interface com a central de transplante Comitê Transfusional Tem finalidade técnico-científica, educativa e permanente. Faz cumprir as RDCs Anvisa n. 153/2004 e n. 34/2014 (Brasil, 2004a, 2014). Analisa a indicação e a eficiência das transfusões realizadas e implementa estratégias para uso racional do sangue Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional Desenvolve e supervisiona as práticas de utilização e aquisição de nutrição enteral e parenteral, assegurando resultados clínicos satisfatórios e minimização dos riscos Além da referida portaria (Brasil, 2007), outras complementam e justificam a criação dessas comissões, por meio de algumas portarias específicas, como: Portaria MS n. 196/1983: controle de infecção hospitalar (Brasil, 1983); Portaria MS n. 2.616/1998: farmácia e terapêutica (Brasil, 1998); Resolução CFM n. 1.638/2002: revisão de prontuários médicos (CFM, 2002); A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 8 Resolução Cofen n. 593/2018: normatiza, no âmbito dos Conselhos Regionais de Enfermagem, a criação e funcionamento das comissões de ética de enfermagem nas instituições de saúde com serviço de enfermagem (Cofen, 2018). Importante destacar que, para os hospitais de ensino, existe uma portaria específica, pois algumas comissões se diferem. Nesse caso, segue-se a Portaria Interministerial n. 285/2015, que redefine o Programa de Certificação de Hospitais de Ensino. Para aprofundar os conhecimentos sobre esse aspecto, sugere-se a leitura da resolução disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt0285_24_03_2015.html> (Brasil, 2015). TEMA 3 – ESTRUTURAS DE APOIO À GESTÃO: COMISSÕES/COMITÊS ACESSÓRIOS O Ministério da Saúde apoia as questões de qualidade e avaliação hospitalar por meio das suas normas e portarias, que regulamentam as ações desenvolvidas no quesito de qualidade e avaliação dos hospitais, promovendo assim um sistema de qualidade e proporcionando maior controle sobre os serviços hospitalares. Os hospitais, pautados em suas especificidades de atendimento e necessidades, acabam construindo as comissões acessórias objetivando melhoria nos resultados efetivos para os clientes. Consequentemente, obtém-se com isso uma melhor imagem institucional. No Quadro 2, apresentam-se as comissões acessórias predominantes, no Brasil. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 9 Quadro 2 – Comissões e comitês acessórios COMISSÃO DESCRIÇÃO Comitê de Sustentabilidade Coordena ações de sustentabilidade fornecendo subsídios para a implantação do Relatório Anual de Sustentabilidade alinhado às diretrizes da Global Reporting Iniciative. Ainda estimula os colaboradores para o desenvolvimento de um senso de comprometimento com as ações de sustentabilidade Comitê de Custos Auxilia no atendimento ao orçamento dohospital. Possui caráter educativo e permanente na otimização dos custos, aumentando o resultado econômico e o fluxo de caixa da instituição hospitalar Comissão de Processamento de Produtos para Saúde Baseada na Resolução RDC n. 15/2012, garante as normas legais referentes ao processamento de produtos para a saúde (Brasil, 2012) Comissão de Proteção Radiológica Atua na fiscalização e controle organizando, documentando, regulando, inspecionando a proteção radiológica Comissão de Resíduos de Serviços de Saúde Estabelece o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, com base nas características dos resíduos gerados no serviço, classificação, coleta e transporte. Pauta-se na Resolução RDC Anvisa n. 306/2004 e na Resolução Conama n. 358/2005 (Brasil, 2004b, 2005) Comissão de Farmácia, Terapia e Padronização de Materiais e Medicamentos Atua no desenvolvimento e supervisão das práticas de utilização e aquisição de materiais e medicamentos hospitalares e seus correlatos. Assegura resultados clínicos satisfatórios e risco potencial mínimo Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdot) Proporciona melhor organização do processo de captação de órgãos, melhor identificação dos potenciais doadores, adequada abordagem dos familiares, melhor articulação do hospital com a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do estado Comissão de Prevenção de Lesão de Pele Proporciona a normatização da competência dos profissionais de enfermagem na prevenção e tratamento das lesões de pele Comissão de Humanização Assegura, estimula e proporciona o resgate da humanização no atendimento assistencial de saúde, beneficiando os usuários e os profissionais de saúde Comissão de Cuidados Paliativos Assegura e proporciona atendimento humanizado e ético para o paciente e familiares, no final de vida. Assessora os serviços em questões de pacientes terminais, considerados fora da possibilidade terapêutica curativa. Ainda assegura resultados clínicos satisfatórios e risco potencial mínimo Outras comissões também estão presentes no ambiente hospitalar atualmente, porém dependem, por exemplo, do perfil da clientela atendida para que elas possam ser implantadas. As comissões precisam ser proativas e possuírem espaço direto perante a administração/gestão dos hospitais, para que possam legitimar o seu papel, nesse ambiente. A sua atuação representa uma importante ferramenta de gestão e é considerada um diferencial na modernização dos hospitais. Para aprofundar os seus conhecimentos, leia o artigo de Martins et al. (2012), intitulado Comissões hospitalares: a produção de indicadores de gestão hospitalar. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 10 TEMA 4 – FUNÇÕES GERENCIAIS A responsabilidade dos gestores que atuam em hospitais é baseada em um esquema de suas obrigações, que serve como orientação das suas funções, e no desenvolvimento sistematizado das técnicas de administração. Nessa função o profissional necessita apresentar o caráter de líder inovador, executor e organizador no âmbito hospitalar e também na região onde a instituição encontrar-se inserida. A parte relacionada à gestão é a responsável pelas atividades e integra a direção do estabelecimento. Essa função requer que o profissional seja visionário e gerenciador de vários componentes ou processos, por exemplo: recursos humanos, pacientes, prestadores de serviços externos, provedores de bens ou serviços, problemas, sistema de comunicação, recursos materiais, organização do hospital e padrões de qualidade. Ainda requer que ele seja responsável pelo fornecimento da assistência médica, docência e pesquisa, apoio administrativo, financeiro e econômico. Portanto, suas funções se relacionam com planejamento, organização, inovação e liderança. A seguir, iremos descrever um pouco de cada uma dessas funções citadas anteriormente. 4.1 Planejamento É o fator inicial e básico – o ambiente hospitalar não permite improvisos. Deve haver políticas e propostas completas referentes às necessidades e soluções que permitam mudanças e inovações, por exemplo a criação de novos serviços que proporcionem a melhoria do atendimento aos pacientes e seus familiares. O planejamento a ser realizado é de curto e médio prazos, sempre considerando a estrutura física e funcional do hospital, para que não haja deterioração ou gere efeitos colaterais. A apresentação do planejamento é realizada para o conselho, não somente para conhecimento e aprovação, mas sim para melhor orientação do que precisa ser realizado. Além de novos planejamentos, os relatórios e avaliações de planejamentos já finalizados precisam ser apresentados, assim como seus relatórios e avaliações, para que se tenha a ponderação sobre o funcionamento do hospital e também sobre a gestão desenvolvida. Os relatórios financeiros devem estar completos e documentados, para que haja explicação dos valores estabelecidos. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 11 4.2 Administração dos recursos humanos Na função administrativa, cabe ao gestor administrar os mais variados recursos humanos que estão sob sua responsabilidade. Ele coordenará pessoas, atividades, tecnologia para que o ambiente e os esforços proporcionem o aumento do comprometimento da equipe. Ainda apresenta papel de educação continuada, por meio da atualização dos conhecimentos sobre o que existe de mais moderno no mercado; portanto, possui o papel de educador. Quando ele reconhece e incentiva a equipe em relação às suas reais qualidades, desempenho, esforço e entusiasmo, isso faz com que os colaboradores aumentem a sua produtividade. Tem-se dois fatores relacionados aos incentivos: os extrínsecos e os intrínsecos. Os extrínsecos são baseados nas recompensas e os intrínsecos são gerados por fatores que causam a satisfação e motivação de modo individual. Com isso, o gestor conseguirá gerenciar a sua equipe, por meio do comando, disciplina e controle de situações. 4.3 Administração da assistência médica As políticas assistenciais precisam estar claras, regularizadas e serem constantemente atualizadas, para que se possa avaliar a execução dos planos da assistência médica, controlando-se assim a sua viabilidade financeira e econômica. Ainda é sua função exercer a supervisão permanente e efetiva sobre a qualidade e a segurança de todos os serviços prestados. Para isso, se utilizarão como base os comitês e as estruturas de apoio à gestão. 4.4 Administração da docência e da pesquisa O estabelecimento hospitalar que for cenário para estudantes no desenvolvimento de práticas e habilidades ou que procure manter sempre o seu quadro de colaboradores atualizados desenvolve programas de ensino. Perante isso, a função administrativa é direcionada ao incentivo à inovação e à pesquisa, pois beneficia os usuários ou clientela do serviço. Essas pesquisas devem ser estimuladas e seus resultados, divulgados em eventos locais, regionais, nacionais e até mesmo internacionais. 4.5 Administração e finanças A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 12 A área de administração e finanças apoia o desempenho de todo o corpo médico e assistencial, com o estabelecimento de normas, prioridades e procedimentos em cada uma das atividades. É importante a manutenção da saúde financeira do estabelecimento, com uma supervisão rigorosa e também controle permanente de todas as ações, em paralelo com o serviço de auditoria e controle interno, para que haja maximização dos recursos e se evite o seu mau uso. A atuação desse setor é sempre pautada e assessorada pelas áreas contábil, econômica e financeira, com o intuito de se obtersucesso na gestão de insumos, gastos, preços, qualidade, equipamentos de ponta, medicamentos, materiais para consumo, serviços públicos – como água, gás e luz – e manutenção. Para uma excelente administração, é necessário conhecer todos os índices, assim se evitarão situações desagradáveis. TEMA 5 – FUNÇÕES ASSISTENCIAIS As funções assistenciais estão diretamente ligadas ao paciente. São as funções técnicas, em que os profissionais são alocados para assistir diretamente os pacientes, visando ao diagnóstico, à recuperação, ao tratamento e à reabilitação da patologia. Como função assistencial tem-se as seguintes áreas: corpo clínico, enfermagem, serviço social, nutrição e dietética, farmácia, fisioterapia, psicologia, terapia ocupacional, serviços auxiliares ao diagnóstico e ao tratamento. Para que a assistência possa ser prestada de modo eficiente, ela não desenvolve atividades-fim (diagnóstico e tratamento), mas sim atividades-meio, e dessa forma presta atenção indireta ao paciente. Essas funções são denominadas administrativas; porém, por não se tratarem de atividades-fim, estão mais próximas da assistência, sendo os seguintes serviços: almoxarifado, gestão do fator humano, manutenção predial, engenharia clínica, lavanderia, higienização hospitalar, segurança e portaria (zeladoria), arquivo médico, faturamento, contabilidade, finanças, informática. A atenção assistencial requer a interação de diversas especializações, como medicina, odontologia, enfermagem, farmácia, fisioterapia, psicologia, radiologia. A sua organização ocorre por equipes e pela hierarquia em relação às demais. Com isso, os profissionais de assistência podem cumprir sua rotina de trabalho integrando-se à equipe multidisciplinar. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 13 5.1 Médicos e equipe médica Para o serviço de medicina, a sua atuação e vinculação aos serviços hospitalares pode ocorrer em regime de jornadas fixas semanais (por CLT, prestação de serviços ou regime misto) ou em hospitais públicos (servidores). A organização das equipes médicas apresenta diferença de um estabelecimento para o outro, porém algumas são comuns à maioria deles, por exemplo: plantonistas do pronto-socorro, retaguarda do pronto-socorro, intensivistas, plantonistas clínicos, retaguarda especializada. 5.2 Enfermagem A classe de enfermagem é a predominante nos hospitais, sendo o seu maior contingente de recursos humanos, o que lhe confere alguns atributos de muita importância para a administração hospitalar, pois representa o maior custo fixo. Por serem os profissionais de enfermagem os que permanecem em maior contato com os usuários ou clientes, são mais acessíveis para receber manifestações favoráveis e desfavoráveis dos pacientes e acompanhantes. O corpo de enfermagem é composto de funcionários em regime de contratação CLT e carga horária semanal fixa, por meio de escala, para manutenção do serviço conforme o contingente de recursos humanos. 5.3 Outras equipes assistenciais Entre as demais equipes que compõem o serviço hospitalar, as mais comuns são: fisioterapia, nutrição técnica, odontologia, psicologia, serviço social, fonoaudiologia e farmácia. NA PRÁTICA Estudamos a estrutura organizacional dos estabelecimentos hospitalares. Procure um estabelecimento, em seu município, e realize contato para uma visita técnica, explicando que você estudou, nesta disciplina, conteúdos teóricos e gostaria de aprofundá-los observando a realidade. Durante a visita técnica, procure conhecer os seguintes pontos estruturais do estabelecimento: A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 14 Estruturas de apoio à gestão: assessoria jurídica, assessoria de planejamento, ouvidoria, gestão da informação; Comissões obrigatórias; Comissões acessórias; Organização das funções gerenciais; Organização das funções assistenciais. Caso você não tenha a oportunidade de realizar uma visita, procure essas informações em sites de hospitais, para compreender melhor a sua estruturação. Após a visita ou a busca no site, procure refletir sobre o conteúdo estudado e compreender por que os estabelecimentos, em algumas situações, não possuem alguma(s) das estruturas. FINALIZANDO A estrutura dos hospitais cada estabelecimento organiza conforme sua missão, visão ou filosofia; porém, alguns pontos são comuns a todos. As estruturas de apoio à gestão fornecem à administração geral informações que norteiam a sua tomada de decisões. Os hospitais possuem as seguintes estruturas: assessoria jurídica, assessoria de planejamento, ouvidoria, gestão da informação, comissões: obrigatórias e acessórias. É função do diretor administrar todos os recursos humanos do hospital, desenvolvendo atividades de liderança, organização, supervisão permanente, coordenação, comando, incentivos, disciplina e melhoramento contínuo, para prestar o melhor serviço de saúde possível e, ao mesmo tempo, gerir e avaliar a assistência e a segurança dos pacientes. Além disso, o diretor tem a função de dirigir toda a parte administrativa e financeira da instituição, fazendo projeções relacionadas ao futuro. Para realizar tudo isso, ele precisa utilizar permanentemente conhecimentos e capacidades necessárias para a tomada de decisões acertadas, diante dos profissionais de diferentes áreas de atuação, políticos e pacientes da região. Além disso, para que as estruturas possam funcionar plenamente para garantir o atendimento ao público, são necessários os recursos humanos que possuem funções gerenciais e funções assistências, cada um hierarquizado conforme sua organização profissional. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 15 REFERÊNCIAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada n. 15, de 15 de março de 2012. Brasília, 2012. Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0015_15_03_2012.html>. Acesso em: 5 jun. 2019. _____. Resolução da Diretoria Colegiada n. 34, de 11 de junho de 2014. Brasília, 2014. Disponível em: <https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20 170553/04145350-rdc-anvisa-34-2014.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2019. _____. Resolução da Diretoria Colegiada n. 153, de 14 de junho de 2004. Brasília, 2004a. Disponível em: <www.sbpc.org.br/upload/noticias_gerais/3201 00416113458.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2019. _____. Resolução da Diretoria Colegiada n. 306, de 7 de dezembro de 2004. Brasília, 2004b. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2 568070/res0306_07_12_2004.pdf/95eac678-d441-4033-a5ab-f0276d56aaa6>. Acesso em: 5 jun. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. 2.616, de 12 de maio de 1998. Brasília, 1998. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html>. Acesso em: 5 jun. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial n. 285, de 24 de março de 2015. Brasília, 2015. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt0285_24_03_2015.html>. Acesso em: 5 jun. 2019. _____. Portaria Interministerial n 2.400, de 2 de outubro de 2007. Brasília, 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/pri24 00_02_10_2007.html>. Acesso em: 5 jun. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 196, de 24 de junho de 1983. Brasília, 1983. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n. 359, de 29 de abril de 2005. Diário Oficial da União, Brasília, 4 maio 2005. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm ?codlegi=462>. Acesso em: 5 jun. 2019. A luno: JE F F E R S O N G O NÇ A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 16 CFM – Conselho Federal de Medicina. Resolução n. 1.638, de 10 de julho de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, 9 ago. 2002. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2002/1638_2002.htm>. Acesso em: 5 jun. 2019. COFEN – Conselho Federal de Enfermagem. Resolução n. 593, de 5 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, Brasília, 7 nov. 2018. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-593-2018_66530.html>. Acesso em: 5 jun. 2019. GONÇALVES, E. L. Gestão hospitalar: administrando o hospital moderno. São Paulo: Saraiva, 2006. LISBOA, T. C. Organização estrutural e funcional do hospital. 1. ed. Curitiba: InterSaberes, 2016. MALAGÓN-LONDOÑO, G.; LAVERDE, G. P.; LONDOÑO, J. R. Gestão hospitalar para uma administração eficaz. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. MALAGÓN-LONDOÑO, G.; MOREIRA, R. G.; LAVERDE, G. P. Administração hospitalar. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. MARTINS, C. et al. Comissões hospitalares: a produção de indicadores de gestão hospitalar. Revista Gestão em Sistemas de Saúde, v. 1, n. 1, p. 97-107, 2012. SALU, E. J. Administração hospitalar no Brasil. São Paulo: Manole, 2013. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com
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