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Lei de Abuso Autoridade

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LEI nº 13.869/2019 – NOVA LEI DE 
ABUSO DE AUTORIDADE
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º. Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade,
cometidos por agente público, servidor ou não, que, no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse
do poder que lhe tenha sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de
abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a
finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si
mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal.
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de
fatos e provas não configura abuso de autoridade.
CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 3º. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor
recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
retomar a ação como parte principal.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis)
meses, contado da data em que se esgotar o prazo para
oferecimento da denúncia.
(VUNESP - 2021 - Prefeitura de Guarujá - SP - Procurador
Jurídico)
Os crimes da Lei de Abuso de Autoridade são de ação penal
A) privada.
B) pública condicionada à representação do ofendido. 
C) pública, condicionada à conclusão do processo
administrativo disciplinar. 
D) pública incondicionada, não se admitindo ação privada
subsidiária. 
E) pública incondicionada, admitindo-se, contudo, ação
privada subsidiária. 
CAPÍTULO IV
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITOS
Seção I
Dos Efeitos da Condenação
Art. 4º. São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime,
devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do 
caput deste artigo são condicionados à ocorrência de
reincidência em crime de abuso de autoridade e não são
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na
sentença.
A nova lei trouxe três efeitos não automáticos da condenação por
crime de abuso de autoridade.
CUIDADO! É preciso destacarmos os requisitos de cada efeito,
evitando confusões e distorções em questões de concursos públicos.
Obrigação de indenizar a 
vítima
Inabilitação para o exercício 
de cargo, mandato ou 
função
Perda do cargo, mandato ou 
função
Depende de requerimento da
vítima
Só se aplicam aos reincidentes específicos, ou seja, àqueles
que já foram condenados, com sentença transitada em
julgado, por crime de abuso de autoridade.
O juiz fixará valor mínimo,
podendo tal valor ser
rediscutido em ação civil
própria.
Mesmo cumprindo o requisito acima (reincidência
específica), deverá o juiz motivar a sua decisão
demonstrando que tais medidas se fazem necessárias no
caso concreto.
Efeito permanente, sedo
apenas o valor discutível
Duração de 1 a 5 anos Efeito permanente
Seção II
Das Penas Restritivas de Direitos
Art. 5º. As penas restritivas de direitos substitutivas das
privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do
mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda
dos vencimentos e das vantagens;
III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser
aplicadas autônoma ou cumulativamente.
(VUNESP - 2021 - Prefeitura de Bertioga - SP - Procurador Municipal)
A respeito da Lei de Abuso de Autoridade, assinale a alternativa correta.
A) Os crimes nela previstos só se caracterizam se praticados pelo agente público com a
finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si próprio. 
B) Prevê como sujeito ativo o agente público, servidor ou não, da administração direta,
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, excluídos os militares, que são regidos por lei própria.
C) Os crimes nela previstos são de ação penal pública incondicionada, inexistindo
previsão da ação penal privada subsidiária.
D) Prevê como efeito da condenação, dentre outros, inabilitação para o exercício do
cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos, condicionado à
ocorrência de reincidência específica e não é automático, devendo ser declarado, em
sentença. 
E) Prevê como pena restritiva de direito substitutiva da privativa de liberdade, dentre
outras, a suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 a
6 meses, sem prejuízo dos vencimentos e vantagens.
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 9º. Decretar medida de privação da liberdade em manifesta
desconformidade com as hipóteses legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária
que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando
manifestamente cabível.’
Introdução: O crime em estudo pune o agente público que
indiscutivelmente decreta a prisão de alguém. Importante registrar
que o “caput” não se restringe ao juiz, já que há a prisão em
flagrante que pode ser decretada por qualquer agente público (ou
qualquer do povo, porém o particular não estará sujeito aos rigores
desta lei).
Diante da pena mínima (um ano de detenção), admite-se o benefício
da suspensão condicional do processo, bem como do acordo de não
persecução penal.
Questão importante recai sobre a expressão “prazo razoável”. 
Qual seria esse prazo, capaz de configurar o crime em estudo em 
suas modalidades equiparadas? 
1ªC: 24 horas (equiparação com o art. 800, III, do CPP para despacho
de expediente);
2ªC: 5 dias (equiparação com o art. 800, II, do CPP para decisão
interlocutória simples);
3ªC: 48 horas (equiparação com o art. 322, parágrafo único, do CPP
para decisão judicial de concessão de fiança).
Bem jurídico tutelado: direitos e garantias fundamentais do
indivíduo, especialmente a liberdade de locomoção e a dignidade da
pessoa humana. É também protegida em sentido amplo a
Administração Pública.
Sujeitos: Sujeito Ativo: qualquer autoridade com atribuição ou
competência para determinar medida privativa de liberdade
(autoridade ou agente policial; autoridade militar; membro do
Ministério público ou autoridade judiciária). O parágrafo único limita-
se à autoridade judiciária. Sujeito Passivo: qualquer pessoa que teve
seu direito de ir e vir limitado ilegalmente pelo sujeito ativo.
Conduta: O crime em estudo pune o agente público que
indiscutivelmente decreta a prisão de alguém. Já o parágrafo único
apresenta modalidades equiparadas, porém, praticadas
especificamente pelo juiz. São hipóteses de omissões dolosas em que
o juiz deixa de decretar a liberdade de alguém em situação clara de
prisão ilegal.
Consumação e tentativa: Em relação ao “caput”, trata-se de crimeformal, consumando-se com a decretação da privação da liberdade
de forma ilegal (não exige-se o efetivo cárcere). Em relação às
modalidades equiparadas, é necessário o transcorrer do “prazo
razoável”, além dos demais requisitos, para a consumação do crime.
Apesar de ser possível, a tentativa é de difícil configuração.
Exemplos: 
1) Delegado de polícia que, após dias investigando um sujeito que
furtou um veículo, o encontra e, com a finalidade de prejudica-lo por
mero capricho ou satisfação pessoal, o autua em flagrante no
momento em que este dirigia o veículo furtado (perceba que, apesar
de existir crime e a necessidade de imputação penal sobre o furtador,
não havia mais situação de flagrante delito, assim, o Delegado simula
situação como se o veículo estivesse sendo furtado naquele
momento apenas para prender o criminoso);
2) Juiz que decreta a prisão preventiva de estelionatário ainda no
curso do inquérito policial e sem provocação do Ministério Público e
do Delegado de Polícia, com a finalidade específica de prejudicar
outrem;
3) Juiz que, com a finalidade específica de prejudicar outrem ou
beneficiar a si mesmo, decreta a prisão preventiva de agente
primário pelo delito de furto simples (pena máxima não superior a 4
anos).
Violência Institucional (Acrescido pela Lei nº 14.321/2022)
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a
testemunha de crimes violentos a procedimentos
desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a
reviver, sem estrita necessidade: 
I - a situação de violência; ou 
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento
ou estigmatização:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a
vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização,
aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes
violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a pena
em dobro.
1. (Questão formulada pelo professor)
De acordo com a Lei n. 13.869/2019 (Abuso de Autoridade), é correto afirmar que:
A) excepcionalmente admite-se crimes de abuso de autoridade na modalidade
culposa.
B) caso a autoridade policial venha a assumir o risco em prender alguém,
supostamente de forma ilegal, poderá responder pelo delito de abuso de
autoridade.
C) o crime de abuso de autoridade pode ser praticado pelo agente desde que
presente a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
D) em hipótese alguma admite-se a participação de pessoas estranhas aos quadros
da Administração Pública na prática de crime de abuso de autoridade.
E) em qual caso os crimes de abuso de autoridade serão perseguidos mediante
ação penal pública incondicionada.
2. (Questão formulada pelo professor)
Considerando a nova lei de abuso de autoridade relativamente ao tema “Ação
Penal”, assinale a alternativa correta.
A) Todos os delitos previstos na nova legislação são perseguidos exclusivamente
mediante ação penal pública incondicionada.
B) Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de
prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
retomar a ação como parte principal.
C) A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 8 (oito) meses, contado da
data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
D) A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da
data em que tiver conhecimento da identidade da autoria delitiva.
E) Os crimes previstos na nova lei de abuso de autoridade são de ação penal
privada.
3. (Questão formulada pelo professor)
Sobre os efeitos da condenação previstos na Lei n. 13.869/2019 (Abuso de Autoridade),
assinale a alternativa incorreta:
A) constitui efeito facultativo da condenação tornar certa a obrigação de indenizar o dano
causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor
mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele
sofridos.
B) caso o condenado seja reincidente em crime de abuso de autoridade, poderá a autoridade
judiciária decretar, mediante motivação em sentença, a inabilitação para o exercício de
cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
C) caso o condenado seja reincidente em crime de abuso de autoridade, poderá a autoridade
judiciária decretar, mediante motivação em sentença, a perda do cargo, do mandato ou da
função pública.
D) não há nenhum efeito da condenação automático previsto na nova lei de abuso de
autoridade.
E) caso o condenado seja reincidente em crime de abuso de autoridade, poderá a autoridade
judiciária decretar, mediante motivação em sentença, a inabilitação para o exercício de
cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 3 (três) anos.
GABARITO
1 2 3
C B E

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