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1 FUNDAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA DE ITAJUBÁ FISICA 1 CAPÍTULO 2 C I N E M Á T I C A D A P A R T Í C U L A Professor: Mario Vitor Pinheiro Fevereiro de 2011 2 Cap 2 - CINEMÁTICA DA PARTÍCULA 2.1. Introdução: A cinemática ocupa-se de uma parte limitada do movimento dos corpos, no referencial escolhido pelo observador. Movimento: Um corpo está em movimento em relação a um referencial se ele ocupa posições diferentes em instantes diferentes. Parâmetros: Na descrição de qualquer movimento são parâmetros fundamentais: • Posição: Grandeza vetorial com três componentes; • Tempo: Grandeza escalar; • Partícula: Corpos sólidos cujas dimensões não são consideradas na descrição do seu movimento. A partícula é um modelo físico útil para a descrição do movimento de translação dos corpos. Na cinemática a massa da partícula não é considerada. Objetivos da Cinemática: a) Descrição do movimento das partículas em termos de posições, velocidades e acelerações, todos como função do parâmetro tempo. b) Estabelecer relações funcionais entre as variáveis dependentes posição, velocidade, aceleração e a variável independente tempo, usando procedimentos matemáticos. 2.2. Cinemática Escalar: A cinemática escalar descreve o movimento das partículas em uma trajetória unidimensional. O referencial adotado é um referencial fixo à terra ou referencial de laboratório. 2.2.1. Velocidade escalar média (Vm ou V ) Seja o gráfico da figura 01 que descreve a variação da posição (x) de uma partícula em função do tempo (t), em um movimento unidimensional. Figura 01 – Gráfico de posição por tempo. 3 No instante tA s posição da partícula é XA, e no instante tB = tA + t e sua posição é XB = XA + X. Nesse intervalo de tempo (t), a taxa média de variação temporal da posição da partícula é a sua velocidade escalar média (Vm ou V ), definida por: t x Vm = , sendo sua unidade no SI m/s. Convém observar ainda que a velocidade esclar média é a medida da declividade da reta AB, ou seja: t x Vm = = tg 2.2.2. Velocidade escalar instantânea A medida da velocidade média escalar de uma partícula durante um intervalo de tempo infinitamente pequeno (t→ 0), conduz ao valor da velocidade em um instante (velocidade instantânea). Portanto: td xd t x 0 t limite Vm 0 t limite V = → = → = Observe que a velocidade instantânea ou simplesmente velocidade é uma função matemática que pode ser obtida a partir da derivada da posição em função do tempo. Exemplo: A posição de uma partícula, em movimento unidimensional é descrita em função do tempo pela seguinte lei ou equação: X = 2 t² + 5 t + 8 (SI) Pede-se determinar: a) A velocidade média da partícula entre t1 = 2 s e t2 = 5 s. Como t x Vm = = 2 5 X2 - X5 − m 26 8 2 5 2² 2 x m 83 8 5 5 5² 2 x 2 5 =++= =++= Portanto: m/s 19 3 26 83 Vm = − = b) A velocidade da partícula no instante t = 2 s e no instante t = 5 s. Para se obter a velocidade instantânea é necessário que se tenha a equação instantânea da velocidade, que será obtida a partir da derivada da posição com relação ao tempo. Assim temos: 4 5 t 4 dt 8 t 5 t²(2 d td xd V += ++ == . Então v(t) = 4 t + 5. Agora é só determinarmos a velocidade para os instantes pedidos. V5 = 4 5 +5 = 25 m/s V2 = 4 2 +5 = 13 m/s c) A média das velocidades nos instantes t = 2 s e t = 5 s. Portanto: V = (25 +13)/2 = 19 m/s. Observação: A velocidade escalar média resultou num valor igual a média das velocidades. Apenas valores iguais, uma vez que velocidade média não é média de velocidade. d) (proposto) Em que instante o movimento da partícula é invertido? Resp. Não há inversão do movimento. e) O instante em que a partícula passa pela posição x = 15 m. Resp. t = 1 s. f) Construir o gráfico de x(t), v(t) e a(t). 2.2.3. Aceleração escalar média e Aceleração escalar instantânea. Consideraremos que a velocidade de uma partícula em movimento retilíneo varie com o tempo da maneira representada na figura 02. De maneira semelhante à velocidade escalar média a aceleração escalar média (am ou a ), durante um intervalo de tempo (t), é definida por: t v a m = , sendo sua unidade no SI m/s². A aceleração escalar média (am ou a ) mede a declividade da corda AB, conforme figura 02. Assim: t v a m = = tg Figura 02 – Gráfico de velocidade por tempo. 5 A aceleração escalar instantânea é o limite da aceleração média, em um intervalo de tempo infinitamente pequeno: 2 2 m dt xd td vd t v 0 t limite a 0 t limite a == → = → = Observe que a aceleração instantânea é a derivada primeira da velocidade e a derivada segunda da posição, conforme figura 03. Em resumo: x = x(t) → derivada → v = v(t) → derivada → a = a(t) ou Figura 03 – Esquema de relação entre X(t), v(t) e a(t). Exemplo: A posição de uma partícula em movimento unidimensional x = 3 t³ + 2 t² + 5 t + 10, unidades do SI. Pede-se: a) A posição, a velocidade e a aceleração da partícula no instante t = 2 s. x(2) = 3 2³ + 2 2² + 5 2 + 10 = 32 m v(t) = dx/dt = 9 t² + 4 t + 5 v(2) = 9 2² + 4 2 + 5 = 39 m/s a(t) = dv/dt = 18 t + 4 a(2) = 18 2 + 4 = 40 m/s² b) Em que instante a partícula inverte o sentido do movimento. Condição: v = 0 V(t) = 9 t² + 4 t + 5 = 0 Determinando suas raízes teremos: t’ = - 1 s e t’’ = 5/9 s. Portanto o movimento se inverte no instante t = 5/9 s 6 c) Fazer o gráfico de v(t) e a(t) e classificar o movimento em acelerado, retardado e nulo. Classificar também se o movimento é progressivo ou retrogrado. 2.2.4. Descrição de alguns movimentos Para facilitar a analise de movimentos mais gerais, relembramos: • Movimento retilíneo uniforme (MRU) Nesse movimento temos v = constante e sua posição é x = xo + vt. De acordo com essas equações temos a figura 04. Figura 04 – Gráficos do movimento uniforme (MRU). • Movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV) Nesse movimento a aceleração é constante. Assim as equações e as funções horárias desse movimento são apresentadas na figura 05. Figura 05 - Gráficos do movimento uniformemente variado (MRUV). • Queda Livre O movimento de queda livre é o movimento de queda dos corpos nas proximidades da superfície da terra por ação exclusiva da gravidade. (As forças de resistência são desconsideradas nesse movimento). É um movimento unidimensional com aceleração constante ( g = 9,81 m/s²), portanto é um movimento retilíneo uniformemente variado. 7 Exercícios: 1) Um móvel realiza a viagem entre dois pontos A e B, ida e volta pelo mesmo caminho. Ele desenvolve a velocidade constante de 40 km/h na ida e na volta de 60 km/h. Considerando a ida e volta, como um percurso continuo, determine sua velocidade média no percurso total. 2) A posição de uma partícula em movimento unidimensional é descrita por: x(t) = - t³ + 3 t² + 16 (SI). Pede-se: a) A posição, velocidade e aceleração da partícula para t = 3 s; b) O instante da inversão do movimento; c) construir o gráfico da velocidade da partícula em função do tempo, entre os instantes 0 e 4 s e classificar o movimento durante esse tempo. 2.3. Cinemática Vetorial A cinemática vetorial descreve os movimentos bidimensionais e tridimensionais. Ficaremos aqui restritos a movimentos bidimensionais ou movimentos planos. 2.3.1. Posição, velocidade e aceleração. Seja o movimento de uma em movimento plano no eixo XOY. A trajetória da partícula esta representado no gráfico da figura 06. Figura 06 – Movimento plano de uma partícula O vetor r identifica o ponto P em relação a referencia num determinadoinstante. Ele é chamado de vetor posição, cujas componentes ortogonais são x e y, representados na figura. Portanto o vetor r pode ser escrito na forma: r = x i + y j, ou r = ŷy x̂x + , que no SI tem a unidade de metros. Seu módulo pode ser calculado por: 2y 2x r += 8 Já sua direção e sentido podem ser calculados da seguinte forma: x y adjacente cateto oposto cateto tg == Portanto: 2y 2x r += Já a velocidade vetorial v , sabemos que ela é a derivada da posição com relação ao tempo. Portanto, teremos: ŷ dt dy x̂ dt dx dt r d Vou j dt dy i dt dx dt r d V +==+== Então: ŷVy x̂Vx dt r d Vou jVy iVx dt r d V +==+== Da mesma forma do vetor posição, a velocidade também é uma expressão vetorial, portanto pode ser expressa em módulo, direção e sentido. Assim, se a velocidade pode ser representada da seguinte forma: Já sua direção e sentido podem ser calculados da seguinte forma: Vx Vy adjacente cateto oposto cateto tg == Portanto: 2Vy 2Vx V += De modo semelhante, como já sabemos, à aceleração é calculado a partir da derivada da velocidade. Portanto: dt j)Vy i(Vx d dt vd a + == = ax i + ay j O módulo, a direção e o sentido é determinado da mesma forma que os vetores anteriores: ax ay adjacente cateto oposto cateto tg == Portanto: 2ay 2ax a += Devemos lembrar, ainda, que vale a mesma relação da cinemática escalar, ou seja: 9 2.3.2. Movimento de um projétil Quando um corpo é lançado na atmosfera ele terá um movimento parabólico devido a aceleração da gravidade, cujo valor é aproximadamente 9,81 m/s² e que na maioria das vezes utilizamos 10 m/s² para facilitar as contas. Embora exista resistência do ar, as equações desenvolvidas aqui desprezam o atrito com o ar. Nesse movimento iremos trabalhar com as componentes retangulares dos vetores posição, velocidade e aceleração, pois no movimento horizontal, não havendo atrito, o movimento é uniforme e na vertical o movimento é uniformemente variado. Portanto: X = Xo + Voxt Y = Yo + Voyt + ½ at²
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