Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
84 4. Filosofia de Proteção É a técnica de selecionar, coordenar, ajustar e aplicar os vários equipamentos e dispositivos protetores a um sistema elétrico, de forma a guardar entre si uma determinada relação, tal que uma anormalidade no sistema possa ser isolada e removida, sem que as outras partes do mesmo sejam afetadas. Finalidade da Proteção a) Isolar a menor parte possível do sistema no caso de alguma falta, ou isolar o curto circuito tão próximo quanto possível de sua origem. b) Efetuar o isolamento do curto circuito num tempo mínimo a fim de reduzir os danos aos condutores e equipamentos. Requisitos da Proteção Seletividade - A proteção deve somente isolar a parte do sistema atingido pelo defeito, mantendo a continuidade do serviço das demais partes do sistema. Rapidez - As sobrecorrentes geradas pelos curtos circuitos ou sobrecargas devem ser extintos no menor tempo possível, reduzindo a probabilidade de propagação dos defeitos. Sensibilidade - A proteção deve ser suficientemente sensível a defeitos que possam ocorrer durante a operação do sistema. Por sensibilidade entende-se como o menor valor da grandeza capaz de ativar o dispositivo de proteção. Segurança - O sistema de proteção não deve realizar uma falsa operação sob condições normais de operação, ou falhar no caso de faltas no sistema. Economia - O sistema de proteção deve ter sua implantação viável economicamente, evitando-se um número excessivo de dispositivos de proteção. Benefícios da Proteção Um sistema de proteção devidamente projetado e ajustado apresenta inúmeras vantagens: Menores danos aos materiais (condutores) e equipamentos (transformadores); Menores custos de manutenção (combustíveis, transportes, mão de obra, etc.); Maior vida útil dos materiais e equipamentos; Menos desligamentos; Maior segurança; Redução no número de desligamento; Aumento do faturamento; 85 Facilidade na busca e pesquisa de defeitos. Correntes de Curto circuito As correntes de curto circuito estão relacionadas com as magnitudes de tensão e potência do sistema de geração, transmissão e distribuição, ou seja, quanto maiores essas magnitudes maiores serão as correntes de curto circuito. Portanto as correntes de curto circuito são independentes da carga, e são diretamente relacionadas com o porte ou capacidade da fonte de energia. As fontes básicas de corrente de curto circuito são geradores, motores síncronos e motores de indução. A alimentação do curto circuito se dá, via de regra, pela energia armazenada nas massas girantes, que mantém a velocidade dos geradores e motores. Portanto, num sistema elétrico considera-se como fonte de curto circuito qualquer equipamento que, a partir do instante em que ocorrem as faltas, possa alimentar o sistema com corrente de curto circuito. a) Geradores - Um circuito alimentado por um gerador faz com que o mesmo mantenha uma tensão, por que a excitação do seu campo (corrente contínua) é mantida e a fonte mecânica continua a acioná-la com uma velocidade praticamente normal. Nessa condição, o gerador faz circular a corrente de curto circuito entre ele e o ponto em que ocorreu a falta, sendo limitada apenas pelas impedâncias do gerador e do trecho do circuito por onde circula. Se o curto for nos terminais do gerador, a corrente será limitada, apenas, pela própria impedância do gerador. b) Motores - No caso de motores, um curto circuito faz diminuir a tensão no sistema. Como, consequência, o motor para de fornecer energia mecânica à carga e sua velocidade começa a diminuir. No entanto, a inércia da carga e do rotor tendem a opor-se a essa diminuição o que significa que o rotor e a carga passam a acionar mecanicamente o motor. Esse então passa a funcionar como gerador, fornecendo corrente de curto circuito por alguns ciclos após a ocorrência da falta. O valor dessa corrente dependerá da potência, tensão, reatância do motor e também da impedância do sistema até o ponto de falta. c) Transformadores - Os transformadores são frequentemente citados como fontes de corrente de curto-circuito. Na realidade, o transformador simplesmente libera, de acordo com sua potência, a corrente de curto-circuito produzida pelos geradores e motores que o antecedem, sua ação será simplesmente de transformar os valores de tensão e corrente sem, porém, gerá-las. 86 Tipos de Curto circuitos a) Curto circuito trifásico Fig. 4.1 – Curto circuito trifásico Condições de falta: Va = Vb = Vc b) Curto circuito fase-terra Fig. 4.2 – Curto circuito fase-terra Condições de falta: Ia 0, Ib = Ic = 0, Va =0 c) Curto circuito bifásico Fig. 4.3 – Curto circuito bifásico Condições de falta: Ib = - Ic , Ia =0, Vb = Vc Dispositivos de Proteção em Média Tensão (Redes Primárias) Chaves Fusíveis São dispositivos eletromecânicos que tem como função básica, interromper o circuito elétrico quando ocorrer a fusão do elo-fusível. Características: 87 Tensão nominal Nível básico de isolamento para impulso (NBI); Frequência; Corrente nominal; Corrente de interrupção assimétrica. Tipos de Chave Fusível: a) Distribuição – usada na distribuição de energia; b) Força – proteção de barramentos, transformadores e banco de capacitores. Componentes da Chave Fusível Elo fusível – liga condutora; Cartucho ou Canela – tubo de fibra isolante; Isolador – porcelana ou resina epóxi; Base ou dispositivo de fixação – aço zincado Dimensionamento da Chave Fusível In, Chave K x In, Elo Interrupção Assimétrica ICC, Max x Fator de Assimetria Onde: In, Chave – corrente nominal da chave; In, Elo – corrente nominal do elo; ICC, Max – corrente de curto-circuito máximo no ponto de instalação da chave. K – constante do sistema Tensão Nominal (kV) NBI (kV) Corrente Nominal (A) Interrupção Assimétrica (kA) 15 95 50 1,2 15 95 100 2 15 95 100 4 ou 5 15 95 100 8 ou 10 15 110 200 4 ou 8 15 110 300 10 88 Tab. 4.1 – Chaves fusíveis mais usadas Elo Fusível É um componente da chave fusível que é sensível a um valor de corrente superior à sua corrente admissível, o qual atinge o ponto de fusão em uma temperatura da ordem de 2300 C, dando início ao processo de interrupção do circuito ao qual está ligado. Constituição básica: Cabeça; Elemento fusível; Rabicho; Tubinho. Emprego: Proteção do alimentador principal e ramais; Proteção de transformadores de distribuição; Proteção de banco de capacitores. Fig. 4.4 – Elo fusível Tipos de Elos Fusíveis a) Tipo H – usado para proteção de transformadores até 75 kVA 13.800 V – Tensão Nominal da Linha Transformador (kVA) Elo H usado 15 1H 30 2H 45 3H 75 5H Tab. 4.2 – Elos fusíveis de transformadores Obs.: Os elos H não devem ser utilizados para proteção de ramais. b) Tipo K – usado para proteção de ramais e transformadores. 89 c) Tipo T – proteção de bancos de capacitores. Obs.: Os elos tipo K e T possuem as mesmas correntes nominais, entretanto os elos tipo K são mais rápidos do que os tipos T. Além dos elos fusíveis de distribuição, existem os elos fusíveis ditos de força, usados em SE’s. Tipo ES – lento, Tipo EF – rápido Emprego de Elo Fusível para Proteção de Transformadores Objetivo: Proteção contra sobrecarga; Proteção contra curto-circuito nos terminais do transformador e na rede secundária. Dimensionamento de Elo Fusível para Proteção de Ramais a) Critério da corrente In, Elo 1,5 x ICarga, Max no ponto de instalação da chave In, Elo ≤ 1/4 x ICC, fase terra mínimo do fim do trecho protegido por ele Onde: In, Elo – corrente nominal do elo fusível; ICarga, Max – corrente que circula no elo. b) Critério da seletividade: Leva em consideração os tempos de fusão e interrupção dos elos protetor e protegido. Tint. protetor 0,75 x Tfusão protegido Fig.4.5 – Localização dos elos protetor e protegido 90 Tab. 4.3 – Tabelas de coordenação de elos 91 Exercícios: 1) Dimensione as chaves fusíveis e os elos fusíveis dos circuitos primários abaixo 2) 92 Religadores Os religadores automáticos são considerados pelas empresas elétricas do mundo inteiro equipamento essencial para o cumprimento de sua finalidade principal, ou seja, o fornecimento de energia elétrica, em condições confiáveis, seguras e dê economicidade. O religador é constituído por um mecanismo automático projetado para abrir e fechar circuitos em carga ou em curto- circuito, comandado por relés de ação indireta e por um relé de religamento. Fig. 4.6 – Tipos de religadores Funcionamento do Religador Os religadores surgiram devido os inconvenientes e as limitações dos elos fusíveis, que ocasionavam interrupções prolongadas, embora desnecessárias, porque é incapaz de diferenciar entre uma falta permanente ou transitória. O religador ao sentir uma condição de sobrecorrente, interrompe o circuito, religando-o automaticamente, após um tempo pré-determinado. Se perceber, no momento do religamento, que o defeito ainda persiste, repete a sequência “disparo- religamento”, até três vezes consecutivas. Após o quarto disparo, o mecanismo de religamento é travado, deixando aberto o circuito. O religador é um dispositivo ideal na medida em que interrompem faltas transitórias, evitando queimas de elos fusíveis, que bem coordenados com o religador seccionam apenas o trecho sob defeito, permanecendo os demais energizados. Operação do Religador Geralmente, o religador é projetado para realizar até no máximo 3 religamento seguidos por 4 disparos. 93 Fig. 4.7 – Religador instalado na saída do alimentador na S/E Fig. 4.8 – Seqüência de operação de um religador Instalação do Religador Saída da subestação; Derivação longas e carregadas; Circuitos com áreas arborizadas e com grande intensidade de descargas atmosféricas. Constituição básica de um Religador Os contatos interruptores ficam submersos em óleo ou funcionando sob vácuo. Dotados de um mecanismo de temporização dupla (Disparo rápido, Disparo temporizado) Podem ser trifásicos ou monofásicos. Vantagens Economia com o menor deslocamento das turmas para a reposição de elos fusíveis. Melhor seletividade dos defeitos. Menos queima de elos. Menores danos aos condutores e transformadores. Coordenação religador x elo fusível do lado da carga Filosofia: O elo fusível deverá interromper o circuito defeituoso durante a 1a operação temporizada do religador. 94 Fig. 4.9 – Coordenação religador x elo fusível Seccionalizador São dispositivos projetados para operarem em conjunto com um religador, ou com um disjuntor comandado por relés de sobrecorrente dotados da função de religamento em sua retaguarda. Fig. 4.10 – Seccionalizador instalado no circuito primário Funcionamento do seccionalizador O seccionalizador conta a quantidade de disparo (desligamentos) ocorridos na sua retaguarda e após um número previamente estabelecido abre o circuito. Esta abertura ocorre num intervalo de religamento, portanto o circuito está desenergizado. Fig. 4.11 – Coordenação religador x seccionalizador 95 Esquema básico de ligação O esquema básico tradicional de proteção de um alimentador radial, trifásico e aterrado, na saída da subestação, utiliza três relés de fase e um de neutro ou terra, ligado através três transformadores de corrente, comandando um disjuntor (52), conforme mostrado abaixo. Fig. 4.12 – Esquema básico da proteção de sobrecorrente da saída de um alimentador primário radial Os relés de fase irão proporcionar proteção ao alimentador contra curtos-circuitos que envolvam, principalmente, as fases (trifásicos e bifásicos). O relé de neutro ou terra dará proteção contra os curtos para a terra (fase-terra e bifásico-terra). A vantagem desse esquema é que, para qualquer tipo de curto-circuito, haverá, no mínimo, dois relés sendo percorrido pela corrente de curto. Atualmente, com o emprego de relés digitais, os quatro relés do esquema são substituídos por um único que realiza as funções 50 e 51 de fase e terra. Além disso, desempenham outras funções tais como: medição de corrente, registros de dados, de perturbações, etc. São conhecidos como relés de multifunções. 96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FILHO, J. M., INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS, 5a Edição, LTC , 1997. NISKIER, J., MACINTYRE, J. A., INSTALAÇÕES ELÉTRICAS, 3a Edição, LTC, 1996. CREDER, H., INSTALAÇÕES ELÉTRICAS, 11a Edição, LTC, 1991. GUERRINI, P. D., ELETROTÉCNICA APLICADA E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS, 2a Edição, Érica, 1990. NEOENERGIA – NORMAS PARA FORNECIMENTO E PROJETO DE ENERGIA ELÉTRICA EM BAIXA e ALTA TENSÃO. Finalidade da Proteção Requisitos da Proteção Benefícios da Proteção Correntes de Curto circuito Tipos de Curto circuitos Dispositivos de Proteção em Média Tensão (Redes Primárias) Chaves Fusíveis Tipos de Chave Fusível: Componentes da Chave Fusível Dimensionamento da Chave Fusível Elo Fusível Fig. 4.4 – Elo fusível Tipos de Elos Fusíveis Emprego de Elo Fusível para Proteção de Transformadores Dimensionamento de Elo Fusível para Proteção de Ramais Religadores Funcionamento do Religador Operação do Religador Instalação do Religador Constituição básica de um Religador Vantagens Coordenação religador x elo fusível do lado da carga Seccionalizador Funcionamento do seccionalizador Esquema básico de ligação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Compartilhar