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RESUMO 1 - diplomacia economica nas relaçoes internacionais

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Diplomacia Econômica nas Relações Internacionais 
A diplomacia caminha por entre política externa ou política mundial – esta em um sentido mais amplo –, 
como também pode se relacionar com o direito internacional como um meio pacífico de negociação. 
Sabemos que a palavra diplomacia tem origem na língua grega, e sua prática também foi largamente 
utilizada durante o Império Romano. Já a diplomacia moderna é oriunda do século XV. Ela foi utilizada, 
principalmente, na península itálica durante o período decorrente do equilíbrio de poder das principais 
cidades-Estados. 
Entretanto, foi somente depois da Paz de Vestfália (1648) que o uso de missões diplomáticas se 
popularizou. Esse tratado, um marco para as relações internacionais, “ao estabelecer a liberdade religiosa 
e a igualdade entre os Estados. Já a Revolução Francesa (1789-1815) também teve importante 
contribuição para o modelo da prática diplomática. Isso se deu, principalmente, pela sua contribuição 
decisiva para o conceito de soberania, alterando definitivamente a figura do rei. Já no século XX, com o 
advento das grandes guerras, surge o que fica conhecido como nova diplomacia, esta vinculada aos 
desdobramentos da Conferência de Versalhes (1919). 
Vale lembrar que, nesse entreguerras, houve a crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, evidenciando no 
cenário global um novo elemento que viria a ser primordial para esta disciplina: a ascensão da economia 
como elemento constituinte da política mundial. 
Dessa forma, além das tradicionais funções diplomáticas de negociar, representar, fazer serviços 
consulares e informar, a diplomacia ganha novas diretrizes. Vale ressaltar aqui que essas novas diretrizes 
são diversas, e a economia é só mais um elemento que constitui essa nova realidade. 
 
SUAS CARACTERÍSTICAS 
Lembrete 
Em uma negociação com o governo alemão, Vargas se utilizou da música como elemento de política 
externa, ao autorizar, no ano de 1936, a criação de um programa de rádio destinado ao público alemão 
no intuito de difundir a música brasileira. Esse é um exemplo da polivalência da política externa do 
governo do período. 
 
A economia é um elemento central do processo de globalização, relacionada à interdependência entre os 
atores. Transitamos do poder político-militar para o poder político-econômico. 
É comum que assuntos internos influenciem diretamente assuntos externos do Estado, bem como que 
assuntos externos sejam diferenciais na política doméstica. Ademais, o capital não tem pátria; hoje ele 
circula livremente por fronteiras e, inclusive, de forma virtual. 
Contudo, vale ressaltar que não há um consenso na definição do termo diplomacia econômica. Ademais, 
esse conceito, muitas vezes, está atrelado ao conceito de diplomacia comercial. O que podemos fazer é 
tentar compreender as dinâmicas e os elementos que compõem esse estudo. 
O que fica evidente, então, diante dessa perspectiva, é a importância do ato de negociar. Seja em 
organizações ou em missões diplomáticas. 
Fica mais evidente ainda a importância das políticas econômicas internas: uma vez que os interesses 
externos são consequências da busca pela melhoria interna. 
 
- A diplomacia comercial 
Esse conceito pode ser compreendido como medidas de apoio de determinado Estado às trocas 
comerciais, e aqui falamos especificamente das exportações desse Estado. Ademais, podemos até mesmo 
falar da promoção ao investimento estrangeiro. Afinal, se, por exemplo, o Brasil precisa de investimento 
em determinado setor, o governo pode promover medidas para atrair investimento estrangeiro. Porém, 
quem de fato irá aportar serão empresas estrangeiras, não necessariamente outros governos. 
- O PADRÃO-OURO E A NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL APÓS A SEGUNDA GUERRA 
MUNDIAL 
A famosa Crise de 1929, sob a égide de um fenômeno maior: a globalização. 
Não se pode falar de padrão-ouro sem falar da Crise de 1929. E se não falarmos do padrão-ouro, não 
vamos compreender os fenômenos que o sucedem. 
Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos assumem um importante lugar de destaque: centro 
econômico global, pois deixaram de ser um dos maiores devedores para se tornarem um dos maiores 
credores do mundo. Um setor que era reflexo desse entusiasmo era o automobilístico. Tais padrões 
ficaram conhecidos como o american way of life. Porém tal prosperidade escondia o lado trágico da 
economia. O mercado não conseguia absorver o excesso de produção e oferta. Os excedentes não podiam 
ser vendidos no exterior porque a Europa acabara de passar por uma guerra. As ações eram negociadas 
por um valor acima do que valiam, justamente por conta desse clima de euforia presente no país. Quando 
se começou a venda em massa das ações, no dia 24 de outubro de 1929, os preços despencaram, até que 
no dia 29 aconteceu o colapso: milhões de pessoas haviam perdido praticamente tudo que investiram, 
bancos e empresas faliram e muitas pessoas perderam suas casas. 
O padrão-ouro foi a referência quando se falava em economia dos países. Porém, com a quebra da bolsa 
e principalmente dos bancos, mudanças acabaram por ser necessárias. 
- O regime padrão-ouro 
O crescimento do comércio nas cidades-Estados da Itália, no século XIV, criou um grupo social conhecido 
como cambistas. Eles eram uma espécie de intermediário nas negociações e emitiam notas com valor de 
compra e venda durante seus negócios. Contudo, a partir do momento em que eles passaram a receber 
ouro e prata, logo começaram a emprestar dinheiro através de ordens de pagamento. Essa prática se 
espalhou pela Europa Ocidental e, quando chegou à Inglaterra, foi responsável por fincar as raízes daquilo 
que viria a ser o sistema bancário. Com o final das guerras napoleônicas, as práticas financeiras cresceram 
de forma acelerada. Contudo, outros sistemas financeiros se desenvolveram tão bem quanto o inglês. 
Mesmo assim, o mercado britânico estava extremamente internacionalizado. Mas essa abertura deixava 
a moeda inglesa volátil. Reconhecendo tal fragilidade, o Banco da Inglaterra começou a reforçar suas 
reservas de ouro, principalmente depois da exploração em território africano, que foi muito intensa no 
final do século XIX. Dessa forma, com o aumento das reservas, cresceu a credibilidade da libra esterlina. 
Primeiramente pelo fato de a Inglaterra ser o centro financeiro global. Em segundo lugar, por conta de, 
muitas vezes, a libra ser comparada ao ouro. Isso aumentava o poder do Banco da Inglaterra sobre as 
taxas de juros. 
Contudo, uma moeda se torna internacional a partir do momento em que ela serve como unidade de 
conta, troca e valor no exterior, tanto por agentes públicos (governos) quanto por agentes privados 
(empresas). 
Porém, quando falamos de moeda internacional para governos, além das funções clássicas, é também 
necessário que haja a escolha de determinada moeda para que seja referência na sua taxa de câmbio. 
Consequentemente, é a partir desse panorama que os Estados vão calcular suas ações político-
econômicas, bem como suas reservas. 
Consequentemente, tal panorama fez com que os países fossem adotando o padrão-ouro. Isso significava 
reduzir os custos que havia nos financiamentos, tanto internos quanto externos, permitindo, também, 
aumentar os prazos dessas operações. O padrão-ouro, então, funcionava como uma espécie de selo de 
garantia no crédito negociado pelos Estados, pelas empresas e pelos bancos que participavam no 
comércio internacional. Outro fator de impulso na adoção do padrão-ouro foi a desvalorização da prata, 
fazendo com que os países adotassem primordialmente o ouro. 
No período do padrão-ouro, as transações funcionavam majoritariamente através de Letras de Câmbio 
(LC), ou seja, títulos de crédito. Dessa forma, muitos instrumentos estavam relacionados ao crédito 
privado. Contudo, dada a credibilidade londrina, em pouco tempo até mesmo os títulos comerciais 
ingleses se tornaram ativos financeiros;alguns países chegavam a utilizá-los como reserva. Vale ressaltar 
que o maior volume dos negócios era entre bancos privados. Porém o ouro servia como padrão de 
conversibilidade. Assim, diante da falta de regulamentação e da superioridade das negociações por parte 
dos bancos privados, o ouro era um elemento de controle dos bancos centrais dos países, pois eram essas 
instituições que determinavam seu preço. 
Contudo, o padrão-ouro tinha suas limitações. E uma das principais limitações era o fato de que os 
governos não podiam emitir moeda para conter eventuais crises, pois estavam presos à quantidade de 
ouro em suas reservas. Então, quando aconteceu o crash da bolsa em 1929, esse sistema financeiro 
limitou a ação do governo e foi determinante para que o colapso acontecesse. 
Dessa forma, podemos conceber, então, o sistema padrão-ouro como um sistema monetário 
internacional no qual a quantidade de moeda dos países era definida na correlação com a quantidade de 
ouro que havia nos cofres das reservas de cada país. Assim, era possível converter uma moeda em ouro 
e, consequentemente, em outras moedas. Contudo, o valor fixo do ouro fazia com que a taxa de câmbio 
fosse atrelada ao preço desse metal. 
Já durante a Segunda Guerra Mundial, o financiamento dos estadunidenses para os ingleses foi pago, em 
uma parte, por ouro. Contudo, a Inglaterra só pôde honrar seus compromissos até o ano de 1941, 
exaurindo suas reservas. Assim, foi criada entre os anos de 1941 e 1945 uma forma de financiamento 
especial chamada de Lend-Lease. A partir daí, começamos a ver a diplomacia econômica ficando cada vez 
mais evidente. Esse sistema funcionava como uma espécie de doação dos Estados Unidos para seus 
aliados. Doação porque não envolvia uma dívida que seria cobrada. O país norte-americano exigia em 
troca, simplesmente, compensações políticas. Seu objetivo principal era que, por conta dessas doações, 
os ingleses eliminassem as preferências imperiais de comércio e do chamado bloco da libra: países que 
faziam parte do Império Britânico nos quais a libra ainda era uma moeda conversível. Em outras palavras, 
era um empurrão para um multilateralismo imediato. 
Para segurança das condições impostas os Estados Unidos fragmentaram seu financiamento para a 
Inglaterra durante a guerra, de modo que o país europeu não conseguisse acumular um saldo superior a 
1 bilhão de dólares em momento algum. A superioridade definitiva do dólar sobre a libra fica evidente 
nos Acordos de Bretton Woods, em 1944; com a equiparação do dólar ao ouro, a libra foi reduzida 
definitivamente a uma moeda entre outras. Vale ressaltar que o sistema de Bretton Woods estabelecia 
um câmbio fixo, assim como era feito no padrão-ouro. Porém, diante do novo contexto, o padrão agora 
era dólar-ouro. 
Diante desse panorama, surgiram as quatro principais instituições de Bretton Woods: 
 • Fundo Monetário Internacional (FMI). 
• Banco Mundial. 
• Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). 
• Sistema de taxas de câmbio de Bretton Woods. 
O FMI tinha por fundamento ser uma espécie de administradora do novo sistema financeiro internacional. 
Entre seus objetivos, estava evitar as instabilidades do câmbio. Ademais, funcionaria como um agente 
para combater a inflação nos países-membros. Outra função primordial da instituição era socorrer os seus 
membros quando necessário, amenizando eventuais desequilíbrios nas balanças de pagamentos dos 
países. Para tal, poderia realizar-se empréstimos compensatórios. No final da década de 1960, criou-se 
outro sistema de ativos: Direitos Especiais de Saque (DES). Eles eram uma forma de pagamento 
equivalente à cota que cada país tinha junto ao FMI. Consistiam em reservas da organização, em moedas 
estrangeiras suplementares, ou seja, além do dólar. 
Já o Banco Mundial tinha por função auxiliar a reconstrução dos países que foram devastados durante a 
guerra e também auxiliar no desenvolvimento dos países menos desenvolvidos (porém com taxas de juros 
reduzidas). O capital está relacionado a um grupo de países credores que o compõem. Contudo, a 
proporção de cada país como credor do banco está de acordo com a sua importância econômica. Vale 
ressaltar que o Banco Mundial faz esses empréstimos somente quando não é possível se obter o valor em 
bancos privados. 
O General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) tinha por objetivo reduzir as restrições que havia no 
comércio global. Era responsável também por compensações aos países que fossem prejudicados em 
tarifas alfandegárias, bem como pela arbitragem em conflitos de cunho comercial. Sua forma de atuação 
era através de rodadas de negociação. 
Com o novo sistema, Bretton Woods, o dólar se tornou uma moeda internacional, pois ela era a única que 
poderia ser convertida em ouro. As demais moedas poderiam ser convertidas em dólar em uma taxa fixa 
de câmbio. 
 
Lembrete 
 A ausência de um mecanismo de ajustes foi um dos fatores que culminaram na Crise de 1929, pois o 
padrão-ouro não permitia tal possibilidade. 
 
O país norte-americano, nitidamente menos afetado durante a guerra do que seus aliados, foi o principal 
fornecedor de recursos para a reconstrução dos países europeus atingidos pela guerra. Essa ajuda 
financeira ficou conhecida como Plano Marshall. 
Foi somente durante a Guerra Fria, mais especificamente no ano de 1971, que os Estados Unidos 
romperam, de forma unilateral, os Acordos de Bretton Woods para alterar o câmbio fixo do dólar para 
câmbio flexível. 
Havia uma contradição básica no sistema Bretton Woods que ficou conhecida como Paradoxo de Triffin: 
• Para haver expansão, era necessário o crescimento das reservas globais em dólar. 
• Contudo, isso causava déficit externo para os Estados Unidos. 
• Se esses movimentos fossem ordenados e periódicos, mas os ativos em ouro constantes, haveria uma 
quebra na confiança da conversibilidade do dólar, colocando em xeque o próprio Acordo de Bretton 
Woods. 
 
O SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL PÓS-BRETTON WOODS E A REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA 
EUROPEIA 
Foi significativa para a retomada econômica e como a reconstrução do Velho Continente chegou a 
ameaçar a hegemonia dos Estados Unidos, os seus benfeitores, pois esse país estava demasiadamente 
preocupado com o avanço do bloco soviético em plena Guerra Fria. 
- O sistema financeiro internacional pós-Bretton Woods 
1.O Fundo Monetário Internacional (FMI) 
Criado em 1944, na reta final da Segunda Guerra Mundial. A administração desse órgão fica a critério de 
um conselho de governadores,mais um suplente para cada país-membro. Além deles, existem diretores-
executivos, dirigentes e auxiliares. Em relação aos votos dos membros, cada sócio tem o direito a 250 
votos mais um adicional a cada 100 mil DES (Direito Especial de Saque) - é uma forma de pagamento 
equivalente à cota que cada país tem junto ao FMI - . Os membros do FMI são todos os países que estavam 
representados na Conferência de Bretton Woods e, obviamente, contribuíram com sua cota financeira, 
além de outros países que por livre e espontânea vontade solicitaram sua admissão. Como vimos 
anteriormente, no final da década de 1960 foi criado o Direito Especial de Saque (DES). O intuito era 
facilitar as negociações e empréstimos devido às crescentes limitações na produção de ouro e às crises 
especulativas dessa reserva. 
Em um primeiro momento, o valor do DES foi definido em ouro. Porém, a partir de 1971, foi necessário 
redefinir esse valor, bem como sua forma de cálculo. Consequentemente, a taxa flutuante do DES ficou, 
a partir de então, atrelada a um valor calculado entre as cinco moedas dos países que mais tinham 
participação na exportação mundial. E, até hoje, esse valor é revisto de cinco em cinco anos. Sua atuação 
é diretamente com o Banco Central do país-membro. 
Para que um país obtenha moeda estrangeira ou DES, há um caminho de mão dupla: deve-se depositar o 
valor correspondente aomontante em sua moeda nacional. Assim, simultaneamente, será concedido um 
crédito em moeda estrangeira ao país e ocorrerá um débito em suas cotas. É uma medida que visa inibir 
e atenuar eventuais inadimplências, lembrando que 75% da cota do país é em moeda nacional. 
Basicamente, o FMI atua através de sete linhas de crédito. A primeira delas se chama crédito contingente 
– acordos Stand-By. Essa forma de atuação dura entre 12 e 24 meses, no máximo. Sua função é oferecer 
soluções para o desequilíbrio no setor externo dos países. 
Já os extended fund facilities (EFF) correspondem a créditos que duram três anos, visando também à 
contenção de desequilíbrios externos. Aos países de baixa renda, que possuem problemas recorrentes, o 
FMI chama a linha de crédito de structural adjustment facility. Já os países que exportam produtos 
primários e possuem dificuldades na sua balança de pagamento, o órgão internacional oferece o 
compensatory and contingency financing facility. Quando a necessidade é somente de apoio ao ajuste do 
balanço, o crédito oferecido pelo FMI chama-se enhanced structural adjustment facility (ESAF). 
A linha de crédito que foi instituída a partir de 1969 para oferecer financiamento para a amortização de 
capital aos países que necessitam chama-se buffer stock financing facility (BSF). 
Após as crises do petróleo nos anos 1970, especialmente após a crise que ficou conhecida como Segundo 
Choque do Petróleo, o FMI criou uma linha de crédito que permite ao órgão receber empréstimos de 
países que são exportadores de petróleo e emprestar o óleo a países deficitários. Essa linha de crédito 
chama-se oil facility. 
2. Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) 
Banco Mundial – ou Banco Internacional - acabou por ser muito mais utilizado no desenvolvimento 
econômico dos países subdesenvolvidos. Desde Bretton Woods até os anos de 1960, o Banco Mundial 
focou seus esforços em prover recursos ao setor público dos países. Contudo, a partir dessa década 
também passou a financiar projetos em outras áreas, como o desenvolvimento urbano e agrícola, bem 
como projetos na área da educação. Sendo assim, o Banco Mundial ampliou sua atuação através da 
Agência Internacional para o Desenvolvimento (IDA), bem como através da Corporação Financeira 
Internacional (CFI) – criada em meados dos anos de 1950 –, no intuito de conceder empréstimos diretos 
ao setor privado. Ademais, promove investimento de capital particular e estrangeiro, obviamente com 
determinadas garantias, para os países em desenvolvimento. 
Em relação a sua estrutura, a primeira é que, para ser membro do BIRD, é necessário ser membro do FMI. 
Logo, sua administração também é muito semelhante à do FMI, sendo o sistema de votação igual, porém 
com um conselho consultivo a mais. Outra regra importante é o fato de que os recursos que o Banco 
Mundial oferece aos seus membros só podem ser aplicados para fins de construção, reconstrução e 
desenvolvimento. Similarmente ao FMI, a fonte dos recursos também é oriunda da participação dos 
países-membros. 
3.Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) 
Criado no final da década de 1950. O intuito era financiar o desenvolvimento dos países da América Latina 
e do Caribe, majoritariamente subdesenvolvidos. Embora o foco esteja na parte latina do continente, sua 
sede fica em Washington e sua administração são semelhantes aos do BIRD. 
Na sua fundação, o BID incluía 19 países da América Latina, mais os Estados Unidos. Contudo, a partir da 
década de 1970, países de outros continentes foram admitidos – como Alemanha, Japão, Finlândia, entre 
outros classificados como membros não regionais. 
Os recursos do BID advêm de três grandes fontes: 
• Recursos de capital: a parcela correspondente dos países-membros. 
• Fundos para operações especiais: relativos a recursos fornecidos também pelos países-membros, mas 
com o intuito de serem aplicados em financiamentos sob condições especiais. 
• Fundos fiduciários: recursos oriundos tanto de países-membros como de países não membros, porém 
sendo um capital administrado pelo BID através de acordos. 
As principais áreas de atuação do BID são: desenvolvimento rural e agrícola, atividades industriais, 
desenvolvimento urbano, infraestrutura e educação. Contudo, além dessas áreas, o banco pode oferecer 
empréstimos para assistência técnica para governos, bem como para empresas, sejam elas públicas ou 
privadas. Porém, nesses casos, o montante não ultrapassa 50% do custo do projeto. 
4. Órgãos anteriores a Bretton Woods 
Estamos falando do Banco para Ajustes Internacionais – Bank for International Settlements (BIS) –, 
fundado no início da década de 1930, com sede na Suíça, e do Banco de Exportação e Importação – Export-
Import Bank (EXIM Bank) –, fundado também na década de 1930, porém nos Estados Unidos. 
O BIS foi fundado como uma agência para coordenar movimentações financeiras internacionais de curto 
prazo. Contudo, muitas das suas funções, após Bretton Woods, acabaram por ficar com o FMI. Os cotistas 
desse banco de ajustes são os bancos centrais de grandes economias. 
Já o EXIM Bank, nascido do governo dos Estados Unidos logo após a crise de 1929, tornou-se rapidamente 
a principal agência de financiamento daquele país. O intuito era promover o aumento da exportação de 
produtos e serviços daquele país, para instituições públicas e privadas. Era interessante ao importador 
porque havia facilitação no pagamento à vista ou parcelamento no prazo de 5 a 15 anos. Outro fato, era 
realizar operações de descontos em títulos representativos de financiamentos que foram concedidos por 
outras entidades privadas, caso houvesse inadimplência por parte do importador. Ademais, também 
atuava na forma de consórcio e seguro de crédito de exportação. Porém, o modelo não exauriu a 
instabilidade e a volatilidade do capital. 
 
O Plano Marshall e a reestruturação europeia 
Como vimos anteriormente, o BIRD foi o órgão criado para a reconstrução dos países devastados pós-
Segunda Guerra Mundial. Contudo, quem desempenha esse papel é o Plano Marshall, uma série de 
medidas por parte dos Estados Unidos vistas como ajuda financeira aos países da Europa. Executado entre 
1947 e 1951. Ademais, houve uma recusa por parte dos soviéticos em participar do programa. Além dessa 
recusa, veio uma proibição aos Estados do Leste Europeu, bem como evidenciar os rumos que a Guerra 
Fria tomaria. Outra cartada por parte dos Estados Unidos foi a criação da Organização Econômica para a 
Cooperação Europeia (OECE). Essa organização nasceu no ano de 1948, com o objetivo de administrar os 
recursos financeiros oferecidos pelo Plano Marshall. 
Quando essa organização, por diferentes motivos, se tornou obsoleta, foi criada, em dezembro de 1960, 
com a participação de 20 países, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 
A nova organização ficou conhecida como um clube de países ricos, que tinha como objetivo estudar a 
globalização econômica. Posteriormente, adentraram a organização mais nove países, totalizando, assim, 
29 membros. 
Plano Marshall fez com que os Estados Unidos exportassem um novo modus operandi, conhecido como 
american way of life. Consequentemente, com o crescimento econômico aliado à exportação de um ideal 
consumista, foi natural o aumento na utilização de bens de consumo duráveis, como automóveis e 
eletrodomésticos. 
É necessário ressaltar que a própria aliança dos Estados Unidos com a Grã-Bretanha e, principalmente, 
com a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial era sustentada somente na luta contra Hitler. 
No ano de 1945, George F. Kennan alertou o então presidente Truman sobre as intenções dos soviéticos. 
Isto posto, o Plano Marshall de fato se associava à luta contra o comunismo na Guerra Fria, indo muito 
além de um simples auxílio econômico. Outro aspecto de grande importância do Plano Marshall para os 
Estados Unidosreside na prosperidade de sua própria economia e base industrial, os Estados Unidos se 
beneficiavam da compra de produtos com o dinheiro que eles mesmos emprestaram. 
 
GLOBALIZAÇÃO, UM CAMINHO SEM VOLTA 
A globalização pode ser compreendida sob diferentes óticas. 
1. A globalização e suas múltiplas (in)definições 
Foi utilizado pela primeira vez no ano de 1961. O termo passou por diferentes definições, caminhando 
por entre aldeia global, sociedade da informação e até mesmo universalismo e desterritorialismo. 
Os hiperglobalistas explicam a globalização como algo único e transformador. São redes transnacionais 
que estão diretamente ligadas à produção econômica, envolvidas no comércio e nas finanças, e que levam 
a uma espécie de desnacionalização da economia. Eles não enxergam o neoliberalismo nem o marxismo 
como teorias que fundamentam a economia global. 
Já os céticos, em vertente contrária, não enxergam nada de novo na globalização. Sua interpretação do 
fenômeno limita-se a um aumento do nível das relações internacionais. Globalização, assim, seria apenas 
um processo oposto à regionalização. Acreditam, por exemplo, que essa nova configuração acaba por 
acirrar ainda mais os nacionalismos agressivos, proliferando o fundamentalismo. 
Por fim, os transformacionalistas estão em uma posição intermediária. Compreendem a globalização 
como um fenômeno histórico e sem precedentes. 
Alguns enxergam a globalização como uma ameaça ao Estado, enquanto outros tendem a interpretar o 
fenômeno como uma sequência natural da história. Já as causas da globalização, segundo essas 
abordagens, são basicamente duas: uns enxergam o capitalismo e a tecnologia que vem com ele como 
causa da globalização, enquanto outros consideram uma combinação de diversos fatores, como mercado, 
ideologia e política. Contudo, o ponto de convergência entre todas as abordagens é o papel da tecnologia. 
Alguns veem a globalização como um processo que se desenvolve desde as Grandes Navegações, ou 
mesmo desde as migrações do período pré-histórico. Outros afirmam que a globalização começou com a 
implementação dos primeiros cabos de telefonia, ou mesmo que nasceu na década de 1970 com a 
radiodifusão via satélite. Os mais céticos apontam a globalização como um fenômeno que se acentuou 
com o final da Guerra Fria. 
Contudo, vale ressaltar que tudo “diz respeito à forma pela qual a distribuição e o exercício do poder são 
transformados pela globalização através do tempo em diferentes estruturas sociais: hierarquia social e 
desigualdade espacial”. 
O primeiro deles é o fato de que a globalização é um fenômeno supranacional, alterando a percepção de 
players acerca de diversas noções, como lugar, distância, fronteiras etc. 
O segundo aspecto diz respeito à governança: dimensões como local, regional, nacional e internacional – 
sem esquecer do termo global – se sobrepõem e coexistem, gerando novas regras, que alteram a dinâmica 
da soberania nacional. Consequentemente, surge o agente internacional, pois o indivíduo se faz presente 
em assuntos globais e pode, principalmente através da internet, participar de uma sociedade civil global, 
através de movimentos populares transnacionais. 
O terceiro aspecto é de ordem tecnológica. Basicamente, a sociedade da informação é consequência dos 
avanços dessa área. 
• A globalização é um fenômeno não homogêneo. 
• Culturas divergem e convergem o tempo inteiro. 
• As noções de tempo e espaço, mesmo que sejam desafiadas, ainda possuem relevância no cenário 
global. 
• A globalização é resultado da ação de múltiplas forças – que muitas vezes são antagônicas. 
• O fenômeno da globalização não é claro e muitas vezes embaralha os focos de poder dada sua dimensão. 
2.Globalização e as consequências humanas 
Bauman enxerga o local como algo que pode ser localizado e delimitado. Já o global seria algo não 
delimitável e não localizável. Assim, estaria isento das influências locais. É o global que acaba por 
influenciar o local. Para Bauman (1999), aqueles que detêm o poder – sejam governos, empresas ou 
pessoas – circulam livremente nos territórios, estes delimitados. Assim, podemos compreender essas 
forças como elementos que acabam por modificar o papel do Estado. 
Pensando em diplomacia econômica, a reflexão de Bauman (1999) é muito interessante, pois, nessa ótica, 
o capital não tem pátria. Portanto ele circula livremente, comandado por uma elite do capital, e exerce 
enorme influência nos Estados, pois estes são territoriais. Nessa perspectiva, o poder é algo 
extraterritorial. 
Ademais, as estruturas tradicionais não mais servem como referência, pois o capital movimenta-se 
livremente e mais rápido do que qualquer ação estatal. Logo, fica nítida a ruptura do binômio espaço-
tempo. Para o autor, o Estado, na contemporaneidade – que Bauman (2001) chama de modernidade 
líquida –, não pode fazer frente ao poder dos players econômicos globais. 
Para ele, as decisões acontecem em âmbito global. Contudo, as consequências dessas decisões são locais. 
Bauman comenta ser essa a condição da morte da soberania do Estado, pois, dessa forma, o Estado estaria 
necessariamente dependente dos processos produtivos. Ao mesmo tempo, o Estado ainda se utiliza de 
seu poder soberano, através de processos de coesão, para manter a ordem social fundamentada 
justamente na lógica do capital. 
Santos (2001) é outro autor que tece algumas críticas à globalização. Pode ser interpretado em três 
perspectivas: como fábula, como perversidade e como possibilidade. O autor defende que a globalização 
é um fenômeno que pode ser revertido. 
Na sua visão como fábula, explica que as empresas e os Estados poderosos mostram a globalização como 
algo inevitável, a partir de um discurso único, sendo o computador o elemento central desse fenômeno. 
 Como perversidade, uma espécie de tirania, tanto do dinheiro quanto da informação, causando uma 
polarização das economias dos players hegemônicos. Consequentemente, a competição se torna 
desigual, fomentando pobreza e escassez para aqueles que não participam do jogo. Nessa perspectiva, 
existe grande influência midiática. Ademais, o autor também defende que o dinheiro modela o espaço de 
acordo com as vontades do capitalismo. 
Porém, existe também a visão otimista da globalização: outra possibilidade, que reside na nação ativa, 
aquela que cria e recria sua relação com o espaço social. 
3.Globalização e economia internacional 
Segundo Saraiva, a globalização é a Terceira Revolução Industrial. É atrelada, também, à sociedade do 
conhecimento, vinculada à era da informática. 
Em relação à integração da economia mundial, o autor compara a globalização do final do século XX e 
início do século XXI com os anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial: integração em termos 
comerciais, bem como investimentos diretos estrangeiros, com grandes fluxos financeiros e migratórios. 
Nesse sentido, a globalização contemporânea seria uma espécie de retomada desses elementos. 
Contudo, a globalização de cunho liberal teria seu início nos anos de 1970, sendo, inclusive, 
implementadas diretrizes políticas globais de economia. Ou seja, o próprio Estado começa a repensar o 
seu modelo diante da economia integrada de forma global. Com maior ênfase nas duas últimas décadas 
do século XX, foi possível perceber na América Latina – por conta das crises políticas e econômicas – que 
“os resultados econômicos condicionaram, em grande medida, os sucessos políticos”. 
Outro aspecto relevante para as relações internacionais se deu com o fim do bloco soviético e a 
consequente transição das economias do modelo socialista para o modelo da integração econômica 
mundial. 
Já nos anos de 1990, a globalização se acelerou – principalmente por conta da crescente tecnologia 
comunicacional –, sendo que o grande destaque em âmbito econômico foram as economias da Ásia 
Oriental. 
Porém, o autor defende que o processo concomitanteà globalização é a regionalização. Essa tendência é 
oriunda dos anos 1980, principalmente quando a Comunidade Econômica Europeia (CEE) lançou mão do 
Ato Único Europeu (1986), visando retirar os entraves para a criação de um grande mercado unificado. 
Inevitavelmente, o que está em xeque é, de fato, o papel do Estado. A partir dos anos de 1990 muitas 
teorias realistas das relações internacionais passaram a ser objeto de crítica, justamente pela dificuldade 
do Estado em coexistir com forças transnacionais. 
É a reafirmação da ideia de aldeia global, sendo que o Estado se encontra em uma posição na qual é 
exigido não só pelas suas questões internas, mas também pelas demandas da comunidade internacional. 
Dessa forma, é como se as sociedades fossem sistemas confederados, dificultando as questões 
identitárias, lançando a democracia como ideal global. Quanto à economia, esta se torna autônoma e 
independente do Estado. Nessa abordagem, a globalização foi um contraponto à bipolaridade em tempos 
de Guerra Fria. Logo, o neoliberalismo seria como a ideologia da globalização, enquanto o capitalismo 
representaria sua ordem. Desse modo, a globalização proporciona uma nova realidade econômica. Ela 
envolve a dimensão financeira, pois está diretamente relacionada ao aumento de volume e velocidade da 
transição entre os recursos e suas respectivas interações com as economias nacionais. 
Contudo, o aumento desses fluxos financeiros e comerciais não se tornou absoluto como propagado por 
muitos. A fronteira não desapareceu por completo: somente para algumas coisas. Não obstante, o Estado 
também atua no cenário global em defesa dos interesses das suas empresas nacionais. 
Ainda segundo Mariano e Carmo, a globalização apresenta sua face produtiva. As empresas argumentam 
que é necessário articular a produção em nível global por conta do aumento da concorrência, pois muitas 
empresas passaram a atuar fora de seus mercados domésticos. Basicamente, a produção em escala global 
é feita de duas formas: investimentos diretos e contratos. Os investimentos diretos normalmente são 
feitos a partir do estabelecimento de subsidiárias ou filiais em um determinado mercado nacional, 
enquanto os contratos servem para a transferência de tecnologia, patente, marcas, franquias etc., não 
envolvendo, necessariamente a participação direta da empresa. 
Contudo, esse fenômeno é desigual no globo, pois ele não atinge todos os países. As empresas de países 
que possuem grandes economias predominam, utilizam de estratégias que envolvem três processos. O 
primeiro deles reside na maior utilização de equipamentos modernos. Isso permitiu que a informação se 
tornasse um bem passível de ser comercializado. Ora, não precisamos ir muito longe: plataformas de 
streaming, aplicativos de músicas, compra de livros virtuais etc. Esse é o segundo aspecto. 
O terceiro aspecto está atrelado às mudanças na gestão empresarial, como por exemplo a utilização do 
sistema just in time, de gestão participativa e empreendedores, logística reversa, questões ambientais, e, 
principalmente, flexibilizações dos contratos de trabalho. 
Se existe a globalização financeira e a globalização produtiva, não poderia deixar de existir a globalização 
comercial. 
E para finalizarmos nossa reflexão sobre ela, uma das principais práticas que envolve todas as 
características que estudamos é o investimento direto estrangeiro (IDE). Esse conceito refere-se à 
transferência de recursos de uma determinada empresa, necessariamente estrangeira, para outro país. 
Sua finalidade é estabelecer uma filial ou subsidiária ou, até mesmo, adquirir um percentual de 
participação em outra empresa, incluindo o poder de voto. Entretanto, os países também podem ter 
vantagens nesse processo, como a obtenção de novas tecnologias, o que impacta diretamente na 
eficiência produtiva e nas condições de competitividade no mercado global. Ademais, o IDE pode ser uma 
forma de atrair capital e de o país suprir seu déficit de poupança interna. 
 
O DESENVOLVIMENTISMO E A CRIAÇÃO DA UNCTAD 
Vamos estudar como as novas relações que surgem a partir da ascensão da economia como elemento 
diplomático afetam os países menos desenvolvidos. Para tal, vamos falar da Conferência das Nações 
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a UNCTAD. Ela foi criada em 1964 e tem como objetivo 
exatamente fomentar um melhor desenvolvimento dos países através de uma eficiente integração 
econômica global. Embora tenha a palavra conferência em seu nome, a UNCTAD funciona como uma 
organização internacional. 
1. O desenvolvimento do desenvolvimentismo 
Chamamos de países desenvolvidos e não desenvolvidos. A UNCTAD foi criada para tal finalidade. 
Não obstante, vemos aqui: desenvolvidos e não desenvolvidos. Destarte, também foi utilizada a 
denominação subdesenvolvidos. Contudo, a classificação não é clara, de modo que comumente vemos 
países não desenvolvidos sendo referenciados como subdesenvolvidos. 
Porém, dadas as mudanças na sociedade, embora o caráter econômico seja extremamente relevante, o 
desenvolvimento de um país passa a ser medido por um conjunto de fatores que transcendem as questões 
econômicas e financeiras. Um exemplo disso é que, dessa forma, a classificação de países corresponde a 
critérios econômicos e sociais, sendo que situações como um padrão de vida baixo atrelado a uma 
precária base industrial levam determinado país a ser classificado como subdesenvolvido ou em 
desenvolvimento. 
2. O conceito de desenvolvimento 
Estão ligados à produção industrial e, devido à interdependência entre os países, ao comércio 
internacional. 
Durante a Guerra Fria, especificamente em meados dos anos 1950, foi amplamente utilizada a 
classificação em mundos, sendo que os países desenvolvidos faziam parte do Primeiro Mundo, enquanto 
os não desenvolvidos eram classificados como Terceiro Mundo. 
A classificação de países corresponde a critérios econômicos e sociais, sendo que situações como um 
padrão de vida baixo atrelado a uma precária base industrial levam determinado país a ser classificado 
como subdesenvolvido ou em desenvolvimento. 
Em relação às classificações, elas mudam de acordo com a agência ou organização internacional que faz 
esse arranjo. Não é incomum um país figurar em uma lista, quando classificado pela ONU, e em outra 
diferente, quando classificado pelo FMI. A disputa aqui, em nosso exemplo hipotético, reside no caráter 
da organização: uma com claro viés econômico, outra com um peso maior no âmbito social. 
Contudo, a partir dos anos 1990, uma nova forma de classificação dos países passou a ser utilizada em 
larga escala: o índice de desenvolvimento humano (IDH). 
Historicamente, o IDH foi criado pelo economista indiano Amartya Sen e pelo economista paquistanês 
Mahbub ul Haq, e desde 1993 esse índice tem sido usado em larga escala. A formação dessa medida é 
composta de três aspectos: renda, educação e saúde. Logo, o IDH funciona como uma espécie de 
contraponto ao produto interno bruto (PIB), pois esse indicador considera somente o aspecto econômico 
para mensurar o desenvolvimento de uma nação. 
Em relação ao IDH, na perspectiva educacional, a preocupação se dá com a média de anos em relação à 
educação de adultos. Já no campo da saúde, o alicerce se dá na longevidade da população. Finalmente, 
no campo econômico, a renda per capita é o objeto mensurável. A conta é simples: divide-se a renda 
nacional pelo número de habitantes – como não poderia deixar de ser, ela é medida em dólar. 
3.O desenvolvimentismo 
É interessante compreender o desenvolvimentismo a partir de sua conceitualização – o campo das ideias 
– em uma aplicação em eventos históricos para se analisar a sua eficiência. Isso porque, para as ciências 
humanas, a teoria é um instrumento para formular e testar hipóteses. o desenvolvimentismo foi uma 
resposta justamente ao atraso econômico latino-americano em relação a outros. 
Outroaspecto bastante interessante reside no fato de ser uma ação deliberada. Nessa perspectiva, fica 
explícita a consciência e a intenção dessa política. Assim sendo, nesse momento, percebemos a 
subordinação da economia à política, pois sua formulação não acontece no mercado, mas sim nas esferas 
governamentais. O agente formulador de uma política desenvolvimentista é um governo – formulador e 
executor. Então outro conceito entra em cena: a nação, pois é nela o foco da política. 
Contudo, embora vejamos tais características, o foco é o setor industrial. Desse modo, percebemos que 
o desenvolvimentismo tem características do modelo liberal, mas com a intervenção estatal como 
elemento que vai guiar as relações de mercado. O mercado continua sendo o mercado, mas 
diferentemente do liberalismo, com a famosa mão invisível de Adam Smith, o Estado tem papel central 
em conduzir essa economia da melhor maneira possível, sem minar as relações e processos naturais desse 
mercado. 
O desenvolvimentismo também passa por reformulações, dando origem ao novo desenvolvimentismo. 
4. O novo desenvolvimentismo 
Não somente compreendendo o crescimento da produção, mas sendo atrelado às mudanças estruturais 
que permitam que esse modelo de crescimento seja sustentável no longo prazo. Contudo, traz consigo o 
intervencionismo em prol do crescimento nacional, bem como um nacionalismo embutido. Esse 
nacionalismo figuraria como uma espécie de justificativa para delimitar o capital estrangeiro, com este 
sempre estando subordinado ao capital nacional. 
Portanto algumas das características do novo desenvolvimentismo estão atreladas à nova conjuntura 
internacional. Para tal, é necessário expandir o investimento e direcionar a economia para as exportações. 
Ademais, é necessário diminuir as taxas de juros, bem como alinhar o câmbio. É aí que reside uma grande 
diferença entre as óticas desenvolvimentistas: a taxa de câmbio. Diferentemente do antigo 
desenvolvimentismo que visava em demasiado ao mercado interno. 
As teorias anteriores estavam direcionadas para outros modelos e estágios de desenvolvimento 
econômico, não dando conta das complexidades da contemporaneidade. Vale um destaque: o papel da 
justiça social como objetivo do novo desenvolvimentismo. Podendo ser chamado de macroeconomia 
desenvolvimentista. 
Assim sendo, há algumas considerações interessantes sobre o tema. A primeira delas reside no fato de 
que, nessa ótica, a taxa de câmbio dos países em desenvolvimento deve ser considerada a longo prazo. 
Ademais, para funcionar, devem ser considerados como variáveis macroeconômicas a taxa de câmbio, os 
déficits em conta corrente e a taxa de lucro, estes ocupando o lugar da taxa de juros e dos déficits públicos 
como elementos de medidas macroeconômicas. Isto posto, os autores defendem que existem cinco 
elementos, chamados “preços macroeconômicos”, que o mercado não tem como regular ao certo, dadas 
as suas próprias características. São eles: taxas de inflação, salários, câmbio, juros e lucro. 
O foco em demasiado na taxa de câmbio para o novo desenvolvimentismo se dá para superar o paradoxo 
conhecido como doença holandesa. Doença holandesa é um termo utilizado na economia que se refere à 
exportação de produtos primários e recursos naturais que ocasiona um declínio na produção de 
manufaturas. 
Essa teoria critica os endividamentos externos, pois busca o equilíbrio em mudanças estruturais. Ao 
mesmo tempo, é crítica também aos investimentos diretos estrangeiros que não trazem, de fato, saldo. 
5.O desenvolvimentismo no Brasil 
Nos setores têxtil e de alimentos que temos nossas primeiras experiências sobre a indústria. Esse período 
coincide com a recém-proclamada República (1889) e a abolição da escravidão (1888). 
No Brasil, foi após a ascensão de Getúlio Vargas em 1930 que a ideologia nacionalista se uniu à defesa da 
industrialização através do desenvolvimentismo, uma das marcas do Estado Novo. 
A partir de 1937 alinham-se diferentes fatores, como a nova Constituição, a moratória decretada pelo 
governo e uma política externa mais independente. Um marco foi a prioridade da construção de uma 
siderúrgica nacional, bem como a reestruturação de alguns órgãos de regulação, como o Conselho 
Nacional do Petróleo em 1938. A solução foi buscada no investimento estrangeiro. Não havia outra opção 
a não ser importar o maquinário de produção, outro desafio à proposta desenvolvimentista. 
Um dos marcos é o Processo de Substituição de Importações (PSI). É um processo de industrialização 
fechada, ou seja, atende o mercado interno, não produzindo para exportar. Outra característica é que 
essa indústria só se expande por conta da redução do valor das exportações. 
Inicialmente, foram contemplados os setores de bens de consumo não duráveis, como têxteis, calçados, 
alimentos etc. Depois, foi a vez dos bens de consumo duráveis, como os eletrodomésticos e automóveis. 
Em terceiro lugar, os bens intermediários, como ferro, aço, cimento, petróleo etc. Finalmente, os bens de 
capital, como as máquinas e equipamentos. 
A proteção à indústria nacional nesse período foram: desvalorização real do câmbio, aumentando, assim, 
os preços dos produtos importados; controle de câmbio, estabelecendo um sistema de licenças para 
importações, provocando uma redução nas importações; taxas múltiplas de câmbio, no intuito de 
diversificar a atuação do governo nos diferentes setores industriais; elevação de tarifas aduaneiras, 
buscando, assim, reduzir o número de importações. 
Outro período que é consenso no Brasil são os anos do Governo JK. Por conta do famoso Plano de Metas 
de JK. As premissas eram keynesianas. Podendo ser considerado como o auge do desenvolvimento do 
país 
O plano se constituiu de 31 metas, objetivando o desenvolvimento nacional a partir da industrialização e 
aprofundamento do PSI. Dessa forma, colocar em ação esse plano passava por investimentos em 
empresas estatais, bem como pela concessão de crédito a juros baixos e longa carência por meio do Banco 
do Brasil. Ademais, era necessário manter o câmbio múltiplo do Governo Vargas, bem como a política de 
reserva de mercado (através da lei do similar nacional), obtidos por ferramentas tarifárias e cambiais. 
Porém sem empréstimos externos era difícil. Assim houve a concessão de avais para tal. 
Para o então presidente da república, a redução da desigualdade passava necessariamente pela geração 
de riquezas através da industrialização. Em vista disso, evidencia-se o desenvolvimentismo: maior 
intervenção do Estado na economia, bem como manutenção do PSI. 
Entre tantos outros aspectos, pensando no desenvolvimentismo, podemos citar como pontos positivos 
dessa política a mudança de paradigma da economia exportadora de café para a indústria nacional, com 
um crescimento do PIB no período. 
Porém esse desenvolvimentismo não carregava consigo o mesmo nacionalismo que permeava o Governo 
Vargas, e que irá reaparecer no processo desenvolvimentista dos vindouros governos militares. 
O terceiro período, tido como desenvolvimentista no país, fica no período dos governos militares. Entre 
1964 e 1967, no Governo Castelo Branco, a economia segue as diretrizes de um alinhamento com os 
interesses estadunidenses. Já no Governo Costa e Silva, entre os anos de 1967 e 1969, o alinhamento com 
os Estados Unidos está desgastado, principalmente por conta dos excessos de violência por parte do 
governo brasileiro. No Governo Médici, nos anos de 1969 até 1974, economicamente o Brasil se 
posicionava entre o Primeiro e o Terceiro Mundo, sendo esse período de maior interesse 
desenvolvimentista. Contudo, foi um período de uma espécie de nacional-autoritarismo, com ênfase em 
empresas estatais, algumas multinacionais, e consolidação de uma burguesia nacional. Já nos anos de 
1974 até 1979, com Geisel no poder, o Brasil sofre com as crises do petróleo e, finalmente, com o período 
de Figueiredo, entre osanos de 1979 e 1985, o Brasil vive uma crise econômica, principalmente por conta 
do endividamento externo, e os ânimos se voltam para a redemocratização. 
6.A criação da UNCTAD 
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a visão da UNCTAD é que, através do 
desenvolvimento de uma economia globalizada, diferenças sejam superadas. Propõe que as economias 
em desenvolvimento fiquem cada vez menos dependentes das commodities. 
Outro aspecto relevante é o fomento à aceleração do fluxo de mercadorias entre as fronteiras nacionais, 
ao mesmo tempo que é necessária a proteção aos consumidores contra potenciais abusos, e proteção 
para que nenhuma medida asfixie a concorrência. Também busca que países, empresas e população civil 
se adaptem às mudanças climáticas e ao uso mais eficaz de recursos naturais. A UNCTAD trabalha em 
estrita parceria com BIRD, FMI, OMC e PNUD. 
Nasceu em 1964 com o intuito de promover o desenvolvimento de forma amigável. Ela é um fórum 
privilegiado da ONU que visa ao desenvolvimento integrado do comércio com áreas como tecnologia, 
investimentos, desenvolvimento sustentável e finanças. 
Existem basicamente três funções principais. A primeira delas é o seu próprio funcionamento: um fórum 
para deliberações intergovernamentais, sendo que as discussões são compostas por especialistas. A outra 
função básica está no âmbito das pesquisas, coleta de dados e análises políticas. Depois, oferece 
assistência técnica especializada para as solicitações dos países. Para tal, ha cooperação com outras 
agências. 
A primeira conferência aconteceu no ano de 1964 em Genebra, na Suíça. Contudo, por conta da amplitude 
dos problemas a conferência foi institucionalizada para que fosse reunida a cada quatro anos. Ao mesmo 
tempo, foi estabelecido o G77, grupo de países que, através da sua união, poderiam expressar suas 
preocupações. O G77 foi a maior organização intergovernamental a abarcar países em desenvolvimento 
que faziam parte do sistema ONU. Então os interesses do sul podiam ser articulados, bem como a 
capacidade de negociação ser ampliada a favor desses países. 
Já na década de 1980, por conta das mudanças no cenário global, estão agora voltadas ao mercado, 
inclusive com liberalização econômica e processos de privatizações. Vale relembrar que, por conta dos 
modelos adotados até então, grande parte dos países estavam, na década de 1980, mergulhados em 
dívidas e em crises econômicas e sofriam com a hiperinflação em suas economias. 
A UNCTAD, nesse período, também fomentou a cooperação sul-sul, sendo que o marco desse período foi 
o Acordo sobre o Sistema Global de Preferências Comerciais entre os Países em Desenvolvimento (GSTP), 
em 1989, bem como a I Conferência das Nações Unidas sobre Países Menos Desenvolvidos, em 1981. 
Atualmente, a UNCTAD é organizada em cinco divisões, sendo comandada pela secretaria-geral. Existe a 
divisão para a África, países menos desenvolvidos e programas especiais, a divisão que lida com 
estratégias de globalização e desenvolvimento, uma divisão específica para investimentos e empresas, 
outra que atua no âmbito do comércio internacional e commodities e, finalmente, uma divisão para 
tecnologia e logística. 
Simultaneamente, existe uma série de serviços que são efetuados pela UNCTAD no intuito de fomentar o 
trabalho dessas divisões, como a seção de comunicação, informação e divulgação, o serviço que presta 
apoio intergovernamental para garantir o funcionamento das reuniões, a cooperação técnica para o 
gerenciamento das bases do projeto. 
Além da UNCTAD, temos outros mecanismos sobre o desenvolvimento. Para tal, os objetivos de nossos 
estudos são o GATT e a OMC. 
7. O GATT e as rodadas de negociação para a liberalização comercial 
o GATT nasceu no ano de 1947 alinhado com as ideias que foram propagadas nos Acordos de Bretton 
Woods. O pilar central desse acordo era reduzir as tarifas alfandegárias. Durante sua vigência, o GATT 
teve oito rodadas de negociação. A mais complexa foi a do Uruguai, por conta das discussões sobre 
serviços e propriedade intelectual. 
Contudo, esses acordos tinham algumas falhas críticas. A primeira delas se deve ao fato de, por ser um 
acordo de caráter provisório, entre duas rodadas de negociação não haver supervisão do comércio. Outro 
aspecto reside no fato de não haver muita disciplina por conta, exatamente, de um grande número de 
cláusulas provisórias. Ademais, havia muitos pedidos de anulação, e as partes selecionavam os acordos 
mais vantajosos para suas economias. 
Deve ser considerado para compreender o GATT é o protecionismo. Após a Segunda Guerra Mundial, 
formou-se um consenso entre as economias capitalistas, encabeçadas pelos Estados Unidos, de que era 
necessário haver a eliminação das barreiras comerciais impostas pelos Estados, estas vistas como herança 
das rivalidades de guerra e como consequência de outras crises econômicas. Nessa perspectiva, o GATT 
foi uma necessidade para o modelo neoliberal. O crescimento da economia mundial dependia do livre-
comércio. 
Contudo, vale uma ressalva: embora ele funcionasse como uma organização intergovernamental (OI), 
nunca foi uma. Simplesmente a sua atuação era MUITO importante para o comércio. 
A Grande Depressão foi um fato histórico importante, pois mostrou o lado mais vulnerável da economia 
global. A partir de então, os protecionismos ganharam espaço, ficando cada vez mais evidentes no período 
das guerras. Após a Conferência de Bretton Woods, como vimos anteriormente, a economia é elevada a 
um novo patamar de importância para as relações internacionais. Assim sendo, paralelamente ao FMI e 
ao Banco Mundial, houve a proposta de criação da Organização Internacional do Comércio (OIC). Seu 
objetivo era reduzir as barreiras comerciais, bem como criar um código de normas que guiassem o 
comércio internacional. A partir de tal perspectiva, fica nítida a ideia de que a liberalização comercial seria 
o caminho para o crescimento do bem-estar das nações. 
Porém, essa organização não aconteceu. Contudo, anos mais tarde, após a elaboração da Carta da OIC, as 
nações-membros assinaram um acordo que atuaria no campo do comércio internacional: o GATT. 
Nos primeiros anos do acordo, foi atingido o percentual de redução das tarifas para a média na faixa de 
5%. Logo após, a discussão enveredou sobre as barreiras não tarifárias e questões relacionadas a produtos 
agrícolas. Porém, as últimas rodadas, tentaram resolver tais problemas sobre produtos agrícolas sem 
sucesso. Vale ressaltar que o ambiente internacional já era outro a partir desse período por conta das 
então recentes crises do petróleo. 
Grande parte dos países adotou medidas protetivas – restritivas ao comércio internacional –, que levaram 
a Rodada de Tóquio ao fracasso. Diante dessa nova realidade, a Rodada do Uruguai foi uma das mais 
longas. Seu foco foi o estabelecimento de novos tratados. Vale ressaltar que esse período é simultâneo 
ao fim da Guerra Fria. Os principais pontos discutidos nesse acordo referem-se aos reforços de regras 
sobre dumping, salvaguardas, subsídios, barreiras técnicas, inspeção de embarque, regras de origem dos 
produtos e fitossanitárias, entre outras. Também foram discutidos termos a um novo processo para a 
solução de controvérsias. Ademais, foram abordadas negociações sobre a introdução de novos setores 
para o quadro de comércio que compunha o GATT, como agricultura, têxteis e serviços. Outros setores 
que aparecem nas discussões sobre regulação do comércio internacional nesse momento são os 
investimentos e a propriedade intelectual. Foram também estabelecidos prazos para o cumprimento e a 
implementação de todos os temas negociados, sendo que os períodos variavam entre 6 e 10 anos. Porém, 
o mais importante de tudo foi que, a partir de então, foi estabelecida uma nova organização internacional 
para tratar das relações comerciais: a Organização Mundial do Comércio(OMC), tema que veremos mais 
adiante. 
Inicialmente, o termo intitulado Tratamento Geral à Nação Mais Favorecida (NMF) é um dos mais 
relevantes. Nele encontra-se a proibição da discriminação entre países enquanto partes contratantes do 
GATT. Outro termo do GATT, muito interessante, refere-se ao tratamento nacional para todos os 
produtos, ou seja, não pode haver discriminação entre produtos nacionais ou importados. Fortalecendo 
o livre-comércio, também, que taxas e impostos internos – ou qualquer outro tipo de legislação – que 
afetem a venda, o preço, o transporte e a distribuição não podem ser aplicados a produtos importados. 
Contudo, há também termos que permitem salvaguardas sobre importações quando forem necessárias 
ações emergenciais. 
Quando houver crises no balanço de pagamento, qualquer parte contratante poderá se utilizar de 
salvaguardas sobre as importações para conter tais crises, sendo que essas restrições deverão ser 
mantidas somente até a crise ser superada 
Em vista disso, era natural que temas que envolvessem a integração e o regionalismo estivessem 
presentes na discussão do GATT. O regionalismo é visto de duas formas: quando é considerado aberto, é 
compreendido como uma etapa transitória para que se chegue à liberalização econômica mundial; 
quando compreendido como um regionalismo fechado, fazendo com que haja um protecionismo regional, 
esse tipo de integração confronta o regime do GATT. 
O GATT foi um claro meio de os Estados Unidos garantirem força econômica perante ao mundo. 
 
Lembrete 
É na própria concepção dos Estados Unidos sobre a Guerra Fria que a diplomacia econômica vai crescendo 
em peso e importância. 
 
O GATT vai entrar em crise somente quando ocorrer a ascensão da Europa e do Japão no cenário 
internacional, com o fim da hegemonia estadunidense e o fim da Guerra Fria, pois uma nova realidade se 
faz presente nesse horizonte. 
8. A Rodada Uruguai e a criação da OMC 
A criação da OMC deve ser compreendida através do histórico das rodadas de negociação que envolveram 
o GATT. 
Ao analisar a Rodada de Tóquio (1979), percebemos que o nível das tarifas praticadas nos produtos 
industrializados foi reduzido. Porém ainda havia restrições sobre produtos têxteis e agrícolas, estes 
produzidos pelos países menos desenvolvidos. Então há o reconhecimento formal de que os países menos 
desenvolvidos precisariam de um tratamento diferenciado. 
Porém, esse “sucesso” foi curto. Emerge por parte dos Estados Unidos, com Ronald Reagan, e por parte 
do Reino Unido, com Margaret Thatcher, uma nova ortodoxia liberal, mexendo novamente nas regras do 
comércio internacional. Tais regras envolviam acordos sobre matéria-prima, preferências de acesso ao 
mercado, política intervencionista, falta de legislação adequada sobre propriedade intelectual, e 
problemas com normas sociais e ambientais. Porém o fracasso reside justamente no fato de que tais 
interpretações eram completamente unilaterais. 
Assim, tais arestas vão ser aparadas – não completamente – na Rodada do Uruguai (1986). Foram 
constituídos 14 grupos negociadores. Inicialmente, a previsão de término da Rodada do Uruguai era o ano 
de 1990. Contudo, a rodada somente foi finalizada no ano de 1994, justamente pela dificuldade de 
entendimento entre os Estados Unidos e a União Europeia. As divergências se davam no campo agrícola, 
pois era muito difícil para os europeus – e ainda é até hoje – concorrer em produtos primários com alguns 
grandes produtores. 
O GATT estabeleceu uma série de regras e práticas do comércio. Contudo, era apenas um acordo. Então, 
em janeiro de 1995, o GATT passou a ser denominado Organização Mundial do Comércio (OMC), 
mantendo suas bases anteriores, mas agora com o caráter de uma organização internacional, que tinha 
como objetivo a melhoria e a adequação dos acordos. 
Para resolver tais fragilidades, a OMC nasce como uma OI. Sendo assim, é mais efetiva na aplicação de 
punições. 
É composta de uma conferência ministerial – seu órgão máximo –, que tem por função a condução política 
da organização. 
Já o Conselho Geral da OMC, que é composto pelos representantes dos Estados-membros, trata de 
assuntos que equivalem à Conferência Ministerial. Seus subordinados são o Órgão de Revisão de Política 
Comercial – que se refere a pedidos de revisão de tarifas e barreiras não tarifárias – e o Conselho de 
Comércio de Bens – este responsável pela supervisão dos acordos estabelecidos. Um órgão de extrema 
importância na OMC é o Órgão de Solução de Controvérsias. É ele o responsável pela interpretação e 
aplicação das regras da OI. Já o Conselho para o Comércio de Serviços se preocupa com a supervisão do 
Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços. 
Um dos temas que foram colocados em destaque na rodada de URUGUAI refere-se à propriedade 
intelectual. os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual, obviamente com temas relacionados com 
o comércio, também chamado de Conselho TRIPS. Sua função nada mais é do que supervisionar os 
acordos sobre esse tema. 
Por ser uma OI, existem os órgãos de apoio e o secretariado, que são responsáveis por toda a parte 
administrativa da instituição. São chefiados por um diretor-geral que é indicado pela Conferência 
Ministerial. Vale ressaltar que a pessoa que ocupa o cargo de diretor-geral deve prezar pela independência 
e imparcialidade na condução de sua função. 
Em sentido geral, apenas dois princípios: a não discriminação e a reciprocidade. A não discriminação 
refere-se ao princípio básico do livre-comércio, que no GATT ficava a cargo dos termos tratamento 
nacional e cláusula da nação mais favorecida. Já a reciprocidade refere-se ao fato de que cada país 
negociador deve obter contrapartidas para o que estiver disposto a oferecer. 
A Rodada de Doha, que se iniciou em novembro do ano de 2001, tinha por objetivo negociar uma abertura 
maior para mercados agrícolas e industriais. Criou-se muita expectativa quanto ao sucesso da Rodada por 
ela ser a primeira grande conferência após os atentados de 11 de setembro de 2001. Junta-se a isso o fato 
de que o leque de temas a serem discutidos era imenso, porém com resultados imprevisíveis. A mesma 
ainda não terminou. 
Falando sobre o Brasil, que reconhece a importância dessa rodada, as preocupações são pautadas em dois 
temas. O primeiro deles diz respeito à área da saúde: o país defende a quebra de patentes quando ocorrer 
alguma urgência e houver problemas de acesso a medicamentos. O segundo tema tratado pelo Brasil 
refere-se ao princípio da precaução. Esse princípio permite que se interrompa o comércio de produtos 
que apresentem determinados riscos ainda não confirmados pela ciência. Não que o Brasil seja contra o 
princípio, mas espera que haja confirmação científica. 
O grande trunfo da Rodada de Doha está no fato da retomada do comércio após um período dominado 
por questões de segurança e combate ao terrorismo, porém a vitória da rodada está, neste momento, 
somente na ausência de sua derrota. “Para que a OMC não seja obrigada a refugiar-se no deserto, é 
imprescindível que o comércio internacional se transforme em uma alavanca do desenvolvimento e da 
redução das desigualdades sociais”. 
Unidade 3 
O Brasil foi um dos últimos países a abolir A ESCRAVIDÃO. Sem embargo, a política para atrair imigrantes 
para nosso território sempre teve como pano de fundo a motivação de chegarem não imigrantes, mas sim 
“braços para a lavoura”. 
A diplomacia econômica do século XIX é uma herança luso-britânica. Ademais, a experiência acumulada 
por diplomatas do período também serviu como elemento constituinte do perfil diplomático-econômico 
brasileiro. Então, alguns setores nos quais o Brasil tinha potencial de expansão internacional tornaram-se 
tradicionais para tal prática, como o comércio, o tráfico de escravos e a própria dívida externa, enquanto 
outros foram pouco explorados. 
Quando atualizamos tais característicaspara os dias de hoje, percebemos características do período de 
colonização que convivem com a modernidade. . Fala-se em 5G e ainda existem regiões sem energia. 
O BRASIL E OS MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA: AMÉRICA E EUROPA 
O Brasil ainda é um país primário-exportador e, mesmo assim, ainda importa um número significativo de 
produtos primários. 
1.O Brasil e as relações econômicas com a América Latina 
Nem sempre, mas muitas vezes as relações com nossos vizinhos foram conflituosas. 
2.A América Latina e sua integração e inserção no mundo globalizado 
Os anos 1980 foram emblemáticos para as economias latino-americanas. Primeiro, porque foram o 
período posterior aos dois choques do petróleo. As crises das grandes economias mundiais, junto da 
elevação de taxas de juros no exterior, afetaram diretamente as economias do Cone Sul. Como se não 
bastasse, Ronald Reagan assumiu o poder nos Estados Unidos e adotou medidas de cunho liberal mais 
contundentes no plano internacional. Dessa forma, a atuação estadunidense no continente foi mais 
incisiva, sendo as ações de combate ao narcotráfico, principalmente na Colômbia, o exemplo mais claro 
dessa situação. Outro ponto relevante foi o conflito em que a Argentina se envolveu com a Inglaterra por 
conta das Ilhas Malvinas. 
Talvez o aspecto mais relevante que se descobriu nesse período foi a verdade: os Estados Unidos não 
hesitaram em nenhum momento em apoiar a Inglaterra. Ou seja, os discursos e os tratados de cooperação 
intracontinental não passavam de palavras. Simultaneamente, no Brasil aconteciam os últimos momentos 
da ditadura. 
Diante de tais condições, a aproximação de Brasil e Argentina aconteceu e foi o primeiro passo para o 
processo de integração econômica no continente. Uruguai e Bolívia também iniciaram a década de 1980 
com mudanças políticas por conta do desgaste dos regimes militares instalados nos respectivos países. 
Não foi diferente para Chile e Paraguai. Especificamente na Colômbia, destaca-se a presença do 
narcotráfico e da guerrilha (também no Peru). 
Porém, o cenário econômico latino-americano começou a mudar a partir dos anos de 1990. Basicamente, 
houve uma reforma generalizada de cunho liberal, com exceção de Cuba. 
A Argentina foi o país que mais teve reformas, privatizando grande parte de suas empresas estatais. O 
Brasil atingiu um nível intermediário em relação ao processo argentino. O principal gargalo apresentado 
pelo modelo desenvolvimentista era o fato de que não se direcionava a economia para o âmbito externo. 
3.A diplomacia econômica através da integração regional 
A questão toda reside no fato de que, assim como apontamos no início deste livro-texto, o modelo 
adotado a partir do novo sistema financeiro mundial pós-Bretton Woods só foi realmente atrelado aos 
processos político-econômicos dos países latinos com a superação do modelo desenvolvimentista e dos 
regimes militares e com a abertura comercial dos anos 1990, simultaneamente ao fim da Guerra Fria. 
Em termos diplomáticos, o Brasil encabeçou o principal e mais bem-sucedido processo de integração 
latino-americano: o Mercosul. 
Iniciado em 1991 e consolidado em 1994. E em termos percentuais o Brasil detém cerca de 75% do PIB 
do bloco. 
Para o Brasil, o bloco significou um aumento contundente nas exportações, principalmente para a 
Argentina. Depois do Mercosul, a Argentina passou a ser o segundo maior comprador – atrás apenas dos 
Estados Unidos e, atualmente, é o principal parceiro comercial de produtos brasileiros. 
A união dos países otimiza o poder de barganha diante de um cenário econômico historicamente 
atrasado. Traz aspectos de uma zona de livre-comércio, sendo o elemento central a tarifa externa comum. 
Isso significa que impostos e taxações devem ser os mesmos para produtos provenientes de qualquer 
lugar. 
O Pacto Andino – que posteriormente foi chamado de Comunidade Andina – teve seu desenvolvimento a 
partir da experiência malsucedida da Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (ALALC). Os 
elementos históricos semelhantes dos países que compõem o bloco foram cruciais para o surgimento 
dessa integração. Essa integração defendia a liberalização do comércio, bem como a coordenação no que 
tange à política sobre o desenvolvimento industrial desses países, tendo como carro-chefe o tratamento 
especial com as empresas multinacionais. Havia também o intento de um programa unificado para 
importações, bem como a criação de uma corporação para o fomento de pesquisas científicas e educação. 
Assim como no Mercosul, houve a criação de uma tarifa externa comum, percebendo-se que os objetivos 
transcendiam bastante a ideia de uma zona de livre-comércio. 
4. As relações do Brasil com a Argentina 
Mesmo com todo o processo de multilateralismo adotado pelo país em relação à América Latina, as 
relações com nosso principal vizinho são demasiadamente importantes, na superação da rivalidade. 
A diferença de postura dos dois em relação ao conflito global já mostrava o que viria a seguir. O Brasil 
nitidamente se aproximava dos Estados Unidos em busca de benefícios econômicos, rompendo, em 1942, 
relações com o Eixo. Porém, no início dos anos de 1940, a Argentina não tinha condições de fazer o 
mesmo, pois dependia de exportações de matéria-prima e alimentos para a Europa. No ano de 1944, a 
Argentina rompe suas relações diplomáticas com os países do Eixo, fazendo uma aproximação com os 
Estados Unidos. 
Mesmo com o passar dos anos, os ideais políticos ficavam cada vez mais distantes. O Brasil mantinha sua 
postura de alinhamento com o lado capitalista da Guerra Fria, enquanto a Argentina, com seu ideal de 
equidistância do conflito, na sua ideia nacionalista. Somente no final dos anos 1950 a Argentina passou a 
integrar grande parte das instituições internacionais nascidas em Bretton Woods. 
O pedido de JK aos Estados Unidos resultou no início da Operação Pan-Americana (OPA), que caracterizava 
essa entrada de capital internacional no continente. 
Entretanto, o entendimento entre os maiores países do continente levou, no ano de 1959, à assinatura 
de uma série de acordos. 
As relações entre Brasil e Argentina nos anos de 1960 até 1980 foram caracterizadas por momentos de 
aproximação, desconfianças, desencontros e reencontros. Motivos militares, e diferenças em 
administração política, tanto interna quanto externa. 
Primeiramente, os pontos de convergência sobre o “combate ao comunismo” sempre serviram de apoio 
para o diálogo entre ambos. Esse entendimento fica evidente no apoio dos dois maiores países da América 
do Sul a outros regimes militares que se instalavam na região. sso não significaria o final das desavenças, 
mas conveniência em questões ideológicas. Há, inclusive, momentos em que o Brasil se afasta dos 
entendimentos com os Estados Unidos, e a Argentina ocupa esse lugar. Os projetos de utilização da Bacia 
do Prata e construção de Itaipu também foram objetos de desavenças entre os vizinhos. 
Diante dessa nova realidade, ficou nítido para o governo militar argentino que a origem dos problemas 
era econômica e que o país tinha enorme dificuldade no seu comércio exterior. A saída mais viável, então, 
era a cooperação com os países da região. Depois de tanta briga e rivalidade, é no campo da diplomacia 
econômica que ocorre a aproximação entre ambos. 
Assim, uma série de acordos entre os países são assinados, como o acordo sobre Itaipu, o tratado que dá 
origem à Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), substituindo a antiga ALALC, bem como a 
declaração de cooperação pacífica no âmbito da energia nuclear. 
Em 1986, é estabelecido o Programa de Integração e Cooperação Econômica (Pice). Tal programa tinha 
como objetivo ampliar a cooperação entre os países através do intercâmbio comercial de maquinário 
industrial. O Pice tem desdobramentos positivos no comércio e, a partir dele, foi estabelecido o Tratado 
de Integração, Cooperaçãoe Desenvolvimento entre o Brasil e a Argentina, este sendo o embrião do 
Mercosul. 
Vamos agora dar um salto para o final da década de 1990, com o bloco já consolidado. Essa década foi 
marcada por incertezas e crises econômicas em razão da incógnita deixada pelo final do sistema bipolar 
de equilíbrio de poder. 
Em 2003, ambos tinham como diretriz a ideia de que o Mercosul era uma opção de fortalecimento da 
inserção dos países do bloco no mundo. Sendo o mesmo nos anos seguintes. Mais do que uma simples 
aproximação, o aprofundamento do relacionamento bilateral é essencial para os respectivos projetos 
nacionais de desenvolvimento de ambos os países. 
5. O Brasil e as relações econômicas com os Estados Unidos 
Momentos de conflitos e momentos de aproximação. 
Do início da República até meados de 1940 houve um período de aproximação conhecido como aliança 
não escrita. O nosso patrono da diplomacia, Barão do Rio Branco, foi responsável por essa aproximação 
no intuito de termos o respaldo estadunidense nas disputas com a Argentina na Bacia do Prata, bem como 
nas possíveis ações neocoloniais de potências europeias. Tal postura foi mantida por um longo tempo e 
utilizada nos dois governos de Getúlio Vargas, bem como por Juscelino Kubitschek. 
Tal aproximação tinha por completo interesse questões econômicas. 
Contudo, o Governo Vargas (1930-1945) buscou diversificar os parceiros comerciais e econômicos do país, 
mas sem deixar a aproximação com os Estados Unidos de lado. Em uma negociação com o governo 
alemão, Vargas se utilizou da música como elemento de política externa. 
Aliás, a neutralidade na guerra foi adotada entre os países da América do Sul por conta, justamente, da 
dependência nas exportações para países do Eixo. 
Como vimos anteriormente, a Operação Pan-Americana (OPA) do Governo JK corroborou para o 
alinhamento com os Estados Unidos. Um momento no qual há distanciamento da política externa 
estadunidense é o período que antecede os regimes militares e o chamado Milagre Econômico, período 
conhecido como Política Externa Independente (PEI). 
Depois do Governo Geisel (1974-1979), até o Governo Sarney (1985-1990), o Brasil assumiu de vez uma 
posição universalista em sua política externa. Contudo, devido a essa posição e ao aperto por parte do 
Governo Reagan em questões internacionais, principalmente após os dois choques do petróleo na década 
de 1970, tal posicionamento brasileiro sofreu grandes impactos. Entrou em atrito com os Estados Unidos 
sobre questões relacionadas ao protecionismo no setor de informática e ao desrespeito a patentes de 
empresas. 
em 1974, conferindo poder ao Executivo estadunidense para adotar medidas contra políticas que fossem 
consideradas prejudiciais aos interesses do país. Essas medidas iam contra aquilo que foi decidido no 
âmbito do GATT, porém, como vimos anteriormente, a preponderância do país da América do Norte 
frente à nova realidade comercial fez com que brechas como essa fossem adotadas. 
A partir da década de 1990, com o final da Guerra Fria e adoção da cartilha de Washington por parte dos 
governos latinos, as relações bilaterais se tornaram mais flexíveis. Em se falando de Brasil, isso ocorre 
especialmente durante o Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). Entretanto, nem todos os 
resultados esperados do alinhamento com Washington aconteceram. 
Após os atentados de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas, o foco total da política externa 
estadunidense se dirigiu à “caça ao terror”. Isso gerou uma espécie de espera sobre questões comerciais 
entre o Brasil e os Estados Unidos. Durante o Governo Lula (2003-2010) houve certo pragmatismo em 
relação à política externa brasileira com os Estados Unidos, principalmente por conta da posição brasileira 
frente às intervenções estadunidenses no Iraque. 
Novamente o Brasil adotou uma posição de incentivo à integração regional como forma de aumentar a 
possibilidade de inserção não só do Brasil, mas dos demais vizinhos. Isso não quer dizer que não houve 
divergências com o país do norte, mas sim que foram pontuais e resolvidas – ou não – a ponto de não 
prejudicar o relacionamento entre ambos. 
Ainda durante o Governo Lula, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos foram conduzidas por entre 
convergências e divergências. Um exemplo dessa condição se deu nas negociações da Rodada de Doha, 
sendo o Brasil protagonista nas negociações sobre protecionismo e subsídios agrícolas praticados pelos 
Estados Unidos. Já no âmbito financeiro, o Brasil e os Estados Unidos tiveram a mesma posição na 
substituição do G-7 por um grupo mais amplo, o G-20. 
No Governo Dilma foi mantida uma postura que condizia com a realidade socioeconômica do país. Foi a 
oportunidade de investimentos diretos com os grandes eventos globais da Copa do Mundo de 2014 e das 
Olimpíadas de 2016, bem como no pré-sal e nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 
A visita do então presidente Barack Obama em 2011 ao Brasil rendeu frutos na cooperação econômica e 
energética, chegando ao ponto de o etanol ser discutido como uma possível commodity. 
As relações vão ficar balançadas em 2013 com as acusações de espionagem por parte dos Estados Unidos 
através da Agência de Segurança Nacional (NSA). Pois fere a Constituição Brasileira (Carta Magna) de 
1988, bem como a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1964). Depois do processo de 
impeachment da presidenta Dilma em 2016 e da ascensão de Michel Temer ao poder, bem como da 
eleição do presidente Jair Bolsonaro, houve uma aproximação do país com os Estados Unidos, onde 
Donald Trump estava no poder. Com a eleição de Joe Biden, ficou nítido que muito do que foi construído 
entre Bolsonaro e Trump era uma aproximação dos chefes de Estado, e não necessariamente dos 
governos como um todo. 
6. O Brasil e as relações econômicas com a União Europeia 
A nova ordem econômica que nasce junto ao fim da Guerra Fria, a União Europeia é um potencial parceiro 
e, simultaneamente, concorrente brasileiro. 
Desde a criação do Mercado Comum Europeu em 1957 o Brasil já se preocupava com o rumo do comércio. 
Brasil poderia perder grande parte do mercado de café e cacau no comércio internacional. Esse receio é 
o que dita as relações, o que não impossibilita acordos até hoje. 
Em meados de 1980 o Brasil fez um acordo de cooperação com a ainda Comunidade Econômica Europeia 
(CEE), o que possibilitou mecanismos de apoio técnico e financeiro ao país. Contudo, até o início da década 
de 1990, antes da criação do Mercosul, não houve significativos avanços. 
Porém, após o Mercosul, o bloco regional da América figurou como um potencial parceiro comercial e um 
excelente destino para investimentos europeus. Em 1992 foi celebrado o Tratado de Maastricht, dando 
origem à configuração moderna do que conhecemos hoje como União Europeia. Em 1995 foram 
estabelecidos acordos entre Mercosul e União Europeia. Não obstante, houve também a celebração do 
Acordo-Quadro de Cooperação entre a Comunidade Europeia e o Brasil, em 1992. O intuito desse acordo 
era fomentar o comércio, o investimento, as finanças e a tecnologia entre o país e o bloco. O acordo ainda 
serviu como instrumento de consolidação da democracia brasileira. 
Depois da crise de desvalorização do real em 1999, somada à expansão da União Europeia para o leste do 
Velho Continente, bem como aos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, houve uma 
clara mudança na configuração internacional, refletindo nos negócios Brasil-UE.Somente retomando no 
governo Dilma. 
Ainda no Governo Dilma, em 2013, houve a VI Cúpula Brasil-UE, que alicerçou as bases para a expansão 
de investimentos brasileiros no bloco europeu. Porém, nem tudo vai às mil maravilhas Os acordos são 
feitos em diversas áreas, é no âmbito comercial que residem as maiores dissonâncias. 
Ainda existe grande resistência por parte de países europeus, encabeçados pela França,

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