Buscar

A_Macroeconomia_da_Moderna_Economia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
A Macroeconomia da Moderna Economia

 
 
EDMUND S. PHELPS
*
 
 
“O expressionismo estava enraizado na nova experiência de vida metropolitana 
que transformou a Europa entre 1860 e 1930. É uma expressão visionária de 
sentir-se à deriva, animado, aterrorizado em um mundo acelerado, incompreensível.” 
 -- Jackie Wullschlager, “The Original Sensationalists”, Financial Times 
 
 
 A moderna economia começou a suplantar a economia tradicional em diversas 
nações na segunda metade do século dezenove e, em muitas outras mais, na segunda 
metade do século vinte. Um sistema em que eram típicos o auto-emprego e o auto-
financiamento deu lugar a um sistema de empresas com vários negócios e instituições 
correspondentes. Foi essa a “grande transformação” sobre a qual historiadores e 
sociólogos, assim como comentaristas de negócios, se debruçaram e escreveram volumes e 
mais volumes. A economia moderna, onde plenamente adotada, foi, de fato extremamente 
transformadora, no caso das nações
1
, mas muito menos para a economia enquanto área de 
estudo. 
 
 Se existe uma linha condutora em minhas publicações, particularmente no presente 
trabalho, essa linha é a de que eu tentei assinalar a natureza distinta da moderna economia.
2
 
Que natureza é essa? 
 
I. As Economias Modernas e a Moderna Economia 
 
 Muitos dos primeiros contrastes entre os dois tipos de economia foram traçados 
pelos sociólogos. Dizia-se que a economia tradicional se assentava em uma comunidade de 
conhecidos entre si, empenhados em apoiarem-se mutuamente – numa Gemeinschaft

 –, ao 
passo que a moderna economia era vista como baseada nos negócios, com a pessoas 
 

 Este artigo é uma versão revista de uma conferência feita por Edmund S. Phelps, em Estocolmo, no dia 10 
de dezembro de 2006, quando recebeu o Prêmio em Ciências Econômicas do Banco da Suécia em Memória 
de Alfred Nobel. O artigo está protegido por direitos autorais da Fundação Nobel 2006 e é publicado aqui, no 
número de junho de 2007 da American Economic Review, sob permissão da Fundação Nobel. A tradução é de 
Renato Mayer com revisão de Claudio M. Considera 
*
 Professor da Cátedra McVickar de Economia Política e Diretor do Centro de Estudos do Capitalismo e da 
Sociedade, Instituto da Terra, Universidade de Colúmbia. Pelas discussões relacionadas a esta palestra, 
algumas das quais remontam a décadas, sou grato a Philippe Aghion, Max Amarante, Amar Bhide, Jean-Paul 
Fitoussi, Roman Frydman, Pentti Kouri, Richard Nelson e Richard Robb. Raicho Bojilov e Luminita Stevens 
deram criativo apoio na pesquisa. 
1
 Várias nações européias enfrentaram crescente oposição ao modernismo no século dezenove e trataram, no 
período entre guerras, de manietar suas modernas economias com as instituições de um sistema “corporativo” 
do século vinte de licenças, consultas para autorização e vetos, tornando os negócios sujeitos e subservientes à 
comunidade e ao estado. 
2
 Esta retrospectiva enfatiza os meus principais trabalhos relacionados à informação incompleta e ao 
conhecimento incompleto. Isso deixa de fora inúmeros artigos, inclusive aqueles sobre acumulação de 
riqueza em condições de risco e sobre o viés poupador de fatores na mudança tecnológica. 

 N.T.: A tradução de Gemeinschaft é associação, sociedade, comunidade. 
 2 
concorrendo umas com as outras – ou seja, em Gesellschaft

 (Ferdinand Tönnies, 1887)
3
 
A hierarquia social poderia contar numa economia tradicional, mas não numa economia 
moderna (Weber, 1921-22). Verdadeiros ou não, esses contrastes sociológicos obviamente 
não implicavam uma revisão fundamental dos modelos econômicos padrão. 
 
 Os contrastes econômicos entre os dois sistemas foram traçados pelos historiadores 
econômicos. Uma economia tradicional é uma economia de rotina. No caso 
paradigmático, a gente do campo vem periodicamente trocar os seus produtos pelos artigos 
da cidade. As perturbações, quando existem, não são causadas por essas pessoas e se 
situam fora do seu controle: temperatura, chuva e outros choques exógenos. Uma 
economia moderna é marcada pela viabilidade da mudança endógena: a modernização traz 
uma miríade de arranjos, desde direitos expandidos de propriedade a leis societárias e 
instituições financeiras. Isso abre a porta para os indivíduos se engajarem em novas 
atividades na área de financiamento, desenvolvimento e comercialização de novos produtos 
e métodos – as inovações comerciais. A emergência desse “capitalismo”, como Marx o 
denominou, deslanchou na Europa e na América uma longa era de acelerada inovação 
desde aproximadamente 1860 a 1940; ondas posteriores de inovação vieram a ocorrer a 
partir daí. As inovações efetuadas foram exitosas o bastante a ponto de gerar uma rápida 
mudança econômica cumulativa. 
 
 Alguns teóricos pioneiros, em sua maioria do período entre guerras, perceberam o 
espírito inovador comercial e a mudança econômica em curso como capaz de produzir 
impactos sistêmicos que modificaram a experiência do público com a economia. 
 
 A inovação gera incertezas. O resultado futuro de uma ação inovadora cria 
ambigüidade:
4
 aplica-se a lei das “conseqüências não antecipadas” (Robert K. 
Merton, 1936); os empresários agem com base em seus “estados de ânimo”

, 
conforme exposto por John Maynard Keynes (1936); na visão de Friedrich Hayek 
(1968), as inovações são deslanchadas primeiro, sendo o benefício e o custo 
“descobertos” depois. A inovação em si e as mudanças que causa tornam o futuro 
cheio de incerteza knightiana (Frank H. Knight, 1921) também para os não 
inovadores. Finalmente, já que a inovação e a mudança ocorrem de forma desigual 
de lugar para lugar e de atividade econômica para atividade econômica, existe 
também uma incerteza em relação ao presente: o que está acontecendo em outras 
partes, do qual muita coisa não se observa e do qual não dá para observar sem se 
estar lá. Assim, mesmo se cada ator na economia moderna tiver o mesmo 
entendimento (“modelo”) de como a economia trabalha, não se pode supor que o 
entendimento dos outros seja igual ao nosso. Com a modernização, então, perde-se 
 

 N.T.: Geselslchaft traduz-se por companhia, empresa organizada. 
3
 Tönnies escreve sobre a “anonimidade” dos que transacionam no mundo da Gesellschaft, isto é, do 
capitalismo. Trata-se de uma observação correta da concorrência perfeita clássica. Contudo, em minha obra 
sobre as economias modernas, o empresário, o financista, o gerente, o empregado e o cliente não são 
exatamente anônimos. As empresas adquirem empregados que são identificáveis e não substituíveis; as 
empresas conhecem seus clientes e estes o seu fornecedor; e por aí vai. 
4
 Ambigüidade e vagueza entraram em uso com os artigos de Daniel Ellsberg (1961) e William J. Fellner 
(1961). 

 N.T.: “Animal spirits” no original em inglês. 
 3 
um outro traço da economia tradicional – o senso comum de que prevalece um 
entendimento comum a todos.
5
 
 
 A inovação também transforma os empregos. Conforme observou Hayek (1948), 
até mesmo os empregados no mais baixo grau da hierarquia possuem um 
conhecimento específico difícil de ser transmitido aos outros, de modo que as 
pessoas têm que trabalhar em colaboração. Gerentes e trabalhadores foram, 
também, estimulados pelas mudanças e desafiados a resolver os novos problemas 
que surgiam. Alfred Marshall (1892) escreveu que o emprego era, para muitas 
pessoas, o principal objeto de seus pensamentos e a fonte de seu desenvolvimento 
intelectual. Gunnar Myrdal (1932) escreveu que “a maioria das pessoas que se 
situam numa condição econômica razoavelmente boa obtêm mais satisfação 
enquanto produtores do que como consumidores”. 
 
 Com o século vinte já avançado, a economia, enquanto área de estudo ou ciência, 
não havia ainda realizado suatransição para o moderno. A teoria econômica formal, 
fundada no micro, permaneceu neoclássica, fundamentada nos idílios pastorais de Ricardo, 
Wicksteed, Wicksell, Böhm-Bawerk e Walras, até os anos 1950. O projeto de Samuelson 
de corrigir, esclarecer e ampliar a teoria colocou em foco seus pontos fortes
6
, como 
também suas limitações: ele apartou-se do caráter distintivo da economia moderna – sua 
incerteza endêmica, ambigüidade, diversidade de crenças, especialização do conhecimento 
e resolução de problemas. Em conseqüência, não pôde capturar, ou endogeneizar, os 
fenômenos observáveis endêmicos à moderna economia: a inovação, as ondas de 
crescimento acelerado, as grandes flutuações na atividade dos negócios, os desequilíbrios, 
o intenso engajamento dos empregados e o desenvolvimento intelectual dos trabalhadores. 
Os melhores e mais brilhantes dentre os neoclássicos perceberam esses defeitos, mas lhes 
faltava a microteoria para tratar deles. Para ter uma resposta de como as forças ou a 
política monetária impactavam o nível de emprego, recorreram a construções mais ou 
menos improvisadas sem qualquer microeconomia por trás, como a curva de Phillips ou 
mesmo os preços fixos, ou a modelos nos quais todas as flutuações são meramente 
distúrbios aleatórios em torno de uma média fixa. 
 
 Após alguns anos como neoclássico no início de minha carreira, comecei a construir 
modelos que abordam esses fenômenos modernos. Assim também o fizeram vários outros 
jovens economistas durante aquela década de fermento acadêmico, os anos 1960.
7
 Em 
 
5
 Não pretendo sugerir que a economia moderna tenha levado a um aumento líquido no risco total, tanto 
mensurável como não. Meu sentimento é que muito do enorme ganho alcançado na produtividade deve-se 
mais à modernização do que ao avanço científico e que este ganho, por sua vez, permitiu a mais e mais 
participantes assumirem empregos que oferecem menores perigos físicos e riscos morais. As inovações 
financeiras ajudaram a reduzir os riscos criados pela modernização. É plausível que as vastas variações na 
atividade dos negócios que o capitalismo impõe não sejam piores do que as ondas de fome e doença que 
afligiam as economias tradicionais. 
6
 Pode-se dizer que seu livro-texto de 1948 e o seu Foundations, de 1947, deram início a uma Restauração 
que salvou a herança da economia dos keynesianos radicais, institucionalistas e behavioristas da época. 
7
 Espíritos assemelhados que prepararam e adubaram o campo ou campos próximos nos anos 1960 incluem 
Robert Clower, Robert Aumann, Brian Loasby, Armen Alchian, Axel Leijonhufvud, Richard Nelson, Sidney 
Winter, Arthur Okun e William Brainard. A eles se juntaram, nos anos 1970 e 1980, Roman Frydman, Steven 
 4 
Yale e na Rand, em parte pelos meus professores William Fellner e Thomas Schelling, 
adquiri certa familiaridade com os conceitos modernistas da incerteza knightiana, das 
probabilidades keynesianas, do “know-how” privado de Hayek e do conhecimento pessoal 
de M. Polanyi. Tendo até certo ponto assimilado esta perspectiva modernista, passei a ver 
a economia de ângulos diferentes dos da teoria neoclássica.
8
 Eu poderia tentar incorporar 
ou refletir em meus modelos o que faz um empregado, gerente ou empresário: reconhecer 
que a maioria está empenhada em seu trabalho, formar expectativas e desenvolver crenças, 
resolver problemas e ter idéias. Tentar colocar essa gente em meus modelos econômicos 
tornou-se o meu projeto. 
 
II. As Expectativas em Modelos de Atividade 
 
 A determinação do desemprego numa economia moderna constituiu a minha 
principal área de pesquisa de meados dos anos 1960 até o final da década de 1970 e, 
novamente, entre meados dos anos 1980 até o início dos 1990. A questão primária que 
guiava minha pesquisa inicial era básica: por que uma onda de “demanda efetiva”, ou seja, 
um fluxo de dinheiro para comprar bens, causa um aumento na produção e no emprego, 
conforme pressuposto no grande livro de Keynes (1936)? Por que não simplesmente um 
salto nos preços e salários monetários? 
 
 Surgiu imediatamente uma outra questão: como poderia haver desemprego 
involuntário positivo em condições de equilíbrio, mais precisamente, ao longo de qualquer 
caminho de equilíbrio? A resposta que meu modelo implica é que, se não houvesse 
desemprego positivo, se generalizaria de tal maneira a prática de empregados largarem o 
emprego que cada firma entraria em disputa com as outras para pagar mais a fim de cortar 
as elevadas despesas com treinamento que decorrem de uma alta rotatividade. Segundo 
meu ponto de vista, o argumento não se fundava na premissa da “informação assimétrica”, 
de que um trabalhador poderia esconder de seu empregador a sua propensão a deixar a 
empresa. (Os empregadores podem conhecer melhor quais taxas esperar de abandono de 
emprego do que os próprios empregados.) Fundava-se na impossibilidade de um contrato 
proteger o empregador de todas as desculpas que o empregado poderia alegar para deixar o 
emprego. Há também as práticas abusivas que empregadores podem impor aos 
empregados para forçarem-nos a demitir-se. Em uma economia moderna, portanto, os 
contratos são não escritos, por conseguinte informais, ou, quando escritos, não são 
inteiramente desprovidos de ambigüidade. 
 
 Minha abordagem da relação entre a “demanda (efetiva)” e a atividade econômica 
partiu da observação que, diante de todo tipo de inovações e mudanças, o mercado da 
economia moderna não era apenas “descentralizado”, como gostavam de dizer os 
economistas neoclássicos. As crenças e respostas de cada ator na economia são 
descoordenadas: o deus ex-machina de Walras, o grande leiloeiro de toda a economia, é 
uma figura inaplicável à moderna economia, onde boa parte da atividade é movida pela 
 
Salop, Brian Arthur, Mordecai Kurz e Martin Shubik. Nas décadas de 1990 e 2000, Amar Bhidé e Alan 
Kirman fizeram parte do grupo e tanto Thomas Sargent como Michael Woodford testaram suas águas. 
8
 Introduzi menos desses conceitos modernistas nos modelos do que retirei algumas propriedades 
neoclássicas para que os modelos se apresentassem mais compatíveis com o pensamento moderno. 
 5 
inovação e na qual as inovações passadas nos deixaram uma vasta diferenciação de bens. 
Isso levou ao ponto de que as expectativas dos indivíduos e, por conseguinte, seus planos, 
possam vir a ser inconsistentes. Daí, as expectativas de algumas ou de todas as pessoas 
serem incorretas, uma situação a que Marshall e Myrdal chamam de desequilíbrio.
9
 
Assim, a economia – digamos que, para efeito de simplicidade, seja uma economia 
fechada – poderia se encontrar com freqüência em situações nas quais cada firma (ou uma 
preponderância de firmas) tem a expectativa corrente de que as outras firmas estão 
remunerando os empregados a uma taxa menor do que ou, eventualmente, maior do que a 
taxa de remuneração dela. No primeiro caso, cada firma acredita, que, ao escolher a sua 
escala de pagamentos, está pagando mais (e levando a melhor com isso) do que as outras. 
 
 Em meu primeiro modelo, tendo um mercado de trabalho capaz de entrar em 
desequilíbrio (Phelps, 1968a), o efeito de uma tal subestimação das taxas de salário fixadas 
em outras partes é o de comprimir a taxa de salário que cada uma dessas firmas calcula 
como tendo que precisar pagar para conter a saída de empregados em um nível suficiente 
de modo a minimizar seu custo total (dado o atual nível de produção): a soma de seus 
custos com a folha de pagamento mais os custos da rotatividade da mão-de-obra. Em 
termos de uma construção posterior, a “curva de salários” é rebaixada pela subestimação, 
pelas firmas, do que será o salário pago pelassuas concorrentes.
10
 Esse rebaixamento da 
curva de salários serve para baixar as curvas de custo das firmas, por conseguinte, para 
baixar os preços e, por meio do bloco monetário do modelo de 1968, para aumentar a 
produção (o que se consegue, num primeiro momento, pela transferência dos empregados 
do treinamento para a produção); o emprego gradualmente se expande graças à menor saída 
de empregados, gerada pelas expectativas dos empregados de que os salários nas outras 
firmas são mais baixos do que naquela onde está trabalhando. Posteriormente, as firmas 
podem vir a aumentar as contratações (partindo do nível inicialmente reduzido) em 
resposta aos custos reduzidos e, conseqüentemente, a maiores margens de lucro. O que 
parecia ser um modelo simples revelou-se rapidamente pleno de sutilezas, de modo que 
muito poucos alunos conseguiram dominá-lo em sua plenitude. Contudo, o ponto de que as 
expectativas contam para os salários, preços e a atividade econômica, este tem sido bem 
compreendido. A economia é estimulada quando há subestimação dos salários pagos pelas 
concorrentes e quando as firmas subestimam os preços de suas concorrentes nos mercados 
do consumidor (Phelps e Sidney G. Winter Jr., 1970). De forma similar, a economia é 
puxada para baixo quando ocorre a superestimação. 
 
 O que aconteceria nesta economia, com o seu potencial de desequilíbrio e, digamos, 
seu grau aumentado de desequilíbrio, caso a demanda agregada se deslocasse para um 
patamar mais alto?
11
 Estudei com freqüência um choque de dispêndio não identificado no 
 
9
 Presumivelmente, forças aleatórias podem vir salvar a situação, mas as expectativas ainda assim seriam 
incorretas ex ante. Em minha modelagem, sempre excluí tais forças aleatórias em benefício da clareza -- 
mas essas forças são a essência do modelo novo clássico. 
10
 Ver Carl Shapiro e Joseph E. Stiglitz (1984). Guillermo Calvo e Phelps (1983) derivaram uma curva de 
salários em um contexto de contratação formal. 
11
 Sempre estive consciente de que, na versão do modelo na qual todas as firmas estão prontas a, sem mais 
aquela, fazer subir preços e salários monetários, tal atitude não implicando custos, um choque de demanda 
em alguns casos poderia teoricamente não ter qualquer efeito sobre as quantidades e os preços relativos. 
Tome um anúncio súbito, pelo banco central, de que se está duplicando imediatamente a oferta de moeda. Se 
 6 
setor privado que operava no sentido de aumentar a velocidade da moeda e, se o banco 
central se mostrasse lento na resposta, empurraria tanto o nível de preços como o nível dos 
salários monetários para patamares correspondentemente mais altos, fosse logo ou em um 
processo mais arrastado. Eu supunha que este choque de velocidade seria neutro em 
relação às quantidades e aos preços relativos, se e quando as firmas e os trabalhadores 
formassem expectativas corretas das respostas do salário monetário e dos preços ao 
deslocamento para cima no preço da demanda.
12
 No entanto, as firmas e os trabalhadores 
não têm como perceber tal neutralidade logo no início. 
 
 O que se segue daí? Meus modelos implicavam o seguinte:
13
 toda firma infere 
erroneamente, como ocorre com freqüência, que todo ou grande parte do aumento da 
demanda que ela observa é única para o seu caso; assim, ao decidir de quanto aumentar os 
seus salários, é levada a subestimar o aumento das taxas de salário nas outras firmas. Da 
mesma forma, toda firma do mercado do consumidor, ao decidir de quanto aumentar seu 
preço, é levada a subestimar a extensão do aumento do preço pelas outras firmas. Como 
resultado, a firma eleva seu preço relativamente ao que crê que os outros estão fazendo, 
mas de pouco – de menos que o faria se não subestimasse o aumento em outras partes e de 
menos que o aumento em seu preço de demanda; da mesma forma, aumenta os salários que 
paga de pouco – também de menos que o faria caso não subestimasse o aumento 
promovido pelas outras firmas. Eu acrescento que a “incerteza” poderia induzir a uma 
“resposta cautelosa, gradual, quanto à decisão sobre os salários da firma” (Phelps, 1968a, p. 
688).
14
 
 
 Com relação às quantidades: o aumento, para cada firma, da demanda dos 
consumidores acionado pelo choque de velocidade leva a firma a perceber que, no nível 
inicial de preços e de produção, pode vender mais agora sem ter que baixar o seu preço. A 
firma, que antes se mostrava indiferente acerca de um pequeno aumento da produção, 
percebe a lucratividade contida em um aumento, de modo que passa a elevar sua 
produção.
15
 Daí, há um aumento no estoque máximo de empregados prontos e habilitados 
para o trabalho que a firma manteria como um todo, e, portanto, um aumento imediato em 
seu número de vagas. Correspondentemente, a menor saída do emprego gerada por 
percepções de um melhor salário relativo não é razão para a firma contratar mais 
vagarosamente, de modo que há expansão do emprego. Quanto à resposta em termos de 
 
esse choque for muito público (no sentido de que não pode ser desconhecido por ninguém) e suas 
conseqüências de conhecimento comum, e se for neutro para os valores de equilíbrio, então, nos modelos que 
eu estava estudando, resultarão na imediata duplicação dos salários monetários e dos preços, mantendo-se 
sem alterações tanto a produção como o nível de emprego. Keynes (1936) também observou implicitamente 
essas exceções. 
12
 Isso significa que, qualquer que seja o caminho de equilíbrio do emprego a partir do estado inicial da 
economia, o choque de velocidade é neutro em relação a aquele caminho de equilíbrio e a qualquer outro 
caminho de equilíbrio, quer tenha sido alcançado, quer não. 
13
 Refiro-me aqui a uma fusão do meu artigo de 1968 com o de Phelps-Winter (1970) e trabalho em cima de 
análises e comentários contidos em Phelps et al. (1970), Phelps (1972a) e Phelps (1979). 
14
 Seria incorreto inferir que os efeitos sobre a quantidade dos deslocamentos da demanda efetiva estão 
presentes porque uma espécie de “rigidez” dos salários é imposta ao final. Haverá, de todas as maneiras, 
efeitos sobre a quantidade, embora menores e talvez menos prolongados. 
15
 Se, como em meu artigo de 1968, cada firma elevasse seu preço totalmente de modo a equilibrar o mercado 
no nível inicial de produção, a maior margem de lucro produziria o mesmo efeito. 
 7 
contratação, há um problema. A firma poderia buscar na reserva de desemprego qualquer 
quantidade de novos empregados, mas a obtenção de um empregado pronto e habilitado 
para o trabalho requer desviar empregados atualmente na produção para dar ao novo 
recrutado o treinamento específico para aquele trabalho. Ao aumentar a produção, no 
entanto, a firma efetivamente tira empregados do treinamento para colocá-los na produção. 
Em conseqüência, o aumento na contratação tem que esperar até que a queda nas saídas 
tenha permitido à firma restaurar e, então, aumentar a sua equipe de treinamento.
16
 
 
 O acima exposto trata dos efeitos de impacto do deslocamento da demanda. Segue-
se um processo de ajustamento. Em meus modelos, a firma iria, em algum ponto, observar 
que o seu aumento cumulativo de preço não lhe custara qualquer erosão da base de 
consumidores que havia esperado e que seu aumento de salários não lhe estava trazendo 
nenhuma redução na taxa de saída do emprego, conforme chegara a esperar. Além do 
mais, acompanhando o impacto inicial do choque de velocidade sobre os preços de 
demanda, qualquer firma que oferecesse um sortimento especializado de artigos 
experimentaria um aumento secundário em seu preço de demanda (no nível inicial de 
produção), uma vez que os aumentos iniciais de preço, todos mais ou menosda mesma 
magnitude, geralmente não têm o efeito substituição que havia preocupado a firma quando 
de sua avaliação das primeiras respostas. Devido a todo este “aprendizado”, as firmas 
elevarão seus preços e salários novamente, trazendo os níveis de preços e salários mais 
perto dos seus níveis de equilíbrio. Mesmo se as expectativas da taxa de inflação 
permanecerem iguais a zero, os preços e os salários seguirão se elevando até que a 
magnitude do desequilíbrio – o hiato do aumento proporcional cumulativo do nível de 
preços em relação ao aumento proporcional da velocidade – tenha-se erodido a ponto de 
desaparecer. Ao longo deste caminho, a redução da subestimação do salário reverte a 
diminuição das saídas do emprego que alimentavam a expansão do emprego, deixando que 
a drenagem da reserva de desemprego provoque uma elevação líquida da taxa de saídas; e a 
redução da subestimação, tanto do preço como do salário, retira o desejo das firmas de um 
nível de emprego elevado, de modo que a contratação de empregados não aumenta de 
maneira a compensar o maior atrito. Assim, o atrito elimina o aumento no número de 
empregados agora vistos como supérfluos. O nível de preços, assim como o salário real e o 
emprego, são todos levados aos seus novos valores de repouso. Esta recuperação 
representa “restabelecer o equilíbrio”, no sentido de que as expectativas de aumento 
cumulativo do nível de salários e do nível de preço são alinhadas aos aumentos efetivos. 
(No entanto, o ponto de partida, que é também ponto de repouso, poderia não ser um 
equilíbrio pleno em termos de expectativas, uma vez que as expectativas dos níveis de 
preços e de salários podem estar consideravelmente distantes da referência em ambas as 
condições.) 
 
 No entanto, meu artigo de 1968 sugeria que, a partir de cada nível de emprego 
aumentado (tal como aqueles níveis alcançados durante a expansão), existe um caminho de 
equilíbrio de volta ao estado inicial, um caminho no qual não apenas desaparece a 
subestimação do aumento nos salários e nos preços, mas, além disso, o aumento esperado 
do nível de salários e do nível de preços se iguala ao aumento real. Ao longo de tal 
 
16
 Acertos de horas-extra com os empregadores são, naturalmente, uma outra forma de poupar e até aumentar 
a equipe de treinamento de modo a permitir uma acelerada nas contratações. 
 8 
caminho, o desemprego, baixo no momento (mas em declínio), é contrabalançado 
continuamente pelo nível de vagas para emprego, baixo no momento (mas em declínio), de 
modo que as firmas não estão tentando pagar a seus empregados nem mais nem menos que 
as outras.
17
 Nesse ponto, o modelo subseqüente de Robert E. Lucas Jr. (1972) diferiu do 
meu trabalho, no sentido de que traz a implicação rígida de que, em seguida às 
perturbações do período corrente considerado por Lucas, a economia salta imediatamente 
para o equilíbrio em conseqüência dele ter imposto “expectativas racionais”.
18
 Em meu 
modo de pensar, os participantes do mercado poderiam a qualquer momento ser capazes de 
andarem na corda bamba do caminho de equilíbrio, se é que isso existe, que conduz de 
onde eles estão no momento ao seu estado inicial; mas, de forma geral, não se pode supor 
que encontrem seu rumo ao longo de tal caminho. 
 
A. Relação com as “Expectativas Racionais” 
 
 A estrutura acima não é um modelo fechado. Não provê um estado estacionário 
integralmente determinado e nem tem a intenção de fazê-lo. O nível corrente de vagas tem 
um componente estrutural endógeno que é uma função do que os gerentes e 
administradores imaginam ser o valor correto (isto é, o preço sombra) de admitir um outro 
empregado; e esse preço sombra é variável, não determinado pelo modelo. Se aquele valor 
der um salto, devido a impressões de alguns ou de todos os empresários de que as 
perspectivas futuras se abrilhantaram, o aumento de vagas e de contratações ganhará ritmo, 
aparentemente de forma inesperada.
19
 Este traço salva o modelo de ser um aparato 
mecânico que não deixa margem à inovação e à mudança estrutural resultante.
20
 
 
 
17
 Ao longo deste caminho, o nível esperado dos salários monetários é sempre aquele necessário, dado o nível 
esperado de preços, para o “equilíbrio do mercado de trabalho”, e o nível esperado dos preços é sempre 
aquele tal que, dado o nível esperado dos salários, satisfaça a condição para o “equilíbrio do mercado de 
produtos”. Uma análise explícita desse caminho de equilíbrio para um modelo não monetário sem um 
mercado do consumidor é encontrada em Hian Teck Hoon e Phelps (1992). Uma análise desse caminho para 
fazer de um mercado do produto um mercado do consumidor pode ser encontrada em Phelps, Hoon e Gylfi 
Zoega (2005) e em Hoon e Phelps (a ser publicado). 
 Deve-se acrescentar que, para o equilíbrio do mercado de trabalho, existe ainda uma outra condição e uma 
equação correspondente. A firma deve acertar o preço sombra que atribui ao fato de ter mais um outro 
empregado pronto e habilitado para o trabalho, para assim acertar o cálculo de suas vagas de emprego. Isso 
implica que a firma tenha expectativas corretas sobre o nível para o qual estão caminhando os salários de 
mercado no próximo período, o que, por sua vez, significa expectativas corretas acerca da taxa pela qual os 
salários nas outras firmas vão se elevar no futuro próximo e não apenas do seu nível corrente. 
18
 Esse é o salto para um ponto no modelo de Lucas, análogo ao salto para um estreito caminho de equilíbrio 
em qualquer outro modelo. No modelo de período de Lucas, há um período de Lucas: antes do seu final, 
nenhum dado nacional está disponível e, ao seu final, todos os dados nacionais já se encontram publicados. 
Em meus modelos de tempo contínuo, pode haver dados defasados da inflação de salários, etc, mas não dos 
níveis de salários e certamente não dos níveis nas firmas que servem de padrão de comparação. (Com efeito, 
as firmas podem formar associações para partilhar entre si tais dados e os trabalhadores podem formar 
sindicatos; eu tinha em mente, porém, uma economia de “livre mercado” sem qualquer dessas intervenções.) 
19
 A teoria “geral” de Keynes foi generalizadora em considerar as maneiras de ver dos empresários como 
sujeitas a idas e vindas, como arbitrárias. A arbitrariedade dessas visões é vista como importante para o 
contrato de salário das firmas em Calvo e Phelps (1977). 
20
 A projeção do modelo do caminho futuro „da economia depende da constância da parte endógena da função 
de vagas, embora o caminho efetivo possa muito bem ser perturbado por mudanças exógenas nas vagas de 
emprego. 
 9 
 No modelo, em sua melhor interpretação, as firmas, ao imaginarem sua meta 
desejada em termos de salários, têm que formar expectativas do salário médio pago pelas 
concorrentes sem se beneficiarem da publicação recente (e menos ainda da adoção) dessas 
taxas especiais de salários.
21
 Assim, de um modo geral, o mercado de trabalho tateia não 
rumo ao equilíbrio, no qual se crê que o salário pago pelas concorrentes seja igual ao 
salário real, mas sim, rumo a uma espécie de equilíbrio sucedâneo, no qual as expectativas 
podem, digamos, subestimar o nível efetivo de salários (Phelps , 1972). Então, o ponto de 
repouso do desemprego, dada a mesma taxa de vagas de emprego, fica abaixo daquele 
nível constante, compatível com o equilíbrio (das expectativas). (É claro que o hiato entre 
a percepção e a realidade varia.) 
 
 E, por último, mas não menos importante, postular o equilíbrio das expectativas 
racionais não é inadequado apenas como forma de fechar o modelo no mesmo sentido que 
postular uma escolha racional é considerado inadequado: o que é inapropriado é impô-lo 
ao modelo. Em uma economia altamente inovativa e, por conseguinte, sujeita a mudanças,as firmas – mesmo as firmas que atuam na mesma atividade econômica e na mesma 
localização – estão todas pensando diferentemente. De modo que uma firma não teria 
motivos para considerar, como faz implicitamente a teoria das expectativas racionais, que 
“uma vez que eu fiz o cálculo de que devo elevar meus salários de tantos por cento, deveria 
agora levar em conta que meus concorrentes planejam fazer o mesmo, de modo que devo, 
agora, ajustar mais ainda o meu aumento de salário...” Esse tipo de raciocínio indutivo 
para se chegar às expectativas corretas é inaplicável. Essa foi a tese defendida na minha 
participação (Phelps, 1983) no volume editado por Frydman-Phelps em 1983. 
 
 De uma forma mais fundamental, o público não pode formar “expectativas 
racionais” sobre futuras distribuições de probabilidades quando o futuro está sendo criado 
neste momento por novas idéias e pelos conseqüentes planos de empresários aos quais o 
público não tem acesso e dos quais os próprios empresários não têm certeza (Calvo e 
Phelps, 1977). Se as firmas estiverem engajadas em atividade criativa, “fazer regressões” 
com os dados do passado não dará à firma uma previsão aplicável do que essas firmas estão 
planejando fazer, qualquer que seja seu campo de ação (ver Frydman e Michael D. 
Goldberg, a ser publicado). Ao se compreender as probabilidades de Keynes-Fellner para 
uso em condições de incerteza, atribui-se menos peso às projeções históricas do que as 
firmas estão dispostas a fazer quando se percebe que elas preparam uma surpresa. 
 
 Assim, se me perguntarem se minha teoria foi superada pelo modelo de Lucas, eu 
diria que, se uma economia possui dinamismo, de tal modo que novas incertezas afluem 
incessantemente a partir de suas atividades inovativas e sua estrutura está sempre 
cambiando, o conceito de equilíbrio das expectativas racionais não se aplica e que um 
modelo de uma economia tal que imponha este conceito não pode absolutamente 
representar o mecanismo de flutuações de tal economia. 
 
 
21
 Em algumas passagens, em meus artigos, admite-se que o nível médio de salários seja conhecido, como se 
tivesse sido publicado recentemente, mas somente em um modelo com variações com um salário fixo por 
determinado intervalo de tempo no futuro. (Esse ponto consta na p. 701 em Phelps, 1968a.) Se assim não for, 
o salário não é conhecido, mas inferido a partir das evidências circunstanciais reveladas pela realidade. 
 10 
B. Relação com o Modelo de Friedman de 1968 
 
 A teoria acima da “taxa natural” e seus desvios causados por deslocamentos e 
perturbações mal compreendidas é freqüentemente vista como essencialmente idêntica a 
aquela apresentada por Milton Friedman (1968). Os dois modelos são então tratados como 
descobertas simultâneas da mesma coisa. Na verdade, representam a descoberta de dois 
fenômenos distintos. O de Friedman é um modelo da taxa natural de participação da força 
de trabalho, ao passo que o meu é um modelo da taxa natural de desemprego. Uma miríade 
de diferenças deriva dessa distinção. Por exemplo, no primeiro modelo, um aumento não 
percebido na demanda é um desvio indesejado do equilíbrio concorrencial, enquanto que 
no meu esse aumento serve para moderar um volume geralmente oneroso de desemprego 
involuntário (Mais abaixo, comentarei brevemente uma política monetária voltada para 
manter elevado o nível de emprego.) 
 
C. Relação com o Keynesianismo 
 
 Houve quem gentilmente comentasse que este trabalho e o texto correlato no 
volume intitulado Microfoundations (Phelps et al., 1970) eram “revolucionários” 
(Pissarides, 2006; Samuelson, 2006). Dois comentários, todavia, urgem serem feitos aqui. 
Um é que o meu tipo de modelagem micro-macro deixou de pé alguns dos fundamentos 
básicos de Keynes: os deslocamentos da demanda efetiva, mesmos os “neutros”, têm, 
tipicamente, impacto sobre a atividade dos negócios. Além disso, o nível de preços e o 
nível dos salários monetários não são perfeitos para equilibrar os mercados.
22
 Por outro 
lado, minha pesquisa subseqüente, endogeneizando a taxa natural de desemprego, me levou 
a dissociar-me, desde então, de algumas outras partes fundamentais da posição keynesiana 
quanto a políticas. 
 
D. Uso na Teoria da Política Monetária Ótima 
 
 A primeira aplicação desse arcabouço de expectativas a ser publicada foi na 
modelagem de uma política ótima para a inflação (Phelps, 1967).
23
 Foi uma reação à 
emergente aplicação da curva de Phillips (Alban William Phillips, 1958) na modelagem da 
taxa “ótima” de inflação (Okum, 1965). Houve ocasiões nas quais este texto de 1967 me 
pareceu ter sido ultrapassado pela regra de Taylor com base nas expectativas racionais 
(John B. Taylor, 1993, 1999). No entanto, meu artigo continuou a gerar frutos nos estudos 
das desinflações históricas (Sargent, 1999). O comitê do Prêmio Nobel (2006) citou minha 
pesquisa abrangendo a elaboração de políticas a partir de uma perspectiva intertemporal. 
Por isso, eu gostaria de abordar aquele artigo e este será o principal assunto da próxima 
seção. 
 
 
22
 Os estudiosos da questão ressuscitaram para publicação póstuma (Keynes, 1983) um rascunho de capítulo 
de Keynes, com o título “A Economia sem Coordenação”, e James Tobin, o principal keynesiano norte-
americano, escreveu que a teoria de Keynes tratava do “desequilíbrio das expectativas” (Tobin, 1975). 
23
 Trata-se de um artigo escrito na London School of Economics nos primeiros meses de 1966 antes de eu 
passar a abordar as questões da dinâmica de salários e da dinâmica de preços nos trabalhos de 1968 e 1970. 
 11 
III. Política para Modificar Expectativas Indesejadas 
 
 Meu trabalho inicial em políticas a partir de um ponto de vista intertemporal tratou 
da política fiscal em uma economia sem moeda. Em Phelps (1965), minha premissa era de 
que, em geral, o público poderia esperar que o valor presente descontado de suas 
obrigações tributárias “pelo ciclo de vida” fosse inferior ao que se previa. (Eu citava David 
Ricardo em defesa, alguns anos antes de que o termo “ricardiano” viesse a denotar aquilo 
que ele mesmo rejeitava.) O resultado, de acordo com o modelo ali presente, seria um 
excesso de demanda por bens de consumo e uma suboferta de mão-de-obra para a 
economia de mercado. Uma política de “neutralidade fiscal” alinharia as obrigações 
tributárias esperadas ao longo de um ciclo de vida em termos de valor presente às despesas 
e transferências que o governo esperava fazer. Se o público não possuísse expectativas 
racionais, as alíquotas tributárias seriam estabelecidas acima ou abaixo do que, de outra 
maneira, seria necessário para manter a neutralidade. Foi assim que nasceu o pensamento 
de que as expectativas do mercado são relevantes para a oferta e que podem ser 
indesejáveis, de modo que uma política “ótima” deveria corrigir tais expectativas. 
 
 A premissa chave do artigo de 1967 era que as expectativas do público quanto à 
taxa de inflação poderiam ser indesejavelmente elevadas e que a única forma pela qual as 
autoridades governamentais poderiam induzir o público a baixar suas expectativas era 
desapontar tais expectativas forçando a taxa real de inflação a ficar abaixo da taxa esperada 
de inflação – até que a taxa esperada baixasse ao nível aceitável. Uma outra premissa era 
que a inflação inesperada leva a um nível de emprego acima do natural e que a desinflação 
inesperada traz o nível de emprego para abaixo do natural, ou seja, acima do desemprego 
natural; assim, a “desinflação”, como eu a batizei mais tarde, geraria um custo de transição: 
o custo, econômico e social, de uma inchação transitória da taxa de desemprego para além 
da taxa natural, o que poderia se efetivar caso as autoridades renunciassem a ratificar as 
expectativas correntes de inflação,mantendo a demanda efetiva de modo a fazer prevalecer 
a taxa natural de desemprego. Essas idéias estavam, então, embutidas em uma estrutura 
formalmente semelhante ao familiar modelo de acumulação ótima de capital de Frank P. 
Ramsey (1928). A taxa esperada de inflação, x, assume o papel da variável relevante 
representada pelo estoque de capital no modelo de Ramsey; o desvio da taxa real de 
inflação f, de x, é análogo ao desvio do consumo em relação à renda. Nessa exploração, a 
variável de política era a fiscal – o nível de demanda gerado pelo tamanho do orçamento 
equilibrado, o qual mantém constante a dívida pública – e a política monetária estabilizava 
a demanda por investimento de modo a manter constante o estoque de capital. A análise 
(feita em 1966) não avançava com facilidade e, em meu livro posterior (Phelps, 1972a), 
escrito em 1969-70, o problema foi simplificado: a política de inflação era conduzida pela 
autoridade monetária e da política fiscal esperava-se que viesse a neutralizar os impactos 
sobre o capital e a dívida pública. Em resumo, o problema é encontrar a função de política 
f (x) que maximiza a integral de utilidade possivelmente descontada sujeita à equação 
diferencial dx/df =  (f – x), sendo  uma pseudoconstante positiva. 
 
 Os resultados: se a taxa esperada de inflação for maior do que (ou menor do que) o 
nível do ponto de repouso que uma política ótima deve forçar para baixo, de modo que haja 
um hiato a ser preenchido, uma política ótima vai sempre requerer levar a taxa de inflação 
para abaixo da taxa correntemente esperada, não importa o ganho de curto prazo. Quanto 
 12 
maior o excesso inicial da taxa esperada de inflação em relação ao seu ponto de repouso, 
naturalmente, maior será o tamanho do desvio ótimo da inflação real em relação à inflação 
esperada e, por conseguinte, maior o aumento inicial no nível de desemprego. Quanto 
menor a taxa de desconto da utilidade, menor é a meta para o ponto de repouso para a taxa 
esperada de inflação e maior o tamanho ótimo do hiato negativo inicial – maior, então, o 
sofrimento de curto prazo e o ganho de longo prazo. Quanto mais custoso for o menor 
nível de emprego, menor será o desvio inicial ótimo – menor, então, o desvio ótimo do 
nível de desemprego em relação a seu nível natural e, por conseguinte, menor a velocidade 
da desinflação. 
 
 Olhando para trás, pode ser que o meu artigo de 1967 tenha sido o pai do que veio a 
ser chamado de metas de inflação.
24
 Eu estava ciente, todavia, de uma complicação no 
caminho de uma caracterização tão simples de uma política monetária ótima. Nas últimas 
páginas de um texto não condensado para discussão, do qual foi extraído o artigo publicado 
(Phelps, 1966c), eu examinava um modelo mais rico no qual a taxa de desemprego, u, 
move-se lentamente (como no meu artigo de 1968) e é, portanto, uma variável relevante 
adicionada em paralelo à taxa esperada de inflação. A função de política ótima f (x, u), 
então, não conduz, em geral, a taxa esperada de inflação monotonicamente rumo a seu 
nível do ponto de repouso. Uma taxa inicial de desemprego muito acima ou muito abaixo 
de seu nível natural pode levar a taxa ótima de inflação para cima ou para baixo da taxa 
esperada de inflação, mesmo se esta última estiver correntemente em seu nível do ponto de 
repouso. Mas essa taxa esperada, mais cedo ou mais tarde, retornará a seu ponto de 
repouso quando a taxa de subemprego caminhar para seu ponto de repouso, a taxa natural 
de desemprego. A regra da taxa de juros, tornada famosa por Taylor (1993), tem o mesmo 
caráter, embora derive de uma política otimizadora em um tipo diferente de problema – a 
estabilização ótima da inflação e das taxas de desemprego em tono de suas médias sob 
expectativas “racionais”. 
 
 Poderia ser dito também que meus trabalhos de 1967 e os posteriores plantaram a 
idéia de que a função do banco central é o de administrar as expectativas inflacionárias – a 
idéia de que se o banco central vai monitorar e estabilizar a taxa esperada de inflação, a 
taxa real de inflação não sairá fora de controle por muito tempo. Deslocamentos 
paramétricos podem levar o nível de preços para um caminho diferente, mas não alterarão 
de modo permanente a taxa tendencial de crescimento do nível de preços. (Eu mesmo 
tinha achado isso inicialmente.) Numa economia que opera em condições de conhecimento 
imperfeito das perspectivas futuras da economia, há sempre a possibilidade de que o banco 
central cometa um erro sério de estimativa da taxa natural de juros reais. Nesse caso, a 
regra da taxa de juros do banco central não começa com o termo constante correto do qual 
a taxa de juros reais fixada pelo banco se desvia em resposta a uma discrepância entre a 
taxa esperada de inflação e a meta para a taxa. Se a taxa natural de juros reais for 
subestimada enquanto tudo o mais estiver perfeitamente medido e avaliado, o banco fixará 
sua taxa real de juros em um nível demasiadamente baixo para manter a inflação no nível 
pretendido (Phelps, 2006b). 
 
24
Talvez a primeira regra para a taxa de juros tenha sido a de William G. Dewald e Harry G. Johnson (1963), 
mas sua regra não conduz qualquer variável, tal como a taxa de inflação, na direção de um nível estabelecido 
como meta. Nem tampouco o fazem as regras propostas de oferta de moeda. 
 13 
 Eu faria ainda um outro comentário com base no conhecimento imperfeito dos 
participantes. Alguns advogados das expectativas racionais queixam-se das expectativas 
que são adaptativas, como no meu modelo de 1967 (Lucas, 1976). A discussão da 
“estabilização de rotina” no capítulo 8 do meu livro de 1972 reconhece que as expectativas 
não serão adaptativas de nenhuma maneira rígida face a repetições idênticas da mesma 
experiência e que aquelas travaram luta durante um tempo com o que fazer. (O coeficiente 
não poderia ser um parâmetro genuíno, fixado de desinflação a desinflação.) No entanto, 
este ponto não é suficiente para estabelecer a propriedade do postulado das expectativas 
racionais.
25
 As economias dinâmicas não têm jogos idênticos repetidos (“uma pessoa 
nunca fica no mesmo rio no mesmo lugar por mais de uma vez”, como dizem os chineses), 
há diversidade de opiniões nos mercados e um responsável por políticas não se enquadra 
em um dentre determinado conjunto de tipos. (Até mesmo Paul Volcker teve que trabalhar 
por sua credibilidade.) Keynes acreditava que as expectativas dos agentes do mercado se 
atinham ao modelo mais recente até que houvesse provas em contrário suficientes para a 
ruptura daquele modelo e a abertura de caminhos para um novo modelo e expectativas 
radicalmente diferentes. A equação das expectativas adaptativas é uma aproximação de tal 
processo. 
 
IV. Modelos Estruturalistas das Variações e Deslocamentos da Taxa Natural 
 
 As longas variações e os grandes deslocamentos da taxa de desemprego sem 
inflação ou desinflação crescente que têm sido observadas nas últimas décadas nos países 
da OCDE – e, no que toca à questão, as formidáveis diferenças na taxa de desemprego 
verificadas entre os países – sugerem que forças poderosas têm tido impactos sobre o 
próprio caminho do desemprego natural. Com efeito, muitos estudiosos das primeiras 
décadas do século vinte procuraram explicar os booms de expansão e as crises em termos 
de forças reais do mercado e não de forças monetárias. Qualquer explicação adequada do 
fracasso da taxa de desemprego em voltar ao seu nível de antes do período do mercado em 
alta, em meados dos anos 1920, com quase toda a certeza vai requerer uma teoria para 
“endogeneizar” a taxa natural. 
 
 Uma teoria não-monetária do (caminho da) taxa de desemprego natural começou a 
ser desenvolvida nos anos 1980 sobre os mesmos modelos de treinamento dos empregados 
e de mercado do consumidor que euhavia utilizado nos anos 1960. Uma exploração 
austera nessa direção (Calvo e Phelps, 1983) concentrou-se na preferência temporal e na 
riqueza, mas não admitia o desemprego. Alguns modelos de dois países (Jean-Paul 
Fitoussi e Phelps, 1986, 1988) enfocaram as taxas de juros intercontinentais e as taxas de 
câmbio, mas omitiram a taxa natural. Modelos de economia aberta e fechada, com as 
características desejadas, vieram a público em uma série de textos investigativos de 1988 a 
1992 e em um volume (Phelps, 1994), com a ajuda substancial de HianTeck Hoon e Gylfi 
 
25
 Tive o prazer de explorar, com John Taylor e, mais tarde, com Guillermo Calvo a modelagem 
neokeynesiana com base nas expectativas racionais da determinação do salário e do emprego em pesquisa 
realizada em Columbia, nos anos 1970 (ver Phelps e Taylor, 1975, e Phelps, 1978). Contudo, não acredito 
que a premissa de expectativas racionais seja satisfatória ou mesmo claramente preferível ao uso de certo 
modo flexível das expectativas adaptativas. 
 14 
Zoega.
26
 Era uma maneira de reescrever a macroeconomia mais radical do que a minha 
pesquisa micro-macro do final dos anos 1960. A teoria demonstrava como a riqueza, em 
relação aos salários após os impostos e à produtividade, tem um impacto na propensão a 
deixar o emprego e, por conseguinte, na curva salários-incentivos; a taxa real mundial de 
juros, as perspectivas futuras e algumas outras forças influenciam o preço sombra que as 
firmas atribuem a seus ativos comerciais – empregado ou cliente; e esses impactos trazem 
perturbações ou alteram permanentemente a própria taxa natural (Phelps, 1994). Eu adorei 
essa teoria. Ela retrata os aumentos na taxa real intercontinental de juros como 
contracionários, contrariamente ao modelo keynesiano de Hicks-Mundell-Flemming (no 
qual a “velocidade” é estimulada) e ao modelo neoclássico de Hicks-Lucas-Rapping (no 
qual é aumentada a oferta de mão-de-obra). Uma depreciação real da taxa de câmbio, 
causada por eventos intercontinentais sobre um conjunto de parâmetros levaria à contração, 
gradualmente atenuada por um ganho de consumidores, contrariamente ao que pensava 
Keynes. 
 
 Esta teoria suplementar esclarece como três forças estruturais nos anos 1930 podem 
ter empurrado para cima a taxa de desemprego natural.
27
 Primeiro, o espectro da guerra 
pairava sobre os Estados Unidos, tanto quanto sobre a Europa, na segunda metade dos anos 
1930, o que deve ter inibido a atividade de investimento, inclusive a aquisição de novos 
empregados (Phelps, 2006c). Segundo, o Ato de Seguridade Social (SSA) reduziu os 
salários após os impostos, o que, por sua vez, reduziu a riqueza privada – um efeito que se 
anulava, mas que criou “riqueza social”, a qual tem efeitos contracionários líquidos (Hoon 
e Phelps, 1996; Hoon, 2006). 
 
 Finalmente, meus modelos de estudo dos “booms estruturais” demonstraram que o 
súbito surgimento de novas perspectivas de inovação, elevando os preços sombra, induziria 
as firmas a contratar e treinar um maior número de empregados numa antecipação do 
aumento de produtividade; sua chegada efetiva eleva o custo de oportunidade do 
investimento em empregados e clientes (Fitoussi et al., 2000; Phelps e Zoega, 2001). Nesta 
abordagem, a elevação da produtividade nos anos 1930 não foi, em ampla medida, uma 
força expansionária: foi, sim, o fruto antecipado de um boom anterior de investimentos e 
amplamente contracionária. Para mim, isso foi um trabalho revelador, pois via o bom 
funcionamento da economia capitalista como guiado por forças não visíveis e visionárias 
emergindo da criatividade e da oportunidade da gente de negócios – forças que não se pode 
imaginar que obedeçam a qualquer fórmula estocástica estacionária (Phelps, 2006b)
28
 – e, 
na verdade, a nenhuma fórmula estocástica pré-determinada (Frydman e Goldberg, 2007). 
 
26
 Alguns dentre os muitos artigos daquele período e seus posteriores desenvolvimentos incluem Hoon e 
Phelps (1992), Phelps (1992), Zoega (1993), Hoon e Phelps (1997), Phelps e Zoega (1997) e Phelps e Zoega 
(1998). Entre os precursores estão Phelps (1972b) e Steven C. Salop (1979). 
27
 Vale mencionar que as extraordinárias mudanças técnicas ao longo de toda a década devem ter aumentado 
o desemprego “fricativo”, muito embora este esteja fora dos meus modelos. 
28
 Há um toque de expectativas racionais na minha suposição de que, após uma mudança na estrutura da 
economia ou da perspectiva futura, os preços e quantidades seguem um caminho de perfeita previsão. 
Contudo, essa previsão está condicionada à ausência de mudanças posteriores no futuro, ao passo que o 
modelo não garante que tais mudanças não venham a ocorrer. Os agentes da economia podem estar muito 
bem conscientes da possibilidade de que o futuro não abrigará mudanças posteriores. Mas eles desconhecem 
quais mudanças de parâmetro devem ser antecipadas e quais serão os seus efeitos. Isso pode ser apenas uma 
aproximação grosseira da ignorância do futuro, mas pode ser melhor do que não ter nenhuma aproximação. 
 15 
 Resumindo: a teoria completada da atividade que incorpora a modelagem do 
desemprego natural na modelagem dos anos 1960 acima descrita diz que o nível de 
emprego aumenta de uma maneira ou de ambas – a maior demanda efetiva eleva o nível de 
emprego do seu atual caminho de equilíbrio e os salários monetários efetivos crescem 
acima do seu caminho esperado ou um deslocamento para cima do emprego natural 
empurra para cima o nível efetivo de emprego, embora menos do que o aumento natural, e 
os salários efetivos são levados para abaixo de seu caminho esperado. Nos últimos 30 
anos, o foco de atenção deslocou-se dos movimentos e variações da demanda efetiva sob o 
pressuposto tácito de que a taxa natural de subemprego tinha se movido pouco e na direção 
dos deslocamentos e variações da própria taxa natural sob o pressuposto tácito de que a 
demanda efetiva não é um problema, ao menos quando o banco central dispuser de uma 
política monetária. Não teríamos chegado a esse nível de entendimento se não fosse pela 
evolução tanto dos elementos monetários como estruturalistas da teoria completa. 
 
V. O Negócio do Crescimento 
 
 Na teoria neoclássica, os objetos da teoria não eram o esforço e a iniciativa humana 
como os conhecemos, mas tão somente “preços e quantidades”. Havia uma desconexão da 
história e das humanidades. A teoria neoclássica do crescimento se caracterizava por ela 
não ter gente. Explicava a acumulação e o investimento de capital físico, mas a força 
motriz nessa história – os aumentos do conhecimento denominados “tecnologia” – cai 
exogenamente, como o maná do céu – e a seleção entre novas tecnologias se dá 
instantaneamente, sem custo e sem erro. Embora de fato crucial para o crescimento, o 
papel humano em uma vasta gama de atividades, envolvendo administração e gerência, 
julgamento, avaliação, intuição e criatividade, está ausente. 
 
 Em nenhuma outra parte esse caráter da teoria neoclássica fica mais evidente do que 
na teoria da poupança nacional. O modelo de Ramsey (1928) é um primor de exemplo e 
um outro foi o meu modelo neoclássico de acumulação de riqueza com risco (Phelps, 
1962). Na Universidade da Pensilvânia, julguei que poderia ser algo produtivo parar de 
fazer modelos da nação como uma espécie de “agente único” que vivesse infinitamente e 
imaginar, ao invés, uma seqüência de gerações de pessoas conectadas por legados e 
heranças. O artigo de Phelps e Robert A. Pollack (1968) solucionou o problema de quanto 
cada geração pouparia numa situação de “equilíbrio do jogo” e confirmou que há mais 
coisas envolvidas na decisão de poupar do que considerações tecnocráticas: a taxa de 
preferência temporal e a taxa de retorno da poupança. O egoísmo de cada geraçãotambém 
conta (ver também Phelps, 1973).
29
 
 
 Em um outro artigo, explorei a idéia de que o progresso tecnológico requer a 
alocação de pessoas em pesquisa (Phelps, 1966b). Uma função de progresso técnico 
descrevia a relação entre a taxa de progresso tecnológico e a dimensão da atividade de 
pesquisa. É admissível que, quanto maior o insumo de pesquisa mantido ao longo dos 
anos, mais rápida será a ascensão da variável tecnologia. No entanto, a taxa proporcional 
de progresso diminui, mesmo se o ganho absoluto por unidade de tempo estiver 
 
29
 Mais tarde, David Laibson (1997) aplicou a teoria a uma pessoa que tivesse no futuro diferentes eus em 
relação ao eu atual. 
 16 
aumentando. Comecei investigando se um grau maior de esforço de pesquisa ao longo do 
tempo poderia afastar a diminuição da taxa de progresso. Descobri que, com uma 
especificação adequada da função do progresso, o crescimento exponencial do insumo para 
pesquisa levaria gradualmente ao crescimento exponencial da variável tecnologia. Isso 
levou rapidamente à revelação de duas implicações, ambas instigantes. 
 
 Uma implicação óbvia era que, quanto mais alto o nível do caminho de crescimento 
exponencial do insumo para pesquisa, maior seria o nível do caminho de crescimento 
exponencial ao qual se aplicaria o caminho da variável tecnologia.. Para um noviço, 
poderia parecer, assim, que, quanto maior o empenho que a sociedade põe em pesquisa, 
tanto melhor. Mas os economistas também se preocupam com o consumo – e, de fato, 
alguns só se preocupam com isso. Elaborei um modelo simples no qual o consumo era 
produzido (usando-se a tecnologia corrente) por toda a população que não fazia pesquisa. 
Encontrei que, até um certo ponto, quanto maior a razão insumo para pesquisa /insumo 
para não pesquisa, maior o nível a que se aplicaria o caminho de consumo. Mas, passado 
aquele ponto, aumentos posteriores nessa razão diminuiriam, na verdade, o consumo, de 
vez que o ganho obtido na tecnologia não pagaria o custo de desviar mão-de-obra da 
produção de bens de consumo. Essa aí foi mais uma Regra de Ouro para a minha coleção 
dessas regras (Phelps 1961, 1966a). O estranho é que se poderia atribuir um número àquela 
razão. E é igual a um, ou seja, um pesquisador para cada um produtor. 
 
 A outra implicação era que uma população maior forneceria um número maior para 
pesquisa e, portanto, permitiria ascender a um caminho tecnológico superior (Phelps, 
1968b). As aplicações históricas são óbvias. Se não fosse o grande aumento populacional 
que começou no século dezoito e que somente agora vem perdendo impulso, o número de 
cérebros conseguiria realizar apenas uma pequena proporção do colossal avanço 
tecnológico dos últimos dois séculos. Podemos, assim, ser gratos à explosão da população 
– minha Proposição Mozart, conforme veio a ser chamada. Sob esta lógica, o crescimento 
no século vinte e um será mais acelerado do que no século vinte. 
 
 Ninguém que estivesse no limiar do século dezoito poderia ter previsto que a 
população iria explodir ou ter conhecimento de qual era a probabilidade de tal “regime”. 
Ninguém poderia ter antecipado que a função do progresso continuaria mantendo a 
pesquisa tão produtiva em avanços tecnológicos. Isso nos recorda que a incerteza 
knightiana paira sobre a maior parte das coisas importantes e que podem ocorrer séculos de 
previsões subestimadas. 
 
 “Pesquisa” e “tecnologia” neste contexto são menos restritas do que se poderia 
supor. Tecnologia inclui as montanhas de roteiros originais empilhados na Metro Goldwyn 
Mayer, dos quais se podem fazer filmes, assim como as invenções de Wagner e Stravinsky, 
que inspiraram os compositores que os sucederam. No entanto, há duas limitações do foco 
na “pesquisa”. Uma, da qual estava bem consciente nos anos sessenta, era de que novas 
tecnologias não são absorvidas sem custo na economia de mercado, de modo que a 
passagem da invenção à inovação não é imediata e nem inteiramente passível de acontecer. 
É preciso um empresário do tipo schumpeteriano para resolver os problemas que surgem no 
desenvolvimento e na comercialização de uma inovação; são necessários administradores 
do tipo Nelson-Phelps para solucionar o problema da avaliação dos prováveis ganhos com 
 17 
a inovação, se é que os há; requerem-se consumidores do tipo Amar Bhidé para dar uma 
solução ao problema de avaliar os ganhos, se é que existem, de levar a inovação para casa; 
e, enfim, carece-se de financistas do tipo Marschak-Nelson que saibam fazer melhor do que 
escolher aleatoriamente na hora de decidir quais empresários devem ser apoiados em suas 
iniciativas. Em suma, uma aldeia inteira é necessária para que uma inovação seja 
desenvolvida, aperfeiçoada, lançada e adotada. 
 
 O artigo de Richard R. Nelson e Phelps (1966) não foi escrito na terminologia de 
Ellsberg e dos axiomas de Savage, mas trata da ambigüidade. O administrador de um 
vinhedo, confrontando um novo inseticida, poderia nem ter idéia do que seriam o “valor 
esperado” do benefício e o custo de usá-lo – ou de qual seria a probabilidade de sucesso de 
sua adoção – se não tivesse uma certa formação em ciências básicas e humanas. Um tanto 
de conhecimento de engenharia, química e outros campos amplia a capacidade do 
administrador de avaliar um produto ou técnica nova e assim reforçar a sua auto-confiança 
para incentivá-lo a avaliar inovações que, de outra forma, ignoraria.
30
 
 
 Em Phelps (2000, 2005), argumentei que a Europa Continental está mal preparada 
para ser uma plataforma de lançamento de inovações inusitadas como as da revolução da 
Internet pela carência de administradores do tipo Nelson-Phelps – e de consumidores 
dispostos a ousar como os do tipo Bhidé – devido à escassez de educações universitárias. 
(Como foi possível ao Continente agarrar-se às coisas americanas durante seus Anos 
Gloriosos? Essas coisas já eram bastante antigas para representarem alguma novidade.) 
De maneira semelhante, Bhidé e Phelps (2005) argumentam que o vasto aprendizado que 
administradores, gerentes e consumidores têm pela frente é um peso à inovação de sucesso 
na China. Se não fosse assim, o investimento e a demanda do consumidor seriam ambas 
mais fortes, o excedente em conta corrente menor e o crescimento mais acelerado. 
 
 A outra severa limitação da visão da pesquisa era, naturalmente, a de que é a gente 
do mundo dos negócios que constitui os que concebem o grosso das inovações em uma 
economia capitalista. Capitalismo é o domínio de Hayek. Numa economia assim, diz 
Hayek, há uma “divisão do conhecimento” entre diferentes pessoas – não apenas 
informação dispersa (“conhecimento dos preços correntes”), mas, de modo crucial, know-
how disperso quanto a “como as mercadorias podem ser obtidas e usadas”
31
 (Hayek, 1937). 
 
30
 O artigo foi ignorado durante o reinado das expectativas racionais, a partir de meados dos anos 1970. Mas 
“alguns poucos bons homens”, preocupados em compreender o mundo, o recuperaram (Robert J. Barro e 
Xavier Sala i Martin, 1997; Philippe Aghion e Peter Howitt, 1998). Os resultados de regressões calculadas 
por Jess Benhabib e Mark M. Spieger (1994) também ressuscitaram a tese de Nelson-Phelps. Ali, uma versão 
mais grosseira da tese de Nelson e Phelps, na qual toda a educação (até mesmo o ensino primário) é útil para 
avaliar e absorver inovações derrotou a tese de Becker e Mincer de que toda educação (inclusive a educação 
superior) cabe na função de produção como um fator de aumento do insumo de trabalho bruto. A glória não 
durou muito, pois Alan B. Krueger e Mikael Lindahl (2001) encontraram erros e concluíram que a tese 
Nelson-Phelps não se aplicava bem à Europa do pós-guerra. Minha réplica foi de que o Continente tinha, 
diante de si, pouca novidadereal quando tentava, nos anos 1960 e 1970, equiparar-se à tecnologia dos EUA, 
de modo que não requeria qualquer administrador do tipo Nelson-Phelps. Além disso, é a educação superior 
que é crucial para a equiparação e não a educação total. 
31
 O equilíbrio intertemporal, acrescenta ele, provavelmente sem necessidade, resulta em que as expectativas 
inevitavelmente formadas pelas firmas sejam consistentes, mas não resulta em que todo o conhecimento 
relevante tenha sido obtido. 
 18 
Os empresários de Hayek acham-se em constante esforço para ampliar seu conhecimento 
em alguma área onde o conhecimento é escasso ou não existente a fim de verificar se 
podem desenvolver alguma coisa comercialmente vendável que ninguém mais tenha 
concebido antes. Isso é criatividade – adquirir idéias que ninguém mais tem (ou que 
possivelmente venha a ter sem realizar a necessária exploração). Posteriormente, esboçou 
um modelo de como o empresário empreendedor, sem realmente saber o seu valor 
comercial, tem que lançar a inovação no mercado para “descobrir” o seu valor, se é que 
tem algum.
32
 
 
 Tentei, nos últimos anos, elaborar e aplicar a teoria da inovação de Hayek. Um 
artigo recente formaliza a teoria da inovação com o artifício teórico de uma feira periódica 
na qual se encontram empresários e financistas e fazem acordos, a despeito da informação 
incompleta (Phelps, 2006d). Fui igualmente feliz ao chegar a algumas conclusões 
empíricas: a presença ou ausência de importantes instituições financeiras, tais como a bolsa 
de valores, parece ter grande importância para a presteza como uma economia se apropria 
de uma oportunidade inovativa (Phelps e Zoega, 2001). Além do mais, vários atributos da 
cultura econômica de um país servem para estimular os empresários e, num sentido mais 
amplo, a incentivá-los, oferecendo-lhes uma força de trabalho disposta e um mercado 
receptivo a suas inovações (Phelps, 2006a, ver Tabelas 1, 2a, 2b e 3). Enveredei 
principalmente na direção do argumento de que, nas economias avançadas de qualquer 
maneira, o mecanismo e a descoberta da inovação conforma de maneira ampla a 
experiência e as recompensas da participação ativa na economia. 
 
VI. A Boa Economia: Inovativa e Inclusiva 
 
 Meu interesse na economia moderna e minha familiaridade com a sabedoria 
existente acerca da realização do homem me atraíram nas últimas duas décadas para a 
questão da boa economia. Esse não era um território inteiramente novo para mim. Ao 
apontar que a “discriminação estatística”, a qual priva os indivíduos de oportunidades e 
reduz seus incentivos para se prepararem e fazerem melhor, é absolutamente natural na 
presença dos custos de informação, eu sugeria que é difícil evitar a estereotipagem e que 
uma economia ideal está fora do alcance (Phelps, 1972c). Em trabalhos sobre a moralidade 
nos mercados, argüi que um pouco de altruísmo inibe vários atos anti-sociais, os quais, 
dada a informação assimétrica, o mecanismo de mercado e a legislação não conseguem 
impedir (Phelps, 1973). O livro de John Rawls (1971) me animou a explicar aos 
economistas sua concepção de “justiça econômica” (Phelps, 1973a; Phelps, 1985) e a 
aplicar (ele preferia “testar”) essa concepção em modelos de tributação com informação 
imperfeita (Phelps, 1973b; Janusz A. Ordover e Phelps, 1975). Conforme observado, essas 
idéias, em cada caso, se assentavam em uma ou mais imperfeição da informação. No 
entanto, esses modelos e o modelo de Rawl da economia assumiram, também, uma visão 
austera das fontes de satisfação humana, uma visão herdada da economia clássica. Esses e 
 
32
 Enfeitando um pouco uma observação feita por Amar Bhidé, o chefe de cozinha schumpeteriano opera em 
sua cozinha para acertar a receita exata que foi pedida, ao passo que o chefe de cozinha hayekiano, não tendo 
muita idéia do que agradaria aos comensais, faz experimentos com seus clientes (ver Hayek, 1961 e 
conferência de 1968). 
 19 
outros modelos clássicos nos deixaram sem concepções de uma boa economia adequada às 
possibilidades modernas. 
 
TABELA 1 – NECESSIDADES CLÁSSICAS OU VALORES NO TRABALHO 
(Percentagem de respondentes reportando cada necessidade) 
 
__________________________________________________________________________________________ 
 
 Oportunidades Trabalho Assumir Receber ordens Concorrer com os 
 `a iniciativa interessante responsabilidades outros 
_____________________________________________________________________________________________ 
 
Estados Unidos 52% 69% 61% 1,47 1,11 
Canadá 54% 72% 65% 1,34 1,01 
Grã-Bretanha 45% 71% 43% 1,32 0,57 
França 38% 59% 58% 1,19 0,67 
Itália 47% 59% 54% 1,04 0,48 
Alemanha 59% 69% 57% 1,13 1,21 
G7 ex-Japão 49% 67% 56% 1,21 0,8 
_____________________________________________________________________________________________ 
 
Obs.: Resultados dos levantamentos retirados de World Values Surveys 1981-2004, Ronald Inglehart et al.. 
 “Receber ordens” e “concorrer com os outros” são medidos numa escala de 0 a 2,2 (sendo este o valor mais 
 
 alto). 
 
 É axiomático que o que uma pessoa concebe como uma boa economia depende de sua 
concepção de uma vida boa. Para João Calvino (1536), a vida boa consistia de trabalho árduo e 
acumulação de riqueza. Para Hayek (1944) e Friedman (1962), vida boa era uma vida de 
liberdade. O apelo do trabalho e da liberdade pode significar que estes são requisitos para uma 
vida boa.
33
 Mas qual é a sua substância, qual a sua essência? 
 
 Numa conferência de 2003, propus que é uma carreira de desafios e de desenvolvimento 
pessoal o que compõe a essência de uma vida boa (Phelps, 2007). Comentou-se que esta é uma 
visão “muito americana”. Em minha réplica, comecei por lembrar que esta visão é a teoria 
clássica do que seja uma boa vida, uma teoria que se originou na Europa: Aristóteles declarou que 
as pessoas em toda parte desejam expandir seus horizontes e “descobrir seus talentos”. O 
personagem da Renascença Benvenuto Cellini descreveu as alegrias da criatividade e da 
realização das ambições pessoais em sua autobiografia. Nos tempos do barroco, Miguel de 
Cervantes e William Shakespeare dramatizaram a busca individual – uma visão moral a que 
Jacques Barzun e Harold Bloom denominaram vitalismo. Essa visão se reflete, em uma certa 
medida, em Thomas Jefferson e Voltaire, entre outras figuras do Iluminismo, e é interpretada 
pelos filósofos pragmáticos William James e Henri Bergson.
34
 A “auto-realização” em Abraham 
Maslow e em Rawls refere-se, em ambos os autores, a tudo isso, como também as “capacitações” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33
 Em todo caso, essas concepções de uma boa economia não são ricas o suficiente para fornecer uma 
economia política para nossos tempos. O calvinismo mostra-se compatível com o socialismode mercado 
com propriedade privada. À parte o imposto de renda negativo de Friedman e as várias exceções da obra dos 
anos do meio da vida de Hayek, ambos se apresentam mais entusiasmados com uma economia de livre 
mercado – governo pequeno e concorrência atomizada – do que com as oscilações especulativas e o 
expansivo comercialismo do capitalismo de hoje (nos lugares onde prospera). 
34
 O filósofo francês Henri Bergson foi guindado à fama nos anos que antecederam imediatamente a Primeira 
Grande Guerra com seu livro que afirmava a prevalência do “tornar-se” sobre o “ser” e do livre arbítrio sobre 
o determinismo. 
 20 
e o “fazer coisas” de Amartya Sen (1995). Esse conceito de realização humana obviamente difere 
da teoria da felicidade de Jeremy Bentham ou de “bem-aventurança” e não precisa estar 
correlacionado a uma felicidade reportada.
35
 
 
 
TABELA 2A – ORGULHO E SATISFAÇÃO DERIVADOS DO EMPREGO (EM UMA ESCALA DE 1 
A 10) E O NÚMERO REPORTADO DE PESSOAS SATISFEITAS (EM PERCENTUAL) 
_____________________________________________________________________________________ 
 Envolvimento com o Satisfação com o Sente satisfação Sente satisfação Satisfação 
 emprego (orgulho emprego com a vida com a vida resultante 
 derivado do emprego) familiar com a vida 
 fora de casa 
______________________________________________________________________________ 
 
Estados Unidos 9,7 7,8 81% 87% 75% 
Canadá 9,0 7,9 84% 89% 79% 
Grã-Bretanha 9,3 7,4 74% 85% 63% 
França 5,7 6,8 59% 72% 46% 
Itália 6,7 7,3 71% 81% 61% 
Alemanha 6,0 7,0 71% 76% 66% 
Japão 7,3 n.d. 53% 62% 44% 
______________________________________________________________________________________________ 
 
Obs.: Resultados dos levantamentos retirados de Human Beliefs and World Values, Ronald Inglehart et al.. 
 
 TABELA 2B – EVIDÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS E OUTROS INDICADORES DE DESEMPENHO 
_____________________________________________________________________________________ 
 Força de trabalho Força de trabalho Emprego em Remuneração Produção de 
 masculina em % feminina em % % da força do trabalho mercado por 
 da população da população de trabalho por trabalhador hora em 
 masculina em idade feminina em idade - 2003 - - 1996 - 1992 
 de trabalhar - 2003 de trabalhar - 2003 
______________________________________________________________________________ 
 
Estados Unidos 85% 70% 94% US$ 31.994 100 
Canadá 85% 69% 92% US$ 23.751 -- 
Grã-Bretanha 85% 67% 95% US$ 22.008 73 
França 76% 61% 90% US$ 24.192 92 
Itália 76% 45% 91% US$ 21.822 -- 
Alemanha 79% 62% 91% US$ 23.946 92 
______________________________________________________________________________________________ 
 
Obs.: Homens na força de trabalho como % da população masculina em idade de trabalhar e o emprego como % da 
força de trabalho são computados para o ano de 2003 (OECD); a remuneração do trabalho por trabalhador é 
computada como a razão entre a compensação total e a força de trabalho a partir de dados de 1996 (Extended Penn 
World Tales); a produção de mercado por hora trabalhada é dada para o ano de 1992 (Solow e Baily, 2001). 
 
 
35
 Sei que alguns pesquisadores recentes em felicidade chegaram à conclusão que, alcançado um certo nível, 
as nações não ganham felicidade adicional ao acumularem maior riqueza com a qual são capazes de gerar 
maior renda. (Isso soa um pouco como a regra de ouro da acumulação de ativos.) Essa conclusão, mantenha-
se ou não ela firme, não implica que haja algum nível de saciedade das gratificações clássicas. Sugere apenas 
que, após um certo ponto, uma renda maior não impulsiona a satisfação das necessidades clássicas. 
 21 
 
TABELA 3 – MEDIDAS DO DINAMISMO DA ECONOMIA 
______________________________________________________________________________________ 
 
 Liberdade para tomada Rotatividade Patentes concedidas Intensidade de P & D 
 de decisões no trabalho das firmas por pessoa em idade ajustada para a estrutura 
 listadas de trabalhar da indústria 
 ______________________________________________________________________________ 
 
Estados Unidos 7,4 118% 3,7 2,9 
Canadá 7,2 106% 1,3 1,8 
Grã-Bretanha 7,0 65% 0,8 1,9 
França 6,4 79% 0,9 2,2 
Itália 6,7 63% 0,4 1,0 
Alemanha 6,1 42% 1,5 2,2 
______________________________________________________________________________________________ 
 
Obs.: “Liberdade para tomada de decisões no trabalho” está medida em uma escala de 1 a 10, sendo 10 a mais alta; 
média para o período 1990/1993 (Human Beliefs and World Values, Ronald Inglehart et al.); “rotatividade das firmas 
listadas” representa o número de saídas e entradas no Índice Nacional de Ações do MSCI para cada país, no período 
de 2001 a 2006, como percentual do número de firmas em 2001; os dados de patentes são uma média para 1990-
2003 (da Organização

Outros materiais