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O INCONSCIENTE A direção do tratamento e os princípios de seu poder (Lacan, 1961) O conjunto de estruturas clínicas fornece os elementos teóricos para que o analista possa levantar uma hipótese diagnóstica pautada pela transferência, pela fala que se dirige ao analista. As estruturas clínicas permitem ao analista uma lógica de intervenção que não é orientada pelo saber do analista, mas por uma política. O método psicanalítico se dá a partir de três pontos: 1.Avaliação clínica; > Subjetivação 2.Localização subjetiva; 3.Introdução ao inconsciente > Retificação Da avaliação clínica à localização subjetiva Jacques-Alain Miller Na clínica, não se trata do sujeito de fato, mas de direito: "tenho direito a que?" O essencial, para nós, é o que o paciente diz, ou seja, precisamos nos separar da dimensão do fato para entrarmos na dimensão do dito, que não está muito longe do direito. Mas ir dos fatos aos ditos não é suficiente, um segundo passo essencial é questionar a posição tomada por quem fala quanto aos próprios ditos. É imperativo para o analista distinguir sempre entre o enunciado e a enunciação, e paralelamente entre o dito e o dizer. Uma coisa é o dito como fato, e outra é o que o sujeito faz do que disse. Entrevistas preliminares: investigar o sintoma e construir um diagnóstico preliminar. O sintoma do paciente interpretado por ele mesmo fornece um acesso à organização simbólica que o representa enquanto sujeito. O sintoma psicanalítico só existe se for falado pelo paciente. O sintoma psicanalítico é constituído na experiência psicanalítica, no endereçamento do discurso do paciente ao analista. O primeiro momento da experiência analítica se traduz por uma reorganização do sintoma. Ficar à espreita daquilo que o sintoma comporta como solução objetiva incalculável, assim como da resposta que cada paciente traz para problemas que não tem coordenadas previstas. Boca Maldita A psicanálise consiste na ética do bem-dizer. "Na análise não se dá bênçãos, 'ensina-se' a dizer bem aquilo que se fala, aprende-se um bem-dizer" "O dito e o dizer: é preciso levar em conta a possibilidade de modificar a posição subjetiva com relação ao dito" "O analista é, ao mesmo tempo, o lugar vazio onde o sujeito está convidado a falar, e essa pedra em torno do qual as palavras circulam" A retificação subjetiva Na psicanálise se dá um lugar para si mesmo, portanto, é preciso localizar a demanda de si mesmo no contexto de seu próprio sintoma: começa aí o ato analítico, pois o analista autoriza que o sujeito, ao se auto avaliar, possa dizer do que lhe é próprio. Lacan chamou de retificação subjetiva à passagem do fato de queixar-se dos outros para queixar-se de si mesmo. Dá-se a retificação subjetiva quando, em análise, o sujeito aprende sua responsabilidade essencial no que ocorre. Na psicanálise, nada do que você disser poderá ser usado contra você, é a regra da associação livre, mas você está, continuamente, obrigado a testemunhar contra si mesmo. O INCONSCIENTE É UM DISPOSITIVO LÓGICO O SUJEITO FREUDIANO É EFEITO DO DESCONHECIMENTO E DA DÚVIDA O INCONSCIENTE É O PARTICULAR DE CADA SUJEITO NA RELAÇÃO ANALÍTICA É UM SISTEMA PSÍQUICO DISTINTO DOS DEMAIS E DOTADO DE ATIVIDADE PRÓPRIA Não se demonstra, mas se mostra (através de suas formações). A psicanálise se situa fora da problemática da consciência e, portanto, fora da problemática da psicologia. Não é o mais profundo, nem o mais tumultuado, nem o menos lógico, não é o que se encontra "abaixo" da consciência. É um estrutura diferente da consciência, mas igualmente inteligível. E não simplesmente um adjetivo (o que não é consciente). As Características do sistema inconsciente No sistema Ics podem coexistir, lado a lado, duas representações contraditórias sem que isso implique a eliminação de uma delas. Não há o princípio da não contradição, ou seja, não há símbolo da negação no inconsciente. A negação só vai aparecer pelo trabalho da censura feito na fronteira entre os sistemas Ics e Pcs/Cs. Cada um dos sistemas possui um modo próprio de funcionamento que Freud denominou de Processo Primário e Processo Secundário: No inconsciente não há temporalidade: o inconsciente é atemporal, seus conteúdos não somente não estão ordenados no tempo, como não sofrem a ação desgastante do tempo. Não há inscrição de gênero no inconsciente. O sexo é determinado segundo a identificação com o significante falo que inscreve na cadeia inconsciente a diferença sexual. "O inconsciente é estruturado como uma linguagem." (Lacan) A linguagem, da forma como opera no inconsciente, obedece a um tipo de gramática, isto é, um conjunto de regras que comandam a lógica do inconsciente e suas formações. "O inconsciente é a língua particular de cada sujeito produzida na relação analítica." (Lacan) A Estrutura do Inconsciente UM LUGAR PSÍQUICO REPRESENTAÇÕES PSÍQUICAS não é substancial, anatômico, corporificável. inscrições da pulsão nos sistemas psíquicos O que encontramos nesse lugar não são coisas, mas representações (Vorstellungen): Os Conteúdos dos Sistemas Psíquicos são as representações e os afetos as representações se dividem em: REPRESENTAÇÕES DE COISAS inconsciente REPRESENTAÇÕES DE AFETOS pré-consciente/consciente
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