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CONVERGÊNCIA DA CONTABILIDADE BRASILEIRA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS Área Temática: Contabilidade para Usuários Externos RESUMO A convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais de contabilidade admite análise comparativa de relatórios financeiros das entidades de modo a uniformizar, sem distorções, permitindo assim tomadas de decisões com alto nível de fundamentação. A presente pesquisa versa acerca da convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais em razão da importância do tema junto à comunidade acadêmica em um momento o país está em plena atividade econômica e com sólidas relações internacionais. A Lei nº 11.638 trouxe alterações à Lei nº 6.404/76 de forma a atualizar as normas contábeis brasileiras em relação aos padrões internacionais, promover maior transparência na evidenciação das informações contábeis para todos os seus usuários, dentre outras, sendo tais alterações de extrema importância para a atual contabilidade brasileira. Outro fato importante para a contabilidade brasileira a partir do advento da Lei nº 11.638 se revela na utilização da capacidade de julgamento que o profissional contábil terá que praticar que se traduz no uso do bom senso seguindo a essência econômica sobre a forma jurídica. A presente pesquisa possui por objetivo geral evidenciar a importância da convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais. São objetivos específicos: apresentar a importância da informação contábil para as entidades no atual momento da contabilidade brasileira; verificar os aspectos da contabilidade contemporânea no Brasil e sua necessidade de convergência aos padrões internacionais e elucidar o histórico da regulamentação contábil. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa. O estudo foi exploratório e procuramos levantar dados que possibilitem um melhor conhecimento sobre a temática estudada. Foi utilizada pesquisa bibliográfica. Os resultados deste estudo demonstram que as variadas formas de contabilização das empresas, podem impedir que o usuário possa fazer comparações, o que não ocorre com a padronização, afinal, os usuários da contabilidade possuem diferentes necessidades informacionais, portanto a padronização possibilita que esses possam ter a suas diferentes, mas com o mesmo padrão de informação. As conclusões evidenciam que é incontestável a importância da convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais em razão da globalização, como também do momento pelo qual passa o Brasil, com excelentes relações econômicas internacionais, em que as empresas necessitam de relatórios padronizados para melhor compreensão das informações contábeis. Palavras-Chave: Convergência. Padrão Internacional de Contabilidade. Normas Contábeis. ABSTRACT The convergence of Brazilian accounting to international accounting standards allows comparative analysis of financial reports of entities in order to standardize, without distortion, thus making decisions with a high level of reasoning. This research is about the convergence of Brazilian accounting to international standards because of the importance of the topic in the academic community at a time when the country is in full swing with strong economic and international relations. Law nº. 11.638 brought changes to the Law nº. 6404/76 so as to update the accounting norms in relation to international standards, promote greater transparency in the disclosure of accounting information for all its users, among others, these changes being of utmost importance to the current Brazilian accounting. Another important factor accounting for the Brazilian from the enactment of Law nº.. 11.638 is revealed in the utilization of the trial that the professional accounting will have to practice that translates into the use of common sense by following the economic substance over legal form. This research has aimed to highlight the general importance of convergence of Brazilian accounting to international standards. Specific objectives are: to present the importance of accounting information for the entities in the current moment of Brazilian accounting, checking accounting aspects of contemporary Brazil and the need for convergence with international standards and to elucidate the history of accounting regulations. The methodology was qualitative. The exploratory study was to collect data and seek to gain a better understanding of the subject studied. Literature search was used. The results of this study demonstrate that the various forms of accounting firms, they can prevent the user can make comparisons, which does not occur with the standardization, after all, users of accounting information needs are different, so the standardization allows these may have their different, but with the same pattern of information. The findings show that it is indisputable the importance of convergence of Brazilian accounting to international standards because of globalization, but also the moment that is Brazil, with excellent international economic relations, in which companies require standardized reports for better understanding of the information statements. Key-words: Convergence. International Accounting Standards. Accounting Standards. Introdução A contabilidade é uma Ciência Social Aplicada, e, por esse motivo sofre influência do seu ambiente. Valores culturais, tradição histórica, estrutura econômica e social refletem nas práticas contábeis de uma nação e como consequência, a evolução de tais práticas podem estar relacionadas ao grau de desenvolvimento econômico de cada país. Embora a contabilidade seja a linguagem dos negócios, essa linguagem não se reflete de forma homogênea em todos os países do mundo, devido a cada país possuir suas práticas contábeis próprias. O presente trabalho traz o enfoque da convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais. Esta pesquisa justifica-se pela relevância do tema junto à comunidade acadêmica em um momento em que o país está em plena atividade econômica e com sólidas relações internacionais. Dessa maneira, o presente estudo tem como objetivo geral evidenciar a importância da convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais. Embasado no objetivo geral, buscamos alcançar os seguintes objetivos específicos: a) apresentar a importância da informação contábil para as entidades no atual momento da contabilidade brasileira; b) verificar os aspectos da contabilidade contemporânea no Brasil e sua necessidade de convergência aos padrões internacionais; c) elucidar o histórico da regulamentação contábil. A metodologia adotada nesta pesquisa caracterizou-se como qualitativa. Para a coleta de dados, utilizamos a pesquisa bibliográfica. O presente estudo é de natureza exploratória uma vez que procura levantar dados que possibilitem um melhor conhecimento sobre a temática estudada. Importância da Informação Contábil O contexto contemporâneo demanda, como um fator essencial, a utilização de informações como elemento fundamental e relevante para a gestão empresarial no processo decisório. Atentemo-nos às transformações atuais na economia e na sociedade, impostas pela globalização dos mercados, pelas novas estratégias organizacionais, pelos novos modelos de gestão e pela influência do macro ambiente. Nesse sentido, entendemos a importância da informação para o universo corporativo, constituindo-se em uma ferramenta poderosa para as organizações. Sem ela, os processos decisórios não adquirem a devida consistência e podem ter consequências nocivas para as organizações, como a não obtenção dos resultados esperados. Porter (1986) afirma que no ambiente competitivo, um dos fatores que determina o diferencial das empresas é a forma como a informação é utilizada. Dessa forma, os gestores devem ir a busca de informações que espelhem fielmente a real situação dasorganizações, pois o processo decisório eficaz ocorre ao alcançar os resultados pretendidos. Diante dos desafios que os gestores enfrentam no cenário turbulento e altamente competitivo dos dias atuais, necessitando de informações relevantes, que retratem as reais necessidades da organização para o alcance de suas metas e dos seus objetivos (PORTO, 2007). As informações contábeis devem ser apresentadas aos seus usuários, que por sua vez, a partir da análise destas, irão tomar as decisões acerca dos atos e fatos organizacionais. Matarazzo (2010) corrobora com o exposto acima quando afirma que um dos elementos mais importantes na tomada de decisões em relação a uma entidade é a análise das suas demonstrações financeiras. Assim, os diversos grupos de usuários da contabilidade analisam as informações contábeis por meio dos seus relatórios. Pode-se afirmar que são os stakeholders, ou seja, grupos de interesse que a influenciam a organização ou que recebem dela suas influências. Suas contribuições e exigências irão definir o ambiente e as restrições gerais para que a organização possa operacionalizar da melhor forma, proporcionando assim melhor produto ou serviço ao cliente. A seguir, podemos observar os grupos de usuários da contabilidade: Usuários Internos: � Sócios e administradores: tomadas de decisão; � Funcionários: reivindicação de melhores salários, benefícios etc. � Auditores Internos: proteção aos funcionários. Usuários Externos: � Governo: para fins de tributação, regulamentação e normatização contábil e de políticas econômicas para o país; � Bancos: análise da capacidade de honrar seus compromissos financeiros, tais como: empréstimos e financiamentos; � Investidores: análise das informações econômico-financeiras através de relatórios contábeis, para a decisão sobre os melhores investimentos; � Auditores Externos: protegem os investidores e dão credibilidade às informações contábeis das empresas; � Fornecedores: análise da capacidade de liquidez da empresa; � Clientes: análise da capacidade de entrega dos pedidos conforme as especificações acordadas. Desse modo, entende-se que a informação contábil deve ser estruturada para melhor atender aos seus diversos usuários. Nesse sentido, Iudícibus, (2002, p. 53), afirma a necessidade do “planejamento contábil em que um sistema de informação é desenhado, colocado em funcionamento e periodicamente revisto...” Diante do exposto, percebemos a informação contábil como recurso fundamental para qualquer tipo de organização e, quando dotada das características qualitativas, tais como: compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade, converte-se em poderosa ferramenta organizacional. Aspectos da Contabilidade Contemporânea no Brasil Entre as décadas de 1970 e 1990 o Brasil encontrava-se com uma estrutura econômica relativamente estagnada, financeiramente frágil e tecnologicamente defasada, conservada por uma década à custa da desestruturação. Conforme Porto (2003), o país convivia com altas taxas de inflação, de juros e de desemprego e crescimento da dívida externa sobre os empréstimos contraídos para financiamento do crescimento, na época de estabilidade econômica, entre 1968 e 1974 (época do Milagre Econômico). Como estratégia de estabilização, tentativas de contenção monetária e fiscal buscando a liberalização da economia e a reestruturação espontânea do setor empresarial. Entretanto, ocorreu a elevação do endividamento bancário de curto prazo de muitas empresas. A década de 1980, para o Brasil, foi a “década perdida” devido à interrupção da oferta de financiamento externo, em razão da falta de crédito do país, gerando estagnação da economia (FIORI, 1989). O cenário mundial passava por profundas transformações nos planos: econômico, político e social. Essa foi a década da globalização, processo iniciado a partir da segunda metade do Século XX, com integração das economias e das sociedades dos vários países, especialmente no que se refere à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros e à difusão de informações. Mega corporações passaram a operar simultaneamente em muitos países diferentes e explorar em proveito próprio, com base nas vantagens comparativas, as variações nas condições locais. Houve verdadeira revolução das telecomunicações com conexão entre os mercados globais em tempo real, com grande liberalização dos fluxos de capital entre países. Tal integração do mercado mundial só foi possível com a implosão do bloco soviético: por um lado, isso permitiu que os Estados Unidos assumissem o papel de única superpotência no mundo; e, por outro, o capitalismo, como único sistema econômico mundial. Nesse período houve o dito esgotamento do Modelo Keynesiano e ascensão do neoliberalismo derivado da Teoria Liberal que tem a propriedade privada enquanto um direito natural e inviolável dos cidadãos, não intervenção do Estado na livre iniciativa dos empreendedores. Privatizações, fusões e aquisições com predominância do capital estrangeiro marcaram, principalmente, a década de 1990. Tais fatos não acarretaram acréscimos na capacidade produtiva do país - o capital financeiro apoiava-se na especulação, com elevadas taxas de juros. Grande número de empresas nacionais decretou falência por não conseguir sustentar a sua produção, financiada por altas taxas de juros de empréstimos. Determinados setores privatizados consideradas maus negócios para o país, foram considerados bons negócios para as empresas de capitais internacionais que as adquiriram. As consequências podem ser descritas como graves problemas sociais e econômicos. Os problemas sociais foram descritos como: grande número de trabalhadores alijados de seus postos de trabalho, gerando assim, aumento do número de trabalhadores informais e crescimento de pequenas empresas, frutos de planos de demissões voluntárias sendo estas contratadas de grandes empresas, trazendo como consequências: terceirização da mão-de-obra em substituição aos postos de trabalho, elevação da quantidade de mulheres de família de baixa renda no mercado de trabalho para prover o sustento da família em razão de grande contingente do sexo masculino demitido. Os problemas econômicos podem ser assim expostos: supervalorização do Real em relação ao dólar; juros como instrumento de controle dos preços; e explosão da Crise Brasileira em 1999. O panorama anterior a esta época do Brasil demonstrava um baixo crescimento durante vinte anos, com surtos de expansão econômica seguidos de pressões inflacionárias e crises externas; setor produtivo constrangido em razão das restrições ao crédito. Assim, existia potencial de crescimento da economia reprimido em um período de grande crescimento mundial, com o Brasil à margem do comércio internacional. O cenário atual mostra avanços nas áreas sociais que levam a maior autonomia frente às potências capitalistas e ciclo de crescimento de modo sustentável. A desigualdade de renda medida pelo Índice de Gini1 caiu, houve redução e controle da inflação. As reservas internacionais ultrapassam os 300 bilhões de dólares: em agosto de 2011, o Brasil possui R$ 353.397 bilhões de dólares em reservas internacionais (BACEN, 2011). Pela primeira vez, o Brasil é credor externo, ou seja, as reservas internacionais são maiores do que a dívida externa. No que se refere à contabilidade, sua história recente no Brasil se origina da década de 1970, depois da implementação de leis específicas para a reforma bancária bem como para o fortalecimento do mercado de capitais. Conforme Porto (2003), durante muito tempo, no Brasil, a contabilidade foi direcionada apenas para o cumprimento às normas legais. Entretanto, a Lei das Sociedades por Ações – Lei nº 6.404 editada em 15 de dezembro 1976 provocou grande revolução na área contábil e estabeleceu aprimoramento nesta área no Brasil.Durante todo esse período esta Lei sofreu alterações de modo a manter a contabilidade brasileira atualizada com o processo evolutivo através dos tempos. Assim, posteriormente à década de 1970 a contabilidade brasileira passa a se vincular além da legislação societária, à regulamentação aplicada por organismos governamentais, a exemplo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Central do Brasil (BC), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), e diversas agências reguladoras, tais como: Aneel, Anatel, dentre outras (NIYAMA; SILVA, 2008). No caminho da internacionalização da contabilidade brasileira, no ano de 2005 foi 1 Índice de Gini: mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula). Fonte: http://www.pnud.org.br/popup/pop.php?id_pop=97 criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), por meio da Resolução CFC nº 1.055/05, a partir da união das seguintes entidades: Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA); Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC NACIONAL); Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F BOVESPA); Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI) e Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Segundo o CPC, a sua criação ocorreu como: ...resultado da abertura da economia brasileira para o exterior, que colocou nossas empresas em contato direto com economias mais avançadas, inclusive com títulos negociados nas bolsas de maior movimento do mundo, e ao alcance dos investidores sediados em outros países. Portanto, a razão da sua existência é a convergência internacional das normas contábeis, a centralização na emissão de normas dessa natureza, bem como a representação e na produção das suas informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo). Os objetivos do CPC são: ... o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. Em 28 de dezembro de 2007, o Projeto de Lei nº 3.741/00 foi convertido na Lei nº 11.638, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2008, trazendo alterações à Lei nº 6.404/76, de forma a atualizar as normas contábeis brasileiras em relação aos padrões internacionais, promover maior transparência na evidenciação das informações contábeis para todos os seus usuários, dentre outras, sendo tais alterações de extrema importância para a atual contabilidade brasileira. Essas alterações são de fundamental importância para a convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais. As novas regras são aplicáveis a qualquer tipo de sociedade, independentemente da sua constituição jurídica. Neste sentido, Martins e Santos (2008, p. 1) afirmam: ... mais do que mudanças em normas, essa internacionalização significa uma mudança de filosofia, postura e pensamento quanto a pelo menos três tópicos: primazia da essência sobre a forma, primazia da análise de riscos e benefícios sobre a propriedade jurídica e normas orientadas por princípios e não por regras excessivamente detalhadas e formalizadas. Tal afirmação expressa que essa grande mudança na contabilidade brasileira teve início com a Lei nº 11.638/2007, pois o profissional contábil terá que utilizar de modo mais constante sua capacidade de julgamento, que se traduz no uso do bom senso seguindo a essência econômica sobre a forma jurídica. A Lei nº 11.638/07 alterou o conjunto das demonstrações contábeis obrigatórias que devem ser elaboradas e apresentadas pelas entidades, de forma a convergir a contabilidade brasileira aos padrões internacionais de contabilidade. Após a Lei nº 11.638/07 evidencia-se a modificação neste conjunto de demosntrações contábeis obrigatórias a partir do exercício social de 2008: Balanço Patrimonial - BP; Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPA (pode ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL); Demonstração do Resultado do Exercício - DRE; Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC; Demonstração do Valor Adicionado – DVA (companhia aberta). A referida Lei estabelece que as companhias fechadas que tenham Patrimônio Líquido inferior a dois milhões de reais, na data do balanço, não serão obrigadas a elaborar e publicar a Demonstração dos Fluxos de Caixa. Assim, em razão da internacionalização da contabilidade brasileira, as modificações inseridas na Lei das S/A, visam atrair investimentos no mercado de capitais. Suas regras buscam, dentre outros: corrigir impropriedades e erros da Lei 6.404/76; adaptar a Lei às mudanças sociais e econômicas decorrentes da evolução do mercado e fortalecer o mercado de capitais, mediante implementação de normas contábeis e de auditoria internacionalmente reconhecidas. A Lei nº 11.941 de 27 de maio de 2009 converte a Medida Provisória nº 449, de 2008, estabelecendo, dentre outros, a nova estética do Balanço Patrimonial, parcelamento de débitos tributários federais e instituição de novo parcelamento de débitos tributários, em até 180 meses e com redução de multa e juros. Vantagens da padronização da Contabilidade Como uma das vantagens da padronização da contabilidade, entendemos que esta pode levar à diminuição de assimetria de informação, pois esta última é um bem econômico e possui valor sendo que a empresa detentora, muitas vezes, limita o acesso às suas informações se não existir uma norma específica que a faça demonstrar. Outra vantagem seria a redução de variadas formas de contabilização das empresas, que pode impedir que o usuário possa fazer comparações, o que não ocorre com a padronização, afinal, os usuários da contabilidade possuem diferentes necessidades informacionais, portanto a padronização possibilita que esses usuários possam ter a suas informações, mas com o mesmo padrão de informação. A contabilidade é uma importante fonte de informação para o mercado de capitais (interesse dos Governos nas informações contábeis para redução e / ou eliminação de incertezas na tentativa de eliminar ou coibir fraudes no mercado), portanto, a padronização se insere como algo de importância nesse contexto. Do mesmo modo, ainda como vantagem, compreendemos que a contabilidade é considerada um bem público, e, portanto acessível a todos. Assim sendo, com a padronização, este fato ganha maior destaque. Com a padronização todos os acionistas passariam ter acesso igual à informação e assim nenhum custo adicional poderia ser cobrado pelo direito da informação. Mesmo nos casos em que o direito de receber a informação financeira é um direito do proprietário, os não- acionistas devem poder examinar, a um custo mínimo, a informação. Breve Histórico da Regulamentação Contábil Conforme Lemes e Carvalho (2010), após a crise da Bolsa de Nova Iorque de 1929, componentes do Governo dos Estados Unidos, juntamente com membros do congresso norte- americano, dirigentes organizacionais, analistas de crédito, auditores e analistas do mercado de ações e pesquisadores das academias existentes realizaram análises acerca da gênese da referida crise e o que poderia ser feito para a sua superação, pois economistas e advogados culpavam os contadores em partepela falta de uniformidade das práticas contábeis. Consoante Hendriksen e Van Breda (1999) foram feitas críticas à falta de uniformidade na prática contábil como indicou, em 1930, J.M.B. Hoxsey (assistente executivo do Comitê de Empresas Registradas na Nyse): • inexistência de uniformidade na área de depreciação e consolidação; • recusa de divulgação de receitas em razão da concorrência; • conservadorismo na avaliação de estoques; • despesas excessivas de depreciação; • informação não compreensivas para os acionistas (estes não conseguiam determinar o real valor dos seus investimentos). Ainda segundo os autores supracitados foram feitas várias críticas infundadas, pois alguns anos antes, a Associação Americana de Contadores (AIA) convidou a Nyse para uma discussão, mas esta não aceitou, revelando descuido da Nyse em relação às exigências de registro para negociação (demonstrações financeiras). Outro fato é que não existia obrigatoriedade de exame dos relatórios pelos auditores. Assim, algumas medidas foram tomadas e, dentre elas regulamentação governamental e uma normatização contábil, relativas para a elaboração e auditoria de demonstrações financeiras ou demonstrações contábeis. Medidas Criação, pela AIA, de uma Comissão Especial de Cooperação com as Bolsas de Valores, dirigida pelo presidente do Conselho da AIA e exigência da Nyse de que, a partir de 1º de julho de 1933, todas as empresas que solicitassem registro na Nyse, fornecessem demonstrações financeiras acompanhadas de pareceres de auditores credenciados sob as leis de algum estado ou país. Os pareceres obedeceriam aos critérios de Verification of Financial Statement, publicado pelo Federal Reserve Board - Banco Central dos EUA, em 1929 e conteriam opinião sobre a fidedignidade, coerência e conformidade com as práticas contábeis aceitas. Assim, buscando uma melhor regulamentação, em1934 foi criada, por meio de um ato do Congresso norte-americano, a Securities and Exchance Commission (SEC), órgão fiscalizador independente do governo federal para supervisionar o cumprimento da lei de Veracidade na Emissão de Títulos e outras leis que vieram a seguir. A partir de então, passou a existir a exigência de registro de títulos junto à SEC antes de serem vendidos ao público, as informações financeiras e de outra natureza passaram a ser divulgadas por meio de um instrumento de registro e de um prospecto, à disposição do público para análise e foram exigidas atualizações financeiras periódicas para o público pelas empresas. De igual forma, passaram a ser exigidas ressalvas nas demonstrações financeiras, sob pena de notificação de deficiência que pode levar, se não for eliminada, ao cancelamento a suspensão de negociação com ações. Havia, nos Estados Unidos, grandes apelos de comparabilidade pela necessidade de novos métodos contábeis. Foi então criado o Accounting Principles Board (APB) - Conselho de Princípios Contábeis. Seus objetivos eram promover a redação de princípios contábeis geralmente aceitos e limitar as áreas de divergências em termos de prática apropriada e conduzir a discussão de questões não dirimidas e controvertidas. Em 1972 foi produzido o Relatório do Grupo Wheat (levava o nome de Francis M. Wheat-ex-conselheiro da SEC). Em 1973 houve a extinção do APB e a formação do Financial Accounting Foundation (FAF) - Fundação de Contabilidade Financeira e formação do Financial Accounting Standards Board (FASB) e do Finacial Accounting Standards Council (FASAC) - Conselho Consultivo de Padrões de Contabilidade Financeira. Também em 1973, em foi criado o International Accounting Standards Commitee (IASC) – Comitê de Normas Contábeis Internacionais com o objetivo de produzir normas de contabilidade conjuntas com diversos países. Esse organismo produziu as International Accounting Standards (IAS) - Normas Contábeis Internacionais até o ano de 2001 (LEMES; CARVALHO, 2010). Em 2001 a parir de uma consonância na comunidade empresarial internacional no que se refere à necessidade de consubstanciar a elaboração das normas internacionais. Assim sendo, houve reforma no funcionamento do IASC: • criação de um organismo supervisor da forma de funcionamento da entidade que produz as normas contábeis internacionais – Monitoring Board (Junta de Monitoramento), composto de dirigentes de organizações internacionais no sentido de adicionar credibilidade e legitimidade ao processo de normatização contábil internacional, visando que os reguladores dos mercados de capitais que exigem ou permitem o uso das normas do International Financial Reporting Standards (IFRS) - Normas Internacionais de Relatórios Financeiros, em suas jurisdições possam mais eficazmente ao desvincular de seus deveres relativos à proteção dos investidores, integridade dos mercados e formação de capital. Nessa Junta existe um representante de cada uma das seguintes autoridades públicas: • International Organization of Securities Commissions (IOSCO) - Comitê de Mercados Emergentes da Organização Internacional das Comissões de Valores; • Comitê Técnico da IOSCO; • Agência governamental reguladora de Serviços Financeiros do Japão; • a SEC nos Estados Unidos. Nessa época foi constituída a International Accounting Standards Committee Foundation (IASC Foundation), que tem por objetivos: • promover, no interesse público, um conjunto único de normas contábeis de alta qualidade; • promover o uso e rigor na aplicação dessas normas; • viabilizar a convergência das normas contábeis rumo às normas internacionais. O International Accounting Standards Board (IASB) - Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade é um organismo independente de elaboração e emissão de normas contábeis internacionais. Sua sede é em Londres. Sua finalidade é propor normas para balizar a elaboração e a divulgação das demonstrações contábeis, procurando fazer com que essas normas sejam acatadas mundialmente, ou seja, que haja uma convergência (LEMES; CARVALHO, 2010). Este organismo emite as International Financial Reporting Standards (IFRS) - Normas Internacionais de Relatórios Financeiros, que é o Padrão Internacional de Contabilidade. A representação no Brasil é por meio do IBRACON e pelo CFC. É Composto por dezenove curadores do todo o mundo, inclusive pelo Brasil. São objetivos do IASB: • elaborar e publicar, notoriamente, normas contábeis internacionais, que deverão ser observadas nos relatórios contábeis; • promover a aceitação e adoção prática de tais normas em escala mundial. Processo de Elaboração nas Normas Contábeis Internacionais pelo IASB: Representantes da comissão, membros, outras organizações etc., solicitam aos seus membros que submetam sugestões para os novos tópicos que podem ser objeto de estudo para normatização internacional. O processo estabelecido pelo conselho garante que as normas tenham padrões de qualidade e que requeiram práticas de contabilidade apropriadas. O procedimento também assegura que as normas sejam aceitas e válidas para os usuários e elaboradores de relatórios financeiros. O IASB escolhe um tema de estudo em função dos objetivos perseguidos pelo conselho. O tema escolhido é estudado por um grupo de trabalho constituído por representantes dos países-membros. O IASB estuda os projetos em diferentes etapas de desenvolvimento, formulando recomendações ao grupo de trabalho. Em cada uma das etapas em que o projeto é objeto de exame, todos os membros fundadores do IASB efetuam consultas ao correspondente comitê de investigação contábil de seus próprios institutos. O texto do projeto da norma contábil internacional é objeto de aprovação pelo IASB. Todos os comentários recebidos são examinados pelo grupo de trabalho responsável pelo projeto. O conselho do IASB aprova o texto definitivo da norma contábil que, aprovada, deve ser publicada pelas organizações-membros em seuspaíses respectivos. O Padrão IFRS O padrão IFRS foi adotado pelos países da União Européia a partir de 2005 objetivando a harmonização dos relatórios financeiros consolidados publicados pelas empresas capital aberto da Europa. Desse modo, o objetivo dos relatórios financeiros em padrão IFRS é evidenciar a posição financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de uma entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários (investidores, empregados, fornecedores, clientes, instituições financeiras ou governamentais, agencias de notação e público) em suas tomadas de decisão. Portanto, no Brasil a contabilidade vive um momento muito importante, a partir do processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade ao padrão IFRS, sendo que as diferenças entre as normas brasileiras e normas internacionais são muito reduzidas se comparadas a outros países, pois desde o início da década de 1990 o CFC bem como a CVM emitem suas normas em convergência às normas do IASB, dentro dos limites da lei. Dessa maneira, o Brasil já caminhava em direção às mudanças, sendo que algumas entidades não sentirão tantos impactos, já que suas operações compreendiam as normas que já estavam em vigor. Conclusões A presente pesquisa possibilitou apreciar a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais. Esta avaliação foi possível pela análise das respostas fornecidas com base na pesquisa bibliográfica, realizada no presente estudo. O estudo permitiu evidenciar a importância da convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais, refletindo as necessidades e os interesses de todas as partes envolvidas neste processo, principalmente os usuários das demonstrações contábeis. No que se refere ao objetivo específico de apresentar a importância da informação contábil para as entidades no atual momento da contabilidade brasileira, constatamos que a importância das informações disponibilizadas pela contabilidade ocorre em razão das tomadas de decisões pelos diversos usuários, tanto internos quanto externos. Em relação ao objetivo específico de verificar os aspectos da contabilidade contemporânea no Brasil e a necessidade da convergência aos padrões internacionais, compreendemos a necessidade do profissional de contabilidade permanecer sempre alerta tanto ao cenário nacional quanto ao cenário internacional, ou seja, tanto ao micro quanto ao macro ambiente, no sentido de uma compreensão sistêmica acerca dos aspectos contábeis. No que tange ao objetivo específico de elucidar histórico da regulamentação contábil, observamos que esta ocorreu devido à necessidade de maior transparência dos relatórios financeiros para melhor compreensão por parte dos seus usuários. Desse modo, compreendemos que é notório o crescimento das normas contábeis internacionais nos últimos anos, em razão do interesse na regulamentação, devido à necessidade de correção de possíveis falhas do sistema de mercado, no sentido de coibir a adoção desse mercado de posturas contrárias aos interesses sociais e assim possibilitar a correção das mesmas. Diante do exposto, verificamos que a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais é de fundamental importância devido ao processo de globalização e ao momento pelo qual passa o Brasil, com excelentes relações econômicas internacionais. Este relevante tema não se esgota neste estudo e sempre haverá espaço para novas pesquisas que aprofundem o conhecimento em uma área de fundamental para a prática das Ciências Contábeis. Referências BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/templ1p.shtm. Acesso em: 02. set. 2011. BRASIL. Lei nº 6.404, 15 de dezembro de 1976. 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Monografia de especialização em Contabilidade Gerencial apresentada à Universidade Federal da Bahia.
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